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BRUNO MENDES RODRIGUES

MAICON EDUARDO DE OLIVEIRA PIMENTEL


THIAGO LIMA FERREIRA

CIDADE- MONUMENTO

Londrina
2019
Neste trabalho trataremos das relações da cidade e do museu com a sociedade,
analisaremos o desenvolvimento, as relações e o turismo dos centros históricos
urbanos e os centros urbanos elegidos pela Unesco como Patrimônio Histórico e
Cultural da Humanidade; que partir da convenção “A Unesco e o Patrimonio cultural
da Humanidade” em 1972 que ficou estabelecido que outros espaços poderiam ser
definidos como patrimônio que poderiam ser musealizado, rompendo com a visão de
museu que vem desde o século XVI com os gabinetes de curiosidades, é a partir
desse encontro que passa-se a considerar como museu o centros urbanos históricos
as cidades monumentos.

O conceito de cidade varia de acordo com o tempo, organizações conjuntas de


pessoas datam de milênios podendo ser considerados como modelos primitivos de
cidades, mas tratando de progresso saindo de aldeias, praças e burgos aos
ambientes urbanos mais definidos e sofisticados a partir dos séculos XVIII a XIX e
as consequências para as memórias históricas será o foco.

O final da Idade Média marca um processo de mudanças profundas no modo de


vida dos povos ocidentais, as grandes navegações e sua influência nos surgimentos
da burguesia, ao mercantilismo e principalmente a Revolução Francesa e a
Revolução Industrial, os dois principais acontecimentos de maiores importância
desse período, e que suas consequências são sentidas até hoje.

Esse processo de mudanças acabou por afetar muito a vida das pessoas seja no
espaço urbano ou o rural, as mudanças fizeram com que a arquitetura e o
urbanismo das cidades modificassem, as outrora cidades medievais com suas
muralhas para proteção tornarem-se inúteis com os novos contextos e sua
existência se tornaram empecilhos para o crescimento do espaço urbano e não
muito tempo depois o espaço rural passaria a se tornar um empecilho.

O espaço rural foi muito afetado pelas mudanças com a introdução de novas
tecnologias, seja no maquinário ou agrotóxicos para o aumento de produtividade,
isso instituiu uma mudança na maneira que o campo e a cidade se relacionava, uma
vez que o campo passou a ser um importante fornecedor de matéria prima para as
industrias que surgiam e isso fez com que a maior preocupação fosse a maior
quantia de matéria ignorando os prejuízos ambientais causados pela exploração
desenfreada mudanças políticas, econômicas e sociais foram profundas a queda do
antigo regime mudou muito a pirâmide social na qual clero e nobreza detinham todo
o privilégio enquanto o resto da população ficava a margem da sociedade, com a
Revolução Industrial a Burguesia que outrora tinha pouco ou nenhum poder político,
tomasse o controle dele graças ao enorme crescimento de seu poder econômico e
isso mudou as classes que se dividiram entre a Burguesia e o Proletariado, a
burguesia dona do capital e o proletariado dono da mão de obra, o surgimento do
Capitalismo.

Dessa forma as cidades que antes tinham um propósito de proteção, passa a ter de
abrigar o máximo de pessoas para que as industrias tenham mão de obra e mercado
consumidor para seus produtos, e o proletariado tenha o mínimo de condição de
vida. Isso impulsiona mudanças na arquitetura delas, o “velho” dar lugar ao “novo”,
no entanto isso fez com que monumentos históricos muitas vezes fossem destruídos
ou modificados.

A relação da sociedade com sua história modificam-se com a contemporanedade, a


definição de patrimônio que podemos observar no dicionário “herança
familiar/conjunto dos bens familiares”, passa-se a partir da segunda metade do
século XX a compreender como algo mais abrangente, no congresso “A Unesco e o
Patrimônio cultural da Humanidade” ocorrido em 1972 ficou estabelecido que
patrimônio passa a ser monumentos, conjuntos, sítios, monumentos naturais,
formações geológicas ou fisiográficas e sítios naturais.

Essa mudança da visão de o que pode ser museu muda com isso centros urbanos
históricos passam a ser considerados como museu, nasce então a categoria cidades
monumentos.

A relação entre centros históricos é a urbanização é conflitante devido aos


processos de renovação urbana e as constantes tentativas de tornar os espaços
rentáveis de alguma forma, fazendo com que a mudanças seja realizadas, que nem
sempre se atém a objeto fisico, mas também impactam na forma como todo o
ambiente dos centros históricos em questão é organizado. A tentativa de tornar os
espaços rentáveis faz com que muito da história entre em risco, já que muitos dos
patrimônios são usados para habitação, comprometendo muitas vezes a integridade
dos mesmos.

