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FILOSOFIA............................................................................................... pág 43
Planejamento 1: Mito e ciência na civilização tecnológica .......................... pág 43
FILOSOFIA............................................................................................... pág 95
Atividade 1: Mito e ciência na civilização tecnológica ................................ pág 95
No intuito de contribuir com seu trabalho em sala de aula, preparamos este caderno com muito
carinho. Por meio dele, você terá a oportunidade de ampliar o trabalho já previsto em seu
planejamento. O presente caderno foi construído tendo como base os Planos de Curso 2024,
que foram elaborados a partir das competências e habilidades estabelecidas na BNCC e no
CRMG a serem desenvolvidas e trabalhadas por todas as unidades escolares da rede pública de
Minas Gerais. Aborda os diversos componentes curriculares e para facilitar a leitura e manuseio
foi organizado de forma linear. Contudo ao implementá-lo em sala de aula, você professor,
poderá recorrer aos planejamentos de forma não sequencial, atendendo às necessidades
pedagógicas dos estudantes. É preciso atentar-se, apenas, para os conhecimentos que são
pré-requisitos, ou seja aquele que foram trabalhados nos planejamentos anteriores e que
precisam ser retomados com os estudantes para a construção do novo conhecimento em
questão.
Por assim dizer, destacamos ainda, que o livro didático continua sendo um instrumento
eficiente e necessário, principalmente por não anular o papel do professor de mediador
insubstituível dentro dos processos de ensino e de aprendizagem. Coracini (1999) nos diz que
“o livro didático já se encontra internalizado no professor (...) o professor continua no controle
do conteúdo e da forma (...)”, reafirmando que, o que torna o livro didático e o que torna os
Cadernos MAPA eficientes, é justamente a maneira como o professor utiliza-os junto aos
estudantes.
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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2024
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e
fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Sociedade, Espaço e Tempo
A) APRESENTAÇÃO:
Caro(a) Professor(a) de Geografia,
É com grande entusiasmo que damos as boas-vindas a você nesta jornada educacional que está prestes a
empreender. Como condutores do conhecimento, sua função é vital na formação de mentes curiosas e na
abertura de portas para o entendimento do mundo ao nosso redor. Nesta missão, propomos uma
sequência didática que não apenas transmitirá conhecimento, mas também despertará o interesse e a
paixão pelos intricados tecidos do espaço, natureza e sociedade.
Inicie sua jornada destacando a importância de explorar o mundo ao nosso redor. Mostre aos seus
estudantes que a Geografia não é apenas sobre mapas e coordenadas, mas uma chave que desbloqueia os
segredos das interações complexas entre o espaço que habitamos, a natureza que nos cerca e as
sociedades que moldamos.
Explore como cada passo humano deixa uma marca na paisagem, e como a paisagem molda as ações
humanas. Destaque como as sociedades se adaptam e transformam o espaço em resposta às mudanças
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naturais e sociais. Esta compreensão profunda forma a base para uma cidadania informada e uma visão
holística do mundo.
Introduza o fascinante conceito de tempo geológico. Mostre como os eventos passados deixam vestígios
no presente e influenciam nosso futuro. Destaque a relevância de entender a escala temporal geológica
para apreciar as mudanças lentas e imperceptíveis que moldaram e continuam a moldar nosso planeta.
Compartilhe os objetivos da sequência didática, destacando como ela incentiva a pesquisa, a análise
crítica e a expressão criativa. Mostre como cada atividade é projetada para nutrir não apenas o
conhecimento, mas também as habilidades essenciais para a vida.
Conclua com um convite à exploração contínua. Encoraje os estudantes a verem o mundo como um
laboratório vivo, cheio de desafios e oportunidades para compreender e moldar um futuro melhor.
Destaque como a Geografia é a chave para desvendar os segredos do mundo e criar cidadãos
responsáveis e informados.
Que esta jornada educacional seja rica em aprendizado, crescimento e, acima de tudo, na formação de
mentes curiosas e cidadãos responsáveis.
O planejamento não apenas garante a cobertura eficaz do conteúdo, mas também permite a
flexibilidade para atender às necessidades específicas da turma. Assim como um navegador ajusta sua
rota em resposta às condições do mar, o professor adapta seu plano para otimizar a experiência de
aprendizagem. Ao longo do bimestre, a avaliação contínua proporciona insights valiosos, permitindo
ajustes quando necessário.
Lembre-se de adaptar as atividades de acordo com a realidade da turma e utilizar recursos adicionais
conforme necessário. A interdisciplinaridade pode ser explorada, integrando conhecimentos de outras
disciplinas.
Boa sorte, Professor! Que sua jornada seja incrivelmente gratificante.
B) DESENVOLVIMENTO:
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paisagem. Anotação no quadro das ideias-chave.
▪ Explanação sobre o conceito de espaço geográfico e como ele é construído socialmente.
Destaque para a interação entre elementos naturais e humanos.
▪ Os estudantes divididos em grupos fazem um levantamento de elementos do espaço geográfico
em sua escola, registrando características físicas e sociais. Cada grupo apresenta suas
observações.
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Se possível, faça uma pequena caminhada pelos arredores da escola ou bairro. Peça aos estudantes
para observarem e anotarem as transformações que identificam, como construções, espaços verdes
modificados, sinalizações etc.
▪ Retorno à sala de aula para discussão em grupo. Cada estudante compartilha suas observações e
reflete sobre como as ações humanas contribuíram para as mudanças no ambiente local.
Distribua revistas, jornais ou imagens impressas que contenham fotos de paisagens urbanas, rurais e
naturais. Os estudantes selecionam imagens que ilustram diferentes formas de transformação pela ação
humana.
▪ Cada estudante cria uma "colagem da paisagem" em uma folha em branco, usando as imagens
selecionadas e adicionando elementos desenhados ou escritos para destacar as transformações
identificadas.
▪ Os estudantes apresentam suas colagens para a turma, explicando as escolhas feitas e as
reflexões sobre como as ações humanas moldam a paisagem. A turma discute em conjunto as
diferentes perspectivas e experiências compartilhadas.
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5º MOMENTO: AVALIAÇÃO E SÍNTESE
▪ Síntese dos principais conceitos abordados ao longo da sequência didática. Destaque para as
interações entre espaço, paisagem e sociedade.
▪ Os estudantes respondem às perguntas ou elaboram um pequeno ensaio sobre como a
compreensão dessas relações pode impactar suas vidas.
Promova uma discussão mais ampla sobre como as transformações locais se relacionam com as
mudanças globais. Questione como as ações locais contribuem para fenômenos globais, como mudanças
climáticas e urbanização em grande escala.
▪ Discussão em sala de aula sobre as aprendizagens da sequência didática e como esses
conhecimentos podem ser aplicados em situações do cotidiano.
▪ Os estudantes escrevem um breve texto reflexivo, destacando as aprendizagens sobre a
construção da paisagem pela ação humana. Podem incluir insights pessoais, observações críticas
e considerações sobre a responsabilidade coletiva.
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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos
e fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Transformações na Paisagem e no Território pelas Dinâmicas de
Sociedades Tradicionais e Urbanas.
A) APRESENTAÇÃO:
Caro(a) Professor(a) de Geografia,
Em suas mãos, repousa a fascinante tarefa de desbravar os caminhos da transformação da paisagem,
guiando seus estudantes por uma viagem no tempo e no espaço. Seu papel vai além de ensinar; você é
um arquiteto do entendimento, um guia na exploração das intrincadas mudanças que moldam nossa
paisagem tradicional e urbana.
Ao abordar as transformações da paisagem tradicional, você não apenas destaca as nuances da vida em
comunidades antigas, mas também inspira uma apreciação mais profunda por nossas raízes. Cada
montanha, rio e vilarejo conta uma história, e sob sua orientação, os estudantes se tornam contadores
de histórias desses cenários ancestrais.
Na imersão nas complexidades urbanas, sua missão se expande para desvendar os segredos das
cidades modernas. Explorar os arranha-céus, ruas movimentadas e espaços públicos significa mais do
que simplesmente entender a geografia urbana. Significa compreender as forças que impulsionam as
metamorfoses contemporâneas.
Como professor de Geografia, você é um catalisador de perspectivas. Ao mostrar como o modo de vida
e a ocupação do espaço transformam paisagens, você instiga a reflexão crítica e inspira uma visão mais
abrangente do mundo que nos cerca. Inspire o pensamento crítico.
Desafie seus estudantes a questionarem as transformações que testemunham. Qual é o impacto social,
econômico e ambiental dessas mudanças? Como as decisões individuais e coletivas influenciam a
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paisagem? Ao instigar a análise profunda, você prepara seus aprendizes para serem pensadores
autônomos e reflexivos.
Explore a compreensão tecnológica. Vivemos na era digital, onde a tecnologia molda a paisagem e a
experiência humana. Capacite seus estudantes a usarem ferramentas tecnológicas para mapear, analisar
dados geográficos e compreender as mudanças em tempo real, preparando-os para a era digital.
Ao inspirar o desenvolvimento dessas habilidades, você não apenas educa, mas prepara seus estudantes
para enfrentarem os desafios e aproveitarem as oportunidades do mundo que se transforma diante
deles.
Lembre-se de adaptar as atividades de acordo com a realidade da turma e utilizar recursos adicionais
conforme necessário. A interdisciplinaridade pode ser explorada, integrando conhecimentos de outras
disciplinas.
Boa sorte, Professor! Que sua jornada seja incrivelmente gratificante.
B) DESENVOLVIMENTO:
Objetivo Geral: Desenvolver a compreensão dos estudantes sobre as características das paisagens
urbano-industriais e analisar os impactos ambientais associados a esses ambientes, promovendo a
reflexão crítica e propondo soluções sustentáveis.
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industriais, incluindo avanços tecnológicos, mudanças econômicas e sociais.
Divida a turma em grupos. Cada grupo pesquisa e apresenta um caso específico de transformação
urbano-industrial, destacando os fatores impulsionadores.
Conduza uma discussão em sala de aula, destacando as semelhanças e diferenças nos casos
apresentados pelos grupos. Incentive análises críticas sobre os impactos dessas transformações.
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REFERÊNCIAS
CARLOS, Ana Fani A. et al. (Org.). A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2003
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; CALLAI, Helena Copetti; KAERCHER, Nestor André; Ensino de
Geografia: práticas e textualizações no cotidiano; estudar o Lugar para compreender o
mundo. Porto Alegre, Editora Mediana, 9ª edição, 2010.
FILIZOLA, Roberto. Didática da geografia: proposições metodológicas e conteúdos
entrelaçados com avaliação. Curitiba: Base Editorial, 2009.
MORAIS, Eliana Marta Barbosa de. As Temáticas Físico-Naturais como Conteúdo de Ensino da
Geografia Escolar. In: CAVALCANTI, Lana de Souza (Org.) Temas da Geografia na Escola Básica.
Campinas, SP: Papirus, 2013
MOREIRA, João Carlos, SENE, Eustáquio de, Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e
Globalização. Geografia – Ensino Médio. 3º Edição, São Paulo – 2016. Editora Scipione.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda e CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e
aprender geografia. São Paulo: Cortez, 2007.
PUNTEL, Geovane Aparecida. Os Mistérios de Ensinar e Aprender Geografia. In: REGO, Nelson;
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; KAERCHER, Nestor André. Geografia: Práticas pedagógicas para o
ensino médio. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2024
História
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência: 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e
fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
Introdução aos conhe- (EM13CHS101): Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas
cimentos históricos. expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias
filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Introdução aos conhecimentos históricos.
A) APRESENTAÇÃO:
A habilidade desenvolvida neste planejamento, consiste em levar os estudantes compreenderem que a
construção da narrativa histórica está relacionada às fontes e às formas de registro que as sociedades,
em diferentes épocas, realizaram. Cada sociedade possui uma forma de registrar sua história e isso
interfere na sua maneira de compreender a narrativa histórica, o espaço histórico e o tempo histórico.
Portanto, a História tem também a sua história, e cada produção histórica pertence a um tempo.
Identificar diferentes fontes históricas (documentos escritos, depoimentos orais, fotografias, objetos,
edificações etc.) significa perceber que a diversidade de documentos históricos possibilita conhecer outras
dimensões da vida humana. Deve-se reconhecer, ainda, que o documento não é a expressão da verdade
absoluta e indiscutível e, por isso, ele deve ser contextualizado e criticado (o porquê, quando, como, por
quem e para quem foi produzido) e confrontado com outros documentos.
[...] O tratamento do tema “fontes históricas na sala de aula” remete, inexoravelmente, ao
estabelecimento de relações com as atuais discussões historiográficas, porque a história, como
componente escolar, ainda que possua especificidades e finalidades que lhes são próprias, não prescinde
de um estreito diálogo com a ciência de referência – no caso a história acadêmica – e com os princípios,
fundamentos e métodos que regem a pesquisa histórica. Tal entendimento não significa decretar a
dependência da história escolar em relação ao conhecimento acadêmico, tampouco tomá-la como um
saber inferior na hierarquia de conhecimentos, mera vulgarização didática de um corpo de saberes
produzido pelos “cientistas”. Sem entrar no polêmico debate que permeia este tema, é preciso admitir
que os dois campos – escolar e acadêmico são portadores de dinâmicas próprias, as quais se relacionam
com inúmeras instâncias e dimensões, de acordo com as finalidades e especificidades de sua atuação.
(CAIMI, 2008).
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No que diz ao uso de documentos/fontes históricas em sala de aula, conclui-se que essa ação colabora
para o desenvolvimento de um papel ativo do estudante nos processos que envolvem compreensão e
interpretação. Mais do que objetos ilustrativos, as fontes são trabalhadas no sentido de desenvolver
habilidades de observação, problematização, análise, comparação, formulação de hipóteses, crítica,
produção de síntese, reconhecimento de diferenças e semelhanças, enfim, capacidades que favorecem a
construção do conhecimento histórico numa perspectiva autônoma.
B) DESENVOLVIMENTO:
1º MOMENTO
Professor (a), inicie a aula perguntando aos estudantes: Você sabe o que é História? Por que estudá-la?
Faça na lousa uma tempestade de ideias. Em seguida, utilizando as informações registradas, destaque
que a História é considerada uma ciência humana, pois busca compreender as relações dos indivíduos
em sociedade ao longo de períodos diversos. Ela nos convida a uma viagem que percorre a
transformação de homens e mulheres, sua forma de viver, as mudanças que ocorrem nas sociedades...
estudar História nos permite conhecer lugares distantes, tempos passados, culturas, diversos
acontecimentos e ações, além de nossa própria História.
Fonte histórica: para os historiadores, é todo e qualquer registro da passagem dos seres humanos
pelo tempo.
A análise do passado também pode ajudar a construir e entender nossa própria identidade, pois nossa
trajetória anterior, ou seja, nossa história particular, foi o que nos formou como indivíduos únicos no
presente. Estudar História é permitir que o sujeito construa um domínio sobre a sociedade do presente
com base na compreensão das sociedades do passado, tornando necessário interrogar o tempo que já
passou a partir do tempo atual. Para isso, é fundamental utilizar a memória histórica, que ajuda na
reflexão sobre os fatos ocorridos. Preservar a memória histórica é resgatar e afirmar a identidade
coletiva para a construção da cidadania, pois sem memória não é possível compreender sequer as
origens de uma sociedade.
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Professor (a), peça aos estudantes que leiam o texto disponível na seção Anexo e respondam às
perguntas apresentadas.
Professor (a), faça uma breve explicação do que foi o conflito da Segunda Guerra Mundial e apresente o
contexto histórico em que o diário foi escrito. Explore o diário como uma fonte histórica, no que diz
respeito aos detalhes vividos pelo autor na época em que foi escrito. Neste momento, retome o trecho
do diário de Anne Frank para ambientar o cotidiano da autora com a realidade dos estudantes. Levante
outros questionamentos:
• Como você descreveria sua trajetória escolar até o momento?
• Seria possível não citar fatos do dia a dia no seu relato? (Se a resposta for não, questionar:
Como escrever uma história sem contextualizar, ou descrever o que acontece em volta da
realidade?)
• Esse foi o primeiro dia do diário. É possível imaginar que a autora iria viver momentos difíceis?
Para finalizar esse momento retome a contextualização da proposta do diário. Os estudantes deverão
refletir sobre os questionamentos levantados. Peça a eles que produzam um texto do gênero diário
contando como foi a proposta trabalhada durante a aula. Os relatos devem ser curtos - não exceder 20
linhas - por causa do tempo.
2º MOMENTO
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Professor (a), após a explicação acerca dos diferentes tipos de tempo, solicite aos estudantes que
respondam a seguinte questão:
AUERBACH, E. Mimesis: a representação da realidade na cultura ocidental. São Paulo: Perspectiva, 1971.
Para finalizar esse momento retome tudo o que foi estudado até o momento e oriente os estudantes a
escreverem um parágrafo sobre a importância do estudo da História na sua vida. Eles deverão pensar
em como a História pode ajudar na compreensão de quem eles realmente são.
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ANEXO
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas. Pudera! Era dia do meu aniversário. É claro que eu
não tinha permissão para levantar àquela hora, e por isso tive de refrear a minha curiosidade até às
quinze para as sete. Aí então não agüentei mais e corri até a sala de jantar, onde recebi as mais
efusivas saudações de Moortie (a gata). Logo depois das sete fui dar bom-dia à mamãe e ao papai, e,
depois, corri à sala de estar para desembrulhar meus presentes. O primeiro que me saudou foi você,
possivelmente o melhor de todos. Sobre a mesa havia também um ramo de rosas, uma planta e
algumas peônias; durante o dia chegaram outros. Ganhei uma porção de coisas de mamãe e papai e
fui devidamente presenteada por vários amigos. Entre outras coisas, deram-me um jogo de salão
chamado Câmara Escura, muitos doces, chocolates, um quebra-cabeça, um broche, os Contos e
lendas dos Países Baixos, de Joseph Cohen, Daisy e suas férias nas montanhas (um livro espetacular)
e algum dinheiro. Agora posso comprar Os mitos da Grécia e Roma — que legal! Lies veio então
apanhar-me para irmos à escola. No recreio, distribuí biscoitinhos doces para todo mundo, e então
tivemos de voltar às aulas. Agora preciso parar. Até logo. Acho que vamos ser grandes amigos.
Fonte: HISTÓRIA. Prefeitura de Salto. Secretaria Municipal de Educação. Salto, 3 nov. 2018. Disponível em:
https://salto.sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/10/5o-ANO-HISTORIA-3.pdf.
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REFERÊNCIAS
AUERBACH, Erick. Mimesis: a representação da realidade na cultura ocidental. São Paulo: Perspectiva,
1971.
BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Sala de aula invertida: Uma metodologia ativa de aprendizagem.
Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembrança de velhos. São Paulo. Companhia das Letras, 1994.
CAIMI, Flávia Eloísa. Fontes históricas na sala de aula: uma possibilidade de produção do conhecimento
histórico escolar? Anos 90. Porto Alegre, v.15, p 129-150, dez. 2008.
HISTÓRIA. Prefeitura de Salto. Secretaria Municipal de Educação. Salto, 3 nov. 2018.
Disponível em: https://salto.sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/10/5o-ANO-HISTORIA-3.pdf.
Acesso em 16 out. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20d
o%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 16 out. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de Formação
e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 16 out.
2023.
MOTOOKA, Débora Yumi. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.
PINSKY, Carla. (Org). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2001.
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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência: 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos
e fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
A Pré-história humana. (EM13CHS102): Identificar, analisar e discutir as circunstâncias
históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e
culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução,
modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando
criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que
contemplem outros agentes e discursos.
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A Pré-história humana.
A) APRESENTAÇÃO:
A habilidade diz respeito a examinar o que os cientistas sabem a respeito da origem do homem e que
provas ou informações sustentam suas hipóteses. Suas pesquisas respondem a todas as perguntas? As
hipóteses já foram refutadas? Como os povos antigos explicavam o surgimento do homem? A origem da
humanidade é ainda uma grande interrogação, apesar de todo conhecimento científico acumulado. Os
mitos cosmogônicos ou de fundação trazem explicações distintas sobre a origem dos seres humanos: ela
se deve a um deus criador, a um espírito, a um animal, ao céu, à terra, a uma árvore, a uma rocha, ao
ovo primordial ou simplesmente ao nada.
Além disso, a habilidade consiste também em reconhecer que os grupos humanos deixam vestígios e
alterações na paisagem (modificação do solo, mudança na topografia, deslocamento de rochas,
gravações rupestres, acúmulo de artefatos etc.), entendendo que essas transformações servem de
indícios para a elaboração de hipóteses sobre a presença humana, mesmo sem a descoberta de fósseis
humanos. Assim, por exemplo, os vestígios de roças indígenas, os sambaquis, as colinas artificiais da
ilha do Marajó, os restos de paliçadas de quilombos extintos etc. dão informações ou pistas sobre a
dieta daqueles grupos humanos, seu modo de vida nômade ou sedentário, técnicas de fabricação de
artefatos, densidade populacional etc. A habilidade supõe ainda a descrição e análise das modificações
na natureza e paisagem causadas por diferentes sociedades, em especial os povos originários.
