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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

GESTÃO EFICIENTE DA EDUCAÇÃO BÁSICA: Um estudo


dentro da Escola Municipal Maria das Dores Felipe, em Alexânia, GO
Edson Roberto Moscoso da Costa – edsonmoscoso@gmail.com – UFF/ICHS

Resumo

Este estudo teve o objetivo de analisar a importância dada ao planejamento


estratégico financeiro dentro de uma instituição de ensino na educação básica. A metodologia
utilizada foi a pesquisa exploratória, tendo em vista que partiu de um estudo de caso realizado
em uma escola de ensino básico. Ainda pode ser classificada como descritiva e explicativa,
tendo como coleta de dados o levantamento bibliográfico. As conclusões mais relevantes
foram a adoção da cultura de fatos e dados para a gestão de instituições de educação básica,
demonstrando o quão importante é para atender a uma premissa administrativa simples, pois
ninguém gerencia sem medir, não há possibilidade de atingir melhores resultados em termos
pedagógicos se a escola não for capaz de oferecer estrutura aos seus alunos. Por isso, é
fundamental a capacitação da equipe administrativa e de todos, bem como a absorção pela
equipe da necessidade de um planejamento estratégico melhor elaborado para conseguir
desenvolver um trabalho administrativo profícuo.

Palavras-chave: Planejamento estratégico, Gestão eficiente, Educação básica.

1 - Introdução

Percebe-se que há uma preocupação em reavaliar atitudes e remodelar ações, para a


correta adaptação aos paradigmas do mundo moderno, com a finalidade de manter a
organização, inclusive as instituições, em nível de qualidade observados pela sociedade como
um todo. Compete, para tanto, não só investimentos na melhoria de processos de serviços,
mas sim, observar o elemento humano, através da gestão de pessoas (CHIAVENATO, 2014).
A partir da atenção dada à gestão humanizada, surgem estudos que facilitam a vida do
gestor como por exemplo, o planejamento. O autor Lacombe (2009, p.70) considera que “[...]
o planejamento é um poderoso instrumento de intervenção na realidade e que, se bem
utilizado, constitui ferramenta fundamental para o desenvolvimento das organizações”.
Em geral, a escola está sempre envolta de planos pedagógicos e de ações que
contribuem para o desenvolvimento pedagógico dos alunos. No entanto, percebe-se que
quanto ao planejamento administrativo há certa dificuldade, mesmo porque, em geral, os
gestores da escola são professores, com pouca ou quase nenhuma técnica administrativa.
O planejamento estratégico, sendo fundamental para a administração, é uma técnica
amplamente discutida e consolidada no mundo corporativo, pois, orienta os padrões ou planos
que integram os grandes objetivos, as políticas, as diretrizes e as sequências de ações de uma
organização em um todo coeso, ou seja, é um processo contínuo, em que as expectativas de
futuro devem ser pensadas com uma boa margem de tempo, além de requerer adaptação a
ambientes em frequente mudança (LEBANI, 2012).

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É uma técnica necessária para as instituições de ensino, tendo em vista que desenvolve
e mantem um ajuste estratégico entre as metas e capacidades da instituição e suas
oportunidades.
Diante disso, surgiu o interesse em responder à questão: Como o gestor da escola
reconhece a importância do planejamento estratégico? Portanto, o objetivo geral deste estudo
é salientar a importância dada ao planejamento estratégico financeiro dentro de uma
instituição de ensino na educação básica.
Para tanto, tem-se como objetivos específicos: apresentar a escola pesquisada;
conceituar gestão e gestão eficiente; explanar sobre a gestão em âmbito escolar; descrever o
planejamento estratégico; realizar planejamento estratégico como plano de ação para a
instituição pesquisada.
Qualquer estudo que viabilize e promova um ambiente educacional de qualidade é
importante para a evolução da sociedade, pois, quanto melhor o ensino, mais a sociedade
progride.

2 – Apresentação do Caso

O estudo aconteceu dentro da Escola Municipal Maria das Dores Felipe, situada no
Bairro Jardim Esperança na cidade Alexânia, GO. Há uma equipe formada por 12 pessoas
sendo: 1 diretora, 4 professores, 2 coordenadores, 1 secretário geral, 3 auxiliares de higiene e
1 funcionaria para a alimentação.
É uma escola ampla e arejada, com um jardim, uma área coberta, 2 salas de aula, além
de banheiros (inclusive para crianças especiais), cozinha, almoxarifado, sala de computadores,
biblioteca e sala do administrativo.
Até o fim do ano de 2015, a escola era comtemplada com uma verba especial do
Programa mais Educação e pôde adquirir muitos objetos úteis para a escola, além da
construção do banheiro para criança especial, vários objetos, jogos lúdicos, brinquedos e
equipamentos eletrônicos para enriquecer as aulas, bem como a área coberta, essencial aos
serviços pedagógicos.
Ao conhecer a região, percebeu-se que o perfil político dos gestores é um só: antigos
professores, que são eleitos a cada dois anos, com a participação de pais e professores. Os
diretores eleitos são amigos e simpáticos com o eleitorado, abrem as portas para que a
comunidade participe das decisões e opine. Também são feitos relatórios em que se mostram
as verbas recebidas e são acatadas as ideias das providências a serem tomadas. Os
professores, também, são bem recebidos quanto a ideias e planos.
No entanto, nota-se que há uma reclamação em âmbito municipal e enfatizada neste
estudo: a falta de dinheiro. Ou seja, as instituições reclamam que há pouca verba, que não há
dinheiro suficiente. No entanto, toda empresa para obter sucesso no mercado reconhece que o
planejamento se faz essencial, não se limitando, portanto, dentro de objetivos organizacionais.
Sabe-se, que planejamento é um processo contínuo que muda conforme as condições externas
(SANTOS, 2010).
A escola tem muitos problemas envolvendo a falta de verbas, além de ser um pouco
engessada. Realiza apenas o PPP (Plano Político Pedagógico), como exigência normativa
institucional brasileira e percebe-se que ficou estagnada no passado.

