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Município da Vila de Boane

Conselho Autárquico da Vila de Boane

PLANO DE ESTRUTURA URBANA

Análise da Situação Actual Drafth


Volume I
Boane, 25 de Março de 2019

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1. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL E HISTÓRICO DA VILA
MUNICIPAL DE BOANE
1.1. Enquadramento Geográfico da Vila de Boane

A Vila de Boane localiza-se no Sul da Província de Maputo e a Sudoeste da Cidade de Maputo


entre a latitude 26˚ 02΄ 36” Sul e Longitude 32˚ 19΄ 36” Este, apresentando por sua vez os
seguintes limites geográficos: a Norte o Posto Administrativo da Matola-Rio, através das
povoações de Xitevele e Macombe, a Sul pelos rios Movene e Umbeluzi, a Este pelo rio
Umbeluzi e a povoação de Beluluane e a Oeste pelo rio Movene. Possui uma superfície de 14,3
km2 km² e distância de cerca de 22 km da Capital Provincial de Maputo e 30 km da Cidade
Capital do País, Maputo.

Figura 4 : Localização geográfica da Vila de Boane

Fonte : Vocação Técnica, 2019

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1.2. Enquadramento da Vila de Boane no Desenvolvimento Autárquico da Província
de Maputo

O Município de Boane integra o conjunto de 4 autarquias que a província de Maputo possui que
integram também os Municípios da Namaacha, Matola e Manhiça. O município de Boane é o
maior em termos de extensão, não somente em relação aos municípios da província, mas também
a nível do país. De salientar que o Município de Maputo goza de um estatuto especial, o de
Maputo desde 1980, embora a Cidade constitui administrativamente um município com um
governo eleito. Não deve ser confundida com a província de Maputo que ocupa a parte mais
meridional do território moçambicano, exceptuando a Cidade de Maputo. Na estrutura urbana da
Província de Maputo, a Vila de Boane pode ser considerada a terceira na hierarquia dos quatro
municípios onde sobressai a Cidade da Matola seguindo-se a Vila da Manhiça e, por último a
Vila de Namaacha.

A Vila de Boane constitui, na zona Sul do país, a segunda porta de entrada a partir do exterior
quer a partir da Suazilândia com as entradas em Namaacha e Goba quer a partir da África do Sul
com as entradas em Ressano Garcia e Ponta de Ouro. A ligação com outros Municípios da
província é mais forte com o município da Matola. A Vila de Boane serve de área contígua para
o desenvolvimento da área habitacional da Cidade da Matola.

Planta 2: Enquadramento da Autarquia de Boane no conjunto das Autarquias da Província de Maputo

Fonte : Vocação Técnica, 2019

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6.2. Enquadramento histórico do surgimento da Vila e Município de Boane

O território que hoje fazem parte do Município de Boane, até 1895 era uma área pertencente a
Chefatura da Matola, porém, no século XIX, os Guambe, família originais de Beluluane, foram
vítimas de ataque derivado dos Nguni (povos oriundos da região dos grandes Lagos) que
invadiram Moçambique, havendo desta forma uma fusão étnica com os povos locais. Desta feita,
costumes dos Nguni foram adquiridos pelo povo nativo, entre outros, a arte de criação de gado,
que tem um forte valor socioeconómico na região.8

Com a chegada dos colonos e após a construção da linha férrea que atravessa a Vila de Boane,
estes, pretendendo informar-se sobre o nome da região questionaram sobre o assunto ao Sr.
Mboene, cidadão muito popular na região. Este equivocadamente teria respondido dando o seu
próprio nome “Hi mine Mboene”, o que levou os Portugueses a designar a zona de “Boane”.

A Resolução 9/87 de 25 de Abril do Conselho de Ministros consagrou Boane como Vila. Em Maio de
2013 é elevado à categoria de Autarquia.

6.4 Divisão Administrativa da Vila de Boane

A Vila está estruturada em Bairros, Localidades, Povoações e Aldeias. As Localidades integram


Bairros, Povoações e Aldeias. Assim a Autarquia de Boane possui 33 Bairros integrados em duas
Localidades, nomeadamente:

 A Localidade de Gueguegue: possui 7 Bairros e 12 povoações, nomeadamente: Bairro


1, Bairro 2, Bairro 3, Bairro 4, Bairro 5, Bairro 6, Bairro 7, povoação de Picoco,
povoação de Muteve, povoação de Mabanja, povoação de Filipe Samuel Magaia,
povoação de 25 de Setembro, povoação de Belo-Horizonte, povoação de Tinhalene,
povoação de Mucombo, povoação de Campoane Aldeia, povoação de Thonissa e
povoação de Matchume; e

 A Localidade Eduardo Mondlane: possui treze povoações e uma aldeia,


designadamente: Massaca 1, Massaca 2, Aldeia Paulo Samuel Kamkhomba (PSK),
Saldanha, Umpala, Mahanhane, 7 de Setembro, Eduardo Mondlane, Marien Ngouabi, 25
de Junho, Djimo, Ambrósio, Jossias Tongogara e Manguiza.

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REPÚBLICA DE MOCAMBIQUE, Plano estratégico de desenvolvimento distrital ,2008-2012, pag. 20

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Tabela 1: Resumo das Localidades, Bairros e Povoações da Vila de Boane
Localidade Bairro/Povoação Habitantes Área (Ha) Km2
Estevele (Chipapa) 1,718 404.99 4
Estevele (Tinhalene) 937 503.78 5
Estevele (Muteve) 1,331 1,001.70 10
Matchume 1,704 823.61 8
Filipe S. Magaia 1,820 2,496.20 25
Rádio Marconi 3,615 2,684.71 27
Wacombo 1,057 1,951.97 20
Picoco 5,240 1,443.22 14
Gueguegue Belo Horizonte 3,120 1,048.95 10
Campoane Aldeia 7,573 964.25 10
Campoane Povoação 7,240 447.98 4
Bairro 2 (Fiche) 11,355 2,582.63 26
Bairros 1, 2, 3, 4, 5 e 7 26,000 1,217.19 12
25 de Setembro 2,727 616.95 6
Massaca II 10,987 1,090.63 11
Umpala 1,650 521.43 5
7 de Setembro/Gimo 1,806 5,338.00 53
Manguiza 376 358.40 4
Paulo S. Kankomba 1,190 635.90 6
Massaca I 5,074 1,892.46 19
Mahanhane 1,700 5,625.74 56
Saldanha 1,070 2,032.80 20
Eduardo Mondlane
25 de Junho 3,700 4,546.92 45
Marien Nguabi/Mahumbo 10 4,014 4,978.15 50
Ed.Mondlane 04 - Mahanhane 1,977 7,188.56 72
Jossias Tongogarra 1,987 3,846.13 38
Ambrósio 931 2,692.72 27
TOTAL 111,899.00 58,935.97 589.36
Fonte: Vocação Técnica 2019

A nomenclatura da divisão administrativa carece de uma reestruturação pois não existem


elementos que fundamentem ou diferenciem uma Aldeia de um Bairro ou de uma Povoação.

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Planta 3: Divisão administrativa do Município de Boane

Fonte: Vocação Técnica, 2019

2. DINÂMICAS DEMOGRÁFICAS E
CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA
2.1. Dinâmicas Demográficas
2.1.1. População, sua Caracterização e Distribuição

6
7.3. Caracterização Socioeconómica e Cultural
7.3.1. Desenvolvimento socioeconómico

Cerca de 70% da população de Boane vive na base da agricultura como sua principal fonte de
subsistência. Para a obtenção da renda dedicam-se à produção de hortícolas, frutas, produção de
viveiros de árvores de fruta e sombra, criação de animais de pequena espécie, assim como
desenvolvimento de indústrias de micro dimensão, tais como estaleiro para materiais de
construção. Na Vila de Boane podem ser alistadas como predominantes as actividades agro-
pecuárias. Nelas estão envolvidas cerca de meia centena de actores ocupando a agricultura 1088
hectares, a agro-pecuária 529.5 hectares e, a pecuária com 100.8 hectares..

As principais áreas onde se localiza a produção agro-pecuária são as Localidades de Mahanhane


Massa, Umpala e Rádio Marconi. Parte significativa dos habitantes da Vila possuem áreas
produtivas na periferia algumas das quais chegado a estabelecer habitações temporárias.

O processo de desenvolvimento desta autarquia também é impulsionado pelo facto de esta


localizar-se no corredor com a África do Sul e Suazilândia. A ligação é estabelecida através da
Estrada Nacional número 2, ao longo da qual centenas de munícipes ganham a vida recorrendo
ao comércio informal de produtos alimentares e intercâmbio com os países vizinhos. As
principais actividades económicas praticadas no Município de Boane são a agricultura, pecuária,
o comércio, artesanato, indústria de pequena escala entre outras, enquanto a actividade
pesqueira, caça são quase inexistentes.

A ligação global entre a urbanização e os rendimentos mais elevados deve-se à produtividade


geralmente mais elevada do emprego urbano não agrícola. No entanto, em Boane, muitos
empregos não agrícolas são actividades de baixa produtividade que não são comercializáveis,
como o comércio local a retalho, transporte e trabalho doméstico. Estes serviços não atingem
clientes além fronteiras ou no exterior e, portanto, não podem aproveitar a demanda na SADC e
além para expandir a economia local. Pelo contrário, os serviços de baixa produtividade resultam
em baixos salários, colocam os trabalhadores mais vulneráveis à pobreza. A limitação da
procura de produtos não comerciáveis mantém a economia encolhida.

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7.3.2. Oportunidades para o crescimento económico

Apesar dos actuais desafios, a Vila de Boane tem oportunidades de crescimento. A economia de
Moçambique foi uma das que mais cresceram em África nas últimas duas décadas 14. A província
de Maputo partilhou este crescimento, com taxas de crescimento real per capita acima dos 14 a
18% entre 2011 e 2013. O crescimento económico nacional foi liderado em grande parte pelo
sector de serviços, com a produção industrial e agrícola a contribuir também para o crescimento.

A média anual de crescimento percentual da produção de serviços, indústria e agricultura nos


dez anos entre 2007 e 2016 foi de 8,0%, 6,3% e 4,3%, respectivamente, no país. O crescimento
do valor agregado fora da fazenda superou o crescimento da população urbana, que ficou em
média 4,4% no mesmo período (cálculos baseados no Banco de Dados de Indicadores do
Desenvolvimento Mundial), embora esse crescimento não tenha sido rico em empregos nem
espalhado pelo país.

Pequenas cidades como Boane podem explorar as tendências econômicas positivas de várias
maneiras e também pelo facto de se localizar no corredor com África do Sul, Suazilândia e dos
seus intercâmbios comerciais com as capitais economicas como Maputo e Matola, esta que
possui um dos maiores parques industriais de Moçambique. Ligações com locais de crescimento
mais rápidos podem ajudar, (Cali & Menon, 2009), por exemplo África do Sul, Suazilândia,
Maputo e Matola. Para além disso, à medida que o conhecimento sobre boas práticas na
agricultura, agro-processamento e outras cadeias de valor desenvolvem-se a nível nacional e
provincial, elas pode se integrar em Boane e promover a produtividade. Isso já está acontecendo
em algum grau com os serviços de extensão agrícola na área.

À medida que a economia nacional cresce, com repercussões para Boane, o consumo também irá
aumentar, e estudos demonstraram que os padrões de consumo urbano diferem
significativamente do consumo rural, criando oportunidades para novos bens e serviços nas
cidades (UNECA, 2017). Muitas vezes, as áreas de urbanização geram novas oportunidades de
geração de empregos em finanças, comunicação, construção (infraestruturas e habitação, em
particular), transporte e alimentação. Padrões de consumo de alimentos orientam-se mais para
os produtos empacotados e processados, muitas vezes vendidos em supermercados. Embora
essas mudanças possam representar um risco para os produtores locais que podem ser expulsos
pelos grandes retalhistas internacionais, há também oportunidades para o desenvolvimento de
cadeias locais de valor de agro-processamento com empregos nos transportes, armazenamento,
processamento, embalagem, marketing e vendas a retalho.

Os sectores de manufactura e de serviços poderão beneficiar do agrupamento de empresas, que


também poderão aumentar o tamanho dos mercados (tanto para compra de insumos como para a

14
Segundo dados do relatório "Enfrentando Decisões Difíceis: Actualidade Económica de Moçambique", do Banco
Mundial divulgado em 2016, Moçambique "está a atravessar uma crise complexa", marcada por uma recessão
económica, por sua vez provocada pelos baixos preços das matérias-primas, pelos desastres naturais e pelos ataques
armados que se vive no norte do país, e agravada pelas dívidas escondidas, em abril de 2016.

