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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

EXPANSÃO HORIZONTAL DA URBANIZAÇÃO E DEGRADAÇÃO

AMBIENTAL NA CIDADE DE CHIMOIO

Vicente Gabriel Ferro

Chimoio

2016
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

EXPANSÃO HORIZONTAL DA URBANIZAÇÃO E DEGRADAÇÃO

AMBIENTAL NA CIDADE DE CHIMOIO

Vicente Gabriel Ferro

Monografia submetida à Faculdade de Engenharia


Ambiental e dos Recursos Naturais da Universidade
Zambeze, Chimoio, em parcial cumprimento dos
requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura em
Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais.

Orientador: Engo. Adelino Ernesto Mugadui, MSc

Chimoio

2016
DECLARAÇÃO

Eu, Vicente Gabriel Ferro, declaro que esta Monografia é resultado do meu próprio
trabalho e esta a ser submetida para a obtenção do grau de Licenciatura na Universidade
Zambeze, em Chimoio.

Ela, não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em
nenhuma outra Universidade.

____________________________________________

(Vicente Gabriel Ferro)

Chimoio, ____de__________de 2016

i
DEDICATÓRIA

Com todo o amor que dia após dia

têm mostrado para mim, dedico este trabalho:

Ao meu Deus todo poderoso,

Aos meus pais Pedro Gabriel Ferro e Teresa Vicente Ferro,

à minha irmã Sofrina Vicente Ferro

Ao meus irmãos Sélcio, Gabriel e Timóteo,

ii
AGRADECIMENTOS

A Deus pela bondade e fonte de sabedoria plena e luz do meu caminhar.

Agradeço a FEARN e todos professores do curso de Engenharia Ambiental pela

oportunidade concedida.

A o meu orientador, Engenheiro Adelino Ernesto Mugadui, que prontamente se

dispôs a me ajudar e pelo estímulo a este tema.

Aos meus pais e irmãos, amigos e colegas, muito obrigado por tudo e que Deus

vos abençoe mais.

À minha companheira, Filomena Luís Bernardo, pelo carinho e compreensão

dedicados a mim, incondicionalmente.

Aos meus companheiros de caminhada Nazaré, Bio, Jesus, Comé, Maunde e

Farzana.

Por último gostaria de agradecer a todos que directa e indirectamente

contribuíram para a realização deste trabalho.

iii
SUMÁRIO

DECLARAÇÃO.......................................................................................................................... i

DEDICATÓRIA......................................................................................................................... ii

AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. iii

RESUMO ................................................................................................................................. vii

ABSTRACT ............................................................................................................................ viii

CAPITULO I – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1. Contextualização .............................................................................................................. 1

1.2. Justificativa ...................................................................................................................... 3

1.3. Problematização ............................................................................................................... 5

1.4. Hipótese ........................................................................................................................... 6

1.5. Objectivos ........................................................................................................................ 6

1.5.1. Objectivo Geral ......................................................................................................... 6

1.5.2. Objectivos Específicos ............................................................................................... 6

CAPITULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 7

2.1. Expansão urbana .............................................................................................................. 7

2.1.1. Conceitos gerais ......................................................................................................... 7

2.2.Expansão urbana da cidade e perspectiva ambiental .......................................................... 9

2.3. A questão ambiental urbana em países em desenvolvimento ........................................... 11

2.4. O Contexto Jurídico e Institucional para o Desenvolvimento Urbano.............................. 12

2.5. Expansão urbana e Degradação ambiental ...................................................................... 14

2.6. Impactos ambientais decorrentes da urbanização ............................................................ 16

2.7. Gestão e planeamento de solos urbanos .......................................................................... 17

iv
2.7.1.Licenciamento e Regulamentação de Terras e Uso de Terras .................................... 17

CAPITULO III – METODOLOGIA ......................................................................................... 19

3.1. Descrição da área de estudo ............................................................................................ 19

3.2. Classificação e natureza de pesquisa ............................................................................... 20

3.3. Técnicas de pesquisa ...................................................................................................... 21

3.4. Materiais e procedimentos metodológicos ...................................................................... 21

3.4. 1.Metodologias usadas no trabalho ............................................................................. 22

3.4.2. Procedimentos metodológicos .................................................................................. 24

3.4.3. Processamento e análise de dados ............................................................................ 26

CAPITULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 27

4.1. Análise da dinâmica do processo da expansão horizontal da cidade de Chimoio ............. 27

4.1.1. Historial da ocupação do solo da cidade de Chimoio ................................................ 27

4.1.2. Uso e ocupação do solo em 2015 ............................................................................. 27

4.1.3. Expansão horizontal urbana de 2000 à 2015 ............................................................. 31

4.1.4.Simulações de cenários futuros ................................................................................. 35

4.2. Factores determinantes da degradação ambiental na cidade de Chimoio ......................... 38

4.2.1. Crescimento demográfico ........................................................................................ 38

4.2.2. Falta de sistemas de drenagem pluvial...................................................................... 40

4.2.3. Falta de políticas eficazes de controlo e fiscalização ambiente urbano ...................... 41

4.2.4. Construção de habitações em zonas de riscos ........................................................... 42

4.3. Principais impactos ambientais decorrentes na expansão da cidade de Chimoio .............. 43

4.3.1. Ocupação desordenada do espaço ............................................................................ 43

4.3.2. Degradação de solos urbanos ................................................................................... 45

4.3.3. Disposição inadequado dos resíduos sólidos ............................................................ 47

v
4.3.4. Poluição das águas pelos efluentes de esgotos e resíduos ......................................... 49

4.3.5. Visão do Conselho Municipal para a gestão ambiental em Chimoio ......................... 51

CAPÍTULO V – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........................................................ 53

5.1. Conclusão ...................................................................................................................... 53

5.2. Recomendações.............................................................................................................. 54

6.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 55

APÊNDICE I............................................................................................................................ 58

APÉNDICE II .......................................................................................................................... 59

APENDICE III ......................................................................................................................... 61

APENDICE IV ......................................................................................................................... 62

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... ix

LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................................. x

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... xi

SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................................. xii

vi
RESUMO

Este trabalho buscou analisar os processos de expansão urbana e degradação ambiental


em Chimoio no período entre 2000 a 2015. A metodologia usada foi a cartográfica,
estatística, observação, bibliográfica e documental com auxílio de imagens de satélite,
inquéritos, observação directa e fotografias. Os resultados com referência à expansão
urbana, demonstram que ocorreu intensa ocupação do povoamento, desde o período de
2000 até a época actual. Portanto o dinamismo populacional, económico e social são
principais factores que conduzem a expansão dos sítios urbanos, tal ocupação em alguns
bairros ocorre sobre terrenos frágeis e de forma desordenada, extremamente sensíveis às
intervenções descuidadas do meio físico, contribuindo para o desencadeamento de
problemas ambientais urbanos. Os solos da área estão expostos, ocorrendo erosão em
algumas partes e com risco em outras. Os rios que passa por bairros, estão totalmente
degradado, pois recebem esgotos domésticos e lixo no leito e nas margens.
Palavra-chave: Expansão urbana, Degradação, Impactos Ambientais.

vii
ABSTRACT

This study aimed to analyze the processes of urban sprawl and environmental degradation
in Chimoio for the period 2000 to 2015. The methodology used is the cartographic
method, statistical, observation, literature and documents with satellite images assistance,
surveys, direct observation and photography. The results with reference to urban sprawl,
showed that despite intense occupation of the settlement from the period 2000 to the
present time. So the population, economic and social dynamism are key factors driving
the expansion of urban sites, such occupation in some neighborhoods is on fragile land
and in a disorderly manner, extremely sensitive to careless intervention of the physical
environment, contributing to the onset of urban environmental problems. The area soils
are exposed, erosion occurring in some parts and threatening others. The rivers running
through neighborhoods, are totally degraded because receive domestic sewage and
garbage in the bed and on the banks.
Keyword: Urban Sprawl, Degradation, Environmental Impacts.

viii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1:Conceitos de degradação e recuperação ambiental e sua relação com


sustentabilidade. ................................................................................................................ 15

Figura 2: Localização de Cidade de Chimoio ..................................................................... 19

Figura 3: Uso e ocupação do solo em 2015 ........................................................................ 28

Figura 4: Ocupação de áreas de elevada declividade e Ocupação de locais de fundos de


vale.................................................................................................................................... 43

Figura 5: Ocupação desordenada e Problemas da ocupação desordenado ........................... 45

Figura 6: Processos erosivos .............................................................................................. 47

Figura 7: Descarte Resíduos sólidos urbanos nas bermas do riacho e Lixeira clandestina
no bairro Chinfura. ............................................................................................................ 48

Figura 8: Descarte de lixo no corpo de água e Lançamento de esgoto doméstico no riacho 50

ix
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Percentagens de uso e ocupação do solo ............................................................ 30

Gráfico 2: Taxa de expansão urbana entre 2000 à 2015 ...................................................... 32

Gráfico 3: Expansão urbana de Chimoio em percentagem.................................................. 34

Gráfico 4: Expansão urbana de Chimoio em percentagem por área .................................... 35

Gráfico 5: Simulações de cenários futuros pelo modelo exponencial .................................. 37

Gráfico 6:Simulações de cenários futuros pelo modelo linear............................................. 37

Gráfico 7: Simulações de cenários futuros pelo modelo polinomial .................................... 38

Gráfico 8: Projecção do Crescimento Populacional da Cidade de Chimoio até ao Ano


2027 .................................................................................................................................. 40

Gráfico 9: Formas da urbanização da cidade de Chimoio ................................................... 44

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Definições de expansão urbana e aspectos urbanos relacionados .......................... 9

Tabela 2: Dados das imagens LANDSAT utilizadas no trabalho ........................................ 21

Tabela 3: Uso e ocupação do solo e respectivas áreas em 2015 .......................................... 29

Tabela 4: Descrição das classes de cobertura do solo. ........................................................ 31

xi
SIGLAS E ABREVIATURAS

CMC- Conselho Municipal de Chimoio

DMM -Desenvolvimento Municipal de Moçambique

DMSU- Departamento Municipal de Saneamento Urbano

DMU- Departamento Municipal de Urbanização

DUAT -Direito de Uso e Aproveitamento da Terra

ERTS -Earth Resources Technology Satellite

FEARN- Faculdade de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais

INE- Instituto Nacional de Estatística

km² - Kilometro Quadrado

LANDSAT – Land Remote Sensing Satellite

MOPH- Ministério de Obras Publicas e Habitação

NASA- National Aeronautics and Space Administration

SIG- Sistema de Informação Geográfica

TM - Tematc Mapper

UN- United Nations

UNFAPA- United Nations Population Found

xii
CAPITULO I – INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Este trabalho faz uma abordagem sobre a temática de análise da expansão urbana

e degradação ambiental na cidade municipal de Chimoio. O estudo desta natureza é muito

importante pelo facto do grande interesse na preservação do ambiente urbano, tendo em

conta que a expansão da urbanização quando não é acompanhado pelos instrumentos de

gestão de terras urbanas acarreta problemas do nível económico, social e ambiental que

afectam a toda a comunidade da região, independentemente da sua classe social.

