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SUMÁRIO

1 O QUE É LITERATURA ................................................................. 3


2 FUNÇÃO DA LITERATURA ........................................................... 3
2.1 Gêneros literários ................................................................................. 4

3 LITERATURA: ENTENDA SOBRE A TEORIA LITERÁRIA ............ 6


3.1 Histórico da Teoria Literária ................................................................. 6

3.2 Conceitos básicos da Teoria Literária .................................................. 7

3.3 Teoria da Literatura: o que é e para que serve? .................................. 7

4 A LITERATURA É O ÚNICO INSTRUMENTO CAPAZ DE MUDAR O


HOMEM 10
4.1 Dia da Literatura Brasileira ................................................................. 13

4.2 Origem do Dia da Literatura Brasileira ............................................... 14

5 LITERATURA INFANTIL .............................................................. 14


5.1 Qual a importância da leitura literária na infância? ............................. 17

6 HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA ................................. 18


6.1 Os períodos da literatura brasileira .................................................... 19

6.2 Escolas literárias brasileiras ............................................................... 19

6.2.1 Quinhentismo ............................................................................... 19

6.2.2 Barroco ......................................................................................... 20

6.2.3 Arcadismo .................................................................................... 21

6.2.4 Romantismo ................................................................................. 21

6.2.5 Realismo e Naturalismo ............................................................... 22

6.2.6 Parnasianismo .............................................................................. 22

6.2.7 Simbolismo ................................................................................... 23

6.2.8 Pré-Modernismo ........................................................................... 23

6.2.9 Modernismo.................................................................................. 24

6.3 Literatura contemporânea brasileira ................................................... 24

7 TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA ....................................... 26


8 ESTUDO DA LITERATURA: PERSPECTIVAS E MÉTODOS ...... 28
1
9 TEORIAS DE LEITURA ................................................................ 29
10 A CONCEITUALIZAÇÃO DA LITERATURA E SUA IMPORTÂNCIA33
11 O ATO DE LER............................................................................. 34
12 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE LITERATURA E LEITURA EM SALA
DE AULA 36
13 A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA PARA FORMAÇÃO DE LEITORES
38
14 A PRÁTICA DA LEITURA LITERÁRIA ......................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOPGRÁFICAS .................................................... 48

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1 O QUE É LITERATURA

A literatura (do latim littera, que significa “letra”) é uma das manifestações
artísticas do ser humano, ao lado da música, dança, teatro, escultura, arquitetura,
dentre outras.
Ela representa comunicação, linguagem e criatividade, sendo considerada a
arte das palavras.
Trata-se, portanto, de uma manifestação artística, em prosa ou verso, muito
antiga que utiliza das palavras para criar arte, ou seja, a matéria prima da literatura
são as palavras, tal qual as tintas é a matéria prima do pintor.
De tal maneira, o conceito de literatura também pode compreender o conjunto
de estórias fictícias inventadas por escritores em determinadas épocas e lugares,
sejam poemas, romances, contos, crônicas, novelas.
Os textos literários possuem uma função muito importante para o ser humano,
de forma que provocam sensações e produzem efeitos estéticos, os quais nos fazem
entender melhor nós mesmos, nossas ações bem como a sociedade em que vivemos.
Segundo o crítico literário Afrânio Coutinho: "A Literatura é, assim, a vida, parte da
vida, não se admitindo possa haver conflito entre uma e outra. Através das obras
literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos
os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana."
Nesse sentido, devemos lembrar que o conceito de literatura foi se alterando
ao longo do tempo, e seu significado tal qual conhecemos hoje, é diferente da visão
clássica de antanho.
Para o filósofo Grego Aristóteles, um dos primeiros a focar nos estudos sobre
essa arte: “A Arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra”.
Com efeito, o conceito de literatura foi se ampliando e abrangendo assim,
diversos textos que englobam os gêneros literários que hoje conhecemos: literatura
infantil, literatura de cordel, literatura marginal, literatura erótica, dentre outros.

2 FUNÇÃO DA LITERATURA

A arte literária representa recriações da realidade produzidas de maneira


artística, ou seja, que possui um valor estético, donde o autor utiliza das palavras em

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seu sentido conotativo (figurado) para oferecer maior expressividade, subjetividade e
sentimentos ao texto.

Fonte: gabsartor.blogspot.com

Dessa forma, a literatura possui um importante papel social e cultural envolvido


no contexto em que fora criada, posto que abarca diversos aspectos de determinada
sociedade, dos homens e de suas ações e, portanto, que provoca sensações e
reflexões do leitor. Para o filósofo francês Louis-Gabriel-Ambroise, Visconde de
Bonald: “A literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do
homem. ”

2.1 Gêneros literários

Os gêneros literários são categorias da literatura que englobam os diversos


tipos de textos literários segundo sua forma e conteúdo.
Tanto o conceito de literatura se modificou ao passar do tempo como o de
gênero literário, uma vez que os gêneros literários, abordado por Aristóteles, eram
classificados de três maneiras, semelhante ao que conhecemos hoje, embora possua
diferenças.

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De acordo com o esquema proposto por Aristóteles, os gêneros literários eram
divididos em: Lírico (“palavra cantada”), Épico (“palavra narrada”) e Dramático
(“palavra representada”).
Atualmente, o gênero épico, que envolvia as narrativas históricas baseado nas
lendas e na mitologia, foi substituído pelo gênero narrativo. Sendo assim, os gêneros
literários são classificados em:
 Gênero Lírico: possui um caráter sentimental com presença do eu-lírico, por
exemplo, as poesias, odes e sonetos.
 Gênero Narrativo: possui um caráter narrativo, ou seja, envolve narrador,
personagens, tempo e espaço, por exemplo, os romances, contos e novelas.
 Gênero Dramático: possui um caráter teatral, ou seja, são textos para serem
encenados, por exemplo, tragédia, comédia e farsa.

Texto Literário e Não Literário

Nem todo texto possui uma linguagem literária, ou seja, não possui um caráter
ficcional, subjetivo e cheio de significados (plurissignificação), emoções, sensações e
desejos. Para compreender melhor essa diferença vejamos os exemplos abaixo:

Exemplo 1

“Poema tirado de uma notícia de jornal” de Manuel Bandeira


João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num
barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. ”

Exemplo 2

“Foi encontrado essa manhã na Lagoa Rodrigo de Freitas, o corpo do


carregador de feira livre conhecido como João Gostoso. Testemunhas afirmam que
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João era habitante do morro da Babilônia e na noite passada, estava no bar Vinte de
Novembro, do qual saiu bêbado. As autoridades analisarão as provas para verificar
se o ocorrido se trata de homicídio ou suicídio. ”
Segundo os exemplos acima podemos notar a diferença entre os textos
literários e não literários. De tal maneira, o primeiro exemplo envolve uma linguagem
literária e subjetiva em forma de poema, a qual possui uma expressividade induzida
pelo escritor.
Já o segundo exemplo nos informa sobre o acontecimento, a partir de uma
linguagem utilizada nos textos jornalísticos, que possui uma função informativa e não
literária.1

3 LITERATURA: ENTENDA SOBRE A TEORIA LITERÁRIA

Teoria Literária pode ser compreendida como a argumentação científica ou


filosófica da interpretação literária, crítica literária e do conceito de Literatura no geral.
Desde a Antiguidade Grega, busca-se entender a literatura e os seus diversos
ângulos.
Em seu “Novo Manual de Teoria Literária”, o crítico literário brasileiro Rogel
Samuel afirma que a teoria literária reúne uma coleção de ciências que alguns tratam
por “teoria da literatura”, outros de “teoria literária”. (SAMUEL, 2002, p. 7). De acordo
com o especialista, “teoria literária” seria a teoria que nasce da prática literária, da
obra, da leitura; já a “teoria da literatura” vê a literatura como objeto do saber.
Pode-se afirmar que a teoria literária tem por objetivo o estudo da literariedade,
evolução literária, gêneros literários, narratividade, influências externas (política,
cultura etc.) sobre a produção literária e outros aspectos.

3.1 Histórico da Teoria Literária

Existe uma estreita relação entre teoria e filosofia, e a necessidade de construir


a Teoria da Literatura surgiu há muitos anos, com obras de filósofos como Platão e
Aristóteles. Em “A República”, de Platão, e “Poética”, de Aristóteles, podemos

1 Extraído do link: www.todamateria.com.br


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encontrar teorias sobre os aspectos literários. Considera-se, portanto, uma tarefa
difícil distinguir da História da Teoria da Literatura, da Estética Filosófica, da Poética,
Hermenêutica e da Retórica Filosófica.
Durante o Classicismo, a atenção recaiu sobre os clássicos greco-romanos;
com o Humanismo, o escritor passou a ser o centro das análises. Considera-se que a
literatura se transformou em ciência a partir do século XIX.
Embora a necessidade de analisar obras literárias seja bastante antiga, muitos
teóricos consideram que a Teoria da Literatura surgiu apenas no início do século XX,
com o surgimento de escolas como a Neocrítica (também chamada de Nova Crítica)
e o Formalismo Russo.

3.2 Conceitos básicos da Teoria Literária

De acordo com Rogel Samuel, a primeira tarefa da teoria literária é definir


claramente o que é literatura. É importante ressaltar que não existe um único método
teórico de analisar esta disciplina. Existem modelos de teorias centradas no autor,
baseadas no texto, centradas no leitor, no código e no contexto.
No primeiro capítulo de seu “Novo Manual de Teoria Literária”, Rogel Samuel
afirma que literário é um determinado texto que possui a literariedade, que é um dos
conceitos básicos dos estudos sobre a arte literária. Mas, o que seria “literariedade”?
Segundo o especialista, a literariedade é constituída pelas metáforas, as metonímias,
as sonoridades, os ritmos, a narratividade, a descrição, os personagens, os símbolos,
as ambiguidades e alegorias, os mitos e outras propriedades.
Alguns conceitos básicos estudados na teoria literária são os seguintes:
discurso, espaço, estrutura da obra, linguagem, literariedade, polissemia, tempo, entre
outros.2

3.3 Teoria da Literatura: o que é e para que serve?

Teoria da Literatura é o estudo e a sistematização da Literatura como área do


conhecimento, bem como os modos de análise deste campo. Muita coisa foi omitida
nessa definição, pois dentro do próprio campo, ainda hoje, é visível um grande racha

2 Extraído do link: www.estudopratico.com.br


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sobre o que é a tal da Teoria e qual é a sua utilidade. O fato é que ela como campo
do saber é muito recente dentro da Literatura. Antes, ao se falar sobre o assunto, não
se dava tanta atenção apenas à Literatura e sim ao conjunto das Artes como um todo.
A isso se dava, ou ainda se dá o nome de Estética. Até esse ponto nomes como Platão
e Hegel – só para ficarmos nos mais conhecidos – discutiam a validade da Literatura
para a vida do ser humano, seu valor ao meio social, implicações de determinadas
técnicas, o que era belo, valor da arte etc. etc. etc. Poucos foram os casos em que a
Literatura teve um tratamento priorizado frente às outras artes; no entanto, eles
existiram. Aristóteles e sua Poética dissecaram as tragédias gregas, mostrando como
alguns chegavam à mimeses e quais caminhos seguiram para tanto. Assim seguimos
até o início do século XX quando se construiu a Teoria Literária como a conhecemos
hoje.
Aqui temos um grande aumento das perspectivas especulativas sobre o
assunto, dado até então somente à Filosofia. Dos Estudos Culturais à Desconstrução,
passando pela Escola Pragmática americana e pelo Formalismo Russo, a arte de
escrever começou a ser analisada por todos meio possíveis e velhas discussões sobre
o valor e a utilidade do campo foram reacesos e intensificados.

