Você está na página 1de 7

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto


Departamento de Engenharia de Produção,
Administração e Economia

EVOLUÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO - PENSAMENTO SISTÊMICO,


PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA

Disciplina: PRO 600


Professora: Elisângela Fátima de Oliveira
Alunos - Curso:
Diego Leonardo Marques Vieira - Farmácia
Geiziane Silva Gomes - Farmácia
Maria Clara Pedrosa Martins - Farmácia

Ouro Preto, junho de 2023


Ao longo dos anos, o processo de administração tem passado por uma
significativa evolução, incorporando novas abordagens e conceitos que visam
melhorar a eficiência e a eficácia das organizações. Nessa trajetória, surgiram
diferentes perspectivas e ferramentas que se tornaram fundamentais para a gestão
contemporânea, entre elas o pensamento sistêmico, o planejamento estratégico e a
administração participativa.
O pensamento sistêmico busca uma ação assertiva e eficiente considerando
diversos aspectos. Envolve o trabalho conjunto em direção a um objetivo comum,
priorizando o bem da empresa como um todo. É uma abordagem que valoriza a
visão sistêmica e a busca por melhorias.
Um sistema é formado por diferentes elementos, como pessoas, setores,
processos e instalações, que trabalham de forma integrada em direção a um objetivo
comum.
No século XVI e XVII, surgiram pensadores que contribuíram para o
desenvolvimento do paradigma mecanicista. Eles propuseram o modelo
heliocêntrico, a divisão do homem em res cogitans e res extensa, o empirismo e a
descrição matemática da natureza. Essas transformações na ciência resultaram em
mudanças paradigmáticas na concepção do mundo e no método de investigação.
Estudos de Hegel e Marx contribuíram para o desenvolvimento do
pensamento sistêmico. Essa abordagem enfatiza que as estruturas são resultado
das relações de processos subjacentes e considera a interconexão e
interdependência dos elementos. O pensamento sistêmico é uma forma de
raciocinar que permite perceber, modelar e avaliar as consequências das ações de
maneira expandida no tempo e no espaço. É influenciado por uma linguagem de
base sistêmica.
O pensamento sistêmico, como abordagem fundamental na administração,
concentra-se na compreensão de um sistema como um todo integrado,
reconhecendo que suas propriedades e comportamentos são influenciados pelo
ambiente e pelas relações com outros sistemas. Esse modo de pensar permite uma
análise mais abrangente, permitindo que a atenção seja direcionada para diferentes
níveis do sistema. O pensamento sistêmico valoriza as interações e dinâmicas das
relações entre os elementos do sistema, reconhecendo que o conhecimento é um
processo contínuo e integrante das teorias científicas. Além disso, ele enfatiza que
as descrições dos fenômenos não são objetivas, mas sim influenciadas pelas
perspectivas e concepções dos observadores. Com base nesse entendimento, a
administração pode adotar uma abordagem mais holística e integrada na tomada de
decisões e no desenvolvimento de estratégias.
A abordagem sistêmica desempenha um papel fundamental na área da
ecologia, permitindo uma compreensão abrangente e interconectada dos
ecossistemas e dos fenômenos ecológicos. O pensamento sistêmico reconhece que
os elementos de um ecossistema estão interligados e dependem uns dos outros
para o seu funcionamento adequado, compreende os ciclos de nutrientes, como o
ciclo do carbono, nitrogênio e fósforo, reconhecendo a importância desses ciclos
para a manutenção do equilíbrio ecológico, analisa as interações entre as diferentes
espécies de um ecossistema, incluindo predação, competição, simbiose e
mutualismo, ajuda a compreender os impactos das atividades humanas nos
ecossistemas, considerando as interações complexas e os efeitos de longo prazo.
Já o planejamento estratégico é uma metodologia de pensamento
participativo, que visa ordenar metas, objetivos, estratégias, políticas de atuação e
ações de uma empresa, com o objetivo de definir a direção a ser seguida pela
organização e de evitar o desperdício. Ele é um ato de médio prazo e um processo
bem criterioso baseado em uma análise dos ambientes interno, externo e futuro.
Não existe um sistema unificado de planejamento, pois as empresas diferem em
tamanho, diversidade de operações, organização, filosofia e estilo gerencial.
É essencial que uma empresa tenha a capacidade de se ajustar às mudanças
econômicas, sociais, tecnológicas e políticas de cada momento. O planejamento ao
ser formulado, deve ser pensado além da organização, considerando os reflexos e
fatores externos que podem acarretar em crises empresariais em cenários futuros. O
aperfeiçoamento da estratégia deve ser realizado de acordo com as mudanças de
mercado. Dessa forma, o estabelecimento atua proativamente para o mapeamento
de potenciais consequências indesejáveis.
O planejamento estratégico só pode ser realizado pela própria empresa, visto
que o processo deve ser moldado com sua própria realidade e contexto de negócio.
A formulação da estratégia se inicia com a definição e análise dos objetivos e
resultados esperados pela organização. Inicialmente são priorizadas as decisões de
maior abrangência e influência nas metas empresariais. A segunda etapa é levantar
informações e fazer planos de ação pertinentes a cada ato estratégico. E a última
etapa do processo é a busca por total respaldo dos funcionários envolvidos no
processo.
Para a aplicação do plano é essencial a completa interação das pessoas
envolvidas no processo de planejamento de e de implantação. Para que essa
interação seja assegurada, deve haver um treinamento de uma pessoa da empresa,
com o objetivo de que ela participe de todos os processos e veja se todos estão
conscientes e sintonizados.
A planificação não deve ser realizada apenas por um administrador, ele deve
ter apoio técnico, tendo em vista que ele pode fornecer métodos e ferramentas
