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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Geociência e Ambiente

Gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização social e gênese de


espaços urbanizados

Curso de Licenciatura em Geografia Aplicada

Chavunga Marcelino Escova José

Maria da Estrela

Prudência Tome

Virginia Meque

Trabalho de Pesquisa

Tete

Março, 2024
1o Grupo; 3o Ano

Chavunga Marcelino Escova José

Maria da Estrela

Prudência Tome

Virginia Meque

Gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização social e gênese de


espaços urbanizados

Trabalho apresentado à Faculdade de


Geociência e Ambiente, da Universidade
Púnguè como requisito parcial de avaliação
sob orientações da docente.

Msc: Gertrudes Baptista Guale Choromane

Tete

Março, 2024
Índice

1. Introdução..........................................................................................................................4

1.1. Objetivos do Trabalho....................................................................................................4

1.2. Metodologia do Trabalho...............................................................................................4

2. Gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização social e gênese de


espaços urbanizados..................................................................................................................5

2.1. Contextualização............................................................................................................5

2.1.1. Conceitos de termos....................................................................................................6

2.1.2. Geografia Social.........................................................................................................6

2.1.3. Geografia Cultural......................................................................................................6

2.2. Gênese da geografia social.............................................................................................7

2.3. Gênese da geografia Cultural.........................................................................................8

2.4. Dinâmica da Geografia Social e Cultural.......................................................................8

2.5. Organização social e gênese de espaços urbanizados.....................................................9

2.5.1. Organização social......................................................................................................9

2.5.2. Gênese do espaços urbanizados................................................................................10

2.5.3. Diferença entre espaço urbano e rural.......................................................................12

3. Considerações Finais....................................................................................................... 13

Referências Bibliográficas...................................................................................................... 14
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1. Introdução

O presente trabalho foi desenvolvido no âmbito da cadeira de Geografia Social e Cultural e


tem como tema o seguinte: Gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização
social e gênese de espaços urbanizados. A Geografia social e cultural nasceu no fim do
século XIX, junto com a geografia humana. No princípio, o interesse era pela cultura material
dos grupos humanos, como suas ferramentas, suas construções, suas maneiras de lavrar a terra
e de criar animais.

1.1. Objetivos do Trabalho


1.1.1. Gerais

 Compreender a gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização social


e gênese de espaços urbanizados.

1.1.2. Específicos
 Identificar a gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização social e
gênese de espaços urbanizados;
 Descrever a gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização social e
gênese de espaços urbanizados;
 Explicar a gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização social e
gênese de espaços urbanizados.

1.2. Metodologia do Trabalho

Para a efectivação deste trabalho usamos a pesquisa bibliográfica. O trabalho com tema
supracitado remente-se ao campo Geográfico, o mesmo foi feito duma forma grupal, grupo
esse composto por quatro (4) elementos. Para a concretização desse usamos a interpretação
referencial (tratamento e reflexão). Esse trabalho teve como seu principal motor à “Internetˮ,
primeiramente baixamos alguns artigos em formato PDF onde recorremos a análise, reflexão,
discussão e selecção dos conteúdos relevantes, posteriormente digitamos o mesmo utilizando
o Microsoft Office (Word).
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2. Gênese e dinâmica da Geografia Social e Cultural: Organização social e gênese


de espaços urbanizados
2.1. Contextualização

A Geografia social e cultural nasceu no fim do século XIX, junto com a geografia
humana. No princípio, o interesse era pela cultura material dos grupos humanos, como suas
ferramentas, suas construções, suas maneiras de lavrar a terra e de criar animais.

No decorrer do século XX as abordagens sociais e culturais forma se transformando,


fazendo interlocução com outras áreas de conhecimento e passaram a se interessar pelas
representações, simbolismos, imagens metais, bem como conceitos de cultura de classe,
gênero, racismo e exclusão social. Na década de 1990, veio a chamada virada cultural e
considerou-se que os conhecimentos geográficos tem uma dimensão cultural relativa a um a
época, um lugar e uma área. A abordagem cultural desenvolve assim um campo
extremamente rico

No início do século XX trava-se intensa polêmica entre geógrafos e sociólogos para a


delimitação de seus campos disciplinares. A ambição dos morfólogos sociais em constituir
sua ciência reforçava a crítica aos geógrafos, acusados de serem ambiciosos, exclusivistas no
objetivo proposto de estudar todas as influencias exercidas sobre a vida social, objetivo que,
para estes, excederiam as forças de uma só ciência.