No que diz respeito a periodização, é importante destacar que existe uma discussão entre os
historiadores sobre o que marca a passagem da Pré-História para a História. Muitos historiadores
afirmam que a História não deveria ser dividida em Pré-História e História.
Existem três correntes principais, presentes nos livros didáticos da Educação Básica, que tentam
demarcar a passagem da Pré-História para a História. A primeira, e mais comum nos livros didáticos,
utiliza o desenvolvimento da escrita como marco de passagem da Pré-História para a História. Esta
proposta foi desenvolvida no século XIX, no contexto do imperialismo na África e na Ásia. No século XIX
somente fontes escritas eram aceitas pelos historiadores. Desta forma, populações que não
desenvolveram a escrita foram consideradas atrasadas, “pré-históricas”.
O processo de urbanização e a origem do Estado são outros marcos que aparecem nos livros didáticos
como marco de passagem da Pré-História para a História, ambos também desenvolvidos no século XIX e
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que também serviram para legitimar a conquista europeia sobre outros povos. As três visões apontam a
região chamada de “Crescente fértil” como local de nascimento da escrita, urbanização e a origem do
Estado.
Com o tempo, os historiadores passaram a considerar outros vestígios, como desenhos, moradias e
ferramentas deixados pelos povos da época chamada pré-histórica. Essas fontes revelaram muito sobre
o modo de vida e os acontecimentos do passado. Embora os historiadores tenham compreendido que
era possível investigar a História utilizando documentos não escritos, a expressão Pré-História continuou
sendo utilizada.
B) DESENVOLVIMENTO:
1º MOMENTO
Em seguida organize a sala em duplas. Escreva no quadro ou projete e leia o seguinte comando:
Entregue aos estudantes, folhas de papel sulfite, para que possam elaborar, segundo seu próprio ponto
de vista, desenhos que representem a origem dos seres humanos. Eles poderão colorir e criar legendas
explicativas. Durante esse momento, caminhe pela sala e auxilie as duplas que solicitarem sua presença.
Esclareça dúvidas eventuais, no entanto, tome cuidado para não fornecer explicações que comprometam
o protagonismo do estudante na produção dos desenhos.
Ao término da produção divida o quadro em três partes e fixe em uma delas os desenhos produzidos. Os
dois espaços restantes serão preenchidos com a tarefa. Tal divisão permitirá a construção de um quadro
comparativo.
Escolha dois estudantes para explicarem seus desenhos à turma.
Atenção: Não faça correções na produção dos estudantes, pois a intenção desta atividade não é
apresentar um modelo “correto” de explicação da origem dos seres humanos, mas sim expor a
existência de diferentes pontos de vista.
Os estudantes continuarão em duplas. Apresente os textos que tratam sobre a origem dos seres
humanos na perspectiva Maia e Babilônica. Eles podem ser impressos, projetados ou escritos no quadro.
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Selecione dois estudantes para fazerem a leitura dos textos à turma. Em seguida, as duplas devem
elaborar desenhos que representem as narrativas dos textos. Os estudantes poderão fazê-los em folhas
de papel sulfite ou mesmo nas do próprio caderno. Poderão colorir, caso desejem.
A expectativa é que criem desenhos ou mesmo símbolos alinhados às narrativas.
Durante esse momento, caminhe pela sala e auxilie as duplas que solicitarem sua presença. Esclareça
dúvidas eventuais, no entanto, tome cuidado para não fornecer explicações que comprometam o
protagonismo do estudante na produção dos desenhos.
Para a atividade anterior o quadro foi dividido em três partes e apenas uma foi preenchida com
desenhos, portanto, nas duas partes restantes fixe os novos desenhos dividindo-os entre as
representações Maia e Babilônica. Desta forma, irá se formar um quadro comparativo.
Professor (a) faça os questionamentos propostos abaixo, que podem ser projetados, escritos no quadro
ou simplesmente lidos:
• Quais diferenças você observa entre os três pontos de vista sobre a criação do homem
expressos no quadro: sua perspectiva, a Maia e a Babilônica?
• O que há de semelhante entre as origens apresentadas?
• Cite alguma religião que explique a origem do homem a partir de um Deus criador.
Professor (a), os estudantes deverão responder de forma escrita, registrando no caderno. Para finalizar
esse momento, faça uma breve explicação, considerando a participação dos estudantes, sobre os mitos
de origem e sobre a teoria evolucionista.
2º MOMENTO
Professor (a), organize a sala em trios. Tente deixar no mesmo trio estudantes que possam se apoiar
mutuamente para a realização da atividade. Certifique que cada trio possui, no mínimo, um dicionário.
Escreva no quadro as palavras “pré-natal, pré-escolar e cursinho pré-vestibular”.
Em seguida, solicite que os trios discutam o significado de cada uma das três palavras, conduza a
reflexão para que os estudantes identifiquem qual a palavra comum e qual o significado desta palavra.
Solicite, inicialmente, que os estudantes tentem compreender o significado das três palavras sem usar o
dicionário. Pergunte o que é pré-natal. É esperado que os estudantes identifiquem que são exames
feitos pelas mulheres antes do nascimento do filho. Pergunte o que significa Natal, o que é comemorado
no Natal, em 25 de dezembro. É esperado que eles respondam que o Natal comemora o nascimento de
Cristo. Caso os estudantes não consigam compreender o significado das palavras, peça para que
utilizem o dicionário.
É esperado que os estudantes compreendam que pré-natal significa algo como “antes do nascimento”,
que pré-vestibular é um curso feito para quem quer prestar o processo seletivo de alguma faculdade e
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pré-escolar é como era chamado o período anterior ao Ensino Fundamental. É esperado também que os
estudantes identifiquem que a palavra “pré” está presente nas três palavras e que compreendam que
seu significado pode ser algo como “antes” ou “anterior”.
Em seguida, escreva no quadro a pergunta: Qual o significado da palavra Pré-História? Solicite
que os estudantes, em cada trio, discutam sobre a pergunta e que cada estudante faça as anotações da
discussão no seu respectivo caderno. Quando todos terminarem, solicite que três trios, voluntariamente,
exponham as discussões feitas em seus trios para toda a turma.
Professor (a) faça uma breve explicação e contextualização acerca das problemáticas que envolvem
definir a escrita como marco da passagem da Pré-História para a História. Em seguida, entregue para
cada trio um trecho do poema “Perguntas de um trabalhador que lê”, de Bertold Brecht.
Peça para que os estudantes de cada trio discutam sobre o trecho do poema e que registrem as
principais discussões no caderno. Para conduzir a discussão, pergunte qual a ideia central do poema. É
esperado que os trios compreendam que Bertold Brecht valorizou os trabalhadores da “Tebas das sete
portas”, ele questiona quem construiu Tebas, se foram os reis ou trabalhadores. Ele ainda faz referência
aos livros de História, onde estão registrados somente os nomes dos reis, não de quem construiu, de
fato, a cidade. É esperado que, por meio da leitura do trecho do poema, os estudantes compreendam
que todas as pessoas fazem História, que todas as pessoas são agentes da História. A intenção ao
discutir o poema é refletir que os que não leem e escrevem - os operários que construíram Tebas -
também são parte da História, contra, portanto ao argumento de que só existe História quando há
registro escrito.
Professor (a) para que os estudantes percebam que a evolução dos seres humanos na Pré-História
sempre manteve estreita relação com as transformações no meio em que habitavam, pois, na medida
em que modificaram seu modo de vida, também modificaram a forma como utilizavam os recursos
naturais disponíveis, proponha aos estudantes uma atividade no formato de tempestade de ideias
(brainstorming). Projete, imprima ou desenhe no quadro um diagrama com os termos “Seres humanos
pré-históricos”. Solicite aos estudantes que falem aleatoriamente sobre características do modo de vida
dos seres humanos da Pré-História. Para direcionar os estudos, apresente aos estudantes quatro
subtemas sobre o assunto: “alimentação”, “trabalho”, “lazer” e “outras informações”.
Oriente-os para que procurem apresentar ideias que se encaixem nestes subtemas e procure registrar as
informações no quadro. Além de levantar alguns conhecimentos dos estudantes a respeito do assunto,
esta atividade levará o estudante a perceberem suas descobertas e a evolução de seu conhecimento a
respeito do tema.
Em seguida, solicite que os estudantes ainda em trios façam a leitura do trecho do artigo: “Pré-História:
o surgimento do ser humano e os períodos pré-históricos”.
Por meio desta leitura, espera-se que os estudantes entrem em contato com algumas características dos
modos de vida dos seres humanos caçadores-coletores-nômades que viveram na Pré-História durante o
período Paleolítico. Durante a leitura, para instigar o olhar crítico dos estudantes, questione-os sobre a
relação humana com a natureza. Pergunte se nos tempos atuais a exploração dos recursos naturais é
semelhante àquela empreendida pelos indivíduos do Paleolítico.
21
Na sequência, solicite que os estudantes reflitam em respostas para as seguintes questões:
1) Quais eram os recursos naturais que os seres humanos caçadores-coletores necessitavam para
sobreviver?
2) Em sua opinião qual era o impacto da permanência dos seres humanos caçadores-coletores no
meio natural que habitavam?
22
ANEXO
TEXTO: OS MAIAS
Os Maias
A civilização maia surgiu por volta do ano 1800 a.C. na região da mesoamérica, que hoje corresponde
ao sudeste do México, Belize, Guatemala, as partes setentrionais de Honduras e El Salvador [...] A
criação do mundo segundo esse povo é descrita no Popol Vuh, uma coleção épica de lendas, que
conta o início como sendo a escuridão, onde vivia Tepeu e Gucumatz , os deuses primordiais, que
criam o mundo apenas com seu pensamento, e assim todos os animais, que serviriam para tomar
conta da Terra e adorar os criadores. Mas vendo que os animais não podiam falar e não conseguiam
louvá-los, os deuses decidem criar os homens.
SKOLIMOSKI, Kellen; ZANETIC. Mitos de criação: modelos cosmogônicos de diferentes povos e suas
semelhanças. Disponível em: https://www.sab-astro.org.br/wp-content/uploads/2017/03/SNEA2012_TCO20.pdf.
Acesso 23 out. 2023.
TEXTO: OS BABILÔNIOS
Os Babilônios
“Quando [Marduk] ouviu as palavras dos deuses, seu coração o empurrou a criar maravilhas; e
[abrindo] sua boca dirige sua palavra [...] para comunicar-lhe o plano [...] de seu coração: “ vou
juntar sangue e formar ossos; farei surgir um [...] humano [...] vou criar [...] este homem para que
lhe sejam impostos os serviços dos deuses e que eles estejam descansados [...]. Infligiram-lhe seu
castigo: cortaram-lhe o sangue. E com seu sangue formou a humanidade. Impôs sobre ela o serviço
dos deuses, liberando a estes”.
PONTES, Antonio Ivemar da Silva. A “influência” do mito babilônico da criação, Enuma Elish, em Gênesis 1,1-
2,4a. Disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_arquivos/5/TDE-2010-08-13T111852Z-
340/Publico/dissertacao_antonio_ivemar.pdf. Acesso em: 23 out. 2023.
Mitos de origem
Os mitos não são apenas uma tentativa de explicar os fenômenos naturais ou históricas fantasiosas
inventadas pelos povos. Pelo contrário, os mitos são representações da realidade que, por meio de
uma linguagem simbólica, expressam os valores culturais de uma comunidade.
A criação do Universo e dos seres vivos é um tema comum em diversas mitologias, e a análise desses
mitos pode revelar importantes sobre os valores e as crenças que orientam as ações das pessoas de
uma comunidade. Geralmente, os mitos apresentam deuses e heróis que seriam responsáveis pela
organização do mundo.
A imagem abaixo, por exemplo, é uma representação da crença do cristianismo sobre a origem dos
seres humanos. De acordo com essa tradição, o homem teria sido criado por Deus à sua imagem e
semelhança. Dessa crença, surgiu a teoria criacionista, que vigorou por séculos, principalmente no
Ocidente.
23
Porém, a partir do século XIX, foram propostas explicações científicas que divergiam das ideias
criacionistas. Com o tempo, o pensamento científico se tornou cada vez mais corrente e, atualmente,
o criacionismo não é a teoria mais aceita pelos cientistas, apesar de existirem pensadores e religiosos
que defendam esse modo de explicar o surgimento da humanidade.
MOTOOKA, D.Y. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.p.36.
A teoria evolucionista
O evolucionismo é uma das principais teorias científicas desenvolvidas no século XIX. A base dessa
teoria consolidou-se com os estudos do naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829) e do
botânico austríaco Gregor Mendel (1822-1884), que realizaram pesquisas sobre hereditariedade e
genética. Influenciado por esses estudos e pelas próprias observações, o naturalista inglês Charles
Darwin (1809-1882) publicou, em 1859, o livro A origem das espécies.
Nesta obra, Darwin propôs uma teoria da evolução dos organismos baseada no conceito da seleção
natural. De acordo com esse conceito, os indivíduos que estiverem mais adaptados ao ambiente terão
mais chances de sobreviver. À medida que os mais aptos sobrevivem, eles se reproduzem e
transmitem suas características genéticas aos descendentes, fazendo que elas se perpetuem e,
consequentemente, perpetuem sua espécie.
Para Darwin, os seres humanos, assim como os demais seres vivos que existem atualmente, teriam
evoluído de outras espécies. Com essa teoria, ele contestou a explicação bíblica da criação do mundo.
Além de Darwin, há outro nome ligado ao desenvolvimento da teoria evolucionista: Alfred Russel
Wallace (1823-1913). Wallace propôs teorias que também tinham como princípio o conceito chamado
por Darwin de seleção natural. Para alguns historiadores da ciência, trata-se de um caso em que dois
cientistas chegaram a conclusões semelhantes sem que um conhecesse profundamente as hipóteses
levantadas pelo outro. Por isso, parte da comunidade científica considera que Wallace também teria
criado a teoria da evolução.
MOTOOKA, D.Y. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.p.36.
24
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro?
Felipe da Espanha chorou quando sua frota naufragou.
Foi o único a chorar?
Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos.
Quem partilhou da vitória?
A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes comemorativos?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas informações.
Tantas questões.
25
REFERÊNCIAS
BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Sala de aula invertida: Uma metodologia ativa de aprendizagem.
Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembrança de velhos. São Paulo. Companhia das Letras, 1994.
CAIMI, Flávia Eloísa. Fontes históricas na sala de aula: uma possibilidade de produção do conhecimento
histórico escolar? Anos 90, Porto Alegre, v.15, p 129-150, dez. 2008.
GOODY, Jack. Cultura escrita em sociedades tradicionales. Barcelona: Gedisa, 1996.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20d
o%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 16 out. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de Formação
e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 16 out.
2023.
HOMEM PRÉ-HISTÓRICO: VIVENDO ENTRE FERAS_Ep.01. [s. l.: s. n.], 10 set. 2011. 1 vídeo (14min).
Publicado pelo canal UploadsHistorico. Disponível em:
https://youtu.be/DkAblXW1cWQ?si=QWPayr9XlQ3Fk8V0. Acesso em: 23 out. 2023.
MOTOOKA, Débora Yumi. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.
26
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência: 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos
e fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
História, memória e cultura. (EM13CHS104): Analisar objetos e vestígios da cultura material e
imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores, crenças e
práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de
diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: História, memória e cultura.
A) APRESENTAÇÃO:
Esta habilidade consiste em levar os estudantes a pesquisarem, reconhecerem e indicarem quais são os
patrimônios históricos e culturais da cidade de sua vivência. A discussão em torno do porquê de serem
considerados patrimônios implica em inferir, explicar e argumentar, baseando-se em informações
culturais, sociais e políticas a respeito deles.
Este plano busca aproximar o ensino de história da educação patrimonial. Sabe-se que cada instituição
escolar, ao longo dos seus anos de funcionamento, desenvolve características que lhes são próprias por
meio de um legado cultural que é acumulado através das sucessivas gerações de estudantes,
professores, educadores, entre outros profissionais, que deixam suas marcas tanto nos aspectos da
cultura material escolar quanto nos aspectos menos tangíveis desta cultura.
Ao começarmos a entender o valor dos bens culturais de um povo temos que ter em mente o que define
e fundamenta a vida de uma sociedade quanto às suas características, seus costumes, seus
comportamentos, e como esses elementos podem ser registrados e preservados para seus sucessores
em formato de memória e identidade histórica, sendo definido como patrimônio social.
O Patrimônio é tudo o que nos é transmitido como uma herança. O Patrimônio Cultural remete à riqueza
simbólica e tecnológica desenvolvida pelos grupos humanos que nos antecederam. Trata-se de um
conjunto de conhecimentos e realizações de uma comunidade, acumulados ao longo de sua história, que
conferem os traços de sua identidade.
A Constituição Federal apresenta os patrimônios como modos de expressão, formas de criar, criações
científicas e tecnológicas, obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artísticas ou culturais, além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, ecológico e científico (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL, 1988).
Aliado ao conceito de patrimônio histórico está o de patrimônio cultural. Segundo o artigo 216.º da
Constituição, o patrimônio cultural representa os bens: “(…) de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
Segundo o Decreto Lei n.º 25 de 1937, Art. 1.º, “Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o
conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público,
quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor
27
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.”
A importância de se preservar o Patrimônio Histórico está associada à constituição de uma memória
coletiva, considerando que é por meio da memória que nos orientamos para compreender o passado, o
comportamento de um determinado grupo social, uma cidade ou mesmo uma nação. O estímulo da
memória também contribui para a formação de identidade, retomada de raízes, e a compreensão a
respeito da situação sociocultural de um povo.
Sabemos que a História é uma construção social, por isso a consciência da história e a memória são
parte dessa construção, pois permite fixar informações ao longo do tempo e dá identidade ao ser
humano. Nesse aspecto, a memória permite um envolvimento que estimula o sentimento e alimenta a
necessidade de o ser humano saber sobre si, sobre seu passado, sobre seu presente, sobre suas
conquistas. Por isso a memória pode ser definida como um combustível da história humana.
Patrimônio: é tudo aquilo que nos pertence, “nossas coisas”, tudo que pertence a um indivíduo, a uma
instituição, a um lugar, uma região ou uma comunidade. O patrimônio pode ser tanto material como
imaterial. Material é tudo aquilo que é tangível, mensurável, palpável. O Imaterial é composto pelas
nossas crenças, valores, costumes. Desta forma o patrimônio engloba vários segmentos, dentre eles:
ambiental e paisagístico, paleontológico, cultural, arqueológico, histórico, artístico, arquitetônico e
afetivo (memória).
O termo patrimônio histórico-cultural diz respeito a tudo aquilo que é produzido, material ou
imaterialmente, pelo ser humano e que definimos como cultura de uma sociedade. De acordo com sua
importância, em geral, deve ser preservado por representar uma riqueza cultural para a comunidade e
para a humanidade.
O patrimônio é a herança de um povo, que garante a preservação de sua memória e da cultura,
conferindo-lhe identidade e alteridade. São bens potencialmente incorporáveis à memória local, regional
e nacional, compondo parte da herança cultural legada pelas gerações passadas às gerações futuras.
Por isso a valorização do patrimônio histórico-cultural é a valorização da identidade que molda as
pessoas.
Por meio do patrimônio histórico-cultural podemos conhecer a história e tudo que a envolve. Por
exemplo, a arte, as tradições, os saberes de determinado povo. Preservar e valorizar os elementos
culturais de um povo é manter viva a sua identidade. Trata-se, portanto, de um ato de construção da
cidadania.
B) DESENVOLVIMENTO:
1º MOMENTO
Professor (a), inicie a aula explicando aos estudantes que durante muito tempo, a história de várias
comunidades foi ignorada. Isso ocorria porque havia a ideia de que determinadas populações eram
consideradas mais importantes, corretas e interessantes do que outras. Porém, é sabido que cada
cultura guarda seu valor, e nenhuma vale mais ou menos que outra. Todas devem ser igualmente
respeitadas.
28
Após a explicação, oriente os estudantes a responderem às seguintes questões:
1) Imagine que você vivenciou uma cena de preconceito contra uma cultura. O que você faria? De
que modo demonstraria que é importante respeitar as diversas culturas?
2) Através de pesquisa conheça alguns locais e manifestações culturais brasileiras que integram o
patrimônio cultural nacional. Em seguida, destaque se você já visitou, conhece ou ouviu falar de
algumas dessas manifestações.
Professor (a), a primeira questão favorece o diálogo sobre as atitudes cidadãs que os estudantes podem
e devem ter. Ações de valorização da diversidade e de respeito às diferentes culturas devem ser
estimuladas. Se julgar conveniente, elabore na lousa, com os estudantes, uma lista de possíveis atitudes
para a situação proposta. Ressalte que as intervenções devem ser sempre cuidadosas e respeitosas,
evitando provocações ou interações agressivas.
A segunda questão trata-se de uma resposta pessoal. Pode-se solicitar aos estudantes que mencionem
manifestações relacionadas à história do local em que vivem.
