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PLANEJAMENTO DO TEMA: MEMÓRIA E A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Preservar e cuidar da manutenção do patrimônio cultural construído é um grande desafio da atualidade. O


crescimento das cidades, a expansão imobiliária, o déficit habitacional e os impactos ambientais
constituem fatores que desafiam os gestores públicos a confrontar o desenvolvimento eminente, com a
necessidade de minimização de impactos ambientais e sociais.
No âmbito do patrimônio cultural, esforços têm sido canalizados visando a consolidação de uma política de
proteção de acervos, assim como ações efetivas de restauração de bens culturais que se encontram em
estado de conservação ruim.
Ao circular pelas cidades do interior do país, observa-se, com frequência, a degradação de inúmeros
imóveis seculares, de valor artístico e cultural, de propriedade particular ou pública, que lamentavelmente
dão lugar a outras edificações. Estas surgem de maneira abrupta e se sobrepõem à paisagem vernacular,
tradicional, desconsiderando todos os condicionantes conformadores do espaço urbano e sua história.
Desse modo, a leitura espacial e sua compreensão ficam comprometidas, uma vez que os suportes físicos
da memória das cidades são apagados, dando lugar a construções que não dialogam e não respeitam o
meio existente.
São classificados como patrimônio material bens de alguns grupos distintos. São eles:
– Arqueológico
– Paisagístico e etnográfico
– Histórico
– Belas artes e artes aplicadas.
Dentro desses grupos encontram-se por exemplo:
– Solar e Capela do Engenho do Colégio, em Campos dos Goytacazes-RJ
– Solar dos Airizes, em Campos dos Goytacazes-RJ
– Conjunto Moderno de Belo Horizonte
– A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto
– As pinturas rupestres, em Santana do Riacho e em Matozinho, MG

O patrimônio material é parte importante da memória dos diversos grupos sociais e étnicos que compõem
o povo brasileiro. Além disso, também participam da base da formação e da compreensão de nossa
identidade, ou melhor dizendo, das nossas múltiplas identidades.

BASE ARGUMENTAL 1- A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E A


MEMÓRIA COLETIVA E INDIVIDUAL
 A importância da Preservação do Patrimônio Histórico pode ser associada a memória coletiva e
individual, pois é através da memória que nos orientamos para compreender o passado, o comportamento
de um determinado grupo social, cidade e nação . O avivamento da memória também contribui para a
formação de identidade, resgate de raízes, está ligada formação cultural e econômica de um povo.
 Segundo dados obtidos por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN,
a preocupação em preservar nossa identidade histórica e cultural surge no início do século XX , onde as
primeiras medi- das aprecem em 1936 com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional – SPHAN, projeto criado por Mário de Andrade e alguns intelectuais da época que definia o
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional um conjunto de bens móveis e imóveis do país onde conservação
é do interesse público , quer por sua vinculação a fatos da História do Brasil, por seu excepcional valor
arqueológico, etnográfico , bibliográfico ou artístico.
 A História é construída, a consciência da história e a memória são parte de uma construção que se
fixam ao longo do tempo e dá identidade a um ser humano. O resgate da memória é envolvido por
sentimento que estimula e alimenta a necessidade do homem saber sobre si, sobre seu passado, sobre
seu presente, sobre suas conquistas, sendo então a memória um combustível da história.

BASE ARGUMENTAL 2 : A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA COLETIVA


 Quando falamos em centro histórico ou cidades históricas, devemos pensar que isso significa uma
forma de escrever história, tanto a cidade quanto a escrita sobre ela fazem parte de um processo de
memorização individual e coletiva.
 A memória da arquitetura urbana cumpre o papel de reproduzir as experiências construídas por
uma sociedade, isso inclui visão de mundo, influências, cultura, economia, gestão de trabalho,
desenvolvimento e outros fatores. Se observarmos a história das grandes civilizações como Grécia, Roma,
Egito, teremos uma visão mais apurada da importância pela preservação da memória e patrimônio, hoje
algumas ruinas ajudam a recontar a história do que em outrora fora sinônimos de poder econômico, arte,
força e religiosidade.
o As Pirâmides no Egito, o Partenon em Atenas, os Castelos Medievais Europeus, o Coliseu em
Roma, nos permite questionar e conhecer através dos historiadores as características de uma sociedade.

