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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Função da Literatura

Nome do Estudante: Aljofre Álvaro Jorge: 81230691

Nampula, Agosto de 2023

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Função da Literatura

Trabalho de campo a ser submetido na


coordenação do curso de Licenciatura
em Ensino de Português da UnISCED

Tutor: ME. Arsénio dos Aflitos Jorge


Adriano

Nome do Estudante: Aljofre Álvaro Jorge: 81230691

Nampula, Agosto de 2023


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Índice
Sumario……………………………………………………………………………………………………..I

Introdução..................................................................................................................................................... 2
1.1.1.Objectivo geral .................................................................................................................................... 2
1.1.2.Objectivos específicos ......................................................................................................................... 2
1.1.3.Metodologia do trabalho ..................................................................................................................... 2
2.0.Enquadramento teórico........................................................................................................................... 3
2.1.1. O que é literatura? .............................................................................................................................. 3
2.1.1.Funções que a literatura foi adquirindo dos tempos, desde Horácio à contemporaneidade ................ 3
2.1.2.Função da literatura segundo Platão e Aristóteles ............................................................................... 4
2.1.3. Função da literatura no Romantismo .................................................................................................. 5
2.1.4.Função da literatura na época contemporânea..................................................................................... 6
3.Conclusão .................................................................................................................................................. 7
Referencias Bibliográficas ........................................................................................................................... 8

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Sumário
O trabalho tem como tema “A Função da Literatura. O nosso objectivo geral visa Compreender as funções que a
literatura foi adquirindo ao longo dos tempos, desde Horácio à contemporaneidade. É importante referir que
compreender algumas das funções desempenhadas pela literatura ao longo do tempo é um modo de reconhecer o seu
poder transformador. Os conhecidos versos de Horácio que assinalam com finalidade da poesia aut prodesse aut
delectare, não implicam um conceito de poesia autónoma, de uma poesia exclusivamente fiel a valores poéticos, ao
lado de uma poesia pedagógica. Como funções destacam-se Função Lúdica, Função Sintonizadora Social,
Paradigmática, cognitiva e Catártica.

Palavras Chave: Literatura, Função, Platão, Aristóteles

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Introdução

O trabalho que nos propusemos a pesquisar tem como de estudo, “A Função da Literatura”. Faz
parte do nosso objectivo Compreender as funções que a literatura foi adquirindo ao longo dos
tempos, desde Horácio à contemporaneidade.

Os conhecidos versos de Horácio que assinalam com finalidade da poesia aut prodesse aut
delectare, não implicam um conceito de poesia autónoma, de uma poesia exclusivamente fiel a
valores poéticos, ao lado de uma poesia pedagógica. Desde os primeiros tempos em que o
homem começou a estudar a arte literária, o questionamento sobre natureza e função da literatura
tem sido assunto de muitas controvérsias.

Tratando-se da função da literatura destaca-se a evasão. Em termos genéricos, a evasão significa


sempre a fuga do eu a determinadas condições da vida e do mundo, de um mundo imaginário,
diverso daquele de que se foge, e que funciona como sedativo, como ideal compensação, como
objectivação de sonhos e de aspirações. A evasão, como fenómeno literário, é verificável quer no
escritor quer no leitor. Deixando para ulterior e breve análise o caso deste último, examinemos
primeiramente os principais aspectos da evasão no plano do criador literário.

1.1.1.Objectivo geral
 Compreender as funções que a literatura foi adquirindo ao longo dos tempos, desde
Horácio à contemporaneidade.

