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ENSINO DE PORTUGÊS
2º Ano
Código:
INSTITUTO SUPER
Toda a reprodução deste manual, sem prévia autorização da entidade editora, é ilícita e passível
de procedimento judicial contra o infractor.
Agradecimentos
i
ISCED CURSO: LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS - 2º Ano Módulo: Literatura Moçambicana
Pela Revisão
Elaborado Por:
Índice
Visão geral 5
Introdução.............................................................................................................................13
ii
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Sumário
.........................................................................................................................................23
Exercícios………………………………………………………………………………24
UNIDADE 2. LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: Moçambique
28
Introdução ...............................................................................................................28
Sumário .............................................................................................................................35
Exercícios………………………………………………………………………………………
…36
UNIDADE 3. Cartografia da Literatura Moçambicana no Contexto sócio-histórico dos anos
30 40
Introdução
..............................................................................................................................40
Sumário
.........................................................................................................................................47
Exercícios………………………………………………………………………………………
…48
UNIDADE 4. Realismo Nacionalista (Sécs. XIX e XX) e algumas correntes: o Pan-
africanismo e a Negritude
52
Introdução
..............................................................................................................................52
Sumário
.........................................................................................................................................58
Exercícios………………………………………………………………………………………
…58
UNIDADE 5. PERIODIZAÇÃO LITERÁRIA MOÇAMBICANA 63
Introdução
.............................................................................................................................63
iii
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Sumário
.........................................................................................................................................84
Exercícios………………………………………………………………………………………
…84
UNIDADE 6. O Papel da Imprensa para o Advento da Literatura Moçambicana
89
Introdução
............................................................................................................................89
Sumário
.........................................................................................................................................96
Exercícios………………………………………………………………………………………
…97
Introdução
............................................................................................................................100
Sumário
.......................................................................................................................................111
Exercícios………………………………………………………………………………………
……………………………………….112
UNIDADE 8. Panorama Histórico da Literatura Moçambicana pós-independência
116
Introdução
............................................................................................................................116
Sumário
......................................................................................................................................125
iv
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Exercícios………………………………………………………………………………………..
125
UNIDADE 9. Produção de Ensaios de Autores Moçambicanos
129
Introdução………………………………………………………………………………………
………………………………..129
Sumário
.......................................................................................................................................150
UNIDADE 10. ALGUMAS PISTAS DE ANÁLISE ESTÉTICO- LITERÁRIA (textos /
obras) 151
Introdução
...........................................................................................................................151
Sumário
.......................................................................................................................................184
BIBLIOGRAFIA………………………………………………………………………………
…………………………………………………189
v
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Visão geral
A rigor, não se ensina literatura enquanto arte, mas antes os factos objectivos
que instituem e disciplinam essa arte. Enquanto expressão artística, a
literatura é uma abstracção conceptual, ao passo que os factos que nos
permitem identificar objectivamente tal expressão e indiciá-la como
fenómeno artístico é que constituem o lado ensinável da literatura. Qualquer
definição de literatura é o fim da literatura e não o seu fim, no sentido de
finalidade determinada em função dos dados literários indiciados.
A literatura é fundamentalmente uma prática epistemológica da estética, isto
é, um exercício de recriação do mundo através da linguagem que nos
esforçamos por realizar em determinadas condições e produzir determinados
efeitos e cujo resultado final terá de ser sempre a produção de um novo
significado, que escreveremos Significado, para dizer que se trata de um
universo de sentidos.
Quando julgamos ter finalmente encontrado os limites ou os contornos certos
do que seja a literariedade dos textos, já estamos atrasados em relação aos
textos que vão ser escritos / criados amanhã.
Deste modo, com o presente manual pretendemos exercitar a compreensão
oral e escrita e, através de diversificados textos, desenvolver o espírito
crítico-reflexivo do fenómeno literário.
Objectivos do Módulo
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Páginas introdutórias
Um índice completo.
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Outros recursos
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Comentários e sugestões
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos,
quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-pedagógica, etc,
sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas
observações que, em gozo de confiança, classificámo-las de úteis, o
próximo módulo venha a ser melhorado.
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de
Habilidades de estudo
Caro estudante!
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É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante
um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em
profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o
anterior.
Privilegia-se saber bem (com profundidade), o pouco que puder ler e estudar,
que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao
agradável: saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo.
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Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias
deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir
como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao
estudo e a outras actividades.
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material
de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza,
alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza,
fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc.). Nestes casos, contacte
os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos
(CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.
13
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O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo
de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe
situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas.
Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos
colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os
conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.
14
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Avaliação
1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
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UNIDADE 1
Introdução
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2
Pathé Diagne em “Pensamentos e problemas culturais em África” in Introdução à Africana,
ed. 70, Lisboa, (pp. 139-191), adianta, ainda a propósito do fenómeno “contradição” que
uma das particularidades do facto cultural reside na ambiguidade, pois revela elementos e
linhas de evolução amiúde contraditórias e divergentes. Tem a medida a sua medida no
Homem. A instituição, a visão estética ou ética que ele subentende, as significações que
atribui aos objectos, aos seres, ao fenómeno cultural, económico, às relações de ser ao outro
ou ao objecto não revestem um valor permanente senão em função de escolhas e contextos
determinantes. Mas a cultura não é um fenómeno ambíguo. Ela é um valor conflitual pois
as culturas, as instituições estabelecem entre si relações de força, defendendo interesses. Um
património cultural, linguístico ou institucional define um quadro de referência, um
instrumento de organização.
3
Cf. MANJATE, Teresa. O Simbolismo no Contexto Proverbial Tsonga e Macua –
Lómwè, Maputo. CIEDIMA, 2000.
17
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4
Bouvier et all, Tradition Orale et Identié Culturalle – Problemes et Methodes.
CNRS, Paris, 1980.
18
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Por seu turno, Luís da Câmara Cascudo5 entende literatura popular como
sendo que permanece na memória e é transmitida pela voz. Se partirmos
da origem textual, essa definição afigura-se-nos com alguma
inconsistência pelo facto de não se referir de forma forma específica a
origem do texto6. Como sabemos, muitos são os textos originariamente
5
Cf. Cascudo (1984) Literatura Oral no Brasil, 3ª ed., Itália, Belo Horizonte
6
Cf. Ana Cristina Lopes (1983) “Literatura culta e literatura tradicional de transmissão oral:
a bipartição da esfera literária ” in Cadernos Literários, CLP da Universidade de Coimbra,
nr. 15, INC, Coimbra. Neste artigo a autora analisa várias designações, apontando para o
facto de “…cada uma destas expressões comporta, evidentemente, um juízo de valor mais
explícito ”. (pp.43-44)
19
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Nesta tentativa de definição, uma vez mais a oralidade dos textos – traço
axiológico fundamental – não se faz presente, não é perceptível a partir
da designação que se lhe confere.
20
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7
Cf. Lourenço do Rosário. A Narrativa Africana, 1ª ed. ICALP, Lisboa (1990), (PP. 53-
54)
8
SCHIPPER, Mineke. Oral literature and written orality. In Viva Voz, Belo Horizonte, s/
d.
21
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9
Op. cit.
22
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1.2.Literatura Escrita
Substituta da língua oral – mas não só – , dela não difere apenas pela
substância gráfica em oposição à fónica. Akinnaso (1982:111) explica
que elas são “estruturas diferentes porque diferem quanto ao modo de
aquisição; método de produção, transmissão e recepção e nas formas
em que os elementos de estrutura são organizados10”.
10
AKINNASO, F. N. Sobre as diferenças entre a linguagem escrita e a falada. Language
and Speech. Teddington kingston Press Services, 1982.
23
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É daí que Ilari (1978:10), entende que o texto escrito “precisa, por assim,
dizer, construir linguisticamente os momentos, indivíduos e lugares a que
faz referência”, ao contrario da expressão falada em que “uma forte
quantidade de implícitos admissível pelo facto de que os interlocutores
estão inseridos numa situação comum13”.
11
URBANO, Hudinilson. Oralidade na Literatura: o caso Ruben Fonseca. São Paulo.
Cortez. 2000.
12
PRETI, D. Sociolinguística: os níveis de fala. 7ª ed. Ver. e aum. São Paulo, Nacional,
1994.
13
ILARI, R. Algumas opções do professor de português no segundo grau. Subsídios à
proposta curricular de língua portuguesa para o 2º grau. V. 1, São Paulo, CENP, 1978.
24
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14
DUCROT, O. e TODOROV, T. Dicionário das Ciências da Linguagem. Lisboa, D.
Quixote, 1973.
25
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Outra diferença entre os dois sistemas está relacionada com o (s) código o
(s) envolvidos na produção textual.
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Cada um dos sistemas cumpre as suas funções nas sociedades em que são
veiculados, não significando, como muitas vezes se pensa que a Literatura
Oral seja inferior à Literatura Escrita.
As culturas de tradição oral não são primitivas, mas sim ligadas à civilização
mitológica, enquanto as culturas europeias baseiam-se numa civilização
lógico-científica.
BIBLIOGRAFIA
15
SEBASTIÃO, Lica et al, Português: Textos e Sugestões de Actividades. Maputo,
Diname, 1999.
29
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SCHIPPER, Mineke. Oral literature and written orality. In Viva Voz, Belo
Horizonte, s/ d.
Sumário
Em síntese:
Na Unidade 1. estudamos e discutimos o conceito da Literatura Oral como
conjunto de todos os contos, lendas, fábulas, provérbios, advinhas, poesias,
narrativas etc. que, criadas pela
30
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Cada um dos sistemas cumpre as suas funções nas sociedades em que são
veiculados, não significando, como muitas vezes se pensa que a Literatura
Oral seja inferior à Literatura Escrita.
I. Auto-avaliação
31
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II Avaliação
32
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Respostas
Auto-avaliação
1- Foi introduzido por W. J. Thomas, em 1846.
2- Para Cascudo literatura popular é aquela que permanece na
memória e é transmitida pela voz.
3- Contos tradicionais, lendas, fábulas, provérbios populares,
advinhas, poesias…
4- A literatura tradicional tem um rico tesouro de provérbios e
adágios, contos ou apólogos, enigmas e cantigas.
A função é social como passatempo ou com finalidade
educativa, com fim moral ou como ficção de saber.
