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Material teórico
Conceito de Literatura e suas Características
Revisão Textual:
Prof. Dr. Manoel Francisco Guaranha
Conceito de Literatura e suas Características
• Conceito de Literatura
• Intertextualidade
• A Metalinguagem
Recomendamos que siga o seguinte roteiro para que tenha um melhor aproveitamento da unidade:
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Unidade: Conceito de Literatura e suas Características
Contextualização
Veja o que diz Mário Quintana, em seus versos intitulados “Um bom poema”:
Quando Mário Quintana diz que o poema “está lendo a gente”, revela que a literatura faz uma
leitura do mundo que nós, seres humanos, construímos, logo a impressão que fica é que o
texto literário fala algo sobre nós, em sentido amplo, mas que pode atingir a nossa vida em
particular, do nosso cotidiano. O exemplo a seguir, é de um poema de Manuel Bandeira,
intitulado “O bicho”, escrito na década de 40.
O bicho
Diálogo com o Autor
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos. Observe a atualidade do assunto do
poema e como o seu texto fala sobre a
Quando achava alguma coisa, realidade humana, mais especificamente
Não examinava nem cheirava: do homem em uma situação tão precária
Engolia com voracidade. que é igualado a um bicho. Você já deve
O bicho não era um cão, ter percebido aqui como esse texto
Não era um gato, literário é capaz de despertar sentimentos
como indignação, revolta, sentimento de
Não era um rato. culpa e impotência diante da realidade
O bicho, meu Deus, era um homem. social de países que sofrem com a
desigualdade social. Trata-se de uma cena
(Disponível em que podemos contemplar cada vez mais
http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandei nas cidades e revela que o poema trata de
ra03.html. um tema que ultrapassa o tempo e o
Acessado em 12 de maio de 2012.) nosso país.
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Conceito de Literatura
Você, provavelmente, já teve contato com algum texto literário. Deve ter lido, ao longo
de sua vida, poemas, contos, romances, crônicas, peças de teatro etc. No momento
dessa leitura, você já se perguntou o que é literatura? O que diferencia esses textos
literários que você leu dos não literários? Quando surgiu a noção de literatura? Essas
são algumas perguntas que vamos tentar responder nessa unidade.
Essa breve observação histórica acerca da palavra literatura ainda não resolve muitas
das questões colocadas anteriomente, pois você deve se perguntar agora o que é essa
literatura que 0abrange a poesia e a prosa de ficção? Como posso saber se um texto é
literário ou não?
Para Culler, o que é fictício é o ato de narrar, de descrever os personagens etc. Isso
significa que o texto literário não é puramente ficcional, na medida em que representa uma
realidade possível e não a realidade imediata.
Vamos ver um exemplo disso no livro A linguagem literária, de Domício Proença
Filho (2007, p.5). Quando uma pessoa diz a seguinte frase: - Uma flor nasceu no chão da
minha rua! Considerando a situação da fala, a impressão que se tem é que essa situação
realmente ocorreu, ou seja, que o interlocutor fez uma seleção de palavras de seu idioma e
estabeleceu uma sequência que conferem à frase uma relação com a realidade imediata.
Agora observe o fragmento do poema a seguir:
Observe que a frase mencionada, anteriormente, aparece neste texto combinada com
outros elementos, fazendo um uso especial da língua. Domício Proença Filho (2007, p.6-7)
observa que, nesse fragmento do poema “A flor e a náusea”, de Carlos Drummond de
Andrade, não somente a distribuição das palavras no espaço proporciona um certo ritmo, mas
a palavra “flor”, associada as demais afirmações, confere um sentido múltiplo, ou seja, a flor
dessa rua deixa de ser um elemento vegetal, concreto, como na frase citada, e assume um
sentido no próprio texto (mesmo remetendo a uma realidade dos homens e do mundo), como
a esperança de mudança.
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O autor chega a seguinte conclusão:
Você já deve ter notado, então, que o papel interativo do leitor é muito importante
para desvendar o discurso literário. Por isso, quanto mais repertório tivermos, com pesquisas
em livros, em sites acadêmicos, em cursos etc, mais ampliamos nossa capacidade de
interpretação e análise do texto literário.
A pergunta que Candido nos faz é: por que a arte e a literatura não podem ser bens
incompressíveis, como a alimentação, a moradia, a instrução, o vestuário, a liberdade
individual etc? A literatura pode ser uma necessidade desse tipo? O que você acha?