1.1.2.Objectivos específicos
 Identificar as funções que a literatura foi adquirindo ao longo dos tempos, desde Horácio
à contemporaneidade.
 Explicar em que reside o paradoxo da função da literatura concebido por Platão e
Aristóteles

1.1.3.Metodologia do trabalho
Quanto a abordagem é uma pesquisa qualitativa. Para MINAYO (2001), a pesquisa qualitativa
trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenómenos que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

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2.0.Enquadramento teórico

2.1.1. O que é literatura?


Segundo Aguiar & Silva (1990) etimologicamente, o “lexema deriva do latim litteratura, a partir
de littera, letra, aparentemente. Portanto, o conceito de literatura parece estar implicitamente
ligado à palavra escrita ou impressa, à arte de escrever, à erudição”.
Diderot (1751) define a literatura como “arte e como o conjunto das manifestações dessa arte,
os textos impregnados de valores estéticos”.
Neves (s/d) diz que a literatura é “uma arte verbal, isto é, seu meio de expressão é a palavra.
Mas o uso da palavra não é privilégio do escritor, pois ela serve como forma de expressão para
todas as pessoas”.
2.1.1.Funções que a literatura foi adquirindo dos tempos, desde Horácio à
contemporaneidade

Em primeiro instante importa salientar, que investigar algumas das funções desempenhadas pela
literatura ao longo do tempo é um modo de reconhecer o seu poder transformador.
Os conhecidos versos de Horácio que assinalam com finalidade da poesia aut prodesse aut
delectare, não implicam um conceito de poesia autónoma, de uma poesia exclusivamente fiel a
valores poéticos, ao lado de uma poesia pedagógica. O prazer, o doce referido por Horácio e
mencionado por uma longa tradição literária europeia de raiz horaciana, conduz antes a uma
concepção hedonista da poesia, o que constitui ainda um meio de tornar dependente, e quantas
vezes de subalternizar lastimavelmente, a obra poética.

Em suma as funções da literatura como arte destacam-se as seguintes:

Função Lúdica: segundo Eco (1985) tem por objectivo “divertir, proporcionar prazer. Para os
gregos a arte tinha uma função hedonística, ou seja, devia causar prazer, retratando o belo”. Para
eles, o belo, na arte, ocorria na medida em que a obra era verossímil, isto é, semelhante à
verdade ou à natureza.
Função Sintonizadora: tem por objectivo estabelecer ligação entre os homens de diferentes
épocas;
Funcao Social : sendo a literatura a arte da palavra e esta, a unidade básica da língua, podemos
dizer que a literatura, assim como a língua que utiliza, é um instrumento de comunicação e, por
isso, cumpre também o papel social de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma
comunidade.

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Função Paradigmática: tem por objectivo convencer, ensinar, denunciar. Como toda arte, a
literatura está vinculada à sociedade em que se origina; não há artistas indiferentes à realidade,
pois, de alguma forma, todos participam dos problemas vividos pela sociedade, apesar das
diferenças de interesses e de classe social;
Por vezes, a literatura assume formas de denúncia social, de crítica à realidade; trata-se de uma
literatura engajada, que serve a uma causa político-religiosa ou a uma luta social.

Função cognitiva: como transcrição da realidade, a literatura não precisa, necessariamente, estar
presa a ela; tanto o escritor quanto o leitor fazem uso de sua imaginação: o artista recria
livremente a realidade, assim como o leitor recria livremente o texto literário que lê. O leitor em
vez de ser considerado um elemento passivo, alguém que simplesmente recebe o texto, deve ser
visto como participante, uma vez que também usa sua imaginação para ler a obra e recriá-la

Função Catártica: tem por objectivo liberar as pressões e as emoções; é uma espécie de
desabafo.
Função Libertadora do eu: reflecte uma fuga da realidade por desajuste ou discordância.
Confunde-se com a função catártica, sendo que o desabafo aqui ocorre de forma agressiva, com
o objectivo de chocar o leitor;
2.1.2.Função da literatura segundo Platão e Aristóteles

Na estética platónica aparece o problema da literatura como conhecimento, embora o filósofo


conclua pela impossibilidade de a obra poética poder ser um adequado veículo de conhecimento.