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3 – Referencial Teórico

3.1 – Conceito de Gestão e Gestão Eficiente

Sabe-se que a gestão se tornou, nos últimos anos, a palavra chave para o sucesso da
administração e tem sido utilizada de forma intensa. Gerir não se refere à hierarquia
organizacional de uma administração clássica, mas à capacidade de promover a inovação
sistemática do saber e retirar dela o maior rendimento da sua aplicação na produção. A gestão
é, portanto, um conjunto de tomada de decisões que visam a melhoria do ambiente em que
está introduzida (CARNEIRO, 2013).
A gestão pode ser resumida como aquela que assume o controle de uma situação com
estratégias junto ao capital humano dentro das organizações, ou seja, refere-se ao processo de
determinação e orientação do caminho a ser seguido para a efetivação dos objetivos,
compreendendo um conjunto de decisões, motivação, liderança, avaliação e análises. A
palavra gestão remete a gerir, dando a ideia de administrar, gerenciar, estando ligada à ideia
de produtividade de um grupo juntamente com um líder, que age e pensa de forma eficiente e
eficaz, procurando os melhores caminhos para o sucesso do empreendimento (RODRIGUES,
RODRIGUES, RUIVO, 2014).
Dentro da gestão, dois termos são muito utilizados: eficiência e eficácia. A eficiência
tem o papel de avaliadora de como se dá a gestão, sendo uma operação eficiente aquela que
consumiu o mínimo de recursos para que se chegue ao resultado desejado. Já a eficácia avalia
até que ponto se alcançou um determinado resultado, independente da forma como foi obtido
(JESUS, BINI, FERNANDES, 2011).
Uma gestão eficiente é a que otimiza todas as operações realizadas dentro da
organização. Através da padronização e especialização, as empresas buscam obter o máximo
rendimento com o mínimo de recursos, sejam eles humanos, financeiros, materiais ou de
tempo. Para que haja aumento na eficiência, as organizações analisam de maneira minuciosa
os processos calculando recursos e resultados, almejando obter ganhos cada vez melhores
(GOMES, 2009).
A eficiência da gestão se encontra na necessidade de diminuir os custos e aumentar a
qualidade dos serviços, sendo que, na gestão pública ou privada a eficiência é um dos objetos
fundamentais das novas prescrições reformistas, sendo parte essencial do escopo gerencial de
uma organização. Tal palavra tem origem no termo latim “efficientia” e reporta-se à
capacidade de dispor de algo ou alguém para conseguir um efeito determinado. Esse conceito
também costuma ser comparado ao conceito de ação, força ou produção. Percebe-se que a
eficiência é o uso racional dos meios dos quais se dispõe para se chegar a um objetivo
previamente determinado (CAMARGO, GUIMARÃES, 2013).
Na administração pública o princípio da eficiência é aquele que impõe à
Administração Pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por
meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente,
participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando pela adoção
dos critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos
públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e garantir-se uma maior rentabilidade social
(CAMARGO, GUIMARÃES, 2013).

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A eficiência presume a realização das atribuições com a maior diligência, com uma
qualidade impecável e de forma proficiente, sendo compreendida tanto de forma qualitativa
como de forma quantitativa, sempre buscando o melhor com o menor gasto.
Sabe-se que o conceito de eficiência se relaciona ao emprego de recursos de forma a
alcançar a melhor relação custo benefício entre os objetivos estabelecidos e os recursos
utilizados, sendo que para isso, os recursos devem ser empregados de forma racional. A
racionalidade é um critério presente na base das organizações administrativas e parte
integrante do paradigma dominante na teoria organizacional (JESUS, BINI, FERNANDES,
2011).
Os conceitos e entendimentos são vários, mas percebe-se que a visão é econômica e
orienta a atividade administrativa a alcançar os melhores resultados com o menor custo,
usando sempre os meios que estão dispostos. A gestão eficiente é aquela que se preocupa com
o modo que se irá fazer o planejado pela empresa, preocupando-se ainda com o caminho a ser
percorrido até o resultado (RODRIGUES, RODRIGUES, RUIVO, 2014).
A gestão eficiente, portanto, se distingue da gestão eficaz ou da efetividade. A gestão
eficiente se relaciona ao meio pelo qual se processa o desempenho da atividade
administrativa, o que diz respeito à conduta dos agentes. Por outro lado, a eficácia se
relaciona com os meios e instrumentos usados pelos agentes no exercício de suas funções
dentro da organização. A efetividade é voltada para os resultados obtidos com as ações
administrativas. Nota-se que cada definição se reporta à necessidade de caminhar em
conjunto, resultando em sucesso para a empresa (CAMARGO, GUIMARÃES, 2013).