Entretanto, as discussões relativas ao ambiente nas áreas urbanas, face a sua

intensa urbanização, constituem parte da problemática da degradação dos recursos

naturais e dos impactos ambientais, objecto de preocupação é generalizada e crescente.

Os efeitos negativos das relações do homem com os sistemas naturais apresentam

se com intensidade maior nos espaços de elevada concentração populacional como é o

caso das áreas ocupadas pelos grandes adensamentos, cuja principal manifestação está

nas áreas periféricas.

Portanto, nos últimos anos, em Moçambique, as capitais provinciais têm se

mostrado numa intensificação no grau de ocupação do espaço ou da urbanização, bem

como a concentração da população e de diversas actividades humanas, o que tem

condicionado a pressão do ambiente urbano e consequentemente alteração da qualidade

ambiental dos bairros.

1
Neste contexto, o alto grau e taxa crescente da urbanização dos bairros

contribuem duma forma inesperada na degradação do espaço urbano, afectando

directamente de forma negativa na qualidade e modo de vida da população no meio

urbano.

A expansão urbana, associada a deficiência do planeamento urbano que suporta a

pressão no ambiente, causou problemas ambientais tais como a existência de resíduos

sólidos em locais inadequados, erosão e deslizamentos, a inexistência da cobertura

vegetal, que tem proporcionado a consequências negativas no dia-a-dia da população da

cidade de Chimoio.

Deste modo, a avaliação ambiental da expansão urbana ganha espaço, tendo como

objectivo analisar e monitorar o desempenho dos serviços da estrutura urbana,

fornecendo um conhecimento sobre as condições em que ocorrem as dinâmicas inerentes

as cidades, relacionadas ao uso dos espaços e infra-estruturas pelos agentes urbanos.

Assim, o conhecimento desses processos, agentes e efeitos das transformações urbanas

confere, ao planificador, subsídios na elaboração de políticas públicas mais coerentes

com a realidade local, buscando um caminho em direcção a melhores cidades (GHENO,

2009).

Neste sentido a presente pesquisa preocupa-se em investigar a evolução da

expansão horizontal do perímetro urbano da Cidade de Chimoio e os respectivos

impactos antropogénicos decorrentes da ocupação urbana.

O presente trabalho é constituído por cinco (5) capítulos, nomeadamente: o

capítulo I referente a introdução, onde se aborda contextualização, justificativa,


2
problematização, hipótese e os objectivos, o capítulo II tem como enfoque a revisão

bibliográfica, que contêm informação referente a expansão urbana, degradação ambiental,

impactos ambientais decorrentes da expansão urbana e gestão ambiental de áreas urbanas,

no capítulo III apresenta-se a metodologia usada para a efectivação do trabalho, capítulo

IV centra-se na apresentação de resultados e discussão, capítulo V contempla a conclusão

e recomendações. E por fim têm as referências bibliográficas consultadas e os apêndices

usados para recolha de dados.

1.2. Justificativa

A expansão urbana da cidade de Chimoio em relação a questão ambiental, foi

estudada, ao qual acredita-se que esteja representada a principal vertente da dinâmica de

produção do espaço urbano da cidade. O facto desse processo de produção espacial

ocorrer, destacadamente, através do conflito de interesses e que resultam num problema

sócio ambiental urbano, pois, torna bastante significativo e actual para o estudo em

questão.

A ocupação urbana da cidade de Chimoio, teve o seu inicio após a época colonial,

sendo assim foi difícil definir adequadamente as funções publicas como saneamento,

planeamento do uso e de ocupação do solo urbano, preservação ambiental e organização

territorial. Diante destes factos, os problemas ambientais desenvolveram se duma maneira

acelerada, alcançando um nível preocupante na qualidade de vida da população.

A partir desta análise, o tratamento desses factores agregam instrumentos

importantes de gestão comum no fornecimento de subsídios de planeamento e gestão

3
urbana, bem como no tratamento de qualquer tipologia de impacto ambiental decorrente

da expansão horizontal urbana na cidade de Chimoio.

Este estudo permite a monitorização da dinâmica das variáveis ambientais,

possibilita o acompanhamento do uso e ocupação do solo voltado a diversos interesses,

como caso do crescimento urbano e da degradação ambiental.

Essa pesquisa foi realizada a partir de um entendimento de que seria importante

fazer uma projecção de como poderia estar a área da mancha urbana de Chimoio em anos

futuros, levando em consideração que esse estudo pode ser de grande importância no

planeamento urbano do município, além de incentivar e nortear novos estudos na área.

O município da cidade de Chimoio, apresenta crescente grau de ocupação urbana

quase em todas direcções da sua área. Entretanto, as consequências desta são conhecidas

e ignoradas pelo poder locar. Portanto, a realização desta pesquisa permitiu o

conhecimento das reais consequências do processo da forma de ocupação da cidade de

Chimoio, bem como da identificação dos principais impactos decorrentes deste.

Do ponto de vista académico e científico, este trabalho contribuirá no

fornecimento de conhecimentos práticos da aplicabilidade de novos instrumentos urbanos

capazes de orientar a monitorização o nível de crescimento urbano com base no Sistema

de Informação Geográfica (SIG), e a contribuição destes na sociedade urbana e

estudantil.

4
1.3. Problematização

O crescimento da maioria dos bairros da cidade de Chimoio, não foi acompanhado

pelo planeamento adequado e pela provisão de infra-estrutura e de serviços urbanos

suficientemente adequados, entre eles os serviços públicos de saneamento básico, que

incluem o abastecimento de água potável, a colecta e tratamento de esgoto sanitário, a

estrutura de drenagem urbana e o sistema de gestão e maneio dos resíduos sólidos.

Neste contexto, o problema surgiu ao se afirmar sem exagero que a fama de

Chimoio como a cidade mais limpa do país é uma história. Portanto, o problema central é

a degradação ambiental do meio urbano condicionada pela forma da expansão urbana que

a cidade de Chimoio segue, na sua maioria dos bairros esta expansão é desordenada. Entre

os problemas que a cidade enfrenta, destacam-se o lixo, os buracos e a erosão nas vias

públicas, com maior incidência nos bairros suburbanos. Regista-se também muita

desordem urbanística, a insuficiência de sanitários públicos, a falta de iluminação pública

nos bairros periféricos, falta de água potável e de arruamentos nos novos bairros.

Estes factos, ainda tornam-se problemas no âmbito científico por quase não

existirem trabalhos que analisaram expansão horizontal urbana e degradação ambiental na

cidade de Chimoio.

Qual é a contribuição que essa dinâmica urbana traz na procriação de

problemas ambientais urbanos?

5
1.4. Hipótese

Presume se, será que é possível que o subsídio ambiental da análise da expansão

horizontal urbana da cidade de Chimoio poderá orientar e auxiliar na monitorização

desta dinâmica da urbanização?

1.5. Objectivos

1.5.1. Objectivo Geral

 Analisar a expansão horizontal urbana e a degradação ambiental na cidade de

Chimoio.

1.5.2. Objectivos Específicos

 Avaliar a dinâmica do processo da expansão horizontal da cidade de Chimoio;

 Caracterizar principais factores que influenciam na degradação ambiental da

cidade;

 Identificar os principais impactos ambientais originados pela expansão urbana e

suas consequências sobre a qualidade ambiental.

6
CAPITULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Expansão urbana

2.1.1. Conceitos gerais


Segundo MEDRANO (2012), as definições de expansão urbana encontradas na

literatura podem ser agrupados em seis categorias: i) definição por um exemplo; ii)

definição estética; iii) a causa de externalidades indesejadas; iv) uma consequência; v)

padrões específicos de desenvolvimento do solo; vi) um processo de desenvolvimento.

i) Definição por um exemplo

Expansão urbana é sempre definida por um ou mais exemplos de padrões de

desenvolvimento urbano espalhados ou de baixa densidade.

ii) Definição estética

A expansão urbana não é suburbanização em geral, mas sim as formas de

desenvolvimento suburbano que carecem de espaço aberto e de acessibilidade. Portanto,

a expansão urbana é um espalhamento incomum dos membros de uma comunidade,

produto de um planeamento inadequado

iii) A causa de externalidades negativas

As definições a causa de externalidades negativas basicamente descrevem os

impactos da expansão urbana, ao invés de conceituá-la. Existem muitas conclusões

acerca do aspecto da expansão urbana em função de relações causais entre os padrões de

expansão de uso de solo e externalidades ambientais e socioeconómicas, tais como:

engarrafamento de tráfego, poluição ambiental, segregação social e económica das


7
cidades, o desencontro entre trabalhos e residências, transformação de terras agrícolas em

usos urbanos.

iv) Uma consequência

Admitem que a expansão urbana é produzida como consequência do fraco

controlo do uso de solo nas áreas metropolitanas. Não fica claro se a expansão é

intencional, necessária ou uma consequência inadvertida de uma gestão inadequada do

crescimento.

v) Padrões específicos de desenvolvimento do solo

Padrões de desenvolvimento urbano geralmente são caracterizados como

expansão urbana, tais como baixa densidade), uso de solo simples ou separação física de

usos de solo e desenvolvimento comercial estendido encontraram uma definição de

expansão urbana à partir da identificação dos padrões de desenvolvimento urbanos,

caracterizados como: desenvolvimento contínuo de baixas densidades residenciais;

desenvolvimento de banda de baixas densidades residenciais ao longo dos corredores de

rodovias; e, desenvolvimento leapfrog deixando traços de áreas desenvolvidas e não

desenvolvidas

vi) Um processo de desenvolvimento

A expansão urbana evoca um padrão de circulação e de utilização do espaço.

