Você está na página 1de 22

FACULDADE DE CIÊNCIAS

Departamento de Matemática e Informática

Trabalho de Licenciatura em Ciências de Informação Geográfica

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em


[Engenharia Informática]

Aplicação de Técnicas SIG no Processo de Ordenamento Territorial em


Zonas de Expansão

Área de Estudo: Posto Administrativo de Maluana

Autor: Orquídia Francisco dos Santos Compeu

Maputo, Outubro de 2021

1
Índice
Introdução.............................................................................................................................................3

1.2. Problematização........................................................................................................................4

1.2. Relevância.................................................................................................................................5

1.3. Objectivos..............................................................................................................................6

1.3.1. Geral:..............................................................................................................................6

1.3.2. Específicos:....................................................................................................................6

2. Material e Métodos.......................................................................................................................7

2.3. Material:.................................................................................................................................7

2.4. Metodologia...........................................................................................................................7

2.5. Resultado Esperado...............................................................................................................9

2.6. Cronograma...........................................................................................................................9

3. Referencias Bibliográficas.........................................................................................................10

2
1
Introdução

O Ordenamento é entendido, como defende Lopes (citado por Condesso, 2001), como um acto de
gestão do planeamento das ocupações, um potenciar da faculdade de aproveitamento das infra-
estruturas existentes e o assegurar da prevenção de recursos limitados. Simplificando, é a gestão da
interatividade do homem para com o espaço natural ou físico.
O ordenamento do território tem vindo mostrar-se mais necessária como meio de ajuda para a
resolução de problemas de desordem e acumulação de disfunções. A localização de serviços, de
objectos, os assentamentos populacionais, a localização de equipamentos e empreendimentos
económicos e sociais e outros interesses nacionais, das Comunidades, com impacto directo no uso e
ocupação do solo, necessitam de ser harmonizados de forma a não pôr em causa o processo de
desenvolvimento desejado e de forma sustentável.

SIG

Este trabalho tem como tema aplicação das técnicas de SIG no processo de ordenamento territorial
em zonas de expansão, caso do posto administrativo de Maluana província de Maputo. A
monografia é composta por duas fases. A fase de proposta de Ordenamento e a fase de critério de
implantação.

1.1. Motivação
A escolha desse tema surge na perspectiva de contribuir para o melhoramento das qualidade de vida
da população da área de intervenção obedecendo as normas para a elaboração do Plano de
Urbanização em Moçambique para propor modalidades de ocupação aceitável.

3
1.2. Definição do problema

Em países desenvolvidos o ordenamento territorial é visto como uma maneira de crescimento


urbano e constitui um papel fundamental na saúde pública. A distribuição incorreta dos objectos faz
com que a cidade fique com problemas graves de saneamento urbano (Pereira, 2006).

A disposição de residências de forma desordenada é, actualmente, um dos maiores problemas


ambientais e de saúde pública do Mundo. Nos últimos anos, verifica-se um forte crescimento
urbano.

Em Moçambique, a forma que é feita distribuição de terra para habitação não vai de acordo com as
regras básicas de ordenamento de territórios previstos nas leis Moçambicanas sobre o uso de terra.
(MADER, 2020).

Nas áreas urbanas verificam-se vários problemas de transitabilidade, isso é motivado pela não
obediência das normas técnicas de urbanização, sobretudo a falta de propostas de projetos de
urbanização viáveis onde a população possa seguir na hora de parcelamento de suas residências.

A falta da implementação de ordenamento territorial ou seja Plano de Urbanização tem como


consequência problemas de ordem ambiental e social, onde o solo é ocupado de forma desordenada
o que gera transtornos para a população urbana.

A correta ocupação do solo das áreas urbanas assume-se como uma das prioridades no domínio do
Planeamento e Ordenamento do Território dado rápido crescimento urbano que se verificou nas
últimas décadas, cujos efeitos se refletem negativamente na paisagem, no ambiente e no património
cultural edificado pelo que é forçoso admitir que tal situação necessita hoje de ser contida.

1.2. Justificativa

No âmbito da área de estudo, O projecto em causa tem o objetivo de identificar e solucionar


problemas de um território, beneficiando os cidadãos com um plano de ordenamento do
território, com equipamentos sociais, serviços, comércios, vias de acessos entre outros. O
projecto irá prevenir futuros problemas resultantes de uma desordenação no posto
4
administrativo de Maluana, com existência de futuros projetos, poderá haver danos materiais
dos cidadãos que lá residem desordenadamente, e correndo o risco de haver conflitos, por
essa razão é extremamente importante a elaboração de um projecto de plano de ordenamento
territorial.

