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Intervenção urbana em sítios históricos

Aula 03 – Técnicas retrospectivas


01
conceito de centro histórico
conceito de centro histórico

• Segundo Teresa Barata Salgueiro (2005, p.


259), os centros históricos para além de serem
“as partes mais antigas da cidade”, constituem-
se como uma “sucessão de testemunhos de
várias épocas, monumento que nos traz vivo
o passado, nos dá a dimensão temporal com
a sequência dos factos que estruturam as
identidades”.
• O centro histórico de uma cidade é, regra geral,
a área mais antiga que se tornou
progressivamente o centro da cidade moderna,
e que coincide normalmente “com o núcleo
de origem do aglomerado, de onde
irradiaram outras áreas urbanas
sedimentadas pelo tempo, conferindo assim a
esta zona uma característica própria cuja
delimitação deve implicar todo um conjunto de
regras tendentes à sua conservação e
valorização”
(DGOTDU, 2005, p.128 – Legislação portuguesa). Centro histórico Ouro Preto
conceito de centro histórico

o centro histórico de uma cidade é por


definição um lugar central
relativamente à restante área
construída, sendo definido pelo seu
“poder de atracção sobre os
habitantes e turistas, como foco
polarizador da vida económica e
social”.
Este núcleo corresponde assim ao
centro funcional tradicional das
cidades, o qual apesar de ter perdido
alguma atractividade, tendo-se
tornado menos acessível que outras
áreas novas, “permanecerá sempre
como a parte antiga da cidade, e
isso explica que o elemento mais
marcante de um centro histórico na
actualidade seja a sua imagem
simbólica”
(Cavém, 2007, p. 16)
Centro histórico Ouro Preto
conceito de centro histórico

O centro da cidade
contém, em si mesmo, a
própria ideia de cidade.

Quando um morador da
cidade avisa que vai ao
centro, distraidamente diz
que “vai à cidade”
(Roberto da Matta)

Centro histórico Fortaleza


02
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação

O conceito de patrimônio arquitetônico e urbanístico


• Desde o final da 2a Guerra, porém, o próprio conceito de patrimônio passa por
importantes mudanças, vindo a sofrer uma ampliação que muda a natureza do seu
campo.
• No que se refere especificamente ao patrimônio arquitetônico, a sua concepção inicial,
muito presa ainda à idéia tradicional de monumento histórico único, vai sendo
ampliada
• Assim, ao longo do século XX, vão penetrando no campo do patrimônio conjuntos
arquitetônicos inteiros, a arquitetura rural, a arquitetura vernacular etc.
• preocupação com o entorno, a ambiência e o significado.
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação

O conceito de patrimônio arquitetônico e urbanístico


• conceito contemporâneo: patrimônio ambiental urbano, matriz a partir da qual
podemos pensar hoje a preservação do patrimônio, sem cair nas limitações da visão
tradicional.
• Pensar na cidade como um "patrimônio ambiental" é pensar, antes de mais nada, no
sentido histórico e cultural que tem a paisagem urbana em seu conjunto, valorizando
não apenas monumentos "excepcionais", mas o próprio processo vital que forma a
cidade.
• Neste campo, o tipo de objeto a ser protegido muda, passando do monumento isolado
a grupos de edificações históricas, à paisagem urbana e aos espaços públicos.
• Abordar o patrimônio ambiental urbano é muito mais que simplesmente tombar
determinadas edificações ou conjuntos: é antes, conservar o equilíbrio da paisagem,
pensando sempre como inter-relacionados a infra-estrutura, o lote, edificação, a
linguagem urbana, os usos, o perfil histórico e a própria paisagem natural.
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação

Preservação e conservação
• Nos anos 60, tem início a formulação de uma outra visão de intervenção sobre o
patrimônio, passando-se da idéia da preservação para a da conservação
• a conservação vai apontar para uma dimensão mais dinâmica, passando da idéia da
manutenção de um bem cultural no seu estado original para a da conservação daquelas de
suas características ”que apresentem uma significação cultural”.
• Desta forma, enquanto a preservação pressupõe a limitação da mudança, a
conservação refere-se à inevitabilidade da mudança e à sua gestão.
• Nesta nova perspectiva, passa a ser central a integração da conservação com políticas
mais amplas de desenvolvimento, sendo uma contribuição teórica decisiva a introdução,
pela Declaração de Amsterdã de 1975, do conceito de “conservação integrada”, onde se
explicita a necessidade da conservação ser considerada não como uma questão marginal,
mas como um dos objetivos centrais do planejamento urbano e regional.
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação

A reabilitação de centros urbanos


desde o Congresso de Amsterdã de 1975 reconhece-se explicita e programaticamente a
importância da manutenção e incremento da função econômica das áreas protegidas.