Segundo Platão, a imitação poética não constitui um processo revelador da verdade, assim se
opondo à filosofia que, partindo das coisas e dos seres, ascende à consideração das Ideias,
realidade última e fundamental; a poesia, com efeito, limita-se a fornecer uma cópia, uma
imitação das coisas e dos seres que, por sua vez, são uma mera imagem (phantasma) das Ideias.
Quer dizer, por conseguinte, que a poesia é uma imitação de imitações e criadoras de vãs
aparências.
Este mesmo problema assume excepcional relevo em Aristóteles, pois na Poética claramente se
afirma que "a Poesia é mais filosófica e mais elevada do que a História, pois a Poesia conta de
preferência o geral e, a História, o particular". Por conseguinte, enquanto Platão condena a
mimese poética como meio inadequado de alcançar a verdade, Aristóteles considera-a como
instrumento válido sob o ponto de vista gnosiológico: o poeta, diferentemente do historiador, não
representa factos ou situações particulares; o poeta cria um mundo coerente em que os
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acontecimentos são representados na sua universalidade, segundo a lei da probabilidade ou da
necessidade, assim esclarecendo a natureza profana da acção humana e dos seus móbeis. O
conhecimento assim proposto pela obra literária actua depois no real, pois se a obra poética é
"uma construção formal baseada em elementos do mundo real", o conhecimento proporcionado
por essa obra tem de iluminar aspectos da realidade que a permite.
2.1.3. Função da literatura no Romantismo

Apenas com o romantismo e a época contemporânea voltou a ser debatido, com profundidade e
amplidão, o problema da literatura como conhecimento. Na estética romântica, a poesia é
concebida como a única via de conhecimento da realidade profunda do ser, pois o universo
aparece povoado de coisas e de formas que, aparentemente inertes e desprovidas de significado,
constituem a presença simbólica de uma realidade misteriosa e invisível.

O mundo é um gigantesco poema, uma vasta rede de hieróglifos, e o poeta decifra este enigma,
penetra na realidade invisível e, através da palavra simbólica, revela a face oculta das coisas.
Schelling afirma que a "natureza é um poema de sinais secretos e misteriosos" e von Arnim
refere-se à poesia como a forma de conhecimento da realidade íntima do universo: o poeta é o
vidente que alcança e interpreta o desconhecido, reencontrando a unidade primordial que se
reflecte analogicamente nas coisas. "As obras poéticas, acentua Von Arnim, não são verdadeiras
daquela verdade que esperamos da história e que exigimos dos nossos semelhantes, nas nossas
relações humanas; elas não seriam o que procuramos, o que nos procura, se pudessem pertencer
inteiramente à terra. Porque toda a obra poética reconduz ao seio da comunidade eterna o mundo
que, ao tornar-se terrestre, daí se exilou.

Chamamos videntes os poetas sagrados; chamamos vidência de uma espécie superior à criação
poética...". Nestes princípios da estética romântica, encontra-se já explicitamente formulado o
tema do poeta vidente de Rimbaud, o poeta da aventura luciferiana rumo ao desconhecido: "Digo
que é necessário ser vidente, fazer-se vidente. – O Poeta torna-se vidente através de um longo,
imenso e racional desregramento de todos os sentidos.
“Inefável tortura em que tem necessidade de toda a fé, de toda a força sobre-humana, em que se
torna, entre todos, o grande doente, o grande criminoso, o grande maldito, - e o supremo Sábio! –
Porque chega ao desconhecido!"

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Assim a poesia se identifica com a experiência mágica e a linguagem poética se transforma em
veículo do conhecimento absoluto, ou se volve mesmo, por força encantatória, em criadora de
realidade.
Através sobretudo de Rimbaud e de Lautréamont, a herança romântica da poesia como vidência
é retomada pelo surrealismo, que concebe o poema como revelação das profundezas vertiginosas
do eu e dos segredos da supra-realidade, como instrumento de perquisição psicológica e cósmica.
A escrita automática representa a mensagem através da qual o mistério cósmico – o "acaso
objectivo" (le hasard objectif), na terminologia do movimento surrealista – se desnuda ao
homem; e a intuição poética, segundo Breton, fornece o fio que ensina o caminho da gnose, isto
é, o conhecimento da realidade supra-sensível, "invisivelmente visível num eterno mistério".
2.1.4.Função da literatura na época contemporânea

