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Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

FUNCOES DA LITERATURA

Carminda Almina Madeuane, Código 41230429

Maxixe, Setembro de 2023


Departamento de Ciências de Educação
Licenciatura em Ensino de Português

Funções da Literatura

Trabalho do campo a ser submetido na


coordenação, do curso de Licenciatura em ensino
de Português da disciplina de Metodologias de
Investigação Cientifica UnISCED.
Tutor:

Carminda Almina Madeuane, Código 41230429

Maxixe, Setembro de 2023


Índice

1. Introdução.................................................................................................................................4

1.1. Objectivo geral......................................................................................................................4

1.2. Objectivos específicos...........................................................................................................4

2. Literatura desde Horácio até a contemporaneidade..................................................................5

2.1. Funções da Literatura desde Platão e Aristóteles..................................................................6

2.2. A literatura quer o romantismo e quer a contemporaneidade................................................7

3. Considerações finais..................................................................................................................9

4. Referências..............................................................................................................................11
1. Introdução
O presente trabalho aborda um novo contexto da “Literatura”, as suas funções no curso de
Licenciatura de Ensino de Português.

O objetivo geral desta pesquisa é desenvolver a literatura através de um levantamento


bibliográfico a respeito das principais argumentações, conceituando a literatura; identificando
as funções da literatura olhando para vários tempos desde Horácio a contemporaneidade,
explicando o paradoxo da função da literatura concebida por Platão e Aristóteles e por fim os
aspectos diferenciadores da literatura no romantismo e na contemporaneidade respectivamente.
No que concerne a estruturação, na primeira fase o trabalho apresenta, uma abordagem geral
sobre as “Literatura”, isto para permitir a melhor compreensão do conteúdo abordado
desenvolveu – se as funções da literatura no âmbito geral, finda esta abordagem, apresentam-se
as funções da literatura observando vários momentos.
Para concluir, foi feita pesquisa em sites de Internet para estudo prático da Literatura e foram
utilizadas pesquisas exploratórias por meio de levantamento bibliográfico.

1.1. Objectivo geral


Desenvolver a função da literatura

1.2. Objectivos específicos


 Identificar a função da literatura desde os tempos de Horácio a contemporaneidade;
 Explicar o paradoxo da função da literatura concebida por Aristóteles e Platão;
 Identificar os aspectos que diferem a função literatura quer no romantismo, quer na
contemporaneidade;

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2. Literatura desde Horácio até a contemporaneidade
A literatura desde Horácio até a contemporaneidade adquiriu as seguintes funções: prazer e o
doce, evasão, conhecimento profundo do ser humano, diversão e unificação.

Os respetivos versos de Horácio que assinalam com finalidade da poesia aut prodesse aut
delectare, não implicam um conceito de poesia autónoma, de uma poesia exclusivamente fiel a
valores poéticos, ao lado de uma poesia pedagógica. O prazer e o doce referido por Horácio é
mencionado por uma longa tradição literária europeia de raiz horaciana, conduz antes a uma
concepção hedonista da poesia, o que constitui ainda um meio de tornar dependente, e quantas
vezes de subalternizar lastimavelmente, a obra poética. De feito, ate meados do século XVIII,
confere-se à literatura, quase sem excepção, ou uma finalidade hedonista ou uma finalidade
pedagógico-moralista.

Séculos mais tarde, alguns trovadores provençais transformaram a sua actividade poética numa
autêntica religião da arte, consagrando-se de modo total à criação do poema e ao seu
aperfeiçoamento formal, excluindo dos seus propósitos qualquer intenção utilitária. Um fino
conhecedor da literatura mediaval, o Prof. António Viscard, escreve a este respeito “ O que
conta é a fé nova da arte, em que todos observam e praticam com devoção sincera”. Desta fé
nasce o sentido trovadoresco da arte que é o fim de si mesma. A arte pela arte é descoberta dos
trovadores.

