UNIDADE I (AULA 1) - Narrativas literárias RESSIGNIFICAÇÃO, IMAGINAÇÃO, INVENÇÃO • Rupturas em nossos sistemas políticos e afetivos de organização íntima e coletiva. • Memória – contadores de história – texto literário (registros da história). • Autor – lugar de fala (contexto) – ressignificação da realidade. • Desejo humano de ser ver teatralizado. • Efeitos causados no leitor. • Barthes: somos fruto de histórias narradas. As narrativas erguem nossas construções simbólicas. • Deleuze: literatura é informe, é um devir, é um processo = excesso de realidade ou de imaginação; fragmentos de mundo reais e inventados. UNIDADE I (AULA 2) – Mimese PRODUÇÃO DO REAL E DO FICCIONAL • Mimese: imitação da natureza – tarefa dos poetas – poiesis (“criação”) • Na Antiguidade Clássica, o poeta era o responsável por despertar no leitor ou espectador sensações como espanto, comoção, terror. • Platão (Livro X, A República): expulsão dos poetas. • Aristóteles: catarse. • Deleuze: a literatura não imita a realidade, mas inventa outros modos de existência, de sentir, de pensar e de agir. • O conceito de “representar” é problematizado a partir dos anos 1960, com o pós-estruturalismo de Deleuze, Barthes e Compagnon. UNIDADE I (AULA 3) – Personagem QUESTÕES SUBJETIVAS QUE ENVOLVEM O LEITOR
• O leitor reconhece as “máscaras” do personagem e
com quais se identifica. • O leitor mergulha no universo profundo do personagem. • O personagem desdobra-se diante do leitor em sua realidade cotidiana. UNIDADE II (AULA 1) – Narrativas modernas e contemporâneas - A questão do gênero • Afastamento do mundo real (“essências”, conforme Platão). • Desestabilização dos modelos aristotélicos: gênero dramático (tragédia ou comédia); gênero épico; gênero lírico. • Segundo Bakhtin, os gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados, delimitados pelo contexto comunicacional. • Nas narrativas contemporâneas, prevalece o hibridismo. • Permanência das formas clássicas em narrativas lineares. • Enredos não lineares: estranhamento provocado no leitor. • Recursos de narrativas não lineares: intertextualidade, dialogismo, polifonia. UNIDADE II (AULA 2) – Narrativas modernas e contemporâneas - Tempo / Espaço • O tempo pode ser repleto de lacunas ou inapreensível, especialmente no gênero “novela”. • Tempo cronológico: linearidade dos fatos, com princípio, meio e fim. • Tempo psicológico: modos de perceber e sentir o mundo a partir do “lugar de fala” e da ótica do narrador. • Os espaços podem ser múltiplos ou escassos, obedecendo à dinâmica da narrativa. • Os espaços são definidos pelos contextos socioeconômicos, políticos e subjetivos e têm funções específicas na história. UNIDADE II (AULA 3) – Narrativas modernas e contemporâneas - Voz narrativa • Narrador: relata os acontecimentos, revela pensamentos e emoções dos personagens, emite opiniões. • O narrador oferta ao leitor perspectivas sobre a história narrada e sobre os personagens. Em paralelo, no cinema, a voz narrativa é a câmera. • O narrador onisciente possui pleno conhecimento sobre os fatos e os personagens, incluindo pensamentos e sentimentos. • O narrador-personagem vivencia as experiências no tempo e espaço apresentados na narrativa; • A figura do narrador não deve ser confundida com a figura do escritor. • Há poemas com tendência narrativa, mas a “voz” do poema é o sujeito lírico. TEORIAS DA NARRATIVA PROFA. ANGELA CRISTINA UNIDADE III (AULA 1) – Autor, narrador, leitor – Quem assina uma obra? • Para os filósofos gregos, o autor só tinha importância se sua obra servisse à vida prática. • A importância da assinatura de uma obra tem a medida da responsabilidade do autor na criação de mundos e formas de vida. • Reflexão: se não é possível identificar uma obra como inteiramente original, de quem é a assinatura? • A relação entre diversos textos é chamada de intertextualidade. UNIDADE III (AULA 1) – Autor, narrador, leitor – Quem assina uma obra?