Segundo (Barnett 2004), os argumentos identificados com a virada cultural são


fortemente dependentes da crítica pós-modernista acerca das epistemologias totalizantes e
essencialistas, das quais o marxismo, taxado de economicista, reducionista, determinista e
baseado em classes, é um suspeito primário. Por outro lado, é comumente dito que a virada
cultural marginalizou a geografia social e perdeu consistência política, percepção que pode ter
fomentado a guinada em direção à abordagem social dos anos 1980.

Segundo Mcdowell, (1996) não só os geógrafos (sic) culturais, mas os teóricos


sociais em geral têm um interesse comum cada vez maior em saber como a crescente escala
global de produção e consumo afeta as relações entre identidade, significado e lugar. A
atenção é concentrada na maneira como os símbolos, rituais, comportamento e práticas sociais
do dia-a-dia resultam num compartilhado conjunto ou conjuntos de significados que em maior
ou menor grau são específicos em termos de lugar. Portanto, temos que uma perspectiva
geográfica tornou-se central para o projeto de estudos culturais de forma mais ampla.
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2.1.1. Conceitos de termos


2.1.2. Geografia Social

Geografia social é o nome dado a um ramo da geografia dedicado aos estudos de


cunho social, combinando conhecimentos de geografia e sociologia, avaliando povos, regiões,
culturas, conflitos, relações internacionais de uma perspectiva mais humanista. Geografia
social estuda o solo apenas como um dos elementos explicativos da vida e dos destinos das
sociedades, não o privilegia como fazem os geógrafos, isto é geografia social e cultural
estuda a interação das pessoas com o espaço onde vivem (Ratzel, 1990).

Para Capel, (1981, p. 123), a proximidade da geografia com as ciências sociais deve
também ser estudada, no processo de suas institucionalizações. A criação de cátedras de
geografia constituiu-se uma ameaça aos outros cientistas universitários. A resistência dos
geógrafos diante destes debates deve-se mais a razões pedagógicas e ideológicas, do que a
razões estritamente científicas.

A proximidade em relacção aos campos das ciências sociais tem o seu marco após
1870 com o determinismo biológico. As ideias de Charles Darwin e Claude Bernard se
impõem lentamente à geografia, esta proximidade resultará em uma grande identidade entre a
geografia e a etnologia.

2.1.3. Geografia Cultural

Segundo Claval, (2002), a Geografia Cultural é o ramo da Geografia que estuda os


assuntos relacionados às diferentes formas de manifestações culturais, como as religiões,
linguagens, rituais, músicas, artes, atividades econômicas específicas, dentre outras formas de
organizações sociais dentro de um espaço. A Geografia Cultural é ação contemporânea, talvez
num esforço para (ré)construir uma tradição

O objeto de estudo da Geografia Cultural é a paisagem que contém as marcas de uma


cultura e serve-lhe de matriz. Podemos observar na paisagem as marcas deixadas pelos
homens em sua constante adaptação ao meio. Interpretar a paisagem é uma tarefa do
geógrafo, pois ela fala dos homens que a modelam na atualidade, assim como daqueles que os
antecederam. Podemos compreender a evolução de uma sociedade pela simples Interpretação
das marcas deixadas na paisagem pelos homens.
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Um de seus objetivos principais é compreender as relações entre seres humanos e a


sociedade na qual estão inseridos, analisando de que forma seus comportamentos e
conhecimentos acabam sendo incorporados no cotidiano e na vida dessas pessoas.