3.2 - Gestão Escolar

A escola, juntamente com a família e o Estado, é uma das esferas em que se


desenvolvem os processos educacionais, além de ter um papel fundamental na formação para
o trabalho e exercício da cidadania. Para isso é necessário que o ambiente escolar possua uma
estrutura e uma administração que possibilite, com eficiência, o papel de formação do
cidadão. Nesse sentido, estruturas administrativas com alto nível burocrático não conseguem
atender e captar as demandas locais e globais, o que as tornam inoperantes, fazendo
necessária a descentralização administrativa e financeira, a autonomia e participação,
possibilitando a maior capacidade de adaptação das condições locais e dos problemas
cotidianos (TAUCHEN, 2013).
Nesse contexto surge um novo conceito de administração voltado para o âmbito
escolar, a chamada gestão escolar, no intuito de superar o enfoque limitado de administração,
a partir do entendimento que os problemas educacionais são complexos e necessitam de uma
ação articulada e conjunta na superação dos problemas rotineiros das escolas. Percebe-se a
necessidade de introduzir novos métodos administrativos, trazendo então o conceito de gestão
para dentro do meio escolar (FERNANDES, PEREIRA, 2016).
O conceito de gestão se associa à mobilização de talentos e esforços organizados de
modo coletivo para uma ação conjunta construtiva de seus componentes, pelo trabalho
associado, diante da reciprocidade que cria um todo orientado por uma vontade coletiva, ou
seja, gestão se associa à tomada de decisões coletivas, nas quais cada um contribuirá para a
melhoria do local como um todo (CAMPOS, SILVA, 2009).
Anteriormente o modelo de direção de escola se centralizava na figura do diretor, que
se colocava como tutelado aos órgãos centrais, zelando pelos cumprimentos das normas,
determinações e regulamentos dispostos por eles. Atuava-se sem muita autonomia, não
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podendo determinar o destino da escola, sendo o trabalho do diretor, apenas, o de repassar
informações, supervisionar e dirigir a escola de acordo com o que era estabelecido pelo
sistema de ensino. Era considerado um bom diretor aquele que cumprisse à risca o seu papel
com todo zelo de modo que garantisse que a escola não fugisse ao que estava estabelecido
pelo âmbito central (FERNANDES, PEREIRA, 2016).
Com movimento da redemocratização e a consequente promulgação da Constituição
Federal de 1988 e a LDBEN 9394/96, possibilitou, pelo menos a ideia da descentralização e
construção da autonomia. Princípios democráticos da CF/88, passou a ter um novo olhar para
as Unidades Escolares, dando oportunidade para a participação da comunidade, e ampliando
as responsabilidades e atuações do agora chamado gestor escolar. Passou-se a ter uma nova
maneira de gerir o ambiente escolar, o que tirou ao longo dos anos a figura do diretor carrasco
e colocou em seu lugar a figura de um administrador (BOSCHETTI, MOTA, 2016).
A principal finalidade da gestão escolar, se concentra na aprendizagem efetiva do
aluno, de modo que, no dia a dia da escola se desenvolvam competências exigidas na
sociedade, dentre as quais podem ser evidenciadas: pensamento criativo, análise de
informações e proposições, expressar ideias com clareza, emprego da aritmética e estatística
para resolução de problemas, capacidade de resolver problemas e situações conflituosas,
tomarem decisões fundamentadas, entre outras competências necessárias para uma cidadania
responsável. Percebe-se que a gestão escolar está voltada para a garantia de que os alunos
aprenderão sobre o mundo em que vivem e sobre si mesmos, adquirindo conhecimentos úteis
através de informações complexas da realidade social, econômica, política e científica
(PASQUINI, 2012).
Um gestor escolar tem a capacidade de atuar de forma mais autônoma compreendendo
o que se passa em seu ambiente escolar, tomando decisões embasadas em seu cotidiano e de
acordo com o meio em que vive. Ele tem a função de gerir, administrar, impulsionar, tomar
decisões inteligentes e precisas, além de desempenhar um papel no meio social. O pedagogo
como gestor irá privilegiar a participação dos professores, funcionários, alunos e pais nas
discussões e propostas de trabalhos pedagógicos, superando o autoritarismo e promovendo
uma mudança na estrutura escolar (HONORATO, 2012).
Percebe-se que a atuação do gestor no meio pedagógico, nas práticas de planejamento,
na organização do trabalho pedagógico e na avaliação, possibilita a consolidação de uma
escola comprometida com o papel político e social.
A efetiva gestão pedagógica implica a criação de um ambiente participativo, mesmo
com a tendência burocrática e centralizada ainda vigente na cultura organizacional escolar e
no sistema de ensino do país. Sendo assim o professor tem que ir além da sala de aula e o
diretor tem que ganhar espaço de um líder, trazendo ao âmbito escolar um espírito de equipe
(TAUCHEN, 2013).
No papel de gestor, o diretor deve possuir algumas características que possibilitem a
qualidade do funcionamento do ambiente escolar: ser articulador; ser predisposto para o
trabalho coletivo; possuir iniciativa, firmeza de propósito para realização de ações; conhecer
os assuntos técnicos, pedagógicos, administrativos, financeiros e legislativos; ter espírito ético
e solidário; conhecer a realidade da escola; defender a Educação; possuir liderança
democrática e capacidade de mediação; condição de se auto avaliar e promover avaliações em
grupo; ser transparente e coerente em suas ações; ser íntegro, proativo e criativo
(BOSCHETTI, MOTA, 2016).