Professor (a) oriente os estudantes a efetuarem a leitura do texto a seguir.
Professor (a), após a leitura do texto, solicite aos estudantes que oralmente e em conjunto, definam os
conceitos de cultura, memória e narrativas, usando suas próprias palavras.
Para finalizar esse momento, esclareça que as culturas são diversas entre si e que representam
diferentes pontos de vista e modos de ação em relação ao mundo em que vivemos. Reforce que
nenhuma cultura é melhor ou superior a outra, por isso não devemos fazer juízos de valor quando o
assunto é cultura. O interessante é conhecer e valorizar culturas distintas da nossa, promovendo uma
postura de paz.
Explique aos estudantes que as narrativas que tratam de fatos da vida de pessoas comuns são muito
valorizadas pelos historiadores. Elas podem revelar elementos da vida cotidiana e aspectos das
conjunturas econômicas, políticas e sociais que atingem toda a comunidade.
2º MOMENTO
Professor (a), inicie este momento exibindo aos estudantes o filme “Narradores de Javé” (2004).
Narradores de Javé”
Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1bUc2UJYvCcS2pV1vGpkejkQjTVByIDiR/view?usp=sharing.
SINOPSE
Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de
Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que a cidade pode desaparecer sob as águas de uma
enorme usina hidrelétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adota uma ousada
estratégia: decide preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua
história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a
29
primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.
Professor (a) após a exibição do filme. Pergunte para os estudantes: Por que um mesmo fato pode
ser contado de maneiras diversas? Isso só ocorre no cinema? E a história que estudamos e está nos
livros? Ela é sempre uma verdade absoluta? Fatos contados por pessoas comuns podem ser
considerados documentos históricos?
Professor (a) oriente os estudantes a efetuarem a leitura do texto a seguir.
Professor (a), esclareça aos estudantes por meio de um debate que a temática abordada no filme e
no texto busca valorizar as experiências locais, historizando-as. Essa perspectiva colabora para que os
estudantes possam se reconhecer como sujeitos históricos, assim como seus grupos sociais. Isso
contribui para a desconstrução de possíveis preconceitos sobre quem seriam os agentes históricos,
além de fundamentar o senso de responsabilidade social.
Professor (a), solicite aos estudantes a leitura do texto e realização das tarefas a seguir.
Professor (a), ajude os estudantes a identificarem elementos da cultura imaterial do local onde vivem,
como o tipo de música que se costuma ouvir, uma dança, uma brincadeira, um esporte, um culto
religioso, uma festa, etc. incentive-os a refletirem sobre o elemento citado, perguntando: “Quem o
transmitiu e por quais meios? ”; “Ele se relaciona com algum elemento da cultura material? ”.
Os estudantes devem ser incentivados a valorizarem a história local em que vivem, tendo em vista os
elementos que propiciam formas de intervirem em sua própria história. Para finalizar, ressalte a
importância dos relatos orais nesse processo.
30
ANEXO
TEXTO: CULTURA, MEMÓRIA E NARRATIVAS
História local
A história local ou regional passou a ser estudada por muitos historiadores principalmente a partir da
década de 1980. O estudo de história local possibilitou a aproximação dessa área do conhecimento
com a realidade das pessoas, fazendo com que elas percebessem com mais facilidade a dimensão
histórica de suas experiências.
Os estudos de história local partem de um recorte espacial bem delimitado, como um bairro, uma
cidade, um município ou uma região. Ao estudar um determinado espaço, o pesquisador pode
conhecer as singularidades das experiências, das memórias e das práticas culturais das pessoas que ali
vivem e que têm uma identidade em comum.
Geralmente, o que muda nesse tipo de estudo é que o historiador passa a focalizar mais
detalhadamente a vida cotidiana e as experiências dos sujeitos históricos, enquanto na história
nacional ou universal os acontecimentos, as experiências e os sujeitos são estudados de maneira
ampla e distanciada.
Esse tipo de estudo significou a descentralização da história, vista no âmbito global ou nacional. As
comunidades começaram a ser observadas em suas particularidades, o que permitiu que diferentes
experiências fossem investigadas. Assim, as comunidades rurais, as periferias urbanas, os bairros, as
cidades e as pequenas comunidades passaram a ser estudados com base nas memórias, nos relatos,
nas manifestações culturais e em outros registros produzidos por seus habitantes.
MOTOOKA, D.Y. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.p.27.
31
TEXTO: PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRIA LOCAL
MOTOOKA, D.Y. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.p.29.
Para refletir:
1) Identifique um elemento da cultura imaterial presente em seu cotidiano.
2) Pense no bairro em que sua escola está localizada e identifique elementos que ajudam a
conhecer melhor a história do local e que estejam relacionados a uma memória coletiva.
3) Em sua opinião, qual é a importância de conhecer a história local em que você vive? O que é
possível fazer para conhecê-la?
32
REFERÊNCIAS
BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Sala de aula invertida: Uma metodologia ativa de aprendizagem.
Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembrança de velhos. São Paulo. Companhia das Letras, 1994.
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Casa
Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, [2016]. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 30 out. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20d
o%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 16 out. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de Formação
e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 16 out.
2023.
MOTOOKA, Débora Yumi. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.
RODRIGUES, Robson Antônio. COELHO, Jane Pessoa. O patrimônio histórico-cultural e sua
importância para a sociedade. Fundação de Cultura Elias Mansour, [s.l], 2022. Disponível em:
https://www.femcultura.ac.gov.br/o-patrimonio-historico-cultural-e-sua-importancia-para-a-
sociedade/. Acesso em: 30 out. 2023.
33
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência: 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos
e fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
O surgimento das primei- (EM13CHS105): Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas
ras civilizações. (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas
As Primeiras civilizações: (cidade/campo, cultura/ natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção,
evolução política, socie- material/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
dade, escrita, economia,
(EM13CHS603): Analisar a formação de diferentes países, povos e nações
cultura e religião.
e de suas experiências políticas e de exercício da cidadania, aplicando
conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes de
governo, soberania etc.).
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: As primeiras civilizações
A) APRESENTAÇÃO:
As habilidades desse plano consistem em levar os estudantes a perceberem que os vestígios do passado
podem ser transformados em documentos, pois são registros (escritos ou não) das sociedades antigas.
Os estudantes devem reconhecer a diversidade de registros, onde se incluem documentos escritos,
orais, pictográficos e imagéticos. Deve-se considerar, também, os modos como eles foram produzidos.
Assim, por exemplo, os hieróglifos sobre papiros do Egito Antigo, o cuneiforme da Mesopotâmia talhado
na pedra, os desenhos feitos na cerâmica pelos povos da América andina e até mesmo a maneira como
a história oral dos povos africanos era transmitida fornecem indícios sobre a época, o domínio técnico e
a tecnologia do período.
Este plano propõe uma aproximação dos povos que viveram no contexto da antiguidade, especialmente
os da Mesopotâmia e Egito. Essas civilizações estavam localizadas na região chamada de Crescente
Fértil, por estarem próximas aos rios: Tigre, Eufrates e Nilo, que possuem vazantes em determinados
períodos do ano, fertilizando o solo. O “desenho” de sua localidade no mapa assemelha-se à uma Lua
crescente, derivando desse fato o termo.
Os povos que viveram na localidade se beneficiaram da fertilidade do solo para a prática da agricultura,
e para solucionar os desafios relacionados ao plantio, desenvolveram técnicas importantes (barragens,
reservatórios e canais de irrigação). Inventaram o arado e a roda e tiveram a ideia de utilizar animais na
atividade.
A atividade agrícola estabeleceu a divisão do trabalho: as mulheres semeavam, e cuidavam da plantação
e da alimentação; aos homens cabia a colheita. Faziam uso dos recursos hídricos para navegação e o
comércio. O excedente da produção agrícola era alguns dos produtos que eram comercializados com os
povos vizinhos.
Acerca das mulheres na Antiguidade (especialmente no Egito e na Mesopotâmia) é importante
esclarecer aos estudantes que geralmente a História minimizou a importância destas, pois a figura do
homem sempre foi mais valorizada. Geralmente os livros e os documentários sobre o assunto as
apresentam como donas de casas submissas a seus maridos, cuja única função era ter filhos. Contudo,
34
os estudantes deverão aprender que as mulheres desempenhavam diversas funções na sociedade,
estando presentes em todos os tipos de cargo (dos mais altos até os mais baixos) com leis que
garantiam seus direitos em várias situações.
B) DESENVOLVIMENTO:
1º MOMENTO
Professor (a), inicie avaliando os conhecimentos dos estudantes sobre o conceito de civilização. Com
eles, procure no dicionário a definição do termo. Pergunte: onde teriam surgido as primeiras
civilizações? Em seguida, mostre num mapa-múndi que elas se estabeleceram ao longo de rios, como o
Nilo, o Tigre, o Eufrates, o Jordão e o Amarelo. Por que isso teria ocorrido? Anote as hipóteses da turma
no quadro e distribua texto abaixo. Após a leitura coletiva, discuta as ideias principais com os
estudantes.
Professor (a) oriente os estudantes a realizarem a leitura da reportagem abaixo e em seguida promova
um debate sobre a importância dos recursos naturais no passado e no presente.
Pergunta para orientar o debate: Percebe-se que os rios Eufrates e Tigre já não oferecem à
população a mesma oportunidade de sobrevivência que na Mesopotâmia. De que modo a intervenção
humana na natureza contribui com isso?
Professor (a) oriente os estudantes a realizarem a leitura do texto abaixo, e em seguida responderem
as questões proposta para reflexão.
Professor (a), para finalizar esse momento, solicite aos estudantes a leitura do texto abaixo. Em
seguida reflita com a turma sobre a situação da mulher no Brasil atual. Destaque que a quantidade
de mulheres em cargos políticos ainda é baixa. Em 2009, para reverter esse quadro, foi aprovada
uma lei que garante que cada gênero representa no mínimo 30% e no máximo 70% das
candidaturas nas eleições. A lei gerou o aumento das candidaturas femininas, porém a chegada delas
ao poder ainda enfrenta preconceitos.
2º MOMENTO
35
Professor (a), inicie esse momento apresentando aos estudantes o texto abaixo. Em seguida proponha
as seguintes reflexões:
Adaptado de DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 27.
Esclareça aos estudantes que a civilização egípcia antiga se desenvolveu às margens do Rio Nilo,
localizado no nordeste da África, entre os desertos da Líbia e da Arábia. Há evidências de que
populações humanas já haviam se fixado na região desde o sétimo milênio a.C., mas o processo de
centralização política tem início a partir do quarto milênio a.C. Em seus primórdios, a sociedade egípcia
se organizava em comunidades que chamamos de nomos, espécies de províncias comandadas pelos
monarcas. Com o tempo, essas comunidades foram unificadas e formaram dois reinos independentes: o
36
Alto Egito e o Baixo Egito.
O Rio Nilo, assim como os Rios Tigre e Eufrates, faz parte do chamado Crescente Fértil – região que
apresenta terras férteis em meio aos grandes desertos do Oriente Médio e da África. Nessa área
geográfica, devido à incidência de rios com cheias periódicas, formaram-se as civilizações egípcia,
mesopotâmica, fenícia, entre outras.
Professor (a), solicite aos estudantes que respondam às seguintes questões:
Professor (a), destaque para os estudantes que as águas do rio eram altamente benéficas, já que
permitiam o cultivo em uma região árida, mas suas cheias poderiam ser um obstáculo se não fossem
compreendidas e controladas por meio da construção de diques, canais e barragens. As obras eram
necessárias para que o cultivo em suas margens fosse possível.
O Rio Nilo possuía um regime de enchentes mais previsível do que o de suas contrapartes
mesopotâmicas, cujas cheias decorriam de fatores irregulares, como o derretimento da neve no Planalto
da Armênia e o regime de chuvas na região, que poderiam causar cheias mais agressivas.
Professor (a), para finalizar esse momento, apresente para os estudantes a imagem e o texto a seguir.
Imagem 3: Representação do julgamento do escriba
37
O ritual da mumificação
O corpo era considerado a morada da alma, ou seja, para que a alma pudesse “viver” plenamente na
eternidade, o corpo precisava ser preservado. A maior parte dos ritos funerários tinha origem em
práticas cotidianas que foram acrescidas de significado e de um sentido mágico-religioso. Nos
primórdios desta sociedade, ao morrer, um egípcio era enterrado nas areias do deserto, onde se
encontra uma substância chamada de natrão, uma espécie de sal que conservava o corpo
naturalmente a partir da desidratação. As práticas da mumificação, no entanto, foram sendo
aperfeiçoadas e se tornaram parte fundamental dos rituais religiosos no processo de passagem do
mundo dos vivos para o mundo dos mortos.
A mumificação também implicava gastos, portanto havia diferentes processos de embalsamamento e
preservação, de acordo com a posição social e a capacidade financeira do morto ou de seus familiares.
Isso se repetia nos demais ritos funerários. Em geral, o ritual da mumificação seguia determinados
passos: a retirada dos órgãos internos – com exceção do coração, que era mantido no corpo –, o
preenchimento com serragem e o envolvimento em faixas de linho.
Os egípcios acreditavam que seriam julgados após a morte, no Tribunal de Osíris, pela pesagem do
coração: se este pesasse menos que uma pena de Maat, a alma ganharia vida eterna; se pesasse mais,
seria devorado por Ammit, figura mitológica cuja forma era composta de partes de animais como
crocodilo, leão e hipopótamo.
PEREIRA, et al. História. Livro do Professor. v.1. São Paulo: Editora Somos Sistemas de Ensino, 2023. p.39.
Professor (a), questione os estudantes porque, para os egípcios, o coração não poderia ser mais pesado
que a pena. Esclareça que tal ideia representava a certeza de que o dono do coração não havia se
guiado, em vida, pelos princípios de Maat, ou seja, pelas virtudes da justiça e da verdade. Para os
egípcios antigos, levar uma vida ética, justa e harmônica era uma condição essencial para que a eles
fosse permitido viver após a morte, o que seria aferido por meio da pesagem do coração. Com essa
questão, espera-se que os estudantes possam refletir sobre a busca por virtudes durante a vida, por
parte dos egípcios, baseada na crença em um julgamento após a morte.
38
ANEXO
TEXTO: VOCÊ CONHECE A ORIGEM DA PALAVRA “CIVILIZAÇÃO”?
39
ESTANDARTE DE UR: AS FACES DA GUERRA E DA PAZ (2015)
40
TEXTO: MULHERES PODEROSAS
Mulheres poderosas
Em geral, os pesquisadores afirmam que as sociedades mesopotâmicas eram patriarcais, isto é,
sociedades nas quais os homens ocupavam posições de poder. Porém, o papel das mulheres
mesopotâmicas variava de acordo com o grupo social, a cidade e o povo do qual faziam parte. Por
exemplo, as mulheres que integravam as famílias das elites das cidades-Estado tinham mais liberdade
e possibilidade de exercer o poder do que as camponesas e as artesãs.
A rainha Zenóbia, da cidade de Palmira, na Síria, foi uma dessas mulheres. Ela assumiu o governo da
cidade no ano 260 d.C, após a morte do marido. Sob seu reinado, Palmira se tornou um Império. Em
270 d.C, as tropas de Zenóbia conquistaram toda a Síria, parte do Egito Antigo, chegando até a Ásia
Menor. O domínio de Palmira só cessou quando Zenóbia foi derrotada e sequestrada pelos romanos
antigos.
No Código de Hamurabi, dos babilônios, há trechos que indicam que as mulheres dessa sociedade
estavam em pé de igualdade com os homens e eram reconhecidas praticamente como iguais nas
relações matrimoniais, com direito a se divorciar e a receber heranças.
A posição de sacerdotisa também garantia às mulheres mesopotâmicas mais influência política.
Aquelas que conquistaram essa posição podiam aprender a escrita cuneiforme e os conhecimentos de
astronomia e matemática, além de se reunir com os governantes para deliberar os rumos políticos. A
princesa acádia Enheduanna, filha do rei Sargão I, é um exemplo disso: desempenhou importante
papel diplomático durante o governo de seu pai e foi considerada a principal liderança religiosa no
período.
MOTOOKA, D.Y. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.p.78.
41
REFERÊNCIAS
BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Sala de aula invertida: Uma metodologia ativa de aprendizagem.
Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019.
Brasil. Presidência da República. Constituição Da República Federativa Do Brasil de 1988.Casa
Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, [2016]. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 30 out. 2023.
CAMPBELL, Robertson. Sufocado por vizinhos e secas, Eufrates está sumindo no Iraque. O Estado
de S. Paulo, São Paulo, 2022. Disponível em https://encurtador.com.br/lDGJ1. Acesso em: 01 nov.
2023.
COURI, Aline. O estandarte de Ur: as faces da guerra e da paz. História das Artes Visuais, [S. l.], 27
nov. 2015. Disponível em: https://hav120151.wordpress.com/2015/11/27/estandarte-de-ur/ . Acesso
em: 01 nov. 2023.
DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20d
o%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 16 out. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de Formação
e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 16 out.
2023.
MOTOOKA, Débora Yumi. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.
PEREIRA, et al. História. Livro do Professor. v.1. São Paulo: Editora Somos Sistemas de Ensino, 2023.
42
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2024
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos epistemológicos e
científicos, de modo a compreender e se posicionar criticamente com relação a esses processos e às
possíveis relações entre eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em
argumentos e fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
43
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Mito e ciência na civilização tecnológica.
A) APRESENTAÇÃO:
Neste planejamento iremos explorar alguns conceitos/ideias que perpassam as principais tradições
filosóficas. O nosso ponto de partida será a seguinte premissa: o ser humano é um ser de cultura. Mas o
que significa essa premissa sob o prisma filosófico? Significa que o ser humano atua sobre a natureza
para modificá-la. Contudo, ao agir sobre a natureza modificando-a ele também modifica a si mesmo,
modificando assim a sua própria natureza. A cultura é um dos aspectos dessa transformação que o
homem opera no seu entorno (ambiente) mediante o trabalho. Ao afirmarmos que o ser humano é um
ser de cultura, implícito está nessa afirmação que ele é um ser social e que a dimensão da sua
sociabilidade é compartilhada com outros seres humanos. Portanto, o ser humano não pode viver de
forma isolada, recluso.
O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) traduziu esses termos afirmando que o homem é um animal
político. Político enquanto um animal social produtor de cultura que vive em uma cidade. Uma vez que a
vida humana fora dos recintos da cidade (pólis) seria inviável, pois não permitiria ao homem desenvolver
a sua potencialidade, entendida pelo Estagirita como animal político.
O mundo da cultura, por sua vez, produz várias manifestações de cunho simbólico. Podemos aqui
elencar algumas dessas manifestações: mito, arte, filosofia, religião, política e ciência. É através dessas
manifestações culturais que o ser humano construirá a sua existência sempre compartilhada com os
outros, atribuindo um significado a todas às suas ações e relações. Também é por meio dessas
manifestações que toda uma tradição de pensamento, no caso do mundo ocidental, usando
preferencialmente a escrita, transmitirá o seu legado cultural para a posterioridade. Na tradição
ocidental de pensamento, que é aquela na qual nós estamos inseridos, a tradição grega continua a
exercer uma forte influência cultural transmitida ao longo dos séculos - e nós, portanto, somos os
herdeiros dessa tradição milenar em diversos âmbitos da nossa cultura. Se quisermos entender melhor
como essas manifestações fazem parte do nosso cotidiano de vida, como elas influenciam a nossa
maneira de ser, pensar, agir e sentir, precisamos voltar os nossos olhares uma vez mais para o berço da
civilização ocidental que no presente planejamento explora as contribuições advindas do pensamento
grego.
Assim, o planejamento que ora apresentamos se constitui como um valioso aporte para que vocês
possam pensar e executar, a partir desta proposta pedagógica, outros inúmeros recursos metodológicos
que tornem as aulas de filosofia mais criativas, críticas e sobretudo atrativas. Para atingir tal objetivo é
de extrema relevância que você apresente de forma bastante clara para os estudantes o que a
competência e as habilidades aqui trabalhadas podem contribuir para o desenvolvimento da reflexão
filosófica no ambiente escolar.
Pesquisar outros recursos metodológicos que complementem o material aqui apresentado é de grande
importância e é tarefa do professor prover esses materiais uma vez que ele é também um
pesquisador/investigador. É importante frisar que esses recursos que aqui apresentamos não são
estáticos e sim dinâmicos. Portanto, deverão ser adaptados conforme o contexto e a realidade de cada
escola por onde esse planejamento chegar e será, portanto, o contexto e o ambiente em que a escola
estiver inserida que irá determinar qual a melhor forma de explorar os recursos metodológicos aqui
presentes.
Você irá perceber, com o passar do tempo, que expor de forma metódica o percurso que irá fazer junto
aos estudantes em suas aulas de filosofia irá facilitar a visualização dos fins pedagógicos almejados.
44
Com essa finalidade em perspectiva é possível conversar e perguntar de maneira interativa (nunca de
forma unilateral) qual a percepção dos estudantes quanto à apresentação do material - o que lhe
permitirá anotar, sempre que possível, as contribuições da turma, de modo a aperfeiçoar cada vez mais
o seu trabalho docente.