Esses autores sugerem uma certa liberdade de movimento em um espaço aberto.

Concluem que a definição de expansão urbana, visto pelos geógrafos, planeadores,

sociólogos e políticos é o crescimento urbano excedendo os limites territoriais.

8
Expansão urbana é um padrão de uso de solo na área urbana que apresenta baixos

níveis de alguma combinação de oito dimensões diferentes: densidade, continuidade,

concentração, agrupamento, centralidade, nuclearmente, usos mistos, e proximidade.

(GALSTER et al., 2001).

A partir dos conceitos, na tabela 1, onde esta o resumo ou sistematizadas as

principais definições de expansão urbana, assim como os aspectos relacionados a ela.

Tabela 1: Definições de expansão urbana e aspectos urbanos relacionados

Definição Expansão Aspectos Relacionados


Urbana

Económico Social Estético Ambiental Políticos Forma


Urbana

Por um exemplo X

Estética x x X

A causa de X x
externalidades
indesejadas

Uma consequência X x x

Padrões específicos X x X
de desenvolvimento
do solo

Processo de X x x X
desenvolvimento

2.2.Expansão urbana da cidade e perspectiva ambiental

A expansão urbana é uma das expressões mais concretas do processo de produção

do espaço na sociedade contemporânea. No espaço urbano, a concentração espacial de

9
pessoas na forma de força de trabalho e de mercado consumidor, aliada à concentração

dos meios de produção, permite que as forças produtivas alcancem um elevado grau de

desenvolvimento, acelerando assim a realização da mais-valia e a reprodução do capital,

e ao mesmo tempo levando a uma concentração populacional ainda maior, (MATIAS e

NASCIMENTO, 2011).

O espaço geográfico vem sofrendo intensos estágios exploratórios, uma dinâmica

que surge com as primeiras ocupações, até o aprimoramento das grandes áreas urbanas,

hoje presentes em todo o mundo. Resultado directo da ampliação da ocupação do espaço,

a exploração dos recursos naturais, se inicia com as actividades sociais agrícolas e se

desenvolve temporalmente até o surgimento da cidade, (DAMAS, 2005).

Actualmente, as cidades crescem e a demanda por espaços aumenta, as

populações mais pobres, que estão à margem do desenvolvimento económico, lutam mais

para conseguir um lugar nas áreas urbanas, fazendo com que muitas comunidades se

formem por meio de invasões de lotes em áreas periféricas, proibidas ou inadequadas

para ocupação, sem o devido planeamento do espaço e infra-estruturas.

Diante desse panorama fica claro que a demanda por espaços tem prioridade,

especialmente nas grandes cidades, ficando para segundo plano o planeamento que vise

um ambiente sustentável e de qualidade para as populações. Esse cenário resulta no

desrespeito a dinâmica do subsistema natural, em favor do subsistema socioeconómico

(MATTOS, 2005).

10
2.3. A questão ambiental urbana em países em desenvolvimento

Segundo dados produzidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e

apresentados na Segunda Conferência Mundial sobre Assentamentos Humanos (Habitat

II), ocorrida em 1996 em Istambul, a população urbana mundial apresenta, desde a

década de 1950, taxas exponenciais de crescimento. Se em 1975 apenas 37% da

população mundial residia em áreas urbanas (representando menos de 300 milhões de

habitantes), em 1997 esta cifra atingiu o patamar de 47% da população total

(aproximadamente 1,3 bilhão de habitantes). Para o ano de 2005, os dados apresentados

calculam que 50% da população mundial residirá em assentamentos urbanos, alcançando

a taxa de 61% no ano de 2025 um crescimento absoluto estimado de aproximadamente

3,35 bilhões de habitantes para 6 bilhões de habitantes (IBAMA, 2000) citado por

(SILVA, 2004).

Além das taxas exponenciais de crescimento da população urbana mundial, os

dados apresentados em Habitat II revelam que esta população não cresceu de forma

homogénea em todos os países do mundo. Alguns países em desenvolvimento, além de

apresentarem percentuais de população urbana mais elevados que a média mundial,

demonstram um crescimento vertiginoso de cidades de grande porte. Na América Latina,

por exemplo, o percentual da população urbana em 1975 correspondia a 61% de sua

população total, devendo atingir a cifra aproximada de 85% por volta do ano 2025 –

dados significativos quando confrontados com os 37% e 61% correspondentes à média da

população urbana mundial para os mesmos anos. Também se verificou que, das trinta

maiores metrópoles existentes no mundo em 1990, vinte se localizavam em países com

11
níveis mais baixos de desenvolvimento, como Índia, China, Paquistão, Brasil ou México

(BIRD, 1997) citado por (SILVA, 2004).

No contexto Moçambicano, tem uma das maiores populações urbanas da África

Oriental, cifrada em 36% Segundo estudos da UNFAPA em 2007 e prevê-se que venha a

crescer para 60% até 2030 de acordo com estudos da UN em 2006. Além disso, o

crescimento urbano (3,03%) e o crescimento municipal (2,84%), são ambos mais

acentuados que o crescimento nacional e rural, de acordo com dados do recenseamento,

(DMM, 2009).

Estes dados de crescimento negam uma variabilidade substancial, pois 7

municípios cresceram mais de 10%, outros 5 cresceram entre 5 e 10% e 3 apresentaram

um crescimento de menos de 0,5%. O rápido ritmo de crescimento em certos municípios

terá como resultado a expansão de bairros de lata, a menos que sejam adoptadas

estratégias de prevenção em larga escala para absorver estas pessoas.

2.4. O Contexto Jurídico e Institucional para o Desenvolvimento Urbano

Até finais da década de 90, as áreas urbanas de Moçambique estiveram sob a

autoridade política e administrativa do Estado centralizado, tanto até ao final do governo

colonial em 1975 como durante o período do governo de partido único que formalmente

terminou com a revisão constitucional de 1990. O modelo administrativo colonial

determinava a existência de executivos políticos nas cidades (administradores) que

presidiam a câmaras municipais. Estas câmaras não tinham poderes vinculativos; os seus

membros eram antes escolhidos pelas autoridades governantes portuguesas para darem

apoio ao executivo hierárquico unitário, na coordenação e implementação, através do


12
administrador da sua cidade, numa hierarquia que culminava no governador colonial da

“Província Ultramarina de Moçambique”. A consulta a elites urbanas, económicas e

culturais, pelas autoridades da câmara local, constituíam os canais através dos quais a

sociedade civil, ainda que só os elementos considerados aceitáveis pelo regime colonial,

participava na governação urbana, (DMM, 2009).

A rede pública de esgotos pode definir-se como um conjunto de instalações de

drenagem de águas domésticas e industriais, assim como águas pluviais, incluindo a rede

de colectores, canos, sarjetas, canais e equipamentos ou instalações complementares. A

nível nacional, a responsabilidade pela drenagem das águas de superfície, incluindo a

gestão administrativa e financeira dos serviços e a manutenção e funcionamento das

infra-estruturas, está cometida ao Estado ou às autarquias e pode ser delegada em

terceiros, (DMM, 2009).

Segundo FAURÉ e RODRIGUES (2012), o Decreto-lei 33/06 estabelece a

transferência para as autarquias das competências relacionadas com o planeamento e

implementação de investimentos e a gestão de equipamentos de suporte dos sistemas

municipais de drenagem e o tratamento de resíduos líquidos urbanos e águas de

superfície.

Não obstante este instrumento legal e a política implícita de descentralização das

funções de recolha de esgotos para as autarquias, continua a ser comum, que instituições

estatais, nomeadamente o MOPH e as suas direcções provinciais, continuem a intervir

directamente na resolução dos problemas do saneamento básico urbano.

13
2.5. Expansão urbana e Degradação ambiental

Em várias literaturas, são encontrados diversos conceitos de degradação

ambiental. O termo degradação ambiental é definido pelos diferentes autores:

Para GUERRA e GUERRA (1997) a degradação ambiental é causada pelo

homem, que, na maioria das vezes, não respeita os limites impostos pela natureza. A

degradação ambiental é mais ampla que a degradação dos solos, pois envolve não só a

erosão dos solos, mas também a extinção de espécies vegetais e animais, a poluição de

nascentes, rios, lagos e baías, o assoreamento e outros impactos prejudiciais ao meio

ambiente e ao próprio homem.

Degradação ambiental é um termo de conotação negativa. Seu uso na moderna

literatura científica é quase sempre ligado a mudanças artificiais ou perturbações

provocadas pelo homem. É geralmente uma redução percebida das condições naturais ou

do estado de um ambiente. O agente causador de degradação ambiental é sempre o ser

humano: "processos naturais não degradam ambientes, apenas causam mudanças",

(CANDIDO, 2008).

Portanto, a degradação ambiental pode ser conceituada como qualquer alteração

adversa dos processos, funções ou componentes ambientais, ou como uma alteração

adversa da qualidade ambiental. Em outras palavras, degradação ambiental corresponde a

impacto ambiental negativo.

O crescimento urbano por si não seria negativo, não fossem as condições

peculiares em que se processa. Especialmente nos países em desenvolvimento, o

14
crescimento urbano frequentemente não é balizado por um conjunto de acções articuladas

ou de políticas públicas integradas, tampouco acompanhado dos investimentos públicos

necessários em infra-estrutura urbana e social como saneamento básico, drenagem,

habitação e transporte público. Como resultado, pode significar uma ameaça à saúde e às

condições de vida das populações urbanas, especialmente das camadas de baixa renda,

bem como o comprometimento de recursos naturais dentro e no entorno das

aglomerações urbanas como a destruição de florestas, a contaminação de recursos

hídricos, o assoreamento de rios, a erosão do solo, a degradação de áreas ambientalmente

sensíveis ou a ocupação imprópria de áreas de risco, (SILVA, 2004)

Figura 1:Conceitos de degradação e recuperação ambiental e sua relação com sustentabilidade.


Fonte: Sánchez, 2006.

