Você está na página 1de 13

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Trabalho de Estudos Literários

Tema: Função Da Literatura

Castelo Eduardo Abula Ausse-Codigo: 96230186

Mandimba, Setembro de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Trabalho de Estudos Literários

Tema: Função Da Literatura

Trabalho de Carácter avaliativo, da


disciplina de Pedagogia Geral,
desenvolvido no Campo a ser submetido
na Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ensino de Português da UnISCED.

Tutor:

Castelo Eduardo Abula Ausse-Codigo: 96230186

Mandimba, Setembro de 2023


Índice

1. Introdução.................................................................................................................................3

1.1.1. Geral: ............................................................................................................................. 3

1.1.2. Especifico: ..................................................................................................................... 3

1.2. Metodologia ...................................................................................................................... 3

2. Desenvolvimento teórico ...................................................................................................... 4

Funções da Literatura................................................................................................................... 6

O paradoxo da função da literatura concebido por Platão e Aristóteles ...................................... 7

Platão ........................................................................................................................................... 7

Aristóteles .................................................................................................................................... 8

Aspectos Diferenciadores da literatura do romantismo e da contemporariedade ........................ 9

3. Conclusão ............................................................................................................................... 11

4. Referência bibliográfica .........................................................................................................12


3

1. Introdução

O trabalho em alusão tem como objectivo de abordar acerca das funções da Literatura, trabalho
este pertence a Disciplina de Estudos Literários. Por tanto A Literatura é uma forma de
expressão artística que, bem como as demais expressões, é feita visando atingir o público e,
quando há algum tipo de manifestação por parte do outro, estabelece comunicação com quem
entra em contacto com a obra literária, sendo, portanto, um ato comunicativo. Abordaremos a
estes assuntos dentre outros que incubam acerca da Literatura.
Objectivos:

1.1.1. Geral:

 Compreender as Funções Literárias.

1.1.2. Especifico:

 Identificar as Funções Literárias;

 Analisar as Funções Literárias; e

 Descrever as Funções Literárias.

1.2.Metodologia

A metodologia usada para a materialização do presente trabalho, foi necessária a consulta de


material bibliográfico, que resulta na consulta de livros e outros artigos na internet.
4

2. Desenvolvimento teórico

Contextualização:

De acordo com Iser, W. (2002), Os conhecidos versos de Horácio que assinalam com finalidade
da poesia aut prodesse aut delectare, não implicam um conceito de poesia autónoma, de uma
poesia exclusivamente fiel a valores poéticos, ao lado de uma poesia pedagógica. O prazer, o
doce referido por Horácio e mencionado por uma longa tradição literária europeia de raiz
horaciana, conduz antes a uma concepção hedonista da poesia, o que constitui ainda um meio de
tornar dependente, e quantas vezes de subalternizar lastimavelmente, a obra poética.

De feito, até meados do século XVIII, confere-se à literatura, quase sem excepção, ou uma
finalidade hedonista ou uma finalidade pedagógico-moralista. E dizemos quase sem excepção,
porque alguns casos se podem mencionar nos quais se patenteia com maior ou menor acuidade a
consciência da autonomia da literatura.

Conforme Candido (2004), A Literatura é uma forma de expressão artística que, bem como as
demais expressões, é feita visando atingir o público e, quando há algum tipo de manifestação por
parte do outro, estabelece comunicação com quem entra em contacto com a obra literária, sendo,
portanto, um ato comunicativo.

Pensar em comunicação no sentido lato da palavra é conceber o estabelecimento den contacto


entre participantes de uma situação comunicativa na qual alguém envia uma informação para
alguém que a recebe e a compreende.

Sobre o ato de comunicação, Jakobson (2008) defende que para o estabelecimento e


cumprimento da comunicação por meio da linguagem é necessário que os componentes do acto
estejam intimamente ligados, sendo eles: (i) o emissor, (ii) o receptor, (iii) o referente, (iv) a
mensagem, (v) o código e (vi) o canal.

Neste contexto, entende-se como (i) emissor aquele que envia/codifica uma informação escrita,
falada ou gesticulada; (ii) receptor aquele que recebe/decodifica a informação enviada pelo
emissor; (iii) referente o assunto da informação passada por meio de uma (iv) mensagem que é o
texto (na informação) escrito, falado ou gesticulado; (v) código a língua usada entre os
5

participantes do acto comunicativo; e, (vi) o canal o meio físico pelo qual o código se propaga,
como o papel, grosso modo, para a escrita, o ar para os sons da fala ou as mãos para os gestos.

