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Universidade Aberta UnISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Função da Literatura
Nome do estudante: Júlia Simão Rachide
Código do estudante: 96230383

Lichinga, aos 12 de Agosto de 2023


Universidade Aberta UnISCED
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Função da Literatura

Trabalho de Campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de
Português da UnISCED.

Tutor: MSc.

Nome do estudante: Júlia Simão Rachide

Código do estudante: 96230383

Lichinga, aos 12 de Agosto de 2023


Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 3

1.1. Objectivos .................................................................................................................... 3

1.1.1. Geral ......................................................................................................................... 3

1.2. Específicos ................................................................................................................... 3

2. Metodologia ..................................................................................................................... 3

3. Função da literatura ............................................................................................................. 4

3.1. Função da literatura segundo Platão e Aristóteles ........................................................... 6

3.2. Função da literatura no Romantismo ........................................................................... 6

3.3. Função da literatura na época contemporânea ............................................................. 7

3.4. Funções da literatura enquanto arte ................................................................................. 8

3.4.2. Sintonizadora............................................................................................................ 8

3.4.3. Paradigmática ........................................................................................................... 8

3.4.4. Cognitiva .................................................................................................................. 8

3.4.5. Catártica ................................................................................................................... 8

3.4.6. LIBERADORA DO EU: .......................................................................................... 9

3.5. FUNÇÃO COMUNICATIVA ........................................................................................ 9

3.5.1. FUNÇÃO ESTÉTICA.............................................................................................. 9

3.5.2. FUNÇÃO POLÍTICO-SOCIAL .............................................................................. 9

3.5.3. FUNÇÃO EVASIVA ............................................................................................... 9

4. Conclusão .......................................................................................................................... 10

5. Bibliografia........................................................................................................................ 11
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1. Introdução
Desde os primeiros tempos em que o homem começou a estudar a arte literária, o
questionamento sobre natureza e função da literatura tem sido assunto de muitas
controvérsias. Neste trabalho, portanto, pretende-se analisar a função da literatura ao longo
dos tempos.

Os conhecidos versos de Horácio que assinalam com finalidade da poesia aut prodesse aut
delectare, não implicam um conceito de poesia autónoma, de uma poesia exclusivamente fiel
a valores poéticos, ao lado de uma poesia pedagógica. O prazer, o doce referido por Horácio e
mencionado por uma longa tradição literária europeia de raiz horaciana, conduz antes a uma
concepção hedonista da poesia, o que constitui ainda um meio de tornar dependente, e quantas
vezes de subalternizar lastimavelmente, a obra poética.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
Analisar a função da literatura.

1.2. Específicos
Mencionar as principais funções da literatura;
Identificar as funções que a literatura foi adquirindo ao longo dos tempos, desde
Horácio à contempraneidade.

2. Metodologia

Segundo Libânio (2000, p.10-17), a metodologia é o caminho usado de forma a obter


resultados concebíveis e mensuráveis de forma a alcançar um determinado objectivo traçado
pelo pesquisador. Para realizar esta pesquisa a metodologia usada foi de caracter de revisão
bibliográficas que teve como, leitura e escrita das ideias dos autores mediante as ideias dos
autores sobre o tema em estudo.
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3. Função da literatura
De feito, até meados do século XVIII, confere-se à literatura, quase sem excepção, ou uma
finalidade hedonista ou uma finalidade pedagógico-moralista. E dizemos quase sem excepção,
porque alguns casos se podem mencionar nos quais se patenteia com maior ou menor
acuidade a consciência da autonomia da literatura. (BARTHES, 1977.p.20-26).

A evasão, como fenómeno literário, é verificável quer no escritor quer no leitor. Deixando
para ulterior e breve análise o caso deste último, examinemos primeiramente os principais
aspectos da evasão no plano do criador literário.

Na origem da necessidade que o escritor experimenta de se evadir, podem actuar diversos


motivos. Entre os mais relevantes, contam-se os seguintes:

1. Conflito com a sociedade: o escritor sente a mediocridade, a vileza e a injustiça da


sociedade que o rodeia e, numa atitude de amargura e de desprezo, foge a essa
sociedade e refugia-se na literatura. Este problema da incompreensão e do conflito
entre o escritor e a sociedade agravou-se singularmente a partir do pré-romantismo,
em virtude sobretudo das doutrinas de Rousseau acerca da corrupção imposta ao
homem pela sociedade, e atingiu com o romantismo uma tensão exasperada. Nesta
oposição em que se defrontam o escritor e a sociedade, desempenha primacial papel o
sentimento de unicidade que existe em todo o artista autêntico. (FIGUEIREDO,
2013.p.31-39).