A segregação e a “marginalização” de determinados grupos também está ligada aos


problemas do uso desses centros históricos, que muitas vezes acomodam parte da
sociedade que é marginalizada pelas demais parcelas, já que não tem o poder
econômico para se incluir socialmente.

As relações conflitantes entre as políticas de preservação do patrimônio e as


polìticas capitalistas são de suma importância para se entender o debate, já que é o
ponto central da discussão.

Na cidade de Penedo em Alagoas, medidas foram implantadas para incentivar o


turismo cultural, mas sem sucesso, já que tais medidas se restringiam a revitalização
de imóveis, não levando em conta todos os demais fatores para que a empreitada
tivesse sucesso, esquecendo todas as pessoas que vivem ao redor destes imóveis,
peças fundamentais para que um turismo cultural seja desenvolvido .

O desenvolvimento de um turismo cultural sustentável poderia ser a chave para que


ambos os objetos fossem atingidos, tanto econômicos quanto culturais, já que o
turismo cultural poderia gerar renda, oportunidades de gerar integração entre o
patrimônio e as pessoas, uma relação entre turistas e pessoas que moram acerca
desses centros seria de suma importância. A grande questão seria como
desenvolver uma polìtica efetiva de incentivo ao turismo cultural, já que grande parte
do turismo se atém ao turismo de “sol e praia”, nos litorais.

O Brasil possui um grande acervo cultural nos centros urbano nas cidades
monumentos por isso os seguintes centros urbanos são listados como Patrimônio
Histórico e Cltural da Humanidade:

• Cidade Histórica de Ouro Preto (MG): foi a primeira cidade brasileira a


receber o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, pela
Unesco, em 1980. Foi reconhecida principalmente, por ser um sítio urbano
completo e pouco alterado desde séculos passados; formou-se a partir de um
sistema minerador, marcada presença dos poderes religioso e
governamental, e fortes expressões artísticas.
• Centro Histórico de Olinda (PE): a segunda cidade brasileira a ser
declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, em
1982. Destaca-se na cidade, a arquitetura religiosa dos séculos XVI e XVII,
entre eles o Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo, e o Convento de
Nossa Senhora das Neves que integra o conjunto arquitetônico do Convento
de São Francisco.

• Missões Jesuítas Guaranis: Ruínas de São Miguel das Missões (Brasil) e


San Ignacio Miní, Santa Ana, Nuestra Señora de Loreto e Santa Marí ala
Mayor (Argentina): declarada pela Unesco em 1983 Patrimônio Histórico e
Cultural da Humanidade. Se encontra no centro dos pampas, possui
vegetação típica do sul do continente americano; essas ruínas são
remanescentes das cinco missões jesuíticas, construídas em território
habitado pelos guaranis durante os séculos XVII e XVIII. Cada uma delas tem
uma arquitetura específica e estão em diferentes estados de conservação.

• Centro Histórico de Salvador (BA): foi declarado Patrimônio Histórico e


Cultural da Humanidade pela Unesco em 1985 seu centro possui um conjunto
urbanístico e arquitetônico em forma poligonal, é um dos mais importantes
exemplares do urbanismo do período português. Seus becos e ladeiras, são
um dos mais ricos conjuntos urbanos do Brasil.

• Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos Congonhas do Campo


(MG): declarado Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco
em 1985 e reúne o maior conjunto de arte colonial do Brasil. São testemunho
das construções e dos programas decorativos do barroco mineiro. É
considerado a obra-prima de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

• Plano Piloto de Brasília (DF): o primeiro conjunto arquitetônico urbano do


século XX a ser reconhecida pela Unesco, em 1987, como Patrimônio
Histórico e Cultural da Humanidade. Sua principal característica é a
monumentalidade, determinada por ser monumental, residencial, bucólica e
gregária e por uma arquitetura inovadora. Foi projetada e construída entre
1957 a 1960 por Lucio Costa.
• Centro Histórico de São Luís (MA): foi reconhecido como Patrimônio
Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1997, por ser um
testemunho tradicional cultural e diversificado, e constitui um grande exemplo
de cidade colonial portuguesa, com traçado preservado e conjunto
arquitetônico com representação. São cerca de quatro mil imóveis tombados.