15
2.6. Impactos ambientais decorrentes da urbanização

Nos anos seguintes o espaço urbano receberia novo impulso no seu processo de

expansão, principalmente por causa da introdução dos novos meios de transporte. O

acumulo de capital oriundo da economia cafeeira e os afluxos de investimentos, inclusive

estrangeiro, transformando rapidamente a estrutura urbana da cidade

Segundo SALLES (2010), os impactos ambientais provocados pela urbanização,

enfatizando que na fase de implantação há uma parcela significativa de impactos

causados pela construção civil no ambiente, principalmente à geração de resíduos,

supressão de vegetação, interferências e poluição gerada na vizinhança e entorno da obra

do local onde a construção é edificada. As obras ainda podem causar outros impactos

ambientais significativos, como exposição a riscos e incómodos (sonoros, visuais, etc.)

para os que nela trabalham e também para a vizinhança, além da poluição (do solo, da

água e do ar), impactos ao local da obra (aos ecossistemas, erosões, assoreamentos,

trânsito, etc.).

Obviamente que os problemas ambientais, de uma forma geral, apresentam

semelhanças na totalidade do espaço urbano da cidade, como no caso da degradação dos

recursos naturais: extracção ilegal de areia, desvios de drenagens, contaminação e

poluição de rios com resíduos, emissão de gases poluentes na atmosfera etc., mas que se

manifestam de forma diferente por causa de factores como a geografia de cada localidade

ou pelo tipo de ocupação humana e uso do solo, ligada à divisão sócio espacial da cidade.

16
2.7. Gestão e planeamento de solos urbanos

Planeamento e gestão são termos que não se confundem. Possuem referenciais

temporais e actividades distintas. Planear remete ao futuro, tentar prever a evolução de

um fenómeno. Gestão remete ao presente, administrar uma situação conforme os recursos

disponíveis e às necessidades imediatas. O planeamento visa fundamentar uma gestão

futura. A gestão é a implementação do planeamento realizado (SOUZA, 2008).

SOUZA (2008) afirma que o planeamento deve ser feito de modo flexível,

entendendo-se que a “história é uma mistura complexa de determinação e

indeterminação, de regras e de contingência, de níveis de condicionamento estrutural e de

regras de liberdade para a acção individual”, tudo isso sujeito ao inesperado.

Ressalta-se que a gestão e o planeamento urbanos devem zelar pela garantia do

direito à cidade e ao cumprimento da função social da cidade. Do mesmo modo, a

degradação do ambiente urbano requer especial atenção, já que está directamente ligada

ao bem-estar social.

2.7.1.Licenciamento e Regulamentação de Terras e Uso de Terras

Em Moçambique a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida ou de

qualquer outro modo transferida, hipotecada ou penhorada. As condições de uso e

exploração da terra são determinadas pelo Estado. O Direito de Uso e Aproveitamento da

Terra, ou DUAT, é concedido a pessoas naturais ou jurídicas com base nos fins sociais ou

económicos que se propõem dar à terra. Em zonas urbanas os DUAT são concedidos

pelas autoridades municipais, segundo Planos de Urbanização aprovados. A urbanização

nessas áreas tem de incluir, não só a reserva e organização de espaços para uso privado e
17
público, mas também planos para acesso essencial ao trânsito, infra-estruturas públicas,

equipamentos sociais e serviços públicos (como saúde, educação, esgotos e acesso ao

comércio, entre outros), (DMM, 2009).

Segundo DMM (2009), a principal entidade governamental com responsabilidade

pela gestão ambiental é o MICOA, que é a entidade que aprova os estudos de impacto

ambiental, monitoriza a aplicação de planos de gestão ambiental e também superintende

as actividades do sector ambiental. O MICOA é também responsável pelo licenciamento

e fiscalização ambientais relativamente a resíduos perigosos, e por monitorizar a

qualidade do ar e da água, inclusive nos territórios municipais.

Embora os municípios possam estabelecer áreas de reserva municipais e sejam

responsáveis por manter dentro das suas fronteiras zonas verdes e drenagem, a grande

maioria dos poderes, no que diz respeito ao ambiente, estão concentrados em

instrumentos centrais e locais do Estado. Há um desempenho muito limitado dos

governos municipais em assuntos ambientais e não há nenhuma provisão estatutária para

a cooperação entre autoridades centrais e municipais em relação à protecção ambiental no

âmbito do território municipal.

18
CAPITULO III – METODOLOGIA

3.1. Descrição da área de estudo

Capital da província de Manica, Chimoio situa-se ao longo do corredor da Beira.

Com uma área de cerca de 174 km2 e uma população de cerca de 172. 000 Habitantes,

Chimoio está inserido numa zona muito rica em recursos agro-pecuários, constituindo o

centro industrial, comercial e administrativo do eixo Beira-Zimbabwe. A sua economia é

dependente das indústrias transformadoras de produtos agrícolas como tabaco, citrinos,

cereais, etc. Administrativamente, Chimoio está organizado em 3 localidades urbanas,

designadas por Administrações Urbanas e 33 bairros, (NUVUNGA et al, 2007).

Figura 2: Localização de Cidade de Chimoio


Fonte: Ladsat4-5; CENACARTA DATUM: D WGS 1984 Projecção: GCS
19
A Cidade de Chimoio situa-se a uma altitude de cerca de 750m no Planalto de

Chimoio com altitudes entre 500 a 1.000m, numa região caracterizada por quartzitos e

xistos fortemente deformados. Enquanto os quartzitos formam afloramentos rugosos e

rochas escarpadas, os xistos formam superfícies planas e arredondadas. Os solos

predominantes são argilosos vermelhos profundos de fertilidade média e com baixa

susceptibilidade à erosão.

Na área da cidade existem cinco rios, nomeadamente Mudzingadzi, Muenedze,

Nhyamatsane, Tembwe e Nymatui.

3.2. Classificação e natureza de pesquisa

Quanto a natureza da pesquisa é aplicada, pois objectiva a geração de

conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos.

Quanto a abordagem desta pesquisa foi qualitativa tanto como quantitativa. A

Pesquisa Quantitativa, considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir

em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de

recursos e de técnicas estatísticas. Em quanto que, a Pesquisa Qualitativa, considera que

há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável

entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em

números, (SILVA & MENEZES, 2001).

Do ponto de vista dos seus objectivos, a pesquisa foi descritiva. A Pesquisa

Descritiva, visa descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o

estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de

20
colecta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de

Levantamento, (SILVA & MENEZES, 2001).

3.3. Técnicas de pesquisa

No que diz respeito as técnicas usadas na colecta de dados para análise da

expansão horizontal da cidade de Chimoio foram:

 Formulários (instrumento de colecta de dados com a presença do pesquisador);

 Entrevistas (estruturada ou não estruturada);

 Observação directa.

3.4. Materiais e procedimentos metodológicos

O material utilizado para a realização desse trabalho corresponde a imagens

orbitais dos satélites LANDSAT, imagens fotográficas, um computador pessoal e

programas computacionais, como o ArchMap GIS 10.1, para a manipulação das imagens

e edição dos mapas. A tabela abaixo mostra os tipos de sensores utilizados, período de

captação e data que o autor requisitou as imagens.

Tabela 2: Dados das imagens LANDSAT utilizadas no trabalho

Satélite/Sensor Período Data

LANDSAT 5 01/01/2000 à 31/12/2000 15/12/2015

LANDSAT 5 01/01/2005 à 31/12/2005 15/12/2015

LANDSAT 5 01/01/2010 à 31/12/2010 15/12/2015

LANDSAT 8 01/01/2015 à 31/12/2015 15/12/2015

Fonte: Autor, 2016


21
3.4. 1.Métodos usados no trabalho

Os métodos usados foram qualitativos e quantitativos, dos quais fazem parte a

pesquisa bibliográfica e documental, cartográfica, observação e estatística.

 Pesquisa bibliográfica e documental

A revisão bibliográfica consistiu na recolha e leitura do material bibliográfico que

trata de assuntos relacionados com o tema, o que permitiu a elaboração do marco teórico.

A revisão bibliográfica permitiu ainda a elaboração do questionário e do guião das

entrevistas.

De acordo com SILVEIRA e CÓRDOVA (2009), a pesquisa bibliográfica é feita

a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios

escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.

A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, não

sendo fácil por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por

material já elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados

em bibliotecas. A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas,

sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios,

documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de

empresas, vídeos de programas de televisão, etc, (SILVEIRA & CÓRDOVA (2009).

 Pesquisa cartográfica

Através do método cartográfico foi possível fazer a delimitação da área de

estudo tanto quanto a análise da expansão urbana. O método cartográfico possibilitou a


22
identificação das unidades estatísticas básicas sobre as quais foram realizados os

inquéritos e as entrevistas.

Em relação ao estudo empírico, optou-se pela utilização de um Sistema de

Informações Geográficas, enfocando a área em estudo. Dada a possibilidade oferecida

pelo sistema de georreferenciamento de inter-relacionar múltiplos dados em relação à

área em estudo, essa metodologia nos pareceu adequada para abordar a complexa gama

de temas pertinentes à questão ambiental urbana, (BITTENCOURT1, 2009).

Nesta pesquisa, mapeou se a evolução da expansão territorial horizontal da

cidade de Chimoio. Sendo esta uma importante ferramenta que oferece subsídios para o

planeamento e gestão ambiental. Portanto o método cartográfico para esta pesquisa,

ainda consistiu num método para caracterização e análise da urbanização ou uso e

ocupação de solos na cidade de Chimoio.

 Observação

A observação da área de estudo permitiu a compreensão da interacção dos

fenómenos que estão ocorrendo no campo, como sejam as relações que se estabelecem

entre a expansão urbana e degradação ambiental, factores de degradação ambiental e

impactos ambientais. A observação serviu de base para a realização do trabalho de

campo, através do inquérito e entrevistas.

A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa

bibliográfica e/ou documental, se realiza colecta de dados junto a pessoas, com o recurso

participante, tanto como a observação de factos, SILVEIRA & CÓRDOVA (2009).

23
 Método estatístico

No estudo da expansão urbana, este método foi adoptado para a avaliar o nível de

crescimento do espaço urbana que consistiu no uso do Microsoft Excel na organização de

dados e criação de gráficos, que expressaram numericamente as características dos

diversos da área urbana.

