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PLANEJAMENTO URBANO
RESUMO
O artigo a seguir tem como temática principal, o entendimento da relação entre Planejamento Urbano
e territorial das cidades brasileiras através da conservação de suas Paisagens Culturais. De acordo
com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN (Portal IPHAN), a definição de
Paisagem Cultural surgiu de um “processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida
e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores”. O conceito de Paisagem Cultural é
adotado pela UNESCO, desde 1992, como uma tipologia de reconhecimento dos bens culturais. Em
2009, o IPHAN, através da Chancela da Paisagem Cultural, regulamentou a Portaria nº 127, a qual se
tornou um instrumento de preservação do Patrimônio Cultural brasileiro.
Uma das maneiras de se compreender a evolução das cidades, através da forma urbana, se faz com
abordagem sobre a morfologia urbana, tais como utilizados pelas Escolas Inglesa e Italiana de
Morfologia Urbana, podendo ser empregados, facilmente, em contextos diferentes. De acordo com
PEREIRA COSTA e GIMMLER NETTO (2015), tais abordagens visam o entendimento das cidades
desde a escala arquitetônica até o traçado urbano, além da compreensão da forma de uso e
ocupação do solo que, em conjunto, geram uma determinada paisagem.
As cidades brasileiras se modificaram e, com o passar dos anos, se adaptam para atender às novas
demandas urbanas que surgem, gerando através do crescimento que, muitas vezes se faz de forma
desordenada e sem planejamento, acarretando na descaracterização da Paisagem Cultural presente,
além de, muitas vezes, também acarretar na perda do Patrimônio Cultural preexistente, o qual remete
à história de formação e consolidação do lugar e da cultura local. A necessidade de implantação de
um planejamento urbano sustentável e coerente, se dá devido a essas novas demandas de
crescimento urbano.
Este artigo analisa a compreensão dos estudos sobre a Morfologia Urbana para elaboração de
instrumentos de Planejamento Urbano e Territorial, a fim de organizar e gerir o espaço já
consolidado, salvaguardar o Patrimônio Cultural Material e Imaterial preexistente além do que irá se
formar para as próximas gerações. O entendimento da relação entre a Morfologia Urbana e sua
aplicação para Planejamento Urbano se faz com uma abordagem de legislações existentes,
especialmente as Leis de Uso e Ocupação do Solo e Planos Diretores, que juntamente com outras
legislações urbanas, tal como o Estatuto das Cidades, podem ser determinantes na composição do
planejamento e preservação da Paisagem Cultural e do Patrimônio Cultural Material e Imaterial. Por
fim, com este trabalho espera-se contribuir com uma reflexão sobre a importância do tema para um
melhor entendimento sobre as formas urbanas e o planejamento urbano ordenado e sua importância
para um desenvolvimento sustentável.
A Paisagem Cultural
Ainda sobre o termo paisagem, Strappa et al. (2003) destacam em sua obra "La città
come organismo" o termo sendo empregado no sentido de forma do território ou aparência
visível daquela estrutura de relações que liga os diversos estados físicos do processo
antrópico do solo natural, sendo este, de caráter individual, único e não repetível. A estrutura
do organismo se desenvolve por meio de processos históricos, que possuem determinadas
características, que se individua na transformação do solo, em um determinado espaço e
tempo, em função da variabilidade natural e histórica. Em resumo, as características de
cada local, geográficas e históricas, se conformam ao longo do tempo e geram paisagens
únicas. Nesse mesmo contexto, Moudon (1997), salienta que a cidade pode ser lida e
analisada através de sua forma física, que compreende sua forma urbana, sendo esta
definida a partir dos elementos físicos fundamentais: as edificações e seus espaços livres,
públicos ou privados, os lotes, os quarteirões e as vias. A compreensão da forma urbana se
dá em relação às escalas: o edifício e o lote, as vias e as quadras, a cidade e a região, e
está intrinsecamente ligada a história e as suas transformações ao longo do tempo.
Já Macedo (1999) apud Pereira Costa e Gimmler Neto (2015, p.33) vê "a paisagem
como um produto e um sistema", levando em consideração as características variáveis de
cada ambiente, resultando assim, uma alteração morfológica a partir do processo de
ocupação do território.
Figura 1 - Rio de Janeiro: Carioca Landscapes between the Mountain and the Sea
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
DEL RIO, V. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São Paulo: Pini,
1990.
MACEDO, Silvio Soares. Quadro do paisagismo no Brasil. São Paulo: Quapá FAU/USP, 1999.
Apud PEREIRA COSTA, S. A.; GIMMLER NETTO, M. M. Fundamentos de Morfologia Urbana.
Belo Horizonte: C/Arte, 2015.
SAMUELS, I. Urban Morphology in Developed Countries, mimeografado, Joint Centre for Urban
Design, Oxford Polytechnic, 1986. Apud DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no
processo de planejamento. São Paulo: Pini, 1990.
STRAPPA, G.; IEVA, M.; DIMATTEO, M. A. La città come organismo: Lettura di Trani alle
diverse scale. Bari: Mario Adda Editore, 2003.