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Unidade II

Unidade II
5 A GEOGRAFIA, A LINGUAGEM E O CONCEITO MODERNO DE GEOGRAFIA

Podemos perceber nas atividades humanas o papel ativo da linguagem associada ao pensamento, de
acordo com as culturas em que está inserida e que se apresenta diferenciada, bem como a sua significação.

Assim ocorre também com as ciências; elas expressam sua linguagem própria, como acontece com
a ciência geográfica.

Destacamos, desta forma, a importância da palavra como uma operação de pensamento e a sua
exteriorização através da linguagem, que é ao mesmo tempo uma unidade verbal e mental.

A linguagem tem um papel ativo no processo de pensamento, fazendo uso de sinais linguísticos
e regras semânticas, além de depender da capacidade ou da faculdade de aprender a falar. Resulta
também de uma herança cultural e é socialmente transmitida. Enquanto discurso, serve de interação
no modo de produção social, constituindo-se como suporte das representações ideológicas ao ser um
elemento de mediação entre o ser humano e a realidade.

A Geografia tem seus próprios conceitos e sua própria linguagem, como a cartográfica e seus
símbolos. Dependendo da área de estudo, os conceitos e as definições são específicos na geologia, na
geomorfologia, na demografia, na urbanização e assim sucessivamente.

5.1 Histórico da caracterização geográfica

Foram distintos momentos que marcaram, em termos acadêmicos, o que seria definido como
ciência geográfica.

Muitas reflexões, quanto ao objeto e ao método de trabalhar a Geografia, influenciaram no ensino


em termos internacionais e nacionais.

Podemos dizer que no Brasil as tendências geográficas surgem com a Fundação da FFLCH (Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo) e do Departamento de Geografia,
na década de 1940, com forte influência da Escola Francesa de Vidal de La Blache, ao marcar abordagens
que relacionavam os grupos humanos com a natureza de maneira objetiva mediante a elaboração de
leis gerais de interpretação.

Essa fase marcou a Geografia tradicional, valorizando o papel humano enquanto sujeito histórico,
propondo, ao mesmo tempo, uma análise da produção do espaço e estabelecendo a relação homem-
natureza, sem que, no entanto, priorizasse as relações sociais.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

A população era estudada, mas não a sociedade, não as relações sociais que poderiam ser estabelecidas,
nem as técnicas e os instrumentos de trabalho ou mesmo o processo de produção. Podemos afirmar,
assim, que o homem era abstraído do seu caráter social.

Que Geografia era essa? Uma Geografia baseada em dados empíricos, com articulação fragmentada
e fortemente relacionada aos aspectos naturais.

Perguntamo-nos hoje: como era realizado então o ensino da Geografia?

Era um estudo descritivo das paisagens naturais e humanizadas, dissociado do espaço vivido pela sociedade
e as contradições apresentadas pelo processo produtivo, desvinculado da própria organização do espaço.

Em termos didáticos, enfatizava-se a descrição e a memorização daquilo que compõe a paisagem,


sem que os alunos fossem conduzidos ao estabelecimento de analogias ou generalizações. Essa metodologia
prevaleceu até os anos 1970, e podemos afirmar que nos dias atuais ainda predominam muitas ideias e
interpretações, embora equivocadas, de um ensino baseado nessa forma de pensar tradicionalista.

Observação

Mudanças no processo de produção capitalista, agora monopolista,


começam a ocorrer após a Segunda Guerra Mundial: acentua-se a
urbanização, o espaço agrário é modificado, as indústrias tomam um rumo
crescente, as realidades locais passam a se articular a uma realidade em
rede e na escala mundial. A Geografia também sofre alterações a respeito
da análise e da explicação sobre os lugares.

Com as transformações verificadas no modo de produção, no próprio processo produtivo e na


organização do espaço, cada vez mais urbano e globalizado, os métodos e as teorias propostos pela Geografia
tradicional passam a ser insuficientes para a compreensão dessa sociedade cada vez mais complexa.

Os estudos agora estavam voltados a análises que apreendessem as relações estabelecidas em termos
mundiais e de distintas ordens, daí a incorporação dos meios técnicos-científicos a fim de estudar o
espaço geográfico de forma globalizada.

Os instrumentos e as tecnologias para esse fim são alterados, utilizam-se agora de imagens aéreas,
sensoriamento remoto, imagens por satélite, informações computadorizadas e articuladas pelo sistema
SIG (Sistemas Geográficos de Informações). Obtém-se um mosaico e dele uma fotocarta.

Observação

Mosaico é um conjunto de fotos, de uma determinada área, recortadas


e montadas técnica e artisticamente, de forma a dar a impressão de
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que todo o conjunto é uma única fotografia, podendo ser: controlado,


semicontrolado e não controlado, de acordo com a montagem.

Fotocarta é um mosaico controlado, sobre o qual é realizado um


tratamento cartográfico (planimétrico).

Os anos 1960 marcam um momento diferenciado para a Geografia, agora com influências marxistas,
apresentando críticas à Geografia tradicional. Essa nova modalidade de atuação passa a ter como centro
de suas atenções o estudo das relações entre a sociedade, as formas de trabalho e a natureza, na
produção do espaço geográfico e com preocupações na geografia das lutas sociais.

Essa nova maneira do pensar geográfico considera que não basta explicar o mundo, mas transformá-
lo. Aqui entram novos componentes para os estudos da Geografia, de fundamentação política, para a
formação do cidadão.

Em relação à Geografia ensinada em sala de aula, surgem novos conceitos e categorias para
interpretar o espaço geográfico, o território e a paisagem, com novas propostas apresentadas para os
currículos dos anos 1980.

Todavia, críticas são feitas tanto à Geografia tradicional quanto à Geografia de caráter marxista
ortodoxo, por ignorarem a percepção do mundo e a relação do homem e da sociedade com a natureza.

Em tempos mais contemporâneos, uma das características dos estudos geográficos consiste em
uma abordagem que considera aspectos subjetivos, associando-a com outros campos de saber de
fundamentação sociológica, histórica, antropológica, biológica, política, econômica, entre outros.

6 O TRABALHO DA DOCÊNCIA – SER PROFESSOR DE GEOGRAFIA

O professor de Geografia deve trazer em si a vontade de pesquisar, investigar os fatos e, acima de tudo,
relacioná-los à realidade do aluno e, ao mesmo tempo, extrapolar os dados para realidades mais distantes.

O trabalho docente pode ser realizado no ensino básico, que inclui o Ensino Fundamental e Médio, em
instituições públicas municipais e estaduais mediante concursos públicos, e em instituições particulares.
A vantagem de prestar concurso e se tornar efetivo é ter um plano de carreira e pontuar conforme sua
formação, o que influenciará nos seus ganhos.

É importante ressaltarmos que as escolas exigem do docente constante preparo, o que pode ser realizado
por meio de cursos de formação contínua, contribuindo para elevar seu nível de trabalho e qualificação.

Destacamos, outrossim, que o momento atual exige tanto por parte das escolas como dos professores
esse constante preparo frente à perspectiva de que o futuro profissional docente deva ter consciência
do seu papel e da necessidade desse desenvolvimento intelectual e humano. Lembrando-se de que,
enquanto seres humanos e professores, somos ao mesmo tempo sujeitos e objetos que contribuem para
a construção dos indivíduos (alunos) a fim de atuarem no mundo.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

A seguir, trataremos de outro atributo do professor, um profissional reflexivo, destacando que esse
conceito tomou conta do cenário educacional, com um significado específico.

6.1 O conceito e os atributos de um professor reflexivo

O professor de estudos urbanos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos,


Donald Schön, analisou a reflexão no contexto da educação. Seus estudos centralizaram-se na atividade
de pesquisador e consultor dos temas sobre aprendizagem organizacional e no desempenho eficaz do
profissional. Baseou-se nos preceitos filosóficos de John Dewey para propor um currículo normativo
com apresentação da ciência, aplicação e posterior estágio. Portanto, sua proposta é voltada a uma
formação profissional, baseando-se na construção do conhecimento mediante o uso da reflexão, da
análise e da problematização.

Saiba mais

As ideias de Schön puseram em discussão as questões organizacionais


e o papel do professor na escola e na sociedade enquanto um ser reflexivo.
Para saber mais sobre o assunto, leia:

SCHÖN, D. A. Educando o Profissional reflexivo: um design para o ensino


e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Algumas questões passaram a ser levantadas acerca da proposta de um professor reflexivo, vejamos
quais são elas:

• a importância de realizar um trabalho coletivo;

• as condições de trabalho, carreira, ganhos e profissionalização;

• o projeto pedagógico da escola;

• a identidade epistemológica (quais os saberes do professor);

• as complexas necessidades colocadas ao professor e à escola pelas novas tecnologias da informação


e do conhecimento;

• os processos que permitem a formação da identidade, da vida, da história e da trajetória pessoal


e profissional;

• as complexas necessidades apresentadas pela sociedade contemporânea às instituições de ensino


e aos professores frente às configurações do trabalho, da questão do desemprego e da pressão
para a busca constante de cursos para formação contínua.

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O conceito proposto por Donald Schön suscitou alguns questionamentos sobre o tipo de reflexão
que os professores realizam; se esses têm consciência das implicações sociais, econômicas e políticas do
ato de ensinar e em que condições os professores refletem.

O pedagogo brasileiro Libâneo (apud PIMENTA; GHEDIN, 2002) aponta para tipos básicos de reflexividade:

• crítica: fazer e pensar, apreender o teórico-prático do real, sociocrítico e emancipatório;

• quanto às orientações teóricas, destacam-se: o marxismo, o neomarxismo e o construtivismo ou


interacionismo sociocultural;

• reflexividade neoliberal: linear, dicotômica e pragmática;

• fazer e pensar: relação entre a teoria e a prática dentro de uma realidade instrumental, apreensão
prática do real.