Vale reiterar aqui como a percepção dos estudantes acerca do desenvolvimento das aulas de filosofia
pode ser valiosa. Certa vez, trabalhando sobre a expansão do helenismo junto aos estudantes,
exploramos a importância de Alexandre, O Grande para este processo histórico. Sem um mapa-múndi
ou um globo terrestre à disposição, continuamos apostando no uso de nossa voz, na crença de que os
estudantes visualizariam tudo o que estava sendo dito. Em dado momento, a aula foi interrompida por
um estudante, que fez a seguinte pergunta: “Professor, você conhece a música Alexander the Great, do
Iron Maiden?” Respondemos que não conhecíamos a música, mas que iríamos pesquisar a respeito. No
final das contas, a intervenção desse estudante foi fundamental para ressignificarmos o uso de recursos
metodológicos em sala de aula: ao escutarmos posteriormente a música foi possível perceber que ela
continha todos os elementos que haviam sido abordados anteriormente em sala de aula - porém sem a
monotonia que caracterizou a nossa exposição oral. Além disso, essa experiência nos permitiu
vislumbrar possíveis intervenções interdisciplinares em associação com habilidades que compõem, por
exemplo, a área de Linguagem e suas Tecnologias (uma vez que a música estava em inglês). Preciosa
contribuição.
Pois bem: o que você pensa a respeito da experiência narrada logo acima? Já se deixou interpelar
assim? Lembre-se que a sala de aula é uma espécie de laboratório em que as práticas pedagógicas
precisam constantemente ser reformuladas, aperfeiçoadas ou até mesmo substituídas para não se
tornarem obsoletas. Estamos vivendo em uma época em que os aparatos científicos e tecnológicos estão
operando uma grande revolução em todo o nosso tecido social e o conhecimento é cada vez mais
compartilhado em forma de rede (como o que está acontecendo aqui agora nesse planejamento).
Aquela ideia da pedagogia tradicional que sustenta o professor como autoridade absoluta em relação ao
conhecimento (o professor como o único detentor do saber) e os estudantes como os receptores destes
conhecimentos (daí o termo pejorativo que concebe os estudantes como recipientes vazios nos quais
depositamos saberes distintos) não pode ditar o tom das relações de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos em sala de aula hoje em dia.
Essa abordagem bancária da educação (que trata o estudante como depósito de conhecimentos) está
em decadência e precisa ser atualizada a partir de novos paradigmas, tal como os estudos de natureza
psicológica propostos por Vygotsky - que tratam da importância das interações sociais como fundamento
para o desenvolvimento cognitivo do sujeito. Essa abordagem nos sugere que o sujeito (estudante),
longe de ser passivo no processo de ensino e aprendizagem, exerce a função de sujeito ativo em relação
ao seu desenvolvimento tanto cognitivo como social mediado pela linguagem. Assim, tal como afirma
Vygotsky, o desenvolvimento humano é um processo de aprendizagem que ocorre na interação entre o
indivíduo e o ambiente sociocultural que o cerca, limitado por seu aparato orgânico de natureza
biológica, por um lado, e pela soma de suas experiências, por outro.
B) DESENVOLVIMENTO:
1º MOMENTO
45
Inicialmente, após conversar com os estudantes sobre as competências e as habilidades propostas para
serem desenvolvidos a partir deste planejamento, resgate alguns saberes prévios da turma como, por
exemplo: qual a importância do pensamento mitológico em uma sociedade científico-tecnológica?
Como os estudantes compreendem o mito? O que o mito tem a nos dizer para a nossa sociedade atual?
Obviamente, outros questionamentos poderão surgir dessa primeira interação. O objetivo principal desse
primeiro contato é suscitar o engajamento da turma com o tema da aula. É sempre bom lembrar que a
dinâmica do conhecimento atinge o ser humano na sua integralidade. A educação não visa somente
desenvolver aspectos cognitivos, mas busca o desenvolvimento do ser humano entendido em sua
totalidade. Portanto, nós humanos aprendemos utilizando tanto as nossas emoções/sentimentos quanto
a nossa razão - sendo as nossas emoções/sentimentos a porta de entrada para as nossas experiências
com o mundo. Isso será determinante porque só é possível mobilizar os nossos recursos cognitivos,
afetivos (força vital) para o processo de aprendizagem se o tema em questão afetar os meus sentidos,
as minhas emoções. Se não me afeta, não entra no meu campo de sentido e significado.
Abaixo alguns recursos que poderão ser utilizados nessa etapa inicial em um primeiro contato com o
tema a ser estudado:
SITE: BBC NEWS BRASIL – Brasil é ‘vice’ em tempo gasto em redes em ranking
dominado por emergentes.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-49602237.
O documentário acima é uma entrevista entre Bill Moyers e Joseph Campbell onde o tema central da
entrevista gira em torno dos aspectos mitológicos da nossa cultura. Temas como o conhecimento, o
amor, o sofrimento, o casamento, o nascimento, a morte, a trajetória do herói, o sacrifício ritual e até
personagens heroicos do filme Guerra nas Estrelas são tratados de uma forma bastante original. Essa
abordagem provavelmente irá cativar os estudantes, uma vez que trata de experiências humanas que,
de uma forma ou outra, todos nós passamos por elas. Assistindo ao documentário será possível
perceber que o mito não é uma realidade distante das nossas vivências humanas, estando muito mais
próximo de nós do que imaginamos. Esse é um dos objetivos ao trabalhar com essa habilidade ao
identificar aspectos comuns em várias linguagens ou narrativas mitológicas que nos aproximem do tema
do mito em nosso mundo atual.
Busque aguçar a imaginação dos estudantes relacionando temas como o do conhecimento ou do
sofrimento às nossas experiências cotidianas, demonstrando esses temas como se inscrevem dentro de
uma tradição mitológica bem consolidada: retomam, por exemplo, o mito de Prometeu que rouba o fogo
dos deuses e o entrega à raça humana, assim como o sofrimento enquanto característica de figuras
heroicas abordadas na literatura e no imaginário social brasileiros. Numa perspectiva mitológica, o herói
é aquele que age para redimir toda a sociedade, não vivendo somente para si. O documentário sugerido
acima traz uma diversidade de concepções mitológicas - desde as clássicas até as contemporâneas - e
pode ser dividido em várias partes para ser trabalhado ao longo de diversas aulas. A seguir, propomos
uma sequência didática abordando a questão mitológica.
46
Sensibilização: O primeiro contato dos estudantes com o tema da aula busca suscitar, através das
ideias apresentadas no documentário sugerido anteriormente, reflexões sobre os componentes
mitológicos que costumam permear as nossas experiências de vida - mesmo quando não nos damos
conta disso. Uma vez que o documentário é dividido em episódios, você pode personalizar a sua
abordagem pedagógica selecionando os trechos do vídeo conforme julgar pertinente. Do mesmo modo,
a partir dessa perspectiva você pode organizar a quantidade de aulas necessárias para explorar esse
tema com base no material sugerido neste planejamento. Uma alternativa para viabilizar o
desenvolvimento de reflexões significativas sobre a dimensão mitológica que permeia as nossas vidas,
sem perder de vista a sua complexidade e o pouco tempo que geralmente temos à nossa disposição, é
sensibilizar os estudantes a partir de exemplos típicos de seus cotidianos. Nesse momento de
contextualização, a flexibilidade é construtiva e a rigidez um potencial inimigo.
A partir dessas considerações convide os estudantes a se organizarem em pequenos grupos para
debaterem sobre o tema, tendo como referência alguma figura heroica que eles conheçam. Para essa
atividade, as histórias em quadrinhos podem fornecer um amplo material inspirado e apoiado por
perspectivas mitológicas (Ex.: Homem- Aranha, Superman, Hulk, Mulher-Maravilha). O saber prévio dos
estudantes é muito importante nesse momento porque é a partir dele que você poderá fazer a conexão
com os objetos de estudo explorados neste planejamento. O estudante, por sua vez, poderá registrar
em seu caderno algumas das experiências debatidas no grupo, evidenciando de que modo os mitos se
fazem presente nas narrativas das figuras heroicas exploradas em sala de aula e em vivências comuns
do nosso dia a dia.
A importância das normas sociais: A adolescência como ritual de passagem da infância para
uma nova forma de vida onde é preciso introjetar valores sociais como o trabalho é um bom
exemplo a ser explorado. Outro exemplo é quando nos vestimos de uma determinada forma e não
de outra (Ex.: o uniforme escolar), o que reforça a ideia de coesão social, normas, pertencimento e
identidade que grupos de pessoas precisam cultivar para continuarem a ser aceitos pelos demais.
Do contrário, será excluído. Se você começa a trabalhar em um determinado ambiente onde todos
usam um determinado tipo de vestimenta e você passa a ir para esse local usando outros trajes,
naturalmente você será questionado do porquê estar se vestindo de uma maneira diferente do
restante do grupo.
Problematização: Neste momento do planejamento resgate o saber prévio dos estudantes e promova
problematizações acerca do tema da aula. Para tanto, convide os estudantes a se organizarem em
pequenos grupos e conduza esse momento interagindo com cada um deles a partir de questionamentos
como: qual a relação do mito com as parafernálias tecnológicas que dominam as nossas vidas
atualmente? Afinal, qual a utilidade do mito em nossas vidas? A partir de perguntas como essas é
possível sondar a capacidade de compreensão dos estudantes sobre o âmbito dos mitos, desdobrando
as suas respostas em novas problematizações que os conduzam a refletir sobre as suas vidas concretas
e o quanto os mitos ainda hoje impactam as suas rotinas. Para tornar esse debate ainda mais instigante,
explore junto à turma os seguintes trechos do mito de Prometeu:
[...] Mas Zeus escondeu-o, encolerizado em seu coração, porque o enganara Prometeu
de curvo pensar. Por isso maquinou amargos cuidados para os humanos, e escondeu o
fogo. Por sua vez, o bom filho de Jápeto (50) roubou-o do sábio Zeus para dá-lo aos
humanos numa férula oca, passando despercebido a Zeus a quem alegra o trovão.
Encolerizado, disse-lhe Zeus que ajunta nuvens: “Filho de Jápeto, mais que todos fértil
em planos, alegras-te de ter roubado o fogo e enganado minha inteligência, (55) o que
será uma grande desgraça para ti próprio e para os homens futuros. Para compensar o
47
fogo lhes darei um mal, com o qual todos se encantarão em seu espírito, abraçando
amorosamente seu próprio mal.” (HESÍODO, p. 65)
Atualizar, estabelecer relações e contextualizar o que se estuda é sempre um desafio para o professor e
para os estudantes. Nesse sentido, transite pelos grupos e esclareça para os estudantes o objetivo da
narrativa mitológica, mostrando que ela não busca fornecer uma explicação científica acerca dos
fenômenos da natureza, muito menos explicar como funciona o universo como um todo. Ao contrário, a
narrativa mitológica busca narrar a origem, o nascimento de aspectos relevantes para a nossa cultura.
No caso de Prometeu, a narrativa mitológica busca entender como se deu a origem do conhecimento
humano que é simbolizado pela metáfora do fogo. Foi a aquisição deste que permitiu ao ser humano
construir o mundo da técnica. Em suma, foi com a centelha divina que a raça humana passou a exercer
o domínio sobre a natureza. Uma metáfora contemporânea para nos ajudar a pensar essas questões
seria o próprio computador.
Pergunte aos estudantes se eles já pararam para pensar na seguinte analogia. O computador,
basicamente, pode ser compreendido em duas partes funcionais. A primeira parte funcional é o
software. O software diz respeito aos programas que fazem com que a máquina funcione, como os
aplicativos e o sistema operacional. A segunda parte funcional é o hardware. O hardware é a parte física
de um computador, as peças que o compõem. O monitor, o teclado, a impressora e o mouse são
exemplos de hardware. No hardware encontramos a unidade central de processamento (CPU) que
possui uma placa-mãe de onde chegam e saem diversas ramificações que conectam a máquina a outras
partes.
Essa imagem nos faz lembrar do nosso próprio cérebro e as suas ramificações quase infinitas de
neurônios. É uma imagem que reflete a capacidade técnica da raça humana de inventar e criar objetos
que nos trazem conhecimento quando utilizados adequadamente. Enfim, seria uma nova metáfora do
fogo roubado por Prometeu.
48
que gastam mais tempo nas redes sociais. São 225 minutos por dia gastos subindo e descendo a tela
das redes sociais. São mais de 3 horas diárias.
Considerando que a pesquisa foi feita no primeiro ano da pandemia de Covid-19 e que houve um
recrudescimento no ano seguinte em decorrência dos efeitos colaterais da pandemia (como isolamento
social), é de supor que houve uma oscilação para cima no tempo gasto em navegação pelas redes
sociais - chegando hoje a 5 horas diárias. De posse desses dados, oriente os estudantes na construção e
tabulação de dados em seus cadernos com as seguintes informações:
Irmãos Amigos
Mãe Pai Tios (as) Avós
(as) (as)
Conceituação: Uma vez construída a tabela com as informações acima requisitadas, destaque para os
estudantes como eles produziram conhecimentos que podem ser compartilhados com os outros
colegas e também podem ser discutidos de forma aberta para enriquecer o debate que transcende a
sala de aula. Correlacionar a analogia entre o fogo roubado de Prometeu que representa a posse do
poder e do conhecimento e o smartphone que também é um símbolo de conhecimento e poder é um
imperativo que você deve explorar em sala para a produção de novos conceitos pelos estudantes. São
duas imagens (fogo e smartphone) muito sugestivas para dar asas à imaginação.
Socializando o que pesquisou/aprendeu: o que aprendi com essa pesquisa que até então eu
não sabia? Provavelmente muitos estudantes ficarão surpreendidos com alguns resultados obtidos a
partir da pesquisa. Na sala de aula em pequenos grupos o professor poderá convidá-los a
apresentar os seus resultados apontando semelhanças e diferenças encontradas ao longo da
pesquisa. Qual o ponto que mais convergiu na pesquisa? Qual o ponto que mais divergiu?
Mapas mentais como registro do que foi assimilado: A construção de mapas mentais é uma
ferramenta poderosa que ajuda na assimilação de conteúdos de forma bastante sintética. É um
recurso que pode ser explorado tanto individualmente como em grupo e que pode ser
confeccionado utilizando variados recursos didáticos: seja usando o caderno de anotações em sala
49
de aula, slides para fazer uma apresentação/projeção envolvendo mais estudantes etc.
Aprofundando a pesquisa: As redes sociais têm um poder enorme de dar visibilidade a
conteúdos publicados. Nessa perspectiva, um desafio significativo que pode ser proposto para a
turma com base nos conteúdos apresentados neste planejamento é a construção de um blog onde
serão apresentadas as tabelas realizadas em sala de aula - agora, em outro ambiente, e com
informações sobre como a sua escola trabalha com as novas tecnologias. Outro ambiente propício
para dar publicidade para o que foi pesquisado são as Feiras de Ciências que acontecem
regularmente no recinto escolar. Conforme a temática a ser abordada na Feira de Ciências, outros
estudantes poderão ser envolvidos na atividade.
2º MOMENTO
Neste segundo momento do planejamento conscientize os estudantes acerca do que está sendo
discutido com a turma. É importante nunca perder o foco e nem o elo do primeiro momento com a
sequência didática proposta neste segundo momento do planejamento. Lembre-se de que estamos
abordando o tema “Mito e ciência na civilização tecnológica” sob um ângulo filosófico. Quais os tipos de
linguagens que esses saberes utilizam? A respeito da linguagem mitológica já chamamos a atenção de
que ela se vale de analogias e metáforas para mostrar a origem de aspectos cruciais da cultura humana.
Exploramos a metáfora do fogo e sua relação com o conhecimento no mito de Prometeu.
Agora é a vez de explorarmos um outro tipo de linguagem, própria do saber científico, que possui
diferenças substanciais com relação à linguagem mitológica. O que diferencia esses saberes? Quais os
pontos em comum entre eles? Há saberes superiores e saberes inferiores? Vejamos isso agora mais de
perto.
Sensibilização: O objetivo dessa etapa é demonstrar através de exemplos experimentados no nosso
cotidiano de como as nossas vidas estão submetidas a uma égide do pensamento científico. O professor
através de um simples exercício com os estudantes procurará chamar a atenção para esse aspecto. Olhe
ao seu redor e nomeie junto com os estudantes objetos que trazem um selo científico. Um exemplo:
lembrou-se do exemplo do hardware do planejamento anterior? E a placa-mãe do computador? Eis um
bom ponto de partida que dialoga com os saberes prévios dos estudantes. Na placa-mãe de um
computador existem muitos saberes científicos aplicados. Por exemplo, nos chips dos nossos
computadores podemos encontrar alguns elementos químicos como o Alumínio (Al), que é um bom
condutor elétrico e está presente nos monitores. O Mercúrio (Hg) também pode ser encontrado em
monitores, tal como o Alumínio (Al), o Arsênio (As) e o Silício (Si) - este também encontrado nos
circuitos integrados responsáveis por realizar uma ampla variedade de funções eletrônicas (incluindo
operações matemáticas). O Lítio (Li) nas baterias etc. Em suma, nesta breve caracterização já
encontramos três ramos do saber científico aplicados em um único objeto: química, física e matemática.
Podemos ainda aumentar esse leque de saberes se pensarmos, por exemplo, que o descarte das
baterias em locais inapropriados provoca danos ambientais. Daí a importância dos pontos de descarte
específicos para estes objetos. Com isso, você pode trazer para a discussão outros componentes
curriculares como biologia, geografia etc. enriquecendo ainda mais o tema de estudo.
50
Junto aos estudantes, destaque a diferença básica entre linguagem científica e linguagem mitológica,
evidenciando como a primeira está preocupada em descrever o funcionamento das coisas. Como uma
máquina (computador) funciona? A ciência - no caso, as ciências da natureza - busca fazer explicações
causais acerca das inúmeras funções encontradas em um objeto. Já a segunda, a linguagem mitológica,
nos fornece uma compreensão, uma interpretação de como a cultura se apropria do conhecimento.
Adiante, voltaremos a tratar acerca da diferença entre explicação e compreensão, o que será
determinante para podermos falar sobre as ciências da natureza e as ciências humanas.
Problematização: Como o saber científico pode ser tornar problema? Viver sob um enorme aparato
tecnológico que se aperfeiçoa dia após dia, trazendo uma infinidade de novos recursos acarreta
problemas de natureza prática para as nossas vidas.
Se pensarmos, por exemplo, na quantidade de aplicativos disponíveis hoje nos smartphones (como
Facebook, Tiktok, Instagram, WhatsApp etc.) vamos descobrir que há uma estreita ligação entre o uso
desses aplicativos e a consequente liberação de dopamina pelo cérebro como mecanismo de reforço de
quando usamos esses mesmos aplicativos. Por exemplo, quando ganhamos sucessivos likes nas mídias
sociais o nosso cérebro responde com liberação de dopamina. Quanto mais likes ganharmos, mais
iremos publicar e os reforços só irão aumentando. Ao passo que se não recebermos likes em nossas
publicações a tendência é de não publicarmos conteúdo. Em suma, estudos recentes têm demonstrado
que aplicativos de mídias sociais são viciantes. Bem-vindo ao mundo da dopamina, uma molécula que a
indústria de tecnologia sequestrou para melhor capturar nossa atenção e nos tornar cada vez mais
viciados.
Um dos principais problemas que você pode levantar junto aos estudantes é o fato de que as mídias
sociais produzem efeitos em nossos cérebros, produzindo alguns comportamentos indesejáveis como
impulsividade, ansiedade, tristeza etc. Com o auxílio do professor de química e de biologia, explicando
como funcionam os nossos neurotransmissores, a aula ganha contornos interdisciplinares e
transdisciplinares. Isso favorece um ambiente rico em diversidade de abordagens e torna a formação
dos estudantes ainda mais interessante. Algumas habilidades da BNCC de Ciências da Natureza poderão
fornecer um suporte para o entrelaçamento da proposta que aqui estamos apresentando como sugere a
descrição a seguir: (EM13CNT203): Avaliar e prever efeitos de intervenções nos ecossistemas, nos seres
vivos e no corpo humano, interpretando os mecanismos de manutenção da vida com base nos ciclos da
matéria e nas transformações e transferências de energia; (EM13CNT301): Construir questões, elaborar
hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar
modelos explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justificar conclusões
no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica; (EM13CNT306): Avaliar os
riscos envolvidos em atividades cotidianas, aplicando conhecimentos das Ciências da Natureza, para
justificar o uso de equipamentos e comportamentos de segurança, visando à integridade física,
individual e coletiva, e socioambiental; (EM13CNT308): Analisar o funcionamento de equipamentos
elétricos e/ou eletrônicos, redes de informática e sistemas de automação para compreender as
tecnologias contemporâneas e avaliar seus impactos.
51
Conhecendo os nossos neurotransmissores: o que são os neurotransmissores? Quais as suas
principais funções? Onde estão localizados em nosso corpo?