5- Macondes, Macuas, Rongas, e Yaos Senas…
Avaliação
1.a)
2. 1. a)
2.2. a)
3.d)
4. a)X b)X c)X
5. a)V b)V c)F d)V
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UNIDADE 2
Introdução
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Para atingir este propósito, o colonizador não poupou esforços, pois segundo
Hernandez (2008:516) Portugal utilizou a força militar para submeter as
populações a sua burocracia. Mais tarde, Portugal deixou de ser administrado
militarmente e passou para administração civil, como forma de reforçar a sua
sobernia, empenhou-se em destruir o poder local, enfraquecendo o poder dos
chefes tradicionais bem como a unidade das populações, destruindo assim as
suas culturas. Davidson (1969:48) afirma que com a destruição das tradições
das populações africanas abriu-se um espaço para a assimilação e,
conquentemente , para a tentativa de transformar as colonias portuguesas em
componentes do grande Império português. Como consequência deste acto
os países africanos perderam grande parte do seu espolio cultural. Por isso,
Ferreira (1989:9)afirma que o colonialismo de caso pensando
despersonalizou o colonizado reprimiu – o destrui-lhe a imagem coesificou-
o e não lhe permitiu que se tornasse sujeito da história. Criou -lhe um
complexo de inferioridade em relação a sua cultura, aniquilando -o como
cidadão africano.
Ramos (1996:83) por sua vez afirma que a politica da assimilação, adoptada
pelo colonizador português, era suportada pela educação. Pois o indígena
tinha que aprender a ler e escrever na lingua do colonizador, esta missão de
educar era da responsabilidade das missoões religiosas.
Literatura Oral
Não se pode falar do historial das literaturas dos países africanos sem fazer
menção a pré literatura, sua principal fonte. Pois, para Estés (2005:15) a
literatura oral é uma antiga arte de exprimir eventos reais ou fiticios em
palavras, imagens e sons e que as histórias têm sido compartilhadas em todas
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Kanrigana ua Kanringana
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Este período foi influenciado por factores internos e externos, tais. Como:
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Voz de Sangue
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Agostinho Neto
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sobretudo a partir da terceira década deste finado século, foi encetada pela
comunidade de escritores que hoje têm os seus nomes no corpus da literatura
do país a que pertencem.
CORAÇÃO
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Estes momentos não são rígidos nem inflexíveis. Um escritor muitas vezes
"flutua" entre dois ou três momentos. No seu espaço ontológico e de
criatividade poética movem-se valores do colonizador que são dados
adquiridos; funcionam valores culturais de origem; e há sempre a
consciência de valores que se perderam e é necessário ressuscitar. Para se
entender a literatura africana, é necessário ter em conta tal perspectiva
dinâmica, como bem o afirma Manuel Ferreira: "No trânsito da dor de ser
negro, em Costa Alegre, para o consciente orgulho de ser preto, em José
Craveirinha, se edifica, no espaço lírico, o discurso da descolonização mental
e se organiza o corpus da libertação racial e cultural".
novos rumos para o futuro da literatura adentro das coordenadas de cada país,
ao mesmo tempo que se esforçam por garantir, para essas literaturas
nacionais, o lugar que lhes compete no corpus literário universal.
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Barbeitos, e mais gente, com a nova visão de uma África que se renova. Aí
vai, em traços muito largos, o que cada um dos autores propostos representa
na literatura do seu próprio país.
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de Noronha
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Rui Knopfli:
53
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[...]
(Damião Cosme PC1, 19
.
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Poema
Bates-me e ameaças-me
Agora que levantei minha cabeça esclarecida
E gritei: “Basta!” (…) Condenas-me à escuridão eterna
Agora que minha alma de África se iluminou
E descobriu o ludíbrio E gritei, mil vezes gritei: _Basta!”.
Armas-me grades e queres crucificar-me
Agora que rasguei a venda cor-de-rosa
E gritei: “Basta!”
55
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Nesta obra de José Craveirinha, que não se pode considerar vasta, encontra-
se o que de melhor pertence à poética africana dos países de expressão
portuguesa.
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referência a Mia Couto, mas sobretudo a Luis Carlos Patraquim. São dois
grandes construtores da palavra, preocupados com a linguagem poética. No
caso de Mia Couto, penso que ele acaba por transferir todo o seu potencial
poético para a ficção. Luis Carlos Patraquim revela influências de
Craveirinha e Knopfli, sobretudo nos seus poemas de maior pendor pessoal
e lírico, a sua poesia revela-se de certo modo, caótica, sensual e, por vezes,
surrealista. Patraquim desenvolve uma poesia que, em parte, é inovadora,
focalizada sobretudo no amor e no erotismo. Nota-se também uma grande
preocupação de ligar a sua experiência ao mundo universal dos poetas para
além das fronteiras africanas. Autor de três livros (Monção, A inadiável
viagem; e Vinte e tal Formulações e Uma Elegia Carnívora), Luís Carlos
Patraquim representa a fusão entre as duas grandes vertentes da poesia
moçambicana: a da moçambicanidade e a da linguagem lírica e sensual do
"estar em Moçambique".
Reinaldo Ferreira
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BIBLIOGRAFIA
Sumário
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II Auto – avaliação
60
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a) Estão virados para o aspecto "social". Por exemplo, são poetas cuja obra
se debruça fundamentalmente sobre a África, a "Mãe África" e o povo que
vive e sofre as consequências do colonialismo. Por muita desta poesia
perpassa também a centelha da esperança da libertação. São estes autores
que contribuíram de um modo decisivo para a emergência da literatura da
"moçambicanidade".
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Respostas
Auto-avaliação
63
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Auto-avaliação
1. b)
2. a)
3. b)
4. a)V b)V c)V d)V
5. a)
6. a)
UNIDADE 3
Introdução
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Importa antes referir que, de uma maneira geral, a abordagem das literaturas
africanas em língua portuguesa pressupõe uma relacionação a dois níveis: (i)
ao nível da tradição oral africana e (ii) ao nível da literatura portuguesa como
literatura antecessora.
66
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Outros europeus marcaram este ideiário racista, tal é o caso do inglês Lord
Joseph Chamberlain (Londres – 1836; Birmingham – 1914). Proeminente
político britânico das colónias, foi um dos promotores do movimento
imperialista universal, foi Ministro das colónias, de 1895 a 1903).
Mais tarde, o livro “Mein kampf “ de Adolf Hitler, alemão foi também
muito marcante nesse sentido. Mein Kampf, que em português significa
Minha Luta, é o título do livro de dois volumes da sua autoria, no qual
expressa as suas ideias anti-semitas, racistas e nacionalistas, então adoptadas
pelo partido nazi. O primeiro volume foi escrito na prisão e editado em 1925,
o segundo foi escrito fora da prisão e editado em 1926. ‘Mein Kampf’
tornou-se um guia ideológico e de acção para os nazis e ainda hoje influencia
os neo-nazis, sendo chamado por alguns de "Bíblia Nazi".
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Alguns dos seus estudos pretendiam confirmar que havia uma compreensão
dos factores irracionais no pensamento e nas religiões primitivas e fez a
distinção entre mentalidades primitivas e povos evoluídos.
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4. Questão linguística - tem a ver com o facto de esta literatura ser e estar
numa língua comum (do colonizador) para diferentes espaços.
Mito da idade do ouro: tem a ver com o regresso a um certo tempo, com a
evocação de um certo passado (de felicidade) anterior à presença colonial.
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BIBLIOGRAFIA
73
ISCED CURSO: LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS - 2º Ano Módulo: Literatura Moçambicana
KNOPFLI, Rui, “Breve relance sobre a actividade literária”, Facho, nrº 30.
Ed. Sonap, Lourenço Marques, Set/Outubro, 1974.
LEITE, Ana Mafalda, A Poética de José Craveirinha, Colecção “Palavra
Africana”, Vega, Lisboa, 1991.
MARGARIDO, Alfredo, Estudos sobre literaturas das Nações Africanas de
Língua Portuguesa, A regra do Jogo, Lisboa, 1980.
MARTINHO, Fernando J. B, “Karingana ua Karingana de José
Craveirinha”, Cadernos de Literatura, Coimbra, (1982?), p.p. 34-41.
MATUSSE, Gilberto, “A Subida em aproximação à morte – o progresso
o
tecnológico num poema de Craveirinha e dois de Knopfli”, Limani 4, Maio, 40 5
1´E
1988, p. 75-82.
MENDES, Orlando, Sobre Literatura Moçambicana, INLD, Maputo, 1978.
MENDONÇA, Fátima, Literatura Moçambicana – A Histótia e as Escritas,
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MOSER, Gerald. Essays in Portugues African Literature, University Park,
Pennsylvania State University, 1969.
portugaise – À la recherche de l’ identité individuelle et nationale (Actes du
coloque in international), Paris, Foundation Calouste Gulbenkian. Centre
Culturel Portugais, 1985, p.p. 407-410.
ROCHA, Ilídio, “Sobre as origens de uma literatura moçambicana de
expressão portuguesa: raízes e consciencialização”, In Les Litteratures
Africaines de langue
TENREIRO, F.J. e ANDRADE, Mário Pinto, Poesia Negra de Expressão
Portuguesa, África, Lisboa, 1982.
Sumário
74
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I Auto - avaliação
II Avaliação
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d) Questão linguística - tem a ver com o facto de esta literatura ser e estar numa
língua comum (do colonizador) para diferentes espaços.----------------------
78
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Respostas
Avaliação
1- Literatura colonial é aquela que foi produzida desde a colonização até as
independências.
1.1- As principais caracterizações da Literatura Colonial são a
valorização do eurocentrismo literário e a folclorização dos vários
aspectos culturais africanos…
1.2- É o homem europeu o herói mítico desbrador de terras inóspitas
2- Um negro esguio que dá a impressão de um excelente animal de corridas.
3- Reduzem – se basicamente ao lirismo amoroso à fraternidade à
recordação familiar, à amizade…
4- Questões universalistas têm a ver com a preocupação em ultrapassar
barreiras nacionais. É uma literatura que se pode integrar em termos de
recepção, em qualquer quadrante…
Avaliação
1. a)
2. a)
3. a)V b)V Vc) d)F
4. a)V b)V c)V
5. h)
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UNIDADE 4
Introdução
80
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publicou o seu primeiro poema em 1948; foi a primeira voz a fazer-se ouvir
no ramo literário desta geração de novo carácter.
