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Unidade:1 Evolução histórica e semântica do lexema literatura

1. Nesta unidade vai debruçar da evolução do lexema da literatura tendo em conta o


conceito da literatura.

2. Apresente o significa que o conceito literatura foi adquirindo ao longo do tempo.

R: O termo literatura remete para uma pluralidade de conceitos complexos e não raro
ambíguos. Este termo pode assumir significações diversas, é, portanto, fortemente
polissémico.

3. Conceituar a literatura

R: À partida, e simplificadamente, podemos dizer que a literatura pertence ao campo


das artes (arte verbal), que o seu meio de expressão é a palavra e que a sua definição
está comummente associada à ideia de estética/ valor estético. A história da evolução
semântica da palavra imediatamente nos revela a dificuldade de estabelecer um conceito
incontroverso de literatura. Como é óbvio, dos múltiplos sentidos existentes nos
interessa apenas o de literatura como actividade estética, e, consequentemente, como os
produtos, as obras daí resultantes.

Unidade 2: A problemática de uma definição referencial do conceito de literatura

Refere-se a problemática que preside a dificuldade de uma definição referencial da


literatura.

R: Torna-se extremamente difícil, senão impossível estabelecer um conceito de


literatura rigorosamente delimitado intencional e extensionalmente que apresente
validade pancrónica e universal, dado que:

a) Inexistem traços peculiares a certos textos de modo a distingui-los dos textos não-
literários, isto é, não há uma “essência” da literatura;

b) Não se observa um denominador comum entre todas as obras literárias, a não ser o
emprego da linguagem;

c) O critério de valor que qualifica um texto como literário não é literário nem teórico,
mas ético, social e ideológico;
d) A definição de literatura não depende da natureza do que é lido, mas da maneira pela
qual as pessoas lêem um texto;

Unidade 3: Ficcionalidade e intertextualidade na obra literária

Fale sobre os conceitos de ficcionalidade e intertextualidade.

Ficcionalidade do texto literário

A literatura é chamada de ficção, isto é, imaginação de algo que não existe


particularizado na realidade, mas no espírito de seu criador. O objecto da criação
poética não pode, portanto, ser submetido à verificação extratextual.

A literatura cria o seu próprio universo, semanticamente autónomo em relação ao


mundo em que vive o autor, com seus seres ficcionais, seu ambiente imaginário, seu
código ideológico, sua própria verdade: pessoas metamorfoseadas em animais, animais
que falam a linguagem humana, tapetes voadores, cidades fantásticas, amores incríveis,
situações paradoxais, sentimentos contraditórios, etc.

Intertextualidade

Intertextualidade é uma relação regida por uma identidade estrutural, devendo ser
considerados o texto e o seu sobredeterminado pelo hipograma (Riffaterre, cit. por
UCM-CED, p.16).

A intertextualidade desempenha uma função complexa e contraditória nos processos de


homeostase e de mudança do sistema semiótico literário. Por um lado, a
intertextualidade representa a força, a autoridade e o prestígio da memória do sitema, da
tradição literária. Por outro, a intertextualidade, porém, pode funcionar como meio de
desqualificar, de contestar e destruir a tradição literária, o código literáio vigente.

Unidade 4: O conceito da literatura ao conceito literalidade

A ʺ literariedadeʺ seria aquela propriedade, caracteristicamente ʺuniversalʺ do literário


que se manifestaria noʺ particularʺ em cada obra literária.

a) Comenta a citação.

R: A argumentação positiva sustentaria que existe a "literariedade", porque podemos


verificar objectivamente a existência de propriedades ou características que, quando
presentes numa obra qualquer, permitem-nos não só classificá-la como literária, como
também inscrevê-la num estilo de época.

Unidade 5:Arte e estética

1. Diga qual é a relação existente entre a arte e a estética.

R: A relação existente entre a arte e a estética é a seguinte:

Arte é um conjunto de regras para dirigir uma actividade humana qualquer (arte
médica, poética, política, bélica, retórica etc.). Ela tem as seguintes finalidades,
mecânicas: as que tem por finalidade serem úteis aos homens (medicina, agricultura,
culinária, artesanato) e aquelas cuja finalidade é o belo (pintura, escultura, arquitectura,
poesia, música, teatro, dança). Estética é a ciência da criação artística, do belo, ou
filosofia da arte, a estética tem como temas principais a génese da criação artística e da
obra poética, a análise da linguagem artística, a conceituação dos valores estéticos, as
relações entre forma e conteúdo, a função da arte na vida humana e a influência da
técnica na expressão artística.