8
venda de produtos), melhorar a disponibilidade de mão-de-obra, compartilhar o custo de serviços
públicos urbanos e criar desdobramentos de conhecimentos de todos as componentes de
economias de aglomeração. Assim a medida que as cidades aumentam de tamanho, o potencial
de agrupamento também aumenta, mas, às vezes, a intervenção pública é necessária para
impulsionar os agrupamentos e ajudar o sector económico local específico a atingir o tamanho
ideal que possa gerar seu próprio impulso. Intervenções direccionadas, incluindo investimentos
públicos em infraestruturas e serviços e empréstimos através do fundo de desenvolvimento local,
é uma abordagem possível.

Todavia, para Boane, a opção para aproveitar ou as oportunidades de desenvolvimento


económico, ou actividade orientadas para as infra-estruturas ou ainda para o desenvolvimento da
força de trabalho será crítico. Devido a limitações financeiras nas despesas públicas, os
investimentos deverão ser estratégicos e orientados para alavancar os activos locais. Apoiar o
crescimento de um ou dois sectores econômicos catalisadores para estabelecer os pilares iniciais
é um possível ponto de partida que poderia impulsionar o crescimento local.

7.3.3. Política econômica e objectivos existentes

A estratégia de desenvolvimento do município de Boane encontra-se alinhada com os vários


segmentos da política econômica. Ao nível nacional, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento
2015-2035 define as áreas prioritárias, incluindo a transformação da agricultura e da pesca, a
revitalização e expansão da indústria transformadora, a promoção da indústria extractiva e
desenvolvimento para o turismo ecológico, cultural, histórico, entre outros.

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2015-2035 é implementada com planos quinquenais.


O Plano Quinquenal do Governo (PQG) 2015-2019 tem como foco central um conjunto de
cinco prioridades: (i) Consolidar a unidade nacional, a paz e a soberania; (ii) Desenvolver o
capital humano e social; (iii) Promover o emprego e melhorar a produtividade e a
competitividade; (iv) Desenvolvimento de infraestruturas económicas e sociais; (v) Assegurar a
gestão sustentável e transparente dos recursos naturais e do ambiente.

O PQG 2015-2019 tem sido traduzido para o Plano Económico e Social com programas para o
Distrito de Boane, onde o município integra-se, e monitorado regularmente. Igualmente o
Município de Boane elabora os seus Planos Económicos e sociais Anuais através dos pilares do
PQG 2015-2019. Actualmente, constitui um desafio para o Conselho Autárquico, que inicia um
novo ciclo de Governação, a elaboração do seu plano para o actual mandato, que previamente
definiu o Ordenamento Territorial como sendo o pilar da sua governação.

O Plano de Estrutura do Boane deverá apoiar o crescimento econômico inclusivo, em linha com
a visão nacional e o planeamento econômico, priorizando a infraestrutura e um desenvolvimento
espacial que apoie as metas do PQG e contribua para o Objectivo 11 do Desenvolvimento
Sustentável.

9
7.4. Agricultura
7.4.1. O Desenvolvimento agrícola

A agricultura predominante é a agricultura de sequeiro, com um cultivo contínuo e com rotação


de culturas. De um modo geral, a agricultura é praticada com base em variedades locais e, em
algumas zonas, com o recurso à tracção animal e tractores. Em média, as famílias camponesas
exploram uma área de 0,8 Ha a 2 Ha.

Devido ao padrão de precipitação apenas é possível uma colheita por ano, considerando a
produção agrícola de sequeiro. A produção agrícola de regadio é realizada em duas épocas de
cultivo. A primeira época é destinada ao cultivo de cereais tais como: milho, mandioca, batata
doce e feijão-nhemba e, a segunda época é reservada ao cultivo de hortícolas, nomeadamente,
tomate, pimento, feijão-verde, repolho, cebola, e batata reno. A existência de bons solos e de um
microclima favorável se,por um lado, constitui um potencial para a produção de árvores de fruta,
por outro lado, a ocorrência com certa frequência de secas e a escassez de mudas ou sementes
limitam o desenvolvimento da fruticultura.

O Município, à semelhança de todo distrito, tem potencial para produção de outras culturas
alimentares, mas estas são as mais predominantes a nível do sector familiar.

Município de Boane tem sido alvo de uma procura para diferentes usos por parte de pessoas
singulares provenientes da cidade de Maputo com intenções de investimento. Esta pressão sobre
a terra está na origem de vários conflitos ligados à posse da terra, para os quais as autoridades
municipais em coordenação com anciãos influentes localmente têm estado a dirimir.

Existe uma diferença notável entre as várias zonas da Vila com relação a segurança alimentar. A
zona sul é mais estável em virtude de ser coberta por uma rede hidrográfica e, por conseguinte,
beneficiar de regadios e zonas baixas húmidas com grande potencial para hortícolas, banana e
citrinos. O fomento pecuário privado, tem estado em franca recuperação nos últimos dez anos.

Em diferentes associações de agricultores (Manguiza, Paulo Samuel Kankhomba, Mafuiane e


Massaca) e, em diferentes áreas de produção agrícola do sector familiar e privado foram lavrada
uma área de 40, 520.00ha, com maior destaque para as culturas de milho, mandioca, batata-doce,
feijão nhemba, amendoim, banana, cebola, repolho e tomate, Estima se que cerca de 305,338.90
toneladas de diversos produtos foram colhidos em 41, 218.50 ha, com maior destaque para os
cereais com 30.4%, raízes e tubérculos com 27.20%, hortícolas 21.8% e 20% fruteiras
(SDAE, 2018). A tabela 1 ilustra os dados de produção.

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7.4.3. O Acesso e Maneio de Insumos Agrícolas

Devido a alguns constrangimentos ao acesso de insumos tais como preços elevados, falta de
transporte e vias de acesso para escoamento de produtos, os produtores da Vila de Boane tem
limitações no uso de insumos agrícolas.
Os insumos são adquiridos nos mercados locais com os agro-dealers assim como a partir de
algumas organizações (GVC). Por vezes recorre-se à Cidade de Maputo.

Os técnicos da extensão agrária sensibilizam para a higiene e segurança no trabalho no manuseio


de pesticidas. Os produtores estão cientes do perigo no manuseamento pelo que eles reservam
uma área específica nas suas próprias machambas para o preparo. Após o uso os produtores estão
instruídos a enterrar ou a queimar os recipientes tóxicos no lixo.

7.4.2. Comercialização agrícola

A maior parte da produção agrícola é feita por pequenos agricultores tendo como destino o
consumo próprio, no entanto, Boane tem alguns aspectos que diferem quando comparados com
outros municípios, que é a forte ligação com o mercado. Nesta perspectiva há uma produção
intensiva de vegetais devido à proximidade das cidades de Maputo e Matola15.

A maior parte das culturas produzidas a nível do Município é para a subsistência familiar. Uma
parte excedentária da produção é adquirida directamente nos campos agrícolas dos pequenos
produtores por revendedores formais e informais. A outra parte excedentária ou é
comercializada ao nível do mercado grossista local (2 a 5 Km dos locais de produção) ou é
colocada no Mercado Grossista do Zimpeto (50 Km de Boane) por agricultores empresariais.

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As áreas de Boane, Moamba, Mahotas e Infulene são consideradas como o cinturão verde de Maputo ou seja, importante fonte de
vegetais frescos.

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Tabela 8: Lista de empresas de comercialização agrícola
Nome da Empresa Localização Área Prod. Nº de Ramo (s) de
No (ha) Média trabalhadores actividade
(ton)
H M Total

1 Fernando Mahanhane 12 95 3 0 3 Agricultura


Nhantumbo

2 Muthemba Mahanhane 18 138 3 1 4 Agricultura

3 Jacinto Veloso Mahanhane 6 40 3 3 Agricultura

4 Lopes Tembe Mahanhane 12 65 2 Agricultura

5 Telmo Manhiça Mahanhane 12.5 86 7 7 Agro-pecuária

6 Marcelina Chissano Mahanhane 50 380 9 2 11 Agro-pecuária

7 Alfredo Simango Mahanhane 10 95 4 4 Agricultura

8 Sessão Sigauque Mahanhane 7 50 6 6 Agricultura

9 Manuel Monteiro Mahanhane 12 68 4 1 5 Agricultura

10 Mussa Abdala Mahanhane 8 35 4 0 4 Agricultura

11 Luís Manuel Mahanhane 6 18 1 0 1 Agricultura

12 Vasco M. Tembe Mahanhane 14 72 6 2 8 Agricultura

13 Morais Mahanhane 14 54 5 5 Agricultura

14 Machamba da Mahanhane 25 10 5 1 6 Agricultura


Presidência

15 Zeferino Martins Mahanhane 10 30 4 Agricultura

16 Bananalândia Mahanhane 250 1,3750 153 247 400 Agricultura

17 Mozpinto Mahanhane 25.8 26 7 33 Pecuária

18 Olsa Citro Mahanhane 96 5,280 44 16 60 Agricultura

19 Citrum Massaca 154 8,470 58 32 90 Agricultura

20 Moz Farm Umpala 2.0 120 60 60 Matadouro

21 Bloco 4 Massaca 187 10,285 Agricultura

22 João Dique Massaca 10 35 5 2 7 Agro-pecuária

23 Albertino Loforte Massaca 6 20 2 3 5 Agro-pecuária

24 Casa do Gaiato Massaca 150 2800 15 15 Agro-pecuária

12
29 Vetagro LDA Bloco 2 968 22 1 23 Pecuária

30 Umbeluzi Umbeluzi 20 60 12 8 20 Agricultura


investimento

31 Ismael Jossias 1.5 4 3 7 Agricultura


Tongogara

32 Issufo abdul Jossias 100 7 3 10 Agro-pecuária


Tongogara

34 Agro-Triunfo Manguiza 50 210 6 17 23 Agricultura

35 Umbeluzi bananas Umpala 40 2200 35 75 10 Agricultura

36 Permacultura Marien 5 7 23 Agro-pecuária


Nguabi

37 Xadreque R. Marconi 15 50 2 2 4 Agricultura


Muthemba

38 Faruque Ibrahimo R. Marconi 10 15 3 3 Agro-pecuária

39 Rafindine Moiane R. Marconi 15 10 Agro-pecuária

40 Tobias Dai R.Marcon 50 20 Agro-pecuária

41 Bento Beira R.Marconi 50 15 6 6 Agricultura

42 Fernando Junior R.Marconi 16 10 4 3 7 Agricultura

43 Eugénio Muzamane R.Marconi 10 6 5 2 7 Agro-pecuária

44 Jacinto Lourenço R. Marcon 100 10 5 5 Agro-pecuária

45 Celeste Honwana R. Marcon 16 3 3 6 Agro-pecuária

Na campanha 2017/18 foram foram comercializados cerca de 151.999,90 toneladas o que


representa 93,2%de realização. (SDAE, 2018) conforme a tabela 9 reflecte:

Tabela 9: Produção comercializada


Classe de Culturas Planificado 2017/2018 Realizado 2016/17 Realizado 2017/18

Cereais 50,325.00 37,721.00 50,297.00

Tubérculos 49,520.00 43,563.00 47,850.00

Leguminosas 1,490.00 2,013.40 1485.00

Hortícolas 49,493.60 46,559.00 49,684.00

Fruteiras 48,284.00 47,640.00 48,907.80

TOTAL 199,112.60 177,496.40 198,223.80


Fonte: SDAE- 2018

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7.4.4. Os Desafios para a Comercialização agrícola Oportunidades e Constrangimentos

O Município apresenta um bom potencial para a produção entre os quais solos ricos para a
produção de culturas diversas, terras aráveis, fontes de água para irrigação próximas às zonas de
produção, no entanto a escassez de fontes de energia para uso de electrobombas nas zonas de
produção, a falta de armazéns para conservação pós-colheita, preços baixos e perdas pós
colheita, e preços altos para aquisição de insumos são alguns dos desafios para a
comercialização.

O Município conta com o apoio de algumas organizações tais como, Prosul/Gapi, GVC e Agro
Mozal na provisão de insumos, comercialização e treinamentos de práticas agrícolas.

7.4.5. Desenvolvimento Florestal

Desde 2012 o Município vem desenvolvendo mudas para conservação da biodiversidade local, e
promove aproximadamente 20 florestas comunitárias.

Os produtos não madeireiros predominante são: Massala e Mafilo; A actualmente já não são
emitidos licenças de exploração da madeira por falta de área para a execução da mesma pelo que
não existem produtos madeireiros explorados neste distrito. Neste período não foram registrados
dados de morte e contaminação de fauna e flora. O último episódio de áreas afectadas por
queimadas descontroladas foi registrados somente em 2015 onde foram cerca de 10ha. No
Município de Boane estão registados 20 vendedores elegíveis de lenha, carvão e estacas.

