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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:
O Clima e Sua Influencia na Produção e Produtividade em Moçambique: Um
Olhar para Zambézia no Período entre 2019-2021

Nome de estudante: Malecia de Alfimina Deutronomio


Código: 708204007

Curso: Licenciatura em ensino de História


Cadeira: Noções de Geografia Física
Docente: Abdul Mulebe
Ano de frequência: 3º Ano

Milange, Maio de 2022


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 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso
académico
2.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada,
coerência / coesão
Análise e textual)
discussão  Revisão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
 Teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referêcias
bibliografia bibliográficas
Recomendações de melhorias

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................3
1.1. Objectivos....................................................................................................................3
1.1.1. Objectivo Geral........................................................................................................3
1.1.1.1. Objectivos Específico.......................................................................................3
2. Clima....................................................................................................................................4
3. Localização Geográfica de Moçambique..............................................................................4
4. Clima de Moçambique.........................................................................................................4
5. Impactos Vulneráveis na produção agrícola.........................................................................5
6. Localização Geográfica da Zambézia...................................................................................6
7. Clima da Província da Zambézia..........................................................................................7
8. O clima e sua influência na produção e na produtividade em Moçambique: Um olhar para
Zambézia num período entre 2019 à 2021....................................................................................7
8.1. Precipitação..................................................................................................................7
8.2. Preparação de Terras e Sementeiras.................................................................................7
9. Aprovisionamento de insumos.............................................................................................8
9.1. Sementes......................................................................................................................8
9.2. Impacto dos fenómenos climáticos...............................................................................8
9.3. Acções de mitigação face as adversidades climatéricas registadas...............................8
9.4. Acções de mitigação aos efeitos de calamidade............................................................8
10. Mudanças do clima...........................................................................................................9
11. Impacto das mudanças do clima na agricultura................................................................9
12. Medidas de adaptação às Mudanças Climáticas na agricultura.......................................11
13. Gestão da humidade do solo nos campos agrícola em sequeiro..................................12
14. Investimento em pequenas infra-estruturas de colheita de água.....................................13
15. Conclusão.......................................................................................................................14
16. Referência bibliográfica.................................................................................................15
1. Introdução

Moçambique é vulnerável às mudanças climáticas devido a sua localização


geográfica, zona de convergência intertropical e a jusante de bacias hidrográficas
partilhadas. Moçambique é o terceiro país mais afectado pelos desastres naturais em
África, e é o segundo mais vulnerável a eventos extremos na África Austral, como
secas, cheias e ciclones tropicais, podendo esperar mudanças nos padrões sazonais de
precipitação frequência, intensidade, abrangência, duração e período de ocorrência.

Os efeitos das Mudanças Climáticas incluem ainda efeitos económicos negativos


devido a recessão económica em virtude da baixa produção Agrícola. Por outro lado, a
agricultura é uma actividade que depende directamente do clima e das alterações nesse
componente podem ter sérios reflexos sociais e económicos. Os impactos das mudanças
climáticas podem se constituir numa séria ameaça para a agricultura, por colocar em
risco a preservação dos sistemas agrícolas actuais.

O presente trabalho debruça-se em torno do Clima e Sua Influência na Produção


e Produtividade em Moçambique: Um olhar para Zambézia num período entre 2019 à
2021, que serve de primeiro trabalho na cadeira de Noções de Geografia Físicano cursos
de Licenciatura em ensino de História, 3º Ano. Em concernente a elaboração do mesmo,
usaram-se vários artigos publicados na internet, livros, e entre outros, no que culminou a
uma pesquisa bibliográfica.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
 Analisar o Impacto do Clima e Sua influência na produção e na
Produtividade Em Moçambique: Um olhar para a Província da Zambézia
período entre 2019 à 2021.
1.1.1.1. Objectivos Específico
 Conceituar o Clima;
 Identificar o impacto da influência do clima na produção e produtividade na
província da Zambézia;
 Caracterizar os tipos de Clima em Moçambique;
 Descrever os tipos de Clima na Zambézia;
 Descrever as causas da influência do Clima na produção e produtividade na
província da Zambézia (2019 à 2021).

