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Reconto
1. Visiona a curta-metragem, baseada na história escrita por José Saramago, a partir da qual irás fazer
um reconto. Toma notas de forma a completares a planificação. Foca-te na personagem principal.
https://www.dailymotion.com/video/x22h27j
Problema b. __________________________________________
2. Sugestão de reconto
Um certo menino vivia com os seus pais numa aldeia.
Num dos seus passeios, no meio de um campo deserto, encontra uma flor murcha, quase morta. Embora a água
esteja longe, o menino vai buscá-la inúmeras vezes, com muita persistência, de forma a conseguir regar a flor e
dar-lhe vida e transformá-la, assim, na maior flor do mundo. O menino adormece sob a proteção da flor e,
posteriormente, é encontrado pelos pais. No final, a flor é admirada por todos.
Mensagens divertidas
A ilha desconhecida
Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco. A
casa do rei tinha muitas mais portas, mas aquela era a das petições. Como
o rei passava todo o tempo sentado à porta dos obséquios1 (entenda-se, os
José Saramago
(1922-2010)
obséquios que lhe faziam a ele), de cada vez que ouvia alguém a chamar
Oriundo de uma famí- 5 à porta das petições fingia-se desentendido […]. Ocupado como sempre
lia com poucas posses, estava com os obséquios, o rei demorava a resposta, e já não era pequeno
foi jornalista antes de
se dedicar à escrita. sinal de atenção ao bem-estar e felicidade do seu povo quando resolvia
Lutou contra as injusti- pedir um parecer fundamentado por escrito ao primeiro-secretário, o qual,
ças a todos os níveis e
deixou uma obra vasta, escusado seria dizer, passava a encomenda ao segundo-secretário, este ao
repleta de sentidos e terceiro, sucessivamente, até chegar outra vez à mulher da limpeza, que
de mensagens intem-
10
porais. Foi o primeiro despachava sim ou não conforme estivesse de maré.
e o único escritor por- Contudo, no caso do homem que queria um barco, as coisas não se
tuguês a receber o
Prémio Nobel da Litera- passaram bem assim. Quando a mulher da limpeza lhe perguntou pela
tura. Algumas das suas nesga da porta, Que é que tu queres, o homem, em lugar de pedir, como
obras: Evangelho se-
gundo Jesus Cristo 15 era o costume de todos, um título, uma condecoração, ou simplesmente
(1991); Memorial do dinheiro, respondeu, Quero falar ao rei, Já sabes que o rei não pode vir, está
convento (1992); En-
saio sobre a cegueira na porta dos obséquios, respondeu a mulher, Pois então vai lá dizer-lhe que
(1995); O conto da ilha não saio daqui até que ele venha, pessoalmente, saber o que quero, rema-
desconhecida (1997);
A maior flor do mundo tou o homem, e deitou-se ao comprido no limiar, tapando-se com a manta
(2001); As intermitên- 20 por causa do frio. […] Abre a porta, disse o rei à mulher da limpeza, e ela
cias da morte (2005).
perguntou, Toda, ou só um bocadinho. […] De par em par, ordenou. […]
Que é que queres, Por que foi que não disseste logo o que querias, Pen-
sarás tu que eu não tenho mais nada que fazer, mas o homem só respondeu
à primeira pergunta, Dá-me um barco, disse. […] E tu para que queres um
1. obséquios: serviços prestados;
favores. 25 barco, pode-se saber, foi o que o rei de facto perguntou quando finalmente
se deu por instalado, com sofrível comodidade, na cadeira da mulher
da limpeza, Para ir à procura da ilha desconhecida, respondeu o
homem, Que ilha desconhecida, perguntou o rei disfarçando o
riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos que têm
30 a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de
entrada, A ilha desconhecida, repetiu o homem, Disparate, já não
há ilhas desconhecidas, Quem foi que te disse, rei, que já não há
ilhas desconhecidas, Estão todas nos mapas, Nos mapas só estão
as ilhas conhecidas, E que ilha desconhecida é essa de que queres
35 ir à procura, Se eu to pudesse dizer, então não seria desconhecida,
A quem ouviste tu falar dela, perguntou o rei, agora mais sério, A
ninguém, Nesse caso, por que teimas em dizer que ela existe, Sim-
plesmente porque é impossível que não exista uma ilha desconhe-
cida, E vieste aqui para me pedires um barco, Sim, vim aqui para
40 pedir-te um barco, E tu quem és, para que eu to dê, E tu quem és, para
que não mo dês, Sou o rei deste reino, e os barcos do reino perten-
cem-me todos, Mais lhes pertencerás tu a eles do que eles a ti, Que
queres dizer, perguntou o rei, inquieto, Que tu, sem eles, és nada, e
que eles, sem ti, poderão sempre navegar […].
José Saramago, O conto da ilha desconhecida, Porto, Porto Editora, 2019, pp. 5-22.
6. O diálogo final entre o rei e o homem que queria um barco coloca em evidência
(A) a incredulidade do homem relativamente às afirmações do rei.
(B) a dependência do monarca em relação aos bens materiais.
(C) a ambição do homem que desejava todos os barcos do reino.
