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Introdução

A literatura é uma das manifestações artísticas mais antigas e influentes da


história humana. Desde tempos imemoriais, as palavras impressas nas páginas de livros,
poesias, contos e romances têm cativado mentes e corações, oferecendo um espelho da
condição humana, uma janela para outros mundos e uma voz para a expressão criativa.
A literatura transcende barreiras culturais e temporais, unindo gerações e
proporcionando alicerces profundo sobre a experiência humana. Este trabalho explora
as diversas funções da literatura, destacando seu papel como uma ferramenta de
entretenimento, expressão artística, reflexão crítica, registro histórico e instrumento
educacional.

O presente trabalho está organizado em tema principal e seus respectivos


subtemas, trazendo uma discussão sob vários pontos de vistas de autores.

Objectivo geral:
 Compreender as funções da literatura.

Objectivos específicos
 Identificar as funções da literatura;
 Diferenciar as funções de literatura;
 Discutir paradoxo de Platão e Aristóteles

Metodologias
Foi usada a metodologia de revisão bibliográfica.
Funções da literatura
A Literatura é uma forma de expressão artística que, bem como as demais
expressões, é feita visando atingir o público e, quando há algum tipo de manifestação
por parte do outro, estabelece comunicação com quem entra em contacto com a obra
literária, sendo, portanto, um acto comunicativo.

Segundo Didimo (1983) propôs que as funções da literatura são: (i) função
lúdica, (ii) função catártica, (iii) função pragmática, (iv) função metaliterária, (v) função
cognitiva, (vi) função Sinfrónica e (vii) função humanizadora, sendo que a função de (i)
é causar prazer no leitor, (ii) é mobilizar o próprio autor dentro do texto, (iii) é despertar
no leitor algum tipo de desconforto consigo, (iv) é mobilizar a própria literatura em prol
de si, (v) é passar algum tipo de ensinamento para o leitor, (vi) é superar a barreira
espaço tempo e (vii) é tornar o leitor mais humano.

As funções da literatura sofreram alterações/melhorias em suas


conceitualizações ao longo dos anos e, na maneira como apresentadas a seguir, podem
ajudar a compreender melhor como as obras literárias ajudam na construção de sentido
e na interpretação do mundo.

As obras literárias, enquanto atos comunicativos, podem levar o leitor a construir


sentido para o texto lido a partir de sensações e informações distintas, sendo que a
complementação entre a forma pela qual o texto é disponibilizado ao seu leitor e a
maneira como é recebido, ajudam a construir sentido às obras e, assim, podem fazer
emergir funções específicas da obra.

Segundo D’Onofrio (2007) afirma que há, na obra literária, cinco funções que
ora predominam, ora se complementam durante a leitura de uma obra e que servem para
construir os sentidos do texto, sendo elas: (i) função lúdica, (ii) função cartática, (iii)
função pragmática, (iv) função cognitiva e (v) função estética. Segundo este autor, a
função lúdica ocorre quando há, na obra, um jogo entre o autor e o leitor de forma que
ambos coexistem durante a leitura, sem a necessidade do convívio simultâneo e, assim,
a obra passa a ser prazerosa e, em alguns casos, passa a ter o status de leitura de deleite.

A função catártica leva o leitor a repensar seus próprios valores e atitudes como
pessoa. Esta função, segundo D’Onofrio (2007) ocorre quando, em obras literárias, o
leitor é exposto a situações que o levem a contrapor suas crenças e, a depender do
contexto, mudem de postura.

A função pragmática aparece em obras que têm caráter ideológico e serve como
forma de denúncia das mazelas sociais, levando o leitor a compreender a realidade de
um povo em dada época e, assim, ser capaz de vislumbrar maneiras de transformar o
meio. É também chamada de função político-social (AMARAL, 2001) ou de função
ideológica (BESSA, 2002), tendendo a desembocar na função cognitiva, por estarem, de
certa forma, intimamente ligadas.

A função cognitiva, por sua vez, leva o leitor a adquirir algum tipo de
conhecimento que pode ser usado em sua vida diária a partir de histórias contadas em
obras literárias.

Já a função estética esbarra na própria criação literária, pois é o fazer do autor


que dá à obra o formato artístico e, em muitos casos, é o estranhamento do leitor com
relação à obra que ajuda a construir o sentido e, assim, atribuir sentido a partir da
combinação forma/conteúdo, interpretando o dito e o não-dito (SCHILER, 1989; ISER,
2002).