3.4.2. Procedimentos metodológicos

3.4.2.1. Análise temporal da expansão urbana

A análise temporal dos vectores de expansão territorial horizontal consistiu em

trabalho de laboratório, com a utilização das imagens multiespectrais do satélite

LANDSAT 4-5 e 8 sensor TM com resolução espacial de 30 metros por pixel, na escala

de 1:97.000, os recortes espaciais correspondem a 2000, 2005, 2010, e 2015. O Sistema

de Informação Geográfica ArcMap GIS 10.1 permitiu a composição das imagens

multiespectrais, seleccionou-se as bandas 7-6-5-4-3-2-1 com o intuito de realçar a

ocupação urbana, a vegetação, área exposta e mais. As imagens são disponibilizadas

gratuitamente do LANDSAT.

O LANDSAT é um satélite lançado pela NASA na segunda metade da década de

60, sendo dedicado exclusivamente à observação dos recursos naturais terrestres. O

satélite foi inicialmente denominado ERTS, onde apenas em 1975 passou a ser chamado

de LANDSAT (EMBRAPA, 2013).

24
3.4.2.2. Projecção temporal da expansão urbana

Após analise da expansão urbana no período de 15 anos, utilizou se os dados

verificados correspondentes as áreas de cada ano analisado para geração de um modelo

matemático para descrever cenários futuros da ocupação do solo da área de estudo. Esses

cenários foram elaborados a partir da integração das taxas de transição e dos mapas

potenciais de transição gerados, os quais informam a quantidade e a alocação espacial das

mudanças a serem simuladas. Assim, estes cenários incorporam a tendência de

urbanização observada entre os períodos das imagens, tendo como base para as

projecções a probabilidade de expansão da mancha urbana horizontal calculada. O Excel

foi utilizado para analisar o comportamento de um determinado fenómeno, com base em

observações de períodos passados, e equacionar um modelo capaz de simular o

comportamento desses fenómenos em um determinado instante futuro.

3.4.2.3.Caracterização de factores de degradação ambiental

Nesta etapa foram realizados levantamentos de dados secundários junto a

indivíduos singulares, e municipal (CMC), mais também sua fundamentação com base na

revisão de literaturas. O Levantamento e organização dos dados têm como finalidade

traçar um perfil da população local, ou seja, dos agentes modificadores do espaço, bem

como dos tipos de actividades realizadas por estes, verificando o impacto potencial

destas.

25
3.4.2.4. Identificação de impactos ambientais

A metodologia utilizada para obtenção dos resultados baseou-se na observação

directa e na pesquisa bibliográfica em fontes que tratam a cerca das questões ambientais

urbanas, numa abordagem descritiva e no trabalho empírico no qual utilizou se técnicas

fotográficas e análise visual.

Nesta fase, foram feitas pesquisas bibliográficas, para fundamentar teoricamente

o trabalho, buscando um aprofundamento sobre as questões ambientais, impactos

ambientais urbanos, urbanização do município, entre outros. Em seguida e concomitante

a esse processo bibliográfico, foram feitas trabalhos de campo, onde foram feitas as

entrevistas, fotografias, e observação do meio. Após estas etapas foi feita a extracção dos

resultados, análise dos dados obtidos e a reflexão sobre o levantamento feito.

Observou se ainda impactos ambientais presentes no município de Chimoio,

buscando identificar suas tipologias e agentes causadores. Fez se entrevistas com os

responsáveis pelos órgãos ambientais do município para verificar de que forma esses

impactos ambientais são tratados.

3.4.3. Processamento e análise de dados

Os dados cartográficos, foram analisados e interpretados sob forma de mapa,

tabela e descrição dos fenómenos, e análise de dados de quantificação foi efectuada

através do programa ArchMap GIS 10.1 e do Microsoft Office Excel que auxiliou o

processamento de gráfico e tabelas.

26
CAPITULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Análise da dinâmica do processo da expansão horizontal da cidade de Chimoio

4.1.1. Historial da ocupação do solo da cidade de Chimoio

O primeiro núcleo urbano na área, fundado em 1893, foi denominado Vila

Barreto, servindo de terminal à linha férrea vinda do porto da Beira. Em 1899 o poder

administrativo foi transferido para Chimiala, uma povoação que mudou então de nome

para Mandingos e se tornou o embrião da actual cidade, (CMC, 2014).

Em 1916 a povoação recebe o nome de Vila Pery, em homenagem a João Pery de

Lind, governador do território pela Companhia de Moçambique. A elevação a cidade

ocorreu em 17 de Julho de 1969, e em 12 de Junho de 1975 adoptou o nome actual, como

resultado de um comício popular orientado pelo primeiro presidente de Moçambique,

Samora Machel. De acordo com a tradição oral, o nome Chimoio deriva de um clã local,

o clan Moyo, (CMC, 2014).

A análise do fenómeno populacional, a expansão horizontal da cidade de

Chimoio, foi também com base na análise do uso e ocupação do solo nesta urbe num

período de 15 anos, ou seja, de 2000 à 2015.

4.1.2. Uso e ocupação do solo em 2015

Para 2015, a caracterização do espaço territorial da cidade de Chimoio foi

possível com a classificação das bandas de imagem de satélite. No entanto, a descrição do

uso e ocupação de solo deu se pela classificação em cinco bandas nomeadamente por

corpos de água, zonas pantanosas, áreas com vegetação, solos expostos e área
27
habitacional, como mostra a figura 3 onde a expansão urbana atinge a 38% da área total

da cidade de Chimoio, como mostra a tabela 4.

Figura 3: Uso e ocupação do solo em 2015


Fonte: Ladsat 8; CENACARTA DATUM: D WGS 1984 Projecção: GCS
28
A estrutura do uso actual do solo do Município da Cidade de Chimoio

compreende a distribuição na ocupação espacial em duas partes distintas ou em forma de

escadaria a saber: a zona alta que é a área central e a baixa que é a periférica, isto é, a

medida que vamos caminhando para o interior nota-se a diminuição de altitude, o que

torna estas zonas mais propensas à erosão.

Neste caso, o uso e ocupação do solo e respectivas áreas em 2015 são

apresentados na tabela abaixo:

Tabela 3: Uso e ocupação do solo e respectivas áreas em 2015

2015

Uso e Ocupação do solo % Base Área real (km2)

Solos exposto 0.43 174.958 75.557

Habitação 0.380 174.958 66.513

Vegetação 0.15 174.958 27.118

Zonas pantanosas 0.033 174.958 5.770

Corpo de água 0.01 174.958 1.7

Total 1.000 - 174.958

Fonte: Autor, 2016.

Na cidade municipal de Chimoio, como referido anteriormente o uso e ocupação

do solo em 2015 deu se por corpos de água, zonas pantanosas, áreas com vegetação, solos

expostos e área habitacional, conforme mostra o gráfico 1.

29
Uso e ocupação do solo

1%
3%
15%

43% solos exposto


Habitação
Vegetação
38% Zonas Pantanosas
Corpo de Água

Gráfico 1: Percentagens de uso e ocupação do solo


Fonte: Autor, 2016.

Na classificação do uso e ocupação de solos, foi proposto o mapeamento de

quatro classes de cobertura do solo: solo exposto, área habitacional, vegetação e áreas

pantanosas. A tabela 4 apresenta a descrição dos alvos correspondentes às classes

mencionadas. Uma vez processadas as informações das classes de cobertura do solo,

estas passaram a ser tratadas como dados de entrada no que diz respeito a análise de

expansão urbana.

30
Tabela 4: Descrição das classes de cobertura do solo.

Classe Descrição

Área habitacional Áreas de ocupação urbana, aglomerados, bairros,


condomínios, comunidades.

Solos expostos Áreas não ocupadas

Área com vegetação Vegetação predominantemente arbustiva ou gramíneo


lenhosa e campos naturais.
Áreas pantanosas Pântanos

Corpos de água Rios e Riachos

Fonte: Autor, 2016.

4.1.3. Expansão horizontal urbana de 2000 à 2015

A análise espaço temporal do fenómeno da expansão territorial horizontal de da

cidade de Chimoio, permitiu identificar o período que os agentes modeladores do espaço

intensificaram a estruturação urbana e da cidade de Chimoio.

O processo acelerado da ocupação urbana deu se a partir da década de 2010, este

factor é atribuído em primeiro lugar ao crescimento das habitações.

Outro factor relevante foi o aumento significativo da população da cidade de

Chimoio, segundo INE, a população tende ao nível mais elevado de índice de

crescimento populacional. Portanto, a ocupação urbana apresenta 18% em 2000, 23.2%

em 2005, 30.4% em 2010 e 38% em 2015 da área total.

Para a análise da expansão da área urbanizada neste sector no período em análise

(2000-2015), foram seleccionados os anos 2000, 2005, 2010 e 2015. Considerando se a


31
área urbanizada nas 4 datas analisadas verificou se que a maior expansão ocorreu entre os

anos 2005 a 2010, com uma verificação de aproximadamente 30,4% da área total. A área

urbanizada do sector da cidade de Chimoio em 2000 era de aproximadamente de

31.32km2. Percebe se que a taxa de urbanização verificada de 2000 a 2005, foi de 5.2%.

Portanto o período de 2011 à 2015 tem características desaceleradas quanto comparada

com outros períodos analisados, como mostra o gráfico a baixo:

Taxa de Expansão Urbana

6.00%

5.00%

4.00%
Precentagem

3.00%

2.00%

1.00%

0.00%
2000-2005 2005-2010 2010-2015

Gráfico 2: Taxa de expansão urbana entre 2000 à 2015


Fonte: Autor, 2016.

A figura que se segue mostra a distribuição das manchas urbanas na cidade de

Chimoio nos quatro anos de analise, pois estas expandiram se por todas direcções da

extensão territorial.

32
Figura 4: Expansão horizontal urbana da cidade de Chimoio de 2000 à 2015

Fontes:

a) 2000, 2005 e 2010- Landsat 5 CENACARTA DATUM: D WGS 1984 Projecção: GCS.

b) 2015- Landsat 8 CENACARTA DATUM: D WGS 1984 Projecção: GCS.


33
A figura 4, mostra evolução da expansão urbana em Chimoio, pois apresentou

algumas etapas marcantes em seu decurso. A primeira delas, que durou até o final da

1899, se refere à ocupação urbana pioneira, portanto em 2000 foi o período em que a área

urbana se restringia ao actual centro urbano e sua expansão iniciou ocorrendo

espontaneamente ao redor deste núcleo ate maiores áreas da cidade como se verifica na

figura.