2.2. Gênese da geografia social

Segundo a Wikipédia:

O termo "geografia social" surgiu há pelo menos cem anos na França,


quando estudiosos de geografia daquele país europeu resolveram dar uma
conotação mais social em detrimento a um certo cientificismo em seus
estudos. O panorama começa a mudar justamente com as mudanças
político-sociais de final da década 60, resultando na afirmação e
reconhecimento da geografia social como legítimo campo de estudos.
À época predominava a vertente conhecida como Geografia Radical, de inspiração
nos estudos marxistas, concentrando-se em temas como o produto das relacções sociais de
produção como base essencial da estrutura vigente de classes. Do ponto de vista empírico, os
objetos de estudo dos radicais estavam concentrados em dois domínios, a saber:

a) O processo de formação do espaço urbano, como por exemplo as questões de


segregação espacial (pobres ocupando determinadas áreas, como que se fossem
"reservadas" a eles, negros em situação semelhante em diversos locais, assim como
outros grupos geralmente excluídos);
b) O segundo tema de atenção dos radicais eram as relações de dependência e
subdesenvolvimento, desigualdades em escala mundial, questões como a da pobreza
das grandes áreas urbanas em capitais africanas, que mal podiam fornecer os serviços
públicos básicos aos seus habitantes, enquanto que em centros importantes do
chamado "primeiro mundo", havia uma abundância, um excesso de ostentação e
riqueza

Segundo Horácio Capel 1981 a sociedade passa a ser compreendida como um todo
constituído de partes vivas em analogia ao sistema de movimentos vitais. Na concepção
Spenceriana, as partes da sociedade são unidas por uma relação de dependência com o corpo
vivo - as conexões funcionais com as concepções teleológicas dos processos sociais. Os
conceitos biológicos de organização (o organicismo) passam a ser a explicação dos
fenômenos sociais e toda a terra foi considerada como um organismo, ser vivo. O novo
organicismo foi alimentado pela filosofia da natureza da época romântica
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2.3. Gênese da geografia Cultural

Segundo Paul Claval (2007, p. 11), a geografia cultural nasceu no fim do século XIX,
no mesmo momento que a geografia humana. Para alguns geógrafos, ela aparecia como uma
outra formulação da geografia humana. Para outros, ela se interessava pela cultura material
dos grupos humanos: as suas ferramentas, as suas casas, a sua maneira de cultivar os campos
ou de criar animais. O seu desenvolvimento permanecia lento até os anos setenta. Depois, o
seu caráter mudou. Doravante, o interesse maior é pelas imagens mentais, as representações, o
simbolismo, as identidades.

Antes dos anos de 1970, a geografia cultural fazia parte da geografia humana. Com
as concepções, torna-se uma ciência autônoma. Entender as consequências das ações humanas
no espaço é um dos principais objetivos da geografia cultural. Por isso, essa parte da geografia
engloba vários assuntos. Entre os muitos pontos observados por este campo científico estão:
a geopolítica dos países, a globalização, a hegemonia cultural, a americanização e a análise
das paisagens culturais, por exemplo.

A geografia cultural tinha a forma duma secção quase autônoma da disciplina, como
a geografia econômica, a geografia política ou a geografia urbana. A geografia cultural tratava
quase exclusivamente da dimensão material da atividade humana e de suas marcas na
paisagem; daí a dificuldade de tratar de assuntos como a geografia religiosa (Deffontaines,
1948). Com o progresso dos meios de comunicação, a uniformização das técnicas progredia
rapidamente. O resultado foi que o objeto, mesmo dessa sub-disciplina, estava desaparecendo;
alguns geógrafos pensavam que ela tinha também de desaparecer

2.4. Dinâmica da Geografia Social e Cultural

As dinâmicas que colocam em evidência a abordagem social e cultural resultam, ao


mesmo tempo, dos processos que afetam a cultura do exterior e daqueles que a estruturam
internamente. Essas dinâmicas se combinam com outras, ou são dominantes.

A Geografia cultural inicialmente se dedica aos processos que garantem a


transmissão das atitudes, das práticas, dos saberes, dos conhecimentos e das crenças de um
indivíduo ao outro, de uma geração à outra: eles influenciam aquilo que circula e é
interiorizado um por todos.
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A transmissão da cultura não acontece da mesma maneira quando se dá oralmente,


por escrito ou graças às mídias modernas. As situações face a face até recentemente
envolvidas na oralidade se prestavam perfeitamente à transmissão local dos gestos, das
experiências e das crenças, mas se revelavam menos eficazes quando se tratava de ensinar
conhecimentos abstratos cuja aquisição demanda múltiplas repetições e exercícios. A falta de
memória material tornava difícil a acumulação dos saberes e da experiência.