7.5 Desenvolvimento Pecuário

O fomento no universo pecuário apresenta-se fraco. O gado criado na Vila é predominantemente


bovino, caprino e suíno, Desponta também a actividade avícola. O desenvolvimento da pecuária
no Município é afetado pela falta de pastos de qualidade e a prevalência de doenças.

7.5.1. Produção Pecuária

A produção pecuária no ano de 2018 rendeu 208.9 toneladas de carne bovina num plano anual de
231 toneladas (90.4 % de realização) contra 120.62 toneladas do igual período anterior
representando um crescimento em 173.2%; 9,190 toneladas de frango de um plano de 11.900
toneladas (77.3% de realização) e um crescimento de 74.9 % relativamente ao igual período
anterior, produzidas 5.695.481 dúzias de ovos contra 5.267.425 uma realização de 108.1%, e um
crescimento em 8.1 % relativamente ao igual período anterior. Produzidos 27,757 litros de leite
numa realização de 133.5% e um crescimento de 27.4% relativamente ao igual período anterior.

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Quadro 9: Produção de Carne e produtos de origem animal
Produtos Plano 2018 Real 11 Real 11 % Cresc
Meses Meses Real .%
2017 2018
Carne Bovina (Ton) 231 120.62 208.9 90.4 173.2
P Ruminantes (Ton) 2.8 3.97 3.93 140.3 -1

Carne Suína (Ton) 35.5 49.63 36.2 102 -27


Carne de Frangos (Ton) 11.900.00 5.254 9.190.00 77.3 74.9
Ovos de consumo 6,410,000.0 5,267.425 5,695.481 88.9 8.1
(Dúzia) 0
Ovos de codornizes 13,481.00
(Dúzia)
Leite (L) 20,780.00 21.796 27.757 133.5 27.4
Pele 380 564 859 226 52.3

A localização da origem dos produtos de origem animal não são existentes. O SDAE usa como
base os locais de abate dos animais localizados nas localidades de Gueguegue e Eduardo
Mondlane. Os frangos e ovos provém dos Bairros Mahanhane e Umpala.

7.6. Desenvolvimento Das Actividades Comercial e Industrial


7.6.1. Desenvolvimento da Actividade Industrial

A Vila de Boane conta, com seis jazigos de areias e uma pedreira. Funcionam na Vila 27
empresas sendo a pequena indústria local a mais expressiva distribuída pelas mais variadas
actividades como demonstra a Tabela 11.

Tabela 11: Principais indústrias da Vila de Boane


Nome Actividade Localização Estado
actual

Sumol + Compal Produção e comercialização de Av. Namaacha Belo Operacional


Moçambique, S.A Sumo Horizonte

Moçambique Farms Processamento de Frangos Bairro de Umpala, Operacional


Lda

Galovos Agricultura e Pecuária Bairro de Mahanhane Operacional

Moz Pintos Avicultura Bairro de Mahanhane Operacional

AgroFarm Produção de Radiadores Bairro da Massaca

Tedeco Lda Construção Civil Av. Namaacha, Bairro 25 Operacional


Setembro

Blitz Estaleiro Bairro 25 de Setembro

Wakabricks Produção de Blocos Campoane Aldeia

Hipermaquina Pedreira Mabanja

15
Fronteira, Lda Produção de Bebidas Av. Namahacha

Cerâmica África Produção de Tijolos Bairro 7 Setembro

Cerâmica Prómaco Produção de Tijolos Bairro 7 Setembro

Fábrica de Travessa – Produção de Travessas Bairro 25 de Setembro


CFM

Maputo Cimento Produção de Cimento Mahubo

Sunera Cimento Produção de Cimento para Av. Namaacha, Bairro 25


construção Civil de Setembro
Fonte:Adaptado pela Vocação técnica 2018

7.4.2. Desenvolvimento da Actividade comercial

O comércio incide sobre a parte central da Vila sobretudo nos Bairros (1, 2 e 3), e na periferia
nos bairros Massaca e Campoane Aldeia. O Bairro de Massaca foi o registou maior número de
novos estabelecimentos no ano 2018. O registo de estabelecimentos comerciais tem sido
exercido de forma dinâmica sendo que nos últimos anos a registo de um crescimento
significativo nas áreas comercial formal e informal.

A rede comercial formal registou um crescimento significativo nos últimos anos, passando de
um registo de 42 estabelecimentos em 2000 para um registo de 105 em 2018, sendo 22 grossistas
e 83 retalhistas. Para além destas unidades há ainda 70 casas de comércio a título precário.

7.5. Desenvolvimento Turístico

Ao nível do Município existe as seguintes instancias turísticas: Pensão e Restaurante Ponto


Final; Hotel e Restaurante a Palhota; Restaurante Complexo Quintal. Para além destes
estabelecimentos hoteleiros existem zonas turísticas na Vila de Boane que especificamente
localizadas na Barragem dos Pequenos Libombos, e nos Bairros Jossias Tongogara e Saldanha,
sendo que estas zonas que possuem condições propícias para a construção de vários
empreendimentos turísticos e desenvolvimento da pesca desportiva devido a sua localização
geográfica junto aos Rios Tembe e Umbeluzi.

7.6.2 Desenvolvimento de actividades Desportivas

Na Vila Municipal de Boane, as instalações desportivas são em número reduzido e de baixa


qualidade. Estão confinadas às Escolas e aos bairros e povoações. O IAB (Instituto Agrário de
Boane) possui um campo polivalente que tem acolhido os eventos do Município. O conjunto de
práticas desportivas desenvolvidas na Vila inclui a prática do futebol, andebol e basquetebol e
Jogos tradicionais (damas, Tchuva e Muravarava).

O Município acolhe, anualmente, três campeonatos de futebol como torneio municipal


decorrendo entre Fevereiro a Abril coincidindo o final com as celebrações do Aniversário do
Município. São envolvidas 37 equipes sendo 2 equipas do futebol federado, 26 do futebol
16
recreativo e 9 da categoria de Veteranos.

O torneio Municipal de Basquetebol decorre entre Junho a Dezembro. As equipes federadas de


Basquetebol participam em campeonatos provinciais representando o Município. A Vila possui
trinta e sete (37) campos de futebol dos quais seis (6) são campos polivalentes.

Tabela 14: Campos polivalentes

Nr. Campo Gestão Localização


Localidade Eduardo Mondlane
01 Campo de Umpala Municipal Povoação de Umpala
02 Campo de Paulo Samuel Kankhomba Municipal Povoação de PSK
03 Campo da Física I Municipal Massaca I
04 Campo da Física II Municipal Massaca II
05 Campo da Escola Secundária da Massaca Particular Massaca I
06 Campo da Escolinha do Tico Particular Massaca II
07 Campo de Mahanhane Municipal Mahanhane
08 Campo de Manzinho Municipal Mahanhane
09 Campo de Mahubo 10 Municipal Marian Nguambi
10 Campo de Mahubo 14 Municipal Eduardo Mondlane
11 Campo de Mahubo 20 Municipal Jossias Tongogara
12 Campo de 25 de Junho Municipal 25 de Junho
13 Campo das Águas Particular Gimo
14 Campo de 7 de Setembro Municipal 7 de Setembro

17
15 Campo de Saldanha Municipal Saldanha
16 Campo da Casa do Gaiato Particular Massaca I
01 Campo do IAB Particular Bairro 2
02 Campo do Jota Municipal Bairro 7
03 Campo da Escola Secundária Joaquim Chissano Particular Bairro 7
04 Campo do IPU Particular Bairro 7
05 Campo do Centro Piloto Municipal
06 Campo de Bloco II Municipal Campoane Povoação

07 Campo de Campoane Municipal Campoane Aldeia


08 Campo de Picoco Sede Municipal Picoco
09 Campo de Picoco Expansão Municipal Picoco
10 Campo de Estevel Municipal Mwakhombo

11 Campo de Matchume Municipal Matchume


12 Campo de Filipe Samuel Magaia Municipal Filipe Samuel Magaia
13 Campo de Marconi Municipal Mabanja
14 Campo do Centro OlympÁfrica de Boane Particular Mabanja
15 Campo de Tedeco Municipal 25 de Setembro
Campos Polivalentes
01 Campo Polivalente do IAB Particular Bairro 2
02 Campo Polivalente da Escola Secundária Joaquim Particular Bairro 7
Chissano
03 Campo Polivalente do CITAU Particular 25 de Setembro

04 Campo Polivalente do ISTEG Particular Belo Horizonte

05 Campo Polivalente da Igreja Católica Particular Bairro 1


06 Campo Polivalente do Centro OlympÁfrica de Boane Particular Mabanja
Fonte: Vocação Técnica 2018

Quanto à propriedade das facilidades desportivas, 26 equipamentos são de carácter público e 11


de propriedade privada. Os equipamentos pertencentes às escolas correspondem a 70,2% dos
equipamentos desportivos existentes no Município em alguns casos integram campos de
Basquete.

7.6.3. Práticas Religiosas

Na Vila pontificam inúmeras congregações religiosas o que atinge uma centena de locais de
cultos religiosos. Existem cerca de 102 igrejas localizadas na sede do Município, Bairros 1, 2, 4
e 7, Rádio Marconi Mabanja, Bairro Gueguegue, Compoane, Eduardo Mondlane, Mahanhane,
Massaca II, Chipapa, Filipe Samuel Magaia, Wancombo, Matchume, Belo Horizonte, Umpala,
25 de Setembro. Existe apenas uma única mesquita localizada no Bairro 7.

18
3. CONDIÇÕES BIOFÍSICAS, RECURSOS E VALORES NATURAIS
3.1. Condições Biofísicas
3.1.1.Caracterização Geológica

Segundo a interpretação da carta geológica de Moura 1969, e da nota explicativa de


Afonso 1976, a geologia regional do distrito de Boane onde se insere a Vila com o mesmo
nome pertence ao complexo vulcânico dos Libombos-Karró superior que se alongam na
direcção Norte-Sul. Este complexo é formado por riolitos, brechas, tufas e cinzas
vulcânicas geralmente de grão fino e médio cuja coloração varia de vermelho à castanho.

A sua estrutura é de bandas e lâminas com fenocristais de orthoclase e aliglocásia com


minerais máficos e uma criptocistalina.16 Do quaternário encontram-se materiais arenosos
constituídos por depósitos aluvionares ou proluviões nas duas margens do rio Umbelúzi
com cascalho, quartzo, riolitos, alguns minerais e outro tipo de rochas. Estes depósitos são
raramente eólicos e tem utilidade particular em obras de engenharia civil.

3.1.2. Caracterização dos Solos

O Município de Boane apresenta três grandes grupos de solos, nomeadamente:

1. Solos
17
fluviais de alta fertilidade que abundam principalmente ao longo das margens dos rios
Tembe e Umbelúzi, concretamente nos bairros de Belo Horizonte, Campoane e 25 de
Setembro;
2. Solos
arenosos de fertilidade muito baixa e baixa retenção de água;
3. Solos
18
argilosos vermelhos ocupam uma proporção espacial intermédia entre os dois tipos de
solos anteriormente apresentados, particularmente nos Bairros Filipe Samuel Magaia e
Massaca, (DINAGECA, 1997).

16
Op sit, perfil do distrito de Boane
17
Solos fluviais são formados quando os rios desgastam o relevo na sua parte mais elevada transportando os
solos para sua parte mais baixa.
Cada tamanho de grão será depositado num determinado ponto do rio, correspondente a uma determinada
velocidade. Solos muito finos, como as argilas, permanecerão em suspensão até decantar em mares ou lagos
parados.
18
Solo argiloso, também chamado de “solo pesado”, é uma terra húmida e macia, composto por mais de 30%
de argila, alumínio e ferro. Após a chuva, os terrenos de solos argilosos, que absorvem bastante água, ficam
encharcados. Por outro lado, na época de seca, esse tipo de solo tende a formar uma camada dura e pouco
arejada do terreno, prejudicando o desenvolvimento da vegetação.

19
O vale de Umbeluzi possui solos com bom potencial agrícola e pecuário que são explorados por
um vasto tecido de agricultura privada e familiar. Existe uma diferença notável entre as zonas do
Município em relação à produção e segurança alimentar.

8.1.2 Caracterização Topográfica

O relevo da Vila de Boane é caracterizado, em geral, por uma paisagem levemente


ondulada e sem grandes diferenças de altitude. No entanto, a parte Norte, Este e Sudoeste
apresenta uma paisagem com pequenas diferenças de nível, formando-se uma verdadeira
planície, enquanto que a Sul e Oeste é caracterizado por uma variação gradual de altitudes.
É importante referir que 1/4 da área urbanizada situa-se em terrenos elevados acima de 30
m. De salientar que a zona central situa-se entre 48 a 80 m de altitude numa extensão de
4km.