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2. Clima

Desde muito tempo o homem busca compreender o que acontece com o clima da
Terra. As perturbações climáticas como trovões, raios, chuvas eramatribuídas pela
sociedade ocidental a deuses para a explicação do fato.

Ambrapa (2011, p. 123), afirma que “Quando falamos de clima, estamos nos
referindo a um conjunto de dados (temperatura, pressão, umidade) a respeito das
condições atmosféricas de um determinado local, durante um período cronológico
específico. O tipo de clima depende de uma série de fatores, como latitude, altitude,
relevo e radiação solar. Até mesmo a presença do ser humano pode alterar o clima”.

Segundo Mendonça e Danni (2007, p. 23), afirmam que “Entende-se que o clima
caracteriza-se como uma sucessão de estágios médios do tempo em um determinado
local por um período de 30 - 35 anos. Esse estágio médio é reflexo das condições físicas
da atmosfera como temperatura, nebulosidade, precipitação, umidade, ventos e massas
de ar”.

3. Localização Geográfica de Moçambique

Alves (200, p. 156), afirma que

“Moçambique é um país da costa oriental da África Austral (Figura 1),


localizado entre os paralelos 10°-27′ e 26°-52′ de latitude Sul, e entre
os meridianos 30°-12′ e 42°-51′ de longitude Este, tendo como limites:
a Norte, a Tanzânia; a Noroeste o Malawi e a Zâmbia; a Oeste o
Zimbabué e a Suazilândia; a Sul a África do Sul e a Leste, a secção do
Oceano Índico designada também por Canal de Moçambique. Possui
uma área de 799.380 quilómetros quadrados (km2), dos quais 13.000

km2, são de águas interiores”.

4. Clima de Moçambique

Segundo Alves (2008, 157), diz que “A localização geográfica de Moçambique


nos trópicos e subtrópicos faz com que o país seja vulnerável a eventos extremos de
origem meteorológica tais como secas, cheias e ciclones tropicais e de origem geológica
como é o caso de sismos e tsunamis”.

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Entre todas as diversas zonas do país, as áridas, semiáridas e secas são as mais
vulneráveis, devido à degradação da terra caracterizada por perda persistente de
produtividade de vegetação, solos e pastagens e exacerbada pelo seu uso inapropriado.

“O clima de Moçambique é fortemente determinado pela sua localização na zona


de baixas pressões equatoriais, pela corrente quente do Oceano Índico e pelos
correspondentes ventos dominantes marítimos do quadrante Leste” (Alves, 2008).

“Assim, o clima do país é do tipo tropical húmido com duas estações, uma
quente e chuvosa e outra seca e fresca. A estação quente e chuvosa tem início no mês de
outubroe termina em março, sendo que a estação seca e fresca vai de abril a setembro. O
carácter predominantemente tropical do clima moçambicano exprime-se sobretudo pela
coincidência entre o período de chuvas e o período quente e pela amplitude térmica
anual” (Alves, 2008).

Segundo o mesmo autor, a temperatura média anual é sempre superior a 200C,


com exceção das regiões montanhosas das Províncias de Niassa, Zambézia, Tete e
Manica, onde ocorrem temperaturas inferiores a 16ºC, condicionadas pela altitude.

Segundo Alves (2008, p. 157), diz que “As temperaturas mais elevadas
registam-se entre os meses de dezembro e fevereiro, podendo as máximas atingir 38ºC e
até mesmo 43ºC. Os meses mais frios são os de junho e julho. O período das chuvas,
que tem início em outubro, é mais curto que o período seco, exceto em algumas regiões
costeiras onde as chuvas duram aproximadamente seis meses”.

“A influência oceânica contribui para uma certa uniformização do clima de toda


a zona litoral, onde a temperatura é da ordem de 24ºC e a pluviosidade varia entre 800 e
1.400 milímetros” (Muchangos, 1999).