O lugar da cultura, na geografia, sempre foi importante, mas ele mudou fortemente
durante a última geração. Até 1970, o enfoque era sobre as dimensões materiais e técnicas da
cultura. Hoje, o enfoque é mais sobre as suas dimensões simbólicas.

Às vezes, essa trajetória é apresentada em termos de revolução científica e de ruptura


epistemológica. Pensamos que o sentido da virada cultural é diferente. Ele não se reduz a
passagem dum período onde a ênfase foi sobre as técnicas e outra onde ele foi sobre o
sentimento e o simbolismo. Foi uma evolução que não excluía uma certa continuidade. Um
testemunho disso está ligado ao interesse permanente para os processos de comunicação, de
transmissão e de invenção.

Um outro é o lugar da dimensão material da cultura na pesquisa contemporânea,


mesmo se essa dimensão não é mais centrada sobre as atividades produtivas, mas sobre o
corpo como base da experiência humana e dos sentidos, do olhar, do ouvir, do cheirar, do
tocar, ou sobre a paisagem ou o patrimônio.

O que nos parece essencial é a ideia de que a Geografia cultural completa o campo
da Geografia Social, que até pouco tempo não era suficientemente explorada: para as
abordagens socioeconômicas e sociopolíticas logo empregadas para lançar luz sobre as
sociedades de ordens e de classes, ela acrescenta o que a abordagem sociocultural traz: o
papel dos meios de comunicação na difusão dos saberes, dos conhecimentos, das crenças e
das emoções, a significação dos imaginários, as dinâmicas de identidade/mimese e de
distinção como os processos de civilização ou de declínio.

A cultura se enriquece e se difrata nos enfrentamentos com s quais ela


constantemente se depara, quer se trate da natureza, da paisagem ou do corpo. Ela é, em sua
forma mais pura, representação da vida coletiva.
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2.5. Organização social e gênese de espaços urbanizados


2.5.1. Organização social

No processo histórico da organização social, há que se considerar uma série de


premissas, conforme Soja:

 O espaço social é produto de uma sociedade; como tal é ao mesmo tempo meio e
resultado das ações e relações sociais, o que lhe confere um caráter dialético. A
estruturação espaço-temporal da vida cotidiana interfere e condiciona a concretização
e constituição das ações e relações sociais.
 A constituição do espaço socialmente produzido é plena de contradições e lutas,
muitas rotinizadas no cotidiano, decorrentes do caráter dialético de sua produção,
através da atividade social e econômica, por ser simultaneamente suporte, meio,
produto e expressão da reprodução das relações sociais de produção em escala
ampliada, o que confere a estas relações um caráter espacial necessário.
 O espaço socialmente produzido é simultaneamente fruto das tensões entre capital e
trabalho e de estratégias de luta pela reprodução do capital e do trabalho, bem como de
práticas sociais organizadas que visam antagonicamente quer a manutenção do espaço
social existente, quer uma transformação radical deste espaço.
 O espaço socialmente produzido condensa em si desde a quotidianeidade do viver até
a história, nele se mesclam marcas de tempos passados e persistem e coexistem,
conforme o caso, formas capitalistas e pré-capitalistas de produção.

Neste sentido não há como realizar uma interpretação materialista da história sem
uma concomitante interpretação do espaço social e vice-versa.