Lembrete

Reflexividade, para Libâneo (2002), é uma autoanálise sobre as próprias


ações que pode ser feita consigo mesmo e com os outros.

O sentido etimológico do termo, que é de origem latina, tem como


significado voltar-se sobre si mesmo, recurvar-se, dobrar-se, voltar atrás.
Corresponde à capacidade racional dos indivíduos ou grupos humanos de
pensar sobre si mesmos.

Saiba mais

Para saber mais sobre a vida e obra de António Manuel Seixas Sampaio da
Nóvoa, professor universitário português, da Universidade de Lisboa, doutor
em Ciências da Educação e História Moderna e Contemporânea, leia:

NÓVOA, A. M. S. S. As organizações escolares em análise. Lisboa: Dom


Quixote, 1992.

___. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

___. Profissão professor. 3. ed. Porto: Porto, 2003.

___. Vida de professores. 2. ed. Porto: Porto, 2000.

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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Devemos salientar que o geógrafo não só exerce a função docente, mas também realiza e ampara
pesquisas, consultorias, planejamentos de casos concretos de distintas ordens: agrária, urbana,
hidrológica, cartográfica, ambiental, entre outras.

O profissional dessa área do conhecimento pode atuar, portanto:

• no magistério, no ensino básico (Fundamental e Médio) e, quando preparado, no ensino superior;

• na escrituração de material e assessoria em planejamento;

• em escolas públicas e particulares;

• em organismos públicos e privados em estudos investigativos e assessoria ao plano diretor e


planos de estudos sobre impactos ambientais;

• com a análise de imagens de satélites e aerofotos;

• colaborar em cadastros técnicos e levantamento de dados;

• analisar dados que tenham sido coletados;

• elaborar relatórios contendo dados do quadro natural (relevo, clima, solo, vegetação)
e da biodiversidade;

• atualizar banco de dados;

• auxiliar no acompanhamento de dados ambientais;

• preparar planos de ação para acompanhar espécies ameaçadas;

• cooperar na análise de impactos ambientais e questões de saúde pública e saneamento;

• interpretar dados coletados sobre a ação antrópica no meio ambiente;

• auxiliar na preparação e na orientação de práticas pedagógicas;

• propor e contribuir para a elaboração e revisão de material pedagógico.

Como podemos observar, as ações propostas são múltiplas. O geógrafo tem um amplo campo
profissional, mas a docência é imprescindível, uma vez que a quantidade de docentes no Brasil é mínima
para o exercício do trabalho.

Partindo do contexto apresentado acerca dos estudos geográficos e da prática da docência, quando
falamos sobre Tópicos de Atuação Profissional, recordamos a proposta de acordo com os Parâmetros
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Curriculares Nacionais: História e Geografia (Brasil, 1997, p. 95-6), o que se espera dos alunos ao fim do
segundo ciclo, como resultante do trabalho docente, é que:

• reconheça e compare o papel da sociedade e da natureza na construção de diferentes paisagens


urbanas e rurais brasileiras;

• aponte as semelhanças e diferenças entre os modos de vida das cidades e do campo, relativas ao
trabalho, às construções e moradias, aos hábitos cotidianos, às expressões de lazer e de cultura;

• identifique e compreenda algumas das consequências das transformações da natureza causadas


pelas ações humanas, presentes na paisagem local e nas paisagens urbanas e rurais;

• consiga aplicar os procedimentos básicos de observação, descrição, registro, comparação, análise,


síntese na coleta e no tratamento da informação mediante fontes escritas ou imagéticas;

• saiba utilizar a linguagem cartográfica, observando a necessidade de indicações de direção,


distância, orientação e proporção para garantir a legibilidade da informação;

• valorize o uso refletido da técnica e da tecnologia em prol da preservação e conservação do meio


ambiente e da manutenção da qualidade de vida;

• adote uma atitude responsável em relação ao meio ambiente, reivindicando, quando possível, o
direito de todos a uma vida plena, em um ambiente preservado e saudável.

O desempenho da atividade docente perpassa por uma ampla capacidade em buscar verticalizar
os princípios teóricos no ambiente escolar, almejando superar os desafios que se interpõem diante de
realidades tão complexas, verificadas no cotidiano profissional.

Assim, estabelece-se o campo da Didática como área nuclear da licenciatura, visto que será a
habilidade nessa área a base pela qual o conhecimento pode ser construído no universo do aluno, ao
mesmo tempo em que colabora para a formação de um ambiente voltado ao ensino e à aprendizagem.

Princípios didáticos, quando desenvolvidos ao longo da trajetória profissional, tornam a relação entre o
docente e o aluno mais prazerosa e potencialmente enriquecedora. Tais princípios têm por base estabelecer
parâmetros que possibilitem não somente a construção do conhecimento, mas também da cidadania, e o
professor deve explorar a autonomia de pensamento dos alunos de modo a tangenciá-los num contexto
de maior profundidade, o que tende a levar a uma aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1982).

Neste sentido, a evolução das capacidades didáticas se funda, por exemplo, na execução de um
plano de trabalho que reconheça diferenças entre turmas, conforme são traçadas estratégias específicas
de atuação dentro de sala de aula. Da mesma forma, deve ser orientada por um conhecimento prévio
que supere aqueles que os alunos já possuem, do contrário o processo de aprendizagem se estagna, pois
está preso numa relativa superficialidade.

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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

O didatismo está no plano e no objetivo, mas, fundamentalmente, no método, sem esquecer, é claro,
o contexto no qual a proposta será inserida. Cabe, então, explorar as aptidões em articular disciplinas,
aprofundar o potencial interdisciplinar do discurso e definir uma sequência de aulas que desafie e
ensine os alunos de modo a seguir uma lógica clara de desenvolvimento, sem perder a referência com
as relações sociais e a realidade na qual o aluno e a escola estão inseridos.

Cada disciplina exige sua exploração didática, não obstante deva ser reiterada a importância de
domínios transversais de outros campos que, inevitavelmente, surgem na explanação de conteúdo.
Com relação à Geografia, na qual nos debruçamos, as exigências constantes por novas leituras e
atualizações são compensadas por um objeto que se expressa na vida dos próprios alunos, que são
agentes transformadores do espaço geográfico.

Tal afirmação parte do princípio de que o ensino de Geografia ou a produção de conhecimento


geográfico possibilita e proporciona maior integração entre o ambiente do aluno e o mundo no qual
está inserido, no que toca à didática escolar.

Deste ponto de vista, a Geografia se faz na sala de aula em constantes pontes com a realidade; um
espaço geográfico em mutação que se realiza segundo motivações próximas ao cotidiano da escola.
Kaercher (1999) afirma, com razão, que:

a Geografia é feita no dia a dia através da construção de uma casa, da


plantação de uma lavoura, das decisões governamentais ou ainda em
nossas ações individuais pela cidade (pegar um ônibus, fazer compras etc.)
(KAERCHER, 1999, p. 15).

Essas reflexões acerca da Geografia são de extrema importância no processo de construção de um


modelo pedagógico agradável e, ao mesmo tempo, eficiente do ponto de vista cognitivo. A apropriação
de conceitos e a evolução intelectual, o que significa simplesmente avançar na capacidade de pensar,
refletir, intuir, deduzir e interpretar o mundo que o cerca, devem, portanto, estar acompanhadas de
habilidades didáticas que permitam conectar o mundo conceitual de um mundo vivido, sentido, real,
pois é isso que vai possibilitar a aprendizagem significativa.

Esse aspecto é essencial nos estudos sobre didática dentro da Geografia e, de certo modo, exige
que o professor tenha a plena capacidade de se apropriar dos eventos geográficos, introduzindo-os de
maneira adequada e contextualizada.

A prática pedagógica específica à Geografia exige considerar, neste sentido, o aporte de experiências
cotidianas e conhecimentos assistematizados, que não podem ser desconsiderados no ambiente escolar.

Da mesma forma, é responsabilidade da didática da Geografia considerar essa bagagem, de modo


que o professor possa organizá-la e inseri-la num contexto de relações maior em que o aluno vive,
tornando um conhecimento, anteriormente assistematizado, em outro que fundamente as bases para a
evolução intelectual e cognitiva do aluno. Esse talvez seja o desafio do docente no seu desenvolvimento
enquanto profissional.
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De que maneira tornar um mero conteúdo escolar na Geografia em um saber científico? O primeiro
se caracteriza por ser restrito a uma análise descritiva, rígida e isolada dos fatos. Considera o aluno
um mero receptáculo de informações, que devem ser processadas e memorizadas de acordo com um
método repetitivo desinteressante, que desgasta a relação do aluno com a escola e o professor.

Por outro lado, o conhecimento científico, ao que parece erroneamente associado somente ao
ambiente universitário, é aquele em que o aluno aprende a capacidade de aprender. Isso significa que,
não obstante às diferenças naturais de cada indivíduo, há um nexo que os une e os torna brilhantes – o
ato de pensar e questionar.

O que funda o conhecimento científico em toda história do ramo epistemológico e, do mesmo modo
na didática da Geografia, é que o saber não se encontra em respostas prontas ou conclusões, mas em
perguntas. É o questionamento, a dúvida, o conhecimento incompreendido e incompleto que levam ao
avanço das ciências em todos os campos.