BASE ARGUMENTAL 3 . DESAFIOS PARA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ´CULTURAL


BRASILEIRO- (AMPLIAÇÃO DA NOÇÃO DE PATRIMÔNIO ´CULTURAL BRASILEIRO)

 Romper o olhar único sobre o patrimônio luso, ampliar nossas ações na preservação da memória
indígena e quilombola, do conhecimento tradicional, da arquitetura vernacular, do patrimônio industrial,
compreender o patrimônio como suporte para políticas sociais, enfrentar a fetichização do objeto tombado
são algumas questões que possibilitam uma reavaliação simbólica do que se pressupõe como patrimônio
brasileiro.

exemplo: Os registros recentes do patrimônio imaterial brasileiro já levaram ao reconhecimento pela


Unesco do samba de roda do Recôncavo Bahiano e da arte gráfica e pintura corporal dos índios Wajãpi do
Amapá como obras primas do patrimônio oral e imaterial da humanidade.

BASE ARGUMENTAL 4- PAPEL DA EDUAÇÃO NA PRESERVAÇÃO DO PATRIMONIO CULTURAL


BRASILEIRO

Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental que os alunos
sejam capazes de:
 compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres
políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às
injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
 posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o
diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
 conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio
para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência
ao país; conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos
socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em
diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e
sociais. (BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf > Acessado em: 18/05/201282

“Torna-se cada vez mais urgente desvendarmos os mitos que envolvem o tombamento e advertirmos
nossa população, a começar pelas crianças e adolescentes, sobre os procedimentos necessários para a
preservação do nosso maior patrimônio: o planeta Terra e os bens culturais que o integram. Estímulos
dessa natureza suscitam o sentido de pertença desses pequenos cidadãos aos seus locais de origem,
bem como a valorização de suas tradições e práticas culturais. Para tanto, convém ambicionarmos a
irradicação da consciência de proteção não apenas dentro dos muros das escolas e das universidades,
mas entre os líderes comunitários, agentes formadores e demais cidadãos .”

BASE ARGUMENTAL 4 - OS DESAFIOS POLÍTICOS E ESTRUTURAIS PARA A PRESERVAÇÃO DO


PATRIMÔNIO MATERIAL
(...) o ex-presidente do Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Antônio Augusto
Arantes, aponta o desinteresse político como uma das principais dificuldades enfrentadas para a
preservação do patrimônio cultural, dentre eles os bens materiais.
Segundo Antônio Augusto, existem muitos casos de bens como praças, igrejas e outros locais que por
falta de atenção do poder público acabam sendo depredados e vandalizados. São bens que uma vez
perdidos não podem ser recuperados, pois se revestem de uma história e construção única.
Além das questões que envolvem a falta de interesse público, que acaba por sucatear a pequena estrutura
estatal de preservação, muitos desses patrimônios também sofrem com a especulação e a expansão
imobiliária.
Há alguns anos na cidade do Rio de Janeiro, houve uma luta ímpar pela preservação. Um grupo de
indígenas e descendentes ocupavam o local no qual ficava uma antiga aldeia guarani. No entanto, sob
forte ação policial foram retirados do local que deveria dar espaço a um estacionamento que serviria
ao estádio do Maracanã.
Infelizmente, casos assim, se repetem em grande volume por todo o país, porém não são os únicos
desafios para a preservação do patrimônio material. Outro empecilho que se coloca para esse objetivo é a
falta de verbas e pessoal qualificado para o levantamento e análise do patrimônio existente no
brasil e ainda não catalogado.
A diversidade étnica que formou a nação brasileira juntamente aos milhares de anos de ocupação das
américas propicia uma grande, quase imensurável, riqueza de patrimônio material que vão desde artefatos
da idade da pedra, até objetos e construções da era moderna.
Porém, grande parte desse acervo ainda não foi catalogada e muito se perde por desconhecimento.
Assim, podemos dizer que, apesar de outros, a ausência de trabalho especializado, o desinteresse do
poder público e a força da expansão imobiliária são alguns dos graves desafios para a preservação
do patrimônio material.