5. Impactos Vulneráveis na produção agrícola

Os meios de subsistência rurais em Moçambique são principalmente baseados na


agricultura e dependentes do clima.

Segundo Brito (2014, p. 26), afirma que “A agricultura é responsável por mais
de 25% do PIB de Moçambique e emprega mais de 75% da mão-de-obra do país. A
maioria dos produtores são agricultores de subsistência, pequenos agricultores, e a
maior parte da produção é alimentada pela chuva, vulnerável ao aumento da
temperatura e à pluviosidade variável”.
5
Os rendimentos das principais culturas, tais como mandioca, sorgo, soja e
amendoim, poderão diminuir 2-4 por cento nos próximos 40 anos (particularmente na
região central).

Brito (2014), afirma que “Algumas das principais culturas alimentares sensíveis
à seca, como o milho, poderiam diminuir em média até 11% (2046-2065), e até 45% em
áreas como Tete. Chuvas mais irregulares e mudanças de temperatura poderiam
contribuir para a propagação de pragas agrícolas existentes e novas, tais como a lagarta
do cartucho, representando uma ameaça sem precedentes para o milho e o sorgo”.

O aumento do risco de cheias e secas é susceptível de afectar culturas-base da


cadeia de valor como a soja, o feijão bóer e o sésamo, perturbando os mercados locais e
os rendimentos dos agricultores.

Segundo Brito (2014, p. 27), afirma que “O aumento da frequência e gravidade


dos ciclones tambémcoloca as culturas em risco, tais como o Ciclone Dineo de 2017,
que destruiu quase 30.000 hectares de culturas e 135.000 cajueiros e coqueiros. Estes
impactos na produção, combinados com os efeitos de inundações echuvas fortes nas
estradas rurais, poderiam resultar numa perda do PIB agrícola de 4,5 - 9,8 por cento até
2050. (2, 4, 5, 8, 9, 14, 19, 20)”.

6. Localização Geográfica da Zambézia

Segundo Carlos (2019), afirma que “A Província da Zambézia fica situada na


região centro do País, tem uma superfície de 105,008 Km², com cerca de 1,881 Km² de
águas interiores (entre rios e lagos) e 8,640 Km² de águas marinhas”.

“A Província possui os seguintes limites geográficos: a Norte, os rios Ligonha e


Lúrio separam-na das Províncias de Nampula e Niassa, respectivamente; a Sul, o rio
Zambeze serve de limite natural com a Província de Sofala; a Oeste com a República do
Malawi e a Província de Tete através do rio Chire; e a Este é banhada pelo Oceano
Índico numa extensão de cerca de 400 kms de linha do litoral” (Carlos, 2019).

Segundo Fao (2011, p. 3), diz que “Segundo as projecções do INE 2017, a
província da Zambézia possui 5,043.120 de habitantes sendo 2,436.703 homens e
2,606.417mulheres, corresponde a uma média a 19% do total do País, sendo a segunda
província mais populosa onde a população urbana é de um total de 1.115.865 habitantes

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(22.1%) dos quais 547.351 homens e 568.514 mulheres e a população rural um total de
3.927.255 habitantes (77.9%) sendo 1,889.352 homens e 2,037.903 mulheres”.

A esperança média de vida é de 55 anos, superior em 1 ano à média do País. A


taxa de analfabetismo é de 53.9% sendo 34.3% para homens e 71.9% para mulheres.

“A província da Zambézia, alvo do presente estudo, localiza-se no centro do país


e tem como limites a Norte as Províncias de Nampula e Niassa, a Sul a província de
Sofala, a Oeste o Malawi e a Província de Tete e a Leste o Oceano Índico” (Fao, 2011)

É composta por 22 distritos (Quelimane, Namacurra, Nicoadala, Inhassunge,


Chinde, Mopeia, Morrumbala, Maganja da Costa, Pebane, Mocuba, Milange, Lugela,
Ile, Gilé, Namarroi, Alto Molocué Gurué, Derre, Mocubela, Molumbo, Mulevala e
Luabo).