Fonte: www.sanatduvari.com

Dependendo do ponto de vista teórico adotado, podemos ver a Literatura como


meio para algo ou como fim, como sinal de mudança ou registro de uma época, como
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sintoma da evolução – ou não – da psique humana ou um traço de que ela se mantém
a mesma durante o correr dos milênios. O importante para nós, neste momento, não
dizer quais ou tais estão certas ou erradas, apenas demonstrar que cada parte de um
ponto de vista teórico diferente, sendo que cada vez mais o ponto de partida não é a
própria Literatura e sim a Psicanálise, a Sociologia e a Linguística – para darmos
nomes aos principais.
Chegando aqui, tendo que temos uma base do que possa ser a tal Teoria,
podemos partir para questão essencial deste texto e do campo em si: para que ela
serve?
Vai depender de quem quiser saber a resposta.
Para o leitor comum, que forma o maior dos grupos que possa se interessar
pelo assunto, ela não é de grande utilidade. Não é subestimar ninguém, longe disso;
ela, no entanto, nada acrescenta àqueles que leem pelo prazer do texto, para citar
Roland Barthes. O leitor comum é provavelmente o mais feliz de todos, pois para ele
questões como o sublime e o belo, o bem e o mal, qual fim deve se dar à Literatura
não são de grande interesse ao ler uma poesia, romance, peça de teatro etc. O leitor
comum apenas gosta ou não de determinado poema segundo valores subjetivos de
gosto. Esses não pensam nas palavras de Karl Marx sobre Balzac ao ler O Pai Goriot
ou A Mulher de Trinta Anos, eles apenas leem e gostam ou desgostam. O gosto
comum de quem é apenas leitor sobrevive, como sempre foi e provavelmente sempre
será, sem saber os apontamentos de Boileaux-Drespréaux ou de Kant. Gosto literário
para a maioria pode passar por várias coisas, menos pela crítica.
Para o escritor pode ser útil, entretanto não se faz necessária. Como método
de análise de obras, a Teoria pode dar aos autores, principalmente aos iniciantes, um
modelo a seguir – quer como estrutura de narrativa ou de versificação, quer como
modelo ideológico. Para alguns, também pode ensinar os mecanismos de análise
necessários para entender o funcionamento dela. Porém, e este é o ponto principal
aqui, ela se mostra cada vez menos necessária aos autores, mesmo que muitos deles
também sejam teóricos do assunto. É provável que Garcia Márquez tivesse as
palavras de Sartre em O que é a Literatura? Em mente ao escrever quase toda sua
obra; da mesma forma, é provável que esse fato estivesse mais no seu inconsciente
do que em outro lugar quando Gabo teve a ideia inicial de Cem Anos de Solidão.
Assim como muitos leitores passaram ilesos pelo mundo da Literatura sem nunca
pensar na Teoria, muitos autores, a partir do último principalmente, têm dado cada
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vez menos atenção ao que dizem sobre ela e mais ao que leem como simples leitores,
primeiro passo para qualquer escritor.
Para a crítica ela é útil, senão o ponto de partida para compreendê-la. Àqueles
que pretendem tê-la como objeto de estudo, a Teoria da Literatura é o ponto inicial
para entender seu funcionamento, o que cada corrente de pensamento está fazendo,
quais são os acertos e erros sobre ela e assim por diante. Ter como objeto a Literatura
implica conhecer todas as formas que foram empregadas para analisá-la, mesmo que
seja para negar todas e criar um novo método. Ela é o ponto que diferencia a crítica
do leitor comum ao falar sobre as obras dos leitores acadêmicos – mas não deve, de
forma alguma, impor sua visão sobre o primeiro. A utilidade última da coisa, para não
entrarmos em discussões ontológicas ou metafísicas, é saber como funciona esse
campo que, apesar dos milênios e das suas modificações como um todo, continua a
cativar milhões e bilhões de pessoas ao redor do mundo ao ponto de alguns quererem
produzir algo do tipo.3

4 A LITERATURA É O ÚNICO INSTRUMENTO CAPAZ DE MUDAR O HOMEM

A literatura não é um fenômeno recente. Antes mesmo das inscrições


rupestres, ela já existia em sua forma oral. É fácil imaginar o Homo sapiens, ainda na
era das cavernas, no fim do dia, ao redor do fogo, narrando suas façanhas de caçador.
Certamente aquele que tivesse a melhor estratégia narrativa acabava por angariar
vantagens competitivas naquela civilização incipiente. Poderia exercer algum posto
de liderança e comando, reivindicar as melhores glebas de caça, reservar para si as
mulheres mais saudáveis e gerar as proles mais bem-sucedidas. É razoável supor
que, pela prevalência do mais apto, somos descendentes de uma linhagem de
trogloditas contadores de histórias. As linhagens sem aptidões narrativas certamente
pereceram ao longo do tempo.
Mas o registro literário desde a escrita rupestre, passando pela escrita
cuneiforme, pelo papiro, pelo pergaminho, pelos incunábulos dos escribas dos
mosteiros medievais, sempre permeou a vida da humanidade. Mas só o suporte de
papel, em um chumaço impresso e encadernado, numa técnica desenvolvida por

3
Extraído do link: homoliteratus.com
10
Gutenberg, no século 15, vulgarmente conhecido como livro, permitiu a disseminação
massiva dos conteúdos literários.
A propósito, quem milita com Literatura neste mundo de coisas utilitárias de
hoje em dia, às vezes se vê instigado a responder de pronto: para que serve mesmo
a Literatura? A resposta parece óbvia, mas na hora de responder assim de chofre e
de forma objetiva, acaba-se caindo em apuros.
Em primeiro lugar, para se dar uma resposta que convença minimamente, será
preciso admitir que há, ainda hoje, certos fatores que entram na composição das
forças do mundo que são, digamos, sutis. Como a força do Papa, que não tem
nenhuma divisão de brigada, mas conseguiu interferir em muitas guerras e questões
relevantes ao longo da História. Inclusive agora, recentemente, com o Papa Francisco
protagonizando sutilmente o reatamento diplomático entre os Estados Unidos e Cuba,
que viviam um embargo por mais de cinco décadas. São forças não passíveis de
avaliação imediatamente em números, peso, medida ou valor monetário. São coisas
que não entram no cálculo do PIB, nem no superávit primário, mas são primordiais.
Como o ar que respiramos, que ninguém calcula o seu preço, mas sem ele não
existiríamos para dar preço às outras coisas. Com uma diferença significativa: o ar é
natural; a Literatura é invenção humana, no desenrolar de sua cultura. Seja como for,
valendo-me inclusive de um ensaio de Umberto Eco, aí vão alguns exemplos de
utilidade da Literatura que consegui elencar:
1º — A Literatura contribui para a formação, estabilização e desenvolvimento
de uma língua, como patrimônio coletivo. O que seria da língua portuguesa sem Luís
de Camões? O que seria do italiano sem Dante Alighieri? O que seria do espanhol
sem Cervantes? O que seria do inglês sem Shakespeare? O que seria da civilização
e da língua grega sem Homero? O que seria da língua russa sem Puchkin? É bom
lembrar que impérios que não tiveram uma Literatura que sobressaísse entraram em
decadência sem alcançar o apogeu, como o vasto império mongol de Genghis Khan,
o maior em extensão territorial da história.
2º — A Literatura mantém o exercício, o arejamento, o frescor da língua, que é
o principal fator de criação de identidade, de noção de comunidade, do sentimento de
pátria e pertencimento a uma placenta cultural que nos acolhe e nos dá sentido à vida
tanto individual quanto coletivamente.
3º — A Literatura proporciona o aprendizado, de uma forma lúdica e segura, ao
mesmo tempo em que permite o acesso das novas gerações aos valores acumulados
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pelo processo civilizatório e universalmente aceitos como válidos, como a
honestidade, o respeito ao próximo, a importância da cultura, enfim a transmissão de
valores morais, bons ou ruins e o senso crítico de escolha dentre eles ou até de rejeitá-
los por inteiro.
4º — A Literatura expande a rede neural do leitor, possibilitando a diversidade
das ideias, a capacidade de reflexão, a noção de flexibilidade e a tolerância para com
o diferente, proporciona a empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro — pré-
condição para a existência da ética na sociedade), prevenindo as pessoas contra o
sectarismo político, o fanatismo, a submissão cega a líderes maliciosos, a ideologias
e a religiões.
5º — A Literatura enseja o surgimento e a disseminação de valores estéticos,
aguça a sensibilidade, introduzindo na vida das pessoas o verdadeiro sentido do belo,
distinguindo-nos da fauna geral, onde gosto não se discute.
6º — A confabulação da literatura nem sempre segue o caminho retilíneo
desejado pelo leitor, possibilitando a ele entrar em contado com a frustração ficcional,
como exercício de amadurecimento para o enfrentamento das frustrações reais
impostas pela vida de fato, às quais é bom que resista e supere.
7º — A Literatura, como toda arte, estimula o cruzamento de informações,
possibilita a sinergia do pensamento, amplia a visão da realidade e até cria realidade
nova.
8º — A Literatura faz a aproximação entre a ciência e a vida. No dizer de Roland
Barthes: “A ciência é grosseira, a vida é sutil, e é para corrigir essa distância que a
literatura nos importa”.
9° — A Literatura cria as pré-condições para que os atos e os fatos ganhem
dimensão simbólica. E é na dimensão simbólica das coisas que a vida ganha sentido.
Afinal, como diz o axioma histórico: “Os atos e os fatos não existem por si, mas
nascem do sentido que lhes é atribuído”.
10° — Pelo que foi listado, a Literatura não é uma panaceia — remédio para
todos os males —, mas a base, a plataforma de lançamento de cidadãos melhores,
numa sociedade portadora de um clima onde pessoas de boa vontade possam ver
implantados seus ideais de paz, respeito, leveza, cordialidade, lisura, honestidade,
preservação e desenvolvimento sustentado.

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Certamente o leitor verá na Literatura “utilidades” diferentes ou mesmo
complementares a estas aqui apresentadas.4

Fonte:ww.grupoescolar.com

4.1 Dia da Literatura Brasileira

O Dia da Literatura Brasileira é comemorado anualmente em 1º de maio.