2. Refira-se as funções da arte.

A arte por meio de suas representações procura compreender as características próprias


de um momento da sociedade e é uma forma de manifestação social. O artista usa a obra
para relatar o seu momento. Fischer (1987) apresenta alguns questionamentos acerca do
tema, como: Será a arte apenas um substituto? Não expressará ela também uma relação
mais profunda entre o homem e o mundo? E naturalmente, poderá a função da arte ser
resumida em uma única fórmula? Não satisfará ela diversas e variadas necessidades? E,
se, observarmos as origens da arte, chegarmos a conhecer sua função inicial, não
verificaremos também que essa função inicial se modificou e que novas funções
passaram a existir?

Percebe-se que a função da arte como também seu modo e os meios de representação
variam conforme a época, segundo Buoro (2000, p. 23) “Em cada momento específico e
em cada cultura, o homem tenta satisfazer suas necessidades socioculturais também por
meio de sua vontade/necessidade de arte”.
Na atualidade, em meio a inúmeras tecnologias existentes, segundo Fischer (1987,
p.231), “[…] uma das grandes funções da arte numa época de imenso poder mecânico é
a de mostrar que existem decisões livres, que o homem é capaz de criar situações de que
precisa, as situações para as quais se inclina a sua vontade.”

No mundo globalizado, o homem está passando por um processo de transformação,


mudando hábitos, conceitos, pensamentos, porém é indispensável que aproveite a
liberdade para se expressar, e o artista, sendo livre, deve usar da liberdade para
desempenhar o seu papel social.

Para Fischer (1987), a arte é a própria realidade social, é a representação do momento, e


ao menos que ela queira ser infiel à sua função social, precisa mostrar o mundo como
passível de ser mudado, e fazer a sua função para ajudar a mudá-lo A sociedade precisa
do artista, e ele deve ser fiel e consciente de sua função social. Cabe a ele, educar a
sociedade para que ela possa fazer um desfrute e uma compreensão apropriada da arte.

Unidade 6: Textos literários e não literários

1. Encontre os principais aspectos que destingem um texto literário do não literário.

O Texto Literário distingue-se, nomeadamente, pelo facto de transformar a realidade,


servindo-se dela como modelo para a arquitectar mundos “fantásticos”, que só existem
textualmente e que se estabelecem através da metáfora, da caricatura, da alegoria e pela
verosimelhança.

Um outro aspecto não menos importante que distingue o texto literário do não literário,
é que, o texto não-literário tem como função comunicar, dar informações ao leitor,
razão por que precisa revestir-se de credibilidade (o autor, em momento algum, deixa
sua opinião se imiscuir no discurso). É um texto que apresenta recursos de linguagem
que privilegiam a efetiva transmissão da informação – a linguagem não-literária.
Enquanto que, o texto literário tem como intenção privilegiar a arte na escrita de
poemas, contos ou crônicas, cuja intencionalidade discursiva centra-se em despertar
sentimentos e emoções por meio da multiplicidade de interpretações marcadas pela
subjetividade. É um texto que apresenta recursos linguísticos tais como conotações
inesperadas, figuras de linguagem e outros elementos que confiram ao texto um valor
muito mais estético. E, desta feita, configura-se a chamada linguagem literária.

Unidade 7:Funções literárias

1. Aponte a função da literatura desde Horácio até a Contemporaneidade.

Função da Literatura segundo Horácio: um tom para cada gênero

O pragmatismo romano leva Horácio a impor à literatura uma função moral e didática,
devendo nela juntar-se o prazer e a educação.

Na arte poética horaciana, a Epistulæ ad Pisones (Carta aos Pisões), incluem-se algumas
reflexões sobre os gêneros literários e ressalta-se a questão da adequação entre o assunto
escolhido pelo poeta e o ritmo, o tom e o metro, considerando-se que só pode ser tido
como poeta aquele que sabe respeitar o domínio e o tom de cada gênero literário.

Pela unidade de tom não era admissível que se exprimisse, por exemplo, um tema
cômico no metro próprio da tragédia.

Função da literatura segundo Platão e Aristóteles

Segundo Platão, a imitação poética não constitui um processo revelador da verdade,


assim se opondo à filosofia que, partindo das coisas e dos seres, ascende à consideração
das Ideias, realidade última e fundamental; a poesia, com efeito, limita-se a fornecer
uma cópia, uma imitação das coisas e dos seres que, por sua vez, são uma mera imagem
(phantasma) das Ideias. Quer dizer, por conseguinte, que a poesia é uma imitação de
imitações e criadoras de vãs aparências.

