Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
[J Liseos UNIVERSIDADE
DE LISBOA
FACULDADE
DE LETRAS
As Artes Poéticas sto ramerosas na historia da literatura europeia, e nomes como
Candido Lusitano e Nicolas Boileau enalteceram, no classicismo do século XVIII, uma
tradicao que tinha ja inumeros antecedentes. Na realidade, se analisarmos o conteudo
destes numerosos textos podemos concluit que qualquer texto tedrico dedicado a pratica
poética ou literaria pode ser denominado uma ars poética. Desta forma € possivel incluir
nesta tradicao uma grande quantidade de textos medievais e modernos, a Ars versificatoria
de Mathieu de Vendome no século XIII, ou 0 De Vuleart Eloquentiae de Dante no século
XIV sao 6ptimos exemplos, mas também a Art Poéugue de Paul Verlaine no século XIX,
e mesmo o poema em doze versos de Raymond Queuneau, Pour un art poéhque, ja no
século XX. Assim podemos considerat que a ars poetica, com o seu importante peso na
tradicao literaria europeia, e a sua grande diversidade de formas, tem ja os contornos de
um género independente. No entanto, ao contrario da grande maioria das categorias
literarias, actuais ou defuntas, este género tem uma origem muito clara; na génese desta
tradicao encontram-se dois autores classicos: Aristdteles e Horacio, um grego, e um
latino. E porqué dois? Com o Ileol zomtixye, a literatura é analisada seguindo os mesmos
preceitos aristotélicos que regem toda a obra filosdfica deste autor. A poesia é definida,
os géneros delimitados, a lingua regrada, e um olhar de cientista disseca a poesia cultivada
e admirada na Grécia do século IV a.C. A tradicao fundada por esta obra é, contudo,
distincta do legado que deixaram escritos como a Fésica ou a Erica; principalmente porque,
quando Horacio publica a sua Ars, comeca um dialogo entre estas duas obras que as uniu
na historia. Doravante, torna-se muito dificil ler uma sem ler a outra, pois estes autores
deixam, com estas obras, um legado conjunto.
Essencial para entender a coesao destes dois autores a este respeito, é a metafora a
qual ambos recorrem repetidamente nos seus textos: a escrita como pintura. Elemento
transversal nas duas Poéticas, a compatacao a pintura é extremamente apta a esta nascente
definicao da literatura. Ao contrario das outras attes, como a musica e a dang¢a,
fundamentalmente abstractas, a poesia e a pintura procuram imitar o real, e a relacao da
obra com a realidade define a sua eficacia perto do seu leitorado ou audiéncia. A presenga
desta comparacao nos dois autores prova a continua importancia desta ideia na literatura
antiga. Ao imitar este recurso estilistico, Horacio insere-se na tradi¢ao aristotélica, a qual
pertencia certamente pela sua educacao filos6fica, e reafirma como sua a ideia de
literatura criada por Aristdteles. A representacao esta, no entanto, subjugada a um
objectivo especifico: suscitat a emocao. E esta capacidade de mover os ser humano que
da a literatura o seu peso na sociedade. ‘Tal como ja visto em Platao, esta influéncia é
reconhecida como primaria na educacao dos mais jovens, e alias Aristdteles avanca a
aprendizagem como elemento do prazer provocado pela representacao. No entanto, a
literatura nao é subjugada, como na Republica, ao seu poder politico, e o caracter pratico
destes textos demonstra que a atte poética nao inspira medo ou desconfianca. O debate
entre platonismo e aristotelismo que definiu o discurso filos6fico europeu durante varios
séculos é, entao, alheio a tradigdo deixada pelas artes poéticas. A realidade é que estes
textos tém uma ligacdo mais forte a pratica poética tal como esta existe, e nao a sua
idealizacao.