A data é uma homenagem aos grandes escritores e às suas belíssimas obras,
que passam por uma extensa e rica diversidade de escolas literárias, marcando cada
período social e intelectual da história do Brasil.
Entre as vanguardas e escolas literárias mais significativas para a literatura
brasileira está o Quinhentismo, Barroco, Neoclassicismo ou Arcadismo, Romantismo,
Realismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré – Modernismo, Modernismo e o Neo –
Realismo.
A importância cultural e histórica da literatura no Brasil ainda é homenageada
no dia 18 de abril, data conhecida por ser o Dia Nacional do Livro Infantil, e também o
Dia do Monteiro Lobato, o mais importante nome da literatura infantil brasileira.

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Extraído do link: www.revistabula.com
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4.2 Origem do Dia da Literatura Brasileira

O Dia da Literatura Brasileira é uma homenagem ao aniversário de um dos


mais importantes autores do Romantismo Brasileiro, José de Alencar.
José Martiniano de Alencar nasceu em 1 de maio de 1829, e ficou conhecido
por ser o primeiro escritor brasileiro a retratar o seu país exatamente como ele era, ou
seja, com os personagens típicos do Brasil, como o índio e a vida no sertão nordestino.
Alencar era cearense e, além de escritor, também atuava como advogado,
jornalista, deputado e ministro da justiça.5

5 LITERATURA INFANTIL

A literatura infantil é um gênero literário definido pelo público a que se destina.


Certos textos são considerados pelos adultos como sendo próprios à leitura pela
criança e é, a partir desse juízo, que recebem a definição de gênero e passam a
ocupar determinado lugar entre os demais livros.
Portanto, o que é classificado como literatura infantil não independe da
concepção que a sociedade tem da criança e de seu entendimento do que seja
infância. Mas os dois conceitos são instáveis, uma vez que variam em diferentes
épocas e culturas. Vários teóricos, entre eles Peter Hunt, estabeleceram uma
característica distintiva a partir da qual se pode conceituar o que é literatura infantil: o
livro para crianças pode ser definido a partir do leitor implícito - isto é, a partir do tipo
de leitor que o texto prevê. Os principais traços do leitor implícito do texto infantil são:
um leitor em formação e com vivências limitadas por força da idade.
Sendo assim, o texto deve ser adequado à competência linguística da criança
para ler os signos, assim como às suas experiências de vida. Elas podem permitir, ou
não, que o texto produza certos sentidos no leitor. Há, ainda, uma terceira
competência: a competência textual, da qual depende a relação entre texto e leitor
que efetiva a leitura. Exemplo: um livro com muitas páginas, letras miúdas, pouco
espaçamento, ausência de ilustração requer do leitor maturidade (competência) que
uma criança pequena não tem.

5 Extraído do link: www.calendarr.com


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Um livro de literatura infantil, portanto, constitui uma forma de comunicação que
prevê a faixa etária do possível leitor, atende aos seus interesses e respeita as suas
possibilidades. A estrutura e o estilo das linguagens verbais e visuais procuram
adequar-se às experiências da criança. Os temas são apresentados de modo a
corresponder às expectativas dos pequenos e, ao mesmo tempo, superá-las,
mostrando algo novo. A literatura infantil apresenta diversas modalidades de
processos verbais e visuais. As melhores obras são aquelas que respeitam seu
público, permitindo ao leitor infantil possibilidades amplas de dar sentido ao que lê.
A mediação do professor é decisiva na relação que a criança irá estabelecer
com a literatura infantil, pois a ele cabe escolher o livro, promover sua leitura e
conversar a respeito na sala de aula. Também será tarefa sua ensinar a criança a
manipular o livro como objeto e descobrir nele o que só com a visão e a manipulação
é possível descobrir.
É desejável que o livro ingresse na sala, nos primeiros anos, como um
brinquedo e uma aventura com as palavras, que desperte a curiosidade dos pequenos
e os estimule a pensar.6
Mesmo sendo caracterizada por valores individuais, a Cultura Obscura abriga
diversas manifestações artísticas comuns a outras culturas. A Literatura é uma das
expressões mais utilizadas. É através da composição poética, por exemplo, que se
confrontam os temores e se revelam os mais profundos sentimentos e desejos da
alma. É, também na literatura, que se encontra uma definição estética e ideológica
sobre os vários aspectos que compõem a cultura obscura.
Mais precisamente, podemos citar o Romantismo como a principal referência
da Cultura Obscura. Surgido no final do século XVIII, como uma reação aos ideais
Iluministas, o Romantismo traz como principais características a potencialização das
emoções. Além do individualismo e subjetivismo desenvolvidos a partir da liberdade
criativa. O Romantismo Literário, que evocava a Idade Média sob uma perspectiva
idealizada e positivista em seus temas, é uma das bases da Literatura, quando
relacionada à Cultura Obscura.
Já o autor inglês Horace Walpole abordou a Idade Média diferentemente da
"idealização medieval positivista" de outros românticos. O fez sob uma perspectiva

6 Extraído do link: www.ceale.fae.ufmg.br


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soturna, com ambientações em castelos e ruínas que atribuíam um clima de mistério
e terror sobrenatural. Sua obra, O Castelo de Otranto, de 1764, é considerada a
precursora do que viria a ser classificado como Gothic Novel. No Brasil, conhecido
como Romance Gótico ou Literatura Gótica. Neste caso, o termo "Gothic" é aplicado
como sinônimo de obscuro ou medieval.
No Brasil, o Romantismo iniciou-se "oficialmente" em 1836, com a obra de
Gonçalves de Magalhães, Suspiros poéticos e saudades. Dentre as três gerações
românticas brasileiras, o Ultrarromantismo é que tem maior expressividade na Cultura
Obscura.
Influenciado diretamente pela Gothic Novel, o ultrarromantismo teve como
principais características a evasão, tédio, morbidez, subjetivismo, saudosismo,
predileção pelo noturno e a forma e composição livre dos versos. O escritor paulista
Álvares de Azevedo, ávido leitor de Byron, surgiu como poeta e contista no ano de
1848 e é considerado um dos maiores autores ultrarromânticos do país. Além dele,
outros nomes como Casimiro de Abreu, Bernardo Guimarães, Junqueira Freire, entre
outros, destacam-se como grandes expoentes do ultrarromantismo, que também ficou
conhecido pejorativamente, como mal-do-século.
Autores como Allan Poe, Lord Byron, Lovecraft, Baudelaire e Álvares de
Azevedo são amplamente consumidos entre os apreciadores da Cultura Obscura.
Assim, mesmo havendo um conceito de que, geralmente, a Literatura Gótica é
baseada na prosa, enquanto o ultrarromantismo está fundamentado na poesia, a
cultura obscura é suficientemente ampla para abrigar ambos estilos de composição,
e ainda absorver outros gêneros que possam refletir sua alma e personalidade.7

7
Extraído do link: www.spectrumgothic.com.br
16
Fonte: www.google.com

5.1 Qual a importância da leitura literária na infância?

A leitura literária é importante na infância por vários motivos, mas vou citar
quatro razões que considero essenciais. Pensando especificamente na primeira
infância, podemos dizer que a leitura literária – aqui entendida de modo amplo,
incluindo textos produzidos oralmente, como canções, cantigas de ninar, parlendas,
trava-línguas – é uma das primeiras experiências de comunicação poética que a
criança tem, o que pode proporcionar sensações de bem-estar e fortalecimento da
subjetividade importantes para o desenvolvimento emocional, por exemplo, além de
desafios cognitivos lúdicos, considerando-se que a comunicação poética convida a
um instigante jogo com o sentido das palavras e com os sentidos da percepção.
O ritmo do texto poético falado ou cantado, a sonoridade das palavras, a
constância de um determinado timbre de voz e suas entonações comunicam
sentimentos específicos e ampliam a capacidade de percepção e interação da criança,
inclusive em se tratando de bebês. É por isso que, mesmo em contextos em que o
livro como objeto está ausente, mas a palavra literária é de alguma forma criada e
compartilhada oralmente, podemos dizer que há leitura literária porque há uma
interação marcada pela intenção de se comunicar de forma singular com a criança,
tendo a palavra poética como principal recurso. Além disso, avançando um pouco

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mais, a leitura literária na infância é necessária para garantir o acesso da criança à
cultura escrita, sobretudo, o acesso à cultura escrita em sua expressão artística.
A leitura literária pode ser, por exemplo, um dos primeiros contatos da criança
com uma obra de arte, se considerarmos a literatura como linguagem artística. Essa
imersão na cultura escrita adquire ainda mais valor, pensando-se no que ela pode
proporcionar socialmente. Integrar uma comunidade de leitores, desde cedo, mesmo
antes de saber ler convencionalmente, pode ser uma experiência coletiva
extremamente formativa: ouvir a leitura de um adulto, falar sobre os livros, discutir
preferências e pontos de vista, buscar sentidos implícitos, construir e validar
interpretações de forma partilhada são experiências que a leitura literária pode
proporcionar.
O direito à fabulação, como nos ensinou o mestre Antonio Candido, é mais um
aspecto que torna a leitura literária tão necessária, desde a infância. Fabular ou buscar
modos simbólicos de compreender e recriar a realidade é condição para o
desenvolvimento humano porque permite encontrar formas cada vez mais elaboradas
de compreensão de si, do outro e do meio social em que se vive. A leitura dos
chamados contos maravilhosos e das narrativas míticas, que tanto atraem as
crianças, são meios potentes de exercitar a fabulação. Por fim, uma quarta razão que
torna a leitura literária na infância necessária é a experiência de alteridade que ela
proporciona (tão em falta no tempo que vivemos!), ou seja, a capacidade de se colocar
no lugar do outro, de estabelecer uma relação de empatia e respeito com outras
experiências humanas, em distintos contextos culturais. Como diz a espanhola Teresa
Colomer, especialista em literatura infanto-juvenil, a literatura nos permite “ser outro,
sem deixar de ser a gente mesmo”.8

6 HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA

A história da literatura brasileira é dividida considerando os diversos


movimentos ou escolas literárias. Ao estudar determinada época literária, percebe-se
que há temas e formas de se expressar comuns aos vários autores daquele período.

8 Extraído do link: www.crb8.org.br


18
É muito difícil estabelecer uma data para indicar quando se acaba uma escola
literária e se inicia outra. Contudo, para situar os diversos estilos em tempo
cronológico, estabeleceram-se marcos iniciais que indicam o surgimento de um novo
estilo por meio da publicação de obra inovadora ou de um fato histórico.

6.1 Os períodos da literatura brasileira

A literatura brasileira tem sua história dividida em duas grandes eras, que
acompanham a evolução política e econômica do país: a Era Colonial e a Era
Nacional, separadas por um período de transição, que corresponde à emancipação
política do Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas escolas literárias ou
estilos de época.
A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do descobrimento, a
1601), o Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768), o Setecentismo ou Arcadismo
(de 1768 a 1836).
A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de 1836 a 1881), o
Realismo-Naturalismo e o Parnasianismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de 1893 a
1922), o Pré-Modernismo (de 1902 a 1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir
daí o que está em estudo é a contemporaneidade da literatura brasileira.