7. Clima da Província da Zambézia

A província da Zambézia apresenta um clima tropical húmido com duas


estações, verão (Novembro a Abril) e inverno (Maio a Outubro) em que a precipitação é
maior no verão e menor no inverno.

8. O clima e sua influência na produção e na produtividade em Moçambique:


Um olhar para Zambézia num período entre 2019 à 2021
8.1. Precipitação

Fao (2011, p. 5), afirma que “Na província da Zambézia, as chuvas tiveram
início a partir da 2ª década de Outubro de uma forma fraca, dispersa e abaixo do normal
até a 2ª década do mês de Novembro. A partir da 2ª década do mês de Dezembro, as
chuvas tiveram a tendência ligeira acima do normal onde permitiu a maioria dos
camponeses lançar as sementes. A partir da 1ª década de Janeiro de 2019 foram
registadas chuvas acima do normal ocasionando inundações e cheias”.

8.2. Preparação de Terras e Sementeiras

Fao (2011, p. 5), afirma que “A preparação da terra para as culturas alimentares
foi feita maioritariamente de forma manual. As sementeiras iniciaram na 3ª de Outubro
(na zona alta), tendo prolongado até Fevereiro devido a incerteza e irregularidade das
chuvas que ocorriam principalmente na zona baixa da Província”.

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9. Aprovisionamento de insumos
9.1. Sementes

Segundo Fao (2011, p. 6), diz que “Na campanha agrária 2018/19 foram
planificadas pela DPASA 301 ton de sementes deculturas diversas, tendo sido
disponibilizados pelos provedores 257 ton. Desta quantidade, foram 63 tons de milho, 3
ton de arroz, 43 ton de soja, 6 ton de mapira, 48ton de feijões, 2 tons de gergelim, que
beneficiou 20.085 produtores”.

9.2. Impacto dos fenómenos climáticos

Estima-se em 200.373 ha inundados (afectada), sendo 71.580 ha perdidos (3.5%


da área semeada em toda Província) e 110.395 famílias, Cerca de 295.391 tons de
produção de culturas diversas (4% do plano global) foram perdidas.

9.3. Acções de mitigação face as adversidades climatéricas registadas

A COSV uma organização Italiana disponibilizou 300 Kg de semente de arroz


variedade Macassane e 900 Kg de Feijão nhemba.

9.4. Acções de mitigação aos efeitos de calamidade

Fao (2012, p. 220, afirma que “Para a recuperação das áreas perdidas e
potenciação da 2ª época agrícola, a DPASA alocou 5,83 tons de milho, 2,65 tons de
arroz, 0,925 tons de Feijões e 488 unidades de regadores”.

“A FNDS / MITADER alocou 46.35 tons de milho. Os parceiros,


nomeadamente a CLUSA alocou 4 tons de milho, 4 tons de feijões, 60,24 Kg de
hortícolas diversas, 1.526 regadores, 1.727 enxadas, 780 Kg de NPK, 780 Kg de Ureia,
1.160 Kg de Maconzeb, 780 Kg de Zakanaka, 780 Lts.de Cialotrina)” (Fao, 2012).

A COSV alocou 1,17 tons de milho e 0,2 tons de arroz. A RADEZA alocou 0,2
tons de milho; 0,2 tons de feijões; 6,4 Kgs de hortícolas diversas, 200 enxadas e 200
catanas A MANITESE alocou 2 tons de milho; 0,065 tons de feijões e 5,25 Kg de
hortícolas diversas. A SMI alocou 1,5 tons de milho e 250 enxadas.