Este autor defende que, se em algum momento ou por algum motivo, um dos elementos que
compõem o ato comunicativo não estiver em consonância com os demais, a comunicação e, por
conseguinte, a compreensão estarão comprometidas.

A partir disso, é possível compreender que, durante a comunicação, emitimos textos com focos
distintos, podendo estar focado em um elemento do ato comunicativo e, por isso, Jakobson
(2008) propôs as chamadas funções da linguagem.

Entretanto, pensando de maneira mais ampla, sendo a Literatura um tipo de comunicação e cada
obra tendo um foco distinto, uma vez que os textos literários não são herméticos, a maneira como
podem atingir os leitores tende a ser bem específica e, por isso, podem ter uma função
determinada.

Mas, afinal, as funções da linguagem, conforme propostas por Jakobson são aplicáveis também à
Literatura? Ou será que haveria outras formas de concebê-las neste tipo de comunicação?

Candido (2004), De maneira geral, o que se pode afirmar para a primeira questão é que não: as
funções da linguagem conforme propostas por Jakobson não são as mesmas funções da literatura
mas, ao se responder a segunda questão, pode-se dizer que sim, há funções específicas a partir da
maneira como as obras literárias são criadas.

Levando em consideração que os livros didácticos voltados para o ensino de Literatura não
trazem algo específico sobre as funções da literatura e, em muitos casos, nem mesmo durante
cursos de graduação em Letras os alunos passam a ter este conhecimento, objectiva-se, neste
artigo, remontar as diferenças entre as funções da linguagem e as funções da literatura por meio
de aporte teórico de fundo linguístico-literário.

A partir da definição de cada uma das funções da literatura e de excertos de textos de autores
conhecidos do grande público, pretendesse contribuir um pouco mais com o debate do papel da
Literatura e a função da leitura de obras literárias para a construção de sentidos e para a
6

interpretação do mundo o que, por si só, já pode ser entendido como a função maior da
Literatura.

Funções da Literatura

1 - Função lúdica: É a mais generalizada. Surge no momento em que a literatura é vista como
um microcosmo, como um valor em si, uma espécie de jogo, uma realidade específica sem
qualquer finalidade prática e destinada apenas a dar prazer, despertar emoções, distrair, alegrar,
comover, etc. (É o caso dos romances policiais, da ficção científica ou de qualquer outra forma
literária que vise apenas entretenimento do leitor).

2 - Função pragmática (utilitária): Em todas as sociedades tem sido uma das mais importantes.
É a que atribui à literatura uma finalidade prática ou uma utilidade para além do seu valor
estético. Várias podem ser as intenções pragmáticas atribuídas à literatura. Entre elas: a)
Convencer o auditório de alguma coisa (= oratória sacra e profana). b) ensinar ou esclarecer um
problema (= conferências, ensaios, etc.) c) atrair adeptos para uma ideologia (= literatura
engajada a serviço da política ou da religião). d) difundir um elenco de valores morais e sociais,
aceitos por determinada sociedade.

3 - Função sintonizadora (ou sinfrônica): Refere-se à possibilidade, inerente à literatura ou à


arte em geral, de estabelecer a comunhão entre homens de diferentes épocas ou níveis de cultura,
devido à presença de elementos vitais, espirituais, que por serem comuns à condição humana
ultrapassam os diferentes estilos de cada época ou cada autor, e estabelecem entre a obra e o
leitor uma simpatia e identidade independente do tempo e do espaço.

4 – Função cognitiva: Pelos que lhe atribuem essa função, a literatura é vista como uma forma
de conhecimento: um elemento revelador da verdade psicológica dos seres ou da verdade sob a
aparência das relações humanas.

“Os romancistas podem ensinar-te mais sobre a natureza humana do que os psicólogos.” (Wellek
& Warren. Teoria da Literatura, p. 40)

5 – Função catártica (ou purificadora): Essa função tem uma longa tradição. Na Poética, de
Aristóteles (séc. IV a.C.), ela já era apontada: “a tragédia, imitação de ações de caráter elevado,
7

completa-se em si mesma, em linguagem ornamentada [...] suscitando o terror e a piedade, tem


por efeito a catarse desses sentimentos.”