INTERVENÇÃO –
agente: O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal vinculada
ao Ministério da Cidadania que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro.
ações: vincular ações às políticas já existentes. pode-se propor a criação de um Progama Nacional de
MEMÓRIA E A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL. ( ação interministerial de
mobilização, detalhes vinculados aos problemas citados no desenvolvimento )

REPERTÓRIO SÓCIO CULTURAL DE APOIO

 Literatura de Cordel, foi reconhecido pelo Conselho Consultivo como Patrimônio Cultural Brasileiro. A
decisão foi tomada nesta quarta-feira, 19 de setembro, por unanimidade pelo colegiado que está reunido
no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. A reunião também contou com a presença do Ministro da
Cultura, Sérgio Sá Leitão, da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),
Kátia Bogéa e do presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Gonçalo Ferreira. Poetas,
declamadores, editores, ilustradores (desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros (como
são conhecidos os vendedores de livros) já podem comemorar, pois agora a Literatura de Cordel é
Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.

 "Macunaíma, de Mário de Andrade, é um livro modernista, publicado, pela primeira vez, em 1928. Conta
a história de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Índio nascido na Floresta Amazônica, depois de
perder a muiraquitã dada por sua companheira, Ci, a Mãe do Mato, ele decide viajar até a cidade de São
Paulo para recuperar o amuleto.

Na trajetória do herói, elementos da cultura indígena e afro-brasileira são mostrados ao leitor e à leitora.
Desse modo, a obra se configura em uma narrativa nacionalista, mas de caráter crítico, já que os
personagens são apresentados sem nenhuma idealização. Além disso, a língua portuguesa é mostrada
em sua rica variedade."

O tema central de Macunaíma é a busca de Muiraquitã, que pode ser interpretada como a busca da
própria identidade nacional. Se interpretada dessa forma, o leitor pode concluir que Mário acreditava que,
através das lendas, dos folclores, das composições populares regionais, encontrava-se o melhor caminho
para achá-la.

 O Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa)


Guimarães Rosa fez da sua obra-prima um verdadeiro monumento linguístico. Além de retratar uma
paisagem tipicamente brasileira, o sertão mineiro, também faz uso de uma linguagem característica, com
neologismos e invenções que somente fazem sentido em seu universo particular. Forma e conteúdo se
unem para tornar o livro um dos mais importantes da literatura brasileira.

 Triste Fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto)


Policarpo Quaresma é um dos personagens mais importantes da literatura e certamente um dos mais
autênticos. O autor usa o protagonista para mostrar um momento de transição em relação ao sentimento
nacionalista: ele começa a trama como defensor nacional para depois descobrir que a vida do trabalhador
brasileiro não é tão boa assim.

 O Guarani (José de Alencar)


O autor José de Alencar era um indianista, entusiasta da mais pura forma de registro da cultura e
nacionalidade. Afinal, não existe nenhuma sociedade mais legitimamente brasileira do que a indígena. O
amor entre o índio Peri e a moça branca serve de ponto de partida para um retrato autêntico sobre os
conflitos que ocorrem quando estes mundos colidem.

 O indianismo fez parte de um processo de busca de identidade nacional que foi elemento de debate de
diversos políticos e artistas durante o século XIX. Um dos maiores destaques desse período foi o
romântico Gonçalves Dias, o poeta maranhense que através do nacionalismo e da exaltação das
populações indígenas buscou a partir de seus textos criar um laço nacional com as raízes do passado. É
com seus principais poemas indianistas como O Canto do Piaga (1846), Marabá (1851), Leito de Folhas
Verdes (1851), I-Juca Pyrama (1851) que o autor cria narrativas que demonstram tanto o cotidiano cultural
de alguns povos indígenas maranhenses, como também critica sistemas da realidade existente à época
como a mestiçagem. É incumbido da necessidade de consagração de uma identidade brasileira desligada
dos vínculos com Portugal, que diversos setores da sociedade Imperial participaram deste processo, com
a criação de instituições e financiamentos de obras.

“Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar ?sozinho, à noite
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.”

 O poema "Canto de regresso à pátria", de Oswald de Andrade, é uma produção realizada no início da
década de 20, época que se caracterizava pelo nacionalismo crítico e por uma revisão tanto da história do
Brasil como da produção literária anterior que, segundo o pensamento da época, havia uma apropriação
inadequada das produções e ideal estrangeiros. Oswald foi o precursor do antropofagismo, que significa
"comer o que vem de fora, desfazendo-se do que é de fora e incorporando elementos nacionais". É nessa
perspectiva que Oswald critica a forma ufanista de Gonçalves Dias usa ao valorizar os elementos
nacionais. No "Canto de regresso à pátria", Oswald, por trás do humor e da sátira, ainda mantém o caráter
nacionalista na poesia, mas sob um olhar crítico.

“Minha terra tem palmares


Onde gorjeia o mar
Os passarinhos aqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.”

FILMES QUE DESTACAM A HISTÓRIA E A CULTURA DO BRASIL

O PAGADOR DE PROMESSAS (1962)


Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 1962, o longa dirigido e roteirizado por Anselmo
Duarte conta a história do humilde Zé do Burro (Leonardo Villar), que enfrenta a intransigência da Igreja ao
tentar cumprir a promessa feita a uma mãe de santo, após a recuperação de seu burro Nicolau. Tocando
em pontos como intolerância religiosa e o sensacionalismo da imprensa, O Pagador de Promessas entrou
para a lista dos 100 Melhores Filmes Brasileiros de Todos os Tempos da Associação Brasileira de Críticos
de Cinema (Abraccine). Em 1963, ele disputou uma vaga como Melhor Filme Estrangeiro no Oscar, mas
não conseguiu a indicação. Em 1988, o filme virou uma minissérie na Rede Globo pelas mãos de Dias
Gomes e protagonizada por José Mayer.
XICA DA SILVA (1976)
Estrelado por Zezé Motta, o longa dirigido por Cacá Diegues contou a história da escrava que usou seus
atributos para conseguir poder durante a segunda metade do século XVIII. Xica se tornou dama da alta
sociedade mineira após seduzir o milionário João Fernandes (Walmor Chagas) e teve sua fama levada até
a corte portuguesa. O filme é uma adaptação do livro homônimo de João Felício dos Santos e recebeu três
prêmios – incluindo o de Melhor Filme – no Festival de Brasília. Em 1996, a história foi adaptada para a TV
como uma das novelas de maior sucesso da extinta Rede Manchete.

CARLOTA JOAQUINA, PRINCESA DO BRAZIL (1995)


A princesa Carlota Joaquina e Dom João VI são vividos pelos atores Marieta Severo e Marco Nanini nesse
filme de Carla Camurati que remonta a época do Brasil Império. Com um elenco formado por grandes
nomes, a produção mostra a fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro e mostra toda a
trajetória dos monarcas no Brasil.

CENTRAL DO BRASIL (1998)


O longa que rendeu a indicação de Fernanda Montenegro ao Oscar de Melhor Atriz e que por pouco
rendeu a primeira estatueta do Brasil a Melhor Filme Estrangeiro, traz a improvável amizade entre a
professora aposentada Dora (Montenegro), que trabalha escrevendo cartas para analfabetos na Estação
Central do Rio de Janeiro, e Josué (Vinícius de Oliveira), que decide partir em busca do pai que não
conheceu. O filme de Walter Salles foi indicado e chegou a receber importantes prêmios como o Globo de
Ouro e o Urso de Berlim, além do Festival de Cinema de Havana.