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Segundo Fao (2012, p. 23), afirma que:

“Para a Campanha agrícola 2019-20, foi desenhado o Plano de


Recuperação Agrícola Pós-Ciclones, com o financiamento do
Governo e assistência da FAO, CERF, WB e OFDA, para a campanha
2019/20, está previsto a alocação de Sementes através de Kits de
semente composto por: 10 kg de milho, 20 kg de arroz, 4 kg de feijão
Nhemba, 10 gr Quiabo, Cebola, Couve, Repolho, Tomate, Pepino,
Alface 20 g abobora, 2 Enxadas e 1 Catana. O Kit irá beneficiar
161.000 famílias de 10 distritos da província de Zambezia
nomeadamente: Maganja da Costa (6.000 famílias), Namacurra (6.000
famílias), Nicoadala (5.000 famílias), Mopeia (5.000 famílias) e
Chinde (3.000 famílias)”.

10. Mudanças do clima

Segundo Maroun (2007), afirma que “refere-se à qualquer mudança no clima


influenciada quer seja directa ou indirectamente pela actividade humana e que é
adicional à variabilidade natural do clima ao longo do tempo”.

Adaptação no texto da Política Nacional de Mudanças Climáticas (2008), é


definida como conjunto de iniciativas e estratégias que permitem a adaptação, nos
sistemas naturais ou criados pelos homens, a um novo ambiente, em resposta à mudança
do clima actual ou esperada.
11. Impacto das mudanças do clima na agricultura

(Pritchard & Amthor, 2005, afirma que:

A agricultura é uma actividade amplamente dependente de factores


climáticos, cujas alterações podem afectar a produtividade e o maneio
das culturas, dai que vários estudos vem sendo desenvolvidos no
mundo e em Moçambique visando avaliar o impacto das mudanças
climáticas sobre a produção agrícola, uma vez que esta afecta a
fisiologia das plantas, à disponibilidade de água, a fertilidade dos
solos, a erosão, a dinâmica de pragas e doenças, a salinização dos
solos, além de outros aspectos, podem ser directamente afectados por
estas mudanças”.

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Neste sentido haverá perdas no rendimento e pode haver migração de culturas de
uma região para outra (BM, 2013). A redução da precipitação e aumento da temperatura
estão a afectar os sectores de recursos agrícolas e naturais com sérias implicações na
produção de alimentos, nos rendimentos e nos serviços ecossistémicos (alimentos,
combustível lenhoso, medicamentos, madeira, fibra, recursos genéticos, regulação da
água, regulação do clima, regulação de doenças, controlo da erosão, recreação e
ecoturismo).

“As projecções também indicam que as mudanças climáticas, se não forem


abordadas, reduzirão ainda mais a produtividade agrícola decorrente da deterioração do
ambiente de produção, e como consequência os países dependem altamente da
agricultura e com grande parte da população em situação de insegurança alimentar”
(Pritchard & Amthor, 2005).

Entretanto, a seca afecta a agricultura porque uma grande porção de terras


agrícolas é irrigada pela chuva e com as mudanças climáticas a precipitação tem sido
baixa, irregular e com início tardio e término precoce (MICOA, 2007). As inundações e
cheias afectam a agricultura porque uma porção significativa de terras está dentro das
bacias hidrográficas internacionais partilhadas que são propensas às inundações,
causando problemas humanitários imediatos, elas abrandam o crescimento económico a
longo termo.

“Os impactos na economia local e nacional incluem a redução do rendimento


familiar, redução da actividade económica, redução da produção agrícola, inflação
desemprego e a redução do rendimento nacional, nota-se que, a perda de culturas em
cheias intensas resulta tanto de "afogamento" por falta de oxigénio nas plantas ou de as
culturas serem varridas pelas correntes de água” Fao (2012).

Neste contexto, de acordo com o INGC (2009) citado por Recha & Chiulele
(2017), os impactos previstos das mudanças climáticas sobre as principais culturas de
Moçambique incluem:

 O aumento da temperatura resultará numa redução dos rendimentos das


culturas, tais como milho, algodão, amendoim, sorgo e soja;
 Consequências negativas para segurança alimentar e rendimento familiar
devido à redução do rendimento da maioria das culturas.

