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3301: Doutoramento em História

especialidade: Estudos Avançados de Património


nº: 2202038
aluno: Hugo Aires
data: 2022/2023
UC : Seminário de Aprofundamento Teórico

Historiografando os Estudos Patrimoniais


(Texto Ensaístico)
O património cultural consiste em partes selecionadas do passado para uso no
presente na forma de conhecimento, produto cultural e recurso político, nas
esferas económica, política, cultural ou social, e tem seu valor menos determi-
nado por qualidades ou méritos intrínsecos que por características atribuídas
contemporaneamente.
Com o decorrer do tempo, o conceito de património cultural expandiu-se e pas-
sou a incluir, além de grandes monumentos artísticos representativos de fatos
do passado, praticamente os únicos bens protegidos até então, práticas e obras
indicativas das diversas identidades coletivas existentes.
A partir do desejo e da necessidade de consolidar uma identidade e uma história
‘nacionais’ que pudessem apresentar o país como uma nação civilizada e mo-
derna à moda europeia, e baseando-se em “cânones artísticos, históricos e ci-
entíficos europeus, as narrativas da nação elaboradas por estas instituições de-
finiram um conceito de arte e de história, interpretando e cristalizando os fatos
sob uma perspectiva político-militar” (PEREIRA, 2009, p. 12).
A expressão cultural de um povo manifesta-se na arquitetura, artes, ritos,
costumes e outras formas de fazer, que representam o patrimônio cultural,
material e imaterial, que deve ser preservado e transmitido como
Herança das gerações. O significado da palavra autenticidade está
intimamente ligado à ideia de verdade: autêntico é aquilo que é verdadeiro,
dado como certo, sobre o qual não há dúvida. Os edifícios e lugares são
objetos materiais, portadores de uma mensagem ou argumento, cuja validade,
compreensão e aceitação (pela comunidade, no quadro de um determinado
contexto social e cultural) os converte em patrimônio. Com base neste

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Tema 2 | Historiografando os Estudos Patrimoniais
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princípio, poderíamos dizer que estamos diante de um bem autêntico quando


há correspondência entre o objeto material e seu significado.
A importância de preservar o património intangível está em evitar que o
processo de globalização transforme as expressões culturais representativas
da sociedade das quais a cultura emana. Portanto, a documentação e o
inventário desse patrimônio intangível são importantes, assim como a
inclusão de seu conteúdo nas disciplinas afins dos currículos escolares para
que os alunos aprendam e valorizem esse conteúdo. Os vestígios da cultura
industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetónico ou
científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas,
minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns,
centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte
e todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim como os locais onde se
desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como
habitações, locais de culto ou de educação. (TICCIH, 2003). A Revolução
Industrial marcou mudanças sociais, econômicas, arquitetónicas e urbanas,
que se prolongam até nossos dias. Os edifícios,estruturas, maquinarias e
demais utensílios para as atividades industriais,configuram as paisagens com
um valor universal, portanto sua conservação é relevante. A evolução do
pensamento preservacionista através das Cartas Patrimoniais Internacionais
abrange a valorização dos monumentos históricos, as medidas de preservação
dos bens culturais, as instruções para os critérios das restaurações
arquitetónicas e para a tutela dos centros históricos, o património cultural e a
criação do Comitê intergovernamental de proteção ao Patrimônio Mundial,
Cultural e Natural, os conjuntos históricos e arquitetónicos, a reabilitação das
construções antigas e dos bairros sem modificação da composição social, a
salvaguarda dos jardins históricos, as recomendações para a salvaguarda e

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qualidade de vida das cidades históricas e da população marginalizada em


centros históricos, o planeamento e planos urbanos, a proteção legal do sítio
histórico urbano.

Albufeira, 13| novembro | ‘22

(o aluno)

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Referências Bibliográficas
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sobre o património arquitectóico europeu”, Sociedade
e Território, Revista de estudos urbanos e regionais, 6, 131-135.
Choay, Françoise (2008), Alegoria do Património. Lisboa: Edições 70.
Gomes, Carina (2008), A (re)criação dos lugares. Coimbra: cidade e imaginário
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Goméz, Manuel (1998), “Patrimonio e ciudad: nuevos escenarios de promoció y
gestió del turismo urbano europeo privado”, Sociedade e Território, Revista de
estudos urbanos e regionais, 28, 10-22. Greffe, Xavier (1999), La gestion du
patrimoine culturel. Paris: Anthropos. Hernández, Eva Vicente (2007),
Economía del patrimonio cultural y políticas patrimoniales. Um estudio de la
política del patrimonio arquitectónico en Castilla y León. Madrid: Instituto de
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normas internacionais”, in Flávio Lopes e Miguel Brito Correia (2004),
Património arquitectónico e arqueológico: Cartas, Recomendações e
Convenções Internacionais. Lisboa: Livros Horizonte, 13-22. Peixoto, Paulo
(2007), O passado ainda não começou: Funções e estatuto dos centros históricos
no contexto urbano português. Coimbra: Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra, Dissertação de Doutoramento em Sociologia.

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Tema 2 | Historiografando os Estudos Patrimoniais

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