E dizem-se quase sem excepção, porque alguns casos se podem mencionar nos quais se
patenteia com maior ou menor acuidade a consciência da autonomia da literatura.

“ Há uma importante finalidade frequentemente assinalada à literatura: a evasão. Em termos


genéricos, a evasão significa sempre a fuga do eu a determinadas condições da vida e do
mundo, de um mundo imaginário, diverso daquele de que se foge, e que funciona como
sedativo, como ideal compensação, como objetivação de sonho e de inspirações. A evasão,
como fenómeno literário, é verificável quer no escritor quer no leitor. Deixando para ulterior e
breve analise o caso deste último, examina-se primeiramente os principais aspectos da evasão
no plano do criador literário”. Covane (s/d)

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2.1. Funções da Literatura desde Platão e Aristóteles

Chisté (2015), citado por Lopes (2021, p91), “Aristóteles (1992) o fundamento da catarse
como função literária está presente na obra Poética de como sendo o seguinte: a tragédia é uma
simples mimeses de uma ação nobre, completa e de certa extensão, em linguagem embelezada
separadamente pelas diversas formas de cada parte; é mimeses que se realiza por agentes e não
por narrativa, e que conduz, através da piedade e do temor, para a purificação (catarse) de tais
emoções. Ou seja, quando os espectadores do teatro grego antigo, no caso, os atenienses, por
exemplo, tiveram contato com o prazer trágico, ocorreu uma consequência emocional que os
conduziu a sentir afinidade com os protagonistas do drama, promovendo a piedade, levando-os
a vivência de uma experiência interior que produziu um duplo efeito, a saber: a identificação
(quando o espectador se compadece com o protagonista) e a rejeição (quando o espectador
sente o temor de chegar aos atos realizados pelo protagonista teatral).

Chitse (2015) “A função catártica enquanto literária, tem seu ápice na tragédia, uma vez que
ela não é a mera imitação de/dos homens, mas de ações e vida, de felicidade plena ou, na sua
falta, de infelicidade. Com isso, é possível refletir sobre o sentido da vida (para aqueles que
buscam determiná-lo) ou permanecer no questionamento acerca disso, mas estabelecem valor
sempre pelas ações e não pelas qualidades intrínsecas dos sujeitos, pois, conforme o filósofo
grego, o ser humano possui suas virtudes conforme o caráter, mas ele pode ser bem ou mal
aventurado pela prática de atos concretos. Daí porque tragédia clássica enfoca na imitação de
caracteres pelas personagens para efetuar determinadas ações”(as cited in Lopes, 1992,p24).

Mugge (2013) afirma que ao contrário de Platão, Aristóteles “vê o sujeito com olhos mais
otimistas ao afirmar que é de sua natureza criar e buscar conhecimento. Entende que a Poética
constitui uma arte, com objeto próprio, que supõe saber, portanto, tem a necessidade de um
especialista para o ato criador; constitui-se, dessa forma, em uma área de investigação cuja
finalidade não é persuadir, mas trazer conforto através da purgação de emoções, da catarse.

Aristóteles, nesse sentido, não rejeita as ideias platônicas, mas, ao praticar um recorte do objeto
de estudo, segmentando a filosofia, a ética, a poesia, tem a possibilidade de investigar mais
profundamente cada área. Assim, atribui algumas características à poesia, dentre elas a mimese
de ações humanas, por exemplo. O valor da poesia, para ele, depende da verossimilhança e da
necessidade, aspectos que exigem a engenhosidade do poeta.

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Ambos os filósofos preveem, no que diz respeito à recepção, uma espécie de sedução por parte
da Retórica ou da forma como a Poesia é executada. A diferença é que, para o primeiro, por ser
a Retórica um discurso destituído de conhecimento, não tem objeto e não visa à justiça, sendo,
portanto, maléfico ao ser humano. Tanto é que, mais tarde, em A República, propõe que a
Poesia seja banida do Estado por ser uma imitação de terceiro grau, conspirando, dessa forma,
contra a verdade e, assim, contra o conhecimento, só alcançável a partir do plano abstrato da
filosofia. Para Aristóteles, a Poesia ocupa um lugar importante na vida do ser humano, na
medida em que proporciona prazer, ao agir sobre os sentidos e atingir a alma, a essência
humana”.