• Centro Histórico da Cidade de Diamantina (MG):


a Unesco concedeu em 1999 a Diamantina o título de Patrimônio Histórico e
Cultural da Humanidade. Possui monumentos significativos para a história da
arte e arquitetura dos séculos XVII, XVIII e XIX, a cidade tem três obras de
Oscar Niemeyer do século XX.

• Centro Histórico da cidade de Goiás (GO): o reconhecimento do Centro


Histórico de Goiás como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, pela
Unesco, em dezembro de 2001, foi por causa da história, arquitetura e cultura
do primeiro conjunto urbano fundado no território goiano, no início do século
XVIII. O conjunto conserva mais de 90% da arquitetura barroco-colonial
original.

• Praça de São Francisco, na cidade de São Cristóvão (SE): foi tombado


em 2010 pela Unesco como Patrimônio Histórico e Cultural, é considerada um
registro único e autêntico de um fenômeno urbano único no Brasil, período
durante que Portugal e Espanha estiveram unidos sob uma única coroa, sob
os reinados de Felipe II e Felipe III, entre 1580 e 1640.

• Rio de Janeiro, paisagens cariocas entre a montanha e o mar (RJ): o Rio


de Janeiro foi primeira área urbana, no mundo, a ter reconhecido o valor
universal da sua paisagem, e recebeu o título de Patrimônio Histórico e
Cultural como Paisagem Cultural Urbana pela Unesco, em 2012. Sua história
se confunde com a história política e social do país foi capital do ViceReinado,
da Corte Imperial, e da República.

• Conjunto Moderno da Pampulha (MG): tombado em 2016 como Patrimônio


Histórico e Cultura, é um projeto visionário de uma cidade jardim criado em
1940 em Belo Horizonte, construído entre 1942 e 1943 pelo então prefeito
Juscelino Kubitscheck.

Considerações finais

O conceito de museu vem da antiguidade origem do termo museu está ligada a


história da Grécia Antiga.

“A união entre Zeus – Deus supremo – e Mnemósine – a Deusa da memória –


deu origem a nove musas: Calíope, Clio, Erato, Euterpe, Melpômene, Polímnea,
Tália, Terpsícore e Urânia. As musas eram dotadas de criatividade e de uma
grande memória; e possuíam seus próprios templos: os ‘templos das musas’ ou
mouseion, onde cumpriam sua missão, que era proteger as artes””

( Santos, 2014, p. 58)

Concepção de museu nas últimas décadas tem se transformado há atualmente uma


grande variedade de museus podendo ser presencial ou remoto indo além de uma
sala com o patrimônio individual ou coletivo de uma sociedade. As relações entre os
centros urbanos, a sociedade e também o meio ambiente formam as cidades
monumentos na atualidade são considerado uma tipo de museu que são tombados
por orgãos nacionais e internacionais “Uma paisagem não é apenas um conjunto de
árvores, montanhas e riachos mas sim a apropriação humana dessa materialidade”.
(Funari, 2009, p. 25).

Tem que haver um projeto de conservação desses patrimônios históricos visando


além fomento do turismo a prevervação da memória de uma sociedade, pois como
dizia Albert Camus “um homem sem memória é um homem sem passado”.

Referências bibliográficas

SANTOS, P. L. V. A. C.; LIMA, F. R. B. Museu e suas tipologias: o webmuseu em


destaque. Informação & Sociedade (UFPB. Online), v. 24, p. 58-68, 2014
FARIAS, Soraia A. M. Cidade Museu: expressões espaciais e o caráter cultural.
Belo Horizonte (UFMG), 2010 (Dissertação de Mestrado)

Pauta Calle, F. La vivienda y la renovación urbana en los centros históricos.


Revista De La Facultad De Arquitectura Y Urbanismo De La Universidad De Cuenca,
p. 115 –131, 2019

Ballart Hernández, Josep. PATRIMONIO CULTURAL Y TURISMO SOSTENIBLE


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Ramos, S. P. Desafios do planejamento e desenvolvimento do turismo cultural


em centros históricos tombados: o caso de Penedo-Alagoas. Revista Brasileira de
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CARRIÓN, Fernando. El centro histórico como proyecto y objeto de deseo. vol.


XXXI, n° 939; p. 89-100. Santiago de Chile: Revista eure, 2005.

FUNARI, Pedro Paulo. Patrimonio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Editor Ltda, 2009.

Patrimônio Mundial Cultural e Natural.Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional(Iphan),Brasília,2014.Disponivel:< http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhe

s/29> Acesso em : 4 de ago. de 2019.

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