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PORTUGUÊS
Dados biográficos de Graciliano Ramos, Características literárias e Leitura
crítica da obra Vida Secas de Graciliano Ramos.
RESUMO
Ler criticamente não envolve apenas reproduzir o que está posto, mas decodificar
e interpretar a mensagem proposta. Essa leitura tem primordial importância na
formação do indivíduo enquanto sujeito na construção do país, pois quanto mais
consciente o povo faça sua história, tanto mais que o povo perceberá com lucidez
as dificuldades que têm a enfrentar, no domínio econômico, social e cultural, no
processo permanente de sua libertação. Diante desse pressuposto, propomos
nesta pesquisa, fazer uma leitura crítica da obra Vida Secas de Graciliano Ramos.
INTRODUÇÃO
1. O ROMANCE
Estas diferenças entre a epopéia e seu mais ilustre descendente levaram o filósofo
alemão Hegel, nos primórdios do século XIX, a cunhar a célebre afirmação: “O
romance é a epopéia de um mundo sem deuses”, ou seja, o romance é a epopéia
do cotidiano.
Em 1894, a família muda-se para Buíque, onde o escritor tem contacto com as
primeiras letras. Em 1904, retornam ao Estado de Alagoas, indo morar em
Viçosa. Lá, Graciliano cria um jornalzinho dedicado às crianças, o "Dilúculo".
Posteriormente, redige o jornal "Echo Viçosense", que tinha entre seus redatores
seu mentor intelectual, Mário Venâncio.
Em 1905 vai para Maceió, onde frequenta, por pouco tempo, o Colégio Quinze
de Março, dirigido pelo professor Ângelo Marques Barbosa.
Com o suicídio de Mário Venâncio, em fevereiro de 1906, o "Echo" deixa de
circular. Graciliano publica na revista carioca "O Malho" sonetos sob o
pseudônimo de Feliciano de Olivença.
Em 1943, falece sua mãe em Palmeira dos Índios. Em 1946, publica "Histórias
incompletas", que reúne os contos de "Dois dedos", o conto inédito "Luciana",
três capítulos de "Vidas secas" e quatro capítulos de "Infância".
Seus livros "Vidas secas" e "Memórias do cárcere" são adaptados para o cinema
por Nelson Pereira dos Santos, em 1963 e 1983, respectivamente. O filme "Vidas
secas" obtém os prêmios "Catholique International du Cinema" e "Ciudad de
Valladolid" (Espanha). Leon Hirszman dirige "São Bernardo", em 1980.
2.2. Obras
Romances: Caetés (1933); São Bernardo (1938); Angústias (1936); Vidas Secas
(1938).
Havia muitas coisas. Ele não podia explicá-las, mas havia. Fossem perguntar a
seu Tomás da bolandeira, que lia livros e sabia onde tinha as ventas. Seu Tomás
da bolandeira contaria aquela história. Ele, Fabiano, um bruto, não contava
nada.
3.2. Enredo
O menino mais novo sonha ser como o pai, já o mais velho desejava a presença
de um amigo, conformando-se assim com a presença de sua cadela Baleia, a qual
portava-se não como um animal, mas sim tratada com um ente e ajudava Fabiano
e sua família a suportar as péssimas condições.
Fabiano é solto e continuando assim sua vida na fazenda. Sinhá Vitória desconfia
que o patrão de Fabiano estaria roubando nas contas do salário do marido. A
família participa da festa de Natal da cidade onde se sentem humilhados por
diversos "patrões" e "Soldados Amarelos". Baleia fica doente e Fabiano a
sacrifica.
A seca atinge a fazenda e faz com que toda a família fuja novamente, só que
desta vez, todos vão para o Sul, em busca da cidade grande, sem destino e sem
esperança de vida.
3.3. O narrador
3.4. Tempo
O tempo de narrativa medeia duas secas. A primeira que traz a família para a
fazenda e a segunda que a leva para o Sul. Mesmo possuindo algumas referências
cronológicas na obra, o tempo é psicológico e circular.
3.5. Os personagens
Personagem Protagonista
FABIANO
Antagonista
SOLDADO AMARELO
SINHÁ VITÓRIA
Seu inconformismo faz com que ela se transforme em uma pessoa queixosa,
sendo impaciente com os filhos e um tanto quanto amargurada.