2.2. A literatura quer o romantismo e quer a contemporaneidade

“O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgindo no fim do século


XVIII, que se estendeu pelo século XIX. Este movimento influenciou diversas gerações e se
faz presente ainda na contemporaneidade, nas mais diversas áreas, géneros e Mídias. O pano
de fundo para a chegada do Romantismo foi a evolução Francesa: numa França onde os
burgueses derrubavam o Absolutismo enquanto bradavam Liberté, Igalité, Fraternité!”
(Covane, s/d,p98).

(Covane, s/d,p98) diz que apenas o romantismo e a época contemporânea voltou a ser
debatido, com profundidade e amplidão, o problema da literatura como conhecimento. Na
estética romântica, a poesia é concebida como a única via de conhecimento da realidade
profunda do ser, pois o universo aparece povoado de coisas e de formas que, aparentemente
inertes e desprovidas de significado, constituem a presença simbólica de uma realidade
misteriosa e invisível. O mundo é um gigantesco poema, uma vasta rede de hieróglifos, e o
poeta decifra este enigma, penetra na realidade invisível e, através da palavra simbólica, revela
a face oculta das coisas. Shelling afirma que a “ natureza é um poema de sinais secretos e
misteriosos “e Von Arnim refere-se à poesia como forma de conhecimento da realidade íntima
do universo: o poeta é o vidente que alcança e interpreta o desconhecido, reencontrado a
unidade primordial que se reflete analogicamente nas coisas. “ As obras poéticas acentua Von
Arnim, não são verdadeiras daquela verdade que esperamos da história e que exigimos dos
nossos semelhantes, nas nossas relações humanas; elas ano seriam o que procuramos, o que
nos procura, se pudessem pertencer inteiramente à terra. Porque toda a obra poética reconduz
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ao seio da comunidade eterna o mundo que, ao tornar-se terrestre, daí se exilou. Chamamos
videntes aos poetas sagrados; chamamos vidência de uma espécie superior à criação poética”

Ainda na ideia do Covane (s/d,p98). Nestes princípios da estética romântica encontra-se já


explicitamente formulando o tema do poeta vidente de Rimbaud, o poeta da aventura
luciferiana rumo ao desconhecido: “ Digo que é necessário ser vidente, fazer-se vidente. O
poeta torna -se vidente através de um longo, imenso e racional desregramento de todos os
sentidos. […] Inefável tortura em que tem necessidade de toda a fé, de toda a forca sobre-
humana, em que se torna, entre todos, o grande doente, o grande criminoso, o grande maldito,
e o supremo Sabio! Porque chega ao desconhecido!” Assim a poesia se identifica com a
experiencia mágica e a linguagem poética se transforma em veículo do conhecimento absoluto,
ou se volve mesmo, por força encantatória, em criadora de realidade.

Contemporaneamente, a questão da literatura como conhecimento tem preocupado


particularmente a chamada estética simbólica ou semântica- representa sobretudo por Ernest
Cassier e Susanne Langer, para a qual a literatura, longe de constituir uma diversão ou
atividade lúdica, representa a revelação, através das formas simbólicos da linguagem, das
infinitas potencialidades obscuramente pressentidas na alma do homem. Cassier afirma que a
poesia é “ a revelação da nossa vida pessoal” e que toda a arte proporciona um conhecimento
da vida interior oferecido pela ciência, e Susanne Langer igualmente considera a literatura
como revelação “ do caracter da subjectividade”, opondo o modo discursivo, próprio do
conhecimento científico, ao modo apresentativo, próprio do conhecimento proporcionado pela
arte.