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12. Medidas de adaptação às Mudanças Climáticas na agricultura

Segundo INE (2009), afirma que “Moçambique possui pouco mais de 25


milhões de habitantes, dos quais cerca de 80% constituem a população economicamente
activa está envolvida na produção agrícola. A prática agrícola e a segurança alimentar
da população são afectadas por muitos problemas ligados a mudanças climáticas com
repercussões directas advindas da seca, cheias e ciclones”.

“Deste modo é irrefutável que as mudanças climáticas têm vindo a afectar


agricultura, sendo que esta tem influenciado negativamente os agricultores rurais e em
particular os que praticam agricultura familiar. Apesar dos efeitos negativos das MC
sobre a agricultura, existem formas ou meios de minimização desta influência e
promover uma nova forma de fazer a agricultura, adaptação” (Embrapa, 2011).

“Neste contexto, a adaptação envolve acções que visam preparar o sector


agrícola para os efeitos adversos das alterações do clima, reduzindo riscos e prejuízos
com o menor custo possível, isto exige primeiramente compreender como os produtores
se adaptarão e quais são os principais direccionados desse processo” (Carlos, Da Cunha
& Pires, 2019).

“Os agricultores rurais que conhecem os efeitos das mudanças climáticas têm
maior probabilidade de adoptar medidas adaptativas, isso reforça a importância de se
considerar a percepção, o conhecimento e as condições socioeconómicas dos indivíduos
na formulação de políticas públicas de combate aos efeitos das mudanças climáticas”
(Pellegrino, Assad & Marin (2007).

“Nesta perspectiva, o conhecimento dos factores que desencadeiam a resposta


dos agricultores às alterações do clima é crucial para o efectivo desenvolvimento de
políticas de enfarinhamento ao problema” (Carlos et al, 2019).

Para Pellegrino et al (2007), afirma que “as acções de adaptação aos impactos
das mudanças climáticas, podem ser propostos novos sistemas produtivos incluindo a
introdução de novas culturas em regiões onde se tornem aptas, desenvolvimento de
estratégias de conservação da água, mudanças micro-climáticas e nas datas de plantio,
adopção de métodos alternativos, a adopção de medidas eficazes para a redução das
queimadas e desmatamentos de ecossistemas naturais, uso de novas tecnologias e de sua
combinação”.

11
Segundo Alves e Lima (2008), a FAO (2003) e o INGC (2009) identificaram
algumas acções destinadas à adaptação do sector agrícola à mudança do clima, como
por exemplo:

 Formulação de mecanismos de apoio aos produtores de modo a auxiliá-


los à adaptar-se à mudança do clima;
 Manutenção de uma ampla base genética para culturas e
desenvolvimento de variedades de culturas e raças de animais mais
tolerantes à seca;
 Melhoramento da resiliência de ecossistemas agrícolas pela promoção de
práticas agro-florestais que utilizem e mantenham a diversidade
biológica;
 Melhorar a eficiência de uso da água e recarga de água subterrânea pela
agricultura conservacionista;
 Apoiar sistemas de pastagem e outros sistemas de produção animal, com
actividades voltadas à produção de suplementos alimentares, serviços
veterinários, e de suprimento de água, entre outras medidas.

Destarte, as medidas acima referenciadas são execiais para a o sucesso das


acções citadas pela FAO (2012) e INGC (2009), pois as medidas fixam as bases que
favorecem acções de adaptação tais como:

13. Gestão da humidade do solo nos campos agrícola em sequeiro

“Investimentos em tecnologias acessíveis para apoiar agricultores no


estabelecimento dum controle melhor e gestão de fornecimentos intermitentes da água,
que podem ser cruciais durante períodos curtos de seca que ocorrem onde a precipitação
é muito variável, e que resultam em perdas frequentes das colheitas” (Fao, 2012).

“As técnicas envolvem a colheita de água in situ juntamente com a melhoria da


capacidade de retenção de água do solo na zona radicular para lidar com défices
temporários de água que ocorrem durante os períodos de crescimento. Estes
investimentos devem ser acompanhados pela optimização do uso de fertilizantes,
sementes e outros insumos essenciais aos ambientes em sequeiro de modo a maximizar
os investimentos nas práticas de gestão de humidade do solo” (INGC, 2009).