84
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Blyden é natural das Ilhas Ocidentais (Haiti pertence a uma destas ilhas) e
naturalizou-se liberiano. Haiti torna-se independente em 1804, a partir de
uma rebelião. Este facto deu mais força às ideias de Blyden. Nos anos 30, do
Haiti saem muitos intelectuais que vão estudar em Paris.
85
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300 anos. À ideia de regresso a África, Marcus Garvey acresce uma dose de
resistência. Fundou a Igreja Negra Africana: “Deus Negro e Diabo Branco”.
Adquiriu uma companhia de navegação “Black Star”, com a qual pretendia
fazer regressar todos os negros a África. Numa manifestação, em Nova
Yorque, ele consegue chamar a si muitos apoiantes negros.
A partir dos anos 1920, no Harlém (nos EUA), surge uma dinâmica cultural
através de músicos, escritores, etc. O seu mentor continuava a ser Marcus
Gravey.
Este movimento cultural, mesmo depois da desintegração de Garvey,
continuou a desenvolver-se (entre 1919 e 1930) e teve o nome de
Renascença Negra.
Na América, o movimento continuou a lutar pelos direitos cívicos. Paralelo
ao que se passou na América, na Inglaterra (Manchester) realiza-se o 5°
Congresso do Panafricanismo, em 1945. A partir deste congresso, a liderança
do movimento Panafricano passou para África, através de Kwame Nkrumah.
Este membro do Pan-africanismo é autor de um livro com o título: “África
must united”, no Gana.
86
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Poema
Bates-me e ameaças-me
Agora que levantei minha cabeça esclarecida
E gritei: “Basta!” (…) Condenas-me à escuridão eterna
Agora que minha alma de África se iluminou
E descobriu o ludíbrio E gritei, mil vezes gritei: _Basta!”.
Armas-me grades e queres crucificar-me
Agora que rasguei a venda cor-de-rosa
E gritei: “Basta!”
87
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Noémia de Sousa
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Mário de, Prefácio à Antologia Temática de Poesia Africana I,
na noite grávida de punhais. Livraria Sá da Costa, 2ª ed., Lisboa, 1977.
__________________ Prefácio a Cadernos de Poesia Negra de Expressão
Portuguesa, C.E.I., Lisboa, 1953.
CARRILHO, Maria, Sociologia da Negritude, Edições 70, Lisboa, 1976.
FANON, Frantz, Peles Negras, Máscaras Brancas, Paisagem, Porto, 1975.
FERREIRA, Manuel, Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa,
Instituto de Cultura Portuguesa, VOL. 2, Lisboa, 1977.
_________________ No Reino de Caliban I, II e III, Plátano, Lisboa, 1985.
_________________ O Mancebo e Trovador Campos Oliveira, Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1985.
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Sumário
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IAuto - avaliação
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II Auto – avaliação
II Avaliação
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92
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Respostas
Auto-avaliação
93
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Avaliação
1. a)
2. a)
3. a)
4. c)
5. d)
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A UNIDADE 5
Introdução
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16
Ao falarmos em literatura colonial, vale referir o excelente estudo de Francisco Noa,
Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária (2002) que, embora não
sendo nosso objecto específico de estudo por tratar de uma única fase da história da
literatura moçambicana, consiste num dos estudos mais profundos sobre o período literário
a que se refere. Nele, o estudioso problematiza questões em torno dessa literatura, cuja
denominação implica tanto num critério histórico, quanto numa estética determinada. Para
Noa, trata-se de uma literatura de contornos contraditórios: “[...] tanto nos aparece como a
expressão enfática do etnocentrismo europeu como seu factor de questionamento. Com a
historicidade por si desenvolvida, passando do exotismo ao cosmopolitismo, do
monovocalismo ao plurivocalismo, da afirmação categórica à expressão oblíqua, do
estereótipo à valorização do Outro, das certezas às ambiguidades, do mito à utopia, a
literatura colonial não só perturbou o cânone, como, por isso tudo, estabeleceu a ponte para
a emergência de uma literatura nacional moçambicana.” (2002, p. 402).
17
Manuel Ferreira lembra que Lévy-Bruhl renunciou à sua tese pouco antes de morrer, em
1939 (FERREIRA, 1987, p. 11).
98
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18
“A questão não só do índio como do negro em nossa cultura se coloca sob dois focos.
Um foco mais antigo era considerar que esses 'primitivos' tinham uma mentalidade diferente
da nossa, chamada 'pré-lógica', não-lógica porque antecede a lógica. Isso foi defendido pelo
etnólogo francês Lucien Lévy-Bruhl em seu livro A mentalidade primitiva, muito conhecido.
O segundo foco defendia que o primitivo, principalmente o índio e o negro, estavam ligados
à natureza e dela participavam. Tal participação era ao mesmo tempo arrimada às coisas e
conduzida por potências místicas. Este era o ponto de vista de Lévy-Bruhl.” (NUNES;
BENCHIMOL, 2007, p. 288)
19
O assimilacionismo é um processo no qual as diferenças socioculturais são superadas
pela contaminação ou integração de uma cultura pela outra. No caso da África, chama-se
assimilado ao grupo de africanos que o poder colonial atraiu para si, de modo a efectivar o
processo de colonização por uma política educacional que levava os africanos a defenderem
os ideais da metrópole. Fátima Mendonça observa o seguinte: “Parecendo querer contrariar
as intenções subjacentes à política de assimilação, o grupo de jornalistas e colaboradores
desta imprensa africana [surgida no período entre 1925 e 1945-47] endemarca-se, pelas
suas posições críticas, do poder colonial. Estas posições assumem a forma de defesa das
camadas económica e socialmente desfavorecidas i.e. da população negra de
Moçambique.” (MENDONÇA, 1988, p. 34)
20
“A ocupação sistemática de Moçambique pelos portugueses está concluída em
1918, data que assinala o fim das campanhas militares, e é nesta primeira metade
do século XX que começam a ser tomadas medidas de relevo para o
desenvolvimento de bases sociais que podem garantir a difusão do Português em
todo o país. Assim, em 1930, através do ‘Acto Colonial’, é criada a legislação que
regula a relação de Portugal com as suas colónias, e é também neste ano que é
criado o ensino indígena, através do qual a potência colonial procura assegurar
que as populações locais tenham acesso à instrução formal em Português. Vale a
pena assinalar que é ainda nesta primeira metade do século XX que surgem os
primeiros jornais literários em língua portuguesa - nomeadamente O Africano e O
Brado Africano - que assinalam a existência de uma elite moçambicana local
produtora de um discurso culto em Português. É a partir deste período que se
desenvolvem os centros urbanos no sul do país, e que se inicia a colonização
massiva do território: em 1950 chegam a Moçambique 50.000 colonos, e há notícia
de que em 1960 chegaram mais 90.000. Estes podem ser considerados factores
que favoreceram a difusão da língua portuguesa neste país.” (GONÇALVES, 2000,
p. 2)
99
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21
Um exaustivo levantamento da literatura que circulava nos periódicos oitocentistas das
ex-colónias portuguesas foi feito por Helder Garmes (1999), que destaca, em Moçambique,
a contribuição de O Noticiário de Moçambique (1872-1873), do Jornal de Moçambique
(1873-1875) e do África Oriental (1876-1877) para a circulação da literatura; nestes, eram
publicados crónicas, contos, poemas e uma incipiente crítica literária; os textos eram de
autores portugueses, tais como Camilo Castelo Branco, e de poetas de Moçambique, como
Campos Oliveira
100
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22
A poesia de Campos Oliveira tinha como modelo a poesia romântica portuguesa, o que
motivou Ferreira a chamá-lo “O mancebo e trovador Campos Oliveira”, título de uma obra
de Manuel Ferreira sobre o poeta (1985).
101
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Outros estudiosos há, como veremos, que consideram a obra O livro da dor,
de 1925, que reúne contos de João Albasini, como a primeira obra literária
moçambicana. Manuel Ferreira discorda: “Embora a experiência de João
Albasini [...] ganhe o direito de ser aqui registada, numa perspectiva da
história literária não alcançou qualidade intrínseca para se tornar um texto de
valia.” (FERREIRA, 1987, p. 195) Embora o autor desqualifique o texto de
Albasini, insere uma nota ao leitor, afirmando não ter conhecimento exacto
da obra, pelo fato de não se encontrar n0a Biblioteca Nacional de Lisboa.
Sua apreciação da pouca qualidade literária da obra deve-se, provavelmente,
a outros comentaristas externos, que ele reproduz em segunda mão.
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Está hoje perfeitamente assente que, ao contrário de Angola, não houve uma
actividade literária consistente e continuada, em Moçambique, até aos anos
20 do século XX. Nesse panorama desértico, tão habitual no oitocentismo,
em África, sobressai, nos anos 60, 70 e 80, a publicação dispersa dos textos
de Campos Oliveira (nasceu na Ilha de Moçambique, em 1847; morreu em
1911), num total de 31, rastreados por Manuel Ferreira. Foi estudante de
Direito em Coimbra e morou na Índia, autor de um Almanaque Popular em
Margão, em meados dos anos 60. Vejam-se duas estrofes de «O pescador de
Moçambique»:
— Eu nasci em Moçambique,
de pais humildes provim,
a cor negra que eles tinham
é a cor que tenho em mim:
sou pescador desde a infância,
e no mar sempre vaguei;
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei.
[...]
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[...]
Surge et ambula
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Pós da história
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Noémia de Sousa escreve todos os seus poemas (conhecidos até hoje) entre
1948 e 51, ainda sem conhecer a Negritude francófona, mas estando a par
dos negrismos americanos (Black Renaissance, Indigenismo haitiano e
Negrismo cubano, entre outros), visto que dominava o inglês e o francês. Em
1951, circulará o seu livro policopiado Sangue negro, formado por 43
poemas (mais um do que noutra versão posterior). Em 1951, partiu para
Portugal e, ao passar por Luanda, deixou uma cópia, que seria frutuosa para
os intelectuais angolanos ligados à Mensagem (1951-52) e todos os escritores
das duas décadas subsequentes. […]
O jornal cultural Msaho (1952, n.° único), proibido pela censura, destinava-
se, como o título indicia, ao
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O 4.° Período prolonga-se desde 1964 até 1975, ou seja, entre o início da
luta armada de libertação nacional e a independência do país (a publicação
de livros fundamentais coincide com estas datas políticas). É o período de
Desenvolvimento da literatura, que se caracteriza pela coexistência de uma
intensa actividade cultural e literária no hinterland, no ghetto, apresentando
textos de cariz não explícita e marcadamente político (em que pontificavam
intelectuais, escritores e artistas como Eugénio Lisboa, Rui Knopfli, o
português António Quadros, entre outros) com, no outro lado, na guerrilha,
inequívocos poemas anti-colonialistas que teciam loas à revolução e
tematizavam a luta armada.