2. Problemas e sofrimentos íntimos que torturam a alma do escritor e aos quais este foge
pelo caminho da evasão. A inquietação e o desespero dos românticos – o mal du siècle
– estão na origem da fuga ao circunstante e do anélito por uma realidade
desconhecida. O tédio, o sentimento de abandono e de solidão, a angústia de um
destino frustrado constituem outros tantos motivos que abrem a porta da evasão.

Recusa de um universo finito, absurdo e radicalmente imperfeito. Geralmente, esta recusa


envolve um sentido metafísico, pois implica uma tomada de posição perante os problemas da
existência de Deus, da finalidade do mundo, do significado do destino humano, etc.
Lembremos a revolta dos românticos ante o mundo finito, ou a fuga dos surrealistas de um
mundo falsificado pela razão. (BARTHES, 1977.p.20-26).
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A evasão do escritor pode realizar-se, no plano da criação literária, de diferentes modos:

i. Transformando a literatura numa autêntica religião, numa actividade tiranicamente


absorvente no seio da qual o artista, empolgado pelas torturas e pelos êxtases da sua
criação, esquece o mundo e a vida. Flaubert e Henry James são dois altíssimos
exemplos desta evasão através do culto fanático da arte.

ii. Evasão no tempo, buscando em épocas remotas a beleza, a grandiosidade e o encanto


que o presente é incapaz de oferecer. Assim os românticos cultivaram frequentemente,
pelo mero gosto da evasão, os temas medievais, tal como os poetas da arte pela arte,
como vimos, se deleitaram com a antiguidade greco-latina.

iii. Evasão no espaço, manifestando-se pelo gosto de paisagens, de figuras e de costumes


exóticos. O Oriente constituiu em todos os tempos copiosa fonte de exotismo, mas não
devemos esquecer outras regiões igualmente importantes sob este aspecto, como a
Espanha e a Itália para os românticos (Gautier, Mérimée, Stendhal) e as vastas regiões
americanas para alguns autores pré-românticos e românticos (Prévost, Saint- Pierre,
Chateubriand, escritores indianistas do romantismo brasileiro, etc.).

iv. A infância constitui um domínio privilegiado da evasão literária. Perante os tormentos,


as desilusões e as derrocadas da idade adulta, o escritor evoca sonhadoramente o
tempo perdido da infância, paraíso distante onde vivem a pureza, a inocência, a
promessa e os mitos fascinantes.

v. A criação de personagens constitui outro processo frequentemente utilizado pelo


escritor, particularmente pelo romancista, para se evadir. A personagem, plasmada
segundo os mais secretos desejos e desígnios do artista, apresenta as qualidades e vive
as aventuras que o escritor para si baldamente apetecera.

vi. O sonho, os paraísos artificiais provocados pelas drogas e pelas bebidas, a orgia, etc.,
representam outros processos de evasão com larga projecção na literatura. A literatura
romântica e simbolista oferece muitos exemplos destas formas de evasão.
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3.1. Função da literatura segundo Platão e Aristóteles


Na estética platónica aparece o problema da literatura como conhecimento, embora o filósofo
conclua pela impossibilidade de a obra poética poder ser um adequado veículo de
conhecimento.
Segundo Platão, a imitação poética não constitui um processo revelador da verdade, assim se
opondo à filosofia que, partindo das coisas e dos seres, ascende à consideração das Ideias,
realidade última e fundamental; a poesia, com efeito, limita-se a fornecer uma cópia, uma
imitação das coisas e dos seres que, por sua vez, são uma mera imagem (phantasma) das
Ideias. (BARTHES, 1977.p.10-18).
Este mesmo problema assume excepcional relevo em Aristóteles, pois
na Poética claramente se afirma que "a Poesia é mais filosófica e mais
elevada do que a História, pois a Poesia conta de preferência o geral e, a
História, o particular".
O conhecimento assim proposto pela obra literária actua depois no real, pois se a obra poética
é "uma construção formal baseada em elementos do mundo real", o conhecimento
proporcionado por essa obra tem de iluminar aspectos da realidade que a permite.

3.2. Função da literatura no Romantismo

Apenas com o romantismo e a época contemporânea voltou a ser debatido, com profundidade
e amplidão, o problema da literatura como conhecimento. Na estética romântica, a poesia é
concebida como a única via de conhecimento da realidade profunda do ser, pois o universo
aparece povoado de coisas e de formas que, aparentemente inertes e desprovidas de
significado, constituem a presença simbólica de uma realidade misteriosa e invisível.

