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*Graduação em Letras
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Especialista em Docência do Ensino Superior
Universidade Castelo Branco Rio de Janeiro
Professora Pesquisadora DHL: Literatura e Ensino de Línguas
E-mail: staelmoura@hotmail.com
Introdução
Este trabalho apresenta o estudo de uma pesquisa realizada nos
contos do autor paranaense Dalton Jérson Trevisan, um dos melhores
contistas brasileiros contemporâneos que nascido em 14 de junho de
1925, começou, aos 20 anos, a escrever poesias. Todavia, ao liderar um
grupo literário, teve seu primeiro livro “ Noites de Insônia” publicado pela
editora José Olympio em 1948. Em 1946, publicou a revista “Joaquim”
em homenagem a todos os Joaquins brasileiros. Esta circulou até 1948.
Seus primeiros contos, alguns semelhantes à literatura de cordel,
foram publicados em cadernos de papel-jornal, devido ao desinteresse
dos editores naquela época. Porém, a partir de 1970, alcança fama
internacional. Dedicando-se exclusivamente ao conto, teve somente um
romance publicado: “A Polaquinha”.
A partir de uma linguagem genuinamente popular e direta, Trevisan
faz uma reflexão sobre os habitantes de sua cidade e, inicia uma série
recriações de personagens muito parecidas com as criaturas do mundo
por nós habitado, as quais aproximam a narrativa de uma, digamos,
respeitabilidade. As situações universais plausíveis podem ser
facilmente identificadas, pois há verossimilhança, que valorizando os
mínimos incidentes, reproduz tramas psicológicas e cotidianos
angustiosos. " Não é ofício de poeta narrar o que realmente acontece,
e, sim o de representar o que poderia acontecer, quer dizer, o que é
possível, pois a poesia é mais filosófica e mais elevada do que a
história, pois esta refere a particular e aquela principalmente o
universal."(Aristóteles. 1991.p.47)
O assunto é abordado sob ponto de vista do fazer literário híbrido.
Entretanto, antes de iniciarmos as análises dos contos de Dalton
Trevisan, elucidaremos algumas reflexões referentes às significações
primeiras sobre contos. Faz-se necessário recordar este estudo, com o
objetivo do conhecimento das teorias que, sem dúvida alguma, são
imprescindíveis para a compreensão das obras deste autor.
1. Um Breve Olhar Sobre Conto
Sabe-se que o emprego do vocábulo “conto” ou “commentum”
(Latim), invenção, ficção, sofreu várias vicissitudes históricas. Durante a
idade média designava a simples enumeração ou relato de
acontecimentos, sem vincular-se particularmente a determinado tipo de
expressão literária. Em seu lugar, usavam-se os termos “fábula”,
“apólogo”, etc. A partir do século XVI, a palavra “conto” adquire
conotação específica.
De gênese desconhecida, o conto remonta aos primórdios da
própria arte literária. Alguns exemplares podem ser localizados milhares
de anos antes do nascimento de Cristo. Na Bíblia, os episódios de
Salomé e Rute, são bons exemplos. Na antiguidade clássica,
encontram-se alguns trechos tais como Odisséia e Metamorfoses do
poeta romano Ovídio (século I a.C. - I d.C.), além das belas fábulas de
Fedro e Esopo. Todavia, segundo Massaud Moisés especialista em
literatura portuguesa e literatura brasileira, possuidor de uma vasta obra
ensaísta, autor, entre outros livros, de A Criação Literária: Introdução à
Problemática da Literatura; e Análise Literária, é do Oriente que vêm os
espécimes mais autênticos. Na Pérsia e Arábia, As Mil e uma Noites,
Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, Simbad, o Marujo, Ali Babá e os
Quarenta Ladrões, etc.
Durante os últimos séculos da era medieval, o conto é
superiormente cultivado na Itália, por autores como Boccaccio, com a
obra Decameron e na Inglaterra por Chaucer, com Canterbury Tales
com relatos que incluem temas tais como adultério, vingança, amor
sincero, luxúria, avareza e penitência. Com a Renascença, desencadeia
o aparecimento de uma série de contistas. Toda essa produção marcada
por artificialismo ou impregnações moralizantes, acusa declínio em
relação à Idade Média e no século XIX, o conto se define e conhece
uma época de esplendor, ganhando plena categoria literária, estrutura
diferenciada e passa a ser amplamente cultivado. Surgem por toda parte
escritores talentosos, não raro voltados notadamente para a narrativa
breve e concisa, como Maupassant, na França, Edgar Allan Poe, nos
EUA, Hoffmann, na Alemanha, entre outros. Portugal e Brasil não
ficaram à margem e apresentaram grandes escritores tais Eça de
Queirós, Machado de Assis, Coelho Neto e outros.
O surgimento de uma nova geração de escritores, a partir, mais ou
menos de 1945, serve como ponto de referência para traçarmos uma
análise da prosa literária contemporânea. Iniciaremos apontando
algumas características que ajudarão na compreensão dos caminhos
traçados por Dalton Trevisan. Destacaremos a priori, o interesse nas
análises psicológicas dos personagens, que segundo Douglas Tufano,
leva-nos a uma abordagem penetrante dos problemas gerados pela
tensão existente entre os indivíduos e o contexto social em que vivem.
Essa abordagem, por vezes, realiza-se de forma direta, numa linguagem
objetiva e forte, conduzindo o leitor ao âmago das misérias do quotidiano
e aos mecanismos de opressão do mundo contemporâneo. (Campedelli,
1998)
Durante os anos de 60 e 70, vários escritores passaram a produzir
textos para as “massas” que possuíam acesso à literatura. Entre 1962 e
1964, o surgimento dos Centros Populares Culturais (CPCs) e do
Movimento de Cultura Popular (MCP) propiciou uma produção literária
voltada para um público que se reunia em comícios, passeatas e
assembléias. Era uma produção que trazia para a literatura a discussão
de vários temas, entre os quais, melhores condições de vida. A partir de
1967, o conto foi privilegiado e, essa narrativa curta, contribuiu para a
democratização literária, alimentando o gosto ficcional de um público
médio que se adaptava muito mais à leitura rápida, característica dos
tempos de incentivo ao consumo.
Com muita propriedade, uma das melhores obras deste autor chama-se
perpétuo. Por causa disso, a contínua violência física que infligem uns
sangue dos corações solitários, rapaz que vaga pela cidade em busca
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jul. 2010.