Relacione o que você está aprendendo tomando breves notas: conhecimento é sobretudo
capacidade de relacionar conteúdos. Lembre-se de que nada está fragmentado. O conhecimento
forma um todo, uma unidade que possui facetas diferentes no seu interior. No seu caderno crie um
espaço com o nome de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade ou use o seu smartphone
também para tomar notas. Qual a relação da filosofia com a química, a biologia, a matemática e
outros tantos saberes?
Investigação: Agora, a sua jornada junto aos estudantes terá como ponto de partida o próprio corpo
humano, objeto por excelência do saber científico. Busque evidenciar o caráter interdisciplinar/
transdisciplinar das propostas pedagógicas aqui esboçadas. Lembre-se, o saber humano é compartilhado
e não é monopólio de nenhuma área de conhecimento. Para proporcionar esse espaço será preciso
planejar momentos de integração com os professores de outras áreas do conhecimento. Como sugestão,
um espaço privilegiado para promover essa integração entre as áreas do conhecimento são as Feiras de
Ciências da escola ou outros projetos que a própria Escola já desenvolve, bem como espaços
encontrados na comunidade escolar nos quais seja possível tratar de temáticas interdisciplinares e
transdisciplinares. Problemas é que não faltam: aquecimento global, reciclagem, mundo do trabalho,
educação digital, juventudes e territórios etc.
A proposta investigativa, uma vez organizado e planejado os pressupostos mencionados anteriormente,
é realizar uma espécie de viagem pelo corpo humano para poder identificar como os neurotransmissores
funcionam e atuam em nosso organismo. Pergunte aos estudantes se eles já ouviram falar ou mesmo se
sabem o que são os neurotransmissores. Veremos a seguir que eles estão bastante relacionados com o
tipo de comportamento que temos e com alguns hábitos do nosso dia a dia.
Dopamina X X X X X X
Serotonina X X X X X X
Melatonina X X X X X X
GABA X X X X X X
Endorfina X X X X X X
Adrenalina X X X X X X
Ocitocina X X X X X X
Noradrenalina X X X X X X
52
Conceituação: Quando iniciamos esse planejamento havíamos enfatizado que o mito e a ciência
utilizam de linguagens distintas para poder discorrer sobre o mundo em que habitamos. Nessa etapa da
conceituação retome essa distinção que foi sendo elaborada ao longo desse planejamento pedindo aos
estudantes que relacionem as principais diferenças entre a linguagem mítica e a linguagem científica.
Para isso é bom revisitar a história da filosofia, sobretudo, a transição do século XIX para o século XX.
Com efeito, foi a partir desse período histórico acrescido das contribuições do filósofo Wilhelm Dilthey
que se operou uma distinção que passou a ser usada com bastante frequência no domínio de
classificação das ciências. Segundo Dilthey, as ciências poderiam ser classificadas ou categorizadas em
dois grupos diferentes. Em um primeiro grupo estariam as Ciências da natureza (NaturWissenschaften).
Nessa primeira categoria teríamos as chamadas ciências duras tais como: Física, Química, Biologia e
Astronomia. Essas ciências por sua vez buscariam as explicações a partir de conjuntos sistemáticos de
leis gerais, isto é, as leis da natureza. Portanto, seriam ciências explicativas. Em um segundo grupo
encontram-se as ciências do espírito (GeistesWissenschaften). Para Dilthey, essas últimas possuíam
características bastante singulares, específicas, centradas em práticas interpretativas dos fenômenos
analisados. Por isso, sua natureza estaria voltada para o domínio da compreensão, hermenêutica e por
conseguinte não estariam sujeitas às mesmas leis das ciências da natureza. A História, a Psicologia, a
Economia, a Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política estariam agrupadas nesta segunda
categorização tal como foi pensada por Dilthey.
Uma outra característica que é bom mencionar para os estudantes em termos de contextualização
histórica é mostrar que historicamente as ciências da natureza receberam uma sistematização em
termos de método científico bem antes das ciências humanas. As primeiras foram sistematizadas no
início do século XVII e as segunda somente no século XIX. O professor deverá utilizar essas diferentes
tematizações acerca da natureza das ciências da natureza e das ciências humanas e promover uma roda
de conversa dentro do recinto escolar. Um espaço aberto onde os estudantes observem todo o mundo
que os cerca é recomendável para poderem ir além das paredes - seja da sala de aula ou mesmo de um
laboratório. Lembre-se que tudo que está à nossa volta é também um convite à reflexão, portanto à
busca pelo conhecimento que é uma tarefa interminável.
BURNET, John. A aurora da filosofia grega. Tradução Vera Ribeiro; revisão da tradução
Agatha Bacelar; tradução das citações em grego e latim Henrique Cairus, Agatha Bacelar,
Tatiana Oliveira Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. Tradução de Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas
Athena, 1990.
53
REFERÊNCIAS
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temático-históricos e transversalidade. São Paulo: Moderna, 2012.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Estabelecimento do texto Telê
Ancona Lopez, Tatiana Longo Figueiredo, ilustrações Luiz Zerbini. São Paulo: Ubu Editora, 2017.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia.
Volume único. São Paulo: Moderna, 2016.
CHALMERS, Alan. F. O que é ciência afinal? Tradução Raul Fiker: São Paulo: Brasiliense, 1993.
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UNEinado por ‘emergentes’. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-49602237. Acesso
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CampiSP, 1994.
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https://cfq.org.br/wp-content/uploads/2021/01/Cartilha-Qu%C3%ADmica-das-
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DETIENNE, Marcel. Mestres da verdade na Grécia arcaica. Tradução de Ivone C. Benedetti. São
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Forense Universitária, 2010.
_______. A construção do mundo histórico nas ciências humanas. Tradução Marco Casanova.
São Paulo: Editora UNESP, 2010.
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GUSDORF, George. Mito e metafísica. São Paulo: Convívio, 1979.
HESÍODO. Os trabalhos e os dias. Edição, tradução, introdução e notas de Alessandro Rolim de
Moura. Curitiba, 2012. Disponível em:
http://www.segestaeditora.com.br/download/ostrabalhoseosdias.pdf. Acesso em: 19 out. 2023.
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. Tradução de Arthur M. Parreira;
[adaptação do texto para a edição brasileira Monica Stahel; revisão do texto grego Gilson César Cardoso
de Souza]. – 6.ª ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.
Joseph Campbell and the Power of Myth. Ep. 1: ‘The Hero’s Adventure’. [S.l; s.n] Publicado pelo canal
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MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13.
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54
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Fontes, 2005.
_______. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. – São Paulo – Ícone – Ed. Universidade
de São Paulo, 1998.
55
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2024
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos epistemológicos e
científicos, de modo a compreender e se posicionar criticamente com relação a esses processos e às
possíveis relações entre eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em
argumentos e fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
56
desnaturalização e o estranhamento de comportamentos corriqueiros, valores e formas de estar no
mundo que nem sequer passam por nossa reflexão no dia a dia. Aqui, o (a) professor (a) terá um
mundo de possibilidades para dialogar com os estudantes desde o uso de roupas, até valores religiosos.
B) DESENVOLVIMENTO:
1º MOMENTO
Para iniciar o tema, antes de tratar sobre a Sociologia enquanto ciência, é preciso que o (a) professor
(a) faça um resgate da evolução do conhecimento científico na história da humanidade. Muitos
estudantes chegam ao ensino médio sem compreender a função social da escola como espaço de
aprendizagem do conhecimento científico.
Explicite a importância da ciência para a história do homem, em como ela permitiu que o ser humano
conseguisse controlar a natureza, garantindo sua sobrevivência. Explicite também que a ciência está
muito presente no nosso cotidiano, como nas nossas moradias, transporte, alimentação, lazer, saúde,
vestuário, entre outros.
Dialogue com os estudantes, indique que o conhecimento científico está presente em diferentes
componentes curriculares como Biologia, Física e Química. Que a ciência busca entender o mundo a
partir da racionalidade e materialidade, a partir de cálculos, técnicas, observações repetidas e
sistematizadas. Que a escola é onde o (a) professor (a) compartilha com os estudantes todo o
conhecimento que foi consolidado pelo homem ao longo de milênios.
Cite expoentes da ciência como Copérnico, Galileu Galilei, Charles Darwin, Isaac Newton, Louis Pasteur,
Albert Einstein, entre outros, e explicite suas contribuições para a mudança de paradigmas na
sociedade.
Copérnico, o pai da astronomia, revolucionou a compreensão sobre o universo com a teoria
heliocêntrica. Galileu, conhecido como o pai da física moderna e do método científico, também foi
fundamental para o desenvolvimento da astronomia observacional. Isaac Newton, um dos mais
influentes cientistas da história, identificou a lei da gravitação universal. Louis Pasteur, expoente da
química e da medicina, desenvolveu a vacina antirrábica e Albert Einstein, físico teórico, elaborou a
teoria da relatividade geral, pilar da física moderna. Já Charles Darwin, ao criar a teoria da seleção
natural, rompeu com as teorias vigentes à época e revolucionou a Biologia ao tratar que o meio é
responsável por selecionar aqueles que são mais aptos à sobrevivência. As espécies que se perpetuam
no meio não são aquelas mais fortes, mas sim, aquelas que mais se adaptam.
Para aprofundar o tema, sugere-se a exibição do vídeo da BBC News:
O que é a teoria da evolução de Charles Darwin e o que inspirou suas ideias revolucionárias
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ambANBIHjCI.
● Com qual ideário vigente à época Darwin rompeu ao investigar a origem das espécies?
● Por que as ideias de Darwin são consideradas revolucionárias e quais paradigmas elas
romperam?
● Quais métodos e instrumentos Darwin utilizou para desenvolver sua teoria?
57
A partir de tal reflexão, é importante que os estudantes compreendam que a ciência rompe com
paradigmas religiosos, de senso comum e até com a própria ciência. A ciência é, por si só, uma
constante renovação de descobertas sobre o mundo, que sempre se renova a partir da ruptura com
parâmetros anteriores.
Após essa introdução sobre ciência, é preciso aprofundar o tema, compreender os princípios da ciência.
Como ela se estrutura e se organiza. Para tanto, é fundamental que se aborde a teoria da falseabilidade,
do filósofo Karl Popper. A sugestão é que os estudantes façam a leitura do texto “O princípio da
falseabilidade e a noção de ciência de Karl Popper”.
A partir da leitura do texto, o (a) professor (a) deverá conversar com os estudantes sobre os seguintes
aspectos teoria de Karl Popper:
Após tal discussão, o (a) professor (a) deve ressaltar que o conhecimento científico faz parte de um
longo desenvolvimento da racionalidade humana. Buscar refutar uma teoria faz parte de um processo de
teste de hipóteses e confirmação material da realidade. A ciência atua para além do pensamento mítico
e religioso, ela tem suas estruturas organizadas no método empírico, que ultrapassa subjetividades.
2º MOMENTO
Passado o primeiro momento de resgate do conceito de ciência, o (a) professor (a) deverá abordar os
conceitos de opinião e senso comum. Como eles se diferenciam do conhecimento científico? A ciência se
apropria de opiniões e do senso comum para testar hipóteses? O que é um teste de hipótese?
Converse com os estudantes sobre como opiniões e senso comum podem ser utilizados pela ciência
como ponta pé de uma descoberta. Explique que existem quatro tipos de conhecimento:
religioso/mítico, filosófico, senso comum e ciência. Como eles se opõem e se complementam? Há
diferenças grandes entre eles? A Sociologia se enquadra em qual tipo? Por que a Sociologia não pode
ser considerada senso comum?
Após tal discussão, sugere-se que os estudantes leiam o artigo “Comidas como coentro têm gostos
diferentes para cada pessoa?”, que se encontra neste documento.
O artigo se encaixa na temática abordada, pois trata sobre como algo considerado individual e subjetivo,
como o paladar, é afetado por características biológicas.
O interesse dos cientistas em entender a repulsa de algumas pessoas pelo coentro levou à descoberta de
que o gosto ruim sentido pelo tempero é resultado de um gene. Ressalte para os estudantes que, muitas
vezes, o conhecimento científico se apropria de opiniões e do senso comum para confirmar ou refutar
hipóteses.
A forte repulsa de algumas pessoas pelo coentro despertou a curiosidade de cientistas em entender
melhor de onde vinha tal sensação. Um fenômeno antes visto apenas como paladar tem, também,
fundamentos científicos.
58
A partir da discussão sobre o texto, o (a) professor (a) deverá tratar sobre como o senso comum
também é testado como hipótese na Sociologia. O fenômeno social que será utilizado aqui é o suicídio.
Para tanto, será abordada a teoria de Émile Durkheim que trata do suicídio como fato social.
Durkheim, em sua obra O Suicídio, considerada um dos pilares da Sociologia, trata o fenômeno a partir
de uma perspectiva científica. Muitas vezes compreendido com vieses religiosos ou subjetivos, o
sociólogo procurou entender o suicídio a partir de estatísticas e contextos sociais.
Nesse sentido, propõe-se uma atividade de pesquisa. Os estudantes deverão pesquisar os seguintes
tópicos da teoria durkheimiana, em especial sua obra “O Suicídio”:
Após a pesquisa, explique aos estudantes como a análise de dados estatísticos de suicídio na França,
combinado aos seus contextos, proporcionou uma compreensão social e científica sobre o fenômeno,
para além das concepções religiosas vigentes à época.
Indique a importância da utilização de estatísticas para a análise do fenômeno. Elas representam a
materialidade da pesquisa científica realizada por Durkheim, ultrapassando o senso comum e tabus
religiosos. Destaque também que o suicídio, como estudado por Durkheim, foi fundamental para
consolidar a Sociologia enquanto ciência.
59
ANEXO
TEXTO: O PRINCÍPIO DA FALSEABILIDADE E A NOÇÃO DE CIÊNCIA DE KARL POPPER
O princípio de verificabilidade dos pensadores do Círculo de Viena foi um dos principais pontos
combatidos por Popper. Para ele, uma proposição poderia ser considerada verdadeira ou falsa não a
partir de sua verificabilidade, e sim da sua refutabilidade (ou falseabilidade).
A observação científica, segundo ele, é sempre orientada previamente por uma teoria a ser
comprovada, ou seja, a ciência que se baseia no método indutivo seleciona os fenômenos que serão
investigados para a comprovação de algo que já se supõe. Por essa razão, o critério de
verificabilidade nem sempre será válido.
O princípio proposto por Popper, em vez de buscar a verificação de experiências empíricas que
confirmassem uma teoria, buscava fatos particulares que, depois de verificados, refutariam a
hipótese. Assim, em vez de se preocupar em provar que uma teoria era verdadeira, ele se preocupava
em provar que ela era falsa. Quando a teoria resiste à refutação pela experiência, pode ser
considerada comprovada.
Com o princípio da falseabilidade, Popper estabeleceu o momento da crítica de uma teoria
como o ponto em que é possível considerá-la científica. As teorias que não oferecem possibilidade de
serem refutadas por meio da experiência devem ser consideradas como mitos, não como ciência.
Dizer que uma teoria científica deve ser falseável empiricamente significa dizer que uma teoria
científica deve oferecer possibilidade de refutação – e, se refutadas, não devem ser consideradas.
A noção de ciência para Karl Popper pode ser pensada a partir de dois pontos fundamentais: o
caráter racional da ciência e o caráter hipotético das teorias científicas.
A ciência, como um projeto humano, não é impassível de transformação, o que possibilitou o
surgimento de diversas teorias. O que há em comum entre esses modos variados de se fazer ciência,
ele mesmo responde em sua obra Conjecturas e Refutações (1972): o caráter racional da ciência. Diz
ele:
Um dos ingredientes mais importantes da civilização ocidental é o que poderia chamar de
'tradição racionalista', que herdamos dos gregos: a tradição do livre debate – não a discussão por si
mesma, mas na busca da verdade. A ciência e a filosofia helênicas foram produtos dessa tradição, do
esforço para compreender o mundo em que vivemos; e a tradição estabelecida por Galileu
correspondeu ao seu renascimento. Dentro dessa tradição racionalista, a ciência é estimada,
reconhecidamente, pelas suas realizações práticas, mais ainda, porém, pelo conteúdo informativo e a
capacidade de livrar nossas mentes de velhas crenças e preconceitos, velhas certezas, oferecendo-
nos em seu lugar novas conjecturas e hipóteses ousadas. A ciência é valorizada pela influência
liberalizadora que exerce – uma das forças mais poderosas que contribuiu para a liberdade humana.
(POPPER, 1972, p. 129)¹
1
SANTOS, Wigvan Junior Pereira dos. "O princípio da Falseabilidade e a noção de ciência de Karl Popper"; Brasil
Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-principio-falseabilidade-nocao-ciencia-karl-
popper.htm. Acesso em 23 de outubro de 2023.
60
A racionalidade está relacionada também com duas outras características importantes da
ciência: a busca pela verdade e o progresso do conhecimento. Esse progresso do conhecimento
científico, na concepção popperiana, não pode ser pensado a partir de uma “lei histórica”, e sim algo
que acontece em virtude da própria razão humana a partir da possibilidade de discussão crítica.
Assim, podemos perceber que seu projeto consiste em uma tentativa de preservar o debate livre e
crítico e a avaliação constante das ideias para que essas sejam aperfeiçoadas. Assim, esse
aperfeiçoamento ecoará no plano social.
O debate livre e crítico também aponta para o caráter hipotético das teorias científicas, pois
elas sempre estão sujeitas a serem falseadas – ou não podem ser consideradas teorias científicas.
Seu método foi conhecido como hipotético-dedutivo.
Notas
¹POPPER, K. R. Conjecturas e refutações. Brasília: UNB, 1972.
61
REFERÊNCIAS
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em:
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MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Planos de Curso Ensino
Médio. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais. 2023. Disponível
em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 04 de
outubro de 2023.
SANTOS, Wigvan Junior Pereira dos. O princípio da Falseabilidade e a noção de ciência de Karl Popper.
Brasil Escola, [S. l.]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-principio-falseabilidade-
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VAIANO, Bruno. Comidas como coentro têm gostos diferentes para cada pessoa?. Superinteressante,
[S. l.], 2020. Disponível em: https://super.abril.com.br/coluna/oraculo/comidas-como-coentro-tem-
gostos-diferentes-para-cada-pessoa. Acesso em: 23 out. 2023.
62
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência: 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos
e fontes de natureza científica.
Competência 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores de
conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam o
exercício arbitrário do poder.
OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
A Socialização como um (EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas,
processo de integração geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da
dos indivíduos à socieda- emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo,
de e aos diferentes gru- evolução, modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem
pos sociais. outros agentes e discursos.
O papel de diferentes (EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e
instituições sociais, tais de diferentes gêneros textuais e as tecnologias digitais de informação e
como família, grupos de comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas
amigos, escola, trabalho,
práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e
mídias, instituições reli-
disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
giosas, políticas e cultu-
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
rais no processo de
socialização. (EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das
mercadorias e do capital nos diversos continentes, com destaque para a
mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função
de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais e culturais.
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A socialização humana
A) APRESENTAÇÃO:
Olá, professor (a)!
A socialização é um tema central para a introdução ao estudo da Sociologia. Ela permeia as relações do
ser humano desde o nascimento até o fim da vida. Não se pode pensar no comportamento humano sem
suas estruturas culturais de socialização.
O tema é muito importante para ser abordado em sala de aula, pois pode trazer discussões
interessantes. Tratar sobre a socialização é indicar como a nossa identidade é moldada pelo contexto
social que nos cerca. É elucidar que, como seres sociais, não podemos compreender e sermos
compreendidos sem antes entender a sociedade que nos cerca.
Nesse sentido, é fundamental que o (a) professor (a) destaque para os estudantes que o ser humano é
gregário. Sua sobrevivência e sucesso na natureza é resultado da vida em grupo e, consequentemente,
da sua socialização. Não se pode começar a compreender o comportamento humano sem antes
considerar a centralidade da socialização na formação de valores, princípios, costumes, entre outros.
Instituições sociais como família, escola, trabalho, amigos e igreja são fatores condicionantes para
compreender o processo de socialização e o comportamento humano.
63
No planejamento a seguir, serão propostas estratégias pedagógicas para tratar a socialização como um
processo de formação de papéis sociais, bem como a importância das instituições na formação social do
comportamento.
B) DESENVOLVIMENTO:
1º MOMENTO
2º MOMENTO
Após a introdução sobre socialização, o (a) professor (a) poderá aprofundar sobre como o tema é
abordado na teoria sociológica. Cite o que os autores clássicos da Sociologia têm a dizer sobre a
socialização, a saber:
● Durkheim: a socialização passa pela coerção social. Há uma força social que determina o
comportamento individual, fazendo com que os agentes sociais se moldem, se adequem, se
organizem a partir de regras sociais.
64
● Marx: a socialização só pode ser entendida a partir dos contextos sociais nos quais os
indivíduos estão inseridos, em suas estruturas econômicas de produção material.
● Weber: compreende a socialização a partir das instituições. Foi um dos primeiros teóricos a
tratar sobre as fases da socialização.