6.2 Escolas literárias brasileiras

6.2.1 Quinhentismo

Entende-se por Quinhentismo as manifestações literárias ocorridas no Brasil


durante o século XVI tinham como objetivo descrever a nova terra e converter os
índios ao catolicismo.
A história da literatura brasileira apresenta como marco inicial a carta de Pero
Vaz de Caminha ao rei dom Manuel (1469-1521), de 1500, na qual se relatavam o
descobrimento do Brasil e as primeiras impressões do novo território.
Enquanto a Europa vivia intensamente o período renascentista, a produção
literária no território recém-descoberto ainda estava impregnada dos valores literários
medievais.

19
Nesse contexto, predominaram duas vertentes literárias: a informativa,
representada por Pero Vaz de Caminha, e a catequética (ou jesuítica), representada
pelo padre José de Anchieta (1534-1597).

6.2.2 Barroco

O Barroco foi marcado pelos conflitos da época, que se dividia entre


antropocentrismo e teocentrismo, na qual o ser humano vivenciava grandes dilemas
existenciais.
O homem barroco impunha-se, de maneira angustiada, o avanço do
racionalismo da burguesia. Isso se refletiu na produção artística que acompanhava
esse movimento, a qual era pautada por angústia, desejo de fuga e ilimitado
subjetivismo.
Durante o Barroco, ainda não havia no Brasil colônia todos os elementos de um
sistema literário, mas alguns autores isolados, que viviam, principalmente, em
Salvador e em Recife, já que a vida econômica da colônia era mais desenvolvida no
Nordeste.
O marco do Barroco brasileiro foi o poema épico Prosopopeia, de Bento
Teixeira, escrito em 1601. Além desse autor, merecem destaque dois escritores que
surgiram na Bahia: padre Antônio Vieira e Gregório de Matos.

Fonte: portugues.uol.com.br

20
6.2.3 Arcadismo

No Brasil, os poetas árcades (que se designavam “pastores”) seguem os


mesmos ideais estéticos do Arcadismo português. Os poemas revelam a valorização
da simplicidade e do bucolismo, o culto ao natural e ao singelo, e a imitação dos
modelos clássicos. A temática do carpe diem (“aproveite o dia”) também é bastante
evidente em grande parte dos poemas árcades.
O Arcadismo trouxe para o Brasil temas e convenções artísticas do Ocidente
europeu; no entanto, foi nesse período que surgiram os primeiros traços de uma
literatura que ansiava por afastar-se dos modelos de sua metrópole, em busca de
uma identidade brasileira.
Seus principais representantes foram: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio
Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama e Santa Rita Durão.

6.2.4 Romantismo

No Brasil, o Romantismo iniciou-se em 1836 com a obra Suspiros poéticos e


saudades, de Gonçalves de Magalhães e teve três gerações:
1ª geração: denominada nacionalista ou indianista. A pátria, caracterizada por
sua natureza exuberante, e seus primeiros habitantes, os indígenas, são os elementos
de destaque. Cultiva também outros temas caros aos românticos, como o
sentimentalismo e a religiosidade. Gonçalves de Magalhães (1811-1882) e Gonçalves
Dias (1823-1864) são os principais representantes desse período,
2ª geração: denominada ultrarromântica. Nota-se um exagero dos temas
românticos, como o subjetivismo, o pessimismo, o tédio e a melancolia. A paisagem
noturna/soturna ganha destaque. Há uma supervalorização da morte como solução
dos problemas. Álvares de Azevedo (1831-1852), Junqueira Freire (1832-
1855), Fagundes Varela (1841-1875) e Casimiro de Abreu (1839-1860) são os
principais representantes dessa geração.
3ª geração: denominada condoreira ou social. O individualismo excessivo e
ultrarromântico vai perdendo espaço para uma visão mais próxima da realidade
social. Castro Alves (1847-1871), Tobias Barreto (1839-1889) e Sousândrade (1833-
1902) são os principais representantes dessa fase.

21
6.2.5 Realismo e Naturalismo

O Realismo e Naturalismo no Brasil tem como marco inicial o ano de 1881, com
a publicação de duas obras fundamentais: O mulato, de Aluísio Azevedo (naturalista),
e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (realista).
Os autores desses estilos têm a tendência de privilegiar a visão racional do
mundo e da sociedade humana, o que os leva a desenvolverem, via de regra, uma
arte engajada, ou seja, uma arte de compromisso com a dignidade do ser humano e
com a justiça social.
Essa intenção é implementada por meio das denúncias que fazem em suas
obras dos chamados crimes sociais, cometidos cotidianamente por instituições oficiais
ou não, ou por grupos alojados no poder político e/ou econômico, ou mesmo por ações
de um indivíduo qualquer contra outro, socialmente mais frágil.
O Naturalismo é considerado um complemento do Realismo, nele há um
determinismo, em que se afirma que a obra de arte seria determinada por três fatores:
meio, momento e raça. Além, ainda, do cientificismo, que aparece como grande
influência dos autores da vertente naturalista.
Os principais representantes foram Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Raul
Pompéia, Adolfo Caminha, Júlio Ribeiro e Inglês de Souza.

6.2.6 Parnasianismo

O Parnasianismo teve origem na França e representou, na poesia, ideal


estético da “arte pela arte’’ e o retorno à orientação clássica, que busca o equilíbrio e
a perfeição formal.
No Brasil, o Parnasianismo exerceu forte influência nos meios artísticos, e seus
poetas alcançaram um sucesso até então nunca obtido por poetas. O marco inicial foi
a publicação da obra Fanfarras, em 1882, com poemas de Teófilo Dias (1854-1889).
Após um começo pouco impactante, influenciado por Artur de Oliveira (1851-
1882), o movimento foi adquirindo maior expressão e grande prestígio com as obras
de Raimundo Correia (1859-1911), Alberto de Oliveira (1857-1937) e, principalmente,
de Olavo Bilac (1865-1918), o mais famoso dos poetas parnasianos.

22
6.2.7 Simbolismo

Ao negar o cientificismo, a objetividade e o descritivismo dos parnasianos, os


poetas simbolistas procuram o incerto, o nebuloso, o vago.
No Brasil, o Simbolismo inicia-se em 1893, com a publicação das obras Missal
e Broquéis, do poeta Cruz e Sousa. A forma mais largamente utilizada pelos
simbolistas brasileiros foi o poema.
Diferentemente do Simbolismo português, que alcançou destaque nas letras e
incentivou a primeira geração modernista, a estética simbolista brasileira sofreu forte
rejeição por aqueles que admiravam o Parnasianismo, em especial, por Olavo Bilac
(1865-1918).
Como maiores representantes dessa estética no Brasil, destacam-se Cruz e
Sousa (1861-1898) e Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).

6.2.8 Pré-Modernismo

O Pré-Modernismo é o período literário que compreende as duas primeiras


décadas do século XX e que valorizava acima de tudo discutir a realidade social e
política do Brasil.
Didaticamente pauta-se por critérios cronológicos e está compreendido entre
1902 – ano da publicação de Os sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909), e de
Canaã, de Graça Aranha (1868-1931) – e 1922 – ano da realização da Semana de
Arte Moderna, em São Paulo. O período conta com grande diversidade de estilos e
autores.
Convivem durante esse período tendências conservadoras e renovadoras. A
postura conservadora é aquela em que ainda há traços positivistas e deterministas
que fundamentaram o Realismo e seus desdobramentos Naturalismo, Simbolismo e
Parnasianismo).
Já na postura renovadora encontra-se um grupo de escritores preocupados em
incorporar a realidade ao fazer literário, de maneira crítica, apresentando, dessa
forma, uma maior preocupação político-social em suas obras.
Principais autores: Graça Aranha, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro
Lobato e Augusto dos Anjos.

23
6.2.9 Modernismo

A Semana de Arte Moderna, que aconteceu no período de 11 a 18 de fevereiro


de 1922, marca o início o oficial do movimento modernista brasileiro. Ele costuma ser
dividido em 3 fases:
A primeira fase do Modernismo brasileiro (geração de 22) notabilizou-se por
abrir caminhos vanguardistas para um público que ainda flertava com a estética
parnasiana tardia. Destaques: Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel
Bandeira.
Na segunda fase, que ocorre a partir dos anos 1930, a poesia brasileira mistura
a liberdade formal (conquistada pela geração de 22) com os recursos tradicionais da
literatura; a prosa, por sua vez, torna-se menos preocupada com o como dizer e mais
com o que dizer. Os escritores da geração de 30 se preocupam mais em registrar os
problemas da realidade brasileira do que em experimentar novas formas de
linguagem. Destaques: Carlos Drumond de Andrade, Cecília Meireles, Vinícius de
Moraes, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e Jorge Amado.
Diferentemente do espírito radical presente na primeira fase, na terceira fase
(geração de 1945), os autores retomam uma atitude mais formal em suas produções,
indo na contramão da liberdade desenvolvida nas gerações modernistas anteriores.
Outras características dessa fase são: produção de contos fantásticos; inovações na
linguagem e uso da função metalinguística; produção de uma literatura experimental;
uso de temáticas sociais e humanas, tendo o regionalismo universal como destaque;
e linguagem mais objetiva. Destaques: Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João
Cabral de Melo Neto.

6.3 Literatura contemporânea brasileira

Na segunda metade do século XX, houve poucos movimentos literários e


poéticos duradouros e organizados no Brasil. No campo da poesia, por exemplo, o
Concretismo e o Tropicalismo, manifestações também ligadas à produção musical e
à arte popular, tiveram curta duração como movimentos estéticos estruturados.
Ainda assim, algumas tendências podem ser apontadas como características
mais ou menos comuns, sobretudo para os prosadores:

24
 Uma tentativa de mescla de gêneros, em que o romance, o conto, a crônica de
costumes e o relato documental se misturam;
 Uma narrativa mais direta, sem rodeios, que estabelece um realismo cru.
Em algumas produções na prosa, por vezes, há o resgate ou a superação de
alguns aspectos da recente tradição literária brasileira. Em outras, são trilhadas
veredas ainda não seguidas por nenhum escritor brasileiro, à semelhança da narrativa
bruta e obsessivamente objetiva de Rubem Fonseca (1925) ou dos contos mínimos
de Dalton Trevisan (1925).