O AUTO DA COMPADECIDA (2000)


Produção de Guel Arraes, o longa trouxe Matheus Nachtergaele e Selton Mello no papel dos divertidos
João Grilo e Chicó e mostra a cultura e folclore do Nordeste brasileiro no início da década de 30.
Adaptação de uma peça teatral escrita por Ariano Suassuna, o filme venceu em quatro categorias –
incluindo
CIDADE DE DEUS (2002)
Fernando Meirelles retrata o crescimento do crime organizado em uma das favelas mais perigosas do Rio
de Janeiro através de personagens e histórias que se entrelaçam ao longo da película. Vencedor da
categoria de Melhor Filme do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, Cidade de Deus foi indicado em quatro
categorias do Oscar 2004, incluindo a de Melhor Diretor.
TROPA DE ELITE (2007)
Anos antes de emplacar a direção de duas produções originais da Netflix – Narcos e O Mecanismo – o
diretor José Padilha popularizou o Batalhão de Operações Especiais (Bope) no filme estrelado pro Wagner
Moura. O longa ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim e ainda ganhou uma sequência em 2010,
que foi escolhido para ser o candidato brasileiro a uma indicação para o Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro.
AQUARIUS (2016)
Escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho, o filme estrelado por Sônia Braga, expõe a especulação
imobiliária no Nordeste ao mesmo tempo em que mostra a situação da própria protagonista com seu
presente, passado e futuro. Aquarius foi indicado e saiu vitorioso de importantes festivais, como os de
Sidney, Lima e Havana.

LEITURA IMPORTANTE ( repertório)

MÚSICA: PATRIMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL


Por Rita de Cássia Alves
A música se insere num contexto único, pois faz parte da cultura de um povo, ultrapassa os limites do
concreto, e se funda como legitimação de uma maneira de expressão que ganha caráter de tradição e se
contextualiza em sua época, registra subjetivamente a organização social e cultural de um determinado
povo, de um determinado grupo.
A Música Popular Brasileira, nas suas mais diversas representações, proporciona para as atuais e futuras
gerações o acesso a expressão, ao rosto, a feição de quem fez e faz a fusão cultural brasileira, uma das
mais expressivas expressões musicais do planeta e, sem dúvida, o carro-chefe de nossa cultura, a mais
abrangente e popular forma de expressão do povo brasileiro, patrimônio imaterial de nossa formação
cultural.
Mais que em qualquer outra expressão cultural, é na música que podemos vivenciar a presença das
diversas vertentes étnicas que forma nosso Brasil. Em especial, ao escrever para este site, que conjumina
países de língua portuguesa, mais propriamente formadores de nossa gente, de nosso povo – lembrando
Darcy Ribeiro – é prudente lembrar que em cada um dos diversos ritmos podemos fazer uma pesquisa de
origem dos sons, das pessoas que se agregam em torno de determinados gêneros.
O impressionante é que, sabidamente, a língua portuguesa não tem uma estrutura e nem sonoridade
acessível aos alheios e estranhos a ela, mas em oposição extrema está a capacidade de a música
brasileira adentrar aos mais diversos nichos culturais, em quaisquer continentes, num testemunho de que
a melodia, o ritmo, em comunhão com as palavras da nossa língua, exercem um poder soberano de
sedução aos ouvidos, numa quase inexplicável harmonia que nos dá a graça de ter tanto grandes mestres
clássicos, como Heitor Villa Lobos ou Carlos Gomes tanto quanto o samba em sua maior expressão: o
carnaval.
Mesmo dentro destes gêneros aparentemente inconciliáveis, é possível perceber a preocupação do
mestre Villa Lobos em recolher as mais simples expressões populares, sons que remetem às origens
culturais, às produções de saberes locais, valorizando tradições caipiras, regionais, ao mesmo tempo em
que busca romper com padrões limitadores da criação.
Assim também nos surpreende a criação dos grandes mestres do samba: Angenor de Oliveira, o ícone
Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, poetas conhecedores da nossa língua – instintivamente
alguns, outros estudiosos cuidadosos da estrutura lingüística que rege a nossa língua pátria, como
Caetano Veloso e Chico Buarque de Holanda.
A nossa constituição federal, em seu artigo 216 define muito bem o significado deste patrimônio
nacional : Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira”(…)”
Assim, torna-se possível não apenas deleitar-se com a expressão maior de nossa cultura, mas gerar
cultura através dela, identificando-a como um patrimônio a ser preservado.
A constituição atribui ao poder público a responsabilidade de promover, proteger e conservar o patrimônio
cultural brasileiro, em seu parágrafo 1º, artigo 216: “O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.”
Por isso enumerar aqui ritmos e etnias que compõe a nossa música é tarefa de árduo labor, fruto de
pesquisas de homens idealistas, musicólogos, antropólogos, historiadores incansáveis que têm recolhido,
tal qual o professor doutor Edilson de Lima, partituras das nossas Modinhas, cantigas do século XVII, XVII,
para que não se perca parte importante de nossa formação musical, a música barroca; ou então Ricardo
Cravo Albim, que recolhe em seu instituto fantástico acervo das diversas expressões, ou ainda Mário Luiz
Thompson, fotógrafo que dedicou toda a sua vida a registrar a imagem visual da nossa música.
Pudera, música que tem em sua lista tantos virtuoses como Dorival Caymmi, Tom Jobim, Chiquinha
Gonzaga, Altamiro Carrilho (a lista seria interminável) precisará ter espaços e suportes para gerir um
patrimônio desta magnitude.