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BIBLIOGRAFIA
110
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MENDONÇA, Fátima, Literatura Moçambicana – A História e as Escritas,
Faculdade de Letras e Núcleo Editorial da UEM, Maputo, 1988.
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dominação colonial e que, no seu percurso ora lhes agarra, ora se lhes escapa,
para finalmente lhes opor:
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Nas referências que fazer a esta fase da literatura moçambicana Rui Knopfli
e Orlando Mendes assinalam apenas a presença de Rui de Noronha,
apresentado como um caso isolado. E se Knopfli ainda admite que a poesia
de Rui de Noronha “indica debilmente as características de uma africanidade
irresoluta”, Orlando Mendes considera-a “inculcada ao património literário
português”. Mais longe na apreciação deste poeta vai Ilídio Rocha (1985)
que, que a propósito do poema Quenguêlêquezê!, afirma: “Fácil é de ver,
mais uma vez, o folclore visto por brancos, turistas de passagem, mesmo que
meio negro o seu autor. Conhecedor do rito por vias de leituras que não por
violência, ficou-se ao lado de fora ver Danças Fantásticas / Punham nos
corpos vibrações elásticas / Febris / ondeando ventres, troncos nus, quadris”.
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Rui Knopfli também propõe a data de 1947 como, momento de ruptura com
o período anterior. Contudo não se reporta para tal a comunicação de
Augusto dos Santos Abranches. É a publicação de 5 poesias do Mar Índico
de Orlando Mendes, na revista portuguesa Seara Nova (No 1029 de
19/04/47) que Knopfli considera como o sinal de que se estava no limiar de
uma forma mais nova e mais autêntica de literatura.
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Em 1945 iniciara João da Fonseca Amaral a sua actividade como poeta “um
pé colocado na Polana aristocrática, outro mergulhado nas areias suburbanas
do Alto Maé” nas palavras de Knopfli. Em 1948 publicara Noémia de Sousa
o seu primeiro texto poético. Em 1949, morria em Lisboa um jovem
moçambicano, estudante de Direito João Dias que deixava inédito um
conjunto de textos, Godido e Outros Contos, publicado postumamente pela
Casa dos Estudantes do Império (C.E.I) (1952).
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Knopfli, Rui Guerra, José Craveirinha, Rui Nogar, António Bronze (pintor).
Em 1963 ainda é tentada uma acção semelhante a dos finais anos 40 com a
criação do NESAM integrado no Centro Associativo dos Negros de
Moçambique, onde se destaca entre outros jovens Armando Guebuza. Foi
encerrado em 1965 numa altura em a actividade cultural legal estava
praticamente sufocada. O último sinal deste período fora dado por Luís
Bernardo Honwana com Nós Matámos o Cão Tinhoso (1964).
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Tratar da poesia de combate implica sempre, até onde temos visto, um posicionamento
político por parte da crítica. Não se pode dizer que se trata de uma literatura esteticamente
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Na Beira, cidade natal de Mia Couto, surge também, nessa época, a revista
Paralelo 20 – nela circulava uma literatura “[...] em que a clivagem
produzida pelos acontecimentos de 1964 apenas funciona exteriormente”
menor sem sofrer algum tipo de “represália”. Tomemos um exemplo. Segundo nos informa
João Pinto, do Jornal de Angola (2008), o escritor angolano José Eduardo Agualusa
declarou, em entrevista publicada no semanário Angolense, em Março de 2008, que
Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola, era um poeta medíocre e quem o tinha
em conta de grande poeta não conhecia nada de poesia. Esta afirmação foi recebida não
como crítica literária, mas como crítica política: “A escrita não pode servir para humilhar,
banalizar, diabolizar os ícones, heróis, mitos, deuses ou divindades”, afirmava João Pinto
no Jornal de Angola (2008). No mesmo periódico, Pires Laranjeira foi mais além: “[...]
Agualusa saiu chamuscado e, depois, queixou-se de que, aproximando-se as eleições em
Angola, se tratava de uma intimidação, sobretudo porque um universitário angolano da
área do Direito punha a hipótese (absurda, é verdade) de ele poder ser responsabilizado
criminalmente por atentar contra o nome de uma figura icónica do Estado e da Nação. [...]
Eu permito-me aqui uma “profecia” em relação a Agualusa: na história da literatura
angolana, daqui a dois ou três séculos, continuará a constar, em grande plano, a poesia de
Agostinho Neto, como algo matricial e tutelar. E, comparada com a obra de Neto, Pepetela,
Luandino, Uanhenga, Maimona, Ruy Duarte de Carvalho, Mena Abrantes ou Manuel Rui, a
de Agualusa terá sempre direito a três ou quatro parágrafos a menos ou, ainda, a uma
referência breve na história da literatura portuguesa. Creio que esse é o verdadeiro drama
de Agualusa: ser menos representativo do que se julga e apostar na raiva lusitana contra o
MPLA de Agostinho Neto, de que ele próprio é um dos ateadores [...]. Só para espíritos
cabotinos é que a poesia de Neto será medíocre. E as suas são frases típicas de um
cabotino, que o dicionário define do seguinte modo: ‘cómico ambulante (…) pessoa
presumida e que gosta de ser o centro das atenções, ostentando, com modos teatrais,
qualidades que a maior parte das vezes não tem’”.
119
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BIBLIOGRAFIA
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O luso-tropicalismo é “[...] uma teoria que assume a totalidade do fenómeno da
colonização portuguesa nos trópicos como objecto de estudo, tentando racionalizar a
emergência de uma sociedade civil a partir de um aglomerado heterogéneo, plural do ponto
de vista étnico-cultural, mas condicionado por um poder económico exterior e por uma
afirmada específica concepção lusíada do mundo e da vida.” (MOREIRA, Adriano, 2005,
p. 657). O pioneiro da teoria luso-tropicalista é o escritor Gilberto Frebye, que a expressa
no livro Casa grande e senzala, em 1933.
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0104-
59702007000500012&lng=e&nrm=iso&tlng=e>. Acesso em: 28 set. 2008.
Sumário
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I Auto – avaliação
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2.
- Manuel Ferreira reconhece quatro momentos distintos de produção
literária:
a) 1º A literatura das descobertas e expansão;
2º A literatura colonial;
3º A literatura de sentimento nacional e;
4º A literatura de consciência nacional;
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Respostas
Auto-avaliação
1- O exótico.
2- Porque estavam comprometidos com a politica assimilacionista.
3- Em 1854 teve uma repercussão na formação de uma literatura
nacional.
4- O Africano
4.1- Noémia de Sousa, João Dias…
5- Noa considera precipitado tentar definir “períodos” por se tratar de
uma literatura, cuja consolidação é recente.
Avaliação
1. a)
2. a)
3. b)
4. a) V b)V c)V d)V
5. a)F c)F
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UNIDADE 6
Introdução
Antes de nos debruçarmos sobre este tema, importa referir, de forma sintética
e para efeitos de contextualização, que nas ex-colónias portuguesas o
surgimento da literatura tem raízes sobretudo na actividade
jornalística. De um modo geral, são consideradas três condições prévias
que contribuíram para o surgimento das literaturas africanas em língua
portuguesa, a saber, (i) a
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Por esse período (sensivelmente, nos finais do século XVIII) chega à então
capital (Ilha), degredado para Moçambique, Tomás António Gonzaga,
preso em 1789 no seu país, acusado de conspiração por ter participado no
movimento reivindicativo da Inconfidência Mineira (ocasionada pelo
aumento de impostos sobre os minérios por parte de Portugal). Esse aumento
originou uma grande insatisfação geral. Importa recordar que a Inconfidência
Mineira foi perpetrada, basicamente, por um pequeno grupo de letrados,
muitos deles exestudantes da Universidade de Coimbra.
Cumpriu a sua pena de três anos na Fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de
Janeiro. Em 1792, a pena é comutada em degredo e o poeta é enviado à costa
oriental de África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez
anos.
129
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Um dos documentos oficiais que circulou nas colónias foi o Boletim Oficial.
Na Ilha de Moçambique foi publicado em 1854. Campos Oliveira
colaborou também no Almanaque de Lembranças de larga circulação na
época nas colónias portuguesas.
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e era uma espécie de crítico social, contudo, esse facto não parece ter
influenciado, de forma marcada, a sua escrita literária, ou seja, não se terá
reflecido, eventualmente, na sua poesia.
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«Por este território já muito preto sabe ler: mas sabe ler o quê/ Landim!!
Somos, portanto, obrigados a escrever landim para sermos
compreendidos. Aqui temos outro mal que pretendemos combater: os
dialectos cafres.
Pode parecer uma parvoice (...) mas compreendemos muito bem que não
é landim que nós precisamos saber – queremos falar e escrever
Português o melhor que pode ser. Somos portugueses.
134
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Para opôr uma forte barreira à tolice pretendemos pois fundar uma
escola para o ensino de Português e pensamos que dentro da nossa escola
não se falará outra língua». In “O Africano” nº 1, 25 de 12 de 1908”.
Os fundadores deste jornal já tinham, de certo modo, ligações com o Pan-
Africanismo (mais adiante referimo-nos a este movimento).
Este movimento, nos anos 40 torna-se mais organizado após a realização, em
Londres, da sua 1ª conferência. Também tiveram ligações com a ideologia
trazida pela Revolução Francesa e com a Massonaria.
BIBLIOGRAFIA
135
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136
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Sumário
137
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I Auto – avaliação
2.2 Para além dos irmãos Albasini, fizeram parte da fundação do jornal
“O Africano” Guilherme Bruhein e Joaquim Stewart. Qual foi o mérito dos
últimos dois intervenientes?
3,O Africano foi o primeiro jornal bilingue. Indique as línguas usadas por
este meio de comunicação.