Fonte:www.google.com

Em relação à poesia, embora afirmem-se como artistas de talento, premiados


e reconhecidos pela crítica e pelo público, os contemporâneos não seguem uma única
tendência estética nem apresentam um estilo semelhante. São poetas que falam de
seu tempo com uma linguagem que busca, acima de tudo, uma aproximação com o
leitor.
Em relação ao teatro, a partir de 1943, com a apresentação da peça Vestido de
noiva, de Nelson Rodrigues (1912-1980), encenada no Teatro Municipal do Rio de
Janeiro, foi inaugurado um novo cenário na história do teatro brasileiro. Essa peça
revolucionou a dramaturgia nacional, que passou a contar com importantes autores,

25
como Ariano Suassuna (1927), Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) e Dias Gomes
(1922-1999), entre outros.9

7 TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA

Tão antigas quanto a própria produção literária são as teorias que a estudam.
Atualmente temos ao alcance uma série de teorias que tentam definir a função e o
funcionamento da literatura, e seguem elas por diversas vertentes, cada uma
estudando um objeto específico, ou até estudando o mesmo objeto, mas sob pontos
de vista diferentes. Mas, afinal, o que vem a ser essas teorias e para que servem?
Para responder a essas perguntas é válido conhecer um pouco da história da crítica
literária e como ela se transformou ao longo do tempo e das culturas.
Muito pouco se registrou sobre a história da crítica, apesar do termo ser
bastante utilizado, não apenas quando se refere à literatura, já que ela também pode
estar ligada à filosofia, à política, à música, à arte, etc. René Wellek (1970) afirma que
as Histórias da crítica abordam questões de estética, poética e teoria literária,
entretanto não discutem, ou abordam suscintamente, a teoria da própria crítica.
Num passeio pelas diversas abordagens críticas encontraremos o
termo krineín (julgar) e derivando dele teremoskritikós (juiz de literatura), que se
confundia com o termo gramatikós, ambos se dedicavam ao estudo dos escritores
clássicos, mas era um estudo de caráter pedagógico. Posteriormente encontraremos
no latim o termo criticus também em contraposição com grammaticus, sendo o
primeiro menos frequente e utilizado para designar o indivíduo que buscava
aprofundamento na interpretação dos textos e palavras.
O termo em questão foi cultivado por filósofos e retóricos e hoje corresponde
ao que chamamos de crítica literária.
Durante a Idade Média a palavra crítica vai ganhar a conotação de doença, mas
vai reaparecer entre os humanistas como uma subdivisão da gramática com objetivo
limitado à correção e valoração dos textos. Também durante o Renascimento haverá
a distinção dos termos gramático, crítico e filólogo, o que já oferece grande abertura
para o que viria ser a crítica literária na era moderna.

9
Extraído do link: www.coladaweb.com
26
Desde o século XVIII observamos um crescente desenvolvimento de várias
teorias. Nos últimos três séculos crítica ocidental parece ter encontrado terrenos
férteis para discussões pertinentes no ramo literário. Em certo momento ganhou tal
importância que passou a preceder a própria produção literária, não mais buscavam
sua base na obra, eram a base da obra. Seguem adiante algumas das teorias mais
importantes que exemplificam os métodos de análise que podem ser tomados no
estudo literário.
O formalismo Russo, fundamentado nas teorias de Jakobson e Chklovski, foi
uma das teorias mais difundidas no ocidente. Buscava explicar os fatores
determinantes para se considerar um texto como obra literária, concentrava-se na
distinção entre a linguagem prosaica e a linguagem poética. Chklovski defende que a
arte se diferencia das demais linguagens pelo seu procedimento de construção e pela
desautomatização da percepção. Segundo esta teoria, a linguagem prosaica é
automatizada, não há reflexão acerca das palavras pronunciadas ou escritas, nos
acostumamos ao uso de certas palavras em certas situações e seguindo determinada
ordem. Para a linguagem se tornar poética é necessário que ela cause um
estranhamento, que novos sentidos e sonoridades sejam percebidos e que a
experiência de entrar em contato com essa nova linguagem seja ímpar. No formalismo
Russo o objeto de estudo não é o texto literário em si, mas a sua literariedade.
Seguindo o mesmo pensamento dos formalistas, encontramos o New
Criticismo americano, que se desenvolveu durante a primeira metade do século XX
no sul dos Estados Unidos e fundamenta-se nas obras de Samuel Taylor Coleridge.
Defende a análise minuciosa dos elementos internos do texto, tomando-o como um
fenômeno autônomo, portanto livre de influências exteriores, tais como referências
sociais, intencionalidade do autor, biografismos, etc. Os novos críticos se concentram
no estudo das técnicas de que tornam possível a materialidade linguística do texto e
o efeito provocado na articulação de cada partícula textual no conjunto da obra.
O Estruturalismo também se concentra na análise do discurso textual, da forma
e da estrutura que acoplam a obra de arte. Seu método se baseia m técnicas
interpretativas através das quais se depreende padrões estruturais dos textos
literários. Quando se estuda um texto em particular é com o objetivo de estabelecer o
padrão, um modelo geral. Para os estruturalistas forma e conteúdo não se separam
no texto literário, pois o significado depreendido do texto é dependente da maneira

27
como ele ganhou materialidade. As teorias estruturalistas, assim como o formalismo
e o new criticismo, recusa a participação do indivíduo na produção de sentido do texto.
Diferente das teorias anteriores, a teoria sociológica busca as relações entre o
texto literário e a sociedade. Agora as peculiaridades internas serão relegadas e os
fatores externos ganham destaque na análise textual. Os estudiosos dessa tendência
veem na literatura um reflexo da sociedade e da época em que foi produzida. Os
estudos da teoria sociológica darão maior abertura para a participação do autor e do
leitor na interpretação do texto.
A psicanálise foi criada por Sigmund Freud também exerceu importante papel
na crítica literária. Freud formulou muitas de suas ideias baseando-se em
personagens literários. Os conceitos de Id, ego, superego, inconsciente, complexo de
Édipo entre outros serviram de base para analisar os textos literários, traçar perfis
psicológicos através dos personagens, ou até mesmo desvendar resquícios
biográficos do autor em seus textos.
Podemos ainda citar outras tendências críticas, tais como a marxista, a
feminista, a estética da recepção, a cultural, a filosófica, a linguística e estilística, a
mítica, e inúmeras outras. O que se percebe é que cada teoria crítica apresenta um
ponto de vista diferente sobre a literatura, cada uma avalia um objeto diferente. Não
há como dizer que uma crítica é mais válida que outra, todas elas apresentam pontos
falhos, mas também têm sua parcela de acertos, cada teoria tem seu valor dentro da
análise literária. É válido lembrar também que as teorias críticas surgem em
consonância com outras, de certa maneira uma nova teoria terá resquícios de uma
teoria anterior. Assim como na química nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma, funciona também a crítica literária: uma teoria “adormece” enquanto outra
ganha espaço, esta por sua vez, tem influência de outra que outrora também tinha
sido esquecida.

8 ESTUDO DA LITERATURA: PERSPECTIVAS E MÉTODOS

De que maneira se deve seguir os estudos literários? Qual o melhor método a


se usar? Qual a melhor perspectiva a se empregar? Estes são alguns
questionamentos levantados pelos teóricos Wellek e Warrren ao discutir ideias acerca
da teoria, do criticismo e da história literária.

28
A princípio destacam-se alguns termos já utilizados para definir a natureza do
estudo literário, tais como as expressões “erudito” e “filologia”. Entretanto, ambas
apresentam limitações e vagueza diante do conceito ao qual se pretende relacioná-
las. O termo “erudito” é criticável por apresentar um sentido muito restrito e assim
excluir a ideia de criticismo, além de reduzir a prática ao caráter acadêmico. Por outro
lado, o termo “filologia” é amplo demais pois pode se referir a todos os estudos
literários e linguísticos ou qualquer outro estudo das produções humanas, embora,
atualmente, tal estudo se efetive como pesquisa e análise linguística. Um terceiro
termo apresentado e configura vago demais para ser uma definição do estudo literário,
a “pesquisa” seria um termo muito superficial, pois se limita também ao caráter
acadêmico.
Partindo de uma perspectiva mais restrita ao processo, depreendem-se três
distinções caras ao estudo da literatura: a teoria literária, o criticismo e a história da
literatura. À primeira, cabe o estudo dos princípios da literatura e as categorias dos
seus critérios e matérias semelhantes, aos dois últimos caberia o estudo das obras
concretas, tomando-as isoladamente ou inseridas num segmento cronológico.
Embora pouco se discuta a respeito, os três métodos estão vinculados entre si,
toma-los como estudos isolados seria impraticável. Ao se fazer um estudo baseado
na teoria literária, recorre-se a fundamentos da crítica e da história literária, da mesma
forma se segue com os demais métodos: teoria, crítica e história literária coadunam-
se na análise da obra literária. Mesmo que alguns estudiosos rejeitem essa ideia, é
patente que essas relações existem dentro do estudo, sejam elas explícitas ou
implícitas, tanto que algumas vezes é possível haver confusões quanto à classificação
da abordagem adotada em uma determinada análise, os conceitos são muito tênues
e um sempre leva ao outro.10

9 TEORIAS DE LEITURA

As diversas formas de expressão do pensamento tiveram início ainda antes de


Cristo quando a preocupação ainda era as ações e os feitos dos heróis, sua origem e
natureza, antes que os aspectos estéticos da produção textual.

10 Extraído do link: profes.com.br


29
Após Platão e Aristóteles, que deram início à teorização textual, surgiram
grupos defendendo ora o aspecto normativo da chamada estética clássica
(preocupação com a forma), ora, o aspecto descritivo quando o autor liberto de
pressões, produzia livre e espontaneamente para depois enquadrar a obra em um
gênero literário.
A tendência normativa persiste até o século XX quando as primeiras reações
tiveram efeito. Uma nova atitude de preocupação com o leitor, principalmente com a
resposta ao estímulo provocado pela leitura é influenciada por correntes filosóficas
como a fenomenologia e a hermenêutica originando teorias inovadoras no campo da
literatura e da leitura.
O método fenomenológico apresenta e esclarece o acontecimento tal como ele
se mostra. Na literatura ele influencia alguns teóricos quando se preocupam com o
leitor enfatizando o papel da consciência afirmando que “o texto literário só existe
quando passa para a consciência do leitor” e´ o que afirma Wolfgang Iser, criador da
teoria do Efeito Estético.
Segundo essa teoria o texto literário é como uma pintura que só
toma forma, corpo, movimento, cor, vibração, intensidade se o leitor ou o
apreciador da obra é capaz de absorver essas emanações, ou seja, quando texto
e leitor se interagem intimamente ao nível da consciência. O autor no momento
da criação interatua com um leitor implícito; aquele para quem ele redige o
texto, considerando o seu repertório cultural, suas normas sociais, sua bagagem de
conhecimentos. Assim, o leitor real é livre para construir e reconstruir o significado
num processo contínuo transformando o ato de ler numa atividade dinâmica em que
leitor-texto-autor estabelecem elos de transações afetivas. A teoria do efeito estético
tenta compreender o que se passa com o receptor no momento da leitura. A ênfase é
dada na interação individual: leitor, sua consciência e o texto literário.