O mundo é um gigantesco poema, uma vasta rede de hieróglifos, e o poeta decifra este
enigma, penetra na realidade invisível e, através da palavra simbólica, revela a face oculta das
coisas.
Schelling (2002) afirma que a "natureza é um poema de sinais secretos e misteriosos" e von
Arnim refere-se à poesia como a forma de conhecimento da realidade íntima do universo: o
poeta é o vidente que alcança e interpreta o desconhecido, reencontrando a unidade primordial
que se reflecte analogicamente nas coisas.
"As obras poéticas, acentua Von Arnim, não são verdadeiras daquela verdade
que esperamos da história e que exigimos dos nossos semelhantes, nas nossas
relações humanas; elas não seriam o que procuramos, o que nos procura, se
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pudessem pertencer inteiramente à terra. Porque toda a obra poética reconduz


ao seio da comunidade eterna o mundo que, ao tornar-se terrestre, daí se exilou.
Chamamos videntes os poetas sagrados; chamamos vidência de uma espécie
superior à criação poética...".
Nestes princípios da estética romântica, encontra-se já explicitamente formulado o tema do
poeta vidente de Rimbaud, o poeta da aventura luciferiana rumo ao desconhecido: "Digo que
é necessário ser vidente, fazer-se vidente. – O Poeta tornase vidente através de um longo,
imenso e racional desregramento de todos os sentidos. (FIGUEIREDO, 2012.p.18-21).

Assim a poesia se identifica com a experiência mágica e a linguagem poética se transforma


em veículo do conhecimento absoluto, ou se volve mesmo, por força encantatória, em
criadora de realidade.

3.3. Função da literatura na época contemporânea

Contemporaneamente, a questão da literatura como conhecimento tem preocupado


particularmente a chamada estética simbólica ou semântica representada sobretudo por Ernest
Cassirer e Susanne Langer, para a qual a literatura, longe de constituir uma diversão ou
actividade lúdica, representa a revelação, através das formas simbólicas da linguagem, das
infinitas potencialidades obscuramente pressentidas na alma do homem.

Cassirer afirma (2013,p.19) que a poesia é "a revelação da nossa vida


pessoal" e que toda a arte proporciona um conhecimento da vida
interior, contraposto ao conhecimento da vida exterior oferecido pela
ciência, e Susanne Langer igualmente considera a literatura como
revelação "do carácter da subjectividade", opondo o modo discursivo,
próprio do conhecimento científico, ao modo apresentativo, próprio do
conhecimento proporcionado pela arte.

Para alguns estetas e críticos, porém, a literatura constitui um domínio perfeitamente alheio ao
conhecimento, pois enquanto este dependeria do raciocínio e da mente, aquela vincular-se-ia
ao sentimento e ao coração, limitando-se a comunicar emoções.

A literatura, com efeito, não é uma filosofia disfarçada, nem o conhecimento que transmite se
identifica com conceitos abstractos ou princípios científicos. Todavia, a ruptura total entre
literatura e actividade cognoscitiva representa uma inaceitável mutilação do fenómeno
literário, pois toda a obra literária autêntica traduz uma experiência humana e diz algo acerca
do homem e do mundo. (BARTHES, 1977.p.20-26).
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3.4. Funções da literatura enquanto arte

3.4.1. Lúdica
Tem por objectivo divertir, proporcionar prazer. Para os gregos a arte tinha uma função
hedonística, ou seja, devia causar prazer, retratando o belo. Para eles, o belo, na arte, ocorria
na medida em que a obra era verossímil, isto é, semelhante à verdade ou à natureza;

3.4.2. Sintonizadora
Tem por objectivo estabelecer ligação entre os homens de diferentes épocas; sendo a literatura
a arte da palavra e esta, a unidade básica da língua, podemos dizer que a literatura, assim
como a língua que utiliza, é um instrumento de comunicação e, por isso, cumpre também o
papel social de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade apesar de estar
ligada a uma língua, que lhe serve de suporte, a literatura não está presa a ela, usando-a
livremente, chegando a subverter suas regras e o sentido de suas palavras. (FIGUEIREDO,
2012.p.18-21).

3.4.3. Paradigmática
Tem por objectivo convencer, ensinar, denunciar. Como toda arte, a literatura está vinculada à
sociedade em que se origina; não há artistas indiferentes à realidade, pois, de alguma forma,
todos participam dos problemas vividos pela sociedade, apesar das diferenças de interesses e
de classe social por vezes, a literatura assume formas de denúncia social, de crítica à
realidade; trata-se de uma literatura engajada, que serve a uma causa político-religiosa ou
a uma luta social. (HJELMSLEV,2012.p1-10).