2.5.2. Gênese do espaços urbanizados

A produção do espaço social e os processos históricos e sociais não se desenrolariam


alheios entre si, mas num jogo de interação, oposição, contradição. Por conseguinte, a
estruturação do território poderia ser definida dialeticamente como um elemento substantivo
das relações gerais de produção simultaneamente sociais e espaciais, necessária para o próprio
processo de produção no arranjo dos territórios e na distribuição desigual e hierarquizada das
classes sociais e das atividades produtivas no espaço que levam a uma diferenciação social e
espacial que contribui para um desenvolvimento desigual e combinado em diferentes escalas,
a nível espacial e de relações de dominação.
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Neste sentido a urbanização seria uma forma de estruturação do território, onde o


peso dos lugares varia historicamente em função dos condicionantes e processos sociais,
econômicos, políticos, e por vezes culturais que tomam corpo. E a rede urbana seria a
expressão cristalizada de diferentes estruturações do espaço em diferentes tempos históricos.

Giddens (1989), parte da compreensão de que o espaço não deve ser entendido
apenas como algo (um continente) a ser preenchido por populações organizadas social,
econômica e politicamente, define a urbanização enquanto o processo social de maior
significância na estruturação do território. Soja amplia esta proposição ao afirmar que:

A urbanização pode ser vista como uma de várias grandes acelerações do


distanciamento espaço-tempo ... A especificidade do urbano é definida, pois, não
como uma realidade separada, com suas próprias regras sociais e espaciais de
formação e transformação, ou meramente como um reflexo e uma imposição da
ordem social. O urbano é uma parte integrante e uma particularização da
generalização contextual mais fundamental sobre a espacialidade da vida social.
Em sua especificidade social, o urbano é permeado por relações de poder,
relações de dominação e subordinação, que canalizam a diferenciação regional e
o regionalismo, a territorialidade e o desenvolvimento desigual, e as rotinas e
revoluções, em muitas escalas diferentes. (Soja, 1993).

As vilas e cidades podem ser descritas como localidades que abrangem contextos,
recintos e concentrações nodais da interação humana, ligados à integração social e dos
sistemas e, por conseguinte, a redes múltiplas de poder social. No contexto do mundo
contemporâneo, a localidade pode ir desde os menores povoados ou bairros até as maiores
conturbações (Soja, 1993).

A urbanização, assim, tende a deixar de estar relacionada apenas à urbe, ao urbano, à


cidade, à aglomeração de pessoas, equipamentos e infraestruturas. A urbanização tende a
assumir uma forma pulverizada em segmentos dispersos e conquista desta maneira
fragmentada a escala do território - e passa a se referir também a processos gerais e
socioeconômicos no meio rural (se é que ainda hoje podemos falar de uma dicotomia rural-
urbano).

O urbano torna-se “uma parte integrante e uma particularização da generalização


mais contextual mais fundamental sobre a espacialidade da vida social, a de que ocupamos
uma matriz espacial multiestratificada de locais nodais” (Soja, 1993). E passa a estar
relacionado a um modo de vida, enquanto quadro e condição de vida (inserção no processo
produtivo), não na acepção restrita de Wirth, e sim numa acepção mais ampla, onde não só a
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cultura mas outros fatores sociais, econômicos, políticos e espaciais interferem nas relações
que os homens travam entre si e o meio em que vivem.

A aglomeração não deixa de ser importante, porém, sua permanência dependerá do


desenvolvimento do meio técnico-científico e das transformações das relações de trabalho e
de vida

2.5.3. Diferença entre espaço urbano e rural

Sobre o uso dos vocábulos rural e urbano, Endlich (2013, p. 13) esclarece que, (...)
uma consulta ao Aurélio informa que rural (do latim ruralis) é um adjetivo do que pertence ou
é relativo ao campo; e o urbano (do latim urbanus) é um adjetivo do que é relativo à cidade,
ou o que tem caráter de cidade.

O adjetivo urbano apresenta alguns significados a mais, no sentido figurado, como


cortês, afável, polido ou civilizado.

Quando as expressões urbanidade e ruralidade são utilizadas, estão carregadas de um


significado contraditório, em que a primeira vincula-se à ideia de civilidade, fineza,
modernidade e a segunda traz implícita uma conotação pejorativa, associando ideias de atraso,
indelicadeza, rusticidade, entre outras, até mesmo a profissão de agricultor traz na sua
bagagem o peso de uma cultura que a interpretou ao longo do tempo como uma profissão
menor ou inferior.