1.3. Relevância

Neste contexto, o presente plano de urbanização resulta da necessidade de dar resposta à


crescente demanda de habitação e de terra urbanizada, em particular nos bairros novos onde
existem construções desorganizadas, devido ao aparecimento de grandes empreendimentos. O
Plano de urbanização deverá mitigar este problema observando as necessidades em termos de
reserva de terra para equipamentos, serviços, infraestruturas e outros.

No âmbito social, de acordo com Rui Alves (2001) considera fundamentais, definindo melhor as
linhas de orientação do ordenamento do território.
São eles:
 Igualdade: promove a organização territorial que garanta, de forma generalizada, as mesmas
condições e oportunidades de acesso a bens e serviços a todos os cidadãos (os cidadãos são
iguais perante a lei);
 Equidade: que se trata de forma equitativa os cidadãos, organizações, e os territórios; estabelece
a perequação na distribuição dos recursos públicos, designadamente os financeiros, entre
territórios mais desenvolvidos e territórios menos desenvolvidos, de forma a corrigir
desequilíbrios e distorções existentes nos níveis de desenvolvimento;
 Interesse público: em que a intervenção do Estado e dos poderes públicos, sobre o território,
deve prosseguir sempre finalidades de interesse colectivo;

5
 Liberdade e responsabilidade: que garante a liberdade de intervenção individual e da iniciativa
privada na organização do território, desde que no cumprimento das normas e directrizes e na
garantia do interesse público;
 Sustentabilidade: que promova a organização do território, salvaguardando e protegendo valores
e recursos perenes, como sejam, os naturais, culturais e ambientais; e promovendo a
sustentabilidade da organização do território, de modo a viabilizar a estrutura nacional.” (Alves,
2001).

Um bairro bem estruturado em que as parcelas são organizadas com via de acesso bem definidos
proporciona a uma boa saúde ambiental e facilitando as pessoas a se deslocar de um ponto para
outro.
Este projeto espera-se que o governo use para implementar o processo de urbanização nos bairros
em Moçambique, a implantação deste projecto vai contribuir para:

 Melhoramento de vias de acesso dos bairros


 Melhoramento de distribuição espacial das parcelas garantindo a boa circulação dos
cidadãos
 Vai contribuir no melhoramento da saúde ambiental dos bairros sendo que o plano constitui
uma distribuição correta dos objetos como o caso de distribuição de depósitos

Em âmbito cientifico:

Um Sistema de informação Geográfica (SIG) ou GIS – Geographic information System, pode


definir-se como uma plataforma de hardware e software com grandes capacidades de
armazenamento, organizando a informação por camadas, desde informação espacial a dados
alfanuméricos, esta composição tem assim expressão no território.

A grande evolução dos SIG’s revelou-se nos últimos anos, embora tenham surgido nos aos 60. O
seu desenvolvimento foi muito lento pois eram suportados por um equipamento sem capacidade
para o processamento requerido para o manuseamento da informação geográfica, o que constituía
um grande impeditivo à sua utilização. Apenas na década de 90 o hardware se adequou às
necessidades exigidas.

[Matos, 2001]

Segundo Furtado 2006, a informação geográfica não se limita à informação de âmbito cartográfico,
deve ser entendida num sentido mais lato, englobando todo o tipo de informação susceptível de ser

6
georreferenciada, isto é, informação que pode ser relacionada com localizações específicas
[Machado, 2000] e passível de análise espacial.

Menciona-se por último, a existência de definições mais elaboradas, associando os SIG aos seus
utilizadores, bem como às potencialidades actuais e futuras que oferecem, de apoio à organização
do

espaço. Um SIG seria assim um complexo homem-máquina, onde se inclui o hardware, o software,
a informação e as ferramentas necessárias à captura, ao processamento, à visualização e à
distribuição dos dados georreferenciados. Integram inventários, análises, conhecimentos sobre o
território, úteis à investigação e às actividades da geografia aplicada. [Machado, J., 2000, p.241]

A Carta Europeia do Ordenamento do Território (1983) define ordenamento do território como


sendo “a tradução espacial das políticas económica, social, cultural e ecológica da sociedade. É,
simultaneamente, uma disciplina científica, uma técnica administrativa e uma política que se
desenvolve numa perspectiva interdisciplinar e integrada tendente ao desenvolvimento equilibrado
das regiões e à organização física do espaço segundo uma estratégia de conjunto”

económica, onde se deve medir a eficiência macrossocial; social, onde se deve garantir equidade na
distribuição de renda e bens assim como uma diminuição da diferença entre as classes sociais;
ambiental, onde se devem racionalizar recursos e desenvolver tecnologias e políticas
ambientalmente mais adequadas

No âmbito económico

Ajuda nos a resolver problemas no que diz respeito aos custos, ou seja o factor

1.3. Objectivos

1.3.1. Geral:

Aplicar Técnicas de SIG no Processo de Ordenamento Territorial em Zonas de Expansão no Posto


Administrativo de Maluana.