Ainda no que diz respeito, ao estudo desta evolução urbana, o gráfico 3, mostra

numericamente em percentagem a expansão horizontal da cidade de Chimoio:

Expansão horizontal da cidade de Chimoio


40

35

30
Percentagem

25

20

15

10

-
2000 2005 2010 2015

Gráfico 3: Expansão urbana de Chimoio em percentagem


Fonte: Autor, 2016.

De outra parte, a destacada expansão da área urbanizada em todos sentidos é

particularmente explicada pela densificação da ocupação na área da cidade de Chimoio.

34
Ao analisar-se a evolução da ocupação das áreas urbanizadas, pode-se verificar

com ainda mais clareza a dinâmica especulativa da expansão urbana de Chimoio,

revelada sobremaneira pelos altos percentuais de construções nos terrenos. Em 2000, de

toda a área urbanizada do município, que perfazia um total de 31 km², mas portanto ate o

ano de 2015 expande se a 67 km², como mostra o gráfico 4.

Expansão urbana de Chimoio em percentagem por área


70

60

50
Área (Km2)

40

30

20

10

-
2000 2005 2010 2015

Gráfico 4: Expansão urbana de Chimoio em percentagem por área


Fonte: Autor, 2016.

4.1.4.Simulações de cenários futuros

Após validar o modelo, foram gerados os cenários de cinco em cinco anos até

2035. Esses cenários foram elaborados a partir da integração das taxas de transição e dos

mapas potenciais de transição gerados, os quais informam a quantidade e a alocação

espacial das mudanças a serem simuladas. Assim, estes cenários incorporam a tendência

35
de urbanização observada entre os períodos das imagens, tendo como base para as

projecções a probabilidade de expansão da mancha urbana horizontal.

Diante deste facto, a modelação deste fenómeno mostra que a expansão urbana da

Cidade de Chimoio até 2035 é ilustrada nos gráficos 5, 6 e 7 onde mostra situação futura

da urbanização da cidade de Chimoio.

Com os valores reais colectados a partir da mancha urbana de cada ano analisado,

foi possível gerar modelos matemáticos na projecção da área resultante da tendência

obtidos a partir das fórmulas advindas de cada gráfico, onde se substituía o valor de „‟x‟‟

representando em cada número um ano de análise.

Nos gráficos de analises, o valor de „‟x‟‟, representam respectivamente os anos de

2000, 2005, 2010, 2015, 2020, 2025, 2030 e 2035, para que a partir daí se-pudesse obter

os valores futuros desses anos, seguindo a tendência dos valores dos anos anteriores.

Portanto, a análise destes modelos mostra que o modelo exponencial e polinomial

é as mais que descrevem melhor a projecção futura da cidade de Chimoio quanto

comparados com o modelo linear.

Para melhor visualização da maneira como a curva de tendência foi evoluindo

com o passar dos anos, juntamente com as alterações que foram ocorrendo nas equações

exponencial, de regressão simples e polinomial serão mostrados um a um nos gráficos

gerados a partir dos dados colectados.

36
Expansão urbana de Cidade de Chimoio até 2035
180
160
140
Área (Km2)

120
100
80
60
40
y = 6E-40e0.046x
20 R² = 0.998
0
1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Gráfico 5: Simulações de cenários futuros pelo modelo exponencial


Fonte: Autor, 2016.

Expansão urbana de Cidade de Chimoio até 2035

180
160
140
120
100
80
60
40 y = 3.680x - 7341.
20 R² = 0.959
0
1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Gráfico 6:Simulações de cenários futuros pelo modelo linear


Fonte: Autor, 2016.

37
Expansão urbana de Cidade de Chimoio até 2035
180
160
140
120
100
80
60
40
y = 0.074x2 - 297.2x + 29618
20 R² = 0.998
0
1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Gráfico 7: Simulações de cenários futuros pelo modelo polinomial


Fonte: Autor, 2016.

Este cenário mostra uma situação crítica, pois considerando que o espaço

territorial de Chimoio, até 2040 vai se extinguir e para outros o sonho de viver em

Chimoio não será uma realidade. Mas no entanto, o que preocupa a sociedade é forma

como esta ocupação se da nas periferias da cidade de Chimoio.

4.2. Factores determinantes da degradação ambiental na cidade de Chimoio

4.2.1. Crescimento demográfico

A expansão da malha urbana na cidade de Chimoio ocorreu na forma difusa,

portanto, o fenómeno populacional é considerado como indicador de expansão urbana e

de modificações na paisagem devido à introdução e a dinâmica praticada pelos novos

agentes modeladores do espaço geográfico, este facto constatou-se através da evolução

do Censos Demográficos de 1980 à 2007.

38
Considerando que a taxa média de crescimento populacional da Cidade de

Chimoio entre os censos de 1980 e 1997 foi de 3.9% por ano, e de 4.0% por ano entre os

censos de 1997 e de 2007, parece razoável esperar, que esta taxa se mantenha estável

num futuro próximo. Portanto, pode-se calcular que até 2017 a Cidade de Chimoio venha

a registar um crescimento total de 114.766 habitantes, ultrapassando uma população de

350.000 até ao ano 2017 e ultrapassando 523000 habitantes em 2027 (Gráfico 4).

Por outras palavras, este crescimento implica que Chimoio aumentará o número

de seus munícipes com uma média de 15.000 por ano, o que representa uma pressão

bastante forte sobre o território e acrescidos desafios para a gestão deste, o

desenvolvimento infra-estrutural e a prestação de serviços públicos.

Este factor, para a cidade de Chimoio não se deu apenas pelo crescimento da

população deste espaço territorial, mas também pelos outros factores como o êxodo rural,

factores como a procura de emprego, entre outros. O gráfico abaixo, mostra como esses

factores condicionaram o aumento e crescimento populacional de Chimoio.

39
Projecção do Crescimento Populacional
800000
700000
600000
500000
Habitantes

400000
300000
200000
y = 1E-26e0.035x
100000
R² = 0.997
0
1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Gráfico 8: Projecção do Crescimento Populacional da Cidade de Chimoio até ao Ano 2027


Fonte: INE (2007).

4.2.2. Falta de sistemas de drenagem pluvial

O sistema de drenagem de Chimoio abrange apenas o centro da cidade (“cidade

de cimento”), acompanhando duma forma geral a rede rodoviária asfaltada da sua

extensão. Desde da Independência Nacional não se fez nenhum investimento na expansão

do sistema de drenagem.

Portanto, durante a pesquisa foi possível notório que o sistema de drenagem de

águas pluviais existe apenas nos bairros onde possuem estrada asfaltada.

No caso do sistema de drenagem de Chimoio abrange apenas o centro da cidade,

favorece processos erosivos aos bairros a jusante como bairro Chinfura e 7 de Setembro,

pois o escoamento da agua que sai no centro da cidade direcciona se a estes bairros.

40
4.2.3. Falta de políticas eficazes de controlo e fiscalização ambiente urbano

Nos casos em que o munícipe necessita de uma formalização da sua ocupação,

o procedimento começa geralmente com uma abordagem verbal ao Secretário do Bairro.

Este, por sua vez, elabora um documento declarando que o munícipe vive naquela área, o

período e, indicando a sua objecção ou não à regularização da ocupação requerida. A

seguir, o requerente envia esta documentação ao Conselho Municipal, Sector de

Urbanização, para a sua tramitação. Neste sector, abre-se um processo no qual são anexas

as informações e os pareceres dos técnicos envolvidos. São calculadas as taxas devidas,

desloca-se uma brigada ao local para emitir uma planta de localização e depois submete-

se o processo para a apreciação de um concelho técnico, que dá o parecer final: se a

regularização ou concessão é deferida ou indeferida. No final, comunica-se o despacho ao

requerente.

Um número significativo de casos de conflitos de ocupação de terra é originado

pela não clareza dos limites dos talhões. Foi notado nas deslocações efectuadas nas zonas

informais a população não tem preocupação em limitar as suas parcelas. Este aspecto

dificulta a própria gestão do solo urbano, uma vez que é difícil fazer o registo cadastral

das parcelas. Outro aspecto não menos relevante a referir é que não existe uma clareza

quanto aos reais limites da área urbana.

A nível da segurança de posse da terra, são poucos os casos conhecidos de

expropriações de terrenos por parte do Concelho Municipal.

41
4.2.4. Construção de habitações em zonas de riscos

Em Chimoio, as populações que possuem poucos recursos económicos têm

tendência a ocupar as zonas informais, visto que os processos de estabelecimento no

lugar são mais informais, simplificados e, na maior parte dos casos, não envolve somas

monetárias, nem documentos escritos. Tal como foi referido pelos técnicos do sector de

urbanização do Município, é provável que alguns moradores se afastem do processo pelo

facto de se pagarem taxas, de ser necessário assinar documentos e, em alguns casos, a

necessidade de contratação de desenhadores ou outros especialistas envolvidos num

processo de concessão ou de regularização de um terreno.

Neste processo, de crescimento e expansão urbana das cidades, a população de

menor renda é a mais prejudicada, pois vê na periferia da cidade a possibilidade de

moradia a um menor custo, através dos loteamentos produzidos para famílias de baixa

renda. Muitas vezes esses loteamentos são irregulares; desprovidos de qualquer infra-

estrutura, localizando-se em áreas impróprias para o estabelecimento humano, tais como

mananciais, áreas de proteção ambiental, e, áreas de risco como encostas e várzeas.

Nessas áreas o agravamento da degradação ambiental, também é preocupante. A

urbanização desordenada provoca uma ruptura do funcionamento equilibrado do

ambiente natural.

Assim, podemos afirmar, que a ocupação periférica de baixa renda em áreas de

mananciais, vem trazendo grande impacto ambiental para as cidades, uma vez que muitas

dessas ocupações não oferecem água encanada, serviço de rede de esgoto e coleta de lixo.

42
O crescimento desordenado das cidades gera a ocupação de locais inadequados

para moradia, como áreas de elevada declividade, fundos de vale, entre outras como

mostra a figura 4.

Figura 4: Ocupação de áreas de elevada declividade e de locais de fundos de vale

Fonte: Autor, 2016

4.3. Principais impactos ambientais decorrentes na expansão da cidade de Chimoio

4.3.1. Ocupação desordenada do espaço

Na expansão urbana das áreas pobres, a ampliação das áreas impermeabilizadas,

devido ao crescimento urbano, afecta a capacidade de infiltração das águas no solo. Um

dos impactos da expansão urbana é ocupação desordenada que afecta directamente

aspectos ambientais no meio urbano. Nesse sentido o gráfico a baixo, mostra como a

cidade de Chimoio regista a sua expansão urbana no que diz respeito a sua estrutura

organizacional.