30
Fonte: revistaemilia.com.br

A teoria Estética da Recepção tem como criador Hans Rober Jauss,


influenciada pela hermenêutica de Hans-Georg Gadamer, estuda a leitura sob o
enfoque da interpretação textual. Quando lê, o leitor interpreta e compreende a
mensagem enviada através do texto pelo autor. É a visão reprodutivista de leitura
segundo Silva (apud Zappone, p.51) que algumas escolas promovem, ao adotarem
como corretas apenas as ideias do professor ou do próprio livro didático, é o tipo de
ensino de leitura onde reside a presença da censura, problema característico de
cunho filosófico-religioso de nossa sociedade. A interpretação de textos deve
proporcionar uma compreensão do contexto onde o leitor se situa, permitindo uma
abertura para a discussão do que foi lido e não ser imposição de pontos de vista pré-
determinados ou pelo professor ou pelo autor do livro didático.
Assim, “uma obra é lida porque é compreendida”, e exatamente preenche as
expectativas históricas e sociais do leitor, como afirma Jauss preenchendo as
dimensões histórica e coletiva da leitura.
O leitor pratica constantemente a leitura do mundo, aprende organizar seus
conhecimentos, estabelece relações entre as suas experiências e resolve os conflitos
que se apresentam em si mesmo e em sua volta.
O ser humano em busca da realização pessoal necessita da leitura pelo fato de
ela deter algumas funções que se relacionam com o cognitivo, o afetivo, além da

31
dimensão estética e criativa estimuladas pela leitura de obras literárias e poéticas.
Somam-se a essas funções específicas, uma outra tão importante como as anteriores
– a função social. A leitura possibilita ao indivíduo a abertura de uma visão de mundo
ampliada, tornando-o receptivo ao intercâmbio com outras pessoas, avança além das
paredes da sala de aula, conscientizando-o do seu papel social na sociedade em que
se acha inserido. (Márquez p. 16).
Os estudos sobre leitura e compreensão vêm passando por várias propostas
entre elas o processamento ascendente (botton-up) em que o leitor sintetiza e analisa
indutivamente as informações visuais construindo o significado; processamento
descendente (top-down) é uma abordagem em que o leitor faz uso do processo
analítico dedutivo das informações usando o seu conhecimento do mundo, da
linguagem e das informações contidas no texto. As hipóteses levantadas pelo leitor
levam-no empreender uma busca no sentido de confirma-las ou refutá-las. Uma outra
visão foi formulada a partir das duas anteriores, a visão interativa em que uma
conciliação entre os modelos anteriores é proposta sendo que o processamento da
informação se dá tanto de maneira ascendente como descendente, um modelo em
que o ato de ler é visto como interação entre leitor e autor. (Márquez p. 29).
Concluindo, qualquer que seja o modelo proposto, retrata um tipo de processo
de leitura que depende das condições individuais e subjetivas, grau de maturidade do
sujeito como leitor, nível de complexidade, estilo individual e o gênero literário.
Conforme o nível de complexidade do texto o leitor aplicará o modelo mais adequado.
A leitura de um texto puramente teórico exigirá do leitor o funcionamento de sistemas
cognitivo e linguístico mais apurado do que um texto do gênero literário ou ainda um
texto bíblico ou jurídico ou ainda um manual de instruções. Os textos bíblicos e
jurídicos não são compreendidos, são interpretados. Não se leem manuais de
instruções como se fora um romance e antes, não são redigidos como tal. Para cada
tipo de publicação um estilo, para cada leitor o texto adequado.11

11 Extraído do link: resumos.netsaber.com.br


32
10 A CONCEITUALIZAÇÃO DA LITERATURA E SUA IMPORTÂNCIA

Vários são os significados ou conceitos atribuídos à literatura. O dicionário


Aurélio define como “Arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prova e
verso”. Neste contexto, as palavras além de identificadas têm que ter: sentido,
compreensão, interpretação, relacionar o que for mais relevante em um texto, diálogo
entre outras comunicações. Segundo Freire (2003, p.28) “a leitura é importante no
sentido de oferecer ao homem compreensão do mundo e através dessa relação é
possível a descoberta da realidade sobre a vida”.
Jordão e Oliveira (2006, p.17) definiram que “Literatura é a recriação de uma
realidade por meio de palavras”. Porém não basta fazer uso da palavra para se
produzir arte literária. É preciso criar formas mais intensas, que tenham um significado
mais profundo.
Também Terra e Nicola (1997, p.99) afirmam que “a literatura é a linguagem
carregada de significado. Grande literatura é simplesmente a linguagem carregada de
significado até o máximo grau possível”.
Dessa forma, a literatura não tem um compromisso de fazer um retrato da
realidade imediata; ao contrário, ao artista literário interessa mais recriar a realidade
de acordo com sua própria visão.
A Literatura retrata uma realidade do mundo em desenvolvimento constante em
plano simbólico, e também é uma realização de linguagem.
Atualmente, a Literatura recebe um conceito de cultura que preserva o caráter
lúdico do jogo literário, ou mesmo de arte que provoca novos interesses no homem,
forma leitores aptos e, consequentemente, escritores, a cultura que motiva o senso
crítico, que atende às necessidades individual, profissional, cultural e social do
homem. Deste modo, a arte literária funciona como um jogo lúdico em torno da
linguagem, das expressões, do conteúdo e das formas, a mesma não é subordinada
apenas a um objetivo intermediário da prática. De acordo com Silva (2007, p.14) “a
literatura não consiste apenas numa herança, num conjunto cerrado e estático de
textos escritos no passado, mas apresenta-se antes como um ininterrupto processo
histórico de produção de novos talentos”.
A Literatura é importante por possuir características funcionais, ela pode ir além
de objeto de informação e passa a funcionar como ensino de informações. Assim, a
literatura é identificada a partir do momento em que o aluno se sente interessado por
33
esta arte e passa a se familiarizar com a leitura por meio da prática. Quando o
educando concebe a cultura literária como uma forma de sistematizar os saberes
literários e não literários, o discente insere na vida a oportunidade de construir e inserir
uma segunda cultura em seu contexto histórico e cultural.
Na opinião de Silva (2007, p.69), “A compreensão do mundo e a compreensão
de si podem ser enriquecidas através da leitura”. A compreensão é fundamental no
ato da leitura, assim, o aprendizado é fixado com a finalidade que os autores desejam.

11 O ATO DE LER

É através da leitura que a educação busca o desenvolvimento do discente,


possibilitando elaborar conceitos de ampliar o seu domínio da linguagem oral,
elementos da aprendizagem que são vitais para a prática da cidadania. A visão é criar
leitores cada vez mais dependentes, respeitando os diversos níveis de escolaridade,
e isto é possível através da leitura de textos literários e não literários.
De acordo com Martins (2005, p.30) “é preciso considerar a leitura como um
processo de compreensão de expressões formal e simbólico, não importando por
meio de que linguagem”. Assim, para incentivar a leitura consiste no fato da atividade
de leitura quando realizada implica ser um processo de articulação dos conhecimentos
inerentes a cada sujeito que realiza a ação.
Além disso, cada indivíduo faz uma leitura diferente, de objeto, imagem,
manuscrito, depende do seu nível intelectual e das experiências e circunstâncias de
vida e da motivação de cada leitor. Para Martins (2005) “à medida que desenvolvemos
nossas capacidades sensoriais, emocionais e racionais também se desenvolvem
nossas leituras nesses níveis, ainda que, repito, um ou outro permaneça” (p.80). Os
níveis de leitura são simultâneos, dependendo da individualidade, da necessidade, da
experiência e da motivação de cada leitor.
Faulstich (2003) diz que há dois tipos de leituras: “Leitura informativa – ao se
fazer, busca-se resposta a questões específicas” (p.14). Diante disso, temos duas
subdivisões da informativa que são: a leitura seletiva que o leitor escolher as ideias
de acordo com o autor, e a leitura crítica que exige do aluno uma visão do assunto
que está sendo estudado. Já “leitura interpretativa requer total domínio da leitura

34
informativa. Para que se faça leitura interpretativa é necessário que se conheçam
determinadas capacidades de conhecimento. ” (p.22).
O ato de ler auxilia no desenvolvimento das habilidades de produção textual e
análise linguística do texto. Quando o aluno adquire o hábito de leitura, além de
expandir o horizonte cultural, tende a favorecer a interpretação de textos (de todas as
áreas), pois a leitura expande o universo linguístico do leitor, tanto em vocabulário
quanto em aspectos culturais. Quanto mais lemos, mais facilidade temos para
perceber aquilo que está implícito, aquilo que extraímos de uma leitura mais
aprofundada do texto. Dessa forma, o educando deixa de ser passivo na leitura e
torna-se ativo e interferente, levando-se em consideração que o conhecimento resulta
de um processo de construção.
Todavia, não há como falarmos sobre o ato de ler, sem falarmos sobre a
importância que a Literatura exerce no universo do leitor. Em outras palavras, Silva e
Zilberman (1990, p. 24) expressam “há que se ler literatura para romper o silêncio,
desentravando, aceitando e retroalimentando os sentimentos e a inteligência do
mundo”. Neste contexto, “a literatura se associa então à leitura. ” (p.18). É primordial
observar que a leitura literária é um instrumento de capacitação do sujeito em relação
às demais proficiências e, ademais, permite o pleno exercício da cidadania, posto que
por meio dela é possível assumir uma postura mais crítica do mundo.

Fonte: donorbox.org

35
12 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE LITERATURA E LEITURA EM SALA DE
AULA