20
Planta 06: Mapa Topográfico

3.1.3. Hidrografia

Os cursos de água do Município de Boane pertencem às bacias hidrográficas dos Rios Umbelúzi
Movene e Nwlate estes dois últimos de regime periódico (afluentes do Umbelúzi). Destes, o
mais importante é o Rio Umbelúzi, que nasce na Suazilândia e após 70 km de percurso deságoa
no Estuário do Espírito Santo. O caudal de água do Rio Umbeluzi depende da gestão e dos
acordos de partilha de águas entre Moçambique e Suazilândia. O rio Umbelúzi é a fonte
principal de abastecimento água potável às cidades de Maputo e Matola e, também se integra
numa estratégia de utilização das suas águas para irrigação e produção de energia elétrica local a
baixa escala. dos recursos naturais e de aproveitamento das potencialidades da região.

21
Imagem 3: Barragem Pequenos Libombos

Fonte: MOPHRH

No Rio Umbeluzi está construída a Barragem dos Pequenos Libombos com uma Potência de 2
MW. A barragem dos pequenos Libombos tem o escoamento médio anual de 240x10.000.000
m3.

Planta 07: Rede hidrográfica

Autor: Vocação Técnica, 2018

22
8.2. Recursos e Valores Naturais
8.2.1. Caracterização da

vegetação Cobertura Vegetal e

Florestal

A cobertura vegetal no espaço urbano da Vila de Boane compreende a vegetação herbácea,


arbustiva e por vezes arbórea. Segundo Sá e Marques (s/d), o distrito de Boane onde se localiza a
Vila de Boane insere-se na região sudano-zambézica no domínio das savanas e florestas Sul
Africana, e apresenta as seguintes formações vegetais:

● Savana
e matagais de espinhos com ocorrência de acácias herbáceas Kraus Siana, Spirokarpa,
Dichrostaachys e trepadeiras suculentas como Sarcostemma, Ciscos e Ceropegia, Aloé e
Sanseviera, Estratogranuloso com domínio das especies Pinicum, Setaria, Chloric,
Urochloa e Eracrotes;
● Vegetaç
ão típica dos aluviões que compreende essencialmente savanas herbáceas e estepes com
predomínio de espécies de género sectária andropogónio e ischaepre verdes ou decíduo
para além de savanas arbóreas com abundância de espécies do género acácia,
Xanthophoca, Compilacantha, Spiracarpa, Nigrescers, Ficos, Combrutum, Borrassus,
Hiphene, etc;
● Estepes
Holófilas de gramíneas suculentas com espécies do género Esporobolus (Nitens, S,
Mabginatus e S. Virginicus).

Segundo (MAE 2005), As populações locais utilizam estacas, caniço e outros materiais locais
para a construção, onde são destacadas as espécies (Hyperthelia Dissoluta, Dichosta Chys
Terminaria Sericea e Cinereia).

Algumas árvores fornecem lenha e madeira para a produção de carvão, que são os combustíveis
mais utilizados pelas famílias. Algumas aldeias não têm acesso fácil a fontes de lenha, obrigando
os seus habitantes a percorrerem distâncias que variam de dois a sete quilómetros.

23
Figura 11: Vegetação predominante na Vila

Fonte: SDPI, 2015

Devido ao desflorestamento já não estão a ser emitidos licenças para exploração florestal nas
imediações da Vila. Esta embarcou num processo de reflorestamento com apoio dos Serviços
Distritais de Actividades Económicas e da Mozal tendo já sido implantado até 2018 cerca de
30000 plantas diversas espécies nativas19, como forma de usar os recursos de uma forma racional
e sustentável, foram criados ao nível dos PA´s comités de gestão dos recursos naturais que velam
pela área da floresta e fauna bravia. Estas plantas foram distribuídas em 44,850 plantas diversas,
10500 Muringa, 9700 canhueiros, 7800 chanfuta 6600 acácias, 4550 tsintsiva.

As acções de sensibilização da população, estruturas locais, nomeadamente chefes dos postos,


de localidades e líderes comunitários para efeitos de minimização das queimadas descontroladas
e caça furtiva, reflorestamento, são levadas a cabo através de acções conjuntas entre o comité, os
líderes comunitários dos postos administrativos. Apesar dos esforços, o Município carece de
meios que lhes possibilite fazer o controlo das quantidades exploradas de camada florestal, para
os vários fins.

Na Vila prevalecem bolsas de espécies florestais como documentam as tabelas 6 e 7 fruto de um


levantamento efectuado em 2012

Tabela 6: Relação de espécies florestais existentes na Localidade Eduardo Mondlane


No Povoação Nº de Nº de Área Tipo de plantas
habit. planta (ha)
1 25 de Junho 1.195 250 2 Micaias, Chanfuta
2 J. Tongogara 1.353 1.667 2 Micaias, Chanfuta
3 1
4 Massaca I[1] 5.571 3.000 3 Micaias, Chanfuta, Moringa
5 Ambrósio 374 300 2 Micaias, Chanfuta
6 Umpala 415 150 1 Micaias, canhoeiros e maphilua
7 Ed. Mondlane 518 1,5 Micaias, Chanfuta

19
Direcção Nacional Planeamento e Ordenamento Territorial - Estão incluídas micaias, chanfutas, moringa,
canhoeiros, entre outras especies.

24
8 4 Micaias, Chanfuta
9 Marian Ngoambi 326 2 Micaias, Chanfuta
10 Saldanha 118 2,5 Micaias, Chanfuta
11 3 Micaias, Chanfuta
12 Umpala 415 1 Micaias, Chanfuta
13 7 de Setembro 442 2 Micaias, Chanfuta
14 Circulo Gimo 201 1,5 Micaias, Chanfuta
25 1,5 Micaias, Chanfuta
Subtotal 2 30
Fonte: SDAE 2012

Tabela 7: Relação de espécies florestais existentes na Localidade de Gueguegue.


N. Povoação Nº de hab. Nº de planta Área (ha) Tipo de plantas

1 Filipe S. Magaia 1.680 820 1,0 Micaias, Chanfuta


2 Fiche 4.350 610 0,7 Micaias, Chanfuta
3 Tchonissa - 350 2,5 Micaias e Canhoeiros
4 Quartel de - 800 1,0 Micaias, Chanfuta
Boane
5 Picoco 618 1,5 Micaias, Massaleiras, Canhoeiro, etc
Subtotal 1 6,7
Fonte: Zoneamento Agro-geológico, Ministério de Agricultura, 2012

A falta de um plano de gestão inerente ao uso racional dos recursos naturais tem criado
problemas principalmente no que concerne ao acesso de lenha aos seus beneficiários, obrigando
os a percorrer longas distâncias à procura destes recursos. O Mapa 8 apresenta a cobertura
vegetal da Vila de Boane despontando a maior parte do solo cultivado.

25
Planta 08: Distribuição da vegetação

8.2.2. Caracterização da Fauna Bravia

A fauna bravia20 de Boane é constituída por uma diversidade de animais tais como pequenos
antílopes, coelhos, galinhas do mato, macacos, cobras, nhalas, impalas, hipopótamos, crocodilo
entre outros. O produto da caça tem importância como suplemento alimentar para os agregados
(MAE 2005).

Conflito Homem-Fauna Bravia

O crescimento demográfico e consequentemente o aumento pelo interesse de exploração dos


recursos naturais como água, florestas e terras tem motivado a deslocação de populações locais
que por vezes colidem com rotas e habitat de algumas espécies faunísticas, facto que tem vindo a
contribuir para a eclosão do conflito homem-fauna bravia.

20
Fauna é o conjunto dos animais de uma região geográfica. As espécies próprias de um período geológico ou de
um ecossistema determinado formam este grupo, cuja sobrevivência e cujo desenvolvimento dependem de factores
bióticos e abióticos. A fauna pode dividir-se em fauna bravia, que é aquela que não necessita do homem para a sua
alimentação e o seu desenvolvimento e em fauna doméstica que são as espécies submetidas ao controlo do homem.

26
Nas margens dos rios tem ocorrido o conflito homem – fauna bravia que por vezes provoca luto
nas populações locais. Os animais mais problemáticos são o crocodilo e o hipopótamo que
provocam mortes.

4. RESILIÊNCIA URBANA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A resiliência urbana é definida como sendo a capacidade de um sistema urbano, incluindo seus
residentes, de manter uma continuidade em face a choques e estresses, enquanto se adapta e
transforma positivamente para a sustentabilidade (UN-Habitat).

Entre as ameaças enfrentadas pelas cidades, estão eventos de origem natural (como chuvas,
ventos, ciclones), de ordem antropogênica (como queimadas, desflorestação, guerras) e biológica
(como epidemias), entre outros. Esta seção debruçar sobre os referidos eventos e como eles
podem afetar o desenvolvimento urbano do Município de Boane.

9.1 Dados Climáticos e Alterações Climáticas


9.1.1. Perfil Climático da Área envolvente da Vila de Boane

O clima do Distrito de Boane onde se localiza a Vila de Boane é sub-húmido com diferença de
chuvas na estação fria, induzidas pela alta pressão sub-continental e as incursões de ventos
húmidos do oceano. Vagas de frio podem trazer tempestades violentas e chuvas torrenciais de
curta duração. A temperatura média anual é de 22,9ºc, sendo os meses mais frios Junho e Julho e
os mais quentes Janeiro e Fevereiro. A amplitude térmica anual é de 8,8ºc. A humidade relativa
média anual é de 80,5%, variando de um valor máximo de 86% em Julho a um valor mínimo de
73,55%, em Novembro. A pluviosidade média anual (PMA) é de 677 mm variando entre os
valores médios de 563,6mm no período húmido e 43,6 no período seco, (Idem). O Distrito é
propenso a ciclones, depressões, cheias e secas.

Gráfico 3: Temperatura médias na Vila de Boane

Os meses mais quentes do ano são Janeiro e Fevereiro com uma temperatura média de 26.8 °C.
Com uma temperatura média de 18.1 °C, Junho e Julho são os meses com a mais baixa
temperatura ao longo do ano.

27
Tabela 3: Temperaturas Médias Anuais na Vila de Boane (Fonte:)

Jane Feve M Ab Ma Jun J A Sete Outu Nove Deze


iro reiro ar ril io ho u go mbro bro mbro mbro
ço l st
h o
o

Temperatu 26.8 26.5 25. 23. 20. 18. 1 19 21.8 23.5 24.6 26.1
ra média 3 7 8 2 8. .9
(°C) 1
Temperatu 21.2 21.1 20. 17. 13. 10. 1 12 14.9 17.2 18.8 20.3
ra mínima 1 7 8 6 0. .6
(°C) 2
Temperatu 32.4 31.9 30. 29. 27. 25. 2 27 28.8 29.9 30.5 31.9
ra máxima 6 7 8 8 6 .3
(°C)
Temperatu 80.2 79.7 77. 74. 69. 64. 6 67 71.2 74.3 76.3 79.0
ra média 5 7 4 8 4. .8
(°F) 6
Temperatu 70.2 70.0 68. 63. 56. 51. 5 54 58.8 63.0 65.8 68.5
ra mínima 2 9 8 1 0. .7
(°F) 4
Temperatu 90.3 89.4 87. 85. 82. 78. 7 81 83.8 85.8 86.9 89.4
ra máxima 1 5 0 4 8. .1
(°F) 8
Chuva 137 101 80 37 21 15 1 14 30 59 73 99
(mm) 1

A diferença entre a precipitação do mês mais seco e do mês mais chuvoso é de 126 mm. 8.7 °C é
a variação das temperaturas médias durante o ano.

Gráfico 3: Precipitação média anual na Vila de Boane

O mês mais seco é Julho com 11 mm de precipitação. A maioria da precipitação cai em Janeiro,
com uma média de 137 mm. Dado a este padrão da precipitação apenas é possível uma colheita
por ano, considerando a produção agrícola de sequeiro.

O balanço hídrico, segundo Thornthwaite, permite apurar que o período de excesso de água
ocorre no último mês do quarto trimestre e no trimestre Janeiro – Março, no qual a precipitação é
maior em relação aa quantidade de evapotranspiração. Durante a época fresca, a
evapotranspiração é superior, em todos os meses, à quantidade de precipitação.

28
9.1.2. Projeção Climática do Distrito e Município de de Boane (2020 – 2099)

A avaliação das projecções climáticas do Distrito e Conselho Autárquico da Vila de Boane, foi
baseada numa série de cenários e estudos produzidos pelo Banco Mundial no qual são descritos
os resultados mais recentes sobre possíveis cenários de mudanças e/ou alterações climáticas. Os
cenários baseiam-se em dados climáticos históricos de 114 anos (1901 – 2015), num conjunto de
cenários preliminares de gases de efeito de estufa preparados para o IPCC, e numa série de
simulações climáticas realizadas com 16 modelos de circulação global, cujos dados foram postos
à disposição pelo Banco Mundial.