43
Formas da urbanização da cidade de Chimoio

A. Hab. não Urbanizada de Baixa Densidade.

A. Hab. não Urbanizada de Alta Densidade

A. Hab. Semi Urbanizada Baixa Densidade

A. Hab. Semi Urb.anizada de Média Densidade.

Area Hab. Urbanizada

0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45


Percentagem

Gráfico 9: Formas da urbanização da cidade de Chimoio


Fonte: CMC/DMU, 2016

Tal factor favorece vários problemas a níveis diferentes da sociedade urbana no

processo da sua expansão, especialmente nas periferias da cidade.

Esses problemas ambientais e socioeconômicos existentes nas periferias pobres

atingem não só a população local que vive em um ambiente degradado e não compartilha

qualquer qualidade de vida, como também atinge toda a sociedade, uma vez que sendo o

meio ambiente sistêmico, a degradação local pode interferir em uma escala maior.

Entretanto, a complexidade formada por espaço urbano e cidade não pode

dispensar um planeamento urbano bem definido, estruturado e abrangente que de forma

multissectorial leve em conta o homem e o ambiente nos aspectos económicos, sociais,

físico territorial, ecológicos e administrativos.

Num trabalho idêntico GROSTEIN em 2001, afirma que o avanço, escala e

velocidade da urbanização não constituem problemas em si, a não ser pelo modo como
44
ocorrem, referindo da desorganização espacial como pode se verificar na figura 5, no

caso da maioria dos bairros de Chimoio.

Figura 5: Ocupação desordenada e Problemas resultantes


Fonte: Google earth, 2016 imagem a esquerda e Autor, 2016 imagem a direita.

4.3.2. Degradação de solos urbanos

A crescente urbanização do municipio de Chimoio, expressa as contradições

espaciais na paisagem, na justaposição de pobreza e riqueza, agravada pela insuficiência

de técnicos e de recursos humanos e financeiros, que conduz ao aumento da população de

menor renda; as quais acabam ocupando áreas desvalorizadas ou mais desprotegidas

contra a invasão como as áreas de riscos. Trata-se de um agravamento da questão

ambiental, em função da ausência de instrumentos capazes de fiscalizar e implementar o

ordenamento do uso do solo urbano.

45
Num estudo idêntico, fundamenta o GROSTEIN em 2001, que a urbanização

acelerada concorre para diversos problemas sócio ambientais. Entre eles destaca desastres

provocados por erosão, enchentes, deslizamentos, destruição de florestas e áreas

protegidas, contaminação do lençol freático e das represas de abastecimento de água.

Na cidade de chimoio, a erosão dos solos afecta praticamente todos os bairros

periféricos de Chimoio com maior incidência para Bairro 5, localidade n.º 3, Bairro 7,

localidade n.º 2, Bairro Chinfura, Bairro 16 de Junho, Bairro Nhamatsane e Bairro de 7 de

Setembro. A erosão dos solos é provocada pela inclinação acentuada do terreno em alguns

locais aliada à prática de cavar buracos para a extracção de areia e de argila para a

produção de blocos e tijolos.

A guerra de desestabilização no período pós-independência resultou num grande

êxodo rural para a cidade o que originou uma ocupação desordenada do espaço urbano,

duma forma geral, assim como elevadas densidades populacionais, com destaque para

Bairros periféricos.

Dentro da área em análise também foi verificado a existência de muitos processos

erosivos (Figura 6). Existem três níveis de resultados para a acção humana sobre o ambiente

natural: a que afecta e altera o relevo, a que muda o padrão e a dinâmica geomorfológica e o

que colabora para criação de depósitos tecnogénicos, sendo este último, processos erosivos

causados por acção antrópica. No caso da cidade de Chimoio as erosões são estas últimas

citadas pelo autor supracitado, ou seja, processos erosivos causados por acção antrópica.

46
Figura 6: Processos erosivos no bairro 16 de Junho.
Fonte: Autor, 2016

4.3.3. Disposição inadequado dos resíduos sólidos

Os resíduos sólidos são grande problema quase em todos bairros. A nível da

cidade de Chimoio existem lixeiras transitórias ou lixeiras provisórias. São locais onde é

depositado o lixo para em seguida ser transferida para o destino final. Mas não há

eficiência neste trabalho segundo a população.

Segundo o DMSU, o Conselho Municipal de Chimoio tem um total de 76

funcionários, que diariamente fazerem limpeza na zona de cimento e nas periferias, estes

trabalhadores tem enfrentado vários problemas pois os munícipes não respeitam algumas

regras estabelecidas, no caso de trazerem milho maçaroca das machambas para cidade,

descamisam e deixam o lixo em locais impróprios no centro da cidade de cimento dai

dificultando o seu trabalho.

47
O trabalho da recolha e feita na manhas e nas noites, todos os dias e depositada

por sua vez uma lixeira geral que fica a 8km da cidade no bairro 7 de Abril. Nos bairros

periféricos, a deposição dos resíduos sólidos em locais não adequados é muito notório,

pois as ocupações irregulares não permitem a circulação de camiões municipais para a

recolha dos mesmos.

Os bairros, além da ocupação desordenada, não possuem colecta de lixo de forma

regular, nota-se a presença de lotes baldios e uma enorme quantidade de lixo nas ruas

(Figura 7). Parte do lixo produzido é descartado nas proximidades da área de preservação

chegando, em muitos locais, bem próximo às margens e em outros casos esses resíduos

são lançados dentro do leito do corpo hídrico.

Figura 7: Deposição de Resíduos sólidos urbanos nas margens do riacho e lixeira clandestina no bairro
Chinfura.

Fonte: Autor, 2016.

48
4.3.4. Poluição das águas pelos efluentes de esgotos e resíduos

A carência de infra-estrutura de esgotamento sanitário, além de trazer danos a

saúde, representa fonte de poluição concentrada que podem resultar em redução da

disponibilidade hídrica por deterioração de qualidade de água dos meios receptores,

trazendo problemas em relação ao abastecimento de água.

O precário serviço de esgotamento sanitário existente na maioria dos bairros da

cidade de Chimoio está fortemente relacionado com a ocupação ilegal de terras pela

população de baixa renda.

No que diz respeito a resíduos fluentes líquidos esta cidade tem um sistema de

condutas subterrâneas e sarjetas sistema este que funciona mal pois os munícipes têm

protagonizado roubos de tampas das sarjetas ficando assim suturados e dificultando a

passagem as águas negras e em consequência disto as águas correm para os riachos e

pântanos.

Segundo dados obtidos, em Chimoio existe um camião com tanque para a

captação de águas negras só que pertence a uma empresa zambiana que tem vindo a

fornecer serviços de recolha de águas negras em residência onde são solicitados a troco de

um pagamento de acordo com a quantidade retirada.

O saneamento básico está directamente associado à saúde e, segundo as palavras

de MOTA (1997) onde existe adequados sistemas de saneamento há saúde. Onde as

condições de saneamento são precárias proliferam as doenças.

49
Afigura 8 mostra que os esgotos domésticos provenientes das residências, devido à

inexistência de rede de esgoto e ao facto de que nem sempre as fossas suportam toda a

vazão gerada, acabam sendo direccionados para o espaço público, o que facilita a

contaminação do lençol freático e a proliferação de vectores. Os mesmo acontece com os

resíduos sólidos, devido a dificuldade do sistema de colecta, estes acabam tendo como

destino nos riachos e rios que passam nos bairros.

Figura 8: Deposição de lixo no corpo de água e lançamento de esgoto doméstico no riacho


Fonte: Autor, 2016.

O lançamento de esgoto in natura no córrego é outro impacto identificado, o que

prejudica a qualidade da água, sendo um dos maiores factores de contaminação do

manancial (Figura 8).

De acordo com Tucci (1997), a contaminação das águas superficiais, caracterizada

pelos rios urbanos ou que atravessam cidades ocorre devido ao seguinte:

 Despejo de poluentes dos esgotos domésticos ou industriais

 Despejo de esgotos pluviais agregados com lixo urbano


50
 Escoamento superficial que drena áreas agrícolas tratadas com pesticidas ou

outros compostos.

 Drenagem de água subterrânea contaminada que chega ao rio.

Ao longo da área estudada foram encontrados vários factores que colaboram para

degradação nas margens e dentro do corpo hídrico. Isso é reflexo dos hábitos de vida da

população local, e da falta de fiscalização e controle por parte dos órgãos municipais

responsáveis.

4.3.5. Visão do Conselho Municipal para a gestão ambiental em Chimoio

Para a recolha de resíduos sólidos, segundo DMSU o Município conta somente

com três tractores e uma pá escavadora e 40 trabalhadores. O CMC dispõe de um camião

de sucção de fossas que se encontra avariado. O sistema de drenagem encontra-se

obstruído. As medidas de mitigação propostas são:

 Construção de uma lixeira no Bairro Agostinho Neto, aquisição de um camião

basculante, dois tractores com atrelados e material de protecção e estabelecimento de

um horário de deposição e recolha de dos resíduos sólidos urbanos.

 Aquisição de um camião de sucção de fossas, construção de sanitários públicos e

incentivos da construção de latrinas melhoradas.

 Construção de uma conduta no Mercado Feira, limpeza das sarjetas nas avenidas 25 de

Setembro e Josina Machel e revitalização dos núcleos ambientais para limpeza da

drenagem nos bairros.

51
Em resposta da erosão dos solos que afectam praticamente todos os bairros

periféricos de Chimoio com maior incidência para Bairro 5, Chinfura, localidade nº 3,

Bairro 7, localidade nº 2 e Bairro de 7 de Setembro. A erosão dos solos é provocada pela

inclinação acentuada do terreno, ocupação desordenada, em alguns locais aliada à prática

de cavar buracos para a extracção de argila para a produção de blocos e tijolos.

As medidas de mitigação propostas incluem:

 Melhoramento das vias de acesso aos bairros.

 Reposição dos solos nos bairros 5, 7 de Setembro, Nhamatsane e Centro Hípico

com entulho.

 Plantio de árvores para combate à erosão nos bairros periféricos.