Ampliar os espaços de questionamento é a porta para a formação de um contexto escolar efetivamente


pleno e eficaz tanto para a formulação de conceitos e mentes com propriedade intelectual quanto para
a formação de cidadãos críticos, autônomos, voluntariosos e transformadores.

6.1.1 Valorizar o patrimônio natural e cultural em âmbito local e mundial

O papel nuclear da Geografia é possibilitar o domínio pleno do indivíduo acerca do mundo em


que faz parte, ou seja, um ambiente que é expresso por ele mesmo, pois abarca uma natureza que o
internaliza e uma cultura que exerce influência direta em sua vida e sua visão do próprio mundo.

O estudo da natureza e da sociedade funda o ensino da Geografia, e a maneira como o professor


trabalha esses elementos pode implicar, decisivamente, construção de visões de mundo que se
distanciam dos valores éticos e dos cidadãos. Como trabalhar com a ideia de natureza? Quais raízes
culturais constroem o mundo atual e qual será aquele que melhor se apresenta para os desafios do
mundo futuro?

A história da Ciência moderna se apoia no pensamento de Descartes, filósofo francês que


instaura um novo marco epistemológico definidor de uma visão de natureza, que irá preponderar
pelos séculos XIX e XX. Basicamente, na visão cartesiana, “toda ciência é conhecimento certo
e evidente”. Tratou-se de estabelecer um mecanismo metodológico baseado na observação dos
fenômenos universais, bem como na experimentação e na organização das reflexões e dos problemas
encontrados segundo uma ordem lógica.

Descartes influenciará decisivamente na história da Ciência e provará ser útil no desenvolvimento


de teorias que compõem o avanço do conhecimento, porém formula um modelo de interpretação
que fragmenta as diversas partes que constituem uma totalidade de fenômenos do universo. Em
outras palavras, elabora uma visão mecanicista, que, por muito tempo, debruçou-se na análise
isolada de um determinado objeto de estudo, compreendido de forma desintegrada de um todo,
no qual é parte integrante.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

A separação entre o sujeito observador e o objeto a ser investigado trará consequências devastadoras
do ponto de vista ambiental, uma vez que a natureza é interpretada ao longo dos séculos XIX e XX como
um sistema mecânico, que deveria ser controlado pela ciência e pelo homem em suas buscas pelo
progresso material.

É fundamental edificar uma visão de natureza que saiba isolar esse modelo dentro de um contexto
histórico que não se coaduna mais com as exigências do século XIX. Ao professor será preciso estabelecer
um conhecimento que considere esse histórico até os dias de hoje, de modo a elaborar uma visão crítica
e ampla na mente dos alunos.

Assim, cabe trabalhar sobre diferentes perspectivas, a começar pelas vinculadas às sociedades
antigas, em que prevaleciam a romantização e a glorificação da natureza como elemento que conectava
e incorporava o homem com entidades divinas, ou pelo aspecto da sobrevivência, em que determinadas
sociedades se mantinham e se constituíam de acordo com as possibilidades oferecidas pelo ambiente
de entorno.

A falta de uma percepção ambiental no transcorrer dos séculos tem demonstrado como os seres
humanos possuem uma forte relação de dependência com a base ecológica que os mantêm, uma vez
que muitas sociedades primitivas entraram em colapso, segundo determinações ambientais.

Na Europa, e sobretudo na Inglaterra, as relações de romantização e glorificação da natureza se


modificam em virtude do progressivo conhecimento construído no campo das ciências naturais, o que
responde às transformações culturais trazidas pelo Iluminismo.

No prevalecimento do pensamento racional, rompem-se os limites de autodeterminação humana,


anteriormente impostos pela religião, e a natureza, ao ser dominada, expressará o domínio da história
pelo homem, sendo vista, portanto, como um objeto, um recurso, um meio de exploração pelos diferentes
agentes da sociedade.

Como atesta Porto-Gonçalves (2006, p. 51), “até a década de 1960, a dominação da natureza não
era uma questão e, sim, uma solução – o desenvolvimento”. O significado implícito à modernidade
torna a natureza um elemento de conteúdo esvaziado, pois desloca seu sentido universal para um
campo subjetivo, segundo interpretações individuais que a enxergam de um ponto de vista meramente
operacional (TAVOLARO, 2001).

Já a partir da década 1960, embora essa visão fragmentada e simplificadora perdure pelas
décadas seguintes, a natureza formula uma questão que impõe desafios ao desenvolvimento,
conforme se ampliam as interpretações acerca dos limites ao progresso material e à manutenção
dos padrões de consumo no capitalismo. Mais além, essa outra percepção na relação homem-
natureza constitui um discurso ambiental, que incorpora, a partir da noção de “meio ambiente”,
um elemento-chave de representação da problemática da civilização, na medida em que comporta
as implicações sociais, culturais e econômicas que o pensamento racional e mecanicista engendrou
na esteira da modernidade.

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Unidade II

Logo, o ambiente integra um conjunto sistêmico e multidimensional ao envolver uma diversidade


de valores que superam o aspecto puramente ecológico, de modo a abarcar os potenciais culturais, além
dos processos sociais e políticos. A natureza passa a ser vista como a materialização do desenvolvimento;
não será mais dominada, mas retomará seu posto de mantenedora do progresso material e tecnológico,
desde que respeitados seus ciclos de renovação. Ao homem cabe adequar a natureza, e não o contrário.

O princípio norteador na análise da natureza se encontra, portanto, na atuação de um


professor que saiba descontruir uma visão mecanicista e elaborar uma relação dialógica com o
aluno de modo a estabelecer uma visão sistêmica, que o orientará para um caminho de plena
valorização da questão ambiental.

Vale dizer que a questão ambiental não estará descolada do aspecto cultural e do rico patrimônio
deixado por povos ancestrais na configuração de uma matriz cultural diversa, que necessita ser
preservada. No exercício docente surge o desafio imposto por matrizes culturais dominantes, fixadas
no bojo do capitalismo, mais precisamente àquelas da globalização do superconsumo, da busca pela
diferenciação, do exclusivismo e do individualismo.

É basicamente o conteúdo trazido pelas grandes mídias e a internet, no âmbito da globalização, que
distanciam o aluno de uma perspectiva efetivamente libertadora e crítica do mundo, tendo em vista que
será essa perspectiva o alicerce para a edificação de indivíduos transformadores.

O reconhecimento da riqueza cultural do planeta é um mote de compreensão do espaço geográfico,


na medida em que a evolução social significa, em última análise, o progresso de um conjunto de padrões
de comportamentos, crenças, conhecimentos, costumes e instituições que distinguem um determinado
grupo social. Tal grupo é a expressão de um processo histórico formador de valores intelectuais, morais
e espirituais que fazem parte da análise espacial no âmbito da Geografia. O espaço geográfico exige ser
observado a partir desse reconhecimento da complexidade étnica e cultural dos grupos humanos, pois
estes instituem múltiplas facetas de sociedades em mutação.

Não obstante, o contexto histórico, atrelado ao processo de globalização, impinge ao enfraquecimento


gradativo da diversidade cultural do espaço geográfico, reduzindo-o a um espaço cujo protagonista acaba
sendo o consumidor, o homo economicus, com valores ditados por um mercado de massas. Em outras palavras,
o cidadão de direitos, com suas culturas tradicionais e específicas construídas historicamente, é substituído
pelo consumidor, que enxerga no ato de consumir a linha de chegada para a plenitude de sua felicidade.

Os direitos fundamentais do cidadão e o bem-estar social da coletividade são elementos dispensáveis


quando, na realidade individual, tem-se acesso a elevados padrões de consumo, que diferenciam
determinado indivíduo dos demais e, de certa forma, reduzem sua dependência das políticas do Estado.
O intuito nesse ponto é reforçar, no tocante ao trabalho do professor, a cultura do social e do bem
coletivo, e o aluno, no exercício de suas ações cotidinas, reconhece a sua função social e compreende
que o bem-estar coletivo é o maior ganho individual do cidadão.

De maneira prática, o senso crítico, no qual o trabalho docente da Geografia deve se debruçar,
baseia-se em percepções trazidas pela Sociologia. Refere-se, essencialmente, ao real entendimento da
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

sociedade do consumo de massa, aquela cuja ética transcende uma organização social que visa aos
direitos fundamentais e busca, na esteira do exclusivismo, privilégios e vantagens individuais.

Trabalhar com a ideia de sociedade de consumo exige observar duas características que se
relacionam com o modo de funcionamento do capitalismo e suas engrenagens baseadas na circulação
de mercadorias. A primeira, que os indivíduos não se diferenciam em relação ao que consomem e
constituem uma massa de consumidores. Em segundo lugar, as empresas, ao atuarem, além de buscarem
o lucro, elaboram estratégias de marketing visando criar necessidades de consumo a partir de padrões
estéticos de celebridades, que constituem símbolos de moda social.

Importa, neste sentido, levar o aluno à percepção de que vivemos em uma sociedade de consumo
criadora de falsas necessidades, o que, de certa forma, objetiva criar demandas efetivas que mobilizem
o acelerado processo de produção e consumo. Para isso, estão envolvidos meios de comunicação
de massa, uma cultura e a publicidade como elementos interligados de forma a reforçar o sistema
econômico existente – o capitalismo. A divulgação de imagens falsas, que possuem a função de gerar
a circulação de mercadorias, também cria um universo unidimensional no qual ideia e pensamento
tornam-se homogêneos e o pensamento crítico é anulado.

7 EXEMPLOS DE ORGANIZAÇÃO DE AULAS

7.1 Uma aula inaugural

Um exemplo de profissional atuante na área didática da disciplina Geografia:

• A experiência do profissional que ensina a Geografia é muito interessante.