Leitura importante:

DO IMPÉRIO AOS ANOS 1930: UM PASSEIO PELO RIO ‘GUIADO’ POR JÔ SOARES
Roteiro baseado nos livros “O Xangô de Baker Street” e “As Esganadas”.
por Andréia Martins
O humorista e escritor Jô Soares nunca escondeu sua paixão pelo Rio de Janeiro. Morando em São
Paulo, ele guarda boas histórias e recordações do tempo em que morou e trabalhou na capital fluminense.
Talvez por isso dois de seus livros de ficção, O Xangô de Baker Street (1995), no qual Sherlock Holmes
vem ao Rio imperial investigar o desaparecimento de um valioso violino, e o As Esganadas (2011), sobre a
morte misteriosa de várias mulheres obesas no fim dos anos 30, funcionem como um verdadeiro guia
cultural e histórico do Rio de Janeiro.
A MULTIDÃO NA RUA DO OUVIDOR NOS ANOS 1930 (REPRODUÇÃO)
UMA RUA FAMOSA
Tanto em O Xangô de Baker Street quanto em As Esganadas, que se passa em 1938, ano em que Jô
nasceu, uma rua em especial não passa em branco: a rua do Ouvidor, no centro do Rio. Sobre ela já
escreveram Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida, José França Júnior e Joaquim Manuel de
Macedo, que lhe dedicou um livro, Memórias da Rua do Ouvidor (1878).
Conhecida pela sua elegância e por reunir alguns dos principais pontos de encontro da intelectualidade
carioca, a rua teve vários outros nomes até 1775. Lá estavam sedes de diversos jornais, editoras e
empresas tradicionais. No entanto, a rua perdeu seu destaque com a inauguração da Avenida Rio Branco,
em 1900. Hoje, concentra bares e prédios antigos que guardam histórias bem particulares da era imperial.
O CENTRO HISTÓRICO DO RIO
Do Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, palco da lendária apresentação da atriz francesa Sarah
Bernhardt no século 19, ao Teatro Santana, passando pelo Teatro Príncipe Imperial, fundado em 1881 e
famoso pelas peças do teatro de revista, e pelas competições de cavalos no hipódromo Derby Club, em
São Cristóvão, e ainda no Jockey Club, onde a nata da sociedade carioca se reunia. Esse seria sem dúvida
um belo passeio pela vida cultural e social do Rio imperial, indicado nas páginas de O Xangô. E hoje, como
seria esse passeio pelo Rio?
Dos três teatros, todos localizados no mesmo local, antiga Praça da Constituição, hoje a Praça Tiradentes,
apenas o terceiro não existe mais. O primeiro, que chegou a se chamar Real Theatro de São João, passou
por reformas e, desde 1930, se chama Teatro João Caetano, a sala de espetáculos mais antiga do Rio,
enquanto o Teatro Santana se transformou no Teatro Municipal Carlos Gomes. Já o Derby Club deu espaço
ao complexo esportivo do Maracanã.
PRAÇA TIRADENTES, NO CENTRO DO RIO (REPRODUÇÃO)
Ali, nas proximidades da antiga Praça da Constituição também estava localizado o Museu Nacional e
Imperial, hoje o Paço Imperial, centro cultural que abriga exposições e uma sala de cinema. Em O Xangô,
Jô Soares destaca a famosa coleção de múmias do local, “autênticas dos tempos dos faraós”, em um
trecho cheio de ironia.
A região do centro histórico do Rio volta a aparecer em As Esganadas, com a história se desenrolando em
ruas como a Sete de Setembro e a rua da Carioca, no Largo da Carioca, conhecida pelos antigos
sobrados e pelo trânsito dos bondes.
Ali também é o endereço da centenária Confeitaria Colombo, onde começa a trama. Símbolo da Belle
Époque tropical, a confeitaria foi inaugurada em 1884 e virou ponto de encontro da alta sociedade carioca
do início do século 20. Entre chás, casadinhos e pastéis de Belém, era comum a presença de políticos
bigodudos, como Rui Barbosa, artistas como o compositor Heitor Villa-Lobos e imortais da ABL, como
Olavo Bilac, que tinha uma mesa reservada para ele. Hoje, o local é patrimônio histórico tombado e ainda
mantém a decoração original, como os espelhos belgas, móveis em jacarandá e bancadas de mármore.
A confeitaria está na rua Gonçalves Dias, 32, no Centro, mas abriu outros estabelecimentos que vale a
pena conhecer. Um detalhe importante: a Colombo não abre no carnaval.
CENTRO, 1919 — INTERIOR DA CONFEITARIA COLOMBO NA OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO DOS
SEUS 25 ANOS. A CONFEITARIA LOCALIZA-SE NA RUA GONÇALVES DIAS (REPRODUÇÃO)
Para fechar o itinerário pelo centro, temos a rua Primeiro de Março, antiga rua da Direita, a mais
importante do Rio no século 19, com casas de governadores e ponto badalado por mercadores de
escravos. É lá que estão o Café Globo e o Beco dos Barbeiros, cenários de As Esganadas.
O beco é um dos últimos vestígios das vielas dos tempos coloniais, assim como a rua da Assembleia, pela
qual Tiradentes caminhou enquanto esteve preso na Cadeia Velha e que também ficou conhecida como a
rua dos “artigos para vestir”.