O processo do ensino de Literatura e leitura em sala de aula requer renovações


de conceitos e práticas metodológicas superando as metodologias tradicionais tão
presentes no ensino.
A leitura literária é tema de discussão onde os teóricos questionam seu
desenvolvimento para compreensão da realidade da sociedade. Além disso, para que
se tenha um melhor aproveitamento do uso de textos antigos, já que alguns
professores que desenvolvem no aluno a ideia de que a Literatura não faz parte do
mundo contemporâneo, tornando sem proveito o seu estudo.
Definindo a importância da Literatura em sala de aula, Martins (2005) diz que
aprender a ler significa também “aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e a nós
próprios, o que, mal ou bem, fazemos mesmo sem ser ensinados”. Diante disso, o
professor deve apresentar ao aluno o texto literário ou não literário como um conjunto
de produções em linguagem carregada de sentidos. Isso significa universalizar, na
escola, a concepção de leitura como uma modalidade artística de linguagem que
veicula componentes temáticos e ideológicos a partir dos quais é possível aprimorar
a compreensão das diversidades sociais, econômicas e culturais do mundo em que
vivemos.
Percebe-se que a Literatura é tão importante quanto os demais conhecimentos
transmitidos aos alunos do Ensino Médio. O ensino da literatura, bem como o de
outras artes, desenvolve o cumprimento do art. 35 da Lei de Diretrizes e Bases do
Ensino Médio, que preceitua como um de seus objetivos no inciso lll: “aprimoramento
do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento
da autonomia intelectual e do pensamento crítico” (BRASIL,1996).
Caberia então à Literatura e à escola ter como meta o desenvolvimento do
humanismo, da autonomia intelectual e do pensamento crítico, não importando se o
educando continuará os estudos ou ingressará no mercado de trabalho.
Desta forma, caberia ao professor o papel de formar o leitor literário, ou seja,
um leitor reflexivo, crítico, que sabe apropriar-se daquilo que tem direito, visto.
Assim, quando o aluno não tem interesse pela leitura literária, cabe ao
professor motivá-lo com suas habilidades. É preciso que a escola e o professor criem
e organizem condições para que os discentes do Ensino Fundamental possam
36
praticar a leitura literária. O professor tem que estar envolvido com o ato de ler, onde
o aluno possa fazer da leitura um hábito e este se torne um processo de
aprendizagem, onde a leitura possa ser desenvolvida juntamente com a compreensão
e a interpretação por meios diversos.
Além disso, é necessário que os alunos tenham acesso ao mundo letrado e que
a escola e os professores ampliem suas tarefas ao ensino da leitura e fortaleçam os
meios para que o discente possa se dedicar a esta tarefa essencial à sua formação. A
leitura desempenha um papel fundamental no nível individual e coletivo do aluno,
contribuindo para seu enriquecimento pessoal, possibilitando-o a ter uma visão real
do mundo.
Kleiman (2001) afirma que: “ninguém consegue fazer aquilo que é difícil
demais, nem aquilo do qual não consegue extrair sentido” (p.16). Neste contexto, cabe
ao professor negociar para poder ensinar, é preciso usar estratégias de leituras.
Nesse sentido Lajolo (1997) afirma que todas “as atividades escolares das quais o
texto participa precisam ter sentido, para que o texto resguarde seu significado maior.
” (p.62)
Uma saída seria o professor fornecer modelos de estratégias, fazendo com que
o aluno interaja com o texto, com o professor e com o restante da turma. Inclusive
porque “para elaboração de uma hipótese de leitura é necessário ativar o
conhecimento prévio do leitor sobre o assunto” até que este se torne um “leitor
experiente”, ou seja, até que sua leitura se torne uma atividade consciente, reflexiva
e intencional. (KLEIMAN, 2001, p.56).
A Literatura como uma disciplina que envolve conhecimentos variados,
necessita de complementação teórica que facilite a compreensão do aluno com o
texto. O professor pode, assim, fornecer materiais que facilitem a compreensão e
façam com que o aluno se sinta motivado a buscar novas fontes para sanar suas
dificuldades e curiosidades. Segundo Mazzoni (2003), na “formação intelectual, que
envolve um processo lento e contínuo, é necessário que o professor esteja qualificado
e apto a motivar alunos com pensamentos mais críticos, e para que estes busquem
seu próprio conhecimento intelectual”. (2003.p.1)
Cândido (2000) afirma que a “posição social [do artista] é um aspecto da
estrutura da sociedade”. E, ainda, “o público é o fator de ligação entre o autor e sua
obra”. (p p. 22-3). Ao levar o leitor a perceber tal fato, o autor propõe exagerar essas
“verdades” a fim de que o aluno se sinta interessado em analisar não somente a
37
intimidade das obras, como também os fatores internos que participam de sua
construção através do social e das características que tornam o texto uma obra de
arte.
Há vários fatores que prejudicam o ensino da Literatura. Desde as estruturas
físicas da sala de aula e da escola, até fatores externos que dificultam o acesso a
livros literários ou de estudos da Literatura. Aos poucos, pretende-se apontá-los mais
especificamente. Neste sentido, estreitamente ligado com o ensino/aprendizagem de
Literatura e leitura, é essencial à compreensão do ato de ler.
Ao relevar a leitura como importância no ensino escolar do indivíduo, estão ato
de ler, para que possa possibilitar o desenvolvimento de capacidades cognitiva e
intelectual.
As escolas e os professores têm um grande obstáculo a superar, que é formar
leitores críticos, reflexivos e conscientes.

13 A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA PARA FORMAÇÃO DE LEITORES

A Literatura no Ensino Médio é pouco estudada, está reduzida a um


conhecimento superficial, são extraídos do texto apenas elementos
descontextualizados com poucas informações ou fragmentados, o que dificulta o
processo de aprendizagem do aluno enquanto leitor crítico.
A literatura é composta por vários instrumentos que abrangem vários
conhecimentos de transmissão, na formação de leitores está relacionada à construção
do universo textual de informações que o aluno pode adquirir através da leitura
literária.
A aula de Literatura na sala envolve o educando com atividades e assuntos que
desenvolvem a formação de opiniões, despertam o senso crítico e ajudam na
construção do cidadão reflexivo que estará preparado para o mundo.
A Literatura poder ajudar na formação do leitor, através dela o educando viaja
no texto, consegue entender interpretando, formulando seu próprio conceito, uma vez
que pode ser comparado ao seu mundo e se apropriar de certos sentidos que
contribuem para a transformação do pensamento.
O ensino da literatura envolve o entendimento aos interesses do leitor e a
provocação de novos interesses que despertam os limites práticos.

38
Diante disso, podemos dizer a que a habilidade desenvolvida a partir da leitura
diversificada e a cultura literária proporcionam um leque de oportunidades na vida do
educando enquanto leitor, escritor e cidadão com pensamentos universais.
Para a formação de leitores a Literatura contribui na medida em que é
desenvolvida, pois não há formalidades e limites para o seu desenvolvimento.
Segundo Bordini e Aguiar (1988, p.17), o papel da escola é decisivo no
processo de formação do leitor habitual, mas para isso é preciso cumprir certos
requisitos como “dispor de uma biblioteca com livros diversos de temas diferentes na
área da literatura, com bibliotecários que provam o livro literário, professores leitores
com fundamentação teórica e metodológica e projetos de ensino que valorizem a
literatura”.
Além disso, Martins (2005) expressa que o livro didático só contribui para o
desinteresse pela leitura, uma vez que tentam manipular seus leitores na intenção de
transmitir valores, costumes, princípios e linguagens de uma cultura elitizada em vez
de comtemplar textos que explorem o contexto socioeconômico e cultural do aluno.
É preciso considerar que os materiais didáticos têm que ser utilizados em sala
de aula, mas tem que ter outros materiais para que as aulas não fiquem em um
resumo.
Ainda os discentes perdem o interesse pela leitura literária pelo fato dos livros
didáticos apresentarem fragmentos e textos com exercícios mecânicos que não
estimulam a criatividade, prazer e a reflexão das obras literárias e os demais materiais
literários.

14 A PRÁTICA DA LEITURA LITERÁRIA

Conforme, Jordão e Oliveira (2006) A linguagem literária se manifesta em duas


formas: A prosa que é “utilizada em textos literários (crônicas, contos, novelas,
romances e não literários (ensaios científicos, notícias e reportagens jornalísticas,
mensagens publicitárias, histórias em quadrinhos” etc. (p.19). Já a outra forma é o
“poema que é organizado em versos, cada uma das linhas do poema uma estrofe”
(p.20). Além disso, a poesia refere-se à forma literária e também é o nome que se dá
a produção de versos de um poeta, o escritor de poemas.

39
Fonte: www5.usp.br

Os textos não literários apresentam uma linguagem objetiva, fundamentada em


fatos históricos, concretos, dados estatísticos, etc. E os textos literários contemplam
essas formas de linguagem centrada nas emoções do observador e preocupação
intencional com o modo de expressa-las.
O gênero literário é o conjunto de características que permitem classificar uma
obra literária em determinada categoria. A literatura ocidental deve aos gregos a
concepção de três grandes gêneros literários o épico, o lírico e o dramático.
A linguagem da Literatura, quanto à forma, pode ser prosa ou poema, quanto
ao conteúdo e estrutura, pode enquadrar as obras em três gêneros. Segundo Jordão
e Oliveira (2006) “O gênero épico, ou narrativo, é assim classificado por apresentar
como tema a narração de fatos”. (p.40). Para que seja notável como figura principal
do contexto, há uma necessidade do protagonista. Já “gênero Lírico caracteriza-se
por apresentar como tema os sentimentos”, as emoções estão presentes nos
personagens pessoais do artista literário e geralmente em estruturas de versos. O
“gênero Dramático é característico de textos produzidos unicamente para encenação
pública”. (p.41). Que é a chamada peça teatral, que conta, além do texto, com
elementos transversais como atores, cenários, etc.
O critério de classificação de uma obra literária em determinado gênero é a
semelhança dos temas tratados bem como o desenvolvimento e as estruturas formais
empregadas na elaboração das obras. Porém, todo gênero é portador de uma

40
mensagem, o discente precisa ler, necessita estar preparado para a leitura, conforme
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), “a leitura do texto literário é um
acontecimento que provoca reações, estímulos, experiências múltiplas e variadas”
(2006, p.67). Porém, cada pessoa ao fazer uma leitura tem uma reação diante do texto
quando compreende, faz uma análise crítica, avaliativa e etc.
Freire define seus ensinamentos para o professor desempenhar um importante
papel na formação de seus alunos.
Castro, (1993) define as características da obra literária. Assim, ao analisar
uma obra literária, “é preciso levar em conta dois aspectos: seu conteúdo (as ideias,
os conceitos, a significação das palavras, etc.) e sua forma (os sons das palavras, sua
rima, sua disposição gráfica no papel, etc.) ” (p.60). Estes dois aspectos formam o
todo que compõe um texto literário.
A respeito disso, há necessidade urgente de capacidade em leitura e
estratégias e planejamento das práticas trabalhadas em sala de aula, é preciso fazer
uma aliança com a literatura, já que não é possível falar em literatura sem falar em
leitura.
Para que os alunos possam ter um aprendizado melhor, não é necessário
somente ter acesso aos livros didáticos e à leitura de obras literárias, tem que haver
algo mais provocador, sem a dinâmica à sistematização da aula faz-se rotineiramente
pelo estabelecimento do contexto político-social, contra o qual se destacam as
circunstâncias biográficas dos autores e suas obras. Assim estudam fragmentos
escolhidos pelos autores dos livros, que nem sempre têm a necessidade da clareza
quanto à necessidade de explorar a literalidade dos textos selecionados.
O PCNs (2006) afirma que “letramento literário”, consiste em: “[…] empreender
esforços no sentido de adotar o educando da capacidade de se apropriar da literatura”
e de ter a “experiência literária” proporcionada pelo “contato efetivo com o texto”.
(p.55). Esse ensino é ministrado nas séries iniciais, mesmo a Literatura sendo um
conteúdo implícito.
De acordo com Resende (2010) de vital importância são os estudos que
discutem a importância da Literatura, como e de que forma tem sido o seu
desenvolvimento dentro das salas de aula, quais os métodos utilizados pelos
professores e quais influências a leitura tem ocasionado nos estudantes das diferentes
turmas, dentro e fora da instituição.