• O professor de Geografia tem como pré-requisito muita leitura, muito preparo.

• A análise do espaço geográfico é uma das maiores ferramentas para compreender a realidade de
um lugar.

• Os procedimentos para o conhecimento geográfico podem ser efetuados de várias formas, como
as bibliográficas, e as presenciais, com reconhecimento in loco.

• O planejamento da aula, e seu conteúdo, seria a resposta do sucesso docente.

• Organize sua aula caracterizando o tema a ser desenvolvido e os conceitos principais que você
precisa transmitir. Decida se vai dar somente uma aula expositiva e ilustrá-la com mapa, globo
terrestre e apresentação de slides com foto. Explique durante 15 ou 20 minutos e depois proponha
alguns exercícios aplicativos ou algum tema para discussão, organizando um painel conclusivo.

Dessa maneira, questionamos: como é o trabalho do geógrafo enquanto pesquisador e professor?

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Unidade II

A evolução do pensamento geográfico descreveu e mapeou lugares no período das grandes


navegações, portanto, ele teve uma evolução histórica, ou seja, cronológica.

O ensino da Geografia, e seus conteúdos, perpassa por essa compreensão e conhecimento. Serviu
como justificativa das missões realizadas para ocupação e posse de territórios até então desconhecidos
e, ao mesmo tempo, como guia para posteriores viagens.

Assim como o docente precisa se atualizar e investigar para transmitir o conhecimento, o geógrafo
pesquisador também, pois, para realizar seu trabalho, é necessário se reciclar e acompanhar as mudanças
teóricas e tecnológicas, uma vez que os mapas mudaram, as técnicas e os instrumentos utilizados pela
cartografia também foram alterados e com eles vieram as mudanças nos resultados dos trabalhos.

As novas tecnologias digitais, bem como o uso da aerofotogrametria, dos dados satelitais e da
programação computacional, transformaram aqueles procedimentos manuais – praticamente artísticos
– em formatos mais práticos para o campo visual.

Desta maneira, surgem as diferentes projeções de globos terrestres, um trabalho artístico, além de
geográfico, meticulosamente elaborado, como podemos observar na figura a seguir:

Figura 1 – Mapa-múndi (a orientação original é invertida, com o sul para cima)

E surge sempre a indagação: para que servem os mapas?

Os mapas são elaborados para facilitar a identificação dos lugares e dos recursos econômicos,
estabelecer as rotas para deslocamentos, entre outras tarefas.

Então, os mapas, as cartas e os globos terrestres identificaram os lugares, facilitaram as grandes


navegações e o acesso aos territórios mais remotos, considerando-se as distâncias geográficas.

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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Podemos dizer que o curso de Licenciatura em Geografia permite formar um docente apto para
o exercício profissional, que se inter-relaciona com outros agentes da área de humanidades, além de
engenheiros, agrônomos, biólogos, arquitetos, profissionais da área da saúde, sociólogos, entre outros,
interessados em ampliar seu campo de conhecimento e aplicá-lo.

Tratamos aqui de uma ampla área de estudos pedagógicos específicos dos distintos campos que
complementam os estudos geográficos e são complementados por estes.

Podemos fazer algumas considerações importantes para o trabalho do docente da Geografia, a saber:

• No exercício de transmitir o conhecimento, não é só o professor que influencia os alunos, estes


também exercem uma grande influência sobre o professor.

• Para se chegar de maneira satisfatória a essa relação, é preciso que o aluno perceba o interesse do
professor em ensinar, sentindo-se, assim, motivado.

• A realização de um bom trabalho docente depende muito do professor. Para tanto, é preciso
seguir seus estudos com dedicação, assimilando da melhor forma possível os conteúdos propostos,
realizando as respectivas sugestões de leitura e avaliações.

Lembrete

Lembremos que parte do seu processo de formação já foi realizado; você


aprendeu as bases para ampliar o seu conhecimento e posterior aplicação
em docência no ensino da Geografia.

Você está sendo preparado para exercer uma nobre profissão.

7.2 Aula instrucional

Como afirmou Ivani Fazenda (1992):

O cotidiano escolar é tão amplo e complexo[,] que nem sempre


encontramos a melhor solução para estudo e enfrentamento de
sua problemática nos padrões convencionais de análise comumente
utilizados (FAZENDA, 1992, p. 79).

Portanto, amigos, cabe a nós, educadores, buscarmos a melhor solução para nosso trabalho docente.

O objetivo geral do curso está apoiado na proposta de formar profissionais capazes de exercer a
docência da Geografia, com a competência de compreender que a Geografia é, acima de tudo, uma
ciência de síntese, que estuda os lugares, a paisagem e o território.

49
Unidade II

O geógrafo é um observador, como afirmou Meinig (2002): “O olho pode observar dez visões de uma
mesma cena.”

São pressupostos para o exercício do seu trabalho:

• a Geografia, assim como outras ciências, tem seus pressupostos como prática social relativa ao
espaço terrestre;

• nosso trabalho tem que ser ético, competente, com sólida formação teórica e metodológica;

• é preciso se empenhar em apreender o conteúdo teórico que lhe é apresentado.

Não obstante, a Geografia acompanhou a evolução dos hominídeos na:

• Pré-História.

• Idade Antiga.

• Idade Média.

• Idade Moderna e Contemporânea.

Cada uma delas, com suas peculiaridades, primeiras civilizações, costumes, tradições, arte, religiosidade
e arquitetura características.

Figura 2 – Pré-História

50
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Figura 3 – Idade Antiga

Na Idade Média, temos a cultura cristã, as heresias, a percepção do tempo dos feudos, as festas
carnavalescas.

Figura 4 – Idade Média

A Idade Moderna apresenta importantes mudanças históricas (séculos XVI-XVIII), como as grandes
navegações, as monarquias nacionais e o Iluminismo.

51
Unidade II

Figura 5 – Idade Moderna

Na Idade Contemporânea, ressaltamos o seguinte:

• Século XIX aos dias de hoje: grande fluxo de acontecimentos, o progresso da medicina e o
aprimoramento das condições de vida. Avanços dos meios de comunicação e circulação que
dinamizam os acontecimentos.

• Carros, televisão, satélites, radares, telefone, computador, robô, entre outras opções.

• Histórias infantis: mostrar às crianças a evolução da sociedade, da família, dos hábitos e dos
costumes.

• Disponibilidade de recursos hídricos, comprometidos pela contaminação.

Figura 6 – Idade Contemporânea

52
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Outra questão que se apresenta é a do setor nuclear, com dupla conotação: um recurso energético
e, ao mesmo tempo, um armamento com alta periculosidade.

A Geografia se integra também à Filosofia:

E a verdade o que será? A filosofia busca a verdade, mas não possui o


significado e a substância da verdade única. Para nós, a verdade não é
estática e definitiva, mas movimento incessante, que penetra no infinito. No
mundo, a verdade está em conflito perpétuo. A filosofia leva esse conflito
ao extremo, porém o despe de violência. Em suas relações com tudo quanto
existe, o filósofo vê a verdade revelar-se a seus olhos, graças ao intercâmbio
com outros pensadores e ao processo que o torna transparente a si mesmo.
Eis por que a filosofia não se transforma em credo. Está em contínuo
combate consigo mesma (JASPERS, 1971, p. 138).

Em termos geopolíticos, o autor nos permite contextualizar os conflitos que ocorrem em certas áreas
do mundo.

Em troca dos artigos que enriquecem sua vida, os indivíduos vendem não
só seu trabalho, mas também seu tempo livre. As pessoas residem em
concentrações habitacionais e possuem automóveis particulares com os
quais já não podem escapar para um mundo diferente. Têm gigantescas
geladeiras repletas de alimentos congelados. Têm dúzias de jornais e revistas
que esposam os mesmos ideais. Dispõem de inúmeras opções e inúmeros
inventos que são todos da mesma espécie, que as mantêm ocupadas e
distraem sua atenção do verdadeiro problema, que é a consciência de
que poderiam trabalhar menos e determinar suas próprias necessidades e
satisfações (MARCUSE, 1975, p. 136).

O texto a seguir do filósofo Kant é considerado uma das mais sintéticas e adequadas definições
acerca do Iluminismo:

Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio


é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento
sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria, se a sua
causa não residir na carência de entendimento, mas na falta de decisão e
de coragem em se servir de si mesmo, sem a guia de outrem. Sapere aude!
Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de
ordem do Iluminismo (KANT, 1784, p. 516).

Podemos falar ainda em urbanização. O acaso em certas cidades que surgiram de maneira natural ou
espontânea, como Rio de Janeiro ou Salvador e as planejadas como Brasília e Belo Horizonte.

53
Unidade II

8 PLANEJAMENTO É TUDO (BEM COMO O PLANO DE AULA) PARA UM BOM


DESEMPENHO DOCENTE

Considerando que é prioritário para o desempenho do trabalho docente, podemos afirmar que para
exercermos quaisquer tipos de trabalho é preciso planejá-lo.

Aí surge o questionamento: o que representa o planejamento?

Pensemos em termos de educação: planejar significa tomar determinadas decisões para transmitir
conhecimento, no caso, relacionadas às disciplinas que serão ministradas. São procedimentos necessários
para serem realizados na escola e na sala de aula.

Um planejamento considerado eficaz é aquele que contempla as necessidades e a realidade da escola e dos
alunos. Ele deve ser flexível, para posteriores ajustamentos, expressar os conteúdos com clareza e precisão e ter
sido elaborado de acordo com as condições reais do local, do público envolvido e dos recursos disponibilizados.