7
1.3.2. Específicos:

Para alcançar o objetivo geral do presente trabalho, foram traçados os seguintes objectivos
específicos:

 Elaborar um mapa de situação atual de modo a descriminar o uso e cobertura do solo;


 Elaborar um plano de pormenor que oriente a ocupação deste espaço ;

 Elaborar o orçamento de todo trabalho em função do volume do trabalho ,recursos existentes e


tempo disponível.

8
2
Material e Métodos

Neste capítulo serão apresentados todos materiais e a metodologia usada no desenvolvimento e


execução de trabalho. A metodologia esta dividida em três fases, a fase de recolha de dados e a fase
de processamento de dados recolhidos.

1.4. Material:

Para o levantamento e dimensionamento do Bairro em expansão será usado o seguinte equipamento


e material de apoio:

Tabela 1: Material de necessário para o trabalho

Programas Usados
Softwares Pacotes Utilidade
Produção de
Layouts/mapas
ArcGIS temáticos
Para delimitar a área
Google Earth de estudo
Compilação do
Microsoft Office 2016 Microfoft Office Word Versão 2016 trabalho
Tabela 1:Programas usados

1.5. Metodologia

O presente trabalho faz uma abordagem teórica e prática do tema apresentado, a sua elaboração será
mediante duas etapas pré-definidas.
Na segunda etapa, consistiu no trabalho de gabinete, onde decorreu o tratamento ou processamento
de dados de campo e elaborou-se a proposta Plano de Urbanização do bairro e o respectivo
dimensionamento das parcelas de residências, serviços, de lazer, e incluindo com vias de acesso.
A terceira fase e a última consistem no dimensionamento do projecto:
 Cálculo de volume e orçamento de implantação de parcelas;

9
 Cálculo de volume e orçamento de material de auxílio na implementação de plano de
urbanização;
 Elaboração de calendários de trabalhos de implementação do projecto de urbanização;
 Produção de plantas topográficas de esquema de implementação e parcelas;
 Produção de plantas topográficas de implantação de marcos.

10
3
Revisão de Literatura

2.1 Práticas costumeiras


Em Moçambique existem dois sistemas de posse da terra: Direito escrito do Estado; e Direito
costumeiro, de acordo com a Lei de Terras de 1997, o Estado é confirmado como sendo o dono de
todas as terras mas concede os direitos de utilização a indivíduos, comunidades e empresas sob
forma de “direito de uso”, também conhecidos por Direito de Uso e Aproveitamento da Terra
(DUAT) que pode durar até 100 anos, estes “direitos de uso” não podem ser livremente transferido
seja por venda ou hipotecados, existe uma rica diversidade de práticas costumeiras de posse da terra
em todo o país, uma diferença fundamental é a distinção das práticas entre as comunidades
patrilineares e matrilineares, a parte Norte do país é caracterizada pela prevalência de práticas
costumeiras matrilineares, em oposição à parte Sul do país, onde as práticas patriarcais são mais
generalizadas, os sistemas de acesso à terra e através da herança e do casamento, a transacção de
direitos sobre a terra pela venda, aluguer e arrendamento, o acesso, a posse de terra e controlo pelas
famílias que tem a posse e a estrutura local ˋˋnduna e chefe do quarteirão´´ (Cavaleiro, 1956).

Quando um homem casa, a sua família tem de “pagar” o lobolo à família da mulher, o lobolo não
representa somente um laço entre famílias, a garantia de transferência dos potenciais filhos de um
espaço territorial para outro, mas também a expressão pública de que a família receptora da filha lhe
garanta acesso à terra para habitação e agricultura, a família receptora adjudica terra ao casal do
território da sua casa, a casa é a mais pequena unidade espacial de habitação, produção e consumo
da família rural, para além de ser uma unidade espacial ela é também um organismo social de
estrutura bem definida onde se encontra a família rural regulamentada por leis consuetudinárias que
são aceites por todos e faz parte da estrutura a dependência do régulo, nduna, para a adjudicação
dos direitos de usufruto das terras necessárias (Cavaleiro, 1956).

Os territórios hoje sob o controlo do Estado, eram regidos pelo chefe do tiko, autoridade suprema ao
nível territorial a quem competia convocar a guerra em caso de tentativa de ocupação por outros
povos (Loforte,1996).