De acordo com Cândido (2004), levando em consideração o todo que compõe a


obra literária e suas funções que focam especificamente em um objectivo, percebe-se
que, assim como a linguagem tem a macrofunção comunicadora, a literatura tem a
macrofunção humanizadora, pois “a função primária da literatura” é criar sentido,
despertar prazer, ser apreciada como expressão do belo, entre outros inúmeros conceitos
que podem a ela ser atribuída, mas todas com a mesma função: levar o leitor a
interpretar o mundo de maneira mais humana, sendo capaz de olhar para si e para o
outro com a sensibilidade que somente a Literatura e as artes em geral são capazes de
levar o homem a vivenciar.

Para Aristóteles, o historiador só poderia falar a respeito daquilo que aconteceu,


a respeito dos pormenores do passado; por outro lado, o poeta falaria sobe o que poderia
acontecer e, assim, poderia lidar com os elementos universais. Livre da sucessão linear
da história, a trama do poeta poderia ter diferentes unidades. Isso não significava dizer
que os acontecimentos e os personagens históricos não poderiam aparecer na tragédia,
pois nada impede que algumas das coisas que realmente aconteceram pertençam ao tipo
das que poderiam ou teriam probabilidade de acontecer. Considerava-se que a escrita da
história não tinha nenhuma dessas limitações convencionais de probabilidade ou
possibilidade. No entanto, desde então muitos historiadores utilizaram as técnicas da
representação ficcional para criar versões imaginárias de seus mundos históricos e reais.
Naturalmente, a história e a ficção sempre foram conhecidas como géneros permeáveis.
Em várias ocasiões, as duas incluíram em suas elásticas fronteiras formas como o relato
de viagem e diversas versões daquilo que hoje chamamos de sociologia. Não surpreende
que tenha havido coincidência de preocupações e até influências recíprocas entre os dois
géneros. No século XVIII, o núcleo desses pontos em termos de preocupação inclinava-
se a ser a relação entre a ética e a verdade da narrativa. Não é por acaso que os autores
de romances preferiam a existência da obra no lugar de admitir o processo de criação,
pois trabalhar com a ideia de que algo simplesmente existe é mais seguro, em termos
legais e éticos.

Estilos de época, periodização literária, cânone, entre outras questões são temas
abordados pela história da literatura. Conceitos utilizados desde a Antiguidade que nos
auxiliam a proceder a análise e interpretação de textos literários (partindo de
preocupações que levam em conta também outros aspectos e possibilidades de leitura)
se constituem no campo da teoria literária. É na teoria que se tornam visíveis várias
possibilidades que não seriam possíveis – ou, no mínimo, mais difíceis – sem o amparo
de uma abordagem mais ampla e possibilidades de discussões diversas apresentadas
pelo texto teórico.

Domício Proença Filho (1985) afirma que um estilo empresta fisionomia própria
e inconfundível a cada época, o que se traduz em características comuns aos vários
escritos representativos desta mesma época. Assim, cada autor apresenta características
particulares e também características genéricas que o ligam a outros autores do mesmo
momento histórico.

O Realismo tem origem francesa. Historicamente foi o pintor Gustave Courbet


quem usou pela primeira vez o termo, em 1855, ao intitular uma exposição de quarenta
telas realizada em Paris de “O Realismo”. Insurgindo-se contra a pintura imaginativa
dos românticos, Courbet explicou que pretendia fazer uma “arte viva”, que “retractasse
os costumes, ideias e aspectos de sua época”. O pintor objectivava a sinceridade na
Arte, em oposição à liberdade artística do Romantismo. Igual posição foi assumida por
alguns escritores, que viam na Arte uma função: a de educar e retractar a sociedade.
O paradoxo da função da literatura concebido por Platão e Aristóteles

Platão e o Paradoxo da Literatura:


Para Platão, a literatura, especialmente a poesia e a tragédia, era problemática
devido ao que ele chamava de "imitação" (mimesis) da realidade. Ele argumentava que
a literatura muitas vezes retractava uma realidade ilusória e enganosa, desviando as
pessoas da busca pela verdade. Platão acreditava que a literatura frequentemente
apelava para as emoções e os sentidos, em vez da razão, e poderia levar as pessoas a
uma compreensão inadequada do mundo.

