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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

FUNÇÃO DA LITERATURA

Celeste Albino Sitoe- 31231470

Xai-Xai, Setembro de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Departamento de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

FUNÇÃO DA LITERATURA

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Ensino de Português do ISCED.
Tutor:

Celeste Albino Sitoe- 31231470

Xai-Xai, Setembro de 2023


Índice
1.0. Introdução........................................................................................................................4

1.1. Objectivos........................................................................................................................4

1.2. Metodologia.....................................................................................................................4

2.1. Conceito de Literatura..........................................................................................................5

2.1. Funções que a literatura foi adquirindo dos tempos, desde Horácio à contemporaneidade 6

2.3. A função da literatura segundo Horácio...............................................................................7

2.4. Função da literatura concebido por Platão e Aristóteles......................................................7

2.4.1. Visão do Platão sobre literatura........................................................................................7

2.4.2. Visão do Aristóteles sobre literatura.................................................................................9

3.0. Conclusão...........................................................................................................................11

4.0. Referencias bibliográficas..................................................................................................12


1.0. Introdução

A Literatura é uma forma de expressão artística que, bem como as demais expressões, é feita
visando atingir o público e, quando há algum tipo de manifestação por parte do outro,
estabelece comunicação com quem entra em contato com a obra literária, sendo, portanto, um
ato comunicativo.

Neste trabalho, a partir da definição de cada uma das funções da literatura e de excertos de
textos de autores conhecidos do grande público como Platão, Aristóteles, Horácio, etc
pretendesse contribuir um pouco mais com o debate do papel da Literatura e a função da
leitura de obras literárias para a construção de sentidos e para a interpretação do mundo o que,
por si só, já pode ser entendido como a função maior da Literatura.

1.1. Objectivos

Geral

 Discutir o papel da Literatura e a sua função

Específicos

 Contextualizar o conceito Literatura


 Apresentar o pensamento de cada autor no que concerne a Literatura
 Descrever as funções da Literatura;
1.2. Metodologia
Para a concretização dos objectivos e obtenção de repostas, foram necessários vários métodos,
começando pela revisão bibliográfica que consistiu no levantamento exaustivo de todas as
informações disponíveis sobre o estudo desde os livros, monografias, teses e artigos
científicos, entre outros que deram o suporte ao referencial teórico deste estudo.

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2.1. Conceito de Literatura

Para D’Onofrio (2007) a Literatura não é um conceito de fácil definição. Na Poética de


Aristóteles o filósofo já observava a inexistência de um termo genérico para designar ao
mesmo tempo os diálogos socráticos, os textos em prosa e o verso. "A arte que usa apenas a
linguagem em prosa ou versos [...] ainda não recebeu nome até o presente" O termo, embora
de origem relativamente recente - século XIX - é literatura. Antes disso, literatura designava
etmologicamente, a escritura, a erudição, o conhecimento das letras. Mas, a nova acepção do
termo não resolveu o enigma presente em vários textos como "O que é arte? de Tolstoi, "O
que é poesia", de Roman Jakobson, e "O que é Literatura"? de Jean-Paul Sartre. Barthes
mesmo renuncia a uma definição e declara: "Literatura é aquilo que se ensina e ponto final".
Uma forma de tautologia, de dizer que "literatura é literatura”. Mas pode-se dizer de outra
maneira? Nelson Goodman, em vez de se perguntar "o que é arte”? questiona "quando é
arte"? ' Não seria possível fazer o mesmo com a literatura? Qual é esse campo, essa categoria,
esse objeto? Qual é sua "diferença específica"? pergunta Antoine Compaignon. Qual a sua
natureza, a sua função? Qual a sua extensão e a sua compreensão?

A aporia, resulta, sem dúvida, da contradição entre dois pontos de vista possíveis e legítimos:
o ponto de vista contextual (histórico, psicológico, sociológico, institucional) e o ponto de
vista textual (linguístico). A literatura ou o estudo literário, está sempre imprensada entre duas
abordagens irredutíveis: uma abordagem histórica, no sentido amplo (o texto como
documento) e uma abordagem linguística (o texto como fato da língua, a literatura como a
arte da linguagem) Genette que julga "tola" a pergunta "O que é literatura”? sugeriu, no
entanto, distinguir dois regimes literários complementares: um regime constitutivo, garantido
pelas convenções logo fechado - e um regime condicional, logo aberto, dependente de uma
apreciação revogável.