Com o aumento da procura, aumentaram os casos de empréstimo de terras, o empréstimo está


sujeito à algumas normas, cuja aplicação é controlada pelos nduna e na sua ausência era chamado o
11
secretario do bairro para solucionar o problema, para os que fossem emprestado ou doadas a terra,
não exigia nenhuma forma de pagamento pelo seu uso, é permitido o consumo dos frutos das
árvores existentes neste lote de terra, mas está terminantemente proibido de vendê-los (Cavaleiro,
1956).

2.1 Introducao a ordenamento Territorial

Os povos primitivos, entendidos como aqueles que viveram na pré-história, portanto, anteriores ao
conhecimento da escrita, já organizavam de uma certa forma, o seu espaço para a manutenção de
suas actividades essenciais como a habitação, a circulação, a caça, a pesca, a colecta, e até mesmo,
o lazer (Ferrari, 2003). Ainda que de forma muito reduzida, no que tange ao alcance territorial de
suas acções, os povos primitivos modificavam a natureza por meio do conhecimento prático que
detinham, esse conhecimento, obtido de forma empírica, era transmitido entre as gerações via
comunicação oral e gestual e também pela representação dos fatos considerados significativos nas
rochas e no interior das cavernas, aliás, as paredes das cavernas foram os primeiros locais que
serviram de suporte para o registro de informações na forma gráfica (Andrade, 1987).

O meio físico é o suporte às actividades humanas, é a partir da apropriação e transformação da


natureza que o homem produz as condições para sua reprodução, o homem integra-se e interage
com a natureza, transformando-a e adaptando-a às suas necessidades, no entanto, a produção da
paisagem geográfica (Flávia, 2006). A ocupação do solo tem uma relação directa com a descrição
física do espaço ou paisagem geografica, corresponde àquilo que constitui a cobertura física da terra
(ou inclusivamente à ausência dela), nomeadamente árvores, arbustos, edifícios, etc (Jaime, 2015).
Enquanto que o uso da terra está ligado a descrição funcional do espaço, levando assim, a uma
distinção entre coberturas semelhantes cuja utilização seja diferente (Ferrari, 2003). Para Bandeira,
(2012) a ocupação da terra refere-se ao seu tipo de revestimento como por exemplo a vegetação, as
infra-estruturas urbanas ou industriais, a água ou o solo nu; o uso da terra refere-se à finalidade que
é dada a essa ocupação.
A relação entre cidade e campo situa-se, historicamente e teoricamente, no centro das sociedades
humanas, a dominação da cidade sobre o campo, como resultado da divisão entre trabalho
intelectual e trabalho manual através do comando do mercado sobre as actividades de produção, é
facto que marcou as sociedades humanas desde tempos remotos, e particularmente as sociedades
capitalistas industriais modernas em que nos, inserimos (Mascaró, 1997). Os adjectivos urbanos e
rural, todavia, referentes à cidade e ao campo, ganharam autonomia apenas recentemente e dizem
respeito a uma gama de relações culturais, socioeconómicas e espaciais (Amado, 2005).

12
2.2 Ordenamento territorial

Oliveira (2002), citando Rexach, entende ser todo o acto de estabelecer políticas direcionadas para a
garantia do equilíbrio das condições de vida nas diferentes partes de um determinado território, isto
é, são todos os actos públicos orientados para a obtenção de uma qualidade de vida digna. Neste
sentido, a actividade pública deve, no âmbito das suas competências, ordenar o espaço. Como
restrita, este autor defende que o Ordenamento deverá compreender uma competência muito
importante, a de harmonizar e coordenar as várias actividades existentes num determinado
território. Esta acepção é, igualmente, partilhada por Orea (2001), o qual admite que, do ponto de
vista administrativo, o Ordenamento deverá ter uma função pública porque só assim é possível
controlar, de uma forma equidistante, o crescimento espontâneo das actividades humanas, públicas
ou privadas, evitando problemas e constrangimentos futuros, fomentando e garantindo uma justiça
sócio espacial. Ordenamento é entendido, como defende Lopes (citado por Condesso, 2001), como
um acto de gestão do planeamento das ocupações, um potenciar da faculdade de aproveitamento das
infra-estruturas existentes e o assegurar da prevenção de recursos limitados. Simplificando, é a
gestão da interatividade do homem para com o espaço natural ou físico.