41
Para o desenvolvimento da prática da leitura, é necessária a construção da
identidade do aluno leitor, de forma que este crie suas competências e habilidades
necessárias para se formar leitores. Segundo os PCN’s, um leitor competente deve:
 Perceber as diferenças entre textos literários e não literários;
 Identificar características do autor através dos indícios gramaticais;
 Reconhecer, reproduzir, compreender e avaliar sua produção textual e alheia;
 Desenvolver o domínio pleno do discurso através da argumentação oral por
meio de diversos gêneros, ampliando suas possibilidades de participação
social no exercício da cidadania.
 Comparar textos literários, observando as linguagens verbais ou não verbais,
analisando os recursos expressivos de cada um dele.
É preciso considerar que são muitas as habilidades e competências que o aluno
deve desenvolver no Ensino Médio, portanto, o educador precisa estimular o aluno à
criatividade, à capacidade de ler, compreender, interpretar e indagar sobre os diversos
gêneros textuais que circulam no meio que os cerca.
Jordão e Oliveira (2006, p.69) afirmam que os dois textos tratam do mesmo
tema: o amor. “Os autores são modernos e contemporâneos e produziram suas obras
na mesma época, por volta da primeira metade do século XX”. Entretanto ambos
manifestam concepções bastante diferentes sobre o tema.
Além dos livros didáticos, muitos outros materiais podem e devem ser usados
em sala de aula para ser ter uma prática pedagógica e desenvolver uma prática leitora
mais consistente nos alunos.
Há muito já se sabe que o professor não deve se habituar apenas com
ensinamento baseado somente nos livros e sim, trabalhar com revistas, jornais,
aparelhos de televisão e vídeos, retroprojetores, data show, etc… O professor tem
que ser renovador, para ser possível ver na sala coisas novas, relacionadas ao
conteúdo trabalhado. Assim, o docente com adequada aprendizagem dos alunos,
fundamentado numa determinada concepção do papel do profissional, pode levar os
alunos a refletirem a respeito de valores e padrões da sociedade.
Além disso, a atividade de leitura na escola deve ser mais que um ensino
literário, deve ser uma prática que possa contribuir para a formação do discente, uma
possibilidade que contribua para suas realizações como é descrito nos PCN’s, ˝que
possa constituir também objeto de aprendizagem, […] que faça sentido para o aluno;

42
isto é, a atividade de leitura deve responder do seu ponto de vista, a objetos de
realização imediata […] (2006, p.55).
A pesquisa mostrou também que, para o aluno, a escola continua sendo o
espaço indicado para desenvolver e consolidar a prática leitora. Isso se evidencia nos
aspectos apontados pelos alunos a respeito de quem incentiva a leitura. A escola foi
apontada por 26% dos alunos, aparecendo em seguida a família 24%, 13% o
professor e os demais alunos apontaram todos os meios de comunicação. Esse dado
leva à reflexão do papel da família como um importante ponto de referência para o
hábito da leitura; atividade que pode ser iniciada desde a infância, com contação de
história, a prática de ler com os filhos e outras atividades que podem ser realizadas
em casa, sem a necessidade de técnicas mais avançadas.
A esse respeito, Libâneo (1999) afirma que […]˝ os métodos de ensino, portanto
não se reduzem a quaisquer medidas, procedimentos e técnicas. ” (p.51) e ainda
Resende (2010, p. 60) afirma que: “Quanto mais profundamente o receptor se
apropriar do texto e a ele se entregar, mais rica será a experiência estética, isto é,
quanto mais letrado literariamente o leitor, mais crítico, autônomo e humanizado será”
(p.60).
Finalizando o questionário com os alunos, indagou-se a eles a respeito da
interação com o que é lido; se no decorrer da leitura alguém sentiu vontade de mudar
a história. 43% mostraram-se desejosos apenas de conhecer a história; 43% de mudar
apenas o final da história e 14% disseram sentir o desejo de mudar completamente o
lido. Freire (2003) enfatiza a importância de permitir essa interação entre a obra e o
leitor. Ele fala sobre isso ao valorizar “as liberdades dos alunos, (…) reinventando o
ser humano na aprendizagem de sua autonomia” (p.105). Neste contexto, abrem-se
as portas para a busca e formação de conceitos ofertados pelo aspecto moral que a
literatura oferece.
Ainda reforçando esta questão, perguntou-se aos discentes depois da leitura
de um livro, qual a atitude diante dos questionamentos. Verificou-se que as leituras
têm influenciado poucos deles, pois 43% responderam que não tomam posição
alguma e apenas 26% disseram modificar o modo de pensar e agir. Outros alunos
responderam debater o lido com os colegas e que recomendam a leitura para outras
pessoas.
A pesquisa revelou que a professora tem suas aulas planejadas
bimestralmente, o que se evidencia como um aspecto favorável. É importante salientar
43
que o planejamento é fundamental, porém deve ser modificado a qualquer momento,
uma vez que nada impede o surgimento do que não estava no plano de aula. Como
afirma Libâneo (1999) “O planejamento é um processo de racionalização e
coordenação da ação docente, articulado à atividade escolar e à problemática”.
(p.222).
Questionou-se se o ensino de literatura e português podem ser trabalhados
separadamente. A professora respondeu que em alguns momentos elas podem ser
estudadas juntas. Por outro lado, a professora disse que são disciplinas para serem
estudadas separadamente.
Partindo desse pressuposto, buscou-se verificar os recursos utilizados pela
professora nas aulas de Leitura Literária e perguntou-se a eles qual a melhor forma
de se trabalhar o ensino da Literatura no Ensino Fundamental. A professora apontou
os filmes, poemas e o livro didático como recursos preferidos por ele. Quando
questionados a respeito das dificuldades no ensino da Leitura Literária a professora
apontou a falta de material adequado como a principal dificuldade e mais o
desinteresse dos alunos. Verifica-se que o livro didático permanece em destaque
entre os professores e mantendo no leitor a falta de conhecimento que pode ser obtido
com outros materiais. Porém, para que haja a compreensão do texto é preciso o
docente levar o discente a identificar e decodificar os signos linguísticos.
Dentro dessa perspectiva, observa-se com claridade que ‫ ]…[״‬os professores
precisam desenvolver intimidade com os textos adotados e possuir justificativas para
a sua a doação […]˝(SILVA, 2007, p. 49) as práticas direcionadas à atividade leitora
na escola ˝não nascem do acaso, e nem do autoritarismo ao nível da tarefa, mas sim
de uma programação envolvente e devidamente planejada, que incorpore no seu
trajeto de execução, as necessidades, as inquietações e os desejos dos alunos-
leitores ‫(״‬idem, 50).
Ademais, a insatisfação e o desinteresse dos alunos pela leitura pode ser
decorrente da falta de material adequado que faz com que os alunos não tenham
contato com materiais diversificados e significativos.
Professores e escola precisam repensar suas práticas e ter novas atitudes para
que possam obter meios para atingir os objetivos do ensino da leitura literária com
eficácia e eficiência. Destarte, os PCN’s definem que ‫]…[״‬. Um projeto educativo
comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a
responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos
44
necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos. ˝ (PCN’s,2006,
p.23).
Diante dos dados levantados, faz-se necessário esclarecer alguns pontos da
pesquisa. Percebe-se que a prática docente, em geral é precária, já que os
professores pesquisados trabalham com livros didáticos praticamente todo o
conteúdo, sem apresenta uma prática mais significante.
Percebeu-se que, como dito por uma professora, quando possível, prefere
trabalhar a literatura junto com outros conteúdos outras disciplinas, pois a literatura
funciona como uma ligação desse aluno com um mundo exterior, enquanto os
conteúdos diversos estão presentes em todo contexto.
Porém, é necessária a valorização dessa arte que concebe o pensamento
humano, transforma o leitor em cidadão crítico e conhecedor da própria história. Não
se pode gostar daquilo que não conhece e conhecer algo significa conhecer suas
particularidades, características e um pouco das suas funções. E, no caso da leitura
literária, ela pode trazer um mundo de descobertas, pois como bem explica Coutinho
(1978, p.08) a expressão literária é uma arte ilimitada ˝não visa informar, ensinar,
doutrinar, pregar, documentar. Secundariamente ela pode conter História, Filosofia,
Ciências, Religião, […] inclui precisamente o social, o histórico, o religioso, etc., porém
transformando esse material em estético.

Fonte: gestaoescolar.org.br

45
Logo, eis a importância do uso consistente, desprendido e significativo do texto
literário, pois esse é uma ferramenta para a formação de opiniões e conceitos;
aspectos imprescindíveis na formação da identidade pessoal.
É importante ressaltar que o docente tem que ter mais conhecimentos dos
conteúdos trabalhados, podendo utilizar outros materiais, que a própria professora
poder sugerir dentro de sala com os alunos, aceitando até mesmo opiniões dos
discentes.
Constatou-se que a leitura literária é pouco trabalhada pelos docentes, ou seja,
a professora não visa à leitura literária, como meio que possa desenvolver nos alunos
um aprendizado significativo com formulações de conceitos. A docente se justifica
diante do questionamento de que a leitura não tem um desenvolvimento por falta de
interesse dos discentes que não gostam de ler. Os alunos leem sem interesse,
somente por obrigação para responder questionários, saindo do Ensino Fundamental
com uma deficiência da leitura.
Constatou-se que a questão da falta de material adequado, mas também a falta
de uma prática pedagógica mais significante, voltada para a leitura literária como
possibilidade de transformação de aprendizagem desses alunos é pouco
desenvolvida.
A respeito disso, para que os docentes possam encontrar soluções para os
problemas da deficiência na leitura, necessitam que todos tenham participação desde
a equipe gestora e todos os funcionários da escola, principalmente os funcionários da
biblioteca e da sala de leitura. Com essa prática procura-se o desenvolvimento do
educando, possibilitando-o a elaborar conceitos e ampliar o seu domínio da linguagem
oral.
Assim valorizando a leitura cria-se oportunidades para que os alunos
descubram o prazer da leitura literária, desenvolvendo habilidades de ler,
compreendendo e interpretando diferentes tipos de leituras e gêneros de textos, com
isso descobrindo os conceitos chaves e compreendendo o que foi lido.
Seguindo esse pressuposto, sabe-se que é responsabilidade da instituição
aplicar um ensino eficiente e de qualidade. Acredita-se que deve haver uma parceria
entre a escola e os participantes deste meio, onde todos trabalhem em prol do
aprimoramento e da autonomia intelectual do educando. A escola tem que
proporcionar condições necessárias para que os alunos possam atuar, desde o início
da escolaridade como leitores, pois a leitura é, antes de tudo, um objeto de ensino e
46
para que se constitua também num objeto de aprendizagem é necessário que tenha
sentido de fato para o aluno, o que significa, entre outras coisas, que deve cumprir
uma função para realização de propósitos.
Diante disso, para ensinar Literatura não é necessário somente a
contextualização presente nos livros, mas principalmente a formação do docente e o
compromisso, a competência e a habilidade de desenvolver, estimular e querer
garantir essa formação através do ensino dos conteúdos aplicados em sala de aula.
São várias as habilidades e competências que o discente deve aprender no
Ensino Fundamental, portanto, o educador precisa estimular no aluno à criatividade,
a curiosidade, a capacidade de ler, interpretar e desenvolver conceitos em diferentes
contextos sociais.
Deve haver uma preparação do professor, sendo que o educador precisa estar
apto a aceitar o seu papel dentro e fora da sala de aula, assim associando a sua
obrigação e comprometimento com a necessidade do aluno de ser um leitor. Diante
disso, buscar novas metodologias para ter uma prática de leitura literária mais
motivada, assim os alunos interagem nas aulas.
Diante do que foi dito, a Literatura como instrumento essencial para formação
de leitores não é um foco das disciplinas de Português e Literatura. É caracterizada
uma crise dentro da prática institucional, conforme alunos em questionamento
afirmaram que hábito da leitura não é uma prática cotidiana e também os discentes
relataram que o processo de ensino é através do livro didático somente. Além disso,
a professora também questionou a falta de interesse dos discentes pela leitura, que é
precária, e a falta de materiais adequados para o ensino da Literatura. É dever da
escola oferecer uma biblioteca estruturada, com um acervo adequado às
necessidades do aluno, organizar, desenvolver e executar projetos políticos voltados
para a evolução da instituição com apoio e envolvimento de toda comunidade.12

12
Extraído do link: www.nucleodoconhecimento.com.br
47
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