9.1.2.1 Projecções da Temperatura

As projecções indicam que a temperatura média anual para o território onde se localiza a Vila de
Boane poderá aumentar em 0,51ºC entre 2020-2039, de 1,0 até 1,8ºC entre 2040-2059, até 4,6 ºC
entre 2060-2079, chegando a atingir um aumento de 5,6ºC entre 2080-2099. Sob um único
cenário/modelo de projecções (ccsm4) a variação da temperatura será na ordem de 1.3 – 2.26 ºC
em cada década.

Fonte: http://sdwebx.worldbank.org/climateportal/Moz

Como é sabido, em Moçambique, a taxa projectada de aquecimento é mais rápida nas regiões do
interior do que nas áreas mais próximas da faixa costeira. As projecções indicam que no
território onde se localiza a Vila de Boane vai observar um aumento substancial na frequência de
dias e noites considerados "quentes" tendo em conta o clima actual.

Anualmente, as projecções indicam que dias "quentes" tendem em aumentar 20% dos dias até ao
ano de 2039; até 36% entre 2040-2059; chegando a atingir os 89% na década de 2090. Espera-se
que os dias considerados "quentes" pelos actuais padrões climáticos para sua estação ocorram
entre 20 e 100% dos dias até ao ano de 2099.

29
Os meses de Setembro a Dezembro, e de Janeiro a Março são os que poderão apresentar os dias
mais quentes do ano. Ou seja, as projeções indicam que nestes meses podemos observar um
incremento de até 11 dias mais quentes do que o normal.

Todas as projecções indicam decréscimos na frequência de dias e noites considerados "frios".


Espera-se que estes eventos se tornem extremamente raros e não ocorram de maneira alguma em
cenário de emissões altas até a década de 2090.

9.1.2.2 Tendências da Precipitação

As projecções de precipitação média anual para a área onde se localiza a Vila de Boane,
mostram mudanças substanciais na precipitação anual até antes da década de 2060. O intervalo
de projecções de diferentes modelos é grande e abrange mudanças negativas e positivas (−15.9 à
+34.17 mm). Sazonalmente, as projecções mostram um quadro mais coerente, com as projecções
tendendo a decréscimos das chuvas da estação seca (Abril à Setembro), compensadas
parcialmente pelo aumento das chuvas na estação chuvosa (Outubro à Março).

30
As mudanças projectadas na precipitação na época seca variam de -15.91 à -7.31 mm e na época
chuvosa (OND – JFM) os valores médios da precipitação chegam a atingir os 34.17 mm.

Os modelos consistentemente projectam para a zona onde se insere a Vila de Boane aumentos
nos máximos de precipitação cumulativa de 5 dias entre as décadas 2040 e 2090 sob os cenários
mais altos de até 113 mm em eventos de 1 à 5 dias, ou seja, nestas décadas projetam-se aumentos
da precipitação anual (aumento em DJF e MAM, mas diminuem em JJA e SON).

9.1.2.3 Índice Médio de Seca

Para a projecção do índice médio de seca, foi usado o SPEI - Standardized Precipitation
Evapotranspiration Index (Índice Padronizado de Evapotranspiração por Precipitação). OSPEI é
projectado para levar em conta tanto a precipitação quanto a Evapotranspiração Potencial (ETP)
na determinação da seca. Ele pode ser usado para determinar o início, a duração e a magnitude
das condições de seca em relação a condições normais em uma variedade de sistemas naturais e
geridos, como culturas, ecossistemas, rios, recursos hídricos, etc.

31
Tabela 23: Intervalos e categorias do SPEI
SPEI Categoria

2,00 Extremamente Húmido

1,5 a 1,99 Muito Húmido

01,0 a 1,49 Moderadamente Húmido

0,99 a -0,99 Próximo ao Normal

-1,00 a-1,49 Moderadamente Seco

-1,50 a -1,99 Muito Seco

- 2,00 Extremamente Seco

O gráfico abaixo mostra que para o caso da região onde o Município de Boane, se realiza o
índice médio de seca em todas as décadas até 2090 projecta-se a ocorrência de seca incipiente ou
próximo do normal, visto que os valores do SPEI variam entre -0.52 e 0.19.

Figura 16: ocorrência de seca incipiente (Fonte: http://sdwebx.worldbank.org/climateportal/Moz)

9.1.2.4 Projecção dos Ciclones Tropicais

Os modelos de projecções climáticas não possuem até agora dados fiáveis sobre ciclones
tropicais. Portanto, projecções sobre a intensidade e rastos de ciclones tropicais no futuro são
muito incertos.
Enquanto as evidências indicam que ciclones tropicais tendem a se tornar, no geral, mais
intensos sob um clima mais quente como resultado das temperaturas mais altas da superfície do
mar, há grande incerteza nas mudanças frequência, e mudanças para faixas de tempestade e suas
interacções com outras características do clima variabilidade (como o El Niño Oscilação Sul 21),
que introduz incerteza numa escala micro-regional (Christensen et al., 2007).

21
Quando acontece o El Niño, um fenômeno que ocorre irregularmente em intervalos de 2 a 7 anos, com uma média
de 3 a 4 anos, os ventos sopram com menos força ou mesmo invertem a direção em todo o centro, resultando numa
diminuição da ressurgência de águas profundas e na acumulação de água mais quentes.

32
9.2. Perfil histórico22 Climático da Vila de Boane

Esta ferramenta é usada para priorizar os problemas identificados durante o diagnóstico, segundo
sua importância e/ou urgência. O que permite estabelecer uma hierarquia dos problemas
identificados de forma a permitir que a comunidade se concentre nos que considera mais
importantes. E o objectivo principal é estabelecer uma hierarquia dos problemas identificados
que permita à comunidade se concentrar nos que considera mais importantes.

A estiagem é o evento climático adverso mais frequente no Município de Boane. Outros eventos
que também se pode observar alistados na Tabela 12 são, vendavais, chuvas, pragas agrícolas de
entre outros.

Quadro 12: Ordem de eventos climáticos e ambientais em Boane


Ordem de Eventos climáticos ou Características
importância ambientais
1 ● Refere-se ao início tardio da época chuvosa. Constitui o
principal evento adverso que assola a população do
Município de Boane que em grande parte pratica a
agricultura em regime de sequeiro;
● Nos últimos anos a irregularidade da precipitação tem sido
ESTIAGEM cada vez mais frequente o que compromete a produção
agrícola e a segurança alimentar.
● O início tardio da estação chuvosa aliado a elevadas
temperaturas (calor intenso) também tem resultado no
agravamento da intrusão salina que até afecta os alicerces
das habitações dos munícipes nas zonas periféricas.
2 ● Os vendavais e/ou ventos fortes constituem a segunda maior
ameaça mais frequente no município de Boane;
● Ocorrem praticamente todos os anos variando apenas em
VENDAVAIS intensidade;
● Resultam na destruição total ou parcial (remoção da
cobertura) de infraestruturas públicas e de habitações
precárias.
3 ● Sendo um município cuja população tem no sector agrário a
sua principal fonte de subsistência, a ocorrência de pragas e
PRAGAS doenças tanto agrícolas assim como animais também
constitui um evento adverso pois geralmente levam
a baixo rendimentos, perdas de culturas ou de animais
4 ● As chuvas fortes e inundações figuram como a quarta maior
ameaça climática pois a maior parte dos bairros do
Município de Boane se encontram em zonas altas de modo
CHUVAS que mesmo em casos de cheias estes bairros não são
FORTES/INUNDAÇÕES afectados;
● As chuvas fortes, inundações e cheias (em casos extremos)
resultam principalmente na destruição de
infraestruturas públicas como pontes, estradas, sistemas de

22
O perfil histórico é uma ferramenta do CVCA que permite entender ou explicar as tendências ou mudanças na
frequência de ocorrência dos eventos extremos ao longo de um determinado período de tempo.

33
abastecimento de água, bem como provocam a perda de
culturas agrícolas.

● A erosão é provocada principalmente pelas chuvas


5 torrenciais e devido a topografia com um declive acentuado
de alguns bairros periféricos, muitas famílias neste
EROSÃO
município convivem o risco iminente de verem as suas
casas desabarem devido a erosão do solo.
6 ● As trovoadas (não acompanhadas de chuvas), constituem
um dos principais perigos atmosféricos no município de
TROVOADAS Boane pois nos últimos anos tem sido registados com
alguma frequência e geralmente resulta na
morte de algumas pessoas trazendo luto para as famílias.

A tabela 13 apresenta a cronologia temporal dos diferentes eventos climáticos ocorridos na Vila
de Boane.

Tabela 13: Perfil histórico de eventos climáticos


Ano Evento Áreas Atingidas Impactos
1977 CHEIAS ● Umpala ● Surgimento do Bairro 25 de Setembro a partir
● Manguiza de um campo de reassentamento;
● Gimo ● Interrupção do fornecimento de água da
● 7 de Setembro FIPAG.
● 25 de Setembro
● Campoane-Aldeia
● Campoane-
Povoação
1980 REMOINHO ● Localidade Eduardo ● Tempestade acompanhada de chuvas
Mondlane fortes com queda de granizo;
● Destruição de casas, pontes e escolas.
1983 ESTIAGEM ● Localidade Eduardo ● Eclosão da fome no município devido à falta
Mondlane de chuvas para a produção agrícola;
● A população recorria a alimentos
destinada aos animais como farelo e sêmea
para a sua própria alimentação.
1984 CHEIAS ● Umpala ● Interrupção do fornecimento de água potável
● Manguiza (ruptura dos tubos principais de distribuição de
● Gimo água);
● 7 de Setembro ● Surgimento do Bairro Campoane-Aldeia como
● 25 de Setembro resultado de um bairro de pessoas reassentadas
● Campoane-Aldeia e que perderam os seus pertences com as
● Campoane- cheias;
Povoação ● Destruição total da ponte sobre o rio
Umbelúzi;

34
2000 CHEIAS ● Umpala ● Surgimento do bairro Picoco que resultou de
● Manguiza um campo de reassentamento;
● Gimo ● Destruição de várias infraestruturas públicas
● 7 de Setembro como pontes, estradas, escolas e também
● 25 de Setembro habitações das populações;
● Campoane-Aldeia ● Perda de vidas humanas;
● Campoane- ● Morte de animais (principalmente gado
Povoação bovino).

2004 CHEIAS ● Umpala ● Perda de produção agrícola e animal, com
● Manguiza destaque para a morte de cerca de 29000
● Gimo frangos em um aviário;
● 7 de Setembro ● Danificação das vias de acesso.
● 25 de Setembro
● Campoane-Aldeia
● Campoane-
Povoação
2015/16 SECA ● Localidade Eduardo ● Eclosão de problemas de fome no município;
Mondlane ● Morte de animais (bovinos e caprinos) devido
a falta de pastagens;
● Perda de culturas agrícolas
(principalmente mandioca e batata-doce).

2016 VENDAVAL ● Umpala ● 5 Óbitos no bairro 25 de Junho;


● 7 de Setembro ● Cerca de 2000 casas destruídas,
● Saldanha principalmente com a remoção das coberturas;
● 25 de Junho ● Destruição da infraestrutura de saúde na
● Mahanhane localidade de Eduardo Mondlane.
● Marien Ngouabi ●
● Eduardo Mondlane
● Jossias Tongogara
● Ambrósio
2017 PRAGAS ● Localidade Eduardo ● Broca do funil do milho e pragas no feijão
Mondlane nhemba anularam quase que completamente a
produção destas culturas.
Fonte: Vocação Técnica Lda, Dezembro 2018

9.3. Matriz da Vulnerabilidade Climática

Na matriz de vulnerabilidade climática ilustrada na Tabela 14, são apresentadas as principais


actividades económicas praticadas pela maioria da população do Município de Boane. Em ordem
decrescente de importância temos agricultura, comércio, pecuária, corte de lenha e carvão.

No que concerne às ameaças climáticas mais severas, com base na leitura dos valores dos totais
acumulados pode-se concluir que a agricultura é a actividade ou sector mais vulnerável aos
impactos negativos das mudanças climáticas, pois apresenta um elevado índice de impactos
negativos em caso de ocorrência de estiagens, ventos fortes e chuvas fortes.

35
Tabela 14: Matriz de Vulnerabilidade Climática

EVENTOS ACTIVIDADES
Agricultura Comércio Pecuária Lenha e carvão Pesca Outros serviços
Estiagem 3 0 3 0 3 0
Ventos fortes 3 1 0 0 3 1
Pragas 2 0 2 0 0 0
Chuvas fortes 3 3 3 3 0 2
Erosão 1 0 0 0 0 0
Trovoada 0 0 1 0 0 1
TOTAL 12 4 9 3 6 4
Onde:
0 –evento climático sem nenhum impacto sobre a actividade;
1 – evento climático com baixo impacto negativo sobre a actividade;
2 – evento climático com impacto negativo moderado sobre a
actividade; 3 – evento climático com elevado impacto negativo sobre a
actividade.