2.2 Planeamento territorial em Moçambique


Segundo Mascaró (1997) território é onde as pessoas estão e onde as relações entre essas pessoas
desenvolvem-se, sendo estes os principais factores de interferência no processo de ordenamento
territorial, pois tal movimento irá determinar as funções de cada espaço dentro do município. Deste
modo, Santos (2003) entende o território como uma extensão territorial apropriada e usada e não
somente como um espaço geográfico. Em concordância com a Lei n.º 19/2007 de 18 Julho do
Ordenamento do Território de Moçambique, no seu artigo n.º 1, entende-se por território a realidade
espacial sobre a qual se exercem as interacções sociais e as do Homem com meio ambiente que tem
a sua extensão definida pelas fronteiras do país. É segundo a Política e legislação sobre
ordenamento do território, e a realidade espacial sobre a qual exercem as interacções sociais e as do
Homem como o meio ambiente e que tem a sua extensão definida pelas fronteiras do país, o
Planeamento Territorial em Moçambique pode ser caracterizado em dois períodos:

13
-Período colonial: O planeamento visava dar respostas ao desenvolvimento económico ao nível
regional e em zonas específicas com forte potencial para o desenvolvimento em Moçambique, neste
âmbito, em 1969, criou-se o Gabinete de Urbanização e Habitação da Região de Lourenço Marques
(GUHARLM), que tinha como principais funções executar e coordenar as actividades de
planeamento na área de urbanização na região de Lourenço Marques.

-Período pós-independência: A partir de 1977 criou-se a Direcção Nacional de Habitação (DNH),


com funções de criar condições para uma acção planificada do Estado no domínio da habitação, a
promoção de planos urbanísticos dos centros urbanos e rurais, a pesquisa e o estudo do habitat, a
Comissão Nacional das Aldeias Comunais (CNAC), com funções de coordenação intersectorial no
domínio do desenvolvimento rural. A Secretaria de Estado de Planeamento Físico, dirigida por um
Secretário de Estado, sob tutela da Comissão Nacional do Plano. Em 1983 é substituída a Direcção
Nacional de Habitação e cria-se o Instituto Nacional de Planeamento Físico (INPF), que teve como
principais funções a preparação de metodologias, a elaboração de planos de urbanização das cidades
e vilas e a formação de técnicos na área de planeamento (MICOA, 2011). Em 1984, foi inaugurado
o primeiro curso para a formação de técnicos médios de planeamento físico no Ministério para
Coordenação da Acção Ambiental. Em 1986, na Universidade Eduardo Mondlane (UEM) foi aberta
a Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico (FAPF), mesmo ano em que era extinta a
Secretaria de Estado de Planeamento Físico (MICOA, 2011). Em 1995 surgiram as primeiras
deliberações em torno da tutela do INPF, acabando por ser extinto e integrado no MICOA em 1996,
através do Decreto Presidencial N° 8/96 e a integração da actividade de Planeamento Físico no
MICOA, onde foi criada a actual Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial no
Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA, 2011).

2.3 Enquadramento legal do ordenamento territorial


A elaboração dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização rege-se pelo disposto no Regulamento da
Lei de Ordenamento Territorial n.º 23/2008, de 1 de Julho, aprovada pelo Conselho de Ministros da
República de Moçambique. Vincula-se também ao disposto na Lei 11/97 de 31 de Maio artigo 24
nos 2, 3 do Pacote autárquico e da Resolução no. 29 /AM/203 de Julho de 2003, Capítulo III
referente ao Planos de Desenvolvimento e domínio Público no seu artigo 12 número 1 alínea a) que
confere as autarquias a competência de elaborar e aprovar os planos de desenvolvimento da

14
autarquia local, planos de ordenamento do território ou dos planos de estrutura, gerais e parciais de
urbanização e dos planos de pormenor (MICOA, 2006).

De acordo com o disposto no artigo 10 da Lei do Planeamento e de Ordenamento Territorial na sua


alínea 5 ponto b, o Plano de Urbanização terá por objecto a concretização da proposta de
organização espacial dentro dos limites definidos para a área de intervenção, concretizando as
regras que estabelecem a estrutura e qualificam o solo urbano, tendo em consideração o equilíbrio
entre os diversos usos e funções urbanas, e definem as redes de transporte, comunicações, energia e
saneamento, e os equipamentos sociais, com especial atenção às zonas de ocupação espontânea
como base sócio espacial para a elaboração do plano (MICOA, 2009).

2.4 Classificação do solo no território municipal


Segundo MICOA (2006), Um dos conteúdos importantes dos Planos Gerais e ordenamento
territorial é a regulação e definição de solo no território municipal que integra as seguintes
categorias:

-Solo urbanizado: É aquele que se encontra incluído no tecido urbano, composto por áreas
consolidadas pela edificação e quintas urbanizadas. Nos espaços urbanos é preponderante a função
residencial, sendo permitidas, contudo, outras utilizações ou ocupações, desde que seja compatível
com a função habitacional.