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Unidade: Conceito de Literatura e suas Características
Antes de responder a essa questão, veja que o crítico nos apresenta um conceito bem
amplo de literatura como aquela que compreende
“todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis
de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos
folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção
escrita das grandes civilizações.” (1995, p.68).
Candido argumenta que ninguém consegue passar vinte e quatro horas do dia sem se
entregar, em algum momento, ao universo fabulado ou imaginário. Esse contato pode ocorrer
desde um devaneio amoroso no ônibus, passando pela novela de televisão até a leitura de um
romance.
Para Candido, a função da literatura é humanizar e nessa condição, de humanizadora,
ela apresenta três faces:
As três faces, juntas, caracterizam o texto literário. Porém, é a primeira face, ou a forma
de organizar o discurso ou mensagem que principia o nível humanizador, que é aquilo que
confere ao homem a capacidade de refletir, adquirir o saber, ter boa disposição para com o
próximo, afinar as emoções, perceber a complexidade do mundo e dos seres etc. Nesse
sentido, “o conteúdo só atua por causa da forma” (1995, p.72). Como vimos anteriormente, o
fragmento do poema de Drummond, sobre a flor que nasce na rua, pode desempenhar esse
papel humanizador, na medida em que organiza um discurso que transcende a realidade
cotidiana, proporcionando novas associações e interpretações acerca do mundo, criando
novas formas de dizer.
Candido também considera que o papel humanizador da literatura está também em
sua capacidade de focalizar situações de restrição dos direitos humanos, como observamos
nos romances sociais de Graciliano Ramos, Aluísio Azevedo, Émile Zola, entre outros.
Encerramos essa breve introdução ao conceito de literatura com uma reflexão do
próprio Antonio Candido que, ao discutir as várias formas de literatura, da erudita a popular,
e o acesso das mesmas aos diferentes níveis sociais, problematiza o caso brasileiro:
A este respeito o Brasil se distingue pela alta taxa de iniqüidade, pois como é
sabido temos de um lado os mais altos níveis de instrução e de cultura erudita,
e de outro a massa numericamente predominante de espoliados, sem acesso
aos bens desta, e, aliás, aos próprios bens materiais necessário à sobrevivência.
(1995, p.74)
Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da
arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito
inalienável. (1995, p.76)
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Para Pensar
Candido acredita que a sociedade brasileira mantém a desigualdade como regra, por isso a literatura
erudita, considerada mais complexa, como os textos de Machado de Assis, João Guimarães Rosa,
Tomás Antônio Gonzaga, Cecília Meireles etc não chegam às classes populares. Você concorda com
essa ideia de Candido?
A sugestão que o crítico nos apresenta antes de iniciar a análise de um texto literário é
conhecer as palavras nele empregadas no seu sentido primeiro, do dicionário. Em seguida,
passa-se a estudá-las dinamicamente, ou seja, o sentido que elas adquirem com relação às
demais, no corpo do texto, podendo assumir um sentido figurado ou conotativo. Assim,
quando o estudioso Domício Proença Filho destaca a palavra “flor” no poema de Carlos
Drummond de Andrade observamos que esta assume uma dimensão conotativa que,
associada às demais palavras do poema, gera diferentes significados, que são gerados a partir
das impressões emotivas do poeta em relação à sua época.
Segundo Mattoso Câmara Jr., citado por Domício Proença Filho (2007, p.33), a
conotação está ligada às funções emotiva e conativa e depende dos seguintes fatores: 1)
aspectos fônicos do vocábulo; 2) associação com outras palavras; 3) a própria denotação; 4)
pertencer a palavras a uma dada língua especial; 5) situar-se entre os arcaísmos e
regionalismos; 6) impressões emocionais coletivas ou mesmo individuais (de época).
Voltando à imagem da “flor”, presente no poema de Drummond, pode-se dizer que ela
pode ser uma metáfora da poesia, aqui exposta de maneira surpreendente, pois concentra
atributos inversos aos estabelecidos pela tradição poética, ou seja, ela é desbotada, sem cor,
sem nome, é feia. Seu nome não está nos livros, nos dicionários, ou seja, é uma flor que ao
nascer ainda não tem sentido, mas que é capaz de gerar um novo sentido, conotativo, a partir
das impressões do poeta, ou seja, da função emotiva de quem expressa, o remetente, e das
impressões do leitor, destinatário.