Converse com os estudantes sobre como as diferentes concepções de socialização podem ser aplicadas
nas fases da vida do indivíduo social. Explique que cada um dos autores tem uma forma de
compreender a realidade social, e explique situações em que as teorias de Durkheim, Marx e Weber se
aplicam.
Faça com os estudantes a leitura do texto “O que é socialização”, de Henrique Neto. Em seguida, eles
deverão responder ao roteiro de perguntas abaixo:
Após a atividade discuta com os estudantes sobre como a socialização é um componente fundamental
para a vida em sociedade. Ela é um reflexo de como os humanos são seres essencialmente culturais.
Somos condicionados, em nossas ações, por códigos, valores, regras, pressupostos que existem antes
de nós e continuarão existindo. É fundamental compreender que o comportamento humano é
permeado por determinações sociais e aprender o conceito de socialização é central para consolidar o
tema na sociologia.
4 - Ao refletir sobre sua própria socialização, como se deu a interiorização nas fases primária e
secundária da sua socialização?
65
ANEXO
O que é socialização?
Por Henrique Fernandes Alves Neto
Todos nós, seres humanos, nascemos em uma realidade que foi criada por nossos
semelhantes. Imagine você o que uma criança encontra quando nasce: linguagem, moedas,
equipamentos tecnológicos, habitações, ferramentas e diversas outras formas de conhecimento
humano acumulado; além disso, ela também descobre os elementos naturais, como plantas e diversos
tipos de animais. Tudo isso existe, ainda fora deste novo ser humano. Como assim? Ora, este bebê
deverá incorporar, aprender, se apropriar de tudo isso que lhe rodeia para daí, então, começar a
participar mais ativamente da vida em sociedade. Este processo de aprendizagem, de ingresso, de
início em uma vida social, é a chamada socialização. Neste texto, iremos discutir a definição de dois
autores fundamentais, dentro de uma abordagem culturalista e funcionalista: Peter Berger e Thomas
Luckmann.
Estes autores escreveram e publicaram um livro com o título “A construção social da
realidade”, em 1966. Mais à frente, vamos explicar o motivo deste nome. Por ora, vale dizer o
seguinte: Berger e Luckmann consideram que a realidade que está fora de nós precisa passar para
dentro. Mas como? Através de um processo de interiorização. Olha só o que eles dizem:
Os seres humanos participam de um processo social que permite com que nós, em um
primeiro momento, possamos compreender nossos semelhantes, e, depois, perceber como tudo em
nossa volta possui um sentido e significado. Quer um exemplo? Uma das primeiras palavras que os
humanos pronunciam são “mama” ou “papa”, buscando identificar aqueles que cuidam dele(a) no
início da vida. Uma vez que começam a “falar” mais, vão nomeando todas as coisa que perceber –
através daquela pergunta “que é isso?” tão características de crianças pequenas: “au au”, “binquedo”,
“miau”, “mumu”, e assim por diante. Segundo Berger e Luckmann (1985), interiorização coloca
dentro de nós o mundo que está fora.
66
REFERÊNCIAS
ALVES NETO, Henrique Fernandes. O que é Socialização? Café com Sociologia, [S. l.], 2020.
Disponível em: https://cafecomsociologia.com/o-que-e-socializacao/. Acesso em: 04 out. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%A
Ancia%20do 20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 04 de outubro de 2023.
MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Planos de Curso Ensino
Médio. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais. 2023. Disponível
em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 04
de outubro de 2023.
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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência: 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos
e fontes de natureza científica.
OBJETO(S) DE HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
O projeto de vida a partir (EM13CHS105). Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas
das relações entre (como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições
agência do indivíduo e dicotômicas (cidade/ campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros,
estrutura social. razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a
complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes
circunstâncias e processos.
PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Socialização e projeto de vida
A) APRESENTAÇÃO:
Olá, professor (a)!
Para finalizarmos o primeiro bimestre, é interessante fazer a interlocução com a disciplina de Projeto de
Vida. Esta, por sua vez, busca que o estudante encontre um caminho entre o que se é e o que se deseja
ser. Ele é incentivado e orientado a elaborar um plano de vida para atingir seus objetivos pessoais e
profissionais.
Para tanto, é importante considerar que um projeto de vida só pode ser pensado a partir de uma
estrutura de socialização. O estudante precisa compreender que, para além dos nossos projetos
pessoais e profissionais, estamos sempre inseridos em um contexto social que pode, ou não, favorecer o
nosso êxito.
A proposta deste planejamento é que os estudantes façam uma análise de seus projetos de vida a partir
de seus contextos de socialização. Resgate a influência da interiorização das etapas primária e
secundária, tratada no planejamento anterior. Proponha que o estudante identifique e contextualize
estruturas sociais, e investigue subjetividades presentes nas mais diferentes circunstâncias e processos
sociais. É fundamental incentivar o estudante a compreender a complexidade social dos sujeitos
inseridos em diversas circunstâncias e processos.
B) DESENVOLVIMENTO:
1º MOMENTO
Sociologia e Projeto de Vida se complementam, pois, compreender a trajetória individual passa pela
trajetória social. Assim, converse sobre os estudantes sobre os seguintes elementos de sua socialização:
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• Como é sua configuração familiar?
• Como é sua vida escolar? Você gosta da escola onde estuda, sente que está aprendendo coisas
novas e importantes?
• Como é sua relação com os seus amigos? Você se sente acolhido e feliz no seu círculo de
amizades?
A partir de tal reflexão, pergunte aos estudantes se eles acham que a família condiciona seus desejos e
projetos. A família também invalida e dificulta alguns sonhos? Como a escola pode te ajudar a conseguir
seus objetivos pessoais e profissionais? Como o seu comportamento na escola está alinhado com o seu
Projeto de Vida?
Nesse sentido, aponte para os estudantes que somos reflexo de nosso contexto social, de nossa
socialização. Mas eles não são determinantes para a nossa trajetória, é possível superar obstáculos
postos pelo caminho, ainda que não seja uma tarefa fácil.
Mostra-se importante dialogar sobre contextos sociais nos quais os indivíduos estão inseridos e quais os
impactos dos mesmos na trajetória pessoal. Cabe também abordar o conceito de liberdade e o que ele
representa na modernidade. Somos livres? A liberdade individual é absoluta ou ela sofre restrições
sociais?
Para consolidar tal debate, propõe-se a leitura do texto “Eu quero, ao menos, tentar voar: estrutura
social e liberdade individual”, escrito por Cristiano Bodart. No texto, é discutido o conceito de liberdade
individual como central para a filosofia e teoria política, abordando-se a ação individual como resultado
de escolhas e vontades em oposição ou impedimentos da sociedade e Estado.
Após a leitura do texto e discussão com o(a) professor(a), proponha um debate entre os estudantes.
Inclua as seguintes perguntas:
● O que é autonomia e autodeterminação de acordo com o texto?
● A liberdade individual é um direito? Por quê?
● A liberdade é um direito absoluto?
Para encerrar o tema, explicite aos estudantes que a liberdade é um valor moderno e democrático. Ela é
resultado da autonomia e autodeterminação individuais, que estão associadas à liberdade de expressão,
de consciência, de religião e de reunião. Porém, não é um direito absoluto, pois a liberdade não pode
afetar a segurança e dignidade de outrem.
2º MOMENTO
Inicialmente, será proposto que os estudantes criem um portfólio sobre sua linha do tempo. O formato
pode variar: pode ser feito no caderno, em folha de papel A4, ou A3, bem como em formato digital. O
importante aqui é que o estudante crie uma retrospectiva de sua vida, destacando marcos, como o
nascimento, a convivência em família, a entrada na escola, passeios, entre outros. Os estudantes podem
fazer desenhos sobre estes momentos ou utilizar fotos para marcar a linha do tempo.
Após a realização da atividade, o professor deverá ressaltar que tais marcos são importantes para
entendermos a nossa trajetória. Eles fazem parte da nossa socialização, são símbolos temporais de
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nossa formação humana. É preciso refletir sobre tais momentos para compreender como nossa
trajetória nos trouxe até aqui e como é possível planejar o futuro a partir dela.
Ao finalizar a atividade da linha do tempo com o resgate do passado, proponha uma atividade voltada
para o futuro. Se o componente curricular Projeto de Vida busca orientar os estudantes para seus
sonhos, é preciso refletir sobre eles e colocá-los no papel.
Para tanto, propõe-se a escrita de “Carta para o futuro”. Peça para os estudantes que escrevam uma
carta para o eu do futuro, com as metas que pretendem alcançar em 5 ou 10 anos. Após o exercício,
eles devem refletir se há algo no presente, e durante suas trajetórias até então, que possa impedir a
realização de tais metas.
Discuta com os estudantes sobre tais impedimentos, pensem e analisem juntos se eles se relacionam ao
contexto social e estruturas vigentes. Como estes obstáculos poderiam ser superados hoje para o
alcance dos sonhos?
Para finalizar tais reflexões, explique que a nossa formação depende do passado: valores, códigos e
símbolos são aprendidos e utilizados ao longo de toda a nossa vida. No presente podemos refletir sobre
o passado e pensar o que queremos para o futuro e como podemos mudar nossa realidade, mesmo em
um contexto social que pode nos parecer desfavorável.
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
BODART, Cristiano. Eu quero, ao menos, tentar voar. Café com Sociologia, [S. l.], 2022. Disponível
em: https://cafecomsociologia.com/liberdade-individual-quero-ao-menos-tentar-voar/#google_vignette
Acesso em: 04 de outubro de 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022.
Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AA
ncia%20do 20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 04 de outubro de 2023.
MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Planos de Curso Ensino
Médio. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino Médio. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais. 2023. Disponível
em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 04 de
outubro de 2023.
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Olá, estudantes!
Convidamos você a conhecer e utilizar os Cadernos MAPA. Esse material foi elaborado com todo
carinho para que vocês possam realizar atividades interessantes e desafiadoras na sala de aula
ou em casa. As atividades propostas estimulam as competências como: organização, empatia,
foco, interesse artístico, imaginação criativa, entre outras, para que possam seguir aprendendo
e atuando como estudantes protagonistas que são. Significa proporcionar uma base sólida para
que vocês mobilizem, articulem e coloquem em prática conhecimentos, valores, atitudes e
habilidades importantes na relação com os outros e consigo mesmo(a), para o enfrentamento
de desafios, de maneira criativa e construtiva. Ficou curioso(a) para saber que convite é esse
que estamos fazendo para você? Então não perca tempo e comece agora mesmo a realizar
essa aventura pedagógica pelas atividades.
Bons estudos!
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GEOGRAFIA
Querido(a) Estudante,
Bem-vindo(a) à empolgante jornada pelo mundo fascinante da Geografia, onde os conceitos de espaço,
tempo e sociedade se entrelaçam para formar o tecido complexo do nosso entendimento sobre o
planeta que chamamos de lar.
Você terá a oportunidade única de desbravar os horizontes da Geografia, uma disciplina que transcende
mapas e coordenadas, envolvendo-se profundamente nas relações intrincadas entre o espaço que
habitamos, o tempo que nos molda e as sociedades que construímos.
Ao estudar o tempo geológico da Terra até os eventos contemporâneos, você será capaz de discernir as
marcas deixadas pelas eras passadas e compreender como o tempo desempenha um papel crucial na
evolução do nosso mundo. A Geografia oferece a chave para desvendar os enigmas do passado e
antecipar as mudanças que o futuro nos reserva.
Esteja preparado(a) para embarcar nesta emocionante aventura geográfica, onde o espaço, o tempo e a
sociedade se entrelaçam para formar a tapeçaria vibrante do conhecimento. A Geografia aguarda para
desvendar segredos e ampliar os horizontes da sua compreensão. Vamos explorar juntos!
ATIVIDADES
1 – Estudante, faça uma pesquisa em grupo (entre 4 e 5 estudantes) sobre a evolução de uma cidade
específica ao longo do tempo. Criem apresentações visuais, como linhas do tempo, destacando as
mudanças na paisagem urbana, demografia, economia e cultura. Isso permite uma compreensão mais
profunda das interações entre tempo, espaço e sociedade.
2 – Utilize recursos online, como visitas virtuais a museus, cidades históricas ou locais geográficos
importantes. Explore digitalmente diferentes espaços e tempos, analisando a influência da sociedade na
formação desses lugares ao longo dos anos.
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TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM E NO TERRITÓRIO PELAS DINÂMICAS DE
SOCIEDADES TRADICIONAIS E URBANA
Querido(a) Estudante,
ATIVIDADES
1 – Com o uso do celular e em grupos, criem um vídeo time-lapse que mostra as transformações em
uma área específica ao longo de um período de tempo. Isso pode envolver a criação de um vídeo a
partir de fotos antigas e recentes ou até mesmo a produção de um vídeo simulando mudanças futuras.
2 – Caro estudante, construa propostas de intervenção para melhorar uma área urbana específica. Deve
considerar os aspectos como inclusão social, preservação do patrimônio, e sustentabilidade ao
desenvolver suas propostas.
3 – Organizem-se em grupos e façam um debate em sala de aula sobre os desafios enfrentados pelas
cidades em meio às transformações urbanas. Para explorar melhor o assunto, façam uma análise crítica
e reflexiva sobre questões como gentrificação, acessibilidade, moradia e sustentabilidade.
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REFERÊNCIAS
ARLOS, Ana Fani A. et al. (Org.). A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2003
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; CALLAI, Helena Copetti; KAERCHER, Nestor André; Ensino de
Geografia: práticas e textualizações no cotidiano; estudar o Lugar para compreender o
mundo. Porto Alegre, Editora Mediana, 9ª edição, 2010.
MORAIS, Eliana Marta Barbosa de. As Temáticas Físico-Naturais como Conteúdo de Ensino da
Geografia Escolar. In: CAVALCANTI, Lana de Souza (Org.) Temas da Geografia na Escola Básica.
Campinas, SP: Papirus, 2013
MOREIRA, João Carlos, SENE, Eustáquio de, Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e
Globalização. Geografia – Ensino Médio. 3º Edição, São Paulo – 2016. Editora Scipione.
PUNTEL, Geovane Aparecida. Os Mistérios de Ensinar e Aprender Geografia. In: REGO, Nelson;
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; KAERCHER, Nestor André. Geografia: Práticas pedagógicas para o
ensino médio. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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HISTÓRIA
Caros estudantes,
Neste planejamento buscaremos compreender que a construção da narrativa histórica está relacionada
às fontes e às formas de registro que as sociedades, em diferentes épocas, realizaram. Cada sociedade
possui uma forma de registrar sua história e isso interfere na sua maneira de compreender a narrativa
histórica, o espaço histórico e o tempo histórico. Portanto, a História tem também a sua história, e cada
produção histórica pertence a um tempo. Identificar diferentes fontes históricas (documentos escritos,
depoimentos orais, fotografias, objetos, edificações etc.) significa perceber que a diversidade de
documentos históricos possibilita conhecer outras dimensões da vida humana. Deve-se reconhecer,
ainda, que o documento não é a expressão da verdade absoluta e indiscutível e, por isso, ele deve ser
contextualizado e criticado (o porquê, quando, como, por quem e para quem foi produzido) e
confrontado com outros documentos.
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O Trabalho do historiador
A História nos possibilita compreender a realidade em que vivemos. Uma das maneiras de alcançar
essa compreensão é estabelecer um diálogo entre o presente e o passado, e o historiador é o
profissional que se dedica a identificar e a analisar aspectos desse diálogo.
Uma das perguntas que ele faz com frequência quando estuda algum tema que relaciona o presente
com o passado, é “por quê?”.
Para esse profissional, mais importante que um fato em si é saber por que ele ocorreu e quais são
seus desdobramentos. É esse tipo de reflexão que lhe permite conhecer a fundo os modos de vida
construídos pelos grupos humanos ao longo do tempo.
Assim, é possível entender as razões que levaram os diferentes povos a viver de uma forma e não de
outra. Então, além de “por quê?”, o historiador precisa perguntar “como?”, “onde?”, “quando?” e
“quem?”. Essas são algumas das perguntas básicas de uma investigação.
Para tentar responder a essas questões, o historiador usa diversos métodos e técnicas de análises de
fontes históricas. Essa análise o ajuda a compreender, por exemplo, por que alguns povos se
estabeleceram em cidades, enquanto outros se mantiveram em áreas rurais, por que uns construíram
moradias individuais com determinados materiais, enquanto outros moravam em habitações coletivas
e utilizavam materiais diferentes nas construções, etc.
Em muitos momentos, dependendo do enfoque e do tema da pesquisa, o historiador pode recorrer a
outras áreas de conhecimento, como as ciências sociais, para compreender melhor os diferentes
aspectos da experiência humana em estudo.
MOTOOKA, D.Y. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.p.13.
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O tempo e a História
Todo fato histórico acontece em local e tempo específicos. O tempo histórico, no entanto, organiza-se
de forma diferente daquela como são estruturados o tempo cronológico e o tempo natural. Isso
ocorre porque esse tempo é pensado segundo as experiências dos diversos grupos humanos.
O tempo histórico é assinalado por rupturas e permanências. As rupturas são as mudanças
significativas que afetam uma sociedade ou um grupo inteiro, como o surgimento da internet, por
exemplo. Já as permanências são as estruturas que podem ou não sofrer alterações, mas que
persistem ao longo do tempo, como a religião católica, por exemplo.
Além disso, o tempo histórico pode ser dividido em temporalidades de curta, média e longa duração.
As temporalidades de curta duração referem-se a eventos breves, que podem ocorrer em dias e
meses. Nesse caso, as transformações históricas acontecem mais rapidamente. As temporalidades de
média duração referem-se a eventos um pouco mais longos, que acontecem no decorrer de anos ou
décadas, mas, ainda assim, podem ser percebidos no curso de uma vida. As temporalidades de longa
duração, por outro lado, referem-se a eventos que se estendem por séculos e são caracterizados por
lentas transformações.
MOTOOKA, D.Y. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.p.19
ATIVIDADES
1 – (ENEM 2015)
Os calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo
das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas
representa um mês, de janeiro a dezembro.
Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo
A) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno.
B) humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador.
C) escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho.
D) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano.
E) romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade.
80
2 – (UFMS PASSE - 1ª Etapa 2020-2022) Leia o texto a seguir:
Sobre contar a verdade sobre a história, defendo vigorosamente a opinião de que aquilo que os
historiadores investigam é real. O ponto do qual os historiadores devem partir, por mais longe dele que
possam chegar, é a distinção fundamental e, para eles, absolutamente central, entre fato comprovável e
ficção, entre declarações históricas baseadas em evidências e sujeitas a evidenciação e aquelas que não
o são.
HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 8 (adaptado).
A) lendas e mitos que estão sujeitos às transformações temporais e assegurados pela transmissão
por meio do relato oral.
B) transmissão de conceitos, histórias e experiências pessoais que relatam com detalhes os fatos
ocorridos no passado e que asseguram a segura reconstrução da história.
C) suposições que possam ser confirmadas a partir da comprovação de uma testemunha ocular do
fato ocorrido, sempre voltada para a experiência pessoal e relatos pessoais.
D) fontes históricas que comprovem o acontecimento do fato, como notícias de jornais, objetos,
relatos, representações imagéticas e fotografias que asseguram a reconstrução do passado.
E) fontes documentais que, utilizadas com exclusividade, assegurem a comprovação do fato
histórico e demonstrem a erudição do historiador, que busca nos registros oficiais a comprovação
de sua teoria.
4 – Se daqui a 50 anos, um historiador fosse estudar as brincadeiras infantis de 2023 que ocorriam em
sua cidade, quais fontes históricas ele poderia utilizar?
81
A PRÉ-HISTÓRIA HUMANA
Caros estudantes,
Neste planejamento examinaremos o que os cientistas sabem a respeito da origem do homem e que
provas ou informações sustentam suas hipóteses. Suas pesquisas respondem a todas as perguntas?
As hipóteses já foram refutadas? Como os povos antigos explicavam o surgimento do homem? A
origem da humanidade é ainda uma grande interrogação, apesar de todo conhecimento científico
acumulado. Os mitos cosmogônicos ou de fundação trazem explicações distintas sobre a origem dos
seres humanos: ela se deve a um deus criador, a um espírito, a um animal, ao céu, à terra, a uma
árvore, a uma rocha, ao ovo primordial ou simplesmente ao nada.
Além disso, buscaremos reconhecer que os grupos humanos deixaram vestígios e alterações na
paisagem (modificação do solo, mudança na topografia, deslocamento de rochas, gravações
rupestres, acúmulo de artefatos etc.), entendendo que essas transformações servem de indícios para
a elaboração de hipóteses sobre a presença humana, mesmo sem a descoberta de fósseis humanos.
Assim, por exemplo, os vestígios de roças indígenas, os sambaquis, as colinas artificiais da ilha do
Marajó, os restos de paliçadas de quilombos extintos etc. dão informações ou pistas sobre a dieta
daqueles grupos humanos, seu modo de vida nômade ou sedentário, técnicas de fabricação de
artefatos, densidade populacional etc.