ORGULHO DO IMPERADOR
“Com mais de 100.000 volumes distribuídos por 42 salas, a Biblioteca Nacional era um dos orgulhos do
imperador”. Assim Jô descreve uma das principais atrações culturais do Rio. Em O Xangô, o local serve de
esconderijo para um “fugitivo” que tentava, em vão, despistar o detetive Sherlock.

CITAÇÕES

1 – “Nossa deformação cultural nos faz pensar que cabe a um segmento da sociedade levar cultura a
outro. Nós temos é que buscar a cultura no povo, dando condições para que ela brote. Só assim torna-se
possível criar uma real identidade cultural.”
— Fernanda Montenegro, atriz, ao recusar o convite para o Ministério da Cultura feito pelo então
presidente do Brasil, José Sarney, em 1985.
Fernanda Montenegro é uma das mais importantes atrizes brasileiras da história. Vencedora de diversos
prêmios internacionais com o filme “Central do Brasil”, ela também tem em sua história uma recusa ao
cargo de Ministra da Cultura. Desse momento, surgiu a frase acima, pedindo que a cultura brasileira seja
buscada nas pessoas e não levada até elas.

2 “É preciso erguer o povo à altura da cultura e não rebaixar a cultura ao nível do povo.”
— Simone de Beauvoir, filósofa e escritora.
Autora de livros como “O Segundo Sexo” e “Todos os Homens são Mortais”, Simone de Beauvoir
confrontou a sociedade ao tratar a desigualdade de gênero como algo ideologicamente construído, e, por
consequência, buscando a ruptura do padrão patriarcal e machista imposto até os dias atuais.
3 – “A cultura brasileira, cuja diversidade tem reconhecimento internacional, é o grande patrimônio do
país, bem como nossos ecossistemas, que guardam em si a maior biodiversidade do mundo.”
— Gilberto Gil, cantor e ex-Ministro da Cultura, em entrevista para a Folha, em 2022.
Gilberto Gil em suas letras, discursos e entrevistas, sempre mostra como a cultura brasileira é diversa,
presente e importante para a construção do que é ser brasileiro. Gil, em 1999, foi nomeado “Artista pela
Paz”, pela UNESCO e em 2021 foi eleito para a cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras
(ABL).