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Assim, ao lidar com os diversos aspectos do contexto da prática escolar (a influência
das políticas públicas, no entorno de onde a escola está inserida, os atores educativos
envolvidos bem como a comunidade escolar como um todo), o Diretor Escolar, no papel de
gestor, precisa refletir acerca da diversidade e da complexidade deste cenário, considerando
os diferentes percursos trilhados pelos diferentes sujeitos presentes no contexto escolar, uma
vez que pensar na coletividade não significa lidar com um todo consensual e homogêneo,
lembrando que a gestão deve estar embasada em mecanismos legais e na organização de
ações que desencadeiam a participação social (FERNANDES, PEREIRA, 2016).
Um ambiente escolar democrático é aquele que possibilita a participação de todos que
nele estão inseridos, o que é também uma característica da gestão, ou seja, fazer uma gestão
democrática significa contar com a participação dos representantes dos diferentes segmentos
da comunidade escolar, compartilhando reflexões e ações, ter acesso a informações, contar
com fóruns de diálogo, com descentralização do poder de decisão em relação ao projeto
político-pedagógico (ANTUNES e PADILHA, 2010 apud TAUCHEN, 2013).
A gestão escolar democrática se baseia nos conceitos de gestão de empresa, em que o
objetivo é contar com a colaboração de todos os envolvidos no meio, trabalhando de forma
conjunta, sendo de fato uma equipe que participa, buscando garantir a melhor educação básica
possível (TAUCHEN, 2013).

3.3 - Educação Básica

O educador se transforma em um formador humano, trazendo não somente o ensino,


mas também as características básicas para que o ser humano se torne um cidadão que pode
exercer seus direitos e deveres dentro de uma sociedade. Além do papel de formador ele
também acaba por exercer o papel de gestor, gerenciando vidas para o cotidiano social.
A educação básica está presumida na Constituição Federal de 1988 e se manifestou
por meio da Emenda Constitucional nº 59/2009, onde dispõe que é dever do Estado garantir a
educação básica dos 4 aos 17 anos de idade de forma gratuita para todos. A educação básica
então é o nível de ensino que corresponde aos primeiros anos de educação escolar ou formal,
sendo congregada por três etapas: a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio
(CURY, 2010).
É um direito assegurado pela CF/88 e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente,
sendo considerada um alicerce indispensável e condição primeira para o exercício da
cidadania e o acesso aos direitos sociais, econômicos, civis e políticos. A educação deve
proporcionar o desenvolvimento humano pleno, em condições de liberdade e dignidade,
respeitando e valorizando as diferenças (BRASIL, 2013).
A oferta de educação básica é uma das principais prioridades para que se inicie o
processo de mudança social e desenvolvimento sustentado dos países que estão se
desenvolvendo, sendo o objetivo do programa da UNESCO chamado Educação para Todos.
A expansão do ensino básico repercute diretamente na melhoria da saúde pública, na
demografia e na economia dos países, percebendo também a melhoria na governança e na
estabilidade política (COSTA, AKKARR, SILVA, 2011).
O sistema educacional do Brasil é dividido em Educação Básica e Ensino Superior. A
partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB-9.394/96), a educação de base passou a
ser estruturada por etapas e modalidades de ensino, que englobam a Educação Infantil, o
Ensino Fundamental obrigatório de nove anos e o Ensino Médio (BRASIL, 2013):

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A ideia do desenvolvimento do aluno nestas etapas que formam um conjunto
sequencial e organizado é o reconhecimento da importância da educação escolar para os
diferentes momentos da vida. A educação básica é um direito do cidadão e um dever do
Estado, mediante uma oferta de qualidade, sendo indispensável para a participação ativa e
crítica do indivíduo, dos grupos que ele pertence em uma definição de sociedade justa e
democrática (CURY, 2010).
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação são finalidades do ensino
básico desenvolver o educando, lhe assegurar a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania responsável e fornecer meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores.
A educação infantil se destina a crianças de zero a cinco anos de idade, que
compreende a creche para crianças de zero a três anos e a pré-escola para crianças de quatro e
cinco anos. O ensino fundamental possui nove anos de duração que são obrigatórios. O ensino
médio deve ter no mínimo três anos de duração, constituindo etapa obrigatória para a
consagração da educação básica, sendo para adolescentes até dezessete anos de idade. A
educação básica possui modalidades específicas e peculiares para aqueles que necessitam de
uma formação especializada ou complementar, sendo encontrada na formação especializada a
educação de jovens e adultos e a educação especial, e na formação complementar a educação
profissional (COSTA, AKKARR, SILVA, 2011).
A Emenda Constitucional nº 59/2009 determinou a obrigatoriedade escolar para a
faixa etária dos quatro aos dezessete anos de idade. Na sua nova redação, a CF/88 dispõe no
inciso I do artigo 208 que é dever do Estado garantir a educação básica obrigatória e gratuita
dos quatro aos dezessete anos, garantindo sua oferta gratuita para aqueles que não tiveram
acesso a ela na idade apropriada. Nos demais artigos que tratam sobre a educação também
estão dispostos que a distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento
das necessidades do ensino obrigatório, além da oferta de programas suplementares de
alimentação escolar, material didático e transporte escolar para toda a educação básica
(BRASIL, 2013).

