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O patrimônio material é parte importante da memória dos diversos grupos sociais e étnicos que compõem
o povo brasileiro. Além disso, também participam da base da formação e da compreensão de nossa
identidade, ou melhor dizendo, das nossas múltiplas identidades.
Romper o olhar único sobre o patrimônio luso, ampliar nossas ações na preservação da memória
indígena e quilombola, do conhecimento tradicional, da arquitetura vernacular, do patrimônio industrial,
compreender o patrimônio como suporte para políticas sociais, enfrentar a fetichização do objeto tombado
são algumas questões que possibilitam uma reavaliação simbólica do que se pressupõe como patrimônio
brasileiro.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental que os alunos
sejam capazes de:
compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres
políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às
injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o
diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio
para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência
ao país; conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos
socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em
diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e
sociais. (BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf > Acessado em: 18/05/201282
“Torna-se cada vez mais urgente desvendarmos os mitos que envolvem o tombamento e advertirmos
nossa população, a começar pelas crianças e adolescentes, sobre os procedimentos necessários para a
preservação do nosso maior patrimônio: o planeta Terra e os bens culturais que o integram. Estímulos
dessa natureza suscitam o sentido de pertença desses pequenos cidadãos aos seus locais de origem,
bem como a valorização de suas tradições e práticas culturais. Para tanto, convém ambicionarmos a
irradicação da consciência de proteção não apenas dentro dos muros das escolas e das universidades,
mas entre os líderes comunitários, agentes formadores e demais cidadãos .”
INTERVENÇÃO –
agente: O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal vinculada
ao Ministério da Cidadania que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro.
ações: vincular ações às políticas já existentes. pode-se propor a criação de um Progama Nacional de
MEMÓRIA E A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL. ( ação interministerial de
mobilização, detalhes vinculados aos problemas citados no desenvolvimento )
Literatura de Cordel, foi reconhecido pelo Conselho Consultivo como Patrimônio Cultural Brasileiro. A
decisão foi tomada nesta quarta-feira, 19 de setembro, por unanimidade pelo colegiado que está reunido
no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. A reunião também contou com a presença do Ministro da
Cultura, Sérgio Sá Leitão, da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),
Kátia Bogéa e do presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Gonçalo Ferreira. Poetas,
declamadores, editores, ilustradores (desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros (como
são conhecidos os vendedores de livros) já podem comemorar, pois agora a Literatura de Cordel é
Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
"Macunaíma, de Mário de Andrade, é um livro modernista, publicado, pela primeira vez, em 1928. Conta
a história de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Índio nascido na Floresta Amazônica, depois de
perder a muiraquitã dada por sua companheira, Ci, a Mãe do Mato, ele decide viajar até a cidade de São
Paulo para recuperar o amuleto.
Na trajetória do herói, elementos da cultura indígena e afro-brasileira são mostrados ao leitor e à leitora.
Desse modo, a obra se configura em uma narrativa nacionalista, mas de caráter crítico, já que os
personagens são apresentados sem nenhuma idealização. Além disso, a língua portuguesa é mostrada
em sua rica variedade."
O tema central de Macunaíma é a busca de Muiraquitã, que pode ser interpretada como a busca da
própria identidade nacional. Se interpretada dessa forma, o leitor pode concluir que Mário acreditava que,
através das lendas, dos folclores, das composições populares regionais, encontrava-se o melhor caminho
para achá-la.
O indianismo fez parte de um processo de busca de identidade nacional que foi elemento de debate de
diversos políticos e artistas durante o século XIX. Um dos maiores destaques desse período foi o
romântico Gonçalves Dias, o poeta maranhense que através do nacionalismo e da exaltação das
populações indígenas buscou a partir de seus textos criar um laço nacional com as raízes do passado. É
com seus principais poemas indianistas como O Canto do Piaga (1846), Marabá (1851), Leito de Folhas
Verdes (1851), I-Juca Pyrama (1851) que o autor cria narrativas que demonstram tanto o cotidiano cultural
de alguns povos indígenas maranhenses, como também critica sistemas da realidade existente à época
como a mestiçagem. É incumbido da necessidade de consagração de uma identidade brasileira desligada
dos vínculos com Portugal, que diversos setores da sociedade Imperial participaram deste processo, com
a criação de instituições e financiamentos de obras.