-Solo urbanizável: Aquele que considerar-se adequado para ser urbanizado poderá ser incorporado
na cidade mediante o seu ordenamento através de instrumentos de desenvolvimento, são áreas
estrategicamente localizadas, com capacidade construtiva, capazes de assegurar a expansão urbana
a curto/médio prazo, e correspondem geralmente à evolução dos espaços urbanos já consolidados.

-Solo não urbanizável: Incluem-se nesta categoria os terrenos que não podem ser objecto de
urbanização, e em particular, os que precisam de uma protecção especial.

Segundo constatado no terreno, a área de intervenção no posto Administrativo de Maluana é


caracterizada pelo solo urbanizável. Esta área apresenta ocupações espontâneas à semelhança de
grande parte dos outros bairros.

15
2.5 Sistemas de Informação Geográfica
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) foram desenvolvidos inicialmente nos anos 60, a
partir dos avanços tecnológicos das ciências da computação e da electrónica, foram desenvolvidos
processos e técnicas que permitiram representa, sobrepor documentos cartográficos, armazenar, a
recuperar e a análise dos dados espaciais passaram a ser executados em um intervalo de tempo
inferior as técnicas analógica tradicional (Peuquet, 1990) citado por (Silva, 2007).

Segundo Alves (1990), SIG são ferramentas projetadas para coletar, manipular e apresentar grandes
volumes de dados espaciais. Aronoff (1989) define SIG como um sistema de que permite gerir base
de dados computacional para capturar, armazenar, recuperar, analisar e visualizar dados espaciais.

Paredes (1994), ao definir um SIG compara este aos sistemas de informação, afirmando que tais
sistemas são considerados como uma classe especial de sistemas de informação criado para modelar
aspectos do mundo real (inseridos num espaço geográfico), normalmente com diferentes graus de
dependência e relacionados com questões que surgem no domínio da atividade humana. Câmara et
al., (2002) define o termo SIG como sistemas que realizam o tratamento computacional de dados
geográficos e recuperam as informações não apenas com base em suas características
alfanuméricas, mas também através de sua localização espacial. Para que isto seja possível, os
autores afirmam que a geometria e atributos dos dados devem estar georeferênciados a isto é,
localizados na superfície terrestre e representados numa projeção cartográfica.

Para Burrough (1986), SIG é constituído por um conjunto de ferramentas especializadas em


adquirir, armazenar, recuperar, transformar e emitir informações espaciais. Esses dados geográficos
descrevem objetos do mundo real em termos de posicionamento, com relação a um sistema de
coordenadas, seus atributos e das relações topológicas existentes.

Launiri et al, (1992) afirmam que SIG consistem em uma integração de dados geográficos e pessoas,
possibilitando aos usuários capturar, armazenar, atualizar, manipular, analisar e exibir todo o tipo de
informações geograficamente distribuídas

Devido a sua diversidade de aplicações, a definição de SIG pode ser dividida em três categorias,
reflectindo cada uma à sua maneira a multiplicidade de usos e visões possíveis desta tecnologia
(Burrough e Mcdonell, 1988) citado por (Silva, 2007):

-Baseada em ferramentas: SIG é um poderoso conjunto de técnicas e procedimentos capazes de


colectar armazenar, recuperar, transformar e exibir dados espaciais do mundo real (Burrough;
Mcdonell, 1988);

16
-Baseada em bases de dados: SIG é uma base de dados indexadas espacialmente, sobre o qual opera
um conjunto de procedimentos para responder a consultas sobre entidades espaciais, Smith et al.,
(1987) citado por (Silva, 2007);

-Baseada em estruturas organizacionais: SIG é um sistema de suporte à decisão que integra dados
referenciados espacialmente em um ambiente de respostas a problemas, Cowen, (1988) citado por
(Silva, 2007).

Segundo Bonnici (2005), os Sistemas de Informação Geográfica possuem três componentes


importantes:

a) Componente física: É o hardware de uns SIG, é composto por computador, capacidade de