3.4 Projeto Político Pedagógico versus Planejamento Estratégico

As escolas em geral, no Brasil, realizam anualmente o PPP (Projeto Político


Pedagógico), obrigatoriedade exigida pelo Governo Federal. Este projeto é uma proposta
organizadora, na qual, através de questões e documentos preenchidos, definem-se os rumos e
direções que o coletivo busca, por isso chama-se de projeto. Em suas dimensões - a política
(considera a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e
críticos, que atuem na sociedade de forma positiva) e a pedagógica (define e organiza as
atividades e projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem) -
relacionam a organização da escola como um todo, bem como a organização da sala de aula.
A autora Ribeiro (2014, p.18), define PPP, como sendo "[...] o delineamento de uma ação
intencional, com sentido de um compromisso assumido coletivamente, que dá à escola
autonomia em explicitar sua própria identidade."
Entende-se a importância do PPP que, como afirmado, é uma resposta à exigência dos
artigos 12, 13, 14 e 15 da LDB/96. No entanto, apesar de despertar o planejamento, a busca de
identidade e alguma inovação na educação, não é um documento de muito impacto, tendo em
vista que a obrigatoriedade de seu preenchimento como uma exigência legal não levanta o

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interesse da gestão escolar em buscar um planejamento estratégico da instituição (JESUS,
2015).
Percebe-se que os gestores se concentram em atender um requisito e poucos percebem
que, a gestão focada em resultados, pode trazer contribuições muito relevantes para a escola.
O autor Jesus (2015, p. 8), destaca sobre o PPP que este "[...] prestou um enorme serviço à
gestão escolar até recentemente. Entretanto, por ser mais uma resposta normativa, ele se
tornou pouco influente nas mudanças efetivas da gestão da escola, em razão do surgimento de
novas formas de planejamento”.
Longe de ser apenas normativo, é uma das possibilidades para as instituições
mostrarem um diferencial em gestão, pois sua realização traria muitos avanços para a
instituição, mesmo porque, passaria por quatro fases diferenciadas: o planejamento, a
execução, o controle e a avaliação. Antes de demonstrar os benefícios, é necessário detalhar
um pouco mais do que seria um plano estratégico.

4 – Planejamento estratégico em uma instituição de ensino

Planejamento são as decisões a serem tomadas, ou, que serão colocadas em prática no
futuro. É uma das primeiras funções administrativas, tendo que vir antes da organização, da
direção e do controle. Significa traçar objetivos, interpretar a missão da instituição, ou
empresa, e elaborar meios de se alcançar os objetivos estabelecidos (SANTOS, 2010).
O planejamento é o processo que envolve questionamentos e um modo de pensar:
como fazer, para quem, porque e onde fazer. Propõe-se a fazer e avaliar implicações futuras
de decisões que serão tomadas com mais coerência e eficiência. A sistematização do
planejamento reduz as incertezas envolvidas no processo e por consequência aumenta a
probabilidade de se alcançar as metas estabelecidas (SANTOS, 2010).
O planejamento financeiro, por exemplo, é indispensável para as organizações tendo
em vista que, é a partir dele que se tem visão de futuro da empresa e, claro, preveem-se
futuros problemas. Através desta ferramenta, estabelecem-se diretrizes de mudanças na
organização, além de forçar a mesma a fazer previsões, traçar metas, motivar o crescimento e
estabelecer um histórico de avaliação de desempenho, pois, as mudanças não devem ser um
fator surpresa (OLIVEIRA, 2010).
O futuro é incerto, porém, com um bom planejamento é possível minimizar as
consequências causadas por fatores externos e internos, dependendo do objetivo que a
organização quer atingir diante da sociedade.
Ao se determinar um planejamento financeiro de qualidade, garante-se que os
objetivos sejam alcançados. No caso das instituições de ensino, o foco está na obtenção de
recursos financeiros. Isso passa a estimular a gestão e oferece mecanismos de avaliação dos
resultados (LUCION, 2005).
Em todo caso, planejar é o mesmo que tomar a decisão antecipadamente. Não se trata
de prever o futuro, trata-se de tomar decisões antes da ocorrência da ação necessária. Existem
três tipos de filosofias de planejamento que dominam a maioria dos processos, a saber:
Filosofia da satisfação - indica esforços para atingir o grau de satisfação suficiente, não sendo
importante excedê-lo; Filosofia da otimização - inovadora, diz que o planejamento deve ser
projetado para alcançar o máximo de satisfação, caracterizando-se pelo uso frequente de
técnicas matemáticas e estatísticas e voltada para adaptabilidade e inovação dentro da
organização; Filosofia da adaptação - voltada para as contingências, ou seja, incertezas e o

