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HISTÓRICO
A CONSTRUÇÃO DE UMA
“CIDADE HISTÓRICA”: O
CASO DE OURO PRETO
Autor: Me. Juscelino Pereira Neto
Revisor: Vinnícius Pereira de Almeida
INICIAR
introdução
ç
Introdução
As mudanças sociais e econômicas estão rapidamente causando a deterioração de
muitas cidades históricas cujo conjunto arquitetônico histórico vem sendo substituído
por edificações modernas. Existe uma falta de conscientização pública sobre seu
valor, enquanto as atividades de planejamento urbano dão pouca atenção à
integração de velhas e novas estruturas em uma estrutura funcional.
Faz-se necessário também um exame integrado das cidades históricas, incluindo uma
análise sobre seus significados – estabelecendo por que a cidade histórica é
importante e para quem –, estado de conservação, causas de deterioração, pressões,
riscos e ameaças, avaliação do contexto atual de gestão, em conjunto com os
métodos e as ferramentas para conduzir tais avaliações. É imprescindível um
entendimento adequado do patrimônio urbano da cultura subjacente à cidade de
Ouro Preto e a conscientização dos profissionais de preservação sobre sua
importância cultural.
praticar
Vamos Praticar
O apogeu de Ouro Preto ocorre em meados do século XVIII, com o auge da extração de ouro
e diamantes da província mineira e região. No século XIX, houve uma evolução das
atividades econômicas migrando para o cultivo de café e criação de gado. Sobre a história de
Ouro Preto, assinale a alternativa correta.
A cidade de Ouro Preto data do início do século XVIII e está localizada a 400
quilômetros ao norte da cidade do Rio de Janeiro. A cidade histórica de Ouro Preto
está encravada nas encostas montanhosas da antiga capital da província de Minas
Gerais (1720-1897), Vila Rica de Ouro Preto, centro de uma pujante área mineradora
responsável por atrair para a região milhares de aventureiros em busca de ouro.
A cidade de Ouro Preto (então chamada de Vila Rica) foi fundada em 8 de julho de
1711, após a descoberta de ouro pelos bandeirantes nas cercanias dos rios de Minas
Gerais, por volta do fim do século XVII. Deslocou-se até lá uma multidão de
aventureiros que buscavam a riqueza pela coleta de ouro, que foi logo acompanhada
por comerciantes que vieram se estabelecer na tentativa de fazer fortuna.
Vila Rica rapidamente se tornou uma cidade não apenas próspera, mas também
muito importante: por volta de 1750, possuía mais habitantes que Rio de Janeiro ou
Nova York. Data desse período um enorme florescimento da riqueza da cidade que
permitiu a construção de uma infinidade de igrejas barrocas e outros edifícios.
A CORRIDA DO
OURO NO BRASIL
Pelas estimativas oficiais, no auge
da mineração do Brasil Colônia,
foram extraídas da Capitania de
Minas Gerais cerca de 128
toneladas de ouro. A imagem traz
a cidade histórica de Ouro Preto,
Minas Gerais, Brasil, rua de
paralelepípedos com casas
coloniais da época da mineração
de ouro, com igreja ao fundo.
ACESSAR
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Vamos Praticar
Leia o trecho a seguir.
“A cidade de Ouro Preto foi oficialmente elevada à condição de Monumento Nacional, graças
ao decreto do governo provisório federal que vinha acolher as solicitações de que haviam se
originado principalmente de intelectuais mineiros”.
LEMOS, C. A. C. O que é patrimônio histórico . São Paulo: Brasiliense S.A., 2009. p. 32.
Sobre o ato governamental que elevou a cidade de Ouro Preto à condição de monumento
nacional, assinale a alternativa correta.
Figura 4.2 - Igreja de São Francisco de Assis em São João del-Rei, projeto de autoria de
Aleijadinho
Fonte: Ricardo André Frantz / Wikimedia Commons.
O prédio da Casa de Câmara e Cadeia, no período colonial, era a sede da
administração e da justiça. Os registros das ordens reais determinadas na Câmara e
as audiências públicas realizadas atestam sua importância. A instituição é um local
representativo das forças repressoras à época, pode ser considerada um dos centros
da estrutura administrativa do regime colonial (FONSECA, 2011).
Figura 4.3 - Vista da cidade histórica de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil, em primeiro
plano, a Praça Tiradentes, com o Museu da Inconfidência ao fundo
Fonte: silviopl / 123RF.
Ouro Preto também sedia a casa do Museu da Inconfidência. O museu se dedica a
preservar a memória da Conjuração Mineira e também dispõe de uma rica narrativa
histórica da sociedade e cultura mineiras no período do ciclo do ouro do período
colonial (BITTENCOURT, 2007).
Preservação, Integridade e
Autenticidade do Patrimônio em Ouro
Preto
A cidade de Ouro Preto manteve um núcleo urbano edificado no período Colonial, em
especial a rica gama de edifícios cívicos e religiosos marcados por refinadas
qualidades estéticas e arquitetônicas que expressam valor universal excepcional.
Nem todos estão em bom estado de conservação; algumas casas e igrejas sofrem de
negligência e com os efeitos do tempo.
A cidade histórica está sempre vulnerável ao crescimento urbano, ao tráfego, à
industrialização e ao impacto turístico. A expansão de Ouro Preto para as encostas
circundantes, ocupando terrenos geologicamente instáveis, áreas verdes, áreas
arqueológicas e espaços públicos, representa uma ameaça de danos irreversíveis ao
ambiente urbano.