138
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II Avalação
139
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140
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Respostas:
Auto –avaliação
1- O Ultra romantismo defende: a igualdade, a fraternidade e a liberdade.
1.1-O culto do “eu”, o amor platónico,a morte, a melancolia…
1.2- O meu amigo A. do Rosário Alves.
141
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Avaliação
1. a)
2. a)
3. a)
4. a)
5. c)
142
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UNIDADE 7
Introdução
144
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145
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Grito Negro
146
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147
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Como se pode constatar, ainda que de forma sintética (só para efeitos de
elucidação), os temas propostos nos musicais, nos textos literários, nos
teatrais (e noutros) e os propósitos conteudísticos dos poemas, vão
igualmente inspirar estas «vozes» emergentes da literatura moderna
moçambicana da época, numa simbiose insanável.
148
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Rui de Noronha
Sonetos (1946), editado pela tipografia Minerva Central; Os Meus Versos,
Texto Editores, 2006 (Organização, Notas e Comentários de Fátima
Mendonça); Ao mata-bicho: Textos publicados no semanário «O Brado
Africano» Pesquisa e Organização de António Sopa, Calane da Silva e Olga
Iglésias Neves. Maputo, Texto Editores, 2007.
149
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Orlando Mendes
Trajectória (1940), Portagem (1966), Um minuto de Silêncio (1970) e A
Fome das Larvas (1975). Trajectória (1940), Portagem (1966), Um minuto
de Silêncio (1970) e A Fome das Larvas (1975).
Rui Knopfli
Temas e motivos poéticos: intimismo; procura de identidade; amor
melancolia; erotismos e afectos; simbologias (homens e natureza);
meditação do lugar; consciência da escrita estética.
Sebastião Alba
Poesias, Quelimane, Edição do Autor, 1965; O Ritmo do Presságio, Maputo,
Livraria Académica, 1974; O Ritmo do Presságio, Lisboa, Edições 70, 1981;
A Noite Dividida, Lisboa, Edições 70, 1982; A Noite Dividida,(O Ritmo do
150
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Mia Couto
151
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Contos - Nos meados dos anos 80, Couto estreou-se nos contos e numa nova
maneira de falar - ou "falinventar" - português, que continua a ser o seu "ex-
libris".
Crónicas - Publicou em livros algumas das suas crónicas, que faziam coluna
num dos semanários publicados em Maputo, capital de Moçambique:
Cronicando (1ª ed. em 1988; 1ª ed. da Caminho em 1991; 7ª ed. em 2003;
Prémio Nacional de Jornalismo Areosa Pena, em 1989); O País do Queixa
Andar (2003); Pensatempos. Textos de Opinião (1ª e 2ª ed. da Caminho em
2005); E se Obama fosse Africano? e Outras Intervenções (1ª ed. da
Caminho em 2009).
Romances
Terra Sonâmbula (1ª ed. da Caminho em 1992; 8ª ed. em 2004; Prémio
Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995;
considerado por um júri na Feira Internacional do Zimbabwe um dos doze
melhores livros africanos do século XX);
152
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Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra (1ª ed. da Caminho em
2002; 3ª ed. em 2004; rodado em filme pelo português José Carlos Oliveira);
A Chuva Pasmada, com ilustrações de Danuta Wojciechowska (1ª ed. da
Njira em 2004);
O Outro Pé da Sereia (1ª ed. da Caminho em 2006) ;
O beijo da palavrinha, com ilustrações de Malangatana (1ª ed. da Língua
Geral
em 2006) ;
Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008);
Antes de nascer o mundo (2009).
Prémios - 1999 - Prémio “Vergílio Ferreira”, pelo conjunto da sua obra; 2001
- Prémio “Mário António”, pelo livro O último voo do flamingo; 2007 -
Prémio “União Latina de Literaturas Românicas”; 2007 - Prémio “Passo
Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura”, na Jornada Nacional de Literatura.
Leite de Vasconcelos
Publicações póstumas: 1997 - "Resumos, Insumos e Dores Emergentes"
(poesia); 1999 - "Pela Boca Morre o Peixe" (crónicas); 2000 - "As Mortes
de Lucas Tadeu" teatro).
Albino Magaia
153
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Calane da Silva
Dos meninos da Malanga, Maputo, Cadernos Tempo, 1982 (Poesia);
Xicandarinha na lenha do mundo, Maputo, Associação dos Escritores
Moçambicanos, 1988. Colecção Karingana (Contos) Capa de Chichorro,
Gotas de Sol. Maputo, Associação dos Escritores Moçambicanos, 2006.
Vencedor do concurso literário «Prémio 10 de Novembro», organizado
conjuntamente pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo e pela
Associação dos Escritores Moçambicanos quando do aniversário da capital
de Moçambique.
Eduardo White
Amar sobre o Índico (1984); Homoíne (1987); País de Mim (1990); Prémio
Gazeta revista Tempo; Poemas da Ciência de Voar e da Engenharia de Ser
Ave (1992); Prémio Nacional de Poesia; Os Materiais de Amor Seguido de
O Desafio à Tristeza (1996); Janela para Oriente (1999); Dormir com Deus
e um Navio na Língua (2001); bilingue português/inglês; Prémio
Consagração Rui de Noronha (Editora abirinto) As Falas do Escorpião
(novela; 2002); O Homem a Sombra e a Flor e lgumas ;Cartas do Interior
(2004). A sua poesia está exposta no Museu Valdu-
154
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Marcelo Panguana
As Vozes que Falam de Verdade. Maputo, Associação dos Escritores
Moçambicanos, 1987; A Balada dos Deuses. Maputo, Associação dos
Escritores Moçambicanos, 1991; Fazedores da Alma. 1999. Com Jorge
Oliveira, colectânea de entrevistas a personalidades da cultura
moçambicana; Os ossos de Ngungunhana, João Kuimba, Chico Ndaenda e
outros contos. 2006.
Aldino Muianga
Xitala Mati (contos), (1987); Magustana (novela), (1992); A Noiva de
Kebera (contos), (1999); Rosa Xintimana (romance), (2001); (Prémio
Literário TDM); O Domador de Burros (contos), (2003); (Prémio Literário
Da Vinci); Meledina ou história de uma prostituta (romance),(2004); A
Metamorfose (contos), (2005); Contos Rústicos (contos), (2007) e
Contravenção - uma história de amor em tempo de guerra (romance),
(2008);(Prémio José Craveirinha de Literatura).
Suleiman Cassamo
O regresso do morto. (Contos), Prefácio de Marcelo Panguana, Maputo,
Associação dos Escritores Moçambicanos, 1989. Colecção Karingana;
Lisboa, Editorial Caminho, 1997; Tradução para francês com o título Le
retour du mort. Paris, Chandeigne/Unesco, 1994; Amor de Baobá.
155
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Armando Artur
Publicou Espelho dos Dias (1986), O Hábito das Manhãs (1990),
Estrangeiros de Nós Próprios (1996), Os Dias em Riste (2002) – prémio
Consagração FUNDAC -, A Quintessência do Ser (2004) – prémio Nacional
de Literatura José Craveirinha -, No Coração da Noite (2007) e Felizes as
Águas (antologia de poemas de amor).
Lília Momplé
Ninguém matou Suhura. Maputo, Associação dos Escritores
Moçambicanos, 1988, Colecção Karingana, n.º 7 - Cinco contos baseados
em factos verídicos da época colonial; Neighbours. Maputo, Associação dos
Escritores Moçambicanos, 1995. 2.ª ed., 1999. Colecção Karingana, n.º 16 -
Ilustração da capa: óleo de Catarina Temporário; Os olhos da cobra verde.
Maputo, Associação dos Escritores Moçambicanos, 1997. Colecção
Karingana, n.º 18.
156
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Ungulani Ba Ka Khosa
vencedor do Prémio José Craveirinha de Literatura de 2007, com a obra Os
sobreviventes da noite; 2002 Ualalapi considerado um dos 100 melhores
romances africanos do século XX; 1990 ganhou o Grande Prémio de Ficção
Moçambicana com Ualalapi Obras publicadas: Ualalapi, 1987 (romance;
ganhou o grande prémio de ficção Moçambicana em 1990); Orgia dos
Loucos, 1990 (edição da Associação dos Escritores Moçambicanos);
Histórias de Amor e Espanto, 1999; No Reino dos Abutres, 2002; Os
sobreviventes da noite, 2007.
Paulina Chiziane
Balada de Amor ao Vento:, 1.ª ed., 1990; Lisboa, Caminho, 2003. Ventos
do Apocalipse, Maputo, edição do autor, 1993; Lisboa, Caminho, 1999; O
Sétimo Juramento. Lisboa, Caminho, 2000; Niketche: Uma História de
Poligamia, Lisboa, Caminho, 2002, Maputo, Ndjira, 2009, 6ª edição. O
Alegre Canto da Perdiz. Lisboa, Caminho, 2008.
Para terminar, sem concluir e, tendo em conta os títulos das obras literárias
ao nosso dispor, podemos considerar que na prosa moçambicana - esta sim,
embora jovem, considerada um elemento vital e prodigioso na Literatura
Lusófona – se destacam, primeiramente, Mia Couto, talvez o mais influente
autor moçambicano, vencedor do Prémio União Latina de Literaturas
Românicas de 2007, Ungulane Ba ka Khosa, Suleiman Cassamo, Paulina
Chiziane, Calane da Silva, Aldino Muianga, Marcelo Panguane, entre outros.
157
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BIBLIOGRAFIA
158
o
40 5
1´E
Sumário
I Auto - Avaliação
159
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4. Por que razão se aponta mérito a José Craveirinha como o escritor que deu
um novo impulso à Literatura Moderna Moçambicana?
5.. Tendo em conta os títulos das obras literárias ao nosso dispor, embora
jovem, podemos considerar que temos um elemento vital e prodigioso na
Literatura Lusófona. Destaque os nomes de alguns autores moçambicanos.
160
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IIAvaliação
161
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5.a) Luis Bernado Honwana em 1964 publicou a obra “ Matamos o Cão Tinhoso”.
b) Suleimane Cassamo em 1964 publicou a obra “Nós Matamos o Cão Tinhoso”.
c) Albino Magaia em 1964 publicou a obra “Nós Matamos o Cão Tinhoso”.
d) Aldino Muianga em 1964 publicou a obra “Nós Matamos o Cão Tinhoso”.