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futuro da organização, é pautada no processo de elaboração e não nos planos elaborados
(SANTOS, 2010).
O planejamento envolve três níveis, dentre os quais: Nível intermediário -
planejamento tático, tem por objetivo otimizar determinada área de resultado e não a empresa
como um todo, focando nos objetivos de médio prazo e nas estratégias e ações que afetam
parte da organização. Planejamento operacional - considerado como a formalização, ou seja,
pautado nos planos de ação ou planos operacionais que compreendem identificar e analisar os
objetivos, elaborar cronogramas, orçamentos e identificar e avaliar riscos.
E por fim, o último nível, de acordo com a autora Santos (2010), é o planejamento
estratégico que atua de forma inovadora e diferenciada, foca na formulação de objetivos e
ações para a devida execução. Leva em conta condições internas e externas da organização e
sua evolução esperada, bem como compreende os seguintes componentes: 1. Entendimento da
missão: Define o papel da organização na sociedade; 2: Análise do ambiente externo:
Determina-se, neste, as ameaças e oportunidades e, por ser complexo e instável, deve-se
analisá-lo continuamente; 3: Análise do ambiente interno: também é uma base do
planejamento estratégico e analisa pontos forte e fracos no sistema interno da organização.
Leva-se em consideração as competências, além de identificar e sanar focos de problemas nas
áreas funcionais como o financeiro, por exemplo; 4: Definição do plano estratégico: Os
objetivos são resultados específicos ou metas a atingir.
Percebe-se que o planejamento estratégico é o esforço disciplinado e
consistente, que produz decisões fundamentais e resultam em ações que guiem a organização
escolar, orientado para resultados, através de visão de futuro. Evidenciam-se os conceitos
fundamentais do planejamento estratégico voltado para as instituições de ensino como: a
disciplina e a consistência, ou seja, deixam-se achismos e trabalho reativo (que reage
passivamente), aleatório, baseado em impressões vagas e dispersas da realidade; orienta-se
para resultados, com forte visão de futuro, que pressupõe enfoque e transformação da
organização escolar, ou seja, não só acompanha a dinâmica social, mas, se antecipa a ela,
como condição para que se ofereça educação significativa; a tomada de decisão embasada em
um julgamento avaliativo de dados e informações, objetivos, completos e corretos sobre a
realidade interna e externa da escola (LUCK, 2000).
O planejamento estratégico, portanto, é uma ferramenta que serve para analisar os
grandes problemas que afetam a instituição como um todo, podendo ser uma resposta para os
gestores modernos.

5 – Plano de ação: Planejamento estratégico para instituição

De posse de uma análise sobre a importância de uma gestão eficiente, dentro da


educação básica, embasada em uma proposta de planejamento estratégico, efetuou-se uma
entrevista com todo o corpo da gestão da escola e uma entrevista diretamente com a diretora,
no intuito de ter noção do conhecimento sobre a importância do planejamento, para então,
traçar um modelo de planejamento estratégico para a instituição pesquisada.

5.1 - Diagnóstico

Primeiramente questionou-se alguns funcionários sobre o perfil da gestora da


instituição, embasado nos autores Boschetti e Mota (2016), mencionados no referencial
teórico, que explicaram sobre as características da gestão eficiente que fazem do ambiente
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escolar um espaço para o trabalho coletivo. Participaram desta entrevista cinco funcionários,
dentre os 11 funcionários da escola.
Quando se questionou sobre as características de gestor o diretor possuía, deram-se 10
características dentre as quais: articulador, predisposto ao trabalho coletivo, tem iniciativa,
tem amplo conhecimento pedagógico, financeiro e legislativo; liderança democrática;
capacidade de mediação, auto avaliativa, criativa, íntegra e proativa. Destacaram-se entre as
respostas dos respondentes, nesta questão, apenas três características marcadas pelos cinco
entrevistados, que afirmaram que a diretora é articulada, predisposta ao trabalho coletivo e
tem liderança democrática. Notou-se que nenhum dos entrevistados marcou capacidade de
mediação, nem amplo conhecimento pedagógico, financeiro e legislativo.
Ao perguntar sobre a compreensão do diretor pelo que se passa em seu ambiente
escolar, todos os entrevistados afirmaram que a gestora compreende perfeitamente o ambiente
escolar, tendo ciência dos problemas tanto internos, quanto externos à escola.
Foi questionado se, em sua liderança, o gestor cria um ambiente participativo e
possibilidades para um ambiente escolar com espírito de equipe. Todos os cinco
entrevistados, também nesta questão, afirmaram que a gestora abre as portas, tanto para os
funcionários, quanto para a comunidade interagir e participar dos problemas, bem como da
busca por soluções dentro do espaço escolar.
Na quarta pergunta, buscou-se saber se a gestão realiza anualmente o planejamento
estratégico. Os cinco respondentes afirmaram que não. O único planejamento realizado no
Âmbito escolar é o PPP. Ainda afirmaram que acham que esse procedimento obrigatório é
moroso, difícil e, de certa forma, inútil, pois, não se permite adaptar a verba à necessidade real
da escola. Engessa muito o serviço do grupo escolar. Percebeu-se, com as respostas que,
apesar de realizado anualmente, tem-se pouca percepção da importância até mesmo quanto ao
PPP.
Na questão cinco, "Quais destes pontos do planejamento estratégico seu gestor já
traçou? a) objetivos a cumprir (pedagógicos e administrativos); b) missão, visão e valores da
instituição; c) planejamento financeiro", a questão, curiosamente, ficou em branco. Esbouçou-
se duas respostas em que se mencionou que, na opção a - objetivos a cumprir (pedagógicos e
administrativos), é feito o plano de ações que deverão ser cumpridos durante o ano, mas,
nenhum dos cinco respondentes souberam dizer quais ações administrativas foram traçadas.
Na questão seis, questionou-se: Há uma avaliação sistemática sobre a prática de
gestão? Os cinco respondentes, cada um à sua maneira, explicaram que o gestor é avaliado
conforme os resultados, informalmente, principalmente em campanhas (a cada 2 anos), ou
seja, se for reeleito ou eleger alguém, essa gestão foi bem. Percebe-se que não há um
levantamento sistêmico real, quanto à eficiência da gestão.
Na questão sete, em que se perguntou sobre o ambiente escolar ser democrático ou
fechado, todos os cinco respondentes disseram ser um sistema escolar democrático.
A oitava pergunta era: Os professores têm autonomia na realização de suas funções?
Os cinco respondentes disseram que os professores respondem ao conselho escolar, mas são
independentes e têm autonomia diante de suas tarefas e funções.
Na questão nove, tentou-se descobrir se o diretor comunica-se e faz reuniões
periódicas para perguntar, esclarecer e comunicar decisões importantes, bem como delimitar
estratégias e ações. Os cinco respondentes afirmaram que sim, há a realização de reuniões
periódicas, tanto para explicar, questionar, como para delimitar ações a realizar no Âmbito
escolar.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
Na questão dez, perguntou-se: O diretor permite a participação de todos nas decisões,
inclusive a comunidade? Os respondentes disseram que sim, há a participação expressa da
comunidade, convidada regularmente a participar de projetos a serem realizados na escola.
Perguntou-se, ainda: Quais são os principais problemas enfrentados pela gestão da
escola? Dentre as repostas, os entrevistados afirmaram que os maiores problemas são de
ordem econômica, ou seja, há falta de verbas. Explicaram que se realizam bazares com a
participação dos pais e comunidade, no intuito de arrecadar fundos para prover coisas básicas
que faltam na escola como compra de materiais escolares ou pequenos reparos.
Na última pergunta, procurou-se entender se há um sistema de informação que auxilia
a gestão escolar e, os respondentes afirmaram que, sequer há internet com regularidade. De
vez em quando, liga-se de novo a internet para resolver o preenchimento de documentos
importantes para enviar para a secretaria de educação da cidade. Ou seja, é pedir muito de
sistema de gestão.
Percebe-se, pelas respostas, que a gestora da instituição é humana, tem iniciativa e
sabe coordenar a equipe, que se mostrou bem sincronizada e unida. A liderança da diretora é
nata. Ela consegue parceria com os pais, tem ampla participação do grupo escolar e até
mesmo dos alunos, pois consegue convencê-los quanto à participação em sala de aula. No
entanto, o perfil administrativo precisa ser lapidado. Para entender melhor esse ponto,
efetuou-se uma pesquisa com apenas 6 (seis) perguntas para a gestora, como se verá adiante.