O poema "Canto de regresso à pátria", de Oswald de Andrade, é uma produção realizada no início da
década de 20, época que se caracterizava pelo nacionalismo crítico e por uma revisão tanto da história do
Brasil como da produção literária anterior que, segundo o pensamento da época, havia uma apropriação
inadequada das produções e ideal estrangeiros. Oswald foi o precursor do antropofagismo, que significa
"comer o que vem de fora, desfazendo-se do que é de fora e incorporando elementos nacionais". É nessa
perspectiva que Oswald critica a forma ufanista de Gonçalves Dias usa ao valorizar os elementos
nacionais. No "Canto de regresso à pátria", Oswald, por trás do humor e da sátira, ainda mantém o caráter
nacionalista na poesia, mas sob um olhar crítico.
Leitura importante:
DO IMPÉRIO AOS ANOS 1930: UM PASSEIO PELO RIO ‘GUIADO’ POR JÔ SOARES
Roteiro baseado nos livros “O Xangô de Baker Street” e “As Esganadas”.
por Andréia Martins
O humorista e escritor Jô Soares nunca escondeu sua paixão pelo Rio de Janeiro. Morando em São
Paulo, ele guarda boas histórias e recordações do tempo em que morou e trabalhou na capital fluminense.
Talvez por isso dois de seus livros de ficção, O Xangô de Baker Street (1995), no qual Sherlock Holmes
vem ao Rio imperial investigar o desaparecimento de um valioso violino, e o As Esganadas (2011), sobre a
morte misteriosa de várias mulheres obesas no fim dos anos 30, funcionem como um verdadeiro guia
cultural e histórico do Rio de Janeiro.
A MULTIDÃO NA RUA DO OUVIDOR NOS ANOS 1930 (REPRODUÇÃO)
UMA RUA FAMOSA
Tanto em O Xangô de Baker Street quanto em As Esganadas, que se passa em 1938, ano em que Jô
nasceu, uma rua em especial não passa em branco: a rua do Ouvidor, no centro do Rio. Sobre ela já
escreveram Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida, José França Júnior e Joaquim Manuel de
Macedo, que lhe dedicou um livro, Memórias da Rua do Ouvidor (1878).
Conhecida pela sua elegância e por reunir alguns dos principais pontos de encontro da intelectualidade
carioca, a rua teve vários outros nomes até 1775. Lá estavam sedes de diversos jornais, editoras e
empresas tradicionais. No entanto, a rua perdeu seu destaque com a inauguração da Avenida Rio Branco,
em 1900. Hoje, concentra bares e prédios antigos que guardam histórias bem particulares da era imperial.
O CENTRO HISTÓRICO DO RIO
Do Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, palco da lendária apresentação da atriz francesa Sarah
Bernhardt no século 19, ao Teatro Santana, passando pelo Teatro Príncipe Imperial, fundado em 1881 e
famoso pelas peças do teatro de revista, e pelas competições de cavalos no hipódromo Derby Club, em
São Cristóvão, e ainda no Jockey Club, onde a nata da sociedade carioca se reunia. Esse seria sem dúvida
um belo passeio pela vida cultural e social do Rio imperial, indicado nas páginas de O Xangô. E hoje, como
seria esse passeio pelo Rio?
Dos três teatros, todos localizados no mesmo local, antiga Praça da Constituição, hoje a Praça Tiradentes,
apenas o terceiro não existe mais. O primeiro, que chegou a se chamar Real Theatro de São João, passou
por reformas e, desde 1930, se chama Teatro João Caetano, a sala de espetáculos mais antiga do Rio,
enquanto o Teatro Santana se transformou no Teatro Municipal Carlos Gomes. Já o Derby Club deu espaço
ao complexo esportivo do Maracanã.