A visão do rural como arcaico, e o urbano como moderno, também pode ser
percebida através da arte. Sposito (2013) considera que, antes da industrialização, a cidade
era, sobretudo, espaço do poder e da vida política. A cidade medieval, ainda que
desempenhando funções comerciais, bancárias e de produção artesanal, não perdia seu caráter
político.

Os conceitos de rural e urbano estão fortemente relacionados ao conceito de cidade.


Para Mendras (1969, p. 35), os habitantes do campo buscam nas cidades grande número de
seus modelos sociais, o que não significa que imitem os citadinos ou os admirem sem
reservas.

Conforme Sposito (2013), na questão campo e cidade, o relevante é compreender a


dificuldade em distinguir os espaços rurais e urbanos na atualidade, o que não significa
desaparecimento da cidade e do campo como unidades espaciais distintas, mas a constituição
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de áreas de transição e contato entre esses espaços que assumem novas características e usam
o mesmo espaço territorial.

3. Considerações Finais

Posteriormente a pesquisa bibliográfica e que terminou com a realização deste


trabalho concluímos que a Geografia social e cultural nasceu no fim do século XIX, junto
com a geografia humana. No princípio, o interesse era pela cultura material dos grupos
humanos, como suas ferramentas, suas construções, suas maneiras de lavrar a terra e de criar
animais.

No decorrer do século XX as abordagens sociais e culturais forma se transformando,


fazendo interlocução com outras áreas de conhecimento e passaram a se interessar pelas
representações, simbolismos, imagens metais, bem como conceitos de cultura de classe,
gênero, racismo e exclusão social.

Na década de 1990, veio a chamada virada cultural e considerou-se que os


conhecimentos geográficos tem uma dimensão cultural relativa a um a época, um lugar e uma
área. A abordagem cultural desenvolve assim um campo extremamente rico.

Realçar que o lugar da cultura, na geografia, sempre foi importante, mas ele mudou
fortemente durante a última geração. Até 1970, o enfoque era sobre as dimensões materiais e
técnicas da cultura. Hoje, o enfoque é mais sobre as suas dimensões simbólicas.

Às vezes, essa trajetória é apresentada em termos de revolução científica e de ruptura


epistemológica. Pensamos que o sentido da virada cultural é diferente. Ele não se reduz a
passagem dum período onde a ênfase foi sobre as técnicas e outra onde ele foi sobre o
sentimento e o simbolismo. Foi uma evolução que não excluía uma certa continuidade. Um
testemunho disso está ligado ao interesse permanente para os processos de comunicação, de
transmissão e de invenção. Um outro é o lugar da dimensão material da cultura na pesquisa
contemporânea, mesmo se essa dimensão não é mais centrada sobre as atividades produtivas,
mas sobre o corpo como base da experiência humana e dos sentidos, do olhar, do ouvir, do
cheirar, do tocar, ou sobre a paisagem ou o patrimônio
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Referências Bibliográficas

Endlich, Â. M. (2013). Perspectivas sobre o Urbano e o Rural. In: Sposito, M. E. B. e


Whitacker, A. M. (org) Cidade e Campo – Relações e Contradições e entre o urbano e
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Editorial Cervantes.

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Lobato; Rosendahl, Zeny (Orgs.) Sobre Carl Sauer. Rio de Janeiro: Eduerj.

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Claval, P. (dir.) (1993), Autour de Vidal de la Blache. La formation de l'Ecole française de


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Giddens, A. (1989): A Constituição da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes. ____ (1985):
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Mendras, H. (1969). A cidade e o campo. In: Queiroz, Maria I. P. de. (Org.). Sociologia
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Jorge Zahar Editora,

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_______________________________. (1994): Técnica, Espaço, Tempo. São Paulo: Hucitec.

Soja, E. (1993). Geografias Pós-Modernas - a reafirmação do espaço na teoria social crítica.


Rio de Janeiro: Zahar.

Sposito, M. E. B. S. (2013). A questão cidade-campo: perspectivas a parir da cidade. In:


Sposito, M. E. B.; Whitacker, A. M. (org.) Cidade e Campo – Relações e Contradições e
entre o urbano e rural. (3. Ed), São Paulo: Outras Expressões.

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