5.2 – Conhecendo a gestão da escola – Pela visão da própria gestora

Efetuou-se uma entrevista com a diretora da escola (os nomes serão preservados neste
documento, pois tem-se a intenção de demonstrar um perfil que é notório em âmbito federal,
ou seja, este estudo é apenas uma ilustração para servir de base), no intuito de conhecer seu
lado administrativo, conforme apresentado na revisão bibliográfica.
Na primeira pergunta: Que papel a escola representa na comunidade? A diretora
respondeu que a escola tem papel essencial para a comunidade, ou seja, o compromisso de
formar cidadãos de bom caráter, com princípios morais, capazes de fazer a diferença.
Perguntou-se na segunda: Quais são os desafios que o mundo moderno apresenta para
a educação?
A diretora respondeu que uma das preocupações com o modernismo é a tecnologia,
pois nossas velhas práticas, ferramentas e estratégias não estão sendo suficiente para suprir as
necessidades dos nossos alunos. Hoje já se percebe que os alunos estão conectados às novas
tecnologias.
Perguntou-se ainda: Você faz algum tipo de planejamento? Qual? A diretora explicou
que participa de todos os planejamentos escolares. Explicou, ainda, do PPP, que é muito
difícil executar, até os planos de aula dos professores, no quais acompanha com a
coordenação como está o desenvolvimento das aulas.
Na quarta pergunta, procurou-se: Você sabe o que é planejamento estratégico? Sabe a
importância dele? Quais etapas você faz (missão, visão, objetivos, avaliação)? E a resposta
foi: "Sim. Planejamento estratégico é de suma importância para se concluir um bom trabalho,
junto com a equipe que foi designada a trabalhar comigo que são as coordenadoras,
professores e secretária e todos os demais funcionários. Elaboramos ações para serem
trabalhadas durante o ano. E bimestralmente fazemos o monitoramento através de
diagnóstico, para verificarmos se está surtindo o efeito pedagógico esperado."

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
Na quinta questão, perguntou-se: Quais são os principais problemas enfrentados por
você como gestora dessa instituição? A resposta foi imediata: "A dificuldade maior é ter que
manter a escola com pouco recurso financeiro."
Para tentar entender a visão, finalizou-se com o seguinte questionamento: "Quais as
soluções possíveis na sua visão? E a resposta da diretora foi: "Na minha visão a solução a ser
tomada é programar eventos junto com a comunidade para arrecadar fundos para ajudar na
melhoria da escola."
Percebe-se, claramente, que não há entendimento algum sobre o que é planejamento
estratégico. Nas questões, sobretudo nas 4, 5 e 6, direcionadas especificamente para rastrear o
entendimento sobre planejamento estratégico e foco na administração, há respostas vagas,
embasadas em “achismos”. É preciso lapidar o gestor para perceber que há métodos mais
simples, em que se pode prever um estudo mais aprofundado dentro da comunidade e as
necessidades da escola, através de documentos para demostrar que é possível responder
alguns dos questionamentos, como por exemplo a falta de recurso. Não de forma aleatória,
mas sistêmica, com resultados previstos. Como plano de ação, elaborou-se um plano
estratégico para a instituição.