No sentido de sua extensão, segundo BRANCO, (1994, p. 197, literatura é tudo que é
impresso e todos os livros que uma biblioteca contém, incluindo a história oral. Essa acepção
corresponde à noção clássica de belas-letras, que compreendia tudo o que a retórica e a
poética podiam produzir, não

somente a ficção, mas também a história, a filosofia, a ciência e a eloquência. Como equivale
à noção de "cultura" adotada a partir do século XIX, se considerarmos essa acepção, a
literatura perde toda a sua especificidade, ou seja, a qualidade propriamente literária lhe é
negada.
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Entretanto, a literatura assim compreendida reinava absoluta pois era "a via régia para a
compreensão de uma nação"

No sentido restrito, a literatura varia consideravelmente entre as épocas e as culturas. Na


acepção moderna, separada ou extraída das belas-letras aparece no século XIX com o declínio
do tradicional sistema de gêneros perpetrado por Aristóteles. Para ele a arte poética
compreendia essencialmente o gênero épico e o gênero dramático, com a exceção do gênero
lírico, que não era fictício nem imitativo - uma vez que nele o poeta se expressava em
primeira pessoa, A epopeia e o drama constituíam ainda os dois grandes gêneros da Idade
Clássica, isto é, a narração e a representação, ou as duas formas maiores de poesia, entendida
como ficção ou imitação. Até então, a literatura no sentido restrito (a arte poética) era o verso.
Mas ocorreu um deslocamento capital ao longo do século XIX: os dois grandes gêneros, a
narração e o drama, abandonaram cada vez mais o verso para adotar a prosa. Compagnon
registra então, que com o

nome de poesia, não se conheceu senão, o gênero que Aristóteles excluíra da 'poética, ou seja,
a poesia lírica, a qual, em revanche, tornou-se sinônimo de toda poesia. Desde então, por
literatura se compreendeu o retomando-se a tríade pós-aristotélica teatro, o romance e a
poesia,

dos gêneros épico, dramático e lírico, mas doravante os dois primeiros seriam identificados
com a prosa e o terceiro apenas com o verso, antes que o verso livre e o poema em prosa
dissolvessem ainda mais o velho sistema de gêneros ○ sentido moderno de literatura, que
compreende o romance, o teatro e a poesia, é inseparável do Romantismo, conforme afirma
Compagnon, isto é, da admiração da relatividade histórica e geográfica do bom gosto, em

oposição à doutrina clássica da eternidade e da universalidade do cânone.

2.1. Funções que a literatura foi adquirindo dos tempos, desde Horácio à
contemporaneidade

As obras literárias, enquanto atos comunicativos, podem levar o leitor a construir sentido para
o texto lido a partir de sensações e informações distintas, sendo que a complementação entre a
forma pela qual o texto é disponibilizado ao seu leitor e a maneira como é recebido, ajudam a
construir sentido às obras e, assim, podem fazer emergir funções específicas da obra.
D’Onofrio (2007) afirma que há, na obra literária, cinco funções que ora predominam, ora se
complementam durante a leitura de uma obra e que servem para construir os sentidos do
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texto, sendo elas: (i) função lúdica, (ii) função cartática, (iii) função pragmática, (iv) função
cognitiva e (v) função estética. Segundo este autor, a função lúdica ocorre quando há, na obra,
um jogo entre o autor e o leitor de forma que ambos coexistem durante a leitura, sem a
necessidade do convívio simultâneo e, assim, a obra passa a ser prazerosa e, em alguns casos,
passa a ter o status de leitura de deleite.

2.3. A função da literatura segundo Horácio

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o


mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual é um método de
libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito.
Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício
muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e
pelo desespero. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo conjura magia. Sublimação,
compensação, condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações, classes.
Nega a história, em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire,
afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção,
intuição, pensamento não dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma
superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. Imitação dos antigos,
cópia do real, cópia de uma cópia da ideia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito,
nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo.

Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo.
Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são
apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensinamento moral, exemplo,
revelação, dança, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do
solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal nua e
vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem afirme que não te
nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova supérflua grandeza de toda
obra humana

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2.4. Função da literatura concebido por Platão e Aristóteles

2.4.1. Visão do Platão sobre literatura

Pelo que se tem documentado, Platão foi o primeiro pensador a tecer considerações sobre a
literatura. Mas, como era filósofo e não, literato, a sua preocupação se voltava para o campo
da filosofia e seu objetivo era alcançar a verdade das coisas. Daí os comentários dele sobre a
literatura, que nessa época não recebia esse nome, mas o nome de poesia, se organizava em
torno de um interesse não literário. Na verdade, ele nunca criou uma teoria sistemática da
literatura. Nos muitos dos seus Diálogos encontramos afirmações a respeito da arte e da
poesia que servem de reflexão, ainda que para serem refutadas, até hoje. Para Platão, a
verdade devia ser o destino para onde convergiam todos os interesses do homem. Mas aí ele
se defrontava com um problema não pequeno diante da literatura que, não sendo filosofia, não
estava interessada na verdade nem na metafísica nem no sentido transcendental das coisas.

Ora, para Platão, a verdade estava fora do mundo aparente. A verdade estava nas ideias e tudo
o que aparecia aos sentidos, ou seja, todo o mundo do fenômeno era um mundo de aparência
e, se era aparente, não era verdadeiro. Se não era verdadeiro, era falso. Aqui temos um
problema sério.

É que Platão criou imaginariamente um Estado ideal, a República, quer dizer, a coisa pública,
do povo. Para que o Estado funcionasse direito, era necessário que nele tudo se orientasse pela
verdade. Então qualquer coisa que escapasse a esse interesse devia ser banida da República
sob pena de este Estado desmoronar política, administrativa e socialmente. Ele mesmo
considerava esse Estado tão perfeito quanto possível. E, para resguardar essa perfeição,
determinou que não se admitisse nele a poesia puramente imitativa, sentenciando que “nunca
se deve dar acolhida a essa espécie de poesia” (Platão, p. 270).

Para Platão, a literatura está afastada da verdade em três níveis, e ele explica essa distância
tomando o exemplo da cama. Vejamos como ele pensa esse caso. A verdade da cama está na
ideia de cama. De posse dessa ideia, o carpinteiro toma a madeira e vai moldando suas formas
de acordo com o pensamento que tem em mente. Não importa que seja redonda, quadrada

ou retangular. Trata-se de uma cama, e de uma cama em segundo estágio, segundo nível, pois
a cama propriamente dita, isto é, a cama em sua essência está na ideia, feita por Deus. O
pintor que reproduz a cama imita camas feitas pelo carpinteiro e aí fica esclarecido o

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afastamento, em três níveis, da arte em relação à verdade. Fazendo um resumo, lemos: existe
a ideia do

leito, que é sua essência; portanto, primeiro nível. Existe o leito feito pelo carpinteiro, que é
apenas um leito aparente, um leito de segundo grau, e existe o leito trabalhado pelo pintor,
que é artista. Esse último leito já é uma imitação em terceiro grau. Com isso fica justificada
platonicamente a tese do distanciamento em três níveis. O carpinteiro é um artífice que traz
para o mundo aparente o que se encontra no mundo transcendente. O pintor ao reproduzir o
feito do artífice, torna-se apenas um imitador em terceiro grau. Diz ele: “Quem compõe
tragédias na sua qualidade de imitador, está três graus afastado do rei e da verdade”
(PLATÃO, p. 274). Estar afastado do rei significa estar afastado do que é certo, perfeito; é
estar afastado daquele que contempla a verdade em si mesma e a verdade na essência das
coisas. No afã de demonstrar a veracidade de sua ideia, Platão pergunta se Homero, por acaso,
já levou adiante uma guerra ou pelo menos já a orientou a partir de seus conselhos. E
resumindo a natureza do trabalho do poeta afirma: “Todos os poetas [...] são imitadores de
fantasmas e jamais chegam

à realidade” (PLATÃO, p. 277). Esse comentário não é um desrespeito a Homero ou à poesia.