No romantismo a literatura era conhecimento de realidade profunda de ser onde o universo


aparecia provado de coisas e de formas que aparentemente inertes e desprovidos de
significados e que constituíam uma presença simbólica de uma realidade misteriosa e invisível.

Na contemporaneidade a literatura representa a revelação através das formas simbólicas da


linguagem, das infinitas potencialidades obscuramente pressentidas na alma do Homem.

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3. Considerações finais

Espera- se que este trabalho contribua para um maior desenvolvimento pessoal e profissional.

Após uma abordagem em materiais bibliográficos sobre o tema em alusão, chegou – se a


conclusão de que a “Literatura” é a arte produzida por meio de palavras. Assim ela não se trata
de textos denotativos (com sentido literal), como projectos de lei, manual de instruções ou
artigos científicos, mas sim aqueles que usam a linguagem de forma artística, conotativa e
subjetiva. Isso inclui prosa (como romances, contos e crônicas) e poesia.

Segundo o pensador grego, a Literatura “seria uma imitação ou representação da realidade


mediante as palavras.

Sob ponto de vista geral a literatura é toda a manifestação de linguagem que tem como uma
das finalidades a expressão estética ou seja, é um discurso que não pretende apenas comunicar
algo, mas também construir um dizer que seja belo ou envolvente em um nível sensível e
humanamente profundo.

O prazer e o doce referido por Horácio é mencionado por uma longa tradição literária europeia
de raiz horaciana, conduz antes a uma concepção hedonista da poesia, o que constitui ainda um
meio de tornar dependente, e quantas vezes de subalternizar lastimavelmente, a obra poética.

O pensador grego Aristóteles num dos seus artigos apresenta a “catarse” como função literária
que está presente na obra poética e afirma que quando os espectadores do teatro grego antigo,
no caso, os atenienses, por exemplo, tiveram contato com o prazer trágico, ocorreu uma
consequência emocional que os conduziu a sentir afinidade com os protagonistas do drama,
promovendo a piedade, levando-os a vivência de uma experiência interior que produziu um
duplo efeito a saber: a identificação (quando o espectador se compadece o protagonista) e a
rejeição (quando o espectador sente o temor de chegar aos atos realizados pelo protagonista
teatral).

O romantismo e a época contemporânea voltou a ser debatido, com profundidade e amplidão, o


problema da literatura como conhecimento. Na estética romântica, a poesia é concebida como
a única via de conhecimento da realidade profunda do ser, pois o universo aparece povoado de
coisas e de formas que, aparentemente inertes e desprovidas de significado, constituem a
presença simbólica de uma realidade misteriosa e invisível ao passo que Contemporaneamente,
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a questão da literatura como conhecimento tem preocupado particularmente a chamada estética
simbólica ou semântica e Cassier afirma que a poesia é “ a revelação da nossa vida pessoal” e
que toda a arte proporciona um conhecimento da vida interior oferecido pela ciência, e Langer
igualmente considera a literatura como revelação “ do caracter da subjectividade”, opondo o
modo discursivo, próprio do conhecimento científico, ao modo apresentativo, próprio do
conhecimento proporcionado pela arte.

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4. Referências
Aristóteles. (1992). Poética. Lisboa

Chisté, Priscila de Souza. (2015). Catarse e ensino da arte. Revista Palíndromo, Florianópolis,
Universidade do Estado de Santa Catarina. Recuperado de
http://w.w.w.revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/download/6821/4872.

Lopes, Filipe da Silva (2021). As Funções da Literatura [PDF]. Recuperado de


https://w.w.w.researchgate.net/publication/35404864.

Covane, L. (s/d). Introdução aos Estudos Literários. Moçambique.

Callado, Antônio. Introdução. In: Fischer, Ernst. (1977), A necessidade da arte. 6. Ed. Rio de
Janeiro

Mugge, Ernani (2013). Função Formadora da Literatura. Unioeste

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