5.3 – Plano Estratégico para a instituição de ensino pesquisada

Conforme o autor Lück (2000) explicou com maestria, é preciso deixar de apagar
incêndios e começar a planejar para agregar valor, principalmente nas instituições públicas,
pois somente com metodologia adequada, através de um planejamento forte, é possível vencer
as barreiras e mostrar o diferencial.
Diante disso, primeiramente traçaram-se as principais etapas do planejamento para a
escola:

5.3.1 Missão, Visão e Valores

A missão de uma instituição de ensino sempre deve ser promover a educação,


embasada no caráter humano e científico, devendo ser pública, gratuita e de qualidade,
articulando ensino científico à formação do cidadão crítico e participativo, com vistas à
inovação e ao desenvolvimento da sociedade.
A visão está voltada a oferecer à sociedade um ensino de qualidade dentro da
educação básica, pois esta é a base para todo o resto do ensino.
Os Valores da instituição estão pautados dentro da ética, responsabilidade, respeito,
comprometimento e valorização do ser humano.

5.3.2 Análise dos ambientes interno e externo

Dentre as oportunidades estão: Aumentar as parcerias, inclusive com empresas locais


dentro da comunidade, bem como demostrar a importância da participação da comunidade
dentro da escola.
Uma ameaça é o distanciamento da comunidade nas atividades escolares.
Dentre as forças estão: 1 - Reconhecimento de gestão de qualidade; 2 - Credibilidade
da gestão perante a comunidade; 3 - Comunicação organizacional interna bem estabelecida; 4
- Influência positiva na comunidade.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
Dentre as fraquezas, levantou-se a falta de conhecimento (por parte do administrativo), de
conceitos básicos de administração; e falta de entendimento sobre plano estratégico e métodos
de avaliação.

5.3.3 Objetivos da instituição e metas a cumprir

1 - Promover a qualificação teórica da equipe administrativa para compreender a


importância de efetuar e executar um plano estratégico, dando noções básicas quanto às
técnicas de administração.
2 - Realizar reuniões periódicas para incentivar o novo arranjo organizacional, com
metas e valores definidos;
3 - Envolver a comunidade dentro dos problemas, inclusive financeiro, fechando
parcerias com o comércio local;
4 - Sistematizar a cultura do planejamento e cumprimento de metas;
5 - Realizar um plano financeiro estratégico;

5.3.4 Obtenção de recursos

Uma das formas de obtenção de recursos atuais são bazares realizados dentro da
escola. Outra forma de angariar dinheiro para ampliar as finanças seria realizar parcerias com
o comércio local, incentivando-o a oferecer ajuda de fato, com pequenas doações que
pudessem contribuir com a manutenção do espaço físico, seguindo o modelo de países
desenvolvidos onde se promove a escola local, que passa a ser querida e valorizada (como
times de futebol).
Realizar campanhas de doações, mostrando os objetivos que se quer cumprir dentro da
escola, também, são uma ótima forma de promover melhorias como, por exemplo: se quer
consertar janelas – promover campanhas para conseguir materiais de construção, janelas,
entre outros, até atingir a meta.

5.3.5 Formas de controle

Nenhum plano estratégico pode dar certo se não houver formas de acompanhar
sistematicamente os resultados. Tanto em âmbito financeiro, quanto mesmo organizacional, é
preciso de controle e acompanhamento para prestação de contas à comunidade como um todo.
Como a escola não possui muitos recursos, nem mesmo tecnológico (internet frequente), no
entanto possui computadores, pode-se realizar o controle da gestão através de planilhas
gratuitas fornecidas na internet e que podem ser baixadas e preenchidas automaticamente.
Podem-se emitir, com frequência, resultados e expor em quadros de avisos externos,
em que a comunidade tenha acesso.

6– Conclusão

É certo que a adoção da cultura de fatos e dados para a gestão de instituições de


educação básica é importantíssima para atender a uma premissa administrativa simples,
ninguém gerencia sem medir, não há possibilidade de atingir os melhores resultados em
termos pedagógicos se a escola não for capaz de oferecer estrutura aos seus alunos. Por isso, é
fundamental a capacitação da equipe administrativa e de todos, e a absorção pela equipe da
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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
necessidade de um planejamento estratégico e financeiro melhor elaborado para conseguir
desenvolver um trabalho administrativo profícuo.
Um ambiente escolar democrático é aquele que possibilita a participação de todos que
nele estão inseridos, o que é também uma característica da gestão, ou seja, fazer uma gestão
democrática significa contar com a participação dos representantes dos diferentes segmentos
da comunidade escolar, compartilhando reflexões e ações, ter acesso a informações, contar
com fóruns de diálogo, com descentralização do poder de decisão em relação ao projeto
político-pedagógico
Percebeu-se que o planejamento estratégico é uma ferramenta superior ao Projeto
Político Pedagógico instituído como obrigatoriedade e visto pela instituição como
desnecessário. O PPP é fundamental e deu certo norteamento administrativo às escolas, no
entanto não se trabalhou a importância do mesmo com os gestores e, por isso, percebeu-se
certa resistência à importância do preenchimento.
Pôde-se observar, ainda, que as principais dificuldades estão em não ter uma
preparação, organizar e estabelecer planos, ou mesmo compreender a importância de investir
em traçar um plano que estabeleça um direcionamento correto para resolver os problemas da
escola e, a partir disso, respondeu-se ao objetivo principal do estudo que era analisar a
importância dada ao planejamento estratégico financeiro dentro de uma instituição de ensino
na educação básica. A instituição estudada, que certamente não deve ser a única do país,
sequer dá valor a um planejamento.
Resolver as coisas quando se tem dinheiro é fácil. O bom administrador só mostra o
seu valor é no momento de dificuldade. O planejamento estratégico contribui, justamente,
neste ponto, resolver as dificuldades.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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