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INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
Morfologia – Sintaxe
= Morfossintaxe?
1 OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
2 COMEÇANDO A HISTÓRIA
Olá, amigo do curso de Letras a Distância. Vimos, nos semestres anteriores, nas
disciplinas Fundamentos de Linguística Românica (FLR) e Morfologia da Língua
Portuguesa (MLP), alguns aspectos que particularizam as relações discursivas
de nossa língua. Em FLR, vimos que o enunciado era construído com base em
declinações, categorizadas em casos. Assim, para cada situação de funcionalidade
do termo, tínhamos um caso, o que não exigia uma ordem específica das palavras
no discurso. Reconhecendo-se o caso, pela declinação, era possível identificar
o sujeito, o objeto ou o adjunto da oração, ou seja, sabia-se quem falava, para
quem, para o quê e quais as informações complementares nesse enunciado.
Em MLP, revisamos o que sempre estudamos desde o nosso ingresso na escola. A
formação das palavras, seus componentes internos (raiz, radical, afixos, processos
de formação etc.), as flexões de gênero, número e grau, entre outros caracteres
que nos permitem, segundo nossa ordem atual de classificação vocabular,
localizar ou categorizar os termos nas dez classes que atualmente conhecemos:
substantivos, adjetivos, pronomes, verbos, interjeições, preposições, conjunções,
artigos, numerais, advérbios.
Vimos que conhecer e aplicar essa classificação é importante porque, como não
mais utilizamos os casos latinos, agora temos que obedecer a uma certa ordem
estrutural dos elementos dentro dos enunciados.
Assim, há certas palavras que, como pertencem a uma classe definida, não podem
ser colocadas em qualquer lugar na frase. É o caso do artigo, por exemplo: sempre
ocupa o lugar de anterioridade ao substantivo. Reconhecer particularidades
desse tipo já é o primeiro sinal de que as palavras não agem, não se realizam
sozinhas no discurso. Elas trazem em seu bojo uma necessidade de funcionarem
satisfatoriamente. E isso deve ser um padrão a ser aceito e executado por
toda uma comunidade que fale um idioma específico (seja Português, Inglês,
Espanhol, Francês etc.). Se assim não for, como nós, falantes da Língua Portuguesa,
poderíamos nos comunicar, com o mínimo de interferências possível?
Assim, nesta nova etapa, estudaremos a Morfossintaxe, ou seja, a relação de
interdependência entre as palavras ou vocábulos e seu efeito comunicativo no
enunciado.
Aproveite a leitura dos textos que disponibilizamos em nossa plataforma, mas
amplie sua leitura. Busque outras fontes. A pesquisa e o estudo não se resumem
a um texto apenas. Sempre há muito a aprender e, sem dúvida nenhuma, nossa
área de atuação é rica em material de consulta, de estudos e de pesquisa.
Seja bem-vindo!
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AULA 1
3 TECENDO CONHECIMENTO
O que é Morfologia? Qual é o seu campo de atuação? Quais são seus limites?
pode ser estudada a partir de seus constituintes e que essa forma, para agir
significativamente sobre o universo comunicativo, constitui-se como um elo
encadeador junto a outros vocábulos, a fim de formalizar o enunciado e a
eficiência da compreensão discursiva. Voltaremos a falar sobre esse assunto no
momento certo.
Você já experimentou pronunciar várias vezes uma mesma palavra? Se não, faça
isso agora. Escolha uma palavra qualquer: livro, por exemplo, ou uma de melhor
articulação – cadeira, celular, ovo, qualquer uma. Repita-a pelo menos umas...
vinte vezes. Após tanta repetição, você chegará à conclusão de que a palavra
que você pronunciou insistentemente perdeu por um momento seu valor de
significação, passou a ser apenas um conjunto de articulações sem sentido. Essa
impressão também lhe será perceptível se, em vez de pronunciar a palavra,
você pronunciar suas sílabas separadamente. A palavra “perde a imagem”,
a representatividade de sentido. E aí concluímos que fonemas e sílabas não
querem dizer nada. Isso porque a “sílaba é uma construção de um, dois ou mais
fonemas articulados, mas não ultrapassa os limites do campo a que pertencem
as unidades não-significativas”, segundo Carone (1986, p. 8). Esse é o plano da
expressão. Significa dizer que fonemas e sílabas representam esse plano, o da
expressão, que não tem sentido individualizado, autônomo.