Surge sobre esse tema, planejamento, uma questão: o que significa planejar um curso e realizar um
plano de aula?

Vamos recordar que no processo ensino-aprendizagem, para que alcancemos bons resultados,
devemos organizar nossa aula, prepararmo-nos para tal desempenho. Como fazer isso?

• Inicialmente tomando contato com o tipo de público que vamos trabalhar, qual o segmento e
para que faixa etária.

• Conhecendo a programação daquilo que vamos ensinar ao longo de um período letivo.

• Estabelecendo estratégias para administrar aquele conteúdo.

• Quais as ferramentas que podemos utilizar para a aula: mapas, lousa, power point, vídeos,
computador, músicas, obras literárias, artigos publicados, enfim, uma variedade de opções
complementares ou que reforcem o conteúdo ensinado.

Dessa forma, cumprindo com os objetivos traçados, deveremos levar os alunos a:

• reconhecerem as bases cartográficas necessárias para a identificação dos fatos geográficos;

• discutirem a dinâmica climática, suas características, a biodiversidade a ela associada e as


alterações ambientais;

• caracterizarem as estruturas e os movimentos populacionais;

• reconhecerem a ação das sociedades na produção do espaço geográfico a partir da observação de


fenômenos em escala local e mundial;
54
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

• pensarem geograficamente, conhecendo as especificidades da Ciência e relacionando-as


com as demais.

A Geografia exige uma didática flexível, prática através da qual o aluno possa aprender e analisar,
explicar, representar e contextualizar processos geográficos, bem como as relações entre homem,
sociedade e meio ambiente. Enfim, a contextualização do território.

Observação

Como estratégias de trabalho, as aulas podem ser expositivas e


dialogadas. Quando o professor explicar e voltar seu questionamento para
a classe, solicitará a participação da turma. Pode também sugerir filmes,
letras de música e obras literárias que complementem e ilustrem, ao mesmo
tempo, a temática abordada.

No ensino básico, nas séries iniciais, do 5º ano ao 9º ano, os PCN sugerem ainda temas transversais:
ética, meio ambiente, saúde, orientação sexual e pluralidade cultural.

A matéria Para aprender melhor é preciso usar todos os sentidos, dizem os especialistas, de Bruna Cruz
(2015), afirma que o ser humano aprende de distintas maneiras: olhando imagens, ouvindo explicações,
lendo em voz alta, através da percepção de movimentos somados aos sentidos como o olfato, o tato ou
o paladar.

Cruz (2015) cita o professor Eder Pires de Camargo, da Unesp, especialista no ensino de Ciências
para alunos com deficiência visual, ao dizer que o processo de aprendizagem não ocorre pela simples
observação do ambiente, ele acontece por meio dos cinco sentidos. Afirma, ainda, que limitar a
aprendizagem em um único estilo é limitar demais o processo.

A ideia é incorporada pela professora do Departamento de Psicologia da Unicamp, Heloísa Matos


Lins, para quem as formas de se aprender são variáveis e desenvolvem-se de acordo com o contexto
de vida e cultura de cada indivíduo. Ela acrescenta: “Não somos aprendizes sempre da mesma maneira.
Temos vários canais de aprendizagem. Somos muito mais visuais e auditivos (ao mesmo tempo). Existe
uma hibridação entre os dois sentidos.”

Já para o filósofo e educador colombiano Bernardo Toro (1997), a educação deve ser vista como um bem
público a fim de que contribua para aumentar a qualidade de vida. Ele complementa dizendo que a educação
é um bem que deve agregar a todos da mesma maneira com o objetivo de alcançarem a sua dignidade.

Para tanto, ele propõe os Códigos da Modernidade. Segundo o pensador e educador, devemos
compreender que o ensino deve ser contextualizado, canalizando as energias para temas que façam
sentido na vida do aluno, e nada mais próximo a ele do que os estudos geográficos, os quais nos
reportam para temas cotidianos e informações acerca da realidade que nos rodeia.

55
Unidade II

Dessa maneira, caberia à escola formar cidadãos, construindo uma ponte para o mundo real. Uma das
inovações propostas por ele é que o professor forneça o melhor do seu conhecimento. Ele enfatiza também
o papel da mídia e da internet como um novo paradigma, um novo modelo de civilização sem fronteiras.

Apresentamos os Códigos da Modernidade propostos por Bernardo Toro (1997):

• domínio da leitura e da escrita;

• capacidade de fazer cálculos e resolver problemas;

• aptidão para analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações;

• predisposição para compreender e atuar em seu entorno social;

• receber criticamente os meios de comunicação;

• habilidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada;

• capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.

Qual o sentido de nos reportarmos a esses preceitos? Partimos do princípio de que a Geografia é uma
ciência cujo espaço pode ser visto de uma maneira interdisciplinar, envolvendo a rede de relações de ser
humano com o meio, da sociedade com a natureza, bem como as próprias relações dos seres humanos
entre si. Em uma visão interdisciplinar, evidencia a valorização das relações entre a técnica e o espaço e
entre o espaço e o tempo, como base para a construção de um sistema de conceitos.

Assim, o espaço deve ser apreendido em múltiplas dimensões, inclusive em suas contradições e seus
conflitos, como se fosse um conjunto de objetos e ações que revelem os grupos envolvidos, o lugar, bem
como a interação e a produção, as quais são constantemente construídas e reconstruídas.

Saiba mais

Para Milton Santos (1998, p. 34), “quanto mais os lugares se mundializam,


mais se tornam singulares e específicos, isto é, únicos, o que seria resultado
da especialização dos elementos do espaço, adaptando-se à abordagem
social-homens, firmas, instituições, meio ambiente.

Para saber mais sobre o tema “lugar”, leia:

SANTOS, M. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.

56
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Como podemos constatar, a Geografia contextualiza com vários temas e conteúdos, denotando a
sua versatilidade e abrangência.

Dessa forma, o docente da Geografia deve ter uma postura flexível, para as mudanças, e dedicada à
sua atualização, como afirmou o geógrafo Lacoste (1997):

Os professores de Geografia forjaram e inculcaram uma representação do


espaço terrestre, baseada, muitas vezes, contra toda a evidência cartográfica,
sobre a coincidência de contornos de diversas categorias de conjuntos
(LACOSTE, 1997, p. 70-1).

E complementa Callai (2001):

O ensino da Geografia, assim como de outros componentes propostos nos


Parâmetros Curriculares, tem que considerar a análise e a crítica que se faz
à instituição escola, situando-a em um contexto político, social, econômico
mundial e também no país Brasil. Para ela, tanto a escola quanto a Geografia
devem ser consideradas no âmbito da sociedade da qual fazem parte (CALLAI,
(2001, p. 134).

Devemos destacar que o profissional geógrafo deve se aprimorar não apenas para a sua atuação em
sala de aula, mas deve abrir seu caminho na área profissional, realizando pesquisas, mostrando, assim,
sua versatilidade em termos de conteúdo.

Saiba mais

Para saber mais sobre educação, acesse:

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação profissional


e tecnológica. educação profissional técnica de nível médio integrada ao
Ensino Médio, Brasília, dez. 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
setec/arquivos/pdf/documento_base.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016.

Conheça também o Censo da Educação Básica 2011: Resumo Técnico,


acessando:

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS


ANÍSIO TEIXEIRA. Censo da Educação Básica 2011: Resumo Técnico. Brasília:
INEP, 2012. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/
censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_tecnico_censo_educacao_
basica_2011.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016.

57
Unidade II

Também é uma das metas apresentadas pelo Estado brasileiro democratizar o acesso à educação
superior, com inclusão de qualidade, o que realmente tem sido ampliado, embora o Brasil ainda esteja
distante de outros países da América Latina.

O documento Planejando a próxima década: conhecendo as 20 metas do Plano Nacional de Educação


afirma que:

O desafio é ainda maior quando observamos as taxas por Estado e por


região, sobretudo, no Nordeste e Norte. Cada município possui uma
realidade diferente em termos de oferta e do acesso à educação superior,
pois esse nível de ensino é de responsabilidade de instituições federais,
estaduais ou privadas, e a oferta no município fica vinculada às decisões
dessas instituições (BRASIL, 2014, p. 41).

Lembrete

É necessário, no entanto, que se valorize a carreira do magistério,


somente assim poderemos garantir a educação como um direito
fundamental, universal e inalienável.

Ao pensarmos em Geografia enquanto ciência e conteúdos a serem transmitidos em sala de aula,


devemos enfatizar que os alunos com os quais convivemos hoje adotem uma postura crítica, analítica
e reflexiva frente aos problemas que possam relacionar o campo geográfico a outras áreas de estudo.

Entendemos que o ensino da Geografia deve ser contextualizado, isto é, integrado a outras
áreas do conhecimento, e que se utilize ferramentas para realizar distintas leituras do seu meio e de
outros. Uma proposta de trabalho considera os recursos computacionais como auxiliares para uma
aprendizagem significativa.

8.1 Exemplo prático de estudo geográfico

A seguir temos um exemplo prático de estudo geográfico (um trabalho de campo do geógrafo).

Introdução

O ambiente escolhido por nós, para a realização do presente trabalho, está relacionado
à saúde, lazer em áreas urbanas e preservação de áreas de mananciais, temáticas ligadas à
qualidade de vida. Para tanto, avaliamos qual ambiente de observação seria pertinente ao
tema escolhido e completaria nossa intenção de realizar o presente trabalho: trata-se de um
tema interdisciplinar em um ambiente não escolar.