No que diz respeito a ocupação desordenada do espaço, a guerra de

desestabilização no período pós independência resultou num grande êxodo rural para a

cidade o que originou uma ocupação desordenada do espaço urbano, duma forma geral,

assim como elevadas densidades populacionais.

As medidas de mitigação propostas são as seguintes:

 Elaboração de um Plano de Estrutura

 Contratação de técnicos de planeamento para o Município

 Criação de uma comissão de líderes comunitários para a mobilização da

população na mudança de comportamento em relação à ocupação do espaço

 Construção de infra-estruturas básicas nas zonas de expansão

 Monitoria na ocupação do solo.

52
CAPÍTULO V – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusão
Em função da análise da expansão da mancha urbana efectuada sobre as imagens

de satélite, conclui se que há um visível processo de substituição de áreas rurais por áreas

urbanas desordenadas consolidadas entorno de toda área de Chimoio, com uma taxa de

crescimento de aproximadamente de 5,64% da ocupação urbana no período de 2005 a

2010.

Os factores relativos ao espaço urbano, socioeconómicos e espaço-tempo

(restrições espaciais e temporais na distribuição das actividades no espaço urbano) foram

identificados como factores intervenientes no processo de degradação ambiental baseada

na forma de ocupação do solo. A falta de sistemas de drenagem pluvial aliadas a

ocupação irregular dos solos urbanos, ocupação em áreas de riscos geológicos e a falta de

políticas eficazes de controlo e fiscalização de solos urbanos. O fenómeno populacional

foi considerado como um dos indicadores de expansão urbana e de modificações na

paisagem devido à introdução e a dinâmica praticada pelos novos agentes modeladores

do espaço geográfico.

Os impactos ambientais da cidade de Chimoio estão mais relacionados às

condições de padrão de assentamento urbano do que propriamente as características

físicas da área de estudo. Os impactos constatados foram, a erosão, a deposição

inadequada dos resíduos sólidos urbanos, a poluição dos corpos de águas pelos resíduos

sólidos e efluentes dos esgotos doméstico.

53
5.2. Recomendações

Recomenda-se a comunidade estudantil a desenvolver trabalhos seguintes nesta

linha de pesquisa nos seguintes aspectos:

 Aprofundar o estudo realizado considerando análise da dinâmica da relação entre

expansão urbana e padrões ambientais em séries temporais;

 Aplicação dos indicadores de qualidade ambiental sobre expansão urbana, e

 Realizar estudos sobre modelação de sistemas ambientais urbanos.

Para o conselho municipal da cidade de Chimoio, vai a recomendação na

utilização do sistema de informação geográfica na monitorização da expansão de novos

bairros.

54
6.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BITTENCOURT, Daiane Castro; ANDRADE, Henrique Oliveira; FERNANDES,

Raony Chaves. Análise sócio ambiental do município Serra Preta-BA. Brasil,

2009.

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uberaba. São Paulo, 2008.

3. CMC. Plano estratégico do município de Chimoio 2014-2018. Chimoio, 2014.

4. DAMAS, Tiago. Expansão urbana e a problemática ambiental - estudo de caso

do lago jaboti. Apucarana, 2005.

5. DMM (Desenvolvimento Municipal de Moçambique). As Lições da Primeira

Década. Maputo, Moçambique, 2009.

6. EMBRAPA – Sistemas Orbitais de Monitoramento e Gestão Territorial.

Disponível em: < http://www.sat.cnpm.embrapa.br/conteudo/cbers.htm>. Acesso

em 18 Janeirode 2016.

7. FAURÉ, Yves-A e RODRIGUES, Cristina Udelsmann. Descentralização e

Desenvolvimento Local em Angola e Moçambique: processos, terrenos e atores.

Coimbra, 2012.

8. GALSTER, Georg; HANSON, Royce; RATCLIFFE, Michael R.; WOLMAN, Harold;

COLEMAN, Stephen e FREIHAGE, Jason. Wrestling Sprawl to the Ground:

Defining and Measuring an Elusive Concept. Housing Police Debate, 2001.

9. GHENO, Patrícia Zwetsch. Indicador de Desempenho Urbano: Metodologia e

Perspectiva de Integração. Porto Alegre, 2009.

55
10. GROSTEIN, M. D. Metrópole e expansão urbana: a persistência de processos

“insustentáveis”. São Paulo, 2001.

11. GUERRA, A. T; GUERRA, A. J. T. Dicionário geológico-geomorfológico. Rio

de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

12. Instituto Nacional de Estatística. III Recenseamento Geral da População e

Habitação 2007. Resultados Definitivos - Moçambique. Manica, 2007.

13. MATIAS, Lindon Fonseca e NASCIMENTO, Ederson. Expansão urbana e

desigualdade sócio espacial: Uma análise da cidade de ponta grossa. Curitiba,

2011.

14. MATTOS, S. H. V. L. Avaliação da qualidade ambiental da bacia hidrográfica

do córrego do Piçarrão. Campinas São Paulo, 2005

15. MEDRANO, R. M. A. Modelagem de padrões de viagens e expansão urbana.

Dissertação de Mestrado em Transportes, Publicação T.DM-009A/12,

Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília,

Brasília, 2012.

16. MOTA, S. Introdução à Engenharia Ambiental. Rio de Janeiro: ABES, 1997

17. NUVUNGA, Adriano; MOSSE, Marcelo e VIRELA, César. Relatório do Estudo

sobre Transparência, Áreas de Riscos e Oportunidades de Corrupção em Seis

Autarquias Moçambicanas. Maputo, 2007.

18. SALLES, Maria Clara Torquato. Planeamento e gestão ambiental no processo de

instalação de condomínios horizontais e loteamentos na cidade de Mossoró.

Areia Branca, 2010.

56
19. SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São

Paulo: Oficina de Textos, 2006

20. SILVA, Edna Lúcia da e MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da Pesquisa e

Elaboração de Dissertação. 3a edição revisada e actualizada. Universidade

Federal de Santa Catarina, 2001.

21. SILVA, Lucia Sousa e. Protecção ambiental e expansão urbana: a ocupação ao

sul do Parque Estadual da Cantareira. São Paulo, 2004.

22. SILVEIRA, Denise Tolfo e CÓRDOVA, Fernanda Peixoto. A Pesquisa

Cientifica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.

23. SOUZA, Marcelo Lopes. Mudar a Cidade. Uma introdução crítica ao

planeamento e à gestão urbana. Rio de Janeiro, 2008.

24. TUCCI, C. E. M. Água no meio urbano. In: TUCCI, C. E. M. Água doce. Porto

Alegre: IPH –UFRGS, 1997.

57
APÊNDICES
APÊNDICE I
CARTA DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Exmo (a) Senhor(a)

Sou Vicente Gabriel Ferro estudante da Universidade Zambeze, Faculdade de Engenharia

Ambiental e de Recursos Naturais-Chimoio, e estou aqui para fazer uma pesquisa relacionada

a área de Urbanização e Ambiente, com objectivo de Analisar a expansão horizontal da

urbanização e degradação ambiental, de modo a contribuir para adopção de medidas que

melhorem nos aspectos da urbanização.

Gostaria de obter informações a partir de vocês bastando para o efeito responder o

questionário duma forma clara e sincera e sempre que necessário alguns comentários.

A participação é livre e anónima. Garante-se a confidencialidade da informação fornecida e

importante referir que os resultados só serão usados para fins académicos e não serão objecto

de outro tipo de publicação.

Obrigado.

____________________________________________

(Vicente Gabriel Ferro)

Chimoio, ____de__________de 2016

58
APÉNDICE II
INQUÉRITO À POPULAÇÃO E SECRETÁRIOS DOS BAIRROS

Nota: As suas respostas são totalmente anónimas. Data: ___ / ___ / 2016

A: IDENTIFICAÇÃO

Sexo: Masculino  Feminino 

Escolaridade:
Ensino Básico (incompleto)  Profissão ________________________________________________
Ensino Básico (Completo) 
Ensino Secundário 
Ensino Superior 

B. CONHECIMENTOS ACERCA DA TEMÁTICA

1. Como entende sobre expansão urbana?

2. De que forma o seu bairro se expande?

3. Quais são os factores de expansão urbana em Chimoio?

4. Será que existe relação entre a expansão urbana em Chimoio com a degradação ambiental? Qual?

5. Quais factores da urbanização influenciam na degradação ambiental em ambientes urbanos?

59
C: CONHECIMENTOS ACERCA DA TEMÁTICA

1.Quais os principais problemas da urbanização que afectam o seu bairro?

- Ocupação ilegal 

- Desordenamento territorial 

- Ocupação de áreas de riscos ambientais

- Outros  Quais?
_____________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

D: CONHECIMENTOS ACERCA DA TEMÁTICA

2. Quais os principais problemas ambientais afectam o seu bairro?

-Lixo  -Erosão  -Falta de colecta e tratamento de esgotos 

-Poluição da água  - Poluição do solo  -Poluição Sonora 

-Poluição visual 

E: COMENTÁRIO GERAL

O que tem a dizer sobre o crescimento do seu bairro nos próximos anos? E sobre os impactos da
expansão urbana do seu bairro?

____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_____________________

60
APENDICE III Data: ___ / ___ / 2016

INQUERITO À DEPARTAMENTO DE URBANIZAÇÃO-CMC


Expansão urbana
1.Quando se deu o primeiro núcleo urbano da cidade de Chimoio?

2.Em que ano intensificou a expansão urbana?

3.Qual foi o acompanhamento dessa expansão?

4.Na sua opinião quais factores determinantes da expansão urbana nesta cidade?

Degradação ambiental urbana


1.Diante da expansão urbana, tem se registado a degradação ambiental? Qual é a

tipologia dos impactos?

2. Quais os bairros com mais vulnerabilidade na degradação ambiental? E porque?

Factores de degradação ambiental urbana


1.Quais são os factores condicionantes da degradação ambiental ao longo da expansão

urbana?

Gestão ambiental do município de Chimoio


1.Quais subsídios para a gestão ambiental do município de Chimoio?

2. Em caso dos impactos ocorridos quais são as medidas propostas pelo município?

3. Na sua opinião, quais mecanismos que deve se recorrer para prevenir e minimizar a

degradação ambiental na cidade de Chimoio?

61
APENDICE IV

EXPANSÃO HORIZONTAL URBANA DA CIDADE DE CHIMOIO

62

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