Através dos tempos, muitos são os teóricos que vêem a literatura como um instrumento liberador
da pressão das emoções, tanto para o escritor como para o leitor. “Exprimir emoções é ficar
liberto delas. [...] Mas a literatura libertar-nos-á das emoções ou, ao contrário, as desperta?”
(WelleK & Warren, p. 45)

6 – Função Libertadora do Eu: Essa é uma das mais polêmicas atribuídas à literatura, e tem
atraído sobremaneira os psicanalistas. Vista por esse prisma, a literatura funcionaria como um
elemento de evasão do “eu”, permitindo-lhe a fuga à realidade concreta que o cerca. Sem ser
positiva ou negativa em si, essa fuga pode, no entanto, ser construtiva ou destrutiva, dependendo
do grau da fruição emotiva alcançada. Tanto pode ser compensadora para os possíveis desajustes
ou frustrações do “eu” em face do meio social, como pode ser alienadora, fechando o “eu” em si
mesmo, dentro de um mundo próprio e intransferível. Essa função libertadora verificar-se-ia tanto
no escritor como no leitor. Ambos podem encontrar no universo da ficção a compensação para os
desajustes com o meio social ou para as suas frustrações. Ex. “Vou-me embora pra Pasárgada”,
de Manuel Bandeira.

É importante notar que nenhuma dessas funções pode ser desempenhada, pela obra de maneira
pura, ou ser determinada com rigidez. Há, via de regra, uma que predomina no espírito do
escritor (ou leitor), mas isso não impede a presença das outras. Esquemas e regras – em se
tratando de literatura – são meros recursos didácticos, embora indispensáveis a uma compreensão
mais ampla do fenómeno literário. Jamais poderão ter peso de lei imutável e irredutível.

O paradoxo da função da literatura concebido por Platão e Aristóteles

Platão

Para D’onofrio (2007), Na estética platónica aparece o problema da literatura como


conhecimento, embora o filósofo conclua pela impossibilidade de a obra poética poder ser um
adequado veículo de conhecimento.
8

Segundo Platão, a imitação poética não constitui um processo revelador da verdade, assim se
opondo à filosofia que, partindo das coisas e dos seres, ascende à consideração das Ideias,
realidade última e fundamental; a poesia, com efeito, limita-se a fornecer uma cópia, uma
imitação das coisas e dos seres que, por sua vez, são uma mera imagem (phantasma) das Ideias.

Platão foi o primeiro pensador a tecer considerações sobre a literatura. Mas, como era filósofo e
não literato, a sua preocupação se voltava para o campo da filosofia e seu objetivo era alcançar a
verdade das coisas. Daí os comentários dele sobre a literatura, que nessa época não recebia esse
nome mas o nome de poesia, se organizava em torno de um interesse não literário. Na verdade,
ele nunca criou uma teoria sistemática da literatura. Nos muitos dos seus Diálogos encontramos
afirmações a respeito da arte e da poesia que servem de reflexão, ainda que para serem refutadas,
até hoje. Para Platão, a verdade devia ser o destino para onde convergiam todos os interesses do
homem. Mas aí ele se defrontava com um problema não pequeno diante da literatura que, não
sendo filosofia, não estava interessada na verdade nem na metafísica nem no sentido
transcendental das coisas.

Ora, para Platão, a verdade estava fora do mundo aparente. A verdade estava nas idéias e tudo o
que aparecia aos sentidos, ou seja, todo o mundo do fenômeno era um mundo de aparência e, se
era aparente, não era verdadeiro. Se não era verdadeiro, era falso. Aqui temos um problema sério.

É que Platão criou imaginariamente um Estado ideal, a república, quer dizer, a coisa pública, do
povo. Para que o Estado funcionasse direito era necessário que nele tudo se orientasse pela
verdade. Então qualquer coisa que escapasse a esse interesse devia ser banida da República sob
pena de este Estado desmoronar política, administrativa e socialmente. Ele mesmo considerava
esse Estado tão perfeito quanto possível.

Aristóteles

D’onofrio (2007), Em Aristóteles temos a literatura sendo tomada a partir de si mesma, fi cando
salva da dependência de fatores extraliterários como sociedade, política e religião. Nesse
pensador, a literatura ganha autonomia. Infelizmente sua difusão no mundo romano por meio de
Horácio trouxe confusão com a retórica e, consequentemente, uma perda significativa para os
avanços no estudo da literatura propriamente dita. Esse prejuízo atravessou toda a Idade Média
9

fazendo-se presente nas acções catequéticas da Igreja católica as quais ajudavam a disseminar
uma concepção pragmática, utilitária da literatura, até que nos séculos XVIII e XIX os estudos
filosóficos enveredaram pela estética e recuperaram a originalidade da estagirita, quando a visão
ética e política de literatura cede lugar à visão estética.