Dessa forma, escolhemos, após reunião de grupo e discussão, um local próximo à


residência de uma das componentes, no caso (nome hipotético Isabela), e o seu convite
58
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

para Cristina (também hipotético) visitá-la e conhecer uma área “rururbana” muito especial
e que possibilite a observação e complementação do tema proposto, relacionado à questão
ambiental.

Contudo, o que nos motivou na escolha do tema, em verdade, foi a questão ambiental
e o consumismo urbano no presente caso, por sua relação com a busca dos cidadãos pela
qualidade de vida, embora degradando o ambiente.

O que tratamos de explicitar é que na atualidade os temas ambientais têm suscitado


inúmeros debates em virtude das preocupações de distintos setores envolvendo os atores
sociais. Para tanto, decidimos enveredar por esse caminho, mostrando a vinculação entre a
crise ambiental, o modo de habitar e o consumismo urbano.

Sabemos que o acelerado e caótico crescimento urbano gerou em alguns ambientes


naturais a desestruturação e a degradação, cenário esse que passou a exigir uma reflexão
mais profunda para enfrentarmos os desafios e tratarmos de resolver da melhor forma
possível os problemas e as perdas acarretadas pela ocupação e valorização de certos lugares.
Também houve, concomitante a isso, as mudanças em termos de habitat: o que antes era
rural passou a ser “rururbano” ou urbano.

No presente caso, do bairro “quase rural” de Caucaia do Alto, distrito do município


de Cotia, com aproximadamente 70 mil habitantes, existem antecedentes históricos de
mutilação ambiental e alterações significativas de áreas que deveriam ser preservadas, uma
vez que fazem parte de uma reserva florestal, de mata tropical, caso este que avaliaremos
em nosso trabalho.

O cenário desse lugar corresponde a um fragmento da Mata Atlântica, importante


corredor de vegetação que conecta a capital paulista com destino ao interior de São
Paulo, com limites geográficos de vários municípios em seu entorno, a saber: Osasco,
Itapevi, Carapicuíba, Embu das Artes, Jandira, Vargem Grande Paulista, além das
proximidades com Ibiúna, Itapecerica da Serra, Mairinque, São Roque, Barueri, Santana
de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, pelas rodovias Castello Branco, Anhanguera, Régis
Bittencourt e Rodovia Raposo Tavares, facilitadas pela integração através do Rodoanel
Mário Covas. O distrito de Caucaia do Alto pode ser acessado pela Rodovia Raposo
Tavares, entrada no quilômetro 39, seguindo pela Estrada de Caucaia do Alto (Ivo Mário
Isaac Pires); em aproximadamente 12 quilômetros, chega-se ao centro comercial do
distrito, e em suas imediações o ambiente se ruraliza.

A especificidade do lugar é devido à sua grande biodiversidade vegetal e animal e ao


fato de ainda se organizar em termos espaciais, com evidências de habitat rural. Atualmente
passa por processo de urbanização crescente em termos habitacionais e especulação
imobiliária evidente por causa do surgimento de muitos condomínios horizontais cujos
terrenos ou imóveis tornaram-se mais valorizados.

59
Unidade II

A importância dessa localidade se evidencia pela conectividade entre um ambiente


natural por ser manancial e reserva florestal, além da proteção de recursos hídricos, essenciais
para a proteção e sustentação da biodiversidade (SCHUTZER, 2012), e sua transição para
ambiente urbano. No entanto, a ação antrópica vem alterando o quadro natural, sem que
sejam implementados projetos que estimulem a conscientização da população e do Poder
Público acerca da crescente degradação. Mas, por outro lado, enquanto potencial comercial
e de consumismo, o processo tem sido ampliado e valorizado cada vez mais na região e no
seu entorno.

Considerando esses pontos mencionados, muito nos inspirou a obra de Canclini (1995),
Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Na mencionada obra,
o autor estuda o tema consumismo como sendo interdisciplinar, uma vez que envolve
um conjunto de processos socioculturais em que se realizam a apropriação e os usos dos
produtos, relacionando-se à expansão do capital, sua administração, bem como à reprodução
da força de trabalho.

O distrito de Caucaia do Alto se constitui também em um cinturão verde, com a


contribuição principalmente de imigrantes japoneses e seus descendentes, cultivando
verduras, legumes e flores, revendendo-os em duas feiras livres semanais e levando parte de
sua produção ao Ceagesp, em São Paulo.

O consumo, para Castells (1974), é o lugar onde os conflitos entre classes, originados pela
desigual participação da estrutura produtiva, ganham continuidade através da distribuição
e da apropriação dos bens. Canclini (1995, p. 54) complementa ao dizer que consumir é
participar de um cenário de disputas por aquilo que a sociedade produz e pelos modos de
usá-lo.

Por estarmos preocupados com o estudo de um ambiente não escolar, dedicamo-


nos à explicitação de um “lugar”, que, para estudos geográficos, representa uma área
que, considerando todo o território nacional, enquanto UCPI (Unidade de Conservação e
Proteção Integral), sofre pressão não só de comunidades locais, mas também daquelas que
ocupam o seu entorno e de grupos econômicos, no caso do setor imobiliário, interessados
em comercializar imóveis e terrenos sob a égide de um ambiente propício para uma melhor
qualidade de vida junto à natureza.

Observamos, de modo geral, que as transgressões cometidas são devidas pela falta
de informações da comunidade e pela carência da participação efetiva dos organismos
públicos – municipais e estaduais – no manejo e na proteção dos recursos naturais (WELLS;
BRANDON; HANNAH, 1992).

Assim, consideramos que a maneira mais eficaz de proteger uma área natural ou de
conservação é, acima de tudo, promover a conscientização crítica dos grupos sociais
residentes e do entorno somada a formas de atuação mais efetivas do Poder Público.

60
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Foi nesse contexto que propusemos um trabalho de conscientização nas escolas


do município, a fim de promover nos estudantes do Ensino Fundamental e Médio o
pensamento crítico em um movimento socioambiental, o que, no nosso caso, recairia na
sociobiogeografia. Nossa intenção seria chegar a uma conscientização ambiental e que esses
estudantes atuassem como elementos disparadores desse pensamento na sua comunidade.
Fizemos um recorte em nossa proposta com o intuito de iniciarmos o trabalho em esfera
não escolar e optamos pelos alunos da Escola Municipal Sidronia Nunes Pires, que atuam
no segmento do Ensino Médio.

Nossa proposta visa à contextualização de diversas disciplinas, articulando temas


ambientais, a saber: Ciências Naturais, Artes, História, Geografia, Linguagens (Língua
Portuguesa, Inglês, Espanhol), Geografia, Filosofia e Sociologia (Ensino Médio), além de
Biologia e Química mediante um trabalho integrado.

O foco principal seria identificar os problemas ambientais do distrito de Caucaia do Alto,


parte do município de Cotia, na Grande São Paulo, e estabelecer algumas alternativas para
minimizá-los.

A disposição da localidade permite não apenas a promoção do ensino das distintas


disciplinas que compõem o currículo escolar, mas o desenvolvimento de valores e conceitos
relacionados à ética, meio ambiente, saúde, cidadania.

Objetivos gerais

Procurar desenvolver um pensamento sensível e consciente dos alunos da Escola


Municipal do distrito de Caucaia do Alto, Sidronia Nunes Pires, em relação às questões
ambientais que interferem na qualidade de vida dos habitantes através de atividades
pedagógicas em um cenário não escolar, envolvendo as disciplinas do currículo básico e os
temas transversais (ética, meio ambiente, saúde e cidadania).

A nosso ver, pequenas atitudes praticadas no cotidiano podem contribuir para promover
a sustentabilidade e o bem-estar individual e coletivo, sendo os estudantes elementos
multiplicadores dos conhecimentos e dos valores sustentáveis em sua comunidade.

Objetivos específicos

• associar propostas de desenvolvimento sustentável a alternativas que integram a


melhoria na qualidade de vida e proteção de recursos naturais;

• valorizar medidas de recuperação e manutenção de ambientes naturais, saneamento


e controle de poluição em geral e do espaço de vivência;

• interpretar os processos de degradação e recuperação no local de estudo e a


interferência humana;
61
Unidade II

• compreender a interdisciplinaridade inerente ao projeto;

• perceber a importância de manter a qualidade da saúde para a consequente qualidade


de vida.

Desenvolvimento/revisão bibliográfica

A escola é um espaço ideal para discussão e aprendizagem dos temas considerados atuais
e pertinentes da realidade sociocultural e socioambiental para que os alunos entendam sua
comunidade e seu entorno. Nessa realidade, Cerati e Lazarini (2009) afirmam que é possível
identificar os seus sonhos, anseios, conflitos, desejos, esperança, incentivando suas ações
em prol do ambiente não escolar.

As discussões acerca da temática ambiental nos mostram que estamos diante de um


sujeito dotado de ideais, objetivos, valores próprios, que são construídos ou desconstruídos
por influências externas, ou seja, pela cultura e pela sociedade na qual está inserido.

O processo de globalização promoveu transformações em vários níveis, o sujeito


está submetido por influências externas, por imposições sociais, políticas e econômicas,
portanto sofre pressões que interferem na sua subjetividade, o que representa uma trama
de percepções, saberes e sentimentos, construídos pelos fatores individuais, mas que, por
sua vez, são limitadas por questões ambientais e pela qualidade de vida.

A qualidade de vida e a questão ambiental constituem-se em temas para discussões


relativamente recentes, a partir do fim da década de 1980, toma vulto a preocupação com a
degradação ambiental e sua relação com a qualidade de vida. Esses temas estão diretamente
relacionados ao campo geográfico, uma vez que a qualidade de vida nos remete aos aspectos
naturais e aos antrópicos, portanto implicam estudos geográficos.

