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Olá,
bem-vindo à última fase do processo de editoração do
seu material didático. A Diretoria de Educação a Distância
agradece o seu empenho na elaboração de mais uma
aula do curso de Licenciatura em Letras com habilitação
em Língua Portuguesa - modalidade a distância, e conta com a sua compreensão
para a finalização deste processo. Para isso, você precisa seguir os seguintes passos:
1º
Revise a diagramação
Verifique se o conteúdo da aula, os gráficos, as ilustrações, as tabelas etc. estão de
acordo com o que você havia planejado.
2º
Solicite alterações
Solicite alterações diretamente neste PDF e poste este arquivo devidamente
renomeado para: AULA##_UNIDADE##_DIAGRAMADO_REPROVADO; ou imprima
este documento, aponte as alterações com caneta e entregue ao diagramador
responsável. Deste modo, o diagramador poderá fazer as alterações solicitadas e você
terá uma nova oportunidade de revisar a aula diagramada. Se preferir, agende um
horário com o diagramador da sua aula para fazer as alterações pessoalmente.
4º
Colete as assinaturas
Assine e colete as demais assinaturas dos responsáveis pela aprovação (ver Termo de
Compromisso - Etapa 5):
1) Professores conteudistas (assinar na capa da aula e rubricar as demais páginas);
2) Coordenador de elaboração de material didático (assinar na capa da aula);
3) Coordenador do curso (assinar na capa da aula).
5º
Entregue na DEADPE
Entregue na Diretoria de Educação a Distância e Programas Especiais. Pronto! Sua
participação no processo de produção da aula está concluída.
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
A propósito do Realismo
no Brasil: o texto, o
contexto e a realidade
1 OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
2 COMEÇANDO A HISTÓRIA
Prezado aluno,
3 TECENDO O CONHECIMENTO
São vários os caminhos possíveis para falar das origens do Realismo como
movimento literário: observando-o sob o prisma ideológico, histórico, social,
estético, político ou científico. Um desses caminhos remete, também, à formação
do próprio nome, que em suas origens prenunciava a possibilidade de as narrativas
expressarem, com veracidade e exatidão, uma representação fiel da realidade. A
palavra realista deriva de real, oriundo do adjetivo do baixo latim realis, reale, por
sua vez derivado de res, coisa ou fato. À luz dessa ideia que conecta o nome da
escola literária à busca de uma verdade, os autores da época deveriam indicar
em seus relatos a preferência pelos fatos, reforçando a tendência de encarar
as coisas e acontecimentos como são e estão na realidade. Sob um ponto de
vista estritamente político, convém compreender que os condicionantes que
estabeleceram essa visão de mundo são decorrentes de transformações ocorridas
na França pós-Revolução de 1879, resultando, entre outras coisas, na ascensão
da burguesia, fato que levou a novas formas de representação da sociedade.
O tratamento sério da realidade cotidiana, a ascensão de camadas humanas
mais humildes e socialmente inferiores à posição de objetos de representação
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AULA 1
Figura 1
Essa leitura de mundo permite entender que, mesmo que o surgimento dessa forma
de representação social tenha se acentuado com o Realismo, desde o Romantismo
a literatura já vinha evoluindo no sentido de incorporar gradativamente a realidade
entre as suas motivações temáticas. No século XIX essa mudança foi registrada,
principalmente na França, com a oposição ao idealismo romântico, quando os
escritores realistas se propuseram a retratar a vida de pessoas humildes e obscuras,
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A propósito do Realismo no Brasil: o texto, o contexto e a realidade
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AULA 1
liberal, para a qual a escravidão surgia como uma mancha na história da nação,
e vislumbrava o regime republicano superior a uma ultrapassada monarquia,
afastava o pensamento vigente no Brasil dos avanços técnicos e tecnológicos
presentes na França, na Inglaterra e na Alemanha.
O que pode ser depreendido nas obras desses escritores é que eles se voltam com
maior interesse à moldura, à caracterização e descrição dos personagens do que
à organização da trama. Eles seguem diversos padrões na forma de estruturar os
enredos, a exemplo do padrão biográfico, no qual um personagem predomina
sobre as demais e sobre o quadro de vida que a envolve; os padrões de história
familiar e de grupo social privado; o padrão regional, reunindo indivíduos de
classes sociais de uma região; o padrão ambiental, acentuando as relações entre
um quadro geográfico e a população que o habita, e, o padrão psicológico, que
analisa elementos combinados para produzir e resolver uma situação subjetiva.
Uma síntese dessa diversidade de abordagens permite afirmar que duas direções
marcaram o Realismo no Brasil: a corrente social, atraída pelos problemas sociais,
por temas urbanos e contemporâneos e motivos ligados à vida cotidiana, e, a
corrente regionalista, que valoriza as singularidades locais e a terra, surgindo
como verdadeiros personagens dessa literatura (COUTINHO, 1997, p. 17-18).