No que diz respeito a periodização, é importante destacar que existe uma discussão entre os
historiadores sobre o que marca a passagem da Pré-História para a História. Muitos historiadores
afirmam que a História não deveria ser dividida em Pré-História e História.
Existem três correntes principais, presentes nos livros didáticos da Educação Básica, que tentam
demarcar a passagem da Pré-História para a História. A primeira, e mais comum nos livros didáticos,
utiliza o desenvolvimento da escrita como marco de passagem da Pré-História para a História. Esta
proposta foi desenvolvida no século XIX, no contexto do imperialismo na África e na Ásia. No século XIX
somente fontes escritas eram aceitas pelos historiadores. Desta forma, populações que não
desenvolveram a escrita foram consideradas atrasadas, “pré-históricas”.
O processo de urbanização e a origem do Estado são outros marcos que aparecem nos livros didáticos
como marco de passagem da Pré-História para a História, ambos também desenvolvidos no século XIX e
que também serviram para legitimar a conquista europeia sobre outros povos. As três visões apontam a
região chamada de “Crescente fértil” como local de nascimento da escrita, urbanização e a origem do
Estado.
Com o tempo, os historiadores passaram a considerar outros vestígios, como desenhos, moradias e
ferramentas deixados pelos povos da época chamada pré-histórica. Essas fontes revelaram muito sobre
o modo de vida e os acontecimentos do passado. Embora os historiadores tenham compreendido que
era possível investigar a História utilizando documentos não escritos, a expressão Pré-História continuou
sendo utilizada.
Leia os textos a seguir para um maior aprofundamento dos temas abordados neste plano.
82
no conhecimento científico, inúmeros indivíduos recorreram a explicações religiosas e/ou associadas à
sua própria cultura. Essas narrativas, transmitidas por meio de textos sagrados ou oralmente, de uma
geração para outra, apresentam deuses e deusas, monstros, elementos da natureza e acontecimentos
fantásticos relacionados à origem dos seres humanos e do mundo. Por não terem comprovação
científica, elas são consideradas mitológicas, e também são conhecidas como “mitos de fundação”.
PEREIRA, et al. História. Livro do Professor. v.1. São Paulo: Editora Somos Sistemas de Ensino, 2023.p.30.
Vamos, então, conhecer as duas teorias que são frequentemente utilizadas para explicar a origem do
ser humano: os mitos de fundação e a teoria evolucionista.
Mitos de fundação
Há muitos mitos de fundação, propagados por diversas culturas. Em uma das visões dos povos
indígenas do Brasil, por exemplo, Tupã, um ser sobrenatural que se manifestava por meio do som do
trovão, foi o responsável pela criação do mundo. Nessa versão, aparece a interferência de vários
deuses e deusas, associados a elementos da natureza, como Nandecy (a Mãe Terra), Guaraci (deus do
Sol) e Jakaíra (deusa da névoa). Os seres humanos, portanto, teriam se originado de ancestrais
sagrados, como o Sol, a Lua, a Terra, a água, o fogo e o ar.
Já na mitologia grega, tudo é fruto dos filhos gerados por uma divindade chamada Caos. Entre seus
descendentes, destacam-se Urano (céu) e Gaia (Terra), que se uniram e, assim, fizeram surgir o
mundo. Outra narração sobre nossa origem é um mito chinês que atribui a criação a cinco sábios que
surgiram de uma bola de névoa, chamada Caos. O ancião amarelo (senhor da terra), o ancião Preto
(senhor da água), a Mãe Metal (senhora dos metais) e o Príncipe da Mata foram os criadores do
mundo e dos seres vivos.
PEREIRA, et al. História. Livro do Professor. v.1. São Paulo: Editora Somos Sistemas de Ensino, 2023.p.31 e 32.
Evolucionismo
A teoria evolucionista tem base científica e explica que os seres vivos atuais seriam produtos da
evolução de outras espécies. Em 1859, o mais famoso cientista evolucionista, o inglês Charles Darwin,
publicou a obra "A origem das espécies", na qual descreve o processo de evolução conhecido como
seleção natural. Segundo Darwin, as espécies dependem de sua capacidade de adaptação para
sobreviver, ou seja, somente aquelas que apresentassem características vantajosas e fossem mais
adaptadas à pressão estabelecida pelo meio sobreviveriam. A adaptação é uma característica ou
comportamento natural que permite que o ser vivo seja capaz de sobreviver e de se reproduzir no
ambiente em que se encontra. Assim, os organismos mais aptos seriam selecionados para sobreviver
naquele ambiente. A partir da reprodução, as características genéticas que possibilitaram o melhor
desempenho seriam transmitidas e produziram uma prole maior, com melhores condições de
sobreviver. Esse processo permitiria a evolução das espécies e a extinção daquelas que não se
adequaram ao ambiente, dificultando a produção de descendentes.
Algumas pessoas, no entanto, interpretaram de forma equivocada a teoria evolucionista, defendendo a
ideia de que o ser humano descende diretamente dos macacos, o que foi uma distorção das ideias de
Darwin. Em sua obra A origem do homem e a seleção relacionada ao sexo, o cientista argumentou, na
verdade, que os seres humanos e os macacos, como o gorila e o chimpanzé, tinham ancestral comum.
PEREIRA, et al. História. Livro do Professor. v.1. São Paulo: Editora Somos Sistemas de Ensino, 2023.p.32
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A Pré-História brasileira
O Brasil é uma importante referência nas atividades arqueológicas e paleontológicas na América,
tanto pela abundância de evidências da Pré-História, existentes em seus domínios, quanto pelos
debates a respeito do povoamento no continente. Os vestígios arqueológicos encontrados no Brasil
revelam que os grupos humanos primitivos que habitavam o território brasileiro eram nômades,
coletavam alimentos da natureza e caçavam.
Sítios arqueológicos no Brasil: Os sítios arqueológicos são locais onde homens e mulheres do passado
deixaram vestígios importantes para a compreensão da história da humanidade. No Brasil, existem
milhares de vestígios arqueológicos que atraíram e atraem diversos estudiosos do mundo todo.
Entre 1834 e 1844, o naturalista dinamarquês Peter Lund pesquisou mais de oitocentas grutas na
região de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Na Gruta do Sumidouro, por exemplo, ele encontrou os
primeiros fósseis humanos no Brasil, que receberam o nome de “Homem de Lagoa Santa”.
Posteriormente, esses ossos foram datados, e concluiu-se que possuíam mais de 10 mil anos. Além de
fósseis humanos, foram encontrados fósseis do tigre-dente-de-sabre, do tatu e da preguiça gigante,
entre outras espécies.
Na década de 1970, uma expedição arqueológica se encarregou de realizar novas pesquisas também
na região de Lagoa Santa, no sítio da Lapa Vermelha, onde foram encontrados outros fósseis
humanos, entre eles, um crânio e alguns ossos de uma jovem mulher. Mais de 20 anos depois, esse
esqueleto foi datado pelo pesquisador Walter Neves, da Universidade de São Paulo (USP), que batizou
o esqueleto com o nome de Luzia e descobriu que ele tinha aproximadamente 11 500 anos, sendo um
dos mais antigos fósseis humanos encontrados na América.
Por algum tempo acreditou-se que os ossos de Luzia datados por Walter Neves e os encontrados por
Peter Lund possuíam características físicas mais próximas dos africanos e nativos australianos
(aborígenes), do que dos indígenas brasileiros, que têm mais semelhança com os povos asiáticos.
Porém, uma recente pesquisa, publicada em novembro de 2018, por pesquisadores da Universidade
de São Paulo (USP), Universidade de Harvard nos Estados Unidos e do Instituto Max Planck da
Alemanha, demonstrou, através da análise de DNA de diversos fósseis americanos (de 15 sítios
diferentes) em países como a Argentina, Belize, Chile, Peru e Brasil, que todas as populações da
América descendem da mesma leva migratória, saída da Ásia. Ou seja, Luzia tinha traços mais
parecidos com os povos asiáticos do que com os povos da África e da Austrália.
PEREIRA, et al. História. Livro do Professor. v.1. São Paulo: Editora Somos Sistemas de Ensino, 2023.p.49.
ATIVIDADES
1 – (UFG) As pinturas rupestres são evidências materiais do desenvolvimento intelectual dos seres
humanos. Embora tradicionalmente estudadas pela Arqueologia, elas ajudaram a redefinir a concepção
de que a História se inicia com a escrita, pois
84
2 – (UEA) (Adaptada) Observe as pinturas rupestres do Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará,
datadas de aproximadamente 11 200 anos atrás.
KI-ZERBO, J. A arte pré-histórica africana. In: KI-ZERBO, J. (Org,). História geral da África, I:
metodologia e pré-história da África. Brasília: Unesco, 2010.
De acordo com o texto, a arte mencionada é importante para os povos que a cultivam por colaborar
para o(a)
A) transmissão dos saberes acumulados.
B) expansão da propriedade individual.
C) ruptura da disciplina hierárquica.
D) surgimento dos laços familiares.
E) rejeição de práticas exógenas.
85
O incêndio do Museu Nacional, em 2018, foi uma imensurável tragédia para a história brasileira e
mundial. O que essa tragédia representa para a memória de Luzia e de milhões de itens históricos
destruídos? O que se deve fazer para que um triste acontecimento como esse não se repita nunca mais?
5 – Segundo a teoria desenvolvida por Charles Darwin na obra A origem das espécies, os seres vivos são
resultado da evolução de organismos mais simples que foram passando por transformações ao longo do
tempo. Ainda de acordo com essa teoria, a evolução ocorre a partir de qual processo? Explique-o
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HISTÓRIA, MEMÓRIA E CULTURA
Caros estudantes,
Neste planejamento buscaremos pesquisar, reconhecer e indicar quais são os patrimônios históricos e
culturais da cidade de sua vivência. Ao começarmos a entender o valor dos bens culturais de um povo
temos que ter em mente o que define e fundamenta a vida de uma sociedade quanto às suas
características, seus costumes, seus comportamentos, e como esses elementos podem ser registrados e
preservados para seus sucessores em formato de memória e identidade histórica, sendo definido como
patrimônio social.
O Patrimônio é tudo o que nos é transmitido como uma herança. O Patrimônio Cultural remete à riqueza
simbólica e tecnológica desenvolvida pelos grupos humanos que nos antecederam. Trata-se de um
conjunto de conhecimentos e realizações de uma comunidade, acumulados ao longo de sua história, que
conferem os traços de sua identidade.
A Constituição Federal apresenta os patrimônios como modos de expressão, formas de criar, criações
científicas e tecnológicas, obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artísticas ou culturais, além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, ecológico e científico (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL, 1988).
Aliado ao conceito de patrimônio histórico está o de patrimônio cultural. Segundo o artigo 216.º da
Constituição, o patrimônio cultural representa os bens: “(…) de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
Segundo o Decreto Lei n.º 25 de 1937, Art. 1.º, “Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o
conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público,
quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. ”
A importância de se preservar o Patrimônio Histórico está associada à constituição de uma memória
coletiva, considerando que é por meio da memória que nos orientamos para compreender o passado, o
comportamento de um determinado grupo social, uma cidade ou mesmo uma nação. O estímulo da
memória também contribui para a formação de identidade, retomada de raízes, e a compreensão a
respeito da situação sociocultural de um povo.
Sabemos que a História é uma construção social, por isso a consciência da história e a memória são
parte dessa construção, pois permite fixar informações ao longo do tempo e dá identidade ao ser
humano. Nesse aspecto, a memória permite um envolvimento que estimula o sentimento e alimenta a
necessidade de o ser humano saber sobre si, sobre seu passado, sobre seu presente, sobre suas
conquistas. Por isso a memória pode ser definida como um combustível da história humana.
Patrimônio: é tudo aquilo que nos pertence, “nossas coisas”, tudo que pertence a um indivíduo, a uma
instituição, a um lugar, uma região ou uma comunidade. O patrimônio pode ser tanto material como
imaterial. Material é tudo aquilo que é tangível, mensurável, palpável. O Imaterial é composto pelas
nossas crenças, valores, costumes. Desta forma o patrimônio engloba vários segmentos, dentre eles:
ambiental e paisagístico, paleontológico, cultural, arqueológico, histórico, artístico, arquitetônico e
afetivo (memória).
O termo patrimônio histórico-cultural diz respeito a tudo aquilo que é produzido, material ou
imaterialmente, pelo ser humano e que definimos como cultura de uma sociedade. De acordo com sua
importância, em geral, deve ser preservado por representar uma riqueza cultural para a comunidade e
87
para a humanidade.
O patrimônio é a herança de um povo, que garante a preservação de sua memória e da cultura,
conferindo-lhe identidade e alteridade. São bens potencialmente incorporáveis à memória local, regional
e nacional, compondo parte da herança cultural legada pelas gerações passadas às gerações futuras.
Por isso a valorização do patrimônio histórico-cultural é a valorização da identidade que molda as
pessoas.
Por meio do patrimônio histórico-cultural podemos conhecer a história e tudo que a envolve. Por
exemplo, a arte, as tradições, os saberes de determinado povo. Preservar e valorizar os elementos
culturais de um povo é manter viva a sua identidade. Trata-se, portanto, de um ato de construção da
cidadania.
Leia o texto abaixo para saber mais sobre Patrimônio e sua importância.
88
ATIVIDADES
1 − (ENEM 2022) Hoje sou um ser inanimado, mas já tive vida pulsante em seivas vegetais, fui um ser
vivo; é bem verdade que do reino vegetal, mas isso não me tirou a percepção de vida vivida como tam-
borete. Guardo apreço pelos meus criadores, as mãos que me fizeram, me venderam, pelas mulheres
que me usaram para suas vendas e de tantas outras maneiras. Essas pessoas, sim, tiveram suas subje-
tividades, singularidades e pluralidades, que estão incorporadas a mim. É preciso considerar que a nossa
história, de móveis de museus, está para além da mera vinculação aos estilos e à patrimonialização que
recebemos como bem material vinculado ao patrimônio imaterial. A nossa história está ligada aos dons
individuais das pessoas e suas práticas sociais. Alguns indivíduos consagram-se por terem determinados
requisitos, tais como o conhecimento de modelos clássicos ou destreza nos desenhos.
FREITAS, J. M.; OLIVEIRA, L. R. Memórias de um tamborete de baiana: as muitas vozes em um objeto de museu.
Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, n. 14, maio-ago. 2020 (Adaptado).
Ao descrever-se como patrimônio museológico, o objeto abordado no texto associa a sua história às
A) habilidades artísticas e culturais dos sujeitos.
B) vocações religiosas e pedagógicas dos mestres.
C) naturezas antropológica e etnográfica dos expositores.
D) preservações arquitetônicas e visual dos conservatórios.
E) competências econômica e financeira dos comerciantes.
2 – (ENEM 2010) As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da Bahia, além de significativas
para a identidade cultural, dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de Canudos e o modo
de vida dos antigos revoltosos.
Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultural material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional) porque reúnem um conjunto de
A) objetos arqueológicos e paisagísticos.
B) acervos museológicos e bibliográficos.
C) núcleos urbanos e etnográficos.
D) práticas e representações de uma sociedade.
E) expressões e técnicas de uma sociedade extinta.
3 – (ENEM PPL 2019) O frevo é uma forma de expressão musical, coreográfica e poética, enraizada no
Recife e em Olinda, no estado de Pernambuco. O frevo é formado pela grande mescla de gêneros
musicais, danças, capoeira e artesanato. É uma das mais ricas expressões da inventividade e capacidade
de realização popular na cultura brasileira. Possui a capacidade de promover a criatividade humana e
também o respeito à diversidade cultural. No ano de 2012, a Unesco proclamou o frevo como Patrimônio
Imaterial da Humanidade.
PORTAL BRASIL. Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 10 fev. 2013.
A característica da manifestação cultural descrita que justifica a sua condição de Patrimônio Imaterial da
Humanidade é a
A) conversão dos festejos em produtos da elite.
B) expressão de sentidos construídos coletivamente.
C) dominação ideológica de um grupo étnico sobre outros.
D) disseminação turística internacional dos eventos festivos.
E) identificação de simbologias presentes nos monumentos artísticos.
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Leia os textos a seguir para responder às questões 04 e 05
Texto 1: No Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é responsável por
promover e coordenar o processo de preservação e valorização do patrimônio cultural brasileiro, em
suas dimensões material e imaterial. Os bens culturais imateriais estão relacionados aos saberes, às
habilidades, às crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Dessa forma, podem ser considerados
bens imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano de comunidades; manifestações literárias,
musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; rituais e festas que marcam a vivência coletiva da religiosidade, do
entretenimento e de outras práticas da vida social; além de mercados, feiras, santuários, praças e
demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais.
Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Patrimonio_Imaterial_no_Brasil_Legislacao_e_Politicas_Estadu
ais(1).pdf. Acesso em: 30 out. 2023. (Adaptado)
Texto 2: A tecnologia da informação é hoje um dos instrumentos importantes para o trabalho com o
folclore e a cultura popular. Está ajudando, e vai ajudar ainda mais, a salvaguarda do patrimônio cultural
brasileiro. A cultura popular não está parada no tempo nem presa a práticas e tradições do passado. Por
isso, as ferramentas tecnológicas devem existir também para contribuir com o conhecimento de toda
atividade cultural e artística. É possível estabelecer convergência entre o que há de tradição na cultura
popular e o novo, que é representado pela tecnologia da informação.
4 – (CESPE | CEBRASPE ─ IPHAN 2018) Discorra sobre a importância da preservação dos bens
imateriais para a sociedade brasileira.
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AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES
Caros estudantes,
Neste planejamento perceberemos que os vestígios do passado podem ser transformados em
documentos, pois são registros (escritos ou não) das sociedades antigas. Além disso, reconhecemos a
diversidade de registros, onde se incluem documentos escritos, orais, pictográficos e imagéticos.
Devemos considerar, também, os modos como eles foram produzidos. Assim, por exemplo, os
hieróglifos sobre papiros do Egito Antigo, o cuneiforme da Mesopotâmia talhado na pedra, os desenhos
feitos na cerâmica pelos povos da América andina e até mesmo a maneira como a história oral dos
povos africanos era transmitida fornecem indícios sobre a época, o domínio técnico e a tecnologia do
período.
Este plano propõe uma aproximação dos povos que viveram no contexto da antiguidade, especialmente
os da Mesopotâmia e do Egito. Essas civilizações estavam localizadas na região chamada de Crescente
Fértil, por estarem próximas aos rios: Tigre, Eufrates e Nilo, que possuem vazantes em determinados
períodos do ano, fertilizando o solo. O “desenho” de sua localidade no mapa assemelha-se à uma Lua
crescente, derivando desse fato o termo.
Os povos que viveram na localidade se beneficiaram da fertilidade do solo para a prática da agricultura,
e para solucionar os desafios relacionados ao plantio, desenvolveram técnicas importantes (barragens,
reservatórios e canais de irrigação). Inventaram o arado e a roda e tiveram a ideia de utilizar animais na
atividade.
A atividade agrícola estabeleceu a divisão do trabalho: as mulheres semeavam, e cuidavam da plantação
e da alimentação; aos homens cabia a colheita. Faziam uso dos recursos hídricos para navegação e o
comércio. O excedente da produção agrícola era alguns dos produtos que eram comercializados com os
povos vizinhos.
Acerca das mulheres na Antiguidade (especialmente no Egito e na Mesopotâmia) é importante
esclarecer aos estudantes que geralmente a História minimizou a importância destas, pois a figura do
homem sempre foi mais valorizada. Geralmente os livros e os documentários sobre o assunto as
apresentam como donas de casas submissas a seus maridos, cuja única função era ter filhos. Contudo,
os estudantes deverão aprender que as mulheres desempenhavam diversas funções na sociedade,
estando presentes em todos os tipos de cargo (dos mais altos até os mais baixos) com leis que
garantiam seus direitos em várias situações.
Leia o texto abaixo para saber mais sobre o surgimento dessas duas grandes civilizações.
As sociedades hidráulicas
Como já sabido, o domínio sobre o fogo e a domesticação de plantas e animais, além da invenção de
utensílios de pedra, cerâmica e metais, favoreceram a sedentarização de diversas comunidades, em
diferentes momentos da História.
Um dos lugares em que esses grupos se fixaram, por volta de 4000 a.C, foi a região da Mesopotâmia –
localizada na Ásia, mas bastante próxima da África e da Europa -, considerada um importante
entreposto de contato entre as culturas desses continentes. As primeiras cidades se desenvolveram
próximas aos rios Tigre e Eufrates, que fertilizavam as terras entre eles.
É possível identificar a região da Mesopotâmia, parte da área chamada de Crescente Fértil. Durante
muito tempo, a historiografia tradicional considerou apenas a Mesopotâmia parte do Crescente Fértil,
pois acreditava-se que ali teriam surgido as primeiras cidades. Atualmente, porém, no contexto
histórico dessa região, é possível aproximar o desenvolvimento dos povos mesopotâmicos aos dos
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povos do Norte da África, ao longo do rio Nilo. As sociedades dessas duas áreas integram, portanto, o
Crescente Fértil, caracterizando-se como sociedades hidráulicas, ou seja, povos que surgiram e se
desenvolveram em áreas próximas de rios.