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Unidade: Conceito de Literatura e suas Características
Para isso, o poeta torna de novo presente a realidade “flor”, para que possamos ter
dela uma visão mais profunda e complexa, que escapa à nossa percepção imediata, ou seja,
ele propõe, com isso, uma representação ou interpretação da realidade e isso se dá por meio
da linguagem. Essa linguagem repercute em nós leitores na medida em que diz respeito a
processos psíquicos, sociais e existenciais que coincidem com o nosso ser enquanto ser social.
O que podemos entender por signo linguístico? De maneira geral, é tudo que possa
estar no lugar de outra coisa ou representa outro, segundo Charles Sanders Peirce. Para o
linguista Ferdinand Saussure, o signo é composto de duas faces: o significante, que
corresponde à imagem acústica ou manifestação fônica do signo; e o significado, que é o
conceito, o sentido do signo linguístico. Por exemplo, o signo linguístico “vaso” (está no lugar
do objeto) e une o conceito da palavra a sua imagem acústica, ou seja, seu som representado
em nosso cérebro.
Ao fator cujo enfoque seja a mensagem por ela própria, temos a função poética da
linguagem. Jakobson destaca que qualquer tentativa de reduzir a esfera da função poética à
poesia ou de confinar a poesia à função poética seria uma simplificação excessiva e
enganadora. A função poética não é a única função da arte verbal, mas tão somente a função
dominante. Ela pode ser observada por meio das formas das palavras, da sonoridade, do
ritmo, das novas possibilidades de combinações dos signos linguísticos, proporcionando novos
jogos de imagens e de ideias. Com isso, a mensagem é elaborada de forma imprevista e
inovadora o que caracteriza os textos literários e publicitários.
É importante destacar que as funções não se excluem: é raro encontrar uma mensagem
com apenas uma função, além disso, identificar as funções é uma forma simples de
interpretação da mensagem. Vejamos, agora, como os elementos da comunicação
apresentados por Jakobson podem ser observados na interpretação do poema a seguir, de
Manuel Bandeira:
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Unidade: Conceito de Literatura e suas Características
Irene no céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Na primeira estrofe, notamos uma frase toda feita de enumeração, sem verbo, com a
repetição do substantivo Irene, numa anáfora caracterizadora da expressividade com que
pretende jogar diante dos nossos olhos a figura central do poema. Mesmo sendo uma estrofe
que faz a descrição de Irene, de forma objetiva, que pode levar o leitor a identificar a função
referencial, considerando Irene como referente. Porém, a segunda estrofe do poema revela
que Irene não é mais do que referente, é destinatário da mensagem, pois é a ela que o poeta e
São Pedro voltam as suas mensagens, no sentido de persuadi-la a entrar no céu sem precisar
pedir licença. Dessa forma, observamos que a função conativa ou apelativa se faz presente.
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O poeta Manuel Bandeira ao produzir a linguagem para esse poema Irene no céu,
produz também um discurso que não deixa de ser “uma atividade comunicativa entre
interlocutores; atividade produtora de sentidos que se dá na interação entre falantes”,
conforme observou Helena Brandão (p.2). Ainda, segundo a estudiosa, todo falante/ouvinte,
escritor/leitor estão inseridos em um determinado tempo histórico, espaço geográfico,
pertencem a um determinado grupo que possui determinadas crenças, valores culturais,
sociais, ou seja, uma ideologia. Sendo assim, “todo discurso produz sentidos que expressam
as posições sociais, culturais, ideológicas dos sujeitos da linguagem.” (p.3) Assim, segundo
Bakhtin (2002, p.141), o discurso só tem sentido num contexto em que é produzido, além
disso, ele é também dialógico porque quando falamos ou escrevemos, dialogamos com outros
discursos, trazendo a fala do outro para o nosso discurso.
Podemos sintetizar este item, citando algumas características que marcam o discurso
literário, levantadas por Domício Proença Filho (2007, p.40-50):
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Unidade: Conceito de Literatura e suas Características
Intertextualidade
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O poema de Augusto Linhares, publicado em 1948, utiliza o poema (texto) Irene no
céu, de Manuel Bandeira, publicado em Libertinagem, de 1930. Observe que Linhares, com
outras palavras e expressões, como “Dodora”, “meu Santo”, “Chaveiro” etc, apresenta o seu
poema também em duas estrofes, substitui o nome Irene por Dodora, mas a situação
permanece a mesma: Dodora como Irene consegue entrar no céu e não precisa pedir licença.