Bibliografia
Bibliografia
(As obras adiante referidas, que sdo a base deste texto, ha a juntar as demais citadas no corpo de
texto)
Allan H. Gilbert, H. L. Julho de 1947). On The Relation of Horace to Aristotle in Literary Criticism. The
Journal of English and Germanic Philology, 46(3), pp. 233-247. Obtido de
https://www.jstor.org/stable/27712881
Aristotle. (1932). The Poetics. (W. H. Fyfe, Trad.) Cambridge, Massachussets: Harvard University
Press.
Horace. (1978). Epitres. (F. Villeneuve, Trad.) Paris: Les Belles Lettres.
Tiago Drummond Borges
Literatura na Antiguidade, teoria e pratica
As Artes Poeticae
um dialogo de séculos
[J Liseo, UNIVERSIDADE
DE LISBOA
FACULDADE
DE LETRAS
As artes
As poeticae ee a
artes poeticae r ai =p
uemand cAptcl sg ndtalh
certivcen
e t’ aarts Seat
\ fungere ft uel arial tndice plimat
preter‘ equim
pee
tradição
cently Saal!
Snug: cotlacrt mibrifuc turpicer-acrit
‘
tradicao
v efinar in pice multer foxmofa fuperne
Sees pect ad mutft rifii ceneseaf arte a
]
_f
piihorehl
reoee prfonef
;
tft bute fore tibrat ee miteon
. } OB hime ce yetucpyran
ory formu wane” rs
‘ € inget fpeut ee pefnec apd unt 5
t eddaneur motfoxmne. prctort b; aty; poett’.
4 dtbrailbenor femper Fare equa porefal.
: libs mated 1
‘ eh’ suites tabs 4 4
t \ $ i. hance nema perrnig;.dariq;.tuscrifim .
‘ q wg ma yo ea aos si ye ney Pe 4 ria
> mode ' S; hur placwef wean imicta.nenwt
EWT™ P po? cay - acai” ge ssn Seer rit oe peal emt ord
MIATA Gia Ar Bre ee FO TUM adja s erpencef auth; gemiriezagy tut apr er h
| IWITB wy F m4 Laer Baek ; ¢4 ceperfgraub; pleriig; amagna profeif
Ars potlica
poética :: um
um texto
texto tedrico
teórico imouenittr 6" Lrpurerat late-g vem alt=at e
fplendear
eS od
1A py yen
~—« wlchor =
Z
1 fire pore
dedicado Mg
6054999 ne
TE ME Dy, @ cppancfaq pameno iti’ agro.
f
d we fame renin placerat defertbst
514)
—
* Fred tesa Sine figrar haf tod forza upmi pcre
Textos recorrentes
* ‘Textos recorrentes na
na tradicao
tradição a
™ pork re atest
§ offimulare. oti: G fractnf ename expert ’
he
ampho1a epi
literária europeta:
literaria europeia:
ase tel e
“tage a Ss & ous urceufous f
Trew iy MO aaa
emags t
% @e. Px
° Ars versificatoria, Matthieu de Vandéme ¥ Cicily
rech,
& eciptts fySEF
Miwteraet—
prewar’ et Lebero_
fBiaeal € it
value,
— Cunasrsantnscraad dtl
(séc. XIIT) { TEP ciccrsad” ormasewnel
i Riechene er
{ pone wrum
fettx opi! ftimagquis
Arte poética, Candido Lusitano (séc. \ a!
XVII) y |
Art poétque, Paul Verlaine (séc. XIX)
Pour un art poétique, Raymond Queneau rt \ isin ee
(séc. XX)
Uma tradição
Uma tradicao conjunta
conjunta
A ovviqe
a Prr 1 CERUICE PictoR
j eqviniay
Junge finelit.> wari idu
e A base classica de um
género tedrico
cere plumas
VY ndicp collanf menbraf ur Eprt atrit
D cfinar mpike: muber formofs fupne:
* Como pensat o
$ peccata admifirifum omeanf aime”
C redae prfonet fitabule fore hbni
fuclue egrifomma nance ;
f mgencur fpeciefur nec pefnec cap
porns,
¢ onucmat forme jpuronbany
dialogo destes dois
textos?
Q wd iby aucend: fep furrequa porefias.
$ anvethancuem peenticy dame ucifim.