Depois da agricultura, outras actividades que também mostram-se bastante vulneráveis aos
eventos climáticos e ambientais adversos são a pecuária e a pesca. A pecuária é gravemente
afectada pela ocorrência de estiagens e de chuvas fortes. A pesca é prejudicada pela ocorrência
de estiagens e de ventos fortes.

Em casos de estiagens a produção agrícola é baixa ou inexistente, os criadores de gado sofrem a


perda de animais e a depreciação da sanidade animal devido a escassez de pastos, e a produção
pesqueira também. Durante os períodos de estiagens o comércio e a produção de lenha e de
carvão constituem as principais actividades de subsistência para a população.

Quando se regista a ocorrência de ventos fortes as machambas ficam destruídas, e a pesca torna-
se inacessível. Contudo a pecuária e a produção de lenha e carvão não são afectadas.

As pragas e doenças constituem um constrangimento tanto para a agricultura assim como para a
produção pecuária. Felizmente é possível fazer face a esta ameaça por meio de pesticidas
agrícolas e vacinações para o gado. No entanto estas medidas de controle de pragas acarretam
custos financeiros, o que pode constituir uma limitação para os camponeses mais desfavorecidos.
A erosão representa uma ameaça para a agricultura devido à perda de solos, principalmente das
camadas superficiais que são as mais férteis. Outro aspecto importante relacionado com a erosão
é o risco iminente de desabamento de habitações nos bairros periféricos do município.

As trovoadas, que não são acompanhadas de chuvas constituem uma ameaça para a pecuária
onde tem-se registado a morte de algumas cabeças de gado bem como para outros serviços pois
podem resultar também na morte de pessoas.

36
A avaliação comunitária da vulnerabilidade às cheias e inundações

a) Cheias na Localidade Municipal Eduardo Mondlane


Segundo a matriz de comparação aos pares apresentada na tabela 15, em relação a localidade de
Eduardo Mondlane, os bairros mais vulneráveis a cheias e inundações, em ordem decrescente de
vulnerabilidade são: Manguiza, Gimo, 7 de Setembro e Umpala. Desta feita, a maior parte dos
bairros desta localidade não são vulneráveis a cheias pois se encontram localizados em zonas
altas.

9.4. Comparação aos Pares


9.4.1. Cheias na Localidade Municipal Eduardo Mondlane

Segundo a matriz de comparação aos pares apresentada abaixo, em relação à localidade de


Eduardo Mondlane, os bairros mais vulneráveis a cheias e inundações, em ordem decrescente de
vulnerabilidade são: Manguiza, Gimo, 7 de Setembro e Umpala. Desta feita, a maior parte dos
bairros desta localidade não são vulneráveis a cheias pois se encontram localizados em zonas
altas.

37
Tabela 15: Comparação aos Pares para apuramento da Vulnerabilidades às cheias na Localidade Municipal Eduardo Mondlane

Paulo Umpal Mangui Gim 7 de Saldanh 25 de Massac Massac Manhanha Marie Eduard Josia Ambrósi
Samuel a za o Setembr a Junh a1 a2 ni n o Tongoga o
Kankhomb o o Ngoua Mondla ra
a bi ne
Paulo 2 3 4 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Samuel
Kankhomb
a
Umpala 3 4 5 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Manguiza 0 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
Gimo 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
7 de 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Setembro
Saldanha 0 0 0 0 0 0 0 0
25 de 0 0 0 0 0 0 0
Junho
Massaca 1 0 0 0 0 0 0
Massaca 2 0 0 0 0 0
Manhanha 0 0 0 0
ni
Marien 0 0 0
Ngouabi
Eduardo 0 0
Mondlane
Josia 0
Tongogara
Ambrósio
TOTAL 0 10 12 12 11 0 0 0 0 0 0 0 0 0

75
b) Cheias na Localidade Municipal de Gueguegue
Segundo a matriz apresentada na Tabela 16, a Localidade Urbana de Gueguegue é relativamente mais vulnerável às cheias em comparação com a
localidade de Eduardo Mondlane. Sendo que os bairros mais vulneráveis, ao nível da localidade de Gueguegue e em ordem decrescente de
importância são: Bairro 7, 25 de Setembro, Campoane Aldeia, Campoane Povoação, Bairro 6, Bairros 4 e 5 (na mesma posição), Bairro 1 e
Bairro 3. Desta feita os restantes 10 bairros são vulneráveis a cheias e ou inundações resultantes de chuvas fortes.

Tabela 16: Matriz de Avaliação da Magnitude das Cheias


Bair Bairr Bairr Bairr Bairr Bairr Bairr Belo 25 de Cam Cam Baba Filip Picoc Woc Tchu Matc Xipa Mute
ro 1 o2 o3 o4 o5 o6 o7 Hori Sete poan poan nja e o omb nissa hum pa fe
zonte mbro e e (Rád Sam o e
Aldei Povo io uel
a ação Marc Mag
oni) aia
Bairro 1 0 3 4 5 6 7 0 9 10 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1
Bairro 2 3 4 5 6 7 0 9 10 1 0 0 0 0 0 0 0 0
1
Bairro 3 4 5 6 7 0 9 10 1 0 0 0 0 0 0 0 0
1
Bairro 4 0 6 7 4 9 10 1 4 4 4 4 4 4 4 4
1
Bairro 5 6 7 5 9 10 1 5 5 5 5 5 5 5 5
1
Bairro 6 7 6 9 10 1 6 6 6 6 6 6 6 6
1
Bairro 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
Belo 9 10 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Horizont 1
e
25 de 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9

76
Setembr
o
Campoa 10 10 10 10 10 10 10 10 10
ne
Aldeia
Campoa 11 11 11 11 11 11 11 11
ne
Povoaçã
o
Babanja 0 0 0 0 0 0 0
(Rádio
Marconi)
Filipe 0 0 0 0 0 0
Samuel
Magaia
Picoco 0 0 0 0 0
Wocomb 0 0 0 0
o
Tchuniss 0 0 0
a
Matchu 0 0
me
Xipapa 0
Mutefe
TOTAL 8 0 2 12 12 14 18 0 17 16 15 0 0 0 0 0 0 0 0
Onde:

77
Na Localidade de Municipal de Gueguegue a combinação dos Bairros e números é seguinte:

1. Bairro 1
2. Bairro 2
3. Bairro 3
4. Bairro 4
5. Bairro 5
6. Bairro 6
7. Bairro 7
8. Belo Horizonte
9. 25 de Setembro
10. Campoane Aldeia
11. Campoane Povoação
12. Babanja (Rádio
Marconi) 13.Filipe Samuel
Magaia
14. Picoco
15. Wocombo
16. Tchunissa
17. Matchume
18. Xipapa
19. Mutefe

78
A leitura comunitária é confirmada pelo Mapa 8 que apresenta as principais áreas susceptíveis à
inundação. A produção deste mapa é fruto da leitura das cotas mais baixa da vila e a formação
das presumíveis áreas de depressão.

c) A Avaliação dos Ventos na Localidade de Eduardo Mondlane

Com base nos dados apresentados na tabela 17, pode-se observar que, a localidade Urbana de
Gueguegue é vulnerável a ventos fortes e vendavais. Ainda segundo a mesma tabela abaixo, os
Bairros mais vulneráveis a ventos fortes e vendavais nesta localidade Urbana, e em ordem
decrescente de vulnerabilidade, são: 25 de Junho, Marien Ngouabi e Mahanhane (na mesma
posição), Saldanha e Eduardo Mondlane (na mesma posição), Jossias Tongogara, Ambrósio, 7 de
Setembro e Umpala.

Tabela 17: Comparação Comunitária aos pares da intensidade dos ventos na Localidade de Eduardo Mondlane
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
1 2 0 0 5 6 7 0 0 10 11 12 13 14
2 2 2 5 6 7 0 0 10 11 12 13 14
3 0 5 6 7 0 0 10 11 12 13 14
4 5 6 7 0 0 10 11 12 13 14
5 6 7 5 5 10 11 12 13 14
6 0 6 6 0 0 0 6 6
7 7 7 0 0 7 7 7
8 0 10 11 12 13 14
9 10 11 12 13 14
10 0 10 10 10
11 11 1 11
12 2 12
13 13
14
TOTAL 0 3 0 0 6 9 10 0 0 10 10 9 8 7

Onde:
Na Localidade de Eduardo Mondlane a combinação dos Bairros e números é seguinte:

1. Paulo Samuel Kankhomba


2. Umpala
3. Manguiza
4. Gimo
5. 7 de Setembro
6. Saldanha
7. 25 de Junho
8. Massaca 1
9. Massaca 2
10. Mahanhane
11. Marien Ngouabi
12. Eduardo Mondlane
13. Jossias Tongogara
14. Ambrósio

79
9.5 Análise dos Principais Riscos Climáticos

Observando a influência da localização geográfica do Município de Boane e as condições climatéricas,


pode-se aferir que o principal risco ambiental que a Vila enfrenta são as secas cíclicas, ocorrendo
principalmente na localidade Urbana de Eduardo Mondlane, nos povoados de Mahubo- sede, Marien
Nguabi, Jossias Tongogara, kankhomba, Saldanha, 25 de Junho, 7 de Setembro, Umpala, Manguiza,
Massaca devido à falta de chuvas e longos períodos de seca.

Planta 09: Mapa de Riscos Naturais

Fonte: Vocação técnica, 2018

80
A morfologia e a característica dos solos, nas encostas dos rios, e nos locais de exploração dos
recursos minerais devem garantir uma protecção efectiva da superfície dos mesmos contra o
risco de ocorrência de erosão.

Na Vila de Boane verifica-se a ocorrência de recursos minerais como calcário, argila e rochas,
usados na construção civil, fabrico de tijolos e para a construção de estradas. A extracção desses
minerais constitui uma ameaça de erosão. Esta já se verifica em Boane-sede nas bermas dos rios
e nas encostas Este facto é agravado devido à ocupação desordenadas das zonas declivosas.

9.6 Outras ameaças

A contaminação dos solos e da água por disposição inadequada de resíduos (p. ex. produtos
utilizados em culturas agrícolas) é uma ameaça real uma vez que no município a agricultura é
uma prática activa. A outra ameaça está relacionada com o desmatamento embora as acções
anteriores de desmatação tenham já reduzido parte considerável da flora do município.

10. CARACTERIZAÇÃO DAS INFRA-ESTRUTURAS


10.1. Mobilidade e Conectividade

Os centros urbanos são intrinsecamente complexos devido a sua natureza estrutural onde se
devem capitalizar as oportunidades no reforço da competitividade para sustentar o
desenvolvimento e a equidade.

Neste capítulo, será abordado o tema mobilidade urbana que está relacionado com os
deslocamentos diários (viagens) de pessoas e bens no espaço urbano. Portanto, deve ser
considerado como o grau de liberdade com que nos podemos movimentar num determinado
espaço, com base em sistemas urbanos, assentes em três subsistemas principais, designadamente:

- Transporte público;
- Transporte individual; e
- Deslocações pedonais.

Deve ainda ser considerado que as variáveis como o tempo de viagem de um ponto a outro, custo
dessa viagem, modo de transporte que usamos e o conforto, são comuns neste binómio de
mobilidade e conectividade.

Neste contexto, a Vila de Boane é atravessada pela EN2, rodovia que permite a ligação de
Moçambique com os países vizinhos nomeadamente África do Sul e Suazilândia. Destaca-se
igualmente a estrada regional que liga a Vila de Boane à Ponta D’ouro, uma das zonas com
maior potencial turístico ao nível da Província de Maputo e que faz fronteira com a República da
África do Sul.

81
A rede rodoviária da Vila de Boane é composta por estradas regionais e vicinais, sendo na sua
maioria de terra batida, em estado de conservação mediano, ficando intransitáveis na época
chuvosa. Apenas no centro da Vila de Boane as estradas principais estão pavimentadas.

As ligações rodoviárias de maior importância são: Boane–Bela Vista, Boane- Catuane, Boane–
Maputo, devido ao desenvolvimento de várias actividades de turismo em Matutuine, Namaacha e
África do Sul. A Vila de Boane tem para além de estradas de terra batida e asfaltadas, pontes e
vias alternativas que ajudam na transitabilidade das estradas, tais como, uma ponte de linha
férrea que atravessa o Rio Umbelúzi, pontes metálicas no Ambrósio, e vias alternativas nas
estradas que ligam os vários pontos de distrito de Boane.