Platão, em sua obra "A República", até mesmo propôs banir poetas e poesia da
sociedade ideal que ele imaginava. Ele via a literatura como uma ameaça à busca pela
verdade e à formação de cidadãos virtuosos.

Aristóteles e o Paradoxo da Literatura:


Aristóteles tinha uma perspectiva bastante diferente. Ele considerava a literatura,
especialmente a tragédia, como uma ferramenta educacional valiosa e como uma
maneira de promover a empatia e a compreensão das emoções humanas. Ele
argumentava que a literatura poderia purgar as emoções dos espectadores por meio da
catarse, proporcionando uma experiência emocional saudável.

Aristóteles, em sua "Poética", defendia que a literatura tinha o poder de tocar as


emoções e, ao mesmo tempo, instruir, ensinando lições morais e éticas. Ele via a
literatura como uma forma de arte que poderia levar as pessoas a uma compreensão
mais profunda da natureza humana.

O paradoxo da função da literatura reside na diferença fundamental entre as


visões de Platão e Aristóteles sobre o valor da literatura na sociedade. Para Platão, a
literatura era uma ameaça à busca pela verdade, enquanto para Aristóteles, era uma
ferramenta educacional e emocionalmente enriquecedora.

Hoje, a literatura é amplamente considerada uma forma de arte que pode


desempenhar múltiplos papéis na sociedade. Ela pode entreter, inspirar, instruir e
provocar reflexão. Tanto as preocupações de Platão quanto os argumentos de Aristóteles
ainda são relevantes na discussão contemporânea sobre o valor da literatura.

O romantismo e a contemporaneidade, aspectos diferenciadores


Romantismo:
Subjectividade e Emoção: No período romântico, a literatura frequentemente
enfatizava a subjectividade e a expressão das emoções individuais. Os românticos viam
a literatura como uma maneira de explorar a interioridade humana, dando voz aos
sentimentos e às experiências pessoais. Acreditavam que a literatura era uma forma de
conhecimento que se originava da experiência emocional.

Natureza e Espiritualidade: Muitos escritores românticos tinham uma profunda


conexão com a natureza e viam-na como uma fonte de inspiração e conhecimento. A
literatura romântica frequentemente explorava a relação entre a natureza, o ser humano
e a espiritualidade, buscando entender o significado mais profundo da existência.

Idealização do Passado: Os românticos frequentemente idealizavam o passado,


vendo-o como uma fonte de sabedoria e autenticidade. Muitos romances históricos e
folclóricos foram escritos para explorar as raízes culturais e as tradições.

Contemporaneidade:
Pluralismo e Diversidade: Na contemporaneidade, a literatura abraça uma ampla
diversidade de vozes e perspectivas. A literatura contemporânea reconhece que o
conhecimento pode ser construído a partir de uma multiplicidade de experiências e
pontos de vista, reflectindo a diversidade da sociedade moderna.

Desconstrução e Crítica: A literatura contemporânea muitas vezes se envolve em uma


desconstrução crítica de narrativas e estruturas tradicionais. Autores contemporâneos
frequentemente questionam, subvertem e desafiam normas e convenções literárias,
explorando a complexidade das experiências humanas.

Conexão com o Mundo Actual: A literatura contemporânea muitas vezes se concentra


em questões e desafios do mundo actual, como questões sociais, políticas, culturais e
tecnológicas. Ela é vista como uma ferramenta para entender e responder aos problemas
da sociedade contemporânea.

Experimentação e Hibridização: Autores contemporâneos frequentemente


experimentam com novas formas literárias, mesclando géneros e mídias. Isso reflecte
uma abordagem mais fluida em relação ao conhecimento, reconhecendo que a literatura
pode ser interdisciplinar e híbrida.

Conclusão
Referências bibliográficas
Aristóteles. (1966). A poética. Tradução de Eudoro de Sousa. Porto Alegre: Globo

Amaral, E.; Martins, G. (2002). Literatura para Unicamp. São Paulo: Ateliê.

Candido, A. (2004). Iniciação à literatura brasileira. Rio Comprido: Ouro sobre azul.

D’onofrio, A (2007). Forma e sentido do texto literário. São Paulo: Ática.

Dídimo, H. (1982). As funções da linguagem e da literatura. Revista de Letras.

Proença, F. D. (1985). Estilos de época na literatura. 9. ed. São Paulo: Ática.

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