armazenamento dos dados e programas; uma mesa digitalizadora ou um scanner, usado para
converter mapas e documentos; algum tipo de dispositivo de saída usado para apresentar o
resultado do processamento dos dados (plotter ou impressora).
b) Componentes Recursos Humanos: Estas são consideradas como uma das componentes de
grande importância. Abrangem os fornecedores de softwares SIG, os operadores, os
programadores/gestores em SIG, os utilizadores em geral, especialistas em análise espacial.
c) Componentes Funcionais: Associa-se ao conjunto de softwares, os Softwares de SIG são os
aplicativos específicos para desenvolver determinadas funções, como por exemplo Sistemas
operativos. Estes pela sua funcionalidade podem ser divididos em 5 componentes
funcionais: Entrada de Dados e verificação; Armazenamento de Dados e Gestão de Base de
Dados; Saída de Dados e Apresentação; Transformação dos Dados e Interface com o usuário
(Bonnici, 2005).
Segundo o mesmo autor, os dados em Sistema de Informação Geográfica (SIG) são dinâmicos e
temporais, isto é, para cada objectivo, é desenvolvido um programa detalhado de aquisição de dados
e informações, por esta razão e dependendo das necessidades é desenvolvida e implementada os
componentes necessários a uns SIG.

Estrutura de dados em SIG


De acordo com Ferreira (2006) os dados geográficos podem ser armazenados em estrutura vetorial ou
matricial. A figura abaixo ilustra dados geográficos armazenados em estrutura vetorial e em estrutura
matricial.

17
Figura 3: Estutura de armazenamento de dados em SIG (Ferreira, 2006)

Estrutura Matricial
A estrutura matricial consiste em uma matriz bi-dimensional, que pode ser matematicamente é definida
como sendo uma função f (x,y), composta por linhas e colunas, onde cada elemento desta estrutura
contém um número inteiro ou real, podendo ser negativo ou positivo. Cada elemento da estrutura
matricial recebe o nome de célula ou pixel pode representar qualquer elemento do mundo real, como
temperatura, altitudes, solos (Aronoff, 1995).

3.3.1.2. Estrutura Vectorial

De acordo com Silva (2002) Dados no formato vectorial podem ser armazenados como pontos, linhas e
polígonos, onde os pontos definem localizações discretas de elementos geográficos demasiadamente
pequenos para serem descritos como linhas ou áreas, as linhas são definidas como um conjunto
ordenado de pontos interligados por segmentos de recta ou por linhas e são utilizadas na representação
de objetos sem largura suficiente para serem consideradas áreas e as áreas são um conjunto ordenado de
pontos interligados em que o primeiro ponto e o último coincidem utilizados quase sempre na
representação de zonas que possuem uniformemente uma dada propriedade, ou seja, figura fechada
cujos limites encerram uma área homogênea.
O mesmo autor refere ainda que esses três tipos de elementos se relacionam no mapa, constituindo
camadas de dados dos mapas temáticos, representando o espaço geográfico em estudo. O mapa
corresponde a um modelo genérico dos fenômenos espaciais, onde cada camada corresponde a um tema
específico, isto é, dados geográficos com características comuns. Esta sobreposição de camadas pode ser
mais bem compreendida analisando na figura 3 acima

18
Termos e Definições
Orçamento é a etapa do processo do planeamento estratégico em que se estima e determina a melhor
relação entre resultados e despesas para atender ás necessidades, caracteísticas e objectivos da empresa
no período de tempo esperado (Lunkes, 2007) citado por (Zamboni, 2010).
A implantação consiste na materialização sobre o terreno das posições de pontos notáveis do projecto.
Envolve, além da materialização propriamente dita, a construção de sistemas de apoio
topográfico(Bernardo, 2011).
O Plano de Urbanização define a organização espacial de uma determinada parte do território, que
exija uma intervenção integrada de planeamento nomeadamente a definição da rede viária estruturante,
localização de equipamentos colectivos principais, a estrutura ecológica, o sistema urbano de circulação
e transportes, o estacionamento, entre outros(“Plano de Urbanização da Área Central de Valença,”
2016).
Gleba é a área de terreno que ainda não foi objecto de loteamento ou desmembramento regular, isto é,
aprovado e registrado (“Guia do Parcelamento do Solo Urbano,” 2010).
O Loteamento é a subdivisão de gleba em lotes destinados à edificação, exigindo prolongamento,
modificação ou ampliação das viasexistentes ou a abertura de novas vias e de novos logradouros
públicos (“Guia do Parcelamento do Solo Urbano,” 2010).
Lote é o terreno servido de infraestrutura básica, cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos
definidos pelo plano director ou lei municipal para a zona em que se situe (“Guia do Parcelamento do
Solo Urbano,” 2010).
Desmembramento é a subdivisão de gleba em lotes destinados à edificação, com aproveitamento do
sistema viário existente, desde que não implique a abertura de novas vias e logradouros públicos nem
prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes (“Guia do Parcelamento do Solo Urbano,”
2010).
Marcos é um objecto utilizado para materializar a implantação de pontos geodésicos e topográficos,
definindo pontos notáveis de alinhamentos e de referências de nível, a partir do ponto central da
superfície do seu topo” (“Projeto Executivo da ETE Novo Mundo - Atualização Gráfica e Orçamentária
da ETE,” 2015). 5