A suposta qualidade de vida estaria comprometida com determinantes oriundos da


industrialização e a urbanização, abrangendo as condições habitacionais, a crescente
violência urbana e a degradação ambiental.

Assim, podemos estabelecer duas categorias de ambientes, de acordo com Gallopín


(1986, p. 126-72): o ambiente biogeofísico e bioquímico e o ambiente social, que nem
sempre estão em harmonia, o que compromete a satisfação das necessidades humanas,
além da sua saúde psicossomática. Sônia Barbosa (1999) trabalha com essa constatação: a
de que a saúde mental é alterada por causas de ordem ambiental.

Barbosa (1999) fala ainda que existe uma concepção simbólica da qualidade de vida
devido ao consumo exagerado de bens e tecnologia, uma busca incessante de “utopia”, visto
que a evolução midiática e tecnológica não eliminou os problemas sociais mais urgentes,
como: fome, saúde, educação, moradia, violência, desemprego e degradação ambiental.

62
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Portanto, falamos em apartheid social e espacial, que separa e exclui sem


preocupações éticas.

Mencionamos, para reforçar essa colocação, uma citação de Maffesoli (1990):

Nossas cidades são hoje o ambíguo e opaco cenário de algo não


representável[,] nem a diferença excludente e excluída do étnico-
autóctone, nem a inclusão uniforme e dissolvente do moderno.
Estamos diante dos “modos de estar juntos”, de experimentar o
pertencimento ao território e de viver a identidade (MAFFESOLI,
1990, p. 99).

Outro autor que trata dessa temática ambiente-sociedade é Giddens (1993), ao afirmar
que as sociedades ocidentais constituem-se num paradoxo, considerando-se a manutenção
de antigos valores e os novos, determinados pela modernidade. As mudanças sociais podem
ser observadas, por exemplo, na densidade populacional e na decorrente necessidade do
aumento da demanda de serviços essenciais – nem sempre compatível –, além da exposição
aos riscos ambientais e tecnológicos, o que tende a agravar a qualidade de vida.

Já o autor Beck (1993) fala em riscos modernos incalculáveis, resultantes do sistema


capitalista, transformando a essência do conjunto e alterando, inclusive as estruturas sociais
e familiares.

Simmel (1979, p. 11-25) preocupou-se com a relação entre a metrópole e a vida


mental, ou melhor, o seu desgaste e o estresse. Ele comenta sobre existir um “tipo ideal”
metropolitano, submetido a estímulos nervosos específicos de acordo com as condições
psicológicas que são específicas da cidade, em oposição ao meio rural. Fala ainda numa
atitude de indiferença desse indivíduo urbano, que perde as forças e não tem tempo para
recuperá-las.

Dessa forma, a ideia de complexidade surge da articulação dinâmica das relações entre
os sujeitos e a construção do conhecimento. Estamos diante da preocupação que embasou
nosso tema: os processos sociais que afetam o meio ambiente biofísico e comprometem a
qualidade de vida, bem como a conservação dos recursos naturais.

A partir dessas colocações, chegamos à constatação de que a escola constitui-se num


espaço indicado à abordagem dos temas atuais e urgentes, e que estes podem comprometer a
sociedade. O papel do professor e da instituição escolar é, de adequar o espaço escolar com a
exploração do espaço não escolar, no que concerne ao respeito em relação ao meio ambiente.

Assim, o professor pode propor projetos que sejam capazes de mobilizar e conscientizar
os alunos e estes influenciarem a sua comunidade em termos de respeito e convivência
harmônica junto à natureza, embora essas ações dependam também do Poder Público e
suas realizações.
63
Unidade II

Procedimentos metodológicos

Ambiente e público-alvo

Para a elaboração de nosso projeto, propusemos o aproveitamento do espaço das matas


existentes ao redor do Distrito de Caucaia do Alto, fazendo parte do Município de Cotia,
situado na Grande São Paulo.

Apesar de ser um trabalho multidisciplinar, envolvendo apenas estudantes do Ensino


Médio da Escola Municipal Sidronia Nunes Pires, esta apresenta todos os segmentos de
ensino (Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos – EJA).

De acordo com o Censo de 2014, a escola tem 16 salas de aulas e 75 funcionários.


Em termos de aparelhagem e material de apoio, conta com: laboratório de informática
(equipado com 25 computadores), laboratório de ciências, quadra de esportes coberta,
alimentação escolar para os alunos, cozinha, sala de leitura, biblioteca com cerca de 3 mil
exemplares, antena parabólica, copiadora, retroprojetor, impressora, aparelho de som, data
show, fax e câmera fotográfica/filmadora.

A área proposta para observação dos alunos – e posterior divulgação do seu trabalho –
corresponde ao entorno da escola, extrapolando para estabelecimentos ligados à natureza
– de forma direta e indireta – e aos seus arredores, envolvendo sítios e área de mata.

Disciplinas e conteúdos envolvidos para avaliação da reserva florestal de Morro Grande,


Caucaia do Alto – Cotia:

• Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Biologia, Química).

• Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Artes, Filosofia, Sociologia).

• Linguagens e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Inglês, Espanhol).

Além das disciplinas elencadas, destacamos a Educação Física e os temas transversais,


trabalhados de forma interdisciplinar em todas as etapas do projeto: ética, meio ambiente,
saúde, complementados pela informática.

1ª etapa – Propostas de ação e estratégias didáticas

Discussões na escola, no período da aula de cada uma das disciplinas em questão,


momento em que serão apontados os itens que devem ser observados, envolvendo
aspectos do quadro natural, urbanístico, biodiversidade, impacto ambiental, poluição,
sustentabilidade, produção e consumo, alimentação saudável, saúde e criação artística.

64
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Proposta conjunta para a elaboração de um questionário a ser aplicado em amostragem


da população:

• Qual a importância dos fragmentos vegetais e da reserva florestal de Morro Grande


para a população local e nacional?

• Que formas de vida podem ser observadas no distrito de Caucaia e seu entorno,
incluindo-se os domésticos?

• Há poluição no distrito? Se existe, como interfere na qualidade de vida dos habitantes


da região?

• Existem serviços de saneamento adequados: esgotamento, rede de abastecimento


de água, coleta de lixo satisfatórios?

• A política dos 3 Rs, 5 Rs, 7 Rs, 8 Rs: reduzir, reutilizar, reciclar, repensar, recusar,
reparar, reintegrar, reeducar é efetivamente praticada?

• Você considera a qualidade de vida satisfatória no lugar onde vive?

• O atendimento em termos de saúde é adequado?

• As áreas de lazer são satisfatórias?

• Quais os aspectos positivos e negativos que você aponta em Caucaia do Alto?

• Os esportes são bem contemplados?

2ª etapa – Fechamento do projeto

O material coletado, as entrevistas, as imagens e as fotos deverão ser apresentados aos


participantes, no caso, alunos do Ensino Médio acompanhados pelos seus respectivos professores
das disciplinas selecionadas, mediante relatórios e avaliação do projeto como encerramento.

Tempo de duração do projeto e cronograma

A proposta seria realizar o projeto em 15 dias letivos, com divisão em três etapas:

• na escola, apontando os conceitos a serem explorados e a elaboração do questionário


e do cronograma;

• no distrito de Caucaia do Alto, centro e entorno;

• nas áreas florestais adjacentes.


65
Unidade II

Avaliação do projeto e dos dados obtidos

Exposição dos resultados aos professores para fechamento do projeto, com diagnósticos
e avaliação dos resultados no sentido de verificar se os objetivos propostos foram alcançados.

Para encerramento dos trabalhos, a proposta foi a de apresentação dos resultados –


entrevistas, observações dos lugares visitados, fotos, gravações, filmagens – à comunidade,
além de pais, colegas e convidados (no caso, autoridades locais e municipais).

Resultados esperados

Ao fim do trabalho de campo, espera-se dos alunos o aprimoramento do seu aprendizado


teórico acerca da qualidade de vida e sua relação com as condições ambientais e a
subjetividade.

Além disso, presume-se que seja desenvolvida a conscientização tendo em vista a


preservação, a conservação e a recuperação de áreas naturais, bem como a promoção de um
consumo consciente e sustentável. Também devemos destacar a preocupação com saúde,
lazer e aspectos fisiológicos. Os alunos prepararão, em aulas de informática, material para
divulgação do seu trabalho de campo, ou melhor, em ambientes não escolares.

Nossa proposta está norteada pelo fato de os estudantes serem os multiplicadores de


valores ecológicos e saudáveis em relação ao seu meio.

Considerações finais

A execução do projeto, além de desenvolver em termos metodológicos a


multidisciplinaridade, relaciona-se à transversalidade e à contextualização. Também
devemos ressaltar a contribuição de um trabalho em ambiente não escolar como uma
forma significativa de aprendizado, atendendo às demandas educacionais da atualidade.

O caso ambiental de Caucaia do Alto provocou muita polêmica e indignação. Mas, de


fato, o que ocorreu? Houve a derrubada de uma parte da reserva florestal na região para
possível construção de um aeroporto internacional, porém as árvores foram derrubadas e
abandonadas e o aeroporto foi transferido para Guarulhos, atual Aeroporto Internacional
André Franco Montoro, conhecido também como Aeroporto de Cumbica.

8.2 Relatório de Monitoramento Global de Educação

Segundo o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos 2013/2014 – Ensinar


e aprender: alcançar a qualidade para todos, o setor está vivendo uma crise mundial. O segmento
mais afetado é o do Ensino Fundamental, e o analfabetismo atinge 25% dos jovens nos países em
desenvolvimento. São gerações sem uma formação adequada.