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AULA 1
Ainda que deva ser creditada a devida importância aos escritores acima
mencionados, é indiscutível o destaque assumido pela obra de Machado de
Assis na literatura brasileira. Poeta, cronista, dramaturgo, contista e romancista,
ele atravessou o Romantismo, o Realismo e o Naturalismo constituindo um
estilo próprio na arte de escrever, desenvolvendo técnicas precisas e eficazes
no delineamento dos seus personagens e enredos. Costuma-se admitir que sua
obra divide-se em duas grandes fases: a primeira, encerrada com o romance
Iaiá Garcia, em 1878; e, a segunda, iniciada com Memórias póstumas de Brás
Cubas, em 1881, marco da nossa literatura por assinalar a superação do modelo
romântico e a afirmação de um realismo psicológico com as singularidades de
sociedade brasileira.
Esses caminhos surgem em sua obra de variadas maneiras, seja no enfoque dado
aos personagens, como mencionado anteriormente, seja nos aspectos estilísticos.
No que se refere aos personagens, comparados com aqueles desenvolvidos em
suas obras da primeira fase, pode-se dizer que eles
não apresentam mais uma estrutura moral unificada e típica.
São antes seres divididos consigo mesmos, embora sem lutas
violentas, já naquele estado em que a cisão interna entra
no declive dos compromissos e a instabilidade de caráter.
O homem não é mais aquele ser responsável dos romances
anteriores; é um joguete de forças desconhecidas. O seu livre
arbítrio está limitado não só pelos obstáculos que a natureza
indiferente oferece, mas pelas contradições e perplexidades
internas (BARRETO FILHO, 1997, p. 159).
antigo amor da sua adolescência, propicia essa leitura. Dançaram muitas vezes,
convictos de que naquela noite haveriam de reacender a velha paixão. No dia
seguinte, com a alma alvoroçada, o protagonista encontra na rua uma moeda
perdida, prontamente devolvida ao seu dono, situação que serve de pretexto
reiterar a si mesmo os seus compromissos morais. Ao restituir moeda ao seu dono,
ele tem a oportunidade de praticar uma boa ação, de efeitos compensatórios
e calmantes para uma consciência dividida, à procura de uma reconciliação
consigo mesmo. Entretanto, o homem que tivera a preocupação em devolver
uma moeda perdida, encontra depois um pacote com grande soma em dinheiro,
e adota um procedimento diferente: “Entra num estado de ruminação mental
em torno da obrigação de devolvê-los, e acaba cedendo à lógica do adiamento
e se habituando à ideia de guardá-los para uma boa aplicação” (BARRETO FILHO,
1997, p. 160). Investigando as camadas do caráter dos personagens que a vida
altera, conserva ou dissolve conforme as circunstâncias pedem e a consciência
permite, a concepção da moral machadiana aponta a fragilidade de propósitos
nem sempre firmes, acomodada ao que é mais vantajoso e lucrativo em cada
momento da vida.
Caro aluno, há dois momentos fundamentais no percurso de Brás Cubas que expõe
essas novas formas de experimentar a linguagem em proveito do seu programa
literário. No primeiro deles, para traduzir a frustração do protagonista por não
conseguir se tornar ministro, o autor decide deixar o Capítulo 139 em branco.
No capítulo seguinte, vem a explicação para o feito: “Há coisas que melhor se
dizem calando; tal é a matéria do capítulo anterior”. E, no segundo, por acreditar
que a maneira tradicional de expressão seja insuficiente para levar ao leitor os
sentimentos dos personagens, Machado subverte a forma para adaptá-la ao
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AULA 1
Brás Cubas
......................?
Virgília
......................?
Brás Cubas
.....................................................................
Virgília
.....................!
Brás Cubas
.....................
Virgília
.....................................................................
(ASSIS, 1997, p.111)
Então, caro estudante, você já consegue ter uma noção do papel inovador
de Machado de Assis na Literatura Brasileira? E, finalmente, endossando a
originalidade da escrita do autor, deve-se lembrar como ele utiliza o humor e a
ironia em suas narrativas. Influenciado pelo que foi desenvolvido no realismo
inglês, principalmente na obra A vida e as opiniões de Tristam Shandy, de Lawrence
Sterne, com essa figura de linguagem ele se propõe a combater verdades
absolutas a partir do que é estruturado dentro do próprio texto. Presente mais
incisivamente nos romances da chamada segunda fase, com a construção irônica
o autor remete à possibilidade de redirecionar o discurso, de ampliá-lo para além
do que se encontra à primeira vista no texto.
Exercitando
Visando provocar uma reflexão a partir do que foi exposto nesta aula, busque
responder às indagações que elencamos abaixo:
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AULA 1
5 TROCANDO EM MIÚDOS
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A propósito do Realismo no Brasil: o texto, o contexto e a realidade
6 AUTOAVALIANDO
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AULA 1
REFERÊNCIAS
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43ª ed. São Paulo:
Cultrix, 2006.
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