A poesia ganha em Aristóteles um estatuto próprio, e tem na poética a sua teoria, que é diferente
da teoria da oratória, da eloquência, isto é, a retórica. Na Poética, Aristóteles trata da natureza
da poesia, dos géneros literários e« da linguagem em que o texto está elaborado.
Aristóteles nunca criou normas. Ele procurou ver em que consistia o fenómeno literário, por isso
foi descritivo em vez de normativo. Afinal de contas, “De que é feita a literatura?”, “Como é feita
a literatura?” são perguntas básicas para se compreender sua Poética.
Rejeitando a idéia de falsidade, inutilidade ou nocividade da literatura, Aristóteles toma as obras
a partir da descrição de seus constituintes, como já dissemos, e é deles que ela vai receber seu
valor. Para ele, as formas da literatura grega: a épica e a dramaturgia (tanto no âmbito da tragédia
como no âmbito da comédia) dependiam da mimese, da imitação, e diferenciava cada uma a
partir de três condições: o objecto imitado, o modo como se dava a imitação e o meio de
imitação.
Aristóteles considera-a como instrumento válido sob o ponto de vista gnosiológico: o poeta,
diferentemente do historiador, não representa factos ou situações particulares; o poeta cria um
mundo coerente em que os acontecimentos são representados na sua universalidade, segundo a lei
da probabilidade ou da necessidade, assim esclarecendo a natureza profana da acção humana e
dos seus móbeis. O conhecimento assim proposto pela obra literária actua depois no real, pois se
a obra poética é "uma construção formal baseada em elementos do mundo real", o conhecimento
proporcionado por essa obra tem de iluminar aspectos da realidade que a permite.

Aspectos Diferenciadores da literatura do romantismo e da contemporariedade

Romantismo é um dos maiores movimentos literários do século XIX. Baseado em características


como a subjectividade, a idealização amorosa, a fuga à realidade e o nacionalismo, suas
influências marcaram não só a arte, como a cultura e os costumes daquele momento, que
retractavam os valores burgueses da época. Diferente da poesia, a prosa é uma modelo de texto
10

escrito em parágrafos, narrando os acontecimentos de um enredo junto a um grande aspecto


descritivo. (Bourdieu, 2010).
Os principais acontecimentos e influências que marcaram esse período são: Instalação da Corte
Portuguesa no Brasil (1808); Independência do Brasil (1822); Abertura dos Portos; Chegadas das
missões estrangeiras (científicas e culturais); Surgimento da imprensa nacional; Revolução
Industrial; Era Napoleónica; Revolução Francesa.

Conforme Bourdieu (2010), O conceito “literatura contemporânea” é um conceito de


periodização da história literária muito utilizado e, aparentemente, auto explicativo. Quando se
fala sobre o contemporâneo com colegas de filologias e tradições críticas diferentes, percebe-se
que, sim, há diferenças. Meu objectivo é delinear as diferenças e o possível denominador comum.
Vou começar com uma comparação da delimitação do contemporâneo em algumas culturas e
continuar com a discussão sobre as possíveis definições do contemporâneo.
11

3. Conclusão

De acordo com as leituras feitas, conclui-se: A literatura é uma arte verbal, isto é, seu meio de
expressão é a palavra. Mas o uso da palavra não é privilégio do escritor, pois ela serve como
forma de expressão para todas as pessoas.

Quanto ao paradoxo da função da literatura, na estética platónica aparece o problema da literatura


como conhecimento, embora o filósofo conclua pela impossibilidade de a obra poética poder ser
um adequado veículo de conhecimento. Em quanto que Aristóteles tema a literatura sendo
tomada a partir de si mesma, fi cando salva da dependência de factores extraliterários como
sociedade, política e religião. Nesse pensador, a literatura ganha autonomia.

Romantismo é um dos maiores movimentos literários do século XIX. Baseado em características


como a subjectividade, a idealização amorosa, a fuga à realidade e o nacionalismo, suas
influências marcaram não só a arte, como a cultura e os costumes daquele momento, que
retractavam os valores burgueses da época. E ao passo que literatura contemporânea” é um
conceito de periodização da história literária muito utilizado e, aparentemente, auto explicativo.
12

4. Referência bibliográfica

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: génese e estrutura do campo literário. São Paulo:
Companhia das Letras, 2010.

CANDIDO, A. Iniciação à literatura brasileira. Rio Comprido: Ouro sobre azul, 2004.

D’ONOFRIO, As. Forma e sentido do texto literário. São Paulo: Ática, 2007.

ISER, W. Os actos de fingir ou o que é fictício no texto ficcional. Teoria da Literatura em suas
Fontes, 2002.

Você também pode gostar