Contemporaneamente, a questão da literatura como conhecimento tem preocupado


particularmente a chamada estética simbólica ou semântica – representada sobretudo por Ernest
Cassirer e Susanne Langer - , para a qual a literatura, longe de constituir uma diversão ou
actividade lúdica, representa a revelação, através das formas simbólicas da linguagem, das
infinitas potencialidades obscuramente pressentidas na alma do homem. Cassirer afirma que a
poesia é "a revelação da nossa vida pessoal" e que toda a arte proporciona um conhecimento da
vida interior, contraposto ao conhecimento da vida exterior oferecido pela ciência, e Susanne
Langer igualmente considera a literatura como revelação "do carácter da subjectividade", opondo
o modo discursivo, próprio do conhecimento científico, ao modo apresentativo, próprio do
conhecimento proporcionado pela arte.
Para alguns estetas e críticos, porém, a literatura constitui um domínio perfeitamente alheio ao
conhecimento, pois enquanto este dependeria do raciocínio e da mente, aquela vincular-se-ia ao
sentimento e ao coração, limitando-se a comunicar emoções. A literatura, com efeito, não é uma
filosofia disfarçada, nem o conhecimento que transmite se identifica com conceitos abstractos ou
princípios científicos. Todavia, a ruptura total entre literatura e actividade cognoscitiva
representa uma inaceitável mutilação do fenómeno literário, pois toda a obra literária autêntica
traduz uma experiência humana e diz algo acerca do homem e do mundo. "Objectivação, de
carácter qualitativo, do espírito do homem", a literatura exprime sempre determinados valores,
dá forma a uma cosmovisão, revela almas – em suma, constitui um conhecimento. Mesmo
quando se transforma em jogo e se degrada em factor de entretenimento, a literatura conserva
ainda a sua capacidade cognoscitiva, pois reflecte a estrutura do universo em que se situam os
que assim a cultivam.

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3.Conclusão

A pesquisa objectivou compreender as funções da literatura no tecido social. A função literária


catártica trabalha para trazer ao leitor/ser humano a purificação por lhe colocar em contanto com
situações em que pode acontecer a libertação de sentimentos reprimidos e o afastamento de
eventuais consequências e erros pela observação da experiência do outro, tanto que, no teatro
antigo, na Grécia, as pessoas podiam desenvolver sentimentos de identificação e rejeição.

A função literária estética nos auxilia a ver o belo, a arte pela arte, pela concessão de carga
semântica aos textos que temos contacto. É ela a responsável por deixar a literatura mais colorida
e menos cinzenta, ao trabalhar com percepções e sentidos, nos auxiliando a trilhar novos
caminhos.
A função literária cognitiva é responsável pelo desenvolvimento social em sentido estrito, pois é
por meio da aquisição de conhecimento que adquirimos a linguagem e fazemos a intervenção no
meio em que estamos inseridos, tomando com base os conhecimentos produzidos pela
civilização desde os tempos remotos até os tempos atuais.

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Referencias Bibliográficas
ARISTÓTELES. (1992.) Poética. Trad. Eudoro de Souza. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da
Moeda,

BARTHES, R. (1977) Literatura e Sociedade. Lisboa, Ed. Estampa,

CANDIDO, A. (1985)O direito à literatura. In: Vários Escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre
Azul/São , Paulo: Duas Cidades, 2004, p. 169-191.
CATARSE. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7 Graus, 2019. Disponível
em: http://www.dicio.com.br/catarse/. Acesso em: 15 out. 2019
ECO, U. (2010) Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva,

TODOROV. T. (1978) Os Géneros do Discurso. Lisboa, Edições 70,

SILVA, V. M. de Aguiar e. (1990)Teoria de Literatura. Coimbra, Almedina, 8ª Edição,

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