(D) a convicção do rei face à existência de uma ilha desconhecida.
Mensagens
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Oralidade | Escrita
Expressão de opiniões | Comentário
1. Visiona o vídeo com um tributo de Vhils a José Saramago e atenta nas frases
ditas pelo escritor.
https://www.youtube.com/watch?v=Fa4vWoDa3kk
2. A partir da afirmação:
1.
a. Resolveu não procurar trabalho e dedicar-se somente à escrita;
b. 60 anos;
c. Escreveu uma obra vasta.
E tu?
Sugestão de resposta
Na minha opinião, os bens materiais são importantes, por exemplo, para alcançarmos
os nossos sonhos, mas não são o mais importante. Se não tivermos objetivos na vida
ou se não tivermos amigos, de nada nos serve termos bens materiais.
Mensagens Divertidas
Corvo; Flores; Graciosa; Faial; Pico; São Jorge; Terceira; São Miguel; Santa Maria; Porto
Santo; Madeira; Desertas.
Oralidade | Escrita
3.
Sugestão de tópicos
– Os sonhos são muito importantes para a minha realização pessoal.
– Na minha opinião, a família e os amigos têm um papel fundamental na realiza-
ção dos meus sonhos, pois são aqueles que me ajudam (através de conselhos e
incentivos) a alcançar tudo aquilo com que sonho.
– Penso que conseguirei concretizar os meus sonhos, se lutar por eles.
– Ações como ser persistente, não desistir daquilo que é importante para mim,
estudar e trabalhar muito são essenciais para concretizar os meus sonhos.
1. José Saramago, o único Nobel da Literatura em língua portuguesa, afirma:
1
Com efeito, as suas palavras sempre foram de comprometimento com a Humanidade, com
o Planeta e com o Bem Comum.
1.1 Em grupo, organiza um ciclo de (com cerca de 10 minutos cada), subordinado
a várias temáticas, a partir de citações/depoimentos de José Saramago em diversas
ocasiões da sua vida.
«Se a preocupação está em ter, ter, ter, uma pessoa cada vez se
preocupará menos em ser, ser e ser.»
El Mundo, Madrid, 06 de dezembro de 1998.
Guião para os
− Atribuição dos papéis a desempenhar: moderador, secretário(s)
e intervenientes.
− Identificação de pontos de vista a partir de cada citação/depoimento
de Saramago.
− Construção de argumentos e respetivos exemplos.
− Refutação de pontos de vista contrários.
− Reformulação de posições.
− Apresentação de considerações finais.
Partilha das conclusões
− Construção de um mural digital (por exemplo, através do Padlet…)
ou físico, com as principais conclusões do ciclo de MiniDebates.
− Atribuição de um título sugestivo ao mural.
1
La Gaceta de Canarias, Las Palmas, Canárias, 07 de junho de 1998.
U Y N D V Ê R WU U L N G H Q O G M A U
O O L Z R G U O Y G M B H C J M P W S F
X S Ã B O N V R M U T Q J T S M K U I Q
T I P Z M J W X V J I A I A B X X T N P
K X J Q J L S D D U U Y U U P I V R T W
T Q Z O Y V S C H L K R X L C X G L E H
T G U G O V H W B E L P QW V G D S R G
O Q C F P H O Y D V E B Q Q U K J Y M K
MG R T C C K G P A H X B U Ã E I O I B
UW L G T L G X X N A G J U N S X S T D
M Z I S A A N U Z T S Z Z S R R R N Ê G
Y M K Q H R H I Ê A L B C O V U A B N V
F T F G Z A Z S V D L M N M T C MQ C I
J S P G W B V M U O V G H U S P H I I Y
MM G O H O M E M D U P L I C A D O A H
à X Z T C I R P O O Y F C M Y A N U S N
Y E F S A A L R N C Q J C D A M K Y D Z
A B D Z R U X Q L H Q NWH O A S L A O
D Y J V G L S K V Ã N X H Q I C W P M R
V A V I A G E M D O E L E F A N T E OM
B L U A C A V E R N A X A G O T X E R L
M Y R Ê Q S H C Z K A Q K H J G C A T F
L G E V Y F N A I S X P J G K K R A E X
«Os meios de comunicação social devem denunciar, assumir a sua
parte de responsabilidade na melhoria do planeta.»
La Vanguardia, Barcelona, 10 de dezembro de 2008.
«Toda a gente fala de Direitos Humanos e ninguém de deveres,
talvez fosse uma boa ideia inventar um Dia dos Deveres
Humanos.»
ABC, Sevilha, 11 de dezembro de 1993.
«Estamos a destruir o planeta e o egoísmo de cada geração não
se preocupa em perguntar como é que vão viver os que virão
depois. A única coisa que importa é o triunfo do agora. É a isto
que eu chamo a ”cegueira da razão”.»
La Gaceta de Canarias, Las Palmas, Canárias, 07 de junho de 1998.
«Se a preocupação está em ter, ter, ter, uma pessoa cada vez se
preocupará menos em ser, ser e ser.»
El Mundo, Madrid, 06 de dezembro de 1998.