Os Esforços de Preservação e
Gerenciamento
A partir da década de 1930, Ouro Preto passou a ser objeto de estudo e de ações de
proteção por meio de uma série de medidas do poder público. Uma das ações
pioneiras vieram por iniciativa do poder municipal e envolveu Decretos emitidos pelo
prefeito João Velloso entre os anos de 1931 e 1932, que determinavam a “preservação
da fachada colonial” (OURO PRETO, 1931).
Em fins dos anos de 1980, após nova convenção, essa definição evoluiu para a
proteção e a preservação de imagens em movimento, também reconheceu o
patrimônio audiovisual como parte do patrimônio cultural (UNESCO, 1989).
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Vamos Praticar
A concepção de espaço na visão de Henri Lefebvre traz o homem como construtor do seu
espaço social e como sujeito ativo da sua própria história. O autor questiona o espaço mais
presente na vida das pessoas, o espaço do cotidiano.
a) Na visão do filósofo francês Henri Lefebvre, o espaço físico era uniforme como
reflexo do mundo social.
b) O espaço é modificado pelos indivíduos, exceto a natureza, que se mantém
intacta, imune à atuação humana.
c) O espaço é sempre uma instância abstrata que não consegue reproduzir as
contradições da vida social.
d) A fundamentação teórica de Henri Lefebvre se respalda na teoria da Teoria Política
Clássica de autores como Adam Smith, David Ricardo e Thomas Malthus.
e) Para Lefebvre, o espaço contém três dimensões: o espaço concebido, o espaço
vivido e o espaço percebido.
A Cidade como
Espaço de
Representação
As questões sobre o que é uma cidade e como as cidades são representadas através
dos seus monumentos têm ocupado a atenção de muitos estudiosos. Os bens
materiais do espaço urbano dão vida a uma comunidade imaginada. As mudanças
urbanas, por sua vez, promovem alterações nesse espaço e modificam a forma como
as pessoas enxergam a si mesmas. Esse exercício mental ficcional está em constante
construção entre urbano e ficção.
Tempo e espaço são duas dimensões nas quais os seres humanos invariavelmente
estão inseridos. De acordo com Cassirer (2001), espaço e tempo são a estrutura em
que toda a realidade está envolvida. Não se pode conceber nada real, exceto nas
condições de espaço e tempo.
Essa noção é reforçada pelo filósofo marxista francês Henri Lefebvre (2005), para
quem o reconhecimento do espaço social, uma instância portadora de múltiplas
representações específicas, produz uma compreensão tripla do que venha a ser o
espaço percebido, espaço concebido e espaço vivido (GARREAU, 1992).
reflita
Reflita
A cidade sempre ocupou um lugar
privilegiado para as representações
coletivas – é um dos locais onde todos os
estilos são possíveis. É um espaço em que
inúmeras tradições são criadas e estão
presentes. As cidades têm um desejo de
ordem que caracteriza o desenvolvimento
da arquitetura, mas simultaneamente
preserva as tradições e os mitos. Essa luta
faz dela um local de acumulações
concretas, um depósito infinito de
manifestações artísticas.
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Vamos Praticar
Em 1938, com a promulgação do Decreto-lei n. 25/1937, Ouro Preto foi tombada pelo
SPHAN. A cidade era merecedora do título e do tombamento como reconhecimento da arte
erudita nacional que representava.
MOTTA, L. A SPHAN em Ouro Preto: uma história de conceitos e critérios. In : Revista do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional . Rio de Janeiro: IPHAN, 1987, n. 22. p. 110.
Sobre a importância histórica que justificasse Ouro Preto como monumento nacional da
cultura brasileira, assinale a única alternativa correta.
FILME
Arábia
Ano : 2017
Comentário : Sob a direção segura dos cineastas mineiros
João Dumans, Affonso Uchoa, o longa-metragem Arábia se
passa em Ouro Preto-MG e é narrado pelo jovem André
(Murilo Caliari) que encontra, por acaso, o diário de um
operário metalúrgico que havia deixado o interior do Estado
e vai para a cidade grande em busca de uma vida melhor.
Cristiano (Aristides de Sousa), que interpreta o metalúrgico,
sofre um acidente é hospitalizado, mas nunca mais sai.
André, então, assume as memórias de Cristiano e vai reviver
a vida de trabalhadores marginalizados. O filme é uma
análise da vida de um indivíduo a partir de suas lembranças e
vivências na cidade de Ouro Preto. É mostrada a importância
da preservação do patrimônio histórico mineiro como
elemento aglutinador de identidade e singularidade – tema
fundamental da compreensão desta unidade.
Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer a seguir.
TRAILER
LIVRO
Sobre a análise da constituição do município mineiro, restou claro que seus atores
encontraram um equilíbrio entre reabilitação urbana, restauração e manutenção da
identidade e puderam enfrentar processos como o desaparecimento.
referências
Referências
Bibliográficas
AGUIAR, L. B. Cidade morta, cidade documento, cidade turística: a construção de
memórias sobre Ouro Preto. In : AGUIAR, L. B. História do turismo no Brasil . Rio de
Janeiro: FGV, 2013. p. 180-193.
BITTENCOURT, J. N. Ouro Preto, nossa Roma. Antiquários e tradições numa trajetória
de preservação. Oficina do Inconfidência , Ouro Preto, ano 5, n. 4, p. 123-137, dez.
2007.
FONSECA, C. D. Arraiais e vilas d’el rei : espaço e poder nas Minas setecentistas. Belo
Horizonte: UFMG, 2011.
GARREAU, J. Edge City : Life on the new frontier. Peterborough: Anchor Books, 1992.