MOTOOKA, D.Y. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019. p.72.
ATIVIDADES
1 – (ENEM PPL 2021)
196º — Se alguém arranca o olho a um outro, se lhe deverá arrancar o olho.
197º — Se ele quebra o osso a um outro, se lhe deverá quebrar o osso.
198º — Se ele arranca o olho de um liberto, deverá pagar uma mina.
199º — Se ele arranca um olho de um escravo alheio, ou quebra um osso ao escravo alheio, deverá
pagar a metade de seu preço.
Código de Hamurabi. Disponível em: www.dhnet.org.br. Acesso em: 6 dez. 2017.
Esse trecho apresenta uma característica de um código legal elaborado no contexto da Antiguidade
Oriental explicitada no (a)
A) recusa do direito natural para expressão da vontade divina.
B) caracterização do objeto do delito para a definição da pena.
C) engajamento da coletividade para a institucionalização da justiça.
D) flexibilização das normas para garantia do arbítrio dos magistrados.
E) cerceamento da possibilidade de defesa para preservação da autoridade.
92
poder. Se na Mesopotâmia o comércio começou a servir também à acumulação de riquezas privadas, no
Egito as trocas importantes permaneceram por mais tempo sob controle do Estado.
CARDOSO, C. F. Sociedades do antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1986 (adaptado).
Um fator sociopolítico que caracterizava a organização estatal egípcia no contexto mencionado está
indicado no(a)
A) atrofiamento da casta militar.
B) instituição de assembleias locais.
C) eleição dos conselhos provinciais.
D) fortalecimento do aparato burocrático.
E) esgotamento do fundamento teocrático.
3 – Ao primeiro brilho da alvorada chegou do horizonte uma nuvem negra, que era conduzida pelo
senhor da tempestade (...). Surgiram então os deuses do abismo; Nergal destruiu as barragens que
represavam as águas do inferno; Ninurta, o deus da guerra, pôs abaixo os diques (...). Por seis dias e
seis noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e torrentes assolaram o mundo; a tempestade e
o dilúvio explodiam em fúria como dois exércitos em guerra. Na alvorada do sétimo dia o temporal (...)
amainou (...) o dilúvio serenou (...) toda a humanidade havia virado argila (...). Na montanha de Nisir o
barco ficou preso (...). Na alvorada do sétimo dia eu soltei uma pomba e deixei que se fosse. Ela voou
para longe, mas, não encontrando um lugar para pousar, retornou. Então soltei um corvo. A ave viu que
as águas haviam abaixado; ela comeu, (...) grasnou e não mais voltou para o barco. Eu então abri todas
as portas e janelas, expondo a nave aos quatro ventos. Preparei um sacrifício e derramei vinho sobre o
topo da montanha em oferenda aos deuses (...).
A Epopeia de Gilgamesh. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Com base no texto, registrado aproximadamente no século VII a.C. e que se refere a um antigo mito da
Mesopotâmia, bem como em seus conhecimentos, é possível dizer que a sociedade descrita era:
A) mercantil, pacífica, politeísta e centralizada.
B) agrária, militarizada, monoteísta e democrática.
C) manufatureira, naval, monoteísta e federalizada.
D) mercantil, guerreira, monoteísta e federalizada.
E) agrária, guerreira, politeísta e centralizada.
[...] O Eufrates não é um rio manso e amistoso como o Nilo, com uma inundação de fim de verão,
regular como um relógio, que prepara a terra para o plantio do trigo no inverno. Os sumérios o
chamavam de Buranun, possivelmente “grande inundação impetuosa”. Ele transborda de suas margens,
de forma errática e imprevisível, durante a primavera, quando a semente já no chão tem de ser
protegida. [...]
Kriwaczek P. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Tradução de Vera Ribeiro.
Rio de Janeiro. Zahar, 2018.
4 − Como o rio Eufrates é descrito no texto?
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REFERÊNCIAS
Brasil. Presidência da República. Constituição Da República Federativa Do Brasil de 1988. Casa
Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, [2016]. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 30 out. 2023.
GOODY, Jack. Cultura escrita em sociedades tradicionales. Barcelona: Gedisa, 1996.
HOMEM PRÉ-HISTÓRICO - VIVENDO ENTRE FERAS_Ep.01 (Caçar ou ser caçado). Mente Aguçada. 2012
(46m46s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sCBMPug_fE8 Acesso em: 23 out. 2023.
KRIWACZEK Paul. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Tradução de Vera Ribeiro.
Rio de Janeiro. Zahar, 2018. p.33
MOTOOKA, Débora Yumi. Geração Alpha História. São Paulo: Edições SM, 2019.
PEREIRA, et al. História. Livro do Professor. v.1. São Paulo: Editora Somos Sistemas de Ensino, 2023.
PINSKY, Carla. (Org). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2001.
Pré-História: o surgimento do ser humano e os períodos pré-históricos. UOL EDUCAÇÃO, [s.l.], 2015.
Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/pre-historia-2-o-surgimento-do-
serhumano-e-os-periodos-pre-historicos.htm. Acesso em: 23 out. 2023.
ROSE, Ricardo. As quatro fases da convivência com a natureza. Ambiente Legal, São Paulo, 2016.
Disponível em: http://www.ambientelegal.com.br/as-quatro-fases-da-convivencia-com-a-natureza/
Acesso em: 23 out. 2023.
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FILOSOFIA
Caros estudantes!
O planejamento de filosofia que você tem em mãos proporcionará alguns contatos com temas filosóficos
que possuem interfaces com outros ramos do conhecimento, em especial, aqueles que são debatidos e
abordados pela ciência. A educação do século XXI exigirá daqueles que se dedicam à aventura do
conhecimento competências e habilidades que dialoguem com toda a rede complexa de conhecimentos
que o ser humano vem produzindo há milênios. Portanto, o presente texto explorará a partir de um
prisma filosófico várias facetas acerca do conhecimento humano. Um primeiro momento é dedicado a
demonstrar como o pensamento mitológico ainda atravessa as nossas experiências de vida mesmo sob a
égide do conhecimento científico. A mitologia assim parece constituir o pano de fundo do que será
posteriormente desenvolvido pela ciência. Em um segundo momento você encontrará através de alguns
textos como a ciência impacta as nossas vidas bem como todo o ambiente. Verificará também que a
atividade científica exige limites de natureza ética para o seu funcionamento, pois ao usarmos o
progresso científico de maneira desmesurada corremos o risco de provocarmos grande catástrofes
sejam elas ambientais ou humanas.
ATIVIDADES
O mistério e a ciência
A ciência é uma forma sistematicamente organizada do pensamento objetivo. [...] Da magia -,
considerada um conjunto de práticas destinado a aproveitar os poderes sobrenaturais -, a ciência teria
conservado uma aparência de mistério e gravidade ritual, traço que ainda hoje surpreende a maioria
dos espíritos. Do feiticeiro ao cientista há apenas um pequeno passo, fácil de transpor, quando
considerados os “milagres” da ciência moderna. Quanto mais escapam aos nossos sentidos as forças
naturais das quais ela se aproveita (ondas hertzianas, eletricidade, emissões eletrônicas), mais parece
ela realizar os sonhos dos mágicos. [...] A ciência, entretanto, apenas poderá ser magia aos olhos de
espectadores, pois é apenas se libertando da magia que a ciência propriamente dita pode
desenvolver-se. (GRANGER, p. 75)
2 – De que forma esse ponto de vista pode ser relacionado com o senso comum?
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Ciência e ambivalência
Começou a brotar uma ideia nas últimas décadas do século XX, mesmo que ela tenha uma origem
mais remota: a de uma espaçonave, a Terra, a nau em que navega a humanidade. Essa espaçonave
é impulsionada hoje em dia por quatro motores: ciência, técnica, economia e lucro, e esses motores
não estão sob controle. Não me insiro num pensamento binário e não estou dizendo que a ciência é
nefasta, pelo contrário, mas digo sim que ela desenvolveu poderes de destruição inéditos e
descontrolados. O desenvolvimento tecnoeconômico atual produz a degradação da biosfera, que, por
sua vez, causa a degradação da civilização humana [...]
Tudo isso evidencia as ambivalências e as complexidades dessa dupla planetarização. Não poderia a
Europa produzir novos antídotos a partir de sua cultura, a partir de uma política de diálogo e de
simbiose, de uma política de civilização que promoveria qualidades da vida, e não apenas o
quantitativo, que interromperia a corrida pela hegemonia? Não poderia a Europa voltar às raízes do
humanismo planetário que no passado ela própria forjou? Não poderia ela reinventar o humanismo?
(MORIN, p. 70.)
4 – Para o autor, de que modo a ciência teria contribuído para a degradação da civilização?
5 – Relacione algum fato ocorrido recentemente na sua comunidade, no seu bairro que reflita a
ideia de que o progresso e a evolução baseada no desenvolvimento tecnológico se mostra frágil.
Mito e metafísica
A consciência mítica primitiva, que garantia a coerência rígida das primeiras comunidades humanas,
desapareceu em face do progresso da crítica racional e das técnicas sustentadas pela ciência. Mas
esta primeira consciência extensiva e unanimista foi substituída por uma consciência mítica
segunda, mais secreta, e como que nos bastidores do pensamento racional [...]
O papel crescente da literatura e sua progressiva difusão devem ser relacionados com o recuo das
crenças religiosas. A exigência mítica teve de se fixar em meios novos de expressão. O aspecto
formal da literatura importa menos do que sua significação material. O estilo valoriza os elementos
mais arcaicos do ser no mundo, cuja permanência justifica o sucesso do poema e do drama, assim
como motiva a expansão das obras-primas da literatura universal. O prodigioso desenvolvimento do
romance, que é o aspecto mais significativo da vida literária contemporânea, deve-se sem dúvida ao
fato de que o romance põe o mito ao alcance de todos sob o revestimento de uma história fácil de
seguir. Eliade clave da literatura. ‘As provações, os sofrimentos, as peregrinações do candidato à
iniciação, [...] por exemplo, sobrevivem no relato dos sofrimentos e dos obstáculos que o herói épico
ou dramático deve superar (Ulisses, Éneas, Parsifal, este ou aquele personagem de Shakespeare,
Fausto e outros), antes de atingir os seus fins. [...]’. O próprio romance policial, que constitui um dos
aspectos mais singulares do folclore contemporâneo, prolonga, sob as aparências do duelo entre o
detetive e o criminoso, a inspiração dos romances de cavalaria, e remonta a muito mais atrás ainda
na noite dos tempos, isto é, até as raízes do inconsciente.” (GUSDORF, p. 268-269.)
Glossário:
Unanimista: que é unânime; que resulta de acordo geral; Eliade: Mircea Eliade (1906-1986), historiador romeno
estudioso das religiões; Clave: chave.
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REFERÊNCIAS
GRANGER, Gilles-Gaston. A ciência e as ciências; tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo:
Editora Unesp, 1994.
_______. Lógica e filosofia das ciências. São Paulo: Melhoramentos, 1975.
GUSDORF, George. Mito e metafísica. São Paulo: Convívio, 1979.
MORIN, Edgar. Cultura e barbárie na Europa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. p. 70.
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SOCIOLOGIA
A CIÊNCIA SOCIOLOGIA
Olá, estudante!
Agora que você já compreende o conceito de ciência e quais suas especificidades em relação aos outros
tipos de conhecimento, é preciso começar a entender o porquê e como a Sociologia se torna uma
ciência.
Ela surge em um contexto de forte ebulição social na Europa, com mudanças significativas nas
configurações política, social e econômica do continente. Para compreender melhor o cenário, leia o
trecho do texto “Apontamentos sobre o nascimento da Sociologia” e responda às questões
correspondentes.
A sociologia surgiu, na primeira metade do século XIX, sob o impacto da Revolução Industrial e da
Revolução Francesa. As transformações econômicas, políticas e culturais suscitadas por esses
acontecimentos criaram a impressão generalizada de que a Europa vivia o alvorecer de uma nova
sociedade.
O papel decisivo da “dupla revolução” foi amplificado pelo debate intelectual da época. A discussão
girava em torno do caráter exemplar desses eventos, com as opiniões divididas na avaliação de que se
tratava ou não de desdobramentos irreversíveis da história. As divergências na atribuição de significado
à “nova sociedade” consolidaram três correntes intelectuais e políticas: conservadores, liberais e
radicais.
A sociologia nasce, portanto, como uma reflexão acerca dos contornos da nova configuração histórica –
daí sua preocupação permanente em distinguir e contrapor a sociedade moderna às sociedades
tradicionais. E num ambiente marcado pela competição entre as visões de mundo do conservadorismo,
do liberalismo e do socialismo – daí seu esforço constante para se distinguir dessas correntes,
apresentando-se como uma alternativa, científica ou mesmo crítica, em relação a tais modelos
explicativos.
A ambição intelectual da sociologia, a tentativa de compreender, em um registro científico, a origem, o
caráter e os desdobramentos dessa nova sociedade, levou-a a se apresentar como uma espécie de
contraponto em relação às demais disciplinas das “ciências humanas”. Assim, desde o início, a sociologia
procurou diferenciar-se da economia, da história, da geografia, da filosofia, da psicologia etc.
O esforço para construir uma identidade própria por meio da superação das disciplinas rivais não se deu
apenas pela absorção de temáticas alheias, recuperadas como partes específicas do saber sociológico,
se prendeu, sobretudo, à pretensão de atingir um padrão de cientificidade na explicação da vida social
equivalente àquele alcançado pelas ciências naturais.
A sociologia concebe-se, assim, não apenas como a disciplina central no campo das “ciências humanas”,
98
mas como um saber comparável, em termos de explicação e previsão, às próprias ciências naturais. Essa
posição, no entanto, será contrabalançada, paulatinamente, pela compreensão de que as determinações
das possibilidades futuras da sociedade não podem ser preditas a partir dos modelos do passado, o que
levou a sociologia a situar-se, muitas vezes, como uma perspectiva crítica perante as relações sociais
vigentes.
Nas últimas décadas do século XVIII surgiram, na Europa, dois fenômenos decisivos para a configuração
do mundo moderno: a concentração da produção de bens na “fábrica”, base do sistema econômico
fabril, e a comunidade política de “cidadãos”, livres e com direitos iguais, vinculados ao Estado-nação.
Hoje, tendo em vista os desdobramentos dessa matriz econômica e política, bem como o seu alcance
mundial, tornou-se consenso considerar tais transformações equiparáveis a marcos históricos como a
invenção da agricultura, da metalurgia, da escrita ou da cidade.
ATIVIDADES
Após a leitura do texto e a partir dos seus conhecimentos sobre o assunto, responda:
4 – Teóricos como Marx e Weber, considerados clássicos da Sociologia, também desenvolveram seus
estudos no período citado no texto. Qual é a relação de suas descobertas e o contexto histórico em
questão?
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A SOCIALIZAÇÃO HUMANA
Olá, estudante!
Após consolidar o conceito de socialização com o (a) professor (a), você deverá responder às questões
do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, para relacionar seus conhecimentos teóricos sobre a
sociologia clássica e ao conteúdo presente na avaliação nacional.
ATIVIDADES
1 – (ENEM 2019) A linguagem é uma grande força de socialização, provavelmente a maior que existe.
Com isso não queremos dizer apenas o fato mais ou menos óbvio de que a interação social dotada de
significado é praticamente impossível sem a linguagem, mas que o mero fato de haver uma fala comum
serve como um símbolo peculiarmente poderoso da solidariedade social entre aqueles que falam aquela
língua. SAPIR, E. A linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1980.
2 – (ENEM 2019) Em sentido geral e fundamental, Direito é a técnica da coexistência humana, isto é, a
técnica voltada a tornar possível a coexistência dos homens. Como técnica, o Direito se concretiza em
um conjunto de regras (que, nesse caso, são leis ou normas); e tais regras têm por objeto o
comportamento intersubjetivo, isto é, o comportamento recíproco dos homens entre si.
3 – (ENEM 2016) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em
vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as
brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja
expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode
chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão
amplas e tão apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova.
100
O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na
4 – (ENEM 2015) O impulso para o ganho, a persecução do lucro, do dinheiro, da maior quantidade
possível de dinheiro não tem, em si mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e
sempre existiu. Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte e condição humanas em todos os
tempos e em todos os países, sempre que se tenha apresentado a possibilidade objetiva para tanto. O
capitalismo, porém, identifica-se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa
permanente, capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da
sociedade, uma empresa individual que não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria
condenada à extinção.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).
5 – (ENEM 2021) No protestantismo ascético, temos não apenas a clara noção da primazia da ética
sobre o mundo, mas também a mitigação dos efeitos da dupla moral judaica (uma moral interna para os
irmãos de crença e outra externa para os infiéis). O desafio aqui é o da ética, que quer deixar de ser um
ideal eventual e ocasional (que exige dos virtuosos religiosos quase sempre uma “fuga do mundo”,
como na prática monástica cristã medieval) para tornar-se efetivamente uma lei prática e cotidiana
“dentro do mundo”.
SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 38, out. 1998.
Retomando o pensamento de Max Weber, o texto apresenta a tensão entre positividade ético religiosa e
esferas mundanas de ação. Nessa perspectiva, a ética protestante é compreendida como
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SOCIALIZAÇÃO E PROJETO DE VIDA
Olá, estudante!
Para encerrarmos o 1º bimestre, faremos uma atividade que relaciona socialização e estrutura social ao
seu projeto de vida. Para tanto, você deverá ler o texto a seguir e responder ao roteiro de perguntas.
Após realizar a atividade, solucione quaisquer dúvidas que tenha sobre a relação entre o seu contexto
social com os seus objetivos de vida com seu (sua) professor (a).
ATIVIDADES
Sucesso profissional não depende apenas de você! Por uma visão sistêmica da realidade
Quem nunca ouviu a frase “o sucesso depende de você”? Para a Sociologia tal frase é uma “meia
verdade”, pois o nosso sucesso individual depende também de outros indivíduos, assim como de
diversas condições materiais e históricas. Em outros termos, nossa biografia seria outra se tivéssemos
outras condições materiais e históricas, como, por exemplo, termos nascidos e sido educados no Irã.
Essa afirmativa onde você é o determinante de sua história é marcada pela ausência de uma visão
sistêmica da realidade.
Frases como essa (o sucesso depende de você) legitima, por exemplo, as desigualdades sociais e
transforma o vitimado em culpado. Nessa perspectiva, se você não teve êxito na vida econômica ou
estudantil, teria sido porque você não se fez merecedor, foi “fraco” e desmotivado, pois o sucesso
profissional só dependia de você.
Por certo, você leitor atento, já percebeu que algumas conquistas dependem de vários fatores externos
a você e notou que apenas sua motivação não seria suficiente para, por exemplo, estudar em uma
escola primária de qualidade se seus pais não tivessem recursos para pagá-la. Nesse caso, você
dependeria ou dos recursos financeiros que não dispunham ou de contar com a “sorte” de na cidade ter
uma escola de qualidade gratuita (e que sorte seria essa!).
Caro leitor, o sucesso profissional não depende apenas de você! Em uma visão sistêmica da realidade
compreendemos que os fenômenos sociais particulares (como estudar em uma boa escola) estão ligados
a um sistema de relações sociais que formam a sociedade mais geral. Em outros termos, ter sucesso
quase sempre dependerá de estudar em uma boa escola, que dependerá das condições econômicas de
sua família (ou da política pública local que estará atrelada a uma política pública educacional mais
ampla), da acessibilidade a essa boa escola, da qualidade das aulas de seus professores, da situação
educacional de seu país, etc. Depois de passar por todas essas condições favoráveis, dependerá ainda
da disponibilidade de ofertas de vagas no mundo do trabalho, assim como condições de manter-se no
local do emprego e, talvez, (se seu chefe gostar de você) ter o sucesso desejado.
Uma visão sistêmica nos possibilita compreender que não vivemos em uma “bolha”. Muito pelo
contrário, somos parte constitutiva de uma organização social. Nesse sentido, compreendemos que o
contexto histórico, social, cultural e político a qual estamos inseridos influenciam diretamente nossas
práticas cotidianas. Ou acha mesmo que usamos determinados tipos de roupas, por exemplo, por que
escolhemos livremente? Assim, é verdade que nossas ações cotidianas refletem, de algum modo, o
todo; bem como podemos afirmar que nossas ações influenciam na vida dos outros indivíduos.
Olhar o mundo com uma visão sistêmica é uma forma de compreendermos como nossas biografias
pessoais estão interligadas as biografias de milhares de outras pessoas, assim como olhar o mundo
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compreendendo que existem conexões entre o “todo” e as “partes” que compõem a sociedade a qual
estamos inseridos.
Dito isto, afirmamos que “o sucesso profissional não depende apenas de você”!
4 − Como a organização social na qual você está inserido condiciona o seu sucesso escolar?
5 − Na sua opinião, é possível transpor as dificuldades enfrentadas na sua estrutura social e ter sucesso
profissional?
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REFERÊNCIAS
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