• “Valor do texto”: conceito exterior à obra, formado por nomes
e instituições que constroem a imagem do autor e conferem relevância artística e política à obra. • Roland Barthes reconhece “a morte do autor” como pessoa de domínio absoluto sobre a obra, pois ele já não a cria sozinho. • O próprio autor, quando se torna leitor de sua obra, não a consegue explicá-la com a mesma autoridade que pensava ter quando de sua criação. • Tal proposta representa uma rasura do pensamento iluminista de domínio da razão e justifica-se com os estudos de Freud sobre o inconsciente. UNIDADE III (AULA 2) – Autor, narrador, leitor – O narrador e o leitor
• A cumplicidade entre o leitor e a narrativa ocorre quando o estado de
acomodação é quebrado e já não é possível retornar ao estado inicial da leitura. • O narrador contemporâneo não mais atua como quem transmite saberes ao leitor; seu papel é o de lançar o leitor em um entrecruzamento de experiências desestabilizadoras. • Walter Benjamin identificou que a narrativa, como ato de contar história, extingue-se com o romance moderno, que desloca a narrativa da oralidade para o livro. • Benjamin também viu como ameaça à narrativa tradicional a substituição do saber pela informação. • Nas narrativas contemporâneas, autor, narrador e leitor participam de um jogo de linguagem em que a relação dialógica é fundamental. UNIDADE III (AULA 3) – Autor, narrador, leitor – Egografias
• Walter Benjamin, em “O Narrador – Considerações sobre a
obra de Nicolai Leskov”, reflete sobre como o narrador mescla as histórias aprendidas com suas próprias experiências. • Nas linguagens artísticas, a subjetividade torna-se instrumento da criação. • Friedrich Nietzsche, em Além do Bem e do Mal, defende que o “eu” deve ser expresso de forma estratégica, pois que a todo instante se transforma. • Reflexão: quando se narra em primeira pessoa, mais se torna público ou mais se esconde o que se pensa e sente? UNIDADE III (AULA 3) – Autor, narrador, leitor – Egografias
• Silviano Santiago: “autoficção” = invenção.
• O conceito de “autoficção” diferencia-se do conceito de “autobiografia”, pois este reflete a vontade de apreensão da realidade. • Egografias: a vida grafa sobre as múltiplas existências. A obra inventa formas de viver. UNIDADE IV (AULA 1) – Formas de narrativa: narrativas expandidas – Romance
• O romance é um gênero narrativo que desdobra o tempo e o
espaço, revelando a história em detalhes. • No romance moderno, a fronteira entre narrador e leitor é rompida, pois ambos participam das experiências narradas. • Segundo Anatol Rosenfeld, os gêneros entrecruzam-se, retirando elementos uns dos outros para compor sua força expressiva. Assim, muitas narrativas evidenciam o lirismo em seu texto. • Os romances modernos apresentam uma “polifonia” que se caracteriza como “carnavalização”, um território particular que expressa o estado emotivo do narrador (Walter Benjamin e UNIDADE IV (AULA 2) – Formas de narrativa: narrativas expandidas – Diferentes formas de narrar • Traços estilísticos: utilização de nuances que caracterizam um texto, independente do gênero ao qual pertença. • Escritas expandidas: as narrativas contemporâneas não possuem formas fixas. Elas se expandem a partir de diversos pontos de contato com outros textos. • “Pós-autonomia”: conceito proposto por Josefina Ludmer, que define a escrita contemporânea como uma “rasura” nas especificidades dos gêneros literários, e a utilização de suportes diversos além do livro. UNIDADE IV (AULA 3) – Crônica – Apreensão do cotidiano