Assim, a Carta de Amsterdã já formula:


A reabilitação de bairros antigos deve ser concebida e
realizada, tanto quanto possível, sem modificações
importantes da composição social dos habitantes e de uma
maneira tal que todas as camadas da sociedade se
beneficiem de uma operação financiada por fundos
públicos.
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação

A reabilitação de centros urbanos


• a questão do uso dessas áreas torna-se central para as políticas de patrimônio: o fato é
que nem todas essas edificações protegidas podiam se transformar em museus ou
centros culturais, e nem todas as áreas conservadas, em destinos turísticos privilegiados.
• Assim, ao lado das já tradicionais preocupações com as qualidades visuais,
arquitetônicas ou históricas introduz-se a preocupação com as características
funcionais das áreas e o seu uso econômico.

• A imposição de uso cultural para edificações históricas


“condena a cidade a uma existência de museu a céu
aberto”.
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação

Modelos de preservação de centros históricos


1º modelo: preservação

Concepção de Tipo de objeto Atores / ações


patrimônio:
• Edificações, estruturas e • Estado • Reação a
• Coleção de objetos, outros artefatos casos excepcionais
Excepcionalidade, Valor individuais
histórico e/ou estético,
Cultura erudita Profissionais envolvidos
Marco legal
• Arquitetos e historiadores
• Tombamento
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação

Modelos de preservação de centros históricos


2º modelo: conservação

Concepção de Tipo de objeto Atores / ações


patrimônio
• • Grupos de edificações • • Estado • Parte integral
• • Ampliação • históricas, paisagem do planejamento urbano
“Patrimônio ambiental urbana e os espaços
urbano" • Valor cultural / públicos
ambiental • Cultura em Profissionais envolvidos
sentido amplo / processo • • Arquitetos,
Marco legal
historiadores +
• • “Áreas de planejadores urbanos
conservação” (zoning)
patrimônio urbanístico: intervenção e reabilitação

Modelos de preservação de centros históricos


3º modelo: reabilitação / revitalização

Concepção de Tipo de objeto Atores / ações


patrimônio • Grupos de edificações • Papel decisivo da
• • Ampliação • históricas, paisagem sociedade e da iniciativa
“Patrimônio ambiental urbana e os espaços privada => parcerias
públicos
urbano" • Valor cultural /
ambiental • Cultura em
sentido amplo / processo Marco legal Profissionais envolvidos
• • Novos instrumentos • Arquitetos, historiadores
urbanísticos (TDC / + planejadores urbanos +
operações urbanas / gestores
etc.)
03
análise de experiências
Cobertura da Praça Patriarca - São Paulo
Arq. Paulo Mendes da Rocha
Cobertura da Praça Patriarca - São Paulo
Arq. Paulo Mendes da Rocha
Cobertura da Praça Patriarca - São Paulo
Arq. Paulo Mendes da Rocha
referências
• ANDRADE JUNIOR, Nivaldo Vieira de. Rediscutindo alguns aspectos da preservação do patrimônio urbano: a cidade como
palimpsesto e a estratificação dos sítios de valor histórico-artístico. In: Anais do X Seminário de História da Cidade e do
Urbanismo. Recife: MDU-UFPE, 2008.
• BONDUKI, Nabil. Intervenções urbanas na recuperação de centros históricos. Brasília: IPHAN / Programa Monumenta, 2010.
• Cávem, M. (2007) Centros históricos contemporâneos. Mudanças de perspectiva na gestão. Lisboa e Bruxelas, Dissertação de
Mestrado em Geografia Humana, Planeamento Regional e Local, Lisboa: Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras,
Departamento de Geografia.
• Barata Salgueiro, Teresa; Paisagens Urbanas; in Medeiros, C. A. (coord.), Geografia de Portugal - Sociedade, Paisagens e
Cidades, volume 2; Círculo de Leitores; Lisboa, 2005, pp.230-300 e 343-365.
• DGOTDU - Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano; Vocabulário de Termos e Conceitos do
Ordenamento do Território; Colecção Informação; Direcção de Estudos e Planeamento Estratégico; Lisboa, Maio 2005.
• DaMatta, Roberto (1987), A casa & a rua. Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Guanabara.
• ARQUITEXTOS 107.04ano 09, abr. 2009 O Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador e as lições das
Cartas Patrimoniais (1) Wilson Ribeiro dos Santos Júnior e Paula Marques Braga – Disponivel em:
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.107/59
• VITRUVIUS - 096.02 Salvador BA Brasilano 08, jul. 2008 O Pelourinho no Pelourinho Marcelo Carvalho Ferraz –
DIPONIVEL EM: https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/08.096/1885
• https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e-arte/2021/07/4937391-pesquisadora-descobre-e-divulga-acervo-de-projetos-
da-arquiteta-lina-bo-bardi.html

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