São crianças pobres e sofridas que não tem noção da miséria em que vivem. O
mais novo vê no pai um ídolo, sonha sobressair-se realizando algo, enquanto o
mais velho é curioso, querendo saber o significado da palavra inferno, desvendar
a vida e ter amigos.
O DONO DA FAZENDA
TOMÁS DE BOLANDEIRA
3.6. O ambiente
O termo “homem” certamente não designa gênero. Homens como sinhá Vitória?
Homens como os dois meninos? Homem aqui tem outro sentido, o mesmo que
Euclides da Cunha aplicou ao sertanejo. Representa força, capacidade de
resistência, disposição voluntária para mudar a vida, vitória sobre as mais
terríveis circunstâncias. Fabiano e seus familiares são homens e não bichos.
Vidas Secas: o título afronta duas formas de narrar (tendências narrativas) que
pendem mais para se excluir do que para se unir. A primeira linha é a sociológica
"secas" onde tenta fazer um romance realista regionalista; a segunda linha a
psicológica "vidas", a do realismo psicológico. Impondo-se com o romance
psicológico onde a análise se sobrepõe o documentário sociológico.
A energia vital física que lhe permite resistir aos obstáculos e que é indispensável
preservar cautelosamente, sem esbanjamentos inúteis, como aparece em
"Mudança", em que Fabiano ao avistar o pátio "cerca" de uma fazenda sentiu
vontade de cantar a sua alegria, mas logo se conteve: "Calou-se para não
estragar força"pág.12
Deus, Nossa Senhora, os santos e sinhá Terta com as suas rezas. Deus podia
afastar alguns males, a reza da Ave-Maria reza forte "podiam esconjurar a seca e
curar a novilha raposa que andava tresmalhada". Fabiano e a família vão a
igreja pelo Natal "Festa" rezam para esconjurar os malefícios e doenças do gado,
mas não reconhecem Deus como origem das situações más, por isso esperam
dele as boas, como se ele "Deus" fosse um intercessor junto do Destino.
O narrador assume qualquer uma das cinco personagens: Fabiano, Sinhá Vitória,
o menino mais velho, o mais novo e a cachorra "Baleia"; cuja linguagem das
personagens não vão além de monossílabos, por isso não pode analisar nem se
expressar sozinhas. Cada personagem é especialmente analisada no capítulo que
lhe pertence, com título apropriado e colocado em relação com as outras nos
outros capítulos.
"[...] Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse.
Como isto não acontecesse, espiou os quatros cantos, zangado, praguejando
baixo “pág. 9
Isto é o comportamento do pai perante o filho mais velho. E no capítulo que lhe
pertence o que aconteceu em "Mudança" é explicado com mais detalhe.
b"[...] Ele, o menino mais velho, caíra no chão que lhe torrava os pés. [...] Mal
sentia as pancadas que Fabiano lhe dava com a bainha fada de ponta. “pág. 59
Mas como Graciliano Ramos faz uso do discurso indireto livre e agrega a
personagem ao narrador; forjando, assim, um monólogo onde apenas o narrador
conta a história. Lembrando-se que as falas das personagens são monossilábicas,
e o devaneio que são as falas do personagem parece o estado mental do narrador.
As informações concretas são bem poucas, não são marcos absolutos e claros,
mas relativos a outros marcos que se encadeiam em ate cedentes imprecisos.
" [...] voltou-se e deu de cara com o soldado amarelo que, um ano antes, o
levara á cadeia [...]" pág. 99
"Alguns anos" este plural indica que um ano é insuficiente para conter toda a
matéria do romance ou a vida é um ciclo de retomadas.
Vidas Secas começa com uma fuga e acaba com outra, a ação fecha-se num
círculo. A vida do sertanejo se organiza, do berço à sepultura, o perpétuo retorno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar, e por causa, desta investigação, pudemos perceber que já existem alguns
estudos e muitas perguntas sobre a criticidade na leitura. Porém, podemos
encarar isto como positivo, porque é somente através da curiosidade, do
levantamento de questões que às vezes parecem sem resposta, que poderemos
investigar, acoplar ou desprezar conceitos que nos mostrarão caminhos
alternativos no ensino/aprendizagem.
Podemos concluir ainda que temporariamente, a melhor coisa que uma escola
pode oferecer aos alunos, é a leitura, sem dúvida, é uma grande herança da
educação, é o prolongamento da escola na vida, já que a maioria das pessoas, no
seu dia-a-dia, lê muito mais do que escreve.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988,
38a edição.
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