Note que o diálogo desencadeado pela figura feminina aparece logo na primeira estrofe. E a
referência a uma mulher negra, preta, aparece no título do poema, sendo retomado na
segunda estrofe com a citação de um hábito relacionado à “mãe preta”, o fumar cachimbo.
Mas não foi só Linhares que imitou esse poema de Manuel Bandeira, no seu exercício
de intertextualidade. Outros poetas também praticaram esse diálogo com Irene no céu. Veja o
que o poeta contemporâneo Mário Barbosa, escreveu:
Irene preta!
Boa Irene um amor
mas nem sempre Irene
está de bom humor
(BERTOZZI, 2007)
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Unidade: Conceito de Literatura e suas Características
O título do poema já chama a atenção pois propõe apresentar algo não dito no poema
de Bandeira: “O que não dizia o poeminha de Bandeira”. O poeta ressalta que nem sempre
Irene está de bom humor e São Pedro pede que ela entre pela entrada de serviço. O sentido
original do poema de Bandeira é subvertido na medida em que Irene, mesmo depois de
morta, deve continuar submissa. Porém, sua reação imprevisível apresenta uma resposta
cortante, que se impõe sobre São Pedro e expõe o problema do racismo até no céu. Márcio
Barbosa, com humor e ironia, resgata também o sobrenome do poeta “bandeira”, deixando
explícito na gíria “não dá bandeira”, no sentido de que Irene está em oposição à Irene de
Bandeira, pois tem consciência do preconceito de raça, não admite ser tratada como diferente
e se impõe diante do branco.
Você deve ter notado que os dois poemas, tanto de Augusto Linhares quanto o de
Márcio Barbosa são exemplos de textos intertextuais, na medida em que dialogam, cada um a
sua maneira, com o poema de Manuel Bandeira.
No próximo item, vamos observar como alguns escritores escrevem sobre o próprio ato
de escrever, ao focarem em seus textos, a função metalinguística, conforme vimos nas funções
da linguagem propostas por Roman Jakobson.
A Metalinguagem
Samira Chalhub (2002, p.8) explica que (…) a linguagem da linguagem (…) é
metalinguagem – uma “leitura relacional”, isto é, mantém relações de pertença porque implica
sistemas de signos de um mesmo conjunto onde as referências apontam para si próprias, e
permite, também, estruturar explicativamente a descrição de um objeto.
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No entanto, os exemplos que vamos ver adiante não estão no terreno da tradução,
mas de que forma a literatura fala sobre ela mesma, ou seja, como o código (a
linguagem literária) falando sobre o código (a linguagem literária). Se continuarmos
no exemplo de Manuel Bandeira, podemos encontrar o trabalho metalinguístico nos
seguintes versos:
Desencanto
Você deve ter notado que o poeta escreve sobre o próprio ato de poetar, escrever
versos. Pode-se dizer que além de ser um exercício de metalinguagem, trata-se de um
metapoema, que descreve o ato de fazer poesia como uma espécie de “válvula de escape”,
como um desabafo de um ser que sofre e espera a morte. Palavras como “versos” (reiterada
várias vezes ao longo do poema) e “livro” compõem o percurso figurativo do “fazer poético”.
Mais especificamente, porém, podemos dizer que o tema é o do “fazer poético”, como fuga do
sofrimento. Já o poema Canção, de Cecília Meireles é um outro exemplo de metapoema:
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Unidade: Conceito de Literatura e suas Características
CANÇÃO
Para não ficarmos com apenas exemplos de textos literários em verso, vamos à prosa,
mais propriamente, à narrativa. Vejamos como Machado de Assis desenvolveu, em um dos
seus romances, a metalinguagem ou, no caso, a metanarrativa:
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“Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica;
vício grave, e, aliás, ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu
tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e
nutrida, o estilo regulare fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios,
guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram,
gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem.” (ASSIS, 2001, p.172)
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Unidade: Conceito de Literatura e suas Características
Material Complementar
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Referências
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo, Ateliê Editorial,
2001.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1993.
FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo, Ática, 2006.
SOUZA, Roberto Acízelo de. Introdução aos estudos literários: objetos, disciplinas,
instrumentos. São Paulo, Martins Fontes, 2006.
Anotações
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