4 – “Vivo constantemente com fome de acertar. Sempre quase digo o que quero. Para transmitir, preciso
saber. Não posso arrancar tudo de mim mesma sempre. Por isso leio, estudo. Cultura, para mim, é
emoção sempre nova.”
— Cecília Meireles, escritora, em depoimento ao jornalista Pedro Bloch, em 1964.
Cecília foi escritora, pintora, jornalista e professora, autora de livros como “Romanceiro da Inconfidência”
— obra obrigatória da Fuvest em 2022 e 2023 — e “Viagem”.

5 – “A revolução da mulher foi a mais importante do século 20. As transformações foram muito
profundas. Aquela rainha do lar antes escondida entrou nas fábricas, nos escritórios, nas universidades,
começou a participar ativamente da cultura, das letras e das artes. Um espanto!”
— Lygia Fagundes Telles, em entrevista à Marie Claire, em 2005.
Lygia Fagundes Telles recebeu a alcunha de “Dama da Literatura Brasileira” e foi a terceira mulher a
integrar a ABL. Suas obras figuram listas de obras obrigatórias do vestibular da Unicamp e da UFRGS,
com os livros “Seminário dos Ratos” e “As Meninas”, respectivamente.

6 – “É um terreno de terra arrasada mesmo, mas que será reconstruído, porque nós sempre estaremos
aqui fazendo, com todas as dificuldades, a gente vai estar sempre fazendo arte, produzindo cultura.”
— Wagner Moura, ator e diretor, em entrevista para o portal Brasil de Fato, em novembro de 2021.
Ator e diretor brasileiro, Wagner Moura é um expoente do Brasil no mundo, trabalhando em produções
nacionais e internacionais com prêmios expressivos. A frase comenta como a produção cultural enfrenta e
supera momentos de adversidades.
7 – “Os produtos da indústria cultural podem estar certos de serem jovialmente consumidos, mesmo em
estado de distração. Mas cada um destes é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que desde
o início mantém tudo sob pressão tanto no trabalho quanto no lazer que lhe é semelhante.”
— Max Horkheimer e Theodor W. Adorno, no livro “Dialética do esclarecimento”, que aborda o conceito
de Indústria Cultural, no ano de 1944.
Adorno e Horkheimer são sociólogos e nomes influentes da chamada “Escola de Frankfurt”, instituição que
pensava sobre cultura e sociedade. O termo Indústria Cultural refere-se a ideia de produção cultural em
massa, distribuída com finalidade lucrativa e capitalista e de significado esvaziado.

08 – “A cultura é nossa. A estrutura reforça.”


— Sabotage, rapper, na música “A Cultura”, de 2000.
A música é uma das faixas do álbum “O Rap é Compromisso”, de Sabotage, rapper que surgiu no final dos
anos 80 e marcou seu nome no cenário musical brasileiro. Em suas obras, Sabota narrava o cotidiano que
vivia nas periferias da zona sul da cidade de São Paulo.

09 – “A diferença entre mim e alguns “técnicos” é que eu vivi o folclore e eles leram o folclore. Não existe
folclore estudado, o que existe é cultura popular, cultura hereditária, cultura viva.”
— Luís da Câmara Cascudo, historiador e antropólogo, em entrevista ao jornal Diário de Pernambuco,
em 1978.
O historiador Luís da Câmara Cascudo é autor de diversas obras que relatam o folclore, fauna, flora e
costumes brasileiros, como o livro “A História da Alimentação no Brasil” — que virou documentário. Para
levantar suas informações, Cascudo desbravou o país, formando um dos maiores acervos sobre o Brasil já
feito.

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