Avancemos um pouco mais. Para a mesma autora acima citada, a sílaba seria
um sintagma no plano da expressão.
Bem, em uma conceituação mais ampla, diz-se que é a menor unidade significativa
de um enunciado. Para a nossa autora, “é qualquer construção, em qualquer
nível, resultante da articulação de unidades menores”.
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AULA 1
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Morfologia – Sintaxe = Morfossintaxe?
Qual das expressões a seguir não desperta com clareza uma ideia, um conceito,
uma imagem?
Você deve ter optado pela letra “c”. Ainda que seja uma expressão conhecida
por nós, ela só tem significação ou sentido se colocada em um contexto. Isso é o
que acontece com a sílaba. Só terá valor se fizer parte de um morfema, ou seja,
de um ambiente linguístico que lhe dê condições de significar algo ou concorrer
para, junto a outros morfemas, produzir um termo expressivo.
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AULA 1
E agora? Você acha que a expressão marcada acima ainda parece algo abstrato,
sem nenhuma ideia coerente? Tente compor uma explicação para sua resposta.
É sua vez de justificar o fenômeno apresentado. Divirta-se!
Para essa etapa, vamos precisar de mais alguns conceitos operacionais básicos.
3.3.1 A articulação
Pensemos juntos: se as partes das palavras, das frases, dos discursos se articulam,
então todas elas podem ser analisadas isoladamente. E quando isso é feito,
significa que buscamos entender o que essas partes representam em seu todo,
para a construção desse todo linguístico ou discursivo. E aí chegamos a outro
conceito – a função.
3.3.2 A Sintaxe
Muito bem. Sabemos que a articulação e a função são alguns conceitos que nos
remetem aos estudos morfossintáticos. Além desses, ainda precisamos refletir
sobre: outros.
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AULA 1
O que seria “analisar”? Grosso modo, dizemos que analisar é verificar as partes de
um todo, ou seja, compartimentar um elemento maior em partes menores, sem,
entretanto, permitir sua dispersão. É necessário que a conexão entre essas partes
se mantenha durante a análise, já que se entende que, se essas partes formam
o todo, então elas tecem entre si uma relação de interdependência, logo uma
só vale como vale porque está sendo influenciada pela validade da outra parte.
A força que alterou a palavra carro está no numeral dois. Se não houvesse essa
transformação, o enunciado seria visto como problemático, desviado da norma
culta padrão. E é assim que se estabelece um dos requisitos da concordância/
flexão de número.
Figura 2
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Morfologia – Sintaxe = Morfossintaxe?
Exercitando
Eu não aguento
Tanta ausência tanta dor
Parece que o amor
Se esqueceu de mim
Bateu a porta
Deu adeus e foi embora
A solidão me devora
Agora eu tô roendo sim
Flávio José
Figura 3
5 TROCANDO EM MIÚDOS
Nesta aula, fizemos um rápido percurso pela Morfologia e pela Sintaxe, a fim de
demonstrar quão interligadas estão essas ciências. A partir dessas discussões,
pudemos observar que as palavras não existem por si sós, ou seja, cada uma delas
é responsável, em algum contexto, com a expressividade que se pretende em sua
articulação dentro dos enunciados possíveis em Língua Portuguesa. Além dessas
conclusões, vimos também que há a necessidade de se reconhecerem alguns
conceitos como Articulação/Função; Substância/Forma; Estrutura/Construção;
Análise/Síntese. Sobre esses pares conceituais, entendemos que a articulação
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Morfologia – Sintaxe = Morfossintaxe?
A relação que esses termos mantêm nas construções de que fazem parte é
assegurada por vários fatores, além da proximidade no ambiente sintático; entre
eles se verifica uma conexão e uma interdependência responsáveis pelo todo
do enunciado e pelo sentido que evocam.
6 AUTOAVALIANDO
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AULA 1
REFERÊNCIAS
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