analíticas para coletar, processar e interpretar dados relevantes. Essa análise
contínua ajuda a empresa a se manter atualizada e permite ter parâmetros para
tomar decisões estratégicas de acordo com a realidade contextual da empresa.
A aplicação do planejamento estratégico pode ter alguns desafios como falta
de verba para manutenção do plano, visto que ele requer um acompanhamento
constante por profissionais qualificados. Além disso, a implantação efetiva do plano
pode exigir recursos adicionais como mais tecnologia no processo e tempo.
Além disso, os planos estratégicos possuem algumas limitações, como a falta
de direção e orientação para atividades de curto prazo, uma vez que eles
geralmente são concentrados em metas e ações de médio e longo prazo. Ademais,
o processo pode ser lento e burocrático por necessitar de análises complexas de
informações.
O conceito de administração participativa tem várias vertentes, entre elas as
principais são apontadas que a administração participativa é um processo
organizacional que envolve a tomada de decisões em todos os níveis hierárquicos,
de acordo com Bonome (2009). Nesse tipo de administração, os recursos e as
responsabilidades são compreendidos por todos os envolvidos, garantindo que as
decisões sejam feitas pelas pessoas certas. Trata-se de uma filosofia ou abordagem
de gestão de pessoas que valoriza a capacidade de tomar decisões e resolver
problemas.
Já Cunha (2009) afirma que a administração participativa é uma prática
administrativa que leva em consideração as necessidades pessoais de cada
indivíduo. Envolve o envolvimento e a participação em grupos nos quais é possível
ter poder de decisão, contribuindo para aumentar a eficácia dos processos. Além
disso, a administração participativa melhora o clima organizacional, atende às
necessidades da organização, alcança metas e resultados, o que
consequentemente leva ao aumento dos lucros.
Além disso, segundo Chiavenato (2005), a administração participativa é uma
combinação de recursos organizacionais, humanos, financeiros, materiais e
tecnológicos que trabalham juntos para alcançar objetivos e um desempenho
excepcional. Bonome (2009) compartilha dessa mesma ideia, afirmando que a
administração participativa oferece às pessoas a oportunidade de influenciar
decisões que as afetarão, valorizando a experiência dos colaboradores,
independentemente da escala das decisões.
A valorização e motivação dos colaboradores são elementos-chave para o
sucesso de uma organização. Quando os colaboradores se sentem valorizados e
reconhecidos pela empresa, isso gera motivação, resultando em maior engajamento
e satisfação no trabalho. Além disso, a participação efetiva dos colaboradores nos
processos de trabalho, característica da administração participativa, pode
impulsionar a produtividade e o desempenho. Quanto mais próximo o estilo
administrativo estiver desse modelo participativo, maior a probabilidade de se
alcançar alta produtividade, boas relações no trabalho e elevada rentabilidade. Isso
demonstra que a administração participativa pode influenciar positivamente o
desempenho organizacional. A responsabilidade e o engajamento dos
colaboradores nas decisões e processos da organização também têm um impacto
significativo.
Os principais desafios enfrentados pela administração participativa são lidar
com um ambiente competitivo, no qual as empresas buscam se destacar e obter
vantagem sobre os concorrentes, estimular a participação dos colaboradores nas
tomadas de decisões,pois nem todos os colaboradores podem estar dispostos a
participar ativamente ou podem enfrentar resistência devido a hierarquias
tradicionais, promover um ambiente organizacional saudável e colaborativo, garantir
que os colaboradores se sintam valorizados pela organização.
Embora a administração participativa tenha suas vantagens, também
apresenta algumas limitações. A administração participativa demanda tempo e
recursos significativos para envolver os colaboradores em processos de tomada de
decisão e participação ativa. Isso pode incluir reuniões, discussões em grupo,
treinamentos e outras atividades, o que pode ser um desafio em termos de
disponibilidade e custos. Quando muitas pessoas estão envolvidas no processo de
tomada de decisão, pode haver uma tendência para atrasos e um ritmo mais lento.
Isso pode limitar o alcance da administração participativa e afetar seu potencial de
sucesso. Sobrecarga de informações, o excesso de informações pode dificultar a
análise e o processamento eficaz dos dados relevantes, o que pode levar a uma
tomada de decisão menos precisa e eficiente.
A implantação do modelo de administração participativa pode ser realizada
por meio de algumas estratégias. Uma delas é a criação de grupos compostos por
colaboradores de diferentes áreas e níveis hierárquicos, os quais têm a
responsabilidade de identificar problemas, propor soluções e implementar melhorias.
Esses grupos possuem autonomia para tomar decisões e são encarregados de
monitorar e avaliar os resultados. Além disso, a organização promove uma cultura
de comunicação aberta e transparente, onde os colaboradores são incentivados a
compartilhar suas ideias, preocupações e sugestões. Os gestores estão disponíveis
para ouvir atentamente e responder de forma construtiva às contribuições dos
colaboradores, estabelecendo um ambiente propício para a troca de informações e a
construção coletiva de soluções. Esses meios ajudam a fortalecer a participação e o
engajamento dos colaboradores, possibilitando a criação de um ambiente de
trabalho colaborativo e eficiente.
Em suma, a evolução do processo de administração trouxe consigo
abordagens e ferramentas que visam superar os desafios enfrentados pelas
organizações contemporâneas. O pensamento sistêmico, o planejamento
estratégico e a administração participativa representam pilares fundamentais para
uma gestão eficiente e adaptativa, capaz de lidar com a complexidade e promover o
crescimento sustentável das empresas no cenário atual.