Platão reconhecia o valor de ambos, embora não perde-se de vista o papel social da poesia. O
problema se colocava quando não havia precaução contra os malefícios que ela podia trazer
pela sedução, pelo fascínio que exercia sobre os leitores estético. A literatura, é concebida,
além disso, em suas relações com a nação e com a sua história. A literatura, ou melhor, as
literaturas, são antes de tudo, nacionais. De forma mais restrita ainda, literatura são os grandes
escritores, em outra acepção romântica. O cânone clássico eram obras- modelos destinadas a
serem imitadas de maneira fecunda, o panteão moderno é construído pelos escritores que
melhor encarnam o espírito de uma nação. Passa-se assim, afirma Compagnon de uma
definição de literatura do ponto de vista dos escritores (as obras a imitar) a uma definição de
literatura do ponto de vista dos professores (os homens dignos de admiração). Nessa
perspectiva, tudo o que foi escritor por grandes escritores pertence à literatura.

2.4.2. Visão do Aristóteles sobre literatura

Aristóteles recusou-se a ver a literatura como uma farsa, um feito afastado da verdade. Ele
achava que a verdade da poesia vem do próprio texto em sua constituição de linguagem e de
sentido.

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-A distinção entre as formas literárias se faz pela verificação do objeto imitado, do modo
como é imitado e do meio de imitação.

De acordo com Aristóteles, a tragédia se compõe de seis partes:

a) Fábula – é a história; é a imitação de uma ação; é a combinação dos atos realizados. Os atos
e a fábula são a finalidade da tragédia, daí serem também sua parte mais importante.

b) Elocução – é a fala das personagens em suas várias manifestações: súplica, ordem,


explicação, ameaça, pergunta, resposta etc. Da elocução fazem parte os fonemas, a sílaba, a
frase, os diálogos etc.

Sobre a fábula e a elocução, Aristóteles adverte: Deve, pois, o poeta ordenar as fábulas e
compor as elocuções das personagens, tendo-as à vista o mais que for possível, porque desta
sorte, vendo as coisas claramente, como se estivesse presente aos mesmos sucessos,
descobrirá o que convém e não lhe escapará qualquer eventual contradição (ARISTÓTELES,
1966, p. 87).

c) Caráter – não aparece nas falas proferidas. É percebido quando as personagens

tomam decisões de aceitar ou rejeitar algo.

d) Pensamento – são as idéias originadas no texto. Esses pensamentos dão valor às coisas ou
retiram valor; despertam emoções como piedade, medo, raiva; demonstram ou refutam outros
pensamentos. O pensamento está ligado primeiramente à retórica. É a expressão do assunto.

e) Espetáculo – é o desenrolar das cenas. Essa é a parte que tem menos a ver com a literatura.
Sobre ela Aristóteles diz que é o mais emocionante, mas também é o menos artístico e menos
próprio da poesia. Na verdade, mesmo sem representação e sem atores, pode a tragédia
manifestar seus efeitos; além disso, a realização de um bom espetáculo mais depende do
cenógrafo que do poeta.

f) Canto – é a música, que consiste numa sucessão de sons para gerar uma sensação agradável
ao ouvido. A musicalidade é feita em função da poesia, quer dizer, da literatura.

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3.0. Conclusão

A Literatura é tudo que é impresso e todos os livros que uma biblioteca contém, incluindo a
história oral.

Sobre as funções da Literatura, concluímos que cinco funções que ora predominam, ora se
complementam durante a leitura de uma obra e que servem para construir os sentidos do
texto, sendo elas: (i) função lúdica, (ii) função cartática, (iii) função pragmática, (iv) função
cognitiva e (v) função estética.

Por outro lado, Aristóteles recusou-se a ver a literatura como uma farsa, um feito afastado da
verdade. Ele achava que a verdade da poesia vem do próprio texto em sua constituição de
linguagem e de sentido.

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4.0. Referencias bibliográficas
 Branco, C. C. (1994). Amor de perdição. Jandira: Ciranda Cultural,
 D’onofrio, (2007). As Forma e sentido do texto literário. São Paulo: Ática,
 Paz, Octávio. (1982). O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
 Aristóteles. (2003).Poética. Tradução de Eudoro de Sousa. Lisboa: Casa da Moeda,

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