Respostas:
Auto - avaliação
1- Pan-africanismo, Negritude, Renascença Negra.
2- As vozes da América remexem – me a alma e os nervos.;
- Robeson e Mariam canta para mim Let My …
2. 1” Sons longíquos de marimbas chegam até mim “.
3 – “ Os Sonetos”
4 – Craveirinha apresenta uma escrita que profetiza e projecta.
Ele dá testemunho a uma vaga de escritores e poetas do seu tempo e da
geração seguinte.
5 – Mia Couto, Ungulani Ba Ka Cossa, Suleimane Cassamo, Luís
Patraquim, Calane da Silva Aldino Muianga.
162
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Avaliação
1. a)V
b) V
c) V
d)
2. a) F
b) V
c) F
d) V
3.d)
4. d)
5.)a)
UNIDADE 8
Introdução
163
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27
São três as condições prévias ao aparecimento de todas as literaturas africanas:
(i) a eliminação do tráfico de escravos; (ii) a introdução da Tipografia e,
consequentemente, da Imprensa e (iii) a criação de uma rede escolar. A evolução
da literatura escrita em Moçambique tem uma ligação directa com o surgimento da
Imprensa.
164
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165
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166
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Este vazio na História Literária associa-se a uma outra situação, que tem a
ver com a abordagem tardia (e ainda muito incipiente) da Teoria da
Literatura Moçambicana, o que resulta numa insuficiência da ciência
literária virada para a Literatura Moçambicana, facto que se verifica na
actualidade, como se pode constatar a seguir:
(iii) a ausência de uma política de edição/publicação de textos literários.
167
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168
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Considera-se ainda que seria nesse âmbito que a crítica teria um papel
preponderante pois não só constituiria um instrumento de regulação e de
orientação do leitor, mas contribuiria igualmente para o cultivo do bom gosto
estético, de leitura e para a melhoria de qualidade das novas produções
literárias.
169
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8.2.Temáticas:
Antes das independências
Para além da literatura subsidiária da estética literária da Metrópole
(Portugal) e marcada pelo gosto pelo exótico das terras, das gentes e da
cultura indígena africanas (a chamada Literatura Colonial), pontificou,
sobretudo através da poesia, uma forma de expressão literária de aspiração
libertadora, esta última foi fortemente influenciada por factores de natureza
ideológica (Marxismo) e política (pretensão da Independência).
170
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171
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172
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«Estes homens da cor de cabrito esfolado que hoje aplaudis entrarão nas
vossas aldeias com o barulho das suas armas e o chicote do comprimento
da jibóia.
173
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BIBLIOGRAFIA
FERREIRA, Manuel (1979), Literaturas Africanas de Expressão
Portuguesa. – s/l: Instituto de Cultura Portuguesa, (2º vol.: Intróito Angola,
Moçambique).
________________ (1985-1988), No Reino de Caliban: Antologia
Panorâmica da poesia africana de expressão portuguesa. – Lisboa: Plátano,
D.L. 1985 - D.L. 1988 – 3º vol. (Moç.) – D.L.1985.
175
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Sumário
I Auto - avaliação
II Avaliação
177
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Autor Obra
a) João Dias ----- Portagem ---------
b) Noémia de Sousa -----Sangue Negro -------
c) Orlando Mendes ------Godido e outros Contos -----
d) Kanringana ua Karingana ----- José Craveirinha -------
e) Ualalapiu -----Ungulani Ba Ka Cossa ---------
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ReRespostas
Auto-avaliação
180
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Auto-avaliação
1.a)
2.a)V b)V c)V d)F e)F f)F
3. a)F c)F
4. e) F
4.1 a)V b)F c)F d)F e)V f)V
5. c)
181
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UNIDADE 9
Introdução
Neste ponto, vamos aprender ou ver como se faz um ensaio, quem são alguns
ensaístas moçambicanos e conhecer a produção ensaística moçambicana.
ENSAIO LITERÁRIO
Ensaio literário é um texto informal que consiste na defesa de um ponto
de vista pessoal sobre um determinado tema, apresentando as caracteristicas
seguintes:
182
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FRANCISCO NOA
28
Baseado num artigo publicado em Nós Revista da Lusofonia, n°s 35-40 Pontevedra-
Braga,1994
183
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de espaço, por outro, centrar-me-ei por ora em dois autores que julgo
representarem duas das tendências mais fecundas da nossa jovem literatura:
Mia Couto e Ungulani Ba Ka Khosa.
Tanto um como outro revelam nos seus textos um estilo e uma criatividade
que, se por um lado os singularizam na projecção de duas concepções do
mundo distintas, por outro, devido a certas temáticas recorrentes, os colocam
a ambos num plano de inequívoca convergência.
Temos, assim, Mia Couto que se distingue, entre outros aspectos, por
submeter a linguagem a jogos morfo-sintácticos e semânticos de
transgressão à língua-padrão (refiro-me, aqui, ao português continental
abstraído de quaisquer variações), de tal modo que as incursões
pluridireccionadas no imaginário colectivo, que se reconhece na oralidade
recriada e na alma que lhe subjaz, acabam por ser pretexto para uma
incontrolável rebusca de efeitos esteticizantes.
A escrita surge, assim, nestes autores, até certo ponto, como um processo
mediático de redescoberta de um tempo-espaço vivencial determinado.
Aliás, segundo Mukarowsky,
184
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Há, pois, uma atmosfera fatídica envolvendo toda esta literatura e que se
traduz num sentimento finis vitae decorrente de contingências naturais (seca,
inundações) e sócio-políticas (guerra, fome, miséria, corrupção,
insensibilidade, vacuidade e inversão absoluta de valores). Aqui somos
obrigados a repensar seriamente, e uma vez mais, na interacção arte-
sociedade já entrevista por Mukarowski e que levaria, por sua vez, Octávio
Paz a defender que “el arte es irreductible a la tierra, al Pueblo y al momento
que lo producen; no obstante, es inseparable de ellos” (Paz, 1983:21).
185
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a ver com a forma como os contos terminam. Vejamos como em Orgia dos
Loucos de Ungulani se concluem, na sua maioria, as narrativas: “…As
lágrimas saltam dos olhos, correm pelos lençóis , soluça, desmaia” (“O
prémio”); “Luandle levou as mãos ao rosto. Kufeni [que significa morte em
ronga] colocou dois bocados na boca. Os dentes estavam vermelhos. – Não,
kufeni, não! Gritou.” (“A Praga”); “Minutos depois, já cansado, o velho
atirou-se à cova, uivando prolongadamente.” (“A Solidão do Senhor
Matias”); “Deixei de ter futuro. Deixei de dar importância ao presente.
Deixei de existir.” (“Fragmentos de um Diário”); “E algures, por esse
amontoado de cimento, a vida corria com a sua carga de morte, e a Lua
nascia, fragmentada, luminosa.” (“Morte Inesperada”); “ Hanifa estendida
de costas e com os braços e as pernas abertas tinha o semblante de uma diva.
Estava morta.” (“Exorcismo”).
Bibliografia
189
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ECO, Umberto, Lector in Fabula; ed. ut,: Leitura do Texto Literário, Lector
in Fabula, Lisboa, Editorial Presença, 1992
Resumo
Na abordagem teórica do fenómeno literário africano parece haver uma
omissão de um tempo (referente ao período da colonização portuguesa em
África). Consideramos que a avaliação e o estudo desse tempo podem
permitir uma melhor compreensão e conhecimento dos alvores da dinâmica
literária em Moçambique, de certas influências e heranças, tanto de carácter
estético-literário, como de carácter sócio-ideológico e até de carácter
temático. O presente artigo debruça-se sobre esse fenómeno.
Âmbito
O presente estudo funda-se basicamente no propósito de dar continuidade às
reflexões teóricas anteriores feitas por estudiosos do fenómeno literário
190
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Objectivo
O objectivo deste estudo é contribuir para a formulação e a incorporação de
algumas linhas de análise, de propostas e de hipóteses tendentes ao maior
enriquecimento destes estudos.
191
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Antes de mais, consideramos oportuno tornar claro que não se pretende, com
esta abordagem, fazer uma espécie de reabilitação do que se designa por
„literatura colonial‟, mas sim tentar compreender e interpretar o discurso
colonial, em parte, à luz da teoria „pós-colonial‟; pretende-se, sobretudo,
tentar compreender um tempo histórico, através de textos literários (e
históricos) e através de um „pensamento‟ literário africano, local e
intrínseco.
192
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sido feitos com um fundo de uma visão exterior ao seu continente, à sua
realidade e até com uma certa impositividade da leitura, com base no que se
considera ser o cânone do centro, no caso, a Europa (abordamos esta questão
mais adiante); a este propósito, considera o seguinte:
193
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194
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No que diz respeito, por sua vez, à expressão „recepção pouco calorosa dos
consumidores/leitores congregados nos grandes centros urbanos‟, achamos
que pretende localizar o potencial público leitor, que se encontra tanto nas
cidades africanas, como (em número reduzido) nas cidades da antiga
Metrópole, neste caso, de Portugal.
195
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Outro facto importante que nos parece poder contribuir para uma melhor
compreensão do fenómeno literário moçambicano tem a ver com a
diversidade linguística e cultural do país e a sua influência neste tipo de
escrita literária.
A questão linguística e, na perspectiva de Trigo (1994), especialmente da
língua nas escritas literaturas africanas é antiga e tem vindo sistematicamente
ao de cima, quando se pretende, por exemplo, negar a autenticidade africana
a essas literaturas que se exprimem na língua do ex-colonizador.
Este problema não é pacífico, pois para ele confluem aspectos políticos,
linguísticos (relacionados particularmente com a problemática das
interferências linguísticas) e estéticos. Achamos igualmente pertinente, a
este propósito, a convocação das interrogações (para reflexão) de
Lecherbonnier (1977), concernentes à problemática da estética, na definição
duma literatura africana, particularmente das sociedades ágrafas. Abordando
questões relacionadas com a tradição literária africana, com os géneros
literários dos textos e com a língua e a cultura que se lhes corporiza, este
estudioso tece as seguintes considerações:
196
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Atente-se, mais uma vez, à seguinte sugestão, em torno desta questão, que
nos é apresentada, mais uma vez, por Trigo (1994), op. cit., ainda a propósito
deste fenómeno literário:
“Seria desejável que à africanidade estética dum texto se viesse juntar uma
língua também ela africana, o que contribuiria para um maior rigor do
pensamento da escrita, mas isso não significa que, não existindo essa língua,
a africanidade não exista”.