Aristóteles recusa a hierarquia platônica, apresentando na Poética uma nova percepção


do processo da mímesis artística. Afirma claramente que "a Poesia é mais filosófica e
mais elevada do que a História, pois a Poesia conta de preferência o geral e, a História,
o particular".
Função da literatura no Romantismo

Apenas com o romantismo e a época contemporânea voltou a ser debatido, com


profundidade e amplidão, o problema da literatura como conhecimento. Na estética
romântica, a poesia é concebida como a única via de conhecimento da realidade
profunda do ser, pois o universo aparece povoado de coisas e de formas que,
aparentemente inertes e desprovidas de significado, constituem a presença simbólica de
uma realidade misteriosa e invisível. O mundo é um gigantesco poema, uma vasta rede
de hieróglifos, e o poeta decifra este enigma, penetra na realidade invisível e, através da
palavra simbólica, revela a face oculta das coisas.

Função da literatura na época contemporânea

Contemporaneamente, a questão da literatura como conhecimento tem preocupado


particularmente a chamada estética simbólica ou semântica – representada sobretudo
por Ernest Cassirer e Susanne Langer - , para a qual a literatura, longe de constituir uma
diversão ou actividade lúdica, representa a revelação, através das formas simbólicas da
linguagem, das infinitas potencialidades obscuramente pressentidas na alma do homem.
Cassirer afirma que a poesia é "a revelação da nossa vida pessoal" e que toda a arte
proporciona um conhecimento da vida interior, contraposto ao conhecimento da vida
exterior oferecido pela ciência, e Susanne Langer igualmente considera a literatura
como revelação "do carácter da subjectividade", opondo o modo discursivo, próprio do
conhecimento científico, ao modo apresentativo, próprio do conhecimento
proporcionado pela arte.

2. Diga em que reside o paradoxo da função da literatura Concebido por Platão e


Aristóteles.

R: O paradoxo da função da literatura concebido por Platão e Aristóteles, reside no


simples facto da estética platónica defender a impossibilidade da obra poética poder ser
um adequado veículo de conhecimento, pois segundo ele, a imitação poética não
constitui um processo revelador da verdade, assim se opondo à filosofia. Por sua vez,
Aristóteles considera-a como instrumento válido sob o ponto de vista gnosiológico: o
poeta, diferentemente do historiador, não representa factos ou situações particulares; o
poeta cria um mundo coerente em que os acontecimentos são representados na sua
universalidade, segundo a lei da probabilidade ou da necessidade, assim esclarecendo a
natureza profana da acção humana e dos seus móbeis.
3. Quer o romantismo, quer a contemporaneidade discutem a Literatura como um
conhecimento.

a)Identifique os aspectos Diferenciadores

Na estética romântica, a poesia é concebida como a única via de conhecimento da


realidade profunda do ser, pois o universo aparece povoado de coisas e de formas que,
aparentemente inertes e desprovidas de significado, constituem a presença simbólica de
uma realidade misteriosa e invisível. Enquanto que, na estética contemporânea Cassirer
afirma que a poesia é "a revelação da nossa vida pessoal" e que toda a arte proporciona
um conhecimento da vida interior, contraposto ao conhecimento da vida exterior
oferecido pela ciência, e Susanne Langer igualmente considera a literatura como
revelação "do carácter da subjectividade", opondo o modo discursivo, próprio do
conhecimento científico, ao modo apresentativo, próprio do conhecimento
proporcionado pela arte.

Unidade8: Semiose Literária: Sistema, Código (s) e Texto Literário

1. Defina semiótica.

R: Segundo Peirce (2005), a semiótica é a ciência do signo cujo objeto de investigação


são todas as linguagens possíveis, ou seja, tem por objetivo o exame dos modos de
constituição de todo e qualquer signo como fenômeno deprodução de significação e de
sentido.
2. “O código literário configura-se como um policódigo que resulta da dinâmica
intersistémica e intra-sistémica de uma pluralidade de códigos e subcódigos pertencente
ao sistema modelizante secundário”. Explique a citação.

R: O código literário configura-se como policódigo pelo facto de distinguirem-se dentro


dele, vários códigos, tais como: Código fónico-rítmico, Código métrico, Código
estilístico, Código técnico-compositivo, Código semântico-pragmático.

3. “O sistema semiótico literário representa assim peculiar sistema modelizante


secundário, representa uma langue, na acepção semiótica do termo, que não coincide
com a língua natural nem com extracto- funcional dessa”. Com base na transcrição,
refira-se aos conceitos de sistema semiótico literário e de língua natural.

R: Os semioticistas Soviéticos concebem as línguas naturais como sistemas


modelizantes primários, e os sistemas semióticos culturais (arte, religião, mito, folclore,
etc.), que se instituem, se organizam e desenvolvem sobre os sistemas modelizantes
primários, como sistemas modelizantes secundários.