Planta 10 - Enquadramento viário na Área Metropolitana de Maputo

82
Figura 17 - Pólos de Desenvolvimento

A rede rodoviária em Moçambique é classificada em estradas nacionais, regionais, municipais e


distritais. As estradas nacionais (por exemplo, EN1 e EN2) e as estradas regionais (por exemplo,
R200, R403 e R807) são geridas pela Administração Nacional de Estradas (ANE). Parte da rede
arterial (por exemplo, a estrada com portagem N4 com 600 km de extensão ligando Moçambique
à África do Sul23) foi desenvolvida pelo sector privado. As redes rodoviárias e arteriais nacionais
de Moçambique, com uma extensão total estimada de 37.000 km, dos quais 1.600 km na
Província de Maputo, são desenvolvidas e mantidas pela ANE.

Cada departamento de infraestrutura municipal (distrital) gere as estradas não administradas pela
ANE com o objectivo de garantir a respectiva manutenção. Os comprimentos totais das estradas
em cada município/distrito são os seguintes: Município de Maputo, 1.000 km; Município da
Matola, 580 km; Distrito de Marracuene, 240 km; e o Município de Boane, 190 km.

Embora as estradas estejam mais desenvolvidas na Cidade de Maputo, o sistema não funciona
adequadamente devido à falta de hierarquia clara da rede rodoviária sobretudo pela ausência de
estradas secundárias24, fraca manutenção das estradas, etc. Para além disso, como as estradas

23
O comprimento total no lado de Moçambique é de aproximadamente 100 km, enquanto que no lado sul-africano é
de cerca de 500 km
24
Para Marracuene e Boane, existe apenas uma estrada nacional ligando Maputo e Matola.

83
arteriais que correm norte-sul são poucas, a falta de estradas com desvio é um problema,
especialmente durante congestionamentos e desastres (Figura 3)25
Assim, as redes de estradas arteriais devem ser planeadas considerando esse aspecto. Espera-se
que o volume de tráfego seja disperso por estradas de distribuição locais, redes rodoviárias
ligando distritos, amplitudes de estradas expandidas, estradas não pavimentadas pavimentadas,
etc.26A nível da área metropolitana, existem serviços de transporte ferroviário conectados com o
Distrito e Vila de Boane, nomeadamente a linha de Goba com uma extensão de 69 Km ligando a
A cidade de Maputo aa Vila de Goba via Bairro da Machava passando pelo Distrito e Vila de
Boane (2 comboios diários em cada direcção).

Condições Gerais da Rede Rodoviária na Vila de Boane

Na Vila, a rede de estradas está classificada em primária (9%), secundária (3%) e terciária
(88%). A rede primária é composta pelas EN1 e EN200 que atravessam a Vila de Boane. Dos
9% das vias primárias, somente 8% estão pavimentadas. Isso corresponde basicamente a EN200
Moamba-Boane-Ponta de Ouro e Goba-Boane-Matola. Todavia estas carecem de alguma
sinalização vertical e horizontal, de sinais luminosos e reforço de medidas de segurança pois
estas cruzam locais com grandes aglomerados populacionais da vila.

25
A secção EN1 na área urbana está experimentando um congestionamento crônico com um volume de tráfego
superior a 30.000 veículos por dia.
26
Em 2012, o rácio de pavimento das estradas distritais era de cerca de 36% para a Cidade de Maputo, 32%
para a Cidade da Matola, 16% para a Cidade de Boane e cerca de 15% para a área de estudo do Distrito de
Marracuene.

84
Planta 10 - Rede viária

Fonte: Vocação técnica, 2018

85
Figura 18: Estrada Namaacha Matola (Bairro 2)

A rede secundária liga o interior da vila ao centro urbano. Estas vias não estão pavimentadas, ou
seja, são terraplanadas. A rede de vias terciárias perfaz o grosso das vias. Estas ligam os bairros
entre si e estes com o centro urbano. Destas vias, somente 1% estão pavimentadas e as restantes
87% são em terra batida e de difícil acesso para modos motorizados, em particular na época
chuvosa. Como corolário da estrutura da urbe, maior parte do tráfego motorizado ocorre
basicamente nas vias primárias. Veja mapas 10, 11, gráfico 10 e as figuras 19.

Av. Eduardo Mondlane (Bairro 2) Pequena Circular de Boane (Bairro de Wancombo)

Gráfico 10: % das vias por classe e estado de pavimento

86
10.1.1 Transportes
Gestão do Tráfego Urbano

De realçar que as mudanças urbanas resultantes do crescente movimento de pessoas das zonas
rurais para as áreas urbanizadas influenciam o desenvolvimento económico e social, levando
várias cidades e zonas metropolitanas do mundo a massificar a utilização do automóvel com
impactos sobretudo, no aumento das acessibilidades e a dispersão urbanística.

Diante desta tendência, a preocupação central é no sentido de colocar o cidadão em primeiro


lugar, seguido do trânsito de motociclos, depois do transporte colectivo de passageiros e
finalmente do uso eficiente do carro particular. De forma a garantir o acesso a todos os cidadãos
a bens e serviços essenciais, o Governo de Moçambique está a desenvolver acções de promoção
do uso dos transportes públicos, estabelecendo redes funcionais como um vector central da
promoção da acessibilidade e da mobilidade.

O Sector de transportes do Governo Central incentiva à criação de cooperativas de transporte


público, devidamente registadas e cumpridoras dos requisitos de lei, como forma primeira da
organização do sector. Portanto, o Governo de Moçambique tem estado a trabalhar no sentido de
coordenar esforços para a implementação de planos Directores de Mobilidade Urbana nas nossas
zonas urbanas, com clara definição da rede viária básica e estrutural, com a participação
integrada do planeamento territorial, dos transportes, da saúde e da educação, dos serviços
administrativos e do sector empresarial.

Os desafios do Governo Central centram-se assim, na coordenação das actuações das autarquias
locais e das administrações locais em matéria de deslocamento de pessoas e bens, na introdução
de políticas de mobilidade sustentável, no desenvolvimento dos planos locais de segurança viária
e nos planos da mobilidade e acessibilidades urbanas, no financiamento de sistema de transporte
de passageiros sustentáveis e na execução de estratégias para atingir uma mobilidade e
acessibilidade inclusiva para os nossos cidadãos.

Em Boane, o maior volume de tráfego urbano (agregado a todos modos de transporte) verifica-se
ao longo da EN200 e EN2. Na EN200, o maior tráfego regista-se no troço entre a sede da Vila de
Boane em direcção à Cidade de Matola. Pode-se registar um fluxo de 3422 veículos por dia. Na
Estrada Nacional 2 (EN2), maior tráfego regista-se no troço entre o Bairro Umpala e a Vila-sede
de Boane. O máximo de tráfego registado é de 3816 veículos. Veja mapa 13

87
Quadro da Gestão Municipal dos Transportes

O Município de Boane gere directamente os modos não motorizados e motorizados de baixa


cilindragem, e a frota dos transporte públicos. Igualmente, o município gere indirectamente (em
conjunto com outras instituições) os veículos particulares e parte do transporte público. Os
transportes de carga, são geridos directamente por outros órgãos.

A gestão partilhada dos transportes obriga a que os impostos sobre a radiodifusão, o manifesto
de circulação de veículos e outras obrigações legais sejam pagas ou no município ou fora da área
municipal. Os veículos particulares fazem os pagamentos dos impostos anuais ao município.

10.1.2. Transporte de Passageiros

O Município de Boane apresenta 2 tipos de serviços de transporte de passageiros. Assim,


identificam-se os modos de transporte público mais relevantes, com particular destaque para o
uso do autocarro e comboio, bem como, os custos internos associados a cada modo de transporte
a curto, médio e longo prazos.
Portanto, na Área Metropolitana de Maputo, associado à componente rodoviária, os Caminhos
de Ferro de Moçambique e a METROBUS estão a operar o eixo ferroviário com resultados
visíveis na satisfação da procura e na redução dos congestionamentos e poluição atmosférica.

88
(i) Transporte de Passageiros no Modo Rodoviário

O transporte de Passageiros é garantido pela frota de autocarros gerida pelo município e pela
frota de autocarros gerida pela Associação dos Transportadores de Boane. Na Vila existem dois
tipos de terminais27 rodoviários: Os terminais de nível urbano (ligação dos bairros) e de nível
interurbano (ligação à outras cidades e distritos). Os transportadores de passageiros estão
distribuídos pelos diferentes terminais em combinação com as rotas.

Tabela 18: Transportadores da Terminal Rodoviária Urbana de Picoco

Trajecto Tarifa/(MT) Percurso* Tipo de Veículo Número de Veículo


Transporte Municipal
Boane-Picoco 10 Autocarros Um (1) Autocarro de 15 Lugares
Boane-Wacombo 15 Autocarros
Boane-Matchume 15 Autocarros
Transporte da Associação dos Transportadores de Boane
Boane-Picoco 10 Mini-autocarros Em média 10 – Autocarros de 15
lugares
Boane-Wacombo 15 Mini-autocarros Em média 04 – Autocarros de 15
Boane-Matchume 15 Mini-autocarros lugares
Boane-Tinhalene 15 Mini-autocarros

Figura 20: Terminal de Picoco localizada no Bairro 3.

Tabela 19: Transportadores da Terminal Rodoviária Urbana de Picoco II


Trajecto Tarifa (MT) Percurso Tipo de de Veículo Número de Veículos

Transporte Municipal
Picoco - Wacombo 15 Autocarros Um (1) Autocarro de 25
Picoco - Matchume 15 Autocarros Lugares
Transporte da Associação dos Transportadores de Boane.
Picoco-Wacombo 15 Mini-autocarros Em média 04 – Autocarros
Picoco-Matchume 15 Mini-autocarros de 15 lugares
Picoco-Tinhalene 15 Mini-autocarros

27
Os terminais rodoviárias não apresentam uma estrutura física especialmente construída para o
efeito.

89
Figura 21: Terminal de Picoco II II localizado no Bairro de Picoco-Aldeia

(ii) Transporte de Passageiros e de Carga no Modo Rodoviário

No município existe à entrada da vila no sentido Norte Sul uma importante terminal de
passageiros e de cargas servindo de local de baldeamento de cargas para os bairros afastados da
via principal que liga a Vila aos principais mercados.

Tabela 20: Transportadores da Terminal Rodoviária Urbana de Mazambanine

Trajecto Tarifa Percurso Tipo de Veículo Número médio de Veículos


(MT)
Transporte da Associação dos Transportadores de Boane
Boane-Saldanha 15 Carros caixa aberta 8 Carros Caixa Aberta
Boane-Kwahle 15 Carros caixa aberta 3 Carros Caixa Aberta

90
Figura 22: Terminal de Mazambanine localizada no Bairro 25 de Setembro próximo do Mercado Grossista
de Boane

No centro da Vila, no principal nó de cruzamento das vias que dão acesso para a maioria dos
bairros pela estrada nacional número 2 existe uma terminal de passageiros e de cargas.

Tabela 21: Transportadores da Terminal Rodoviária Interurbano da Petromoc localizada na Av. Eduardo
Mondlane

Trajecto Tarifa (MT) Percurso Tipo de Veículo Número de Veículos

Transporte da Associação dos Transportadores de Boane


Boane – Baixa 21 Mini-autocarros e 44 Veículos
Autocarros Médios
Boane – Patrice 21 Mini-autocarros 25 Mini- Autocarros
Lumumba
Boane – 21 Mini-autocarros 15 Mini-autocarros
Malhampsene
Boane-Machava 25 Mini-autocarros 10 Mini-autocarros
Socimol
Boane Kulula 22 Mini-autocarros 20 Mini-autocarros
Boane Namaacha 60 Mini-autocarros 20 Mini-autocarros
Mafuiane 10 Mini-autocarros 12 Mini-autocarros
Mandavene 45 Mini-autocarros 10 Mini-autocarros

91
Figura 23: Terminal Interurbano da Petromoc localizada na Av. Eduardo Mondlane (Bairro 2)

Para uso exclusivo dos transportes colectivos de passageiros está localizada no coração da vila
uma terminal improvisada destinada a apoiar transportadores para regiões fora do distrito de
Boane.

Tabela 22: Transportadores da Terminal Rodoviária Interurbano da Shoprite

Trajecto Tarifa(MT) Percurso Tipo de Número de Veículos


Veículo
Transporte Municipal
Boane - Baixa 20 Autocarros 4 Autocarros
Boane – Rádio Marconi 10 Autocarros 1 Autocarros, dos 4 que vão a Baixa
Boane Kulula Autocarros 1 Autocarros, dos 4 que vão a Baixa
Boane Mahanhane 25 Autocarros 1 Autocarros, dos 4 que vão a Baixa
Ambrósio 25 Autocarros 1 Autocarros, dos 4 que vão a Baixa
Boane Matchume 15 Autocarros 1 Autocarros, dos 4 que vão a Baixa
Transporte da Associação dos Transportadores de Boane
Boane Baixa Autocarros 18 Autocarros

92
Figura 24: Terminal Interurbana de Passageiros da Shoprite

Orientado especificamente para a região a Sudoeste da Vila de Boane está localizada uma
terminal mista de passageiros e de carga quer para o interior do Município quer para a parte Sul
da Província de Maputo.