197
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Estas línguas são um forte símbolo de identidade étnica, com funções sociais
específicas, tais como a educação, a moral, a socialização e a agregação, etc.
Entretanto, existe conjuntamente a língua portuguesa que, em virtude das
contingências históricas e, não obstante o facto de contar com um número
reduzido de falantes, se assume como língua de prestígio, como língua
oficial, usada na governação, na educação formal e em assuntos
administrativos.
A cultura islâmica (com forte influência do super extracto Bantu, creio eu),
na sua relação com a religião muçulmana no país é de forte implantação na
sociedade moçambicana, no entanto, ela não parece ter expressão literária,
pelo menos publicamente conhecida.
Para terminar e para reflexão, no meio deste mosaico cultural moçambicano
(a literatura é a expressão artística da cultura), que identidade?
198
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Bibliografia
BHABHA, Homi K. «A questão outra», in Descolonizar a ‘Europa’.
Antropologia, Arte, Literatura e História na Pós-colonialidade
(ENSAIO – Organização de Manuela Ribeiro Sanches). Lisboa,
Livros Cotovia, 2005.
199
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Não é a primeira vez que converso com a Lica, nesta dimensão: a dimensão
da escrita artística, em poesia lírica. Das vezes que tal aconteceu, ficou
sempre presente a ideia de uma revelação quase biográfica. Melhor,
autobiográfica.
200
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201
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202
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Não há, em rigor, uma identidade do Sujeito lírico. O Sujeito lírico não
poderia ser categorizado de forma estável, uma vez que ele vive
precisamente de um incessante movimento do empírico em direcção ao
transcendental. Vale dizer então que o Sujeito lírico, levado pelo dinamismo
da ficcionalidade, não está acabado, está em permanente constituição, numa
génese sempre e reiteradamente renovada pelo texto lírico, fora do qual ele
não existe. O Sujeito lírico cria-se no e pelo poema, que tem valor
performativo. Essa génese contínua impede, certamente, de definir uma
identidade do sujeito lírico, que se fundaria sobre uma relação do mesmo ao
mesmo, num jogo de espelhos que empresta uma identidade ao sujeito
empírico.
203
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Há um conceito que une os dois polos do “eu” na poesia lírica que tanto a
abordagem retórica como a abordagem fenomenológica levantam: é saber
como a identidade e a alteridade se revezam: afinal o “eu” é um outro – como
o sujeito que se enuncia como indivíduo e, simultaneamente, se abre ao
universal por meio da ficção – e não somente porque os poetas se afirmam,
enquanto homens do universal. De outra maneira, seria a representação do
mundo fechado a si mesmo sem leituras, sem discussão, sem apelo a outros
eus, se calhar a “vontade” última de quem enuncia.
205
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Citar como:
MANJATE, Teresa. “Os desafios dos EUs em Lica Sebastião”. Ensaio in:
SEBASTIÃO, Lica. de terra, vento e fogo. Ilustrações de Amanda de
Azevedo. São Paulo: Kapulana, 2015. (Série Vozes da
África). http://18.231.27.148/os-desafios-dos-eus-em-lica-sebastiao-de-
teresa-manjate-kapulana/
I Auto – avaliação
206
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II Avaliação
207
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Respostas:
Auto – avaliação
1-1º parágrafo( Introdução)
Último parágrafo(Conclusão)
2 – Mia Couto submete a linguagem à jogos morfo-sintácticos e
semânticos de transgressão da língua padrão.
Por sua vez, Ungulani Ba Ka Cossa apresenta uma escrita excessiva e
conturbada de onde vemos fragilizadas as fronteiras entre o mundo
virtual e o mundo empírico, dado o realismo agónico que domina o
primeiro.
3. A conclusão é apresentada no último parágrafo.
4. A omissão de algumas etapas na periodização da literatura no período
da colonização portuguesa.
208
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Avaliação
1-d)
2.-c)
3. a)
4.-a)
5.-a)
209
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Sumário
Nesta Unidade vimos como se pode estruturar, discutir / analisar os dados dentro ensaio
e conhecemosa conhecer alguns ensaitas moçambicanos.
UNIDADE 10
Introdução
210
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Joaquim Dina
Charles29
Resumo
29
Docente de Literaturas da Faculdade de Ciências de Linguagem, Comunicação e Artes da
Universidade Pedagógica, Moçambique. Mestre em Educação ̸ Ensino do Português,
Licenciado em Ensino do Português, pela mesma Universidade e Mestre em Gestão dos
Recursos Humanos, pela Universidade Jean Piaget ̸ Universidade Pedagógica,
Moçambique.
211
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30
Mia Couto, “Escrita Desarrumada” in Folha de S. Paulo, S. Paulo, Brasil, 18 de
Novembro de 1998.
212
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Todavia, eis que Mia Couto e Suleiman Cassamo com os seus livros, cada
um ao seu estilo, mas em comum o foco narratológico parecem impelidos
pela tragicidade circunstancial do próprio tempo e movidos por um mesmo
ideário, mais ou menos assinalado, próprio da estética literária neorealista –
o do nativismo engajado; primeiro, telúrico, mas também social e; sobretudo
intervencionista, que faz da escrita um engenho a partir do qual um povo
pode rever reinventar e redimensionar a sua identidade, como sustenta Faria
(2005:2):
213
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214
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Entretanto, não é apenas Mia Couto que revela essa inquietude e questiona a
problemática de identidade na sociedade moçambicana. A subversão de
valores é uma questão que preocupa várias sensiblidades da sociedade
moçambicana, constituindo-se como um tema de reflexão e recorrentemente
debatido. Por exemplo, Saúte (1998:13), apoia a tese de Mia Couto,
considerando que “num mundo condenado a toda a espécie de desconcertos
e à hostilidade no que se refere à definição dos princípios, que essa
descoberta do caminho para o futuro se faça, sobretudo a partir de um
encontro entre culturas no qual todos nós seremos sempre ‘mestres do sonho’
ou ‘narradores’ da sobrevivência.”
216
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No que diz respeito à simbologia do espaço nas duas obras lembremos que
em A V.F. Ermelindo Mucanga é sepultado junto à árvore, nesse caso
frangipani, como alternativa do canhoeiro: «Na minha terra escolhem um
canhoeiro”. (...) Mas aqui, nos arredores deste forte não há senão uma
magrita frangipaneira. Enterraram-me junto a essa árvore». (A V.F. p.12).
Por seu turno, em O R.M. Ngilina vai suicidar-se também junto à árvore,
canhoeiro, o que pode ser interpretado como metáfora da amnésia cultural,
sobretudo, da população urbana: (moçambicana): «Ngilina acordou cedo.
Pegou na corda e no machado. Parecia que ia na lenha. O sol encontrou-a no
caminho. Chegou no mato andando devagarinho. Subiu no canhoeiro,
amarrou corda no ramo e a outra ponta no pescoço. Depois largou-se no ar e
217
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31
Segundo Paz e Moniz (1997: 102) gradação é uma figura de estilo que consiste no
encadeamento das palavras ou ideias de uma forma gradual, seja progressiva, seja
regressiva. Ao primeiro caso chama-se gradação ascendente e ao segundo, gradação
descendente.
218
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seguida, os outros bichos que também vão chorar Ngilina; terminando com
a feliz descrição nostálgica e emocionante onomatopeização32 do sentimento
de dor, característico do sul de Moçambique: «Mamanôô, Youé». (O R.M.
p. 13).
Assim, se por um lado a morte de Moisés pode ser interpretada como castigo
divino ou maldição por desrespeitar a tradição da terra, (Partiu aos dezanove
anos sem dizer adeus) podemos, por outro lado, inferir que há um ideal de
recuperação de memórias antigas fundadas nas Sagradas escrituras.
Lembremos, a propósito, que Moisés é um nome resgatado nas narrativas
religiosas e que nos lembra a peregrinação dos israelitas em busca do bem-
estar nas terras faraónicas do Egipto que, no entanto, não se verifica, sendo
Moisés o enviado de Deus para salvar os peregrinos.
32
Segundo Ramos (1999: 608) a onomatopeia é uma figura de estilo que consiste na
representação auditiva ou visual por meios dos sons das palavras, além do respectivo
sentido.
219
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antes do tráfico de escravos, uma vez que já nesta era, segundo Moreira
(2010:36) citando Souza (2003):
221
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33
O tipo é uma personagem represenatitiva, que sintetisa os defeitos, costumes e
comportamentos de um determinado grupo social. É um tipo de personagem frequentemente
usado em peças de teatro com fins críticos e satíricos.
222
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34
[sic]
223
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Mas a referência aos velhos e novos não se esgota tão somente nesses
episódio. Resvala um pouco por todas as histórias que enformam as
narrativas, como que a confirmar a profunda e secular tradição de
transmissão do legado cultural, do velho para o novo. «Certa vez, a família
Macie reuniu. O velho Macie, a capulana a subir até aos joelhos juntos, as
costas a confundirem-se com a parede de barro, fumando cachimbo, e a velha
Nguanasse, ar submisso, olhos no chão, com casca de cana-doce riscando o
chão, esperavam o filho». (O R.M. p. 69).
35
Itálico nosso, com a função de evidenciar o discurso proverbial.
224
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«Não foi só o devido funeral que me faltou. Os desleixos foram mais longe:
como eu não tivesse outros bens me sepultaram com minha serra e o martelo.
(...) Nunca se deixa entrar em tumba nenhuns metais. (...) Com tais
inutensílios, me arrisco a ser um desses defuntos estragadores do mundo».
(A V.F. p. 12). Não obstante o facto de não se fazer alusão ao regresso físico
do morto, note-se a atribuição de qualidades vitais a um morto, primeiro
porque é ele próprio que fala e, segundo porque aventa a possibilidade de ser
estragador do mundo.
226
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De igual modo, para não fugir à regra, a escrita de Mia Couto é também
merecedora de elogios com referência às inúmeras traduções linguísticas e
simpatias que granjeou, podendo-se ler na nota biográfica do autor constante
do seu livro A V.F.: “Várias obras do escritor moçambicano foram traduzidas
ou estão em curso de tradução para diversas línguas, nomeadamente francês,
italiano, sueco, alemão, espanhol, holandês e norueguês”.