PRAÇA TIRADENTES, NO CENTRO DO RIO (REPRODUÇÃO)
Ali, nas proximidades da antiga Praça da Constituição também estava localizado o Museu Nacional e
Imperial, hoje o Paço Imperial, centro cultural que abriga exposições e uma sala de cinema. Em O Xangô,
Jô Soares destaca a famosa coleção de múmias do local, “autênticas dos tempos dos faraós”, em um
trecho cheio de ironia.
A região do centro histórico do Rio volta a aparecer em As Esganadas, com a história se desenrolando em
ruas como a Sete de Setembro e a rua da Carioca, no Largo da Carioca, conhecida pelos antigos
sobrados e pelo trânsito dos bondes.
Ali também é o endereço da centenária Confeitaria Colombo, onde começa a trama. Símbolo da Belle
Époque tropical, a confeitaria foi inaugurada em 1884 e virou ponto de encontro da alta sociedade carioca
do início do século 20. Entre chás, casadinhos e pastéis de Belém, era comum a presença de políticos
bigodudos, como Rui Barbosa, artistas como o compositor Heitor Villa-Lobos e imortais da ABL, como
Olavo Bilac, que tinha uma mesa reservada para ele. Hoje, o local é patrimônio histórico tombado e ainda
mantém a decoração original, como os espelhos belgas, móveis em jacarandá e bancadas de mármore.
A confeitaria está na rua Gonçalves Dias, 32, no Centro, mas abriu outros estabelecimentos que vale a
pena conhecer. Um detalhe importante: a Colombo não abre no carnaval.
CENTRO, 1919 — INTERIOR DA CONFEITARIA COLOMBO NA OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO DOS
SEUS 25 ANOS. A CONFEITARIA LOCALIZA-SE NA RUA GONÇALVES DIAS (REPRODUÇÃO)
Para fechar o itinerário pelo centro, temos a rua Primeiro de Março, antiga rua da Direita, a mais
importante do Rio no século 19, com casas de governadores e ponto badalado por mercadores de
escravos. É lá que estão o Café Globo e o Beco dos Barbeiros, cenários de As Esganadas.
O beco é um dos últimos vestígios das vielas dos tempos coloniais, assim como a rua da Assembleia, pela
qual Tiradentes caminhou enquanto esteve preso na Cadeia Velha e que também ficou conhecida como a
rua dos “artigos para vestir”.
ORGULHO DO IMPERADOR
“Com mais de 100.000 volumes distribuídos por 42 salas, a Biblioteca Nacional era um dos orgulhos do
imperador”. Assim Jô descreve uma das principais atrações culturais do Rio. Em O Xangô, o local serve de
esconderijo para um “fugitivo” que tentava, em vão, despistar o detetive Sherlock.
CITAÇÕES
1 – “Nossa deformação cultural nos faz pensar que cabe a um segmento da sociedade levar cultura a
outro. Nós temos é que buscar a cultura no povo, dando condições para que ela brote. Só assim torna-se
possível criar uma real identidade cultural.”
— Fernanda Montenegro, atriz, ao recusar o convite para o Ministério da Cultura feito pelo então
presidente do Brasil, José Sarney, em 1985.
Fernanda Montenegro é uma das mais importantes atrizes brasileiras da história. Vencedora de diversos
prêmios internacionais com o filme “Central do Brasil”, ela também tem em sua história uma recusa ao
cargo de Ministra da Cultura. Desse momento, surgiu a frase acima, pedindo que a cultura brasileira seja
buscada nas pessoas e não levada até elas.
2 “É preciso erguer o povo à altura da cultura e não rebaixar a cultura ao nível do povo.”
— Simone de Beauvoir, filósofa e escritora.