Bibliografia/ Referência:
SOBRINHO, Poliana da Silva. Administração Participativa e sua Influência no Clima
Organizacional: Uma Pesquisa Bibliográfica. Artigo apresentado como requisito para
conclusão do curso de Bacharelado em Administração pelo Centro Universitário do
Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. Gama, 10 de julho de 2020.

VASCONCELLOS FILHO, P. DE. Afinal, o que é planejamento estratégico? RAE, v.


18, n. 2, p. 01–14, 1978.
SOUZA, Wendel; QUALHARINI, Eduardo. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Niterói: Universidade Federal Fluminense,
2007. p. 01-12.

E. CONTRERAS ALDAY, Hernan. O Planejamento Estratégico dentro do Conceito


de Administração Estratégica. 2000. 8 p. Dissertação de mestrado — ESADE,
Barcelona, 2000.

GOMES, Lauren Beltrão; BOLZE, Simone Dill Azeredo; BUENO, Rovana Kinas e
CREPALDI, Maria Aparecida. As origens do pensamento sistêmico: das partes para
o todo. Pensando fam. [online]. 2014, vol.18, n.2, pp. 3-16. ISSN 1679-494X.

ROVEDA, Ugo. O QUE É PENSAMENTO SISTÊMICO E QUAL SUA


IMPORTÂNCIA. 30 mar. 2022. Disponível em:
https://kenzie.com.br/blog/pensamento-sistemico/. Acesso em: 19 maio 2023.

BARLOW, Zenobia. Pensamento sistêmico é base para uma alfabetização


ecológica. 8 dez. 2003. Disponível em:
https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/pensamento-sistemico-e-base-para-uma-alfab
etizacao-ecologica. Acesso em: 22 jun. 2023.

OLIVEIRA, Keli Pereira de. Pensamento Sistêmico: Bases epistemológicas e


paradigmáticas da construção do conhecimento nas Ciências Administrativas, [s. l.],
p. 1-21, 2012. Disponível em:
https://www.kelipereiradeoliveira.com/site/wp-content/uploads/2018/07/basesepistem
ologicaseparadigmaticasdaconstrucaodoconhecimentonascienciasdaadministra8820
4.pdf. Acesso em: 29 jun. 2023.

Você também pode gostar