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Ficha Nr: 1

Nome do Estudante: Nélio


Tema: Restrições Fonológicas
Referências Bibliográficas:
Brandão de Carvalho (1988) Reduction vocalique quantie et accentuatcion. Lisboa: Boletem de
Filologia.
Elordieta, G. (2014). The Word in Phonology. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars
Publishing.
Kiparsky, P. (1985). Some Consequence of Lexical Phonology. Cambridge. Phonology
Yearbook
Mateus, et al. (2003). Gramática da Língua Portuguesa. (5. Ed). Lisboa: Caminho.
Pereira, et al. (1999). O acento de palavra em Português: uma análise métrica. Coimbra.
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Página Citação Reflexão
Notas Introdutórias Torna se difícil definir a palavra
na maioria das vezes por falta de
A palavra, como sabemos, é uma das unidades critérios formais e objectivos
linguísticas de mais difícil definição. Parte universais. Com isto entendo que
importante das dificuldades inerentes à sua cada autor define palavra de
definição reside, em primeiro lugar, na falta de acordo com o seu contexto.
critérios formais, objetivos e universais que
Numa dada língua, uma cadeia
possibilitem uma identificação clara do conceito.
fonética será uma boa candidata
133 a
Entre os requisitos frequentemente invocados ao estatuto de palavra se e só se,
134
como um critério fundamental para se definir a entre outras exigências, contiver
palavra, encontramos a Condição de um material fonológico mínimo
Minimalidade (CM). Relativamente ao português, (CM),
estudos precedentes oscilam entre a posição que Alguns estudos se referindo ao
defende que a CM não constitui uma restrição português defendem que a
fonológica obrigatória para as palavras da língua e condição de minimalidade não
a que, em sentido oposto, postula uma constitui uma restrição
parametrização da CM a que todas as palavras fonológica obrigatória para as
devem obedecer categoricamente. palavras da língua. Para o sentido
ao contrário temos uma da
condição de minimalidade a que
todas as palavras devem
obedecer.
Restrições fonológicas a que estão
obrigatoriamente sujeitas as palavras da língua
A CM é a restrição fonológica que, em interação A construção de silaba é um
com outras, impõe uma quantidade mínima de factor muito importante no peso
material fonológico para que uma cadeia fonética silábico e na palavra mínima.
possa ser admitida como uma palavra da língua.
137 Nem todas as silabas de mais de
McCarthy e Prince, (1995:322).
um elemento são pesadas.
A palavra mínima deve conter pelo menos uma
A palavra ninima é construída
sílaba pesada.
por mais de um elemento.
A palavra mínima deve conter pelo menos duas
Quanto a questão de silabas é
sílabas. possível definir a distinção entre
A Condição de Minimalidade em português silabas pesadas e leves como uma
distinção entre silabas com rima
O léxico contemporâneo do PE admite, contudo, ramificada (com núcleo +
um número não absolutamente desprezível de consoante ou outra Vogal) e
palavras monossilábicas. Além de um elevado silabas com rima não ramificada.
número de formas clíticas.
A CM, tal como formulada em McCarthy e Prince
(1995), não faz parte das restrições fonotáticas
nem das condições de palavridade da língua. O Alguns autores mostram que O
PE, por ser uma língua sem oposições de PE, por ser uma língua sem
oposições de quantidade, não
quantidade, não deveria admitir como palavras
deveria admitir como palavras
quaisquer cadeias fonéticas com menos de duas
quaisquer cadeias fonéticas com
sílabas. menos de duas sílabas.
Peso silábico e acento de palavra
Descrições como Pereira (1999), Roca (1999),
Mateus e D’Andrade (2000) e Mateus et al.
(2003), por exemplo, apresentam-nos o acento de O acento em português vário
palavra do português como exclusivamente regido autros trazem reflexões sobre a
atribuição de acento nessa língua
por fatores de natureza morfológica: nomes e
demostrando que há regularidade
verbos obedecem a regras acentuais distintas e, que devem ser observadas na
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dentro de cada uma destas classes, o acento é distribuição de acento
descrito tomando por referência determinados
morfemas ou segmentos da cadeia morfológica Outro ponto que deve ser
morfossintaticamente determinados. observado é o facto de a maioria
das palavras em língua
Explicações como as Brandão de Carvalho (1988; portuguesa ter o acento na
1989; 2011) ou Wetzels (2007), por exemplo, penúltima sílaba.
enfatizam a inocorrência de proparoxítonos com
penúltima sílaba pesada ou a preponderância
estatística de oxítonos com última sílaba pesada,
entre outros, como argumentos que demonstram a
Esses autores quanto a posição do
natureza também fonológica do acento e a sua acento tônico em cada uma das
sensibilidade ao peso silábico, também em palavras, nos remetendo, assim, à
português e de forma muito particular nas classes relação do peso silábico com a
dos nomes e dos adjetivos. distribuição de acento tônico e
acento gráfico, tendo em vista
Peso silábico e palavras coincidentes com
que na palavra oxítona, em que a
monossílabos pesados no português medieval
sílaba tônica é a pesada, não há
No português medieval (PM), encontramos um marcação de acento gráfico, em
número não despiciendo de exemplos de palavras contrapartida, na palavra
monossilábicas formadas por uma sílaba pesada. paroxítona, que também possui
uma sílaba pesada, mas que,
140 Outras restrições fonotáticas associadas à boa nesse caso, não é a sílaba que vai
formação de palavras em português receber o acento tônico, é preciso
haver uma marcação gráfica, para
(cf., entre outros, ELORDIETA, 2014 ou que o falante saiba qual será a
VELOSO, 2016), as principais restrições sílaba tônica.
fonológicas que, em línguas como o português,
uma palavra morfológica deverá obrigatoriamente
respeitar.
(3). Restrições fonológicas obrigatoriamente
respeitadas pelas cadeias fonéticas admissíveis
As restrições fonataticas são
como palavras morfológicas em português. especificadas de cada língua e
(3a). Possuem um e só um acento principal, definem sílabas podem ocorrer
regido pelas regras de atribuição de acento de naquela língua.
palavra (Exceção: Palavras Clíticas). As sílabas podem ter outras
142 vogais e consoantes. Contudo
(3b). Obedecem às regras de combinação
algumas restrições segmentais
fonotática da língua, não violando o Princípio de ocorrem, existem critérios que
Preservação da Estrutura (KIPARSKY, 1985). definem queis sons ou segmentos
D’Andrade (2000, p.60-64), que impõe, podem preencher as posições de
designadamente as restrições resumidas em (4). C e V.
Quanto a boa formação
(4a). A posição de núcleo silábico cabe
fonológica as silabas podem se
exclusivamente a segmentos vocoides (com a
combinar para formar palavras.
criação excecional de “núcleos vazios” perante Contudo algumas restrições
estruturas lineares que não respeitem os princípios combinatórias determinam as
métricos explicitados no parágrafo seguinte). silabas quais silabas podem ou
não serem combinadas.
(4b). Os ataques ramificados obedecem
estritamente ao Princípio de Sonoridade e à As restrições combinatórias das
Condição de Semelhança. silabas são especificas para cada
língua e determinam a boa
(4c). O preenchimento segmental ou formação fonológica das palavras
autossegmental da coda silábica é altamente naquela língua.
restrito (podendo esta restritividade sofrer Quanto a importância da
enfraquecimento no limite direito da palavra. oralização de abreviações a
Importância da oralização de abreviações a avaliação da CM. É importante
avaliação da CM afirmar que nenhuma abreviatura
se constitui exclusivamente por
Apesar da disponibilidade da produção um único processo.
acronimizante, prevalece a siglação. O respeito
Como vimos anteriormente, as
pela restrição fonotática que obriga à existência de abreviaturas formadas por
núcleos silábicos preenchidos por vocoide parece simplificações gráficas também
corresponder a uma condição necessária, mas não podem sofrer modificações
143 suficiente para a produção de acrónimos. baseadas na modalidade
oral/falada praticada pelo
“McCarthy; Prince (1995) expressa que limita a
escrevente, o mesmo ocorre com
importância do peso silábico para a CM apenas às as abreviaturas das outras
línguas com oposições quantitativas.” categorias.
Plénat (1993) propõe para o francês, admitiremos McCarthy; Prince (1995)
146 que a minimalidade é o fator que determina a expressa que limita a importância
escolha de uma ou de outra e será este o ponto de do peso silábico para a CM
partida para o nosso estudo empírico, do qual não apenas às línguas com oposições
excluiremos, porém, a possível interferência de quantitativas e não as línguas sem
outras variáveis fonológicas. oposições quantitativas.