227
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Bibliografia
228
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INTRODUÇÃO
229
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230
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Aqui, entendemos que a literatura colonial era produzida pelos lusos que
engrandeciam as qualidades culturais do branco em detrimento do negro
colonizado.
Por sua vez, Noa (2002:46), entende que a literatura colonial traduz «a
sobreposição cultural e civilizacional dos europeus que se manifesta no
silenciamento, subordinação ou marginalização do elemento autóctone».
Constatamos que a literatura colonial consiste na valorização da
portugalidade subjugando o negro, nativo, num silêncio total e completo da
sua cultura e racionalidade.
231
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Abranches apud Noa (2002:43) advoga que «se na criação literária existe
humanidade, na falada literatura colonial esse sentido de humanidade brilha
pela ausência». Nesta perspectiva, observamos que a literatura colonial nega
e retira a humanização do outro, o nativo, colonizado, objectificado,
alienado, oprimido e dominado, atribuindo-lhe uma nova nomenclatura, a
sua coisificação.
232
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Ferreira citado por Noa (2002:45), aduz que literatura colonial «é a expressão
de uma prática e de um pensamento que assentam num pressuposto da
superioridade cultural e civilizacional do colonizador». De acordo com o
postulado do nosso autor, deduzimos que a literatura colonial é um projecto
cultural e civilizacional que visa glorificar o branco e subestimar o negro.
233
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36
E-Dicionário de Termos Literários de Carlos Ceia
234
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Mais adiante, corroboramos com Ferreira citado por Noa quando aduz que
literatura colonial é a expressão (…) de um pensamento que assentam num
pressuposto da superioridade cultural e civilizacional do colonizador. Pois,
Nascimento, sendo um jovem,
235
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Mais uma vez, observamos que o branco se assume como o ponto de partida
e de chegada da civilização quando atribui ao negro a ignorância de que não
conhece o barco, consequentemente não move palha para sair do covil, da
fornalha onde se abriga. Para o branco, a terra era inóspita sem condições
para habitar: “…nem a chegada do vapor…tira esta gente das tocas…Paulo
incomodado pela temperatura…parecia-lhe …à boca de um forno” (P.47).
Além do que ficou dito, temos a salientar que o estatuto das relações entre as
personagens branco vs negro manifesta-se pela imitação da forma de falar
do preto pelo branco, como forma de desvalorizar a língua do nativo que é
alheia a do branco e, por outro lado, como forma de acentuar o valor
236
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Para tal, o narrador procura mostrar a limitação do negro pela sua cultura
através de um discurso indígena face a bravura branca e, ao mesmo tempo a
linguagem do negro é ridicularizada e inferiorizada em relação à do branco,
por exemplo: “ – Siô, Cancuné selê cleanço, nã têle…” (p. 62).
237
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Mais uma vez, o negro aparece-nos como uma vítima inevitável da síndrome
criada pelo branco, pois, o colonizador retrata o negro como sendo o escalão
mais baixo da escala, senão mesmo como o grau zero da ignorância; visto
que o jugo colonial justifica e / ou legitima a perpetuação da colonização
com um simples aprumo concedido aos pretos: “…até os pretos têm outro
aprumo…diga-me se não é necessária uma boa educação colonial? ” (p.301).
Conclusão
Chegados aqui, concluímos que na obra Zambeziana: cenas da vida colonial
há melhor tratamento estético conferido ao branco através da visão
lusocêntrica, bem como maior celebração cultural e civilizacional do
colonizador.
De igual modo, mais do que ser uma obra que retrata a situação colonial,
vimos, testemunhamos e concluímos corroborando com a ideia de que se
trata da fase exótica da literatura colonial caracterizada pela representação
241
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Assim, concluímos que o estatuto das personagens é construído sob uma teia
de relações conflituosas onde o branco é superior, representativo, exaustivo
e homogéneo culturalmente e, o negro aparece em miniatura; daí,
considerarmos a obra como um baluarte da literatura colonial.
Referências bibliográficas
242
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243
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tinham / é a côr que tenho em mim:». Por outro lado, em demasia, assistimos
a valorização da labuta (trabalho e / ou profissão) da qual o sujeito lírico se
sustenta, confirmemos: vv (5,6,7,8) «sou pescador desde a infância / e no
mar sempre vaguei; / a pesca me dá sustento / nunca outro mister busquei».
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Outras legítimas análises poderão ser feitas, mas a que nos ocorre prende-se
ao uso do animismo que consiste em dar vida ao sol de modo a que se fique
com a clarividência do acto de solidariedade, de companheirismo, de
comunhão e de partilha do quotidiano do sujeito lírico em busca de sustento.
Por outro lado, o sujeito lírico pretende demonstrar que sempre deu a cara à
luta, uma vez que, antes do sol nascer lá está o sujeito lírico na praia para
trabalhar, elucidemos: v (9) «Antes que o sol se levante».
Sendo Deus outro figurino sobre o qual somos solicitados a desvendar pelo
sujeito lírico, nesta maratona da identidade e da labuta, tal utopia da nação
246
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fica de lado e, Deus é a força da razão que nos ensina, primeiro, o amor e a
reverência diante dele todo-poderoso, a quem devemos a existência e a
possibilidade de alcançar a felicidade; e, em segundo lugar, nos ensina a
passar pela vida com o máximo de conforto e alegria, e a contribuir para que
os nossos semelhantes tenham igual destino.
Por sua vez, o sujeito lírico enfatiza a sua condição de moçambicano, não
quaisquer moçambicanos, mas moçambicano que participa da actividade
247
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laboral, como que a querer demonstrar que a labuta dignifica o homem, razão
pela qual recorre ao paralelismo total para acentuar tal sentimento. Por outro
lado, deduzimos que o advérbio de negação (nunca) transporta em si a ideia
de que o sujeito lírico não conhece, não tem e nunca teve outro contacto
cultural, laboral e identitário além de Moçambique, perscrutemos: vv (5-8) e
vv (41-44) «sou pescador desde a infância / e no mar sempre vaguei /a pesca
me dá sustento, / nunca outro mister busquei».
Sem sombras de dúvida, o lírico, é o género literário que assenta como uma
luva no texto em análise, se não for verdade, tiremos a prova dos nove
chancelando a nossa abordagem com os extractos textuais que a seguir
descrevemos: vv (1, 4, 7, 25) « – Eu nasci … // …é a cor que tenho…/ …a
pesca me dá sustento //Vou da cabeceira».
248
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Portanto, por tudo o que dissemos e pelo que ficou por dizer e, por se tratar
de um relato de sentimentos do sujeito lírico, empenhado a relatar as
questões sócio-ecónomicas, assentes num realismo social e na simplicidade
da sociedade moçambicana, enquadramos o poema no Neo-realismo: vv (1,
4, 7, 25) « – Eu nasci … // …é a cor que tenho…/ …a pesca me dá sustento
//Vou da cabeceira».
Por seu turno, a ideologia que atravessa todos os contos da obra é a denúncia
e o combate ao sistema de dominação vigente na época: o colonialismo
português, isto é, a problemática social, política e económica, simbolizada
na pessoa do sr. Aguiar: «e o sr. Aguiar nas igrejas, nos hospitais, nos
cinemas, no coração da família santos e no entendimento. Até nalgumas
cabeças negras…aqueles anos gotejavam vingança, formavam uma massa
pastosa que estaria em todos os negros e se tornaria rocha onde o sr. Aguiar
se quebraria. A rocha era também o revisor quase homem».
250
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Além do que ficou dito, temos a salientar que a negritude se manifesta nas
relações entre as personagens pela valorização da língua nacional como
forma de desvalorizar a língua do branco que é alheia a do negro e, como
forma de acentuar o valor expressivo que melhor representa os propósitos do
253
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Sumário
Nesta unidade vimos essencialmente algumas pistas e algumas ferramentas que nos
podem auxiliar durante a análise literária de um texto ou obra integral. Todos os textos
analisados constituem a estrutura que de tijolo a tijolo perfazem o grande edifício que
denominamos por Literatura Moçambicana.
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
CARO ESTUDANTE!
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Questionário
1.Cite as diversas terminologias utilizadas para designar o fenómeno da arte
verbal de tradição oral.
2. Trilhados vários caminhos em busca desta cartografia sobre a
conflitualidade designativa do termo Literatura Oral, podemos conferir
algum mérito ao pesquisador Schipper. Justifique a meritocracia atribuído a
Schipper.
3.Outra diferença entre a literatura oral e escrita está relacionado com o
(s)três código (s) envolvidos na produção textual. Enuncie e descreva cada
um deles.
4.Apresente os géneros da literatura oral e a sua respectiva função.
5. Diga o que entende por literatura oral?
6.Na rua, na escola, em casa, enfim, em todos os lugares da sociedade é
comum ouvirmos dizer que a literatura oral é inferior à escrita. Concorda?
Comente.
7.Dê exemplos de etnias com algumas manifestações de textos orais
existentes em Moçambique.
8.Manuel Ferreira oferece-nos um esquema em que apresenta a emergência
da literatura africana, sobretudo no que toca à poesia, ligada ao que ela
considera como quatro "os momentos / etapas do produtor do texto. Cite tais
etapas.
9.Caracterize cada etapa oferecida por Manuel Ferreira no esquema sobre a
emergência da literatura africana.
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12. Por que razão se atribui a figura de José Craveirinha maior destaque na
poesia da moçambicanidade, e referência obrigatória em toda a literatura
africana?
14. A literatura colonial refere-se àquela literatura que foi produzida desde a
colonização até às independências; remonta da época dos descobrimentos
portugueses, com cronistas como Fernão Lopes.
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34. Por que razão se demarca em primeiro lugar o jornal O Africano, fundado
em 1908, por iniciativa dos irmãos Albasini?
35. Para além dos irmãos Albasini, fizeram parte da fundação do jornal “O
Brado Africano” Guilherme Bruhein e Joaquim Stewart. Qual foi o mérito
dos últimos dois intervenientes?
259
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BIBLIOGRAFIA
260
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SCHIPPER, Mineke. Oral literature and written orality. In Viva Voz, Belo
Horizonte, s/ d.
BIBLIOGRAFIA
261
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BIBLIOGRAFIA
262
ISCED CURSO: LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS - 2º Ano Módulo: Literatura Moçambicana
BIBLIOGRAFIA
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