AA base
base teórica
teorica aristotélica
aristotélica
«H 6& wovov toic AOyoic wihoic n TOIg METPOIC KAI TODTOIC Elite LLYVbOa
pet’ AAAnAo@v E10 Evi TIVI YEVEL YPOLEVY TOV LETPMV AVOVOLLOG TOVYAVEL
OVOG MEXP1 TOD VOV.»
Poetica 1.7
* Ausência de
Auséncia de categoria
categoria formal
formal para
para textos
textos propriamente
propriamente literarios
literários
¢ Elaboração aristotélica
Elaboracao aristotélica do
do conceito
conceito de
de piunoic
* Conceito de
Concetto de giunoic Horacio
Horácio derivado
derivado de
de Aristoteles,
Aristóteles, ee evidentemente
evidentemente distincto
distincto da
da pwiunotc platonico
platónico
AA Metafora
Metáfora pictorica
pictórica
« Vt pictura poesis »
Ars Poetica,
Ars Poetica, v. 361
1, 361
Elemento comum
Elemento comum aos
aos dots
dois textos,
textos, aa comparacao
comparação da
da poesia
poesia aà pintura
pintura
Poesia ee pintura
Poesia pintura fundamentalmente
fundamentalmente diferentes
diferentes de
de artes
artes mais
mais abstractas
abstractas como
como
música ee danca
musica dança
AA ulunotg como
como origem
origem do
do deleite
deleite ee da
da emogao
emoção
AA literatura
literatura ee aa educagao,
educação, uma
uma relacao
relação mais
mais livre
livre que
que nos
nos textos
textos platénicos
platónicos
AA reinterpretacao
reinterpretação horaciana
horaciana
Elementos aristotélicos
¢ Elementos aristotélicos reintrepretados,
reintrepretados, oo sistema
sistema tedrico
teórico simplificado
simplificado
¢ Olhar de
Olhar de um
um autor,
autor, selecção das idetas
seleccao das ideias essenciais,
essenciais, relevantes
relevantes aa um
um escritor
escritor
¢ Uma nova
Uma nova estética
estética
A estética Alexandrina
Reintrepretação da
Reintrepretacao da metafora
metáfora pictorica
pictórica
Enfâse na
Enfase na brevidade
brevidade dos
dos textos
textos com
com termos como brevis,
termos como tenuis
brevts, tenuis
Uma literatura
Uma literatura trabalhada,
trabalhada, nao
não inspirada
inspirada (limae labor)
(4mae labor)
Demonstração de
Demonstracao de virtuosismo
virtuosismo ee erudicao
erudição
Bibliografia
Bibliograf ia
Allan H.
° Allan H. Gilbert,
Gilbert, H.
H. L.L. (Julho de 1947).
(Julho de On The
1947). On The Relation
Relation of
of Horace
Horace toto Aristotle
Aristotle inin Literary Criticism. The
Literary Criticism. Journal
The Journal
of English
of English and
and Germanic
Germanic Philology,
Philology, 46(3),
46(3), pp.
pp. 233-247.
233-247. Obtido
Obtido de
de https://wwwiystor.org/stable/27712881
https://www.jstor.org/stable/27712881
Aristotle. (1932).
° Aristotle. The Poetics.
(1932). The Poetics. (W. H. Fyfe,
(W. H. Fyfe, Trad.)
Trad.) Cambridge,
Cambridge, Massachussets:
Massachussets: Harvard
Harvard University
University Press.
Press.
* Horace. (1978).
Horace. Épitres. (F.
(1978). Eipitres. Villeneuve, Trad.)
(F. Villeneuve, Trad.) Paris:
Paris: Les
Les Belles
Belles Lettres.
Lettres.
Imagens
Imagen s
gallica.bnf.fr
° gallica. bnf.fr
commons.Wikimedia.org
* commons.Wikimedia.org
etc.usf.edu/clipart
* etc.usf.edu/clipart
www.rijksmuseum.nl/en/rijksstudio
* www.tijksmuseum.nl/en/rijk sstudio