Resumo
Perante esse estudo referente a restrições fonológicas discute-se a condição de minimalidade
como formulação geral, onde CM é a restrição fonológica que, em interação com outras impõe
uma quantidade mínima de material fonológico para que uma cadeia fonética possa ser admitida
como uma palavra da língua, segundo autores como McCarthy; Prince (1995:322) que defendem
a condição de minimalidade e afirmam que a palavra mínima deve conter pelo menos uma silaba
pesada nas línguas com oposições quantitativas, ainda para eles a palavra mínima deve conter
pelo menos duas silabas nas línguas sem oposições quantitativas.

No caso de Português enquadrada nas línguas sem oposições quantitativas admite um número não
absolutamente desprezível de palavras monossilábicas. Alem de um número elevado de formas
clíticas. O Português Europeu tal como formulada em McCarthy; Prince (1995) não faz parte das
restrições fonotáticas nem das restrições de palavridade da língua.
Quanto ao peso silábico e a palavridade em português, autores como Pereira, (1999), Roca,
(1999), Mateus et al. (2003) mostram que o acento de palavra do português é exclusivamente
regido por factores de natureza morfológica, isto é, nomes e verbos obedecem a regras acentuais
distintas e dentro de cada uma destas classes, o acento é descrito tomando por referência
determinados morfemas e segmentos da cadeia morfológica. Brandão de Carvalho (1988)
enfatiza a inocorrência de proparoxítonos com penúltima silaba pesada.

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