66
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

A questão dos custos operacionais

• a Unesco revela que 10% dos recursos mundiais destinados ao Ensino Fundamental
são desperdiçados em uma educação de baixa qualidade, que não garante a
aprendizagem da criança;

• tal situação torna 25% dos jovens incapazes para a leitura.

A resposta para o problema

• capacitação dos professores;

• melhor docência.

Em um terço dos países analisados, somente 25% dos professores do Ensino Fundamental
são treinados adequadamente, de acordo com padrões de suas nações.

O relatório alerta que, sem atrativos suficientes e treinamento adequado para os docentes, a
crise no setor vai perdurar. Segundo os dados, o grande número de crianças e jovens analfabetos
significa que é crucial priorizar a igualdade no acesso e na aprendizagem nos futuros objetivos
da educação (UNESCO, 2014).

A estimativa é de que 250 milhões de crianças no mundo não aprendem nem o básico.

Desigualdade

• mesmo em países de alta renda, os sistemas educacionais têm fracassado e atendem


a minorias;

• os imigrantes em países ricos têm sido excluídos;

• para atingir boa qualidade na educação e alcançar um público maior, é preciso


treinar melhor os professores.

Inclusão

• há necessidade de as escolas resolverem a questão da violência e da discriminação


de gênero;

• as mulheres mais jovens dos países pobres ou em desenvolvimento não alcançam a


alfabetização universal;

• é ressaltada ainda a relevância dos currículos e da avaliação para melhorar a


aprendizagem.
67
Unidade II

O Enem e os estudos do Brasil

• o Exame Nacional do Ensino Médio veio para ficar; pelo menos até 2016 sua
vigência está confirmada;

• o Ensino Fundamental deve oferecer subsídios para a continuidade no Ensino Médio;

• as referências teórico-metodológicas fundamentam-se nos autores Jean Piaget, L.


Vygotsky e D. Ausubel para a construção do conhecimento.

O que o professor deve fazer

• adequar a linguagem à faixa etária;

• propor atividades a partir do diálogo entre teoria e prática;

• contribuir para formar indivíduos autônomos, com consciência crítica;

• incentivar a cidadania, a capacidade de interagir com o mundo e de propor soluções


aos problemas apresentados;

Conhecimento

• Propiciar a constante construção e reelaboração.

• Propor atividades grupais.

• Tornar a aprendizagem significativa.

• Incentivar a experimentação e a descoberta.

• Contextualizar.

• Dar ênfase à aprendizagem, e não aos resultados.

O papel do professor

No Ensino Fundamental, o docente é um mediador, organizador da aprendizagem, com


a postura de problematizador.

Já no Ensino Médio, o professor é um reforçador de teorias, um orientador dos


conteúdos solicitados no Enem e nos exames vestibulares, contribuindo para contextualizar
o aprendizado adquirido.

68
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Paulo Freire foi e continua sendo uma referência na educação brasileira. Ele escreveu
diversas obras, destacando-se Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa (1996), que apresenta a escola como um ambiente favorável à aprendizagem
significativa, onde as relações professor-aluno ocorrem através de diálogos, com respeito
mútuo.

Freire apresentava a escola como um espaço para desenvolver a curiosidade, a criatividade,


o raciocínio lógico e o estímulo à descoberta, além de considerar que o professor não deve
se limitar ao ensinamento dos conteúdos, mas, sobretudo, ensinar a pensar, pois: “Pensar é
não estarmos demasiado certos de nossas certezas” (FREIRE, 1996, p. 28).

Observação

O Enem permite:

• avaliar desempenhos;

• destacar os talentos individuais;

• potencializar conquistas;

• identificar e monitorar as dificuldades.

Serve também de critério de seleção para bolsas de estudo do Prouni e


estudos no exterior. À escola, cabe mediar as competências e habilidades.

Resumo

Nesta unidade, apontamos algumas definições e procedimentos


importantes para o exercício profissional tanto do geógrafo – enquanto
docente – quanto do pesquisador.

Iniciamos nossas considerações falando sobre a linguagem e sua


importância para a transmissão dos conhecimentos e a linguagem
geográfica, seus conceitos fundamentais, assim como o conceito moderno
da Geografia, associando-a com a cultura e a utilização de seus símbolos.

Fizemos uma retrospectiva em termos históricos e cronológicos


apontando como era realizado o ensino da Geografia em seus primórdios e
como esta evoluiu enquanto ciência ou campo de estudo.

69
Unidade II

Também apresentamos o trabalho da docência, como o professor


de Geografia deve atuar e quais os requisitos necessários, em termos
de preparo, para elevar o seu nível de trabalho e qualificação, além dos
atributos de um professor reflexivo.

Mencionamos, para tanto, alguns educadores, pensadores, suas


propostas e definições sobre a prática pedagógica, tais como: Libâneo;
Ausubel; Kaercher; Maffesoli; Morin; Porto-Gonçalves; Tavolaro; Marcuse;
Kant; Toro; Lacoste; Callai; Schutzer; Castells; Wells, Brandon e Hannah;
Cerati e Lazarini; Gallopín; Giddens; Simmel; Beck.

Não poderíamos deixar de mostrar a importância e dar exemplos de


planejamento e organização de um plano de aula, bem como os requisitos
necessários. Fizemos, assim, o modelo de uma aula inaugural e uma aula
instrucional, citando Ivani Fazenda e Meinig, destacando o “olhar do
geógrafo” enquanto observador.

Apresentamos também um exemplo prático de estudo geográfico


com os objetivos propostos para um trabalho docente, que deve ser
contextualizado a outras áreas do conhecimento.

Para finalizar, e ao mesmo tempo sensibilizar os futuros docentes


ou pesquisadores geógrafos, expusemos os dados do Relatório de
Monitoramento Global de Educação para Todos 2013/2014 – Ensinar e
aprender: alcançar a qualidade para todos (UNESCO, 2014), no sentido de
nos prepararmos para que o nosso País alcance melhores resultados.

Exercício

Questão 1. (Enade 2011, adaptada) Na escola em que João é professor, existe um laboratório
de informática que é utilizado para os estudantes trabalharem conteúdos em diferentes disciplinas.
Considere que João quer utilizar o laboratório para favorecer o processo de ensino-aprendizagem
fazendo uso da abordagem da pedagogia de projetos. Nesse caso, seu planejamento deve:

A) Ter como eixo temático uma problemática significativa para os estudantes, considerando as
possibilidades tecnológicas existentes no laboratório.

B) Relacionar os conteúdos previamente instituídos no início do período letivo e os que estão no


banco de dados disponível nos computadores do laboratório de informática.

C) Definir os conteúdos a serem trabalhados, utilizando a relação dos temas instituídos no projeto
pedagógico da escola e o banco de dados disponível nos computadores do laboratório.

70
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

D) Listar os conteúdos que deverão ser ministrados durante o semestre, considerando a sequência
apresentada no livro didático e os programas disponíveis nos computadores do laboratório.

E) Propor o estudo dos projetos que foram desenvolvidos pelo governo quanto ao uso de laboratórios
de informática, relacionando o que consta no livro didático com as tecnologias existentes no
laboratório.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: a significância virá do tratamento prévio dos conteúdos das aulas viabilizadas pelo
aparato tecnológico, que deve valorizar os tais conteúdos.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a tecnologia deve ser associada de modo secundário ao projeto.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: os conteúdos não virão depois, eles é que devem pautar a pesquisa. Nessa alternativa
há uma inversão.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: há uma inversão da ordem estipulada.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: o intuito não é apresentar os projetos desenvolvidos pelo governo quanto ao uso do
laboratório de informática.

Questão 2. (Enade 2008, adaptada) Com relação ao ensino da Geografia, analise as asserções a seguir:

A localização e o mapeamento de dados e informações espaciais não encerram uma análise


geográfica, ao contrário, marcam seu início,

porque

tal análise ocorre quando o sujeito aprendiz se reporta ao processo de produção do espaço e, entre
outras atividades, confronta-o com a configuração espacial do mapa.

71
Unidade II

Acerca dessas asserções, assinale a alternativa correta.

A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.

B) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa correta da
primeira.

C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.

D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.

E) As duas asserções são proposições falsas.

Resolução desta questão na plataforma.

72
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

MAURO, F. Mapa-múndi. 1459. 190,5 cm diâmetro.

Figura 2

177.PNG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9803/177.


png>. Acesso em: 20 out. 2016.

Figura 3

17.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_3403/17.jpg>.


Acesso em: 20 out. 2016.

Figura 4

22.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_3339/22.jpg>.


Acesso em: 20 out. 2016.

Figura 5

25.PNG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/aula_12312/25.png>.


Acesso em: 20 out. 2016.

Figura 6

03.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_3531/03.jpg>.


Acesso em: 20 out. 2016.

REFERÊNCIAS

Textuais

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Lei nº 6.664, de 26 de junho de 1979, que disciplina a profissão de Geógrafo. Disponível em: <http://
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títulos profissionais, atividades, competências e caracterização do âmbito de atuação dos profissionais
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Exercícios

Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


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Unidade I – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2008. Geografia. Questão 11.
Adaptada. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/Enade2008_RNP/GEOGRAFIA.pdf>.
Acesso em: 14 set. 2016.

Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2011. Geografia. Questão
29. Adaptada. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2011/
GEOGRAFIA.pdf>. Acesso em: 14 set. 2016.
77
Unidade II – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2008. Geografia. Questão 36.
Adaptada. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/Enade2008_RNP/GEOGRAFIA.pdf>.
Acesso em: 14 set. 2016.

78
79
80
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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