Tabela 23: Transportadores da Terminal Rodoviária de Passageiros e de Carga Interurbano de Massaca


Trajecto Tarifa Percurso Tipo de Veículo Número de Veículos
(MT)
Transporte da Associação dos Transportadores de Boane
Boane Massaca 10 Mini-autocarros 10 Mini-autocarros

Boane PSK 10 Mini-autocarros 10 Mini-autocarros


Transporte da Associação dos Transportadores de Boane (Terminal da Massaca via Estrada Goba)
Boane-Goba 30 Mini-autocarros 13 Mini-autocarros
Boane-Changalane 35 Mini-autocarros 8 Mini-autocarros
Boane Catuane 120 Autocarro Médio e 9 Autocarros Médio e veículos de
Carros caixa aberta caixa aberta
Boane-Tchutcha 150 Veículos de caixa 4 veículos de caixa Aberta
aberta
Transporte da Associação dos Transportadores de Boane (Terminal da Massaca via Estrada Goba)
Boane-Porto 35 Carros caixa aberta 12 Mini-autocarros
Henrique
Boane Djabula 70 Mini-autocarros Mini-autocarros
Boane-Belavista 100 Mini-autocarros 11 Mini-autocarros
Boane-Ponta do 250 Mini-autocarros 11 Mini-autocarros
Ouro

93
(iii) Transporte de Carga e de Passageiros no Modo Ferroviário

Pela Vila de Boane passa a via férrea que estabelece ligação entre a Cidade de Maputo e a Vila
de Goba e a vizinha República da Suazilândia. Parte das composições são mistas e parte são
específicas orientadas para produtos específicos como calcário extraído de Salamanga. Não está
quantificado o volume de passageiros e de cargas que tenham como destino ou partida a Vila de
Boane. A terminal ferroviária é composta por um edifício onde funcionam os escritórios do
provedor de serviços, da equipa de fiscalização, de segurança e de venda de bilhetes.

94
Planta 11: Rotas e Paragens da Vila de Boane

Tendo em conta a envolvente metropolitana foi desenhada a Rede Estrutural de Transportes


Públicos do Grande Maputo visualizada no mapa abaixo.

A Rede Estrutural de Transportes Públicos do Grande Maputo é o conjunto de rotas


fundamentais que ligam os principais terminais de toda a Área Metropolitana, formada por
Maputo, Matola, Boane e Marracuene. Cada uma daquelas rotas é percorrida por 2 a 20
autocarros por dia, geridos por cooperativas ou empresas públicas de transporte. É uma etapa da
organização de todo o sistema de transportes públicos de passageiros, incluindo comboio e
machimbombos.

95
Fonte: Agência Metropolitana de Transportes de Maputo (AMT)

10.2.3. 2 Transporte individual

Nas cidades moçambicanas o uso de meios motorizados particulares para viagens intraurbanas
tem crescido rapidamente nos últimos anos (Kumar & Barrett, 2008), como resposta à
inoperância do sector de transporte público. Nas cidades de tamanho médio e pequeno como o
caso de Boane, o uso de modos privados é basicamente feito por motorizadas de baixa
cilindragem. Isso é reforçado pelas condicionantes topográficas que fazem de outros modos
como a bicicleta ou circulação pedonal, pouco atractivos. Actualmente a partilha de vias com
motorizadas no sistema de transporte e muito alta (acima de 30%).

Estas motorizadas partilham as vias principais, incluindo a estrada nacional com outros meios
de transporte como autocarros e camiões. Uma vez que maior parte dos motociclistas não possui
conhecimentos básicos de condução, a presença massiva deles na EN2 propicia acidentes e
fatalidades. Adicionalmente, as viagens intraurbanas registam uma partilha alta de peões.
Caminhar é muito frequente nesta vila autárquica apesar da ausência de facilidades e infra-
estruturas para o suporte deste meio não motorizado.

96
Geração de viagens

Nesta secção aborda-se o comportamento dos viajantes no que tange a hora de partida, os
propósitos de viagens e as características sociodemográficas. No fim da secção apresenta-se a
geração de viagem por bairro antecedido dos procedimentos técnicos para obtenção destes
resultados.

Hora frequente de início de viagens (partida)

O pico matinal de viagens na Vila de Boane, regista-se no intervalo entre as 5-9 h. Segundo os
inquiridos 88% das viagens são produzidas neste intervalo sendo o ponto mais baixo o da tarde.
O pico da tarde é menos agudo, uma vez que a maior parte das viagens produzidas têm o
propósito de trabalho e visto que os horários de saída dependem de cada subsector laboral, a
curva de pico da tarde vislumbra-se menos acentuada. 6% das viagens registadas foram
realizadas durante o pico da tarde. Veja gráfico 7.

Figure 7: Hora de início das viagens

97
Propósitos das viagens

De acordo com o gráfico 8, verifica-se que na Vila de Boane são produzidas em média 3.14
viagens e por bairro produzidas 3.32 viagens. Os residentes têm como padrão de propósitos de
viagem os seguintes:

● No
primeiro grupo de destinos: 34.% das viagens são para o propósito de trabalho, seguindo
de 7% para outros propósitos tais como ir à igreja, mesquita etc., 3% para o lazer.
● No
segundo grupo de destinos, 14.3% dos residentes participam também em propósitos de
trabalho, 10% para outros propósitos e 6% para visitar família e amigos.
● No
terceiro grupo de destinos os residentes na vila de Boane têm igualmente o propósito de
trabalho 7.72%, 5% outros propósitos e 4% lazer.

O comportamento padrão de viagem pode ser resumido conforme demonstram os gráficos 11 e


12.

Gráfico 11: Resumo do padrão de viagem na vila de Boane

Gráfico 12: Propósito de viagem por destino eleito

98
Características dos viajantes

Em relação ao rendimento familiar, verifica-se que os indivíduos com maiores rendimentos


deslocam-se para distâncias mais curtas para o trabalho, enquanto os indivíduos com os menores
rendimentos salariais percorrem entre as menores distâncias e as maiores distâncias. Este padrão
de viagens e muito notória em cidades com baixo índice de urbanização pois ironicamente os
centros urbanos são os locais concentram maior parte dos serviços e lá vivem famílias com
maior renda e que possuem viaturas.

As famílias mais carentes vivem na periferia e longe dos centros urbanos. Estas devem
despender diariamente suportar mais despesas do transporte diário. Leia (Cervero, 1991, 2000,
2003, 2013; Cervero & Golub, 2011), como ilustrado no gráfico 13.

Gráfico 13: Relação entre Rendimento familiar28[1] e tempo da viagem

Viagens produzidas e atraídas por bairro

Nesta subsecção descrevem-se os processos de cálculo da geração de viagens e a sua distribuição


espacial. Foram considerados para cálculo da geração de viagens a população por bairro e o
número de empregos existentes. Estabelecido o modelo percebe-se que os factores de atracção
(aj) possuem menor significância (R=0.522) do que os de produção (pi) (R=0.354). Assim sendo
os factores de atracção foram usados para calibrar do modelo. Veja a figura 11.

Modelo Factores de R R2 X2 df f sig<0.05


geração
Produção (pi) 3,146 0,354 0,125 123,503 5 3,91 0,002
5
Atração (aj) 3,325 0,522 0,272 6,667a 15 8,22 0,966
9

28
Modal= Menor que a média do salário mínimo nacional (menos ou igual a 3642.00Mts)
Modal = Os lotes de salário mais frequentes (Entre os 3642.01-25000.00Mts)
Modal= Acima dos salários mais frequentes (Acima dos 25000.00Mts)

99
Assim sendo, constata-se que na Vila de Boane o maior número de viagens é atraído pelas zonas
urbanizadas. Os bairros 1, 2, 3, 4, 5 e 6 geram mais viagens (aproximadamente 10.449,80
viagens por dia). Estes bairros possuem um elevado número de serviços se comparados com a
média dos bairros da vila, possuem ainda um elevado número de população.

O Bairro Massaca II, gera o segundo maior número de viagens (4.414,72) e possui o segundo
maior número de população. Detalhes mapa 14 e tabela 4.

Distribuição espacial das viagens

A distribuição das viagens ilustrada na figura 9 mostra o comportamento dos viajantes na vila de
Boane. Verifica-e que o maior número de viagens acontece da periferia ao centro da vila (Bairros
1,2,3,4,5 e 6). O maior número de viagens verifica-se na ligação entre estes bairros com o bairro
Fiche (1059,22 viagens) e, o segundo maior número de viagens tem como destino o bairro
Massaca II (1014.23 viagens por dia).

Uso de veículos

Como constatado na sub-secção anterior, o maior número dos viajantes na Vila de Boane realiza
viagens a pé pois 63% da população não possui algum modo de transporte.seguem-se as viagens
com uso de viaturas pois 35% da população possui veículo próprio. Destas viagens, as pedonais
são maioritariamente para o trabalho seguido de compras. As viagens de carro são
maioritariamente para o trabalho também, seguido de lazer. O transporte público é usado com
muita frequência para o trabalho, seguido de compras, lazer e outros propósitos.

Gráfico 14: Posse de veículos

Gráfico 15: Modos de transporte por propósito de viagem

100
10.2.

10.4. Fornecimento de energia eléctrica

O Município é alimentado pela rede nacional de energia elétrica a partir da subestação localizada
no Bairro 6. Em alguns bairros do Município onde a rede eléctrica não é abrangente são
utilizados meios alternativos como o caso de uso de geradores, painéis solares sobretudo em
locais principais como, centros de saúde e em alguns empreendimentos privados.

A maioria dos Bairro não possui iluminação pública (23 entre 33 bairros), especificamente
bairros que se encontram no extremo do centro da do Município (Bairros de Chipapa, Muteve,
Matchum, Tinhalene e Filipe Samuel Magaia na localidade de Guegeue e, Ambrósio, Jossias
Tongogara Magunza, Saldanha e 7 de Setembro na Localidade de Eduardo Mondlane) .

No âmbito da ampliação da rede elétrica cerca de 100 famílias na Povoação da Rádio Marconi
beneficiaram em 2003, de um projeto piloto a custo zero, que consistiu na instalação do sistema
Credelec. Para garantir a expansão da rede eléctrica de 2013 a 2014 com um total de 11 484
clientes foram realizadas um total de 1987 novas ligações, 4 316 Inspecções e detectadas cerca
de 441 fraudes.

Tabela 34 Quadro resumo de operações no abastecimento de energia elétrica

Ano N total de N de ligações Vistorias Inspecções Fraudes


Clientes realizadas Detectadas

Plano Real Plano Real Plano Real Plano Real Plano Real
2013 10309 9685 10.000 993 1080 982 1274 1099 0 142
2014 11602 11484 938 994 970 954 3251 3217 0 199
Exec. - 18,6 - 6.3 - 2,9 - -65,8 - 40,1
%

101
Planta 13: Distribuição da rede eléctrica

Fonte: Vocação Técnica, 2018

10.5 Caracterização do sistema de comunicações

A Vila de Boane é servida actualmente por uma rede fixa e três redes de telefonia móvel, Mcel,
Vodacom, Movitel, e TDM para rede fixa para além de uma delegação dos correios de
Moçambique, que funciona no Município.

102
13. Referências Bibliográficas

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA. Lei nº 8/2003, dos Órgãos Locais do Estado, 2003.

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Lei n.º 19/2007, de 18 de Julho, Lei do Ordenamento do


Território (LOT)

BOLETIM DA REPÚBLICA. Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado, Imprensa


Nacional de Moçambique, 2º Suplemento, I SÉRIE-Número 23, sexta feira 10 de Junho de
2005.

BOLETIM DA REPÚBLICA Regulamento da Lei do Ordenamento do Território (RLOT),


aprovado pelo Decreto n.º 23/2008, de 01 de Julho.

JAIME LUÍS JEMUCE, GENTRIFICAÇÃO E URBANIZAÇÃO EXTENSIVA: Caso do


Distrito de Boane, dissertação, Província de Maputo –Moçambique,
MICOA, Manual do Educador Ambiental. Por um Moçambique Verde, Belo e Próspero
Maputo, Agosto de 2009.

MINISTÉRIO DE PLANIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO & MINISTÉRIO DE


FINANÇA. Planeamento Distrital: estratégia de desenvolvimento. Ed. MPD e MF, Maputo,
Moçambique, 2007.

MINISTÉRIO DA ADMINISTRACÇÃO ESTATAL, Direcção Nacional de Administração,


Maputo – Moçambique Primeira edição, primeira impressão 2012
Ministério da Administração estatal, Perfil do Distrito de Boane, Edição 2014

REPÚBLICA DE MOCAMBIQUE, Plano estratégico de desenvolvimento distrital, 2008-


2012

103

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