12
14. Investimento em pequenas infra-estruturas de colheita de água
Segundo Fao (2012), afirma que “A colheita de água refere-se a colecção do
escoamento das chuvas e a armazenamento para utilização na produção agrícola. Estas
técnicas envolvem três componentes, uma área de bacia para produzir o escoamento
superficial, uma área de armazenamento para armazenar a água e, uma área alvo de
produção para utilizar a água armazenada, que neste caso é para a agricultura”.

Existem dois tipos diferentes, um que é a captação in situ que envolve o re-
ajustamento da superfície do solo para encaminhar o escoamento superficial para a zona
radicular, neste caso a área da bacia e de armazenamento encontram-se no mesmo local
onde a zona radicular funciona como um reservatório da água (FAO, 2011). A segunda
técnica de captação de água prevê a construção de pequenos reservatórios e as áreas da
bacia, de armazenamento e a área alvo encontram-se localizadas em zonas diferentes
(Cumbe, 2015).

13
15. Conclusão

Conclui-se que A localização geográfica de Moçambique nos trópicos e


subtrópicos faz com que o país seja vulnerável a eventos extremos de origem
meteorológica tais como secas, cheias e ciclones tropicais e de origem geológica como é
o caso de sismos e tsunamis. Entre todas as diversas zonas do país, as áridas, semiáridas
e secas são as mais vulneráveis, devido à degradação da terra caracterizada por perda
persistente de produtividade de vegetação, solos e pastagens e exacerbada pelo seu uso
inapropriado.

O clima de Moçambique é fortemente determinado pela sua localização na zona


de baixas pressões equatoriais, pela corrente quente do Oceano Índico e pelos
correspondentes ventos dominantes marítimos do quadrante Leste. Assim, o clima do
país é do tipo tropical húmido com duas estações, uma quente e chuvosa e outra seca e
fresca. A estação quente e chuvosa tem início no mês de Outubro e termina em Março,
sendo que a estação seca e fresca vai de Abril a Setembro. O carácter
predominantemente tropical do clima moçambicano exprime-se sobretudo pela
coincidência entre o período de chuvas e o período quente e pela amplitude térmica
anual.

A Província da Zambézia fica situada na região centro do País, tem uma


superfície de 105,008 Km², com cerca de 1,881 Km² de águas interiores (entre rios e
lagos) e 8,640 Km² de águas marinhas. A Província possui os seguintes limites
geográficos: a Norte, os rios Ligonha e Lúrio separam-na das Províncias de Nampula e
Niassa, respectivamente; a Sul, o rio Zambeze serve de limite natural com a Província
de Sofala; a Oeste com a República do Malawi e a Província de Tete através do rio
Chire; e a Este é banhada pelo Oceano Índico numa extensão de cerca de 400 kms de
linha do litoral.

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16. Referência bibliográfica
1. Alves, B. J. (2008). Vulnerabilidades, impactos e adaptação à
mudança do clima no sector agro-pecuário e solos agrícolas.
São Paulo
2. Embrapa. (2011). Mudanças Climáticas Globais e
Agricultura. São Paulo.

3. FAO. (2011). Programa da FAO em Moçambique. No âmbito


do programa das nações unidas “Delivering as One”.
Moçambique.
4. FAO. (2012). Adaptation to Climate Change in Semi-Arid
Enviroments. Experiences and Lessons from Mozambique.
Maputo, Mozambique.

5. INGC. (2009). Synthesis report. INGC Climate Change


Report: Study on the impact of climate change on disaster risk
in Mozambique. Mozambique.
6. INGC. (2017). Mapeamento das áreas de risco de desastres
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7. MICOA. (2005) Avaliação da vulnerabilidade as mudanças
climáticas e estratégias de adaptação. Maputo.
8. MICOA (2013). Estratégia Nacional de Adaptação e
Mitigação de Mudanças Climáticas. Maputo, Moçambique.

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