Unidade 09: Divisão Tripartida dos Géneros Literários

1. Fale resumidamente das diferentes visões sobre os géneros literários, partindo dos
conhecimentos que acaba de adquirir.

R: Platão, no livro III da República, distingue três grandes divisões dentro da poesia: a
poesia mimética ou dramática, a poesia não mimética ou lírica e a poesia mista ou épica.

Aristóteles considera dois modos fundamentais da mimese poética: um modo narrativo


e um modo dramático. No primeiro caso, o poeta narra em seu próprio nome ou narra
assumindo personalidades diversas; no segundo caso, os actores representam
directamente a acção, "como se fossem eles próprios as personagens vivas e operantes".

Unidade 10: Diversidade dos Géneros Literários: Teoria de Horácio


1. “Horácio concebe o género literário como conformado por uma determinada tradição
formal, na qual avulta o metro, por uma determinada temática e por uma determinada
relação que, em função de factores formais e temáticos, se estabelece com os
receptores.” Comente.

R: A Epístola ad Pisones, ou Ars poetica, de Horácio mergulha as suas raízes


doutrinárias na tradição da poética aristotélica, não decerto pelo conhecimento directo
da obra do Estagirita, mas pela mediação de várias influências assimiladas pelo poeta
latino, em particular a influência de Neoptólemo de Pário, um teorizador da época
helenística vinculado ao magistério de Aristóteles e da escola peripatética sobre
matérias de estética literária.

Unidade 11: Teoria romântica dos Géneros Literários: (Defesa do hibridismo)

1. Em poucas palavras, explique o princípio de hibridismo dos géneros literários.

R: A teoria romântica dos géneros literários diz respeito à defesa do hibridismo dos
géneros. Portanto, admite-se o aparecimento de novos géneros literários, pelo que
podem-se misturar e originar outros. Daí a tragédia misturada com a comédia
originando a tragicomédia, isto é, junta elementos que fazem chorar e rir. Na poética
romântica desenvolve-se o romance.

2. Brunètiere apresenta o género literário como um organismo que nasce, se desenvolve,


envelhece e morre, ou se transforma. Qual é teoria biológica que influencia este
princípio

R: Brunètiere influenciado pelo dogmatismo da doutrina clássica, concebe os géneros


como entidades substancialmente existentes, como essências literárias providas de um
significado e de um dinamismo próprios, não como simples palavras ou categorias
arbitrárias, e, seduzido pelas teorias evolucionistas aplicadas por Darwin ao domínio
biológico, procura aproximar o género literário da espécie biológica.

Unidade 12: O Género Romance

1. Em poucas palavras, fale da evolução histórica e semântica do romance.


R: Na Idade Média, o vocábulo romance designou primeiramente a língua vulgar, a
língua românica que, embora resultado de uma transformação do latim, se apresentava
já bem diferente em relação a este idioma. No período renascentista, alcançou grande
voga o romance pastoril. É no século XVII, porém, sob pleno signo do barroco, que o
romance conhece uma proliferação extraordinária. O romance barroco apresenta-se
estreitamente com o romance medieval.

Durante o século XVIII, o romance transforma-se em penetrante e, por vezes,


despudorada análise das paixões e dos sentimentos humanos, em sátira social e política
ou em escrito de intenções filosóficas. No século XIX, o público do romance alargara-se
desmedidamente e, para satisfazer a sua necessidade de leitura, escreveram-se e
editaram-se numerosos romances.

2. Identifique o momento histórico em que o romance ganha o seu estatuto próprio e,


diga a que se deveu.

R: O momento histórico em que o romance ganha o seu estatuto próprio foi quando o
romantismo se revela nas literaturas eurpeias, já o romance conquistara, por direito
próprio, a sua alforria e já era lícito falar de uma tradição romanesca.

2. Mencione os tipos de romance e descreva cada uma delas.

R: Wolfang Kayser estabelece a seguinte classificação.

a) Romance de acção ou de acontecimentos - Romance caracterizado por uma intriga


concentrada e fortemente desenhada, com princípio, meio e fim bem estruturados

b) Romance de persoangem - Romance caracterizado pela existência de uma única


personagem central, que o autor desenha e estuda demoradamente e à qual obedece todo
o desenvolvimento do romance.

c) Romance de espaço - Romance que se caracteriza-se pela primazia que concede à


pintura do meio histórico e dos ambientes sociais nos quais decorre a intriga. O meio
descrito pode ser geográfico ou telúrico.

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