19
O parcelamento do solo pode ser definido como a divisão geodésico-jurídica de um lote, uma vez que
por meio dele se divide o solo e, concomitantemente, o direito respectivo de propriedade(Barbalho,
José, & Graça, 2017).
Parcelamento do solo urbano visa "a urbanificação de uma gleba, mediante sua divisão ou redivisão
em parcelas destinadas ao exercício das funções elementares urbanísticas(Alvarenga, 2007).
Pontos de Apoio: constituem-se em pontos topográficos convenientemente distribuídos em sua
implantação, com a finalidade de amarração do terreno de um levantamento topográfico(“Projeto
Executivo da ETE Novo Mundo - Atualização Gráfica e Orçamentária da ETE,” 2015).
Talhão - é um pedaço de terra que pode ser identificado para construção (MICOA, 2006).

1.6. Resultado Esperado

Com metodologias proposta neste trabalho espera-se como resultado uma proposta de urbanização
obedecendo critérios de ordenamentos de território, isto é, uma planta com distribuição espacial de
objectos e a parte económica do projecto definindo datas de execução de trabalhos volume de
trabalhos topográficos e respetivo orçamento de aluguer de material compra de marcas entre outros.

20
2. Referencias Bibliográficas

1. Alves, R. (2001). Planeamento e Ordenamento do Território e o Estado Português –


contributos para uma intervenção renovada. IST, Lisboa

2. Alves, D. S. (1990). Sistemas de Informação geográfica In: Simpósio Brasileiro de


Geoprocessamento, São Paulo;

3. Bonnici, A. (2005). WebGIS Software Comparision Framework. Geomatics Dpt., Sir


Sandford Fleming College.
4. Burrough P. A. (1986). Principal of geographical information systems for land resources
assessment, Oxford: Clarendon Press

5. Câmara, G. & Queiroz (2002). Fundamentos de Geoprossamento;

6. Launiri Robert et al., (1992). Fundamental of geographical information systems. San Diego:
academic press;

7. Matos, João Luís, Fundamentos de Informação Geográfica, 4ª edição, Lidel, 2001

8. Machado, João de Azevedo Reis, A emergência dos Sistemas e Informação Geográfica na


análise e organização do espaço; Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.

9. Furtado, Danilo Nunes, Serviço de visualização de informação geográfica na web –


Dissertação de Mestrado, Instituto Superior de Estatística e Gestão da informação da
Universidade Nova de Lisboa, 2006; disponível em
http://www.isegi.unl.pt/servicos/documentos/TSIG020.pdf

10. Carta Europeia do Ordenamento do Território (CEOT) (1983) Lisboa. DGOT – SEALOT–
MPAT, 1988. Acedido em Dezembro 2011. Disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/57598552/CEOT.

11. Djedje, A. & Nhachungue, E. (1998). Curso de introdução da autarquia aos eleitos:
planeamento físico em Moçambique. Maputo.

21
12. Paredes, E. A. (1994). Sistemas de Informação Geográfica Princípios e Aplicações:
Geoprocessamento, São Paulo

13. Silva, A. F. M. (2007), Utilização de SIG no Cadastro Multifinalitário para Municípios de


Pequeno Porte.

14. Mascaró, J. L. (1999). Manual de Loteamentos e Urbanização. Porto Alegre, Sagra Luzzatto,
2 edição.
15. MICOA (2011). Relatório do estado do Ambiente em Moçambique. Aprovado na 18ª Secção
do Conselho de Ministros, Moçambique.
16. MICOA (2006). Estratégia de Melhoramento dos Assentamentos Informais Em Moçambique.
Maputo, 1ª Edição.
17. MICOA (2009), Políticas e Legislação sobre Ordenamento do Território. 1a edição. Maputo.
18. MICOA (2009). Manual do Educador Ambiental, Maputo, 1ª Edição.
19. MICOA (2009). Política e Legislação sobre o Ordenamento do Território. Maputo, 1ª
Edição, 2006.
20. Andrade, M. (1987). Geografia Ciência da Sociedade Uma Introdução à Análise do
Pensamento Geográfico, São Paulo, Editora Atlas, p. 20.
21. Amado, M. P. (2005). Planeamento Urbano Sustentevel, Caleidoscopio Editora e Artes
Graficas, Lisboa;
22. Bandeira P. (2007). Cartografia de ocupação do solo com imagens meris, uma abordagem
exploratória com classificação não assistida.
23.

22

Você também pode gostar