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Universidade Federal da Bahia

Discente: Itana Vitória Alves de Gois


Docente: Cíntia Beatriz Müller
Antropologia I - Turma 05

Cultura: A importância da preservação do patrimônio cultural para a memória


histórica das comunidades.

A preservação do patrimônio cultural desempenha um papel de extrema


importância na manutenção da memória histórica das comunidades, permitindo a
conexão entre o passado, o presente e o futuro. O patrimônio cultural abrange tanto
os bens materiais, como monumentos, objetos e obras de arte, quanto os bens
imateriais, como tradições, festividades, expressões artísticas e língua. É por meio
desse abundante legado cultural que as comunidades são capazes de preservar
sua identidade, transmitir conhecimentos e compreender seu papel na história.

Diversos estudiosos, como Laraia e Lima (2012) no livro "Cultura", Assis e


Giumbelli (2010) em "Cultura e Alteridade", reforçam a importância da preservação
do patrimônio cultural para a memória histórica das comunidades. Eles relatam que
o patrimônio cultural é um reflexo tangível da cultura de um povo, carregando
consigo os valores, as crenças e as práticas que moldaram sua trajetória ao longo
dos anos.

Em relação ao Brasil, a Constituição Federal de 1988 dedica um capítulo


específico ao patrimônio cultural. O artigo 216 e seus parágrafos estabelecem as
disposições gerais sobre o tema, reconhecendo a importância da preservação e
promoção do patrimônio cultural brasileiro. Vejamos o que a Constituição diz sobre o
patrimônio cultural:

Artigo 216, caput: "Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de


natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos
de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as
obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico."

Para além disso, a Constituição reforça que o Poder Público, com a


colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro,
por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação (Art 216, §1º).

No entanto, mesmo com essa diretriz constitucional, é desafiador fazer com


que as pessoas compreendam que a preservação do patrimônio cultural é uma
responsabilidade coletiva, que transcende interesses individuais.

Muitas vezes, as pessoas tendem a valorizar apenas aquilo que faz parte de
sua própria cultura, negligenciando a importância das demais manifestações
culturais. No entanto, a cultura vai além das formas individuais de fazer e viver. O
modo de falar, vestir e agir de outras comunidades também têm o seu valor. A
mentalidade comum e antiga de desprezar ou tentar mudar o estilo de vida de um
grupo que não faz parte da maioria acarreta danos e incentiva a violência. Para
reforçar essa ideia, cabe mencionar Assis e Giumbelli (2010), os quais destacam
que todo grupo humano atribui valor diferenciado ao patrimônio cultural.

Lastimavelmente, nos últimos anos, são recorrentes os inúmeros casos de


ataques criminosos a patrimônios culturais. Terreiros religiosos, igrejas e outros
locais históricos têm sido alvo de vandalismo e destruição, resultando na perda
irreparável de importantes bens culturais. Esses atos de violência representam uma
ameaça direta à memória histórica e à identidade das comunidades.

Um exemplo relevante para entender a importância do patrimônio cultural é


relembrar o incêndio que destruiu o Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro,
em setembro de 2018. Esse museu abrigava um vasto acervo de valor inestimável,
incluindo coleções de história natural, arqueologia, antropologia e etnologia. A
tragédia resultou na perda irreparável de milhares de peças históricas e científicas,
representando um duro golpe para a memória e o conhecimento do país.
Com isso, é evidente que os artefatos culturais desempenham um papel
importante na materialização de lembranças e crenças compartilhadas, além de
celebrar episódios marcantes da história de um povo. Essas manifestações culturais
são fundamentais para a construção da identidade coletiva e para a preservação da
memória histórica.

Portanto, é necessário um esforço conjunto da sociedade como um todo


para valorizar e proteger o patrimônio cultural. É imprescindível promover a
conscientização sobre a importância desses bens, incentivando a participação ativa
da comunidade na sua preservação. A educação, a fiscalização e a criação de
políticas públicas efetivas são instrumentos essenciais para garantir a salvaguarda
do patrimônio cultural, assegurando que as futuras gerações possam desfrutar
dessa herança cultural.

Referências:

LARAIA, Roque Barros. “Cultura”. In: Antônio Carlos de Souza Lima. (Org.).
Antropologia & Direito. 1aed.Rio de Janeiro/ Brasília: Contracapa/ LACED/ ABA,
2012.

Júlio ASSIS & GIUMBELLI, Emerson. “Cultura e Alteridade”. Sociologia : ensino


médio / Coordenação Amaury César Moraes. - Brasília : Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, 2010. 304 p. : il. (Coleção Explorando o Ensino ; v.
15)

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