Autora de livros como “O Segundo Sexo” e “Todos os Homens são Mortais”, Simone de Beauvoir
confrontou a sociedade ao tratar a desigualdade de gênero como algo ideologicamente construído, e, por
consequência, buscando a ruptura do padrão patriarcal e machista imposto até os dias atuais.
3 – “A cultura brasileira, cuja diversidade tem reconhecimento internacional, é o grande patrimônio do
país, bem como nossos ecossistemas, que guardam em si a maior biodiversidade do mundo.”
— Gilberto Gil, cantor e ex-Ministro da Cultura, em entrevista para a Folha, em 2022.
Gilberto Gil em suas letras, discursos e entrevistas, sempre mostra como a cultura brasileira é diversa,
presente e importante para a construção do que é ser brasileiro. Gil, em 1999, foi nomeado “Artista pela
Paz”, pela UNESCO e em 2021 foi eleito para a cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras
(ABL).
4 – “Vivo constantemente com fome de acertar. Sempre quase digo o que quero. Para transmitir, preciso
saber. Não posso arrancar tudo de mim mesma sempre. Por isso leio, estudo. Cultura, para mim, é
emoção sempre nova.”
— Cecília Meireles, escritora, em depoimento ao jornalista Pedro Bloch, em 1964.
Cecília foi escritora, pintora, jornalista e professora, autora de livros como “Romanceiro da Inconfidência”
— obra obrigatória da Fuvest em 2022 e 2023 — e “Viagem”.
5 – “A revolução da mulher foi a mais importante do século 20. As transformações foram muito
profundas. Aquela rainha do lar antes escondida entrou nas fábricas, nos escritórios, nas universidades,
começou a participar ativamente da cultura, das letras e das artes. Um espanto!”
— Lygia Fagundes Telles, em entrevista à Marie Claire, em 2005.
Lygia Fagundes Telles recebeu a alcunha de “Dama da Literatura Brasileira” e foi a terceira mulher a
integrar a ABL. Suas obras figuram listas de obras obrigatórias do vestibular da Unicamp e da UFRGS,
com os livros “Seminário dos Ratos” e “As Meninas”, respectivamente.
6 – “É um terreno de terra arrasada mesmo, mas que será reconstruído, porque nós sempre estaremos
aqui fazendo, com todas as dificuldades, a gente vai estar sempre fazendo arte, produzindo cultura.”
— Wagner Moura, ator e diretor, em entrevista para o portal Brasil de Fato, em novembro de 2021.
Ator e diretor brasileiro, Wagner Moura é um expoente do Brasil no mundo, trabalhando em produções
nacionais e internacionais com prêmios expressivos. A frase comenta como a produção cultural enfrenta e
supera momentos de adversidades.
7 – “Os produtos da indústria cultural podem estar certos de serem jovialmente consumidos, mesmo em
estado de distração. Mas cada um destes é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que desde
o início mantém tudo sob pressão tanto no trabalho quanto no lazer que lhe é semelhante.”
— Max Horkheimer e Theodor W. Adorno, no livro “Dialética do esclarecimento”, que aborda o conceito
de Indústria Cultural, no ano de 1944.
Adorno e Horkheimer são sociólogos e nomes influentes da chamada “Escola de Frankfurt”, instituição que
pensava sobre cultura e sociedade. O termo Indústria Cultural refere-se a ideia de produção cultural em
massa, distribuída com finalidade lucrativa e capitalista e de significado esvaziado.
09 – “A diferença entre mim e alguns “técnicos” é que eu vivi o folclore e eles leram o folclore. Não existe
folclore estudado, o que existe é cultura popular, cultura hereditária, cultura viva.”
— Luís da Câmara Cascudo, historiador e antropólogo, em entrevista ao jornal Diário de Pernambuco,
em 1978.
O historiador Luís da Câmara Cascudo é autor de diversas obras que relatam o folclore, fauna, flora e
costumes brasileiros, como o livro “A História da Alimentação no Brasil” — que virou documentário. Para
levantar suas informações, Cascudo desbravou o país, formando um dos maiores acervos sobre o Brasil já
feito.