Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
A Paisagem Cultural, enquanto nova categoria de reconhecimento do patrimônio
cultural apresenta noções recentes que estimulam os profissionais da área da
paisagem à compreensão. Trata-se de um campo complexo, interdisciplinar, que
reúne diferentes áreas do conhecimento. O Paisagismo estuda a ação do indivíduo
no espaço aberto, ou seja, é uma intervenção planejada na paisagem. O projeto de
Paisagismo pode ocorrer em diversas escalas: regional; no âmbito da cidade -
praças, parques, ruas, etc.; e no entorno das edificações, como jardins e pátios por
exemplo. A depender da natureza do lugar de intervenção são aplicados
determinados métodos e técnicas de abordagem para o projeto e o planejamento. O
objetivo desta pesquisa é estudar estas duas áreas do conhecimento e integrar
saberes para refletir sobre possibilidades metodológicas no projeto e planejamento
de Paisagismo em áreas de interesse cultural e ambiental, tendo como estudo de
caso espaços abertos da cidade de Pelotas, RS.
1. Introdução
Porém, a dinâmica da vida cotidiana exige que determinadas áreas sejam repensadas
para atender demandas sociais, econômicas e políticas. Nesse contexto, a gestão das áreas de
interesse cultural e ambiental torna-se bastante complexa e necessita de diretrizes claras que
auxiliem nas decisões dos agentes envolvidos. Em um pensamento idealizado, a elaboração
destas diretrizes e ideias deveriam surgir em conjunto com a comunidade que vive no lugar.
Porém, sabe-se que conflitos de ideias e poder sempre irão surgir, e isto reforça a necessidade
de avançar cientificamente. No âmbito do planejamento e do projeto de Paisagismo, que
pensa e propõe o espaço aberto, vê-se a necessidade de avançar em possibilidades
metodológicas voltadas à preservação do patrimônio cultural, que atendam esta nova
categoria de bem patrimonial - a Paisagem Cultural - e que partam do reconhecimento e
análise do espaço vivido e percebido pelos indivíduos envolvidos no processo.
2. Metodologia
3. Desenvolvimento
Santos (1996, p.84) difere a paisagem de espaço. Acredita que o espaço é presente, ou
seja, é uma construção horizontal. Acrescenta que o espaço apresenta uma situação única
onde os objetos reais-concretos são ocupados pela sociedade. Portanto, são as formas mais a
vida que as anima. Enquanto a paisagem é uma construção transversal o espaço é horizontal.
A partir deste entendimento sobre a paisagem, pode-se pensar que muitas paisagens
apresentam vestígios, rastros de tempos passados e que podem ser comparadas a um
palimpsesto, pois são reconstruídas a cada tempo. A Paisagem Cultural poderá apresentar
múltiplas camadas de tempo em sua configuração.
4. Conclusão
Intervir em áreas urbanas requer uma avaliação dos aspectos históricos e patrimoniais,
do caráter funcional e estrutural em relação à cidade como um todo, do entendimento das
dinâmicas culturais, sociais e ambientais que envolvem os lugares, e principalmente de uma
demanda necessária - de preferência oriunda do coletivo. Os aspectos mais subjetivos são
difíceis de serem apreendidos e implementados no campo do projeto e do planejamento da
paisagem. Na maioria das vezes as decisões e diretrizes são fundamentadas em aspectos de
natureza mais concreta. Observa-se que os aspectos subjetivos dos lugares, como suas
qualidades ambientais, socioculturais, estéticas, sensoriais e memoriais são importantes para
conservar a poética dos espaços, para que estes se mantenham vivos e provoquem o
sentimento de pertencimento da comunidade que os habita.
Existem espaços abertos importantes nas orlas da cidade de Pelotas que ainda não
foram estudados a partir da perspectiva proposta nesta pesquisa. A “Matriz Verde e Azul
Urbana” é constituída de lugares que contemplam o canal São Gonçalo e a Laguna dos Patos,
com grande potencial para o desenvolvimento de parques naturais inseridos no contexto da
cidade, e que não tem ainda propostas de projeto a serem avaliadas e que deverão ser
pensadas à proteger o ambiente natural e cultural e garantir o uso adequado pela população
simultaneamente.
Referências
CASTRIOTA, L. B. Patrimônio Cultural: conceitos, políticas, instrumentos. São Paulo:
Anablume, Belo Horizonte: IEDS, 2009.
MACEDO, Silvio Soares. Quadro do Paisagismo no Brasil. 2ªed. São Paulo: EDUSP, 2015.
NORA, Pierre. Entre memória e história – a problemática dos lugares. Projeto História,
São Paulo, dez. 1993.
NORMAS BRASIL. Portaria IPHAN nº 127, 30 de Abril de 2009. Online. Disponível em:
https://www.normasbrasil.com.br/norma/portaria-127-2009_214271.html
PALLASMAA, J. Essências. Trad. Alexandre Salvaterra. São Paulo: Gustavo Gili, 2018.