3.4.4. Cognitiva
Como transcrição da realidade, a literatura não precisa, necessariamente, estar presa a ela;
tanto o escritor quanto o leitor fazem uso de sua imaginação: o artista recria livremente a
realidade, assim como o leitor recria livremente o texto literário que lê; o leitor em vez de ser
considerado um elemento passivo, alguém que simplesmente recebe o texto, deve ser visto
como participante, uma vez que também usa sua imaginação para ler a obra e recriá-la.
(FIGUEIREDO, 2012.p.18-21).

3.4.5. Catártica
Tem por objectivo liberar as pressões e as emoções; é uma espécie de desabafo.
a) “Quando você me deixou, meu bem me disse pra ser feliz e passar bem
b) Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
c) Mas depois, como era de costume, obedeci
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d) Quando você me quiser rever


e) Já vai me encontrar refeita, pode crer.

3.4.6. LIBERADORA DO EU:


Reflecte uma fuga da realidade por desajuste ou discordância. Confunde-se com a função
catártica, sendo que o desabafo aqui ocorre de forma agressiva, com o objectivo de chocar o
leitor;
• A arte tem como função nos ajudar a olhar o mundo, sua beleza (ou tristeza), sua imensidão,
a ver o que não se estampa de imediato, a “desempoeirar” nossa vista para enxergar melhor.

3.5. FUNÇÃO COMUNICATIVA


Busca uma comunicação entres os interlocutores de épocas diferentes. O leitor de um texto
literário ou contemplador de uma obra de arte, não só recebe a comunicação, mas também
recria e actualiza a obra, de acordo com os aspectos do seu tempo.

3.5.1. FUNÇÃO ESTÉTICA


Proporciona prazer por meio da contemplação do belo. Para os gregos o belo, na arte,
consistia na proximidade da obra de arte com a verdade ou a natureza.

3.5.2. FUNÇÃO POLÍTICO-SOCIAL


Desenvolve um projecto transformador da sociedade, para tanto busca reflectir acerca das
mazelas sociais.

3.5.3. FUNÇÃO EVASIVA


A literatura como um instrumento de fuga da realidade. Provoca sonhos, sair um pouco da
rotina, o chamado “dar asas à imaginação. (AMARAL, 2000); (BESSA, 2012)
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4. Conclusão
Cada período histórico produz sua literatura com uma marca particular, seja pelas técnicas de
produção, ou seus modos de recepção e, sobretudo sua definição enquanto prática social e
actividade humana. Ao longo desses tempos a literatura desempenhou entre várias funções:
prazer e o doce; evasão, conhecimento profundo do ser humano, diversão.
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5. Bibliografia

1. BARTHES, Roland. Literatura e Sociedade. Lisboa, Ed. Estampa, 1977;

2. BRATT, Beth. A Personagem. São Paulo, Ed. Ática, 1987;

3. COELHO, Jacinto do Prado (Direcção). Dicionário de Literatura. 3º Vol. (N/R); 4ª


Ed.; Porto, Mário Figueirinhas Editor EIRL, 1997.

4. ECO, Umberto. Leitura do Texto Literário. Lisboa, Ed. Presença, (S.d);

5. ECO, Umberto. O Signo. Lisboa, Ed. Presença, 2002;

6. FIGUEIREDO, Maria J., V. e BELO, Maria T., Comentar um texto Literário, Lisboa,
Presença, 4ª Ed., 2012.

7. HJELMSLEV, Louis. Prolegomena to a Theory of Language. Wisconsin, the


University of Wisconsin Press, 2008;

8. HJELMSLEV, Louis. Prolegomena to a Theory of Language. Wisconsin, the


University of Wisconsin Press, 2011;

9. KAISER, Wolfang, Análise e Interpretação da Obra Literária, Coimbra, Arménio


Amado, 6ª .Ed.,2013.

10. LAUSEBERG, Heinrich, Elementos de Retórica, Lisboa, F., Calouste Gulbenkian, 3ª


Ed.,1982.

11. LOTMAN, Iuri. A Estrutura do texto Artístico. Lisboa, Estampa 1978.

12. REIS, Carlos. Técnicas de Análise Textual. Coimbra, Almedina, 3ª Ed., 1981;

13. SILVA, V. M. de Aguiar e. Teoria de Literatura. Coimbra, Almedina, 8ª Edição,


1990;

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