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Maputo,2022
ESTUDO DE VIABILIDADE DE PRODUÇÃO DE ENERGIA
ELÉCTRICA A PARTIR DE BIOGÁS NA PROVÍNCIA DE GAZA
O Júri:
I
DEDICATÓRIA
Eu dedico este trabalho
Ao meu Pai José Silva Bila, que mesmo em momentos de dificuldade econômica que a nossa
família passou na fase de trânsito de ensino secundário para a Universidade, não pagar minha
Faculdade nunca esteve dentro das opções. Meu muito obrigada Pai por este esforço que se
reflectiu no término dos meus estudos e aquisição de alguns conhecimentos e competências para
o mundo profissional.
À minha mãe Maria Madalena Gabriel que é e sempre será o meu suporte para qualquer área
da minha vida. Alguém que eu olho e vejo a força que um ser humano pode ter para enfrentar as
dificuldades da vida, inspiração esta que me guiou para manter sempre a cabeça em cima
principalmente para o ensino universitário. As minhas lindas e amorosas irmãs Shanaya José
Bila e Cheentha Isabeu Bila que, sempre faziam questão de fazer-me companhia durante as
madrugadas junto a minha mãe sempre que tivesse um trabalho a entregar na faculdade. Sou
bastante grata por sermos esse quarteto fantástico e sempre termos sorrisos na cara. Muito
obrigada meninas da minha vida.
II
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradecer a Deus por me dar o dom da vida para que eu possa alcançar os
meus objectivos.
Meu muito obrigada ao meu tutor, Msc Constantino Dombo que, aceitou engrenar nesta viagem
colocando-me sempre dentro das minhas metas e contribuindo com seu auxílio em qualquer
dificuldade durante a elaboração da monografia.
Agradecer os meus Denise, Aira, Malik, Dennis, Luquésio, Milton, Hóstina colegas da
Universidade, que fizeram com que os 4 anos de Faculdade fossem de pura alegria. Junto de vocês,
aulas cansativas, trabalhos complexos e até testes foram sempre levados com naturalidade e
vontade de terminar. Ao Açúrcio que sempre exigiu que a frase “se você não gosta de uma cadeira,
estuda, se esforça, para que passes com nota alta e não tenhas que repetir” estivesse sempre na
minha cabeça.
Agradecer aos meus amigos Natacha, Heider, Alfredo e que sempre me deram o apoio emocional
para que continuasse e finalizasse a monografia.
Sem esquecer da Mérie que me incentivou e me deu directrizes para o início na monografia, ao
Dércio que me deu seu suporte e ao António que despendeu seu tempo e sua internet para que
melhorasse o trabalho, auxiliando nas correcções.
Agradecer em especial a mim, sim a mim, por ser quem eu sou. Por ter sempre claro na minha
cabeça o esforço que meus Pais fazem e fizeram para que eu pudesse concluir os estudos. Por saber
quais são minhas responsabilidades e sempre me exigir para que tivesse sempre as melhores notas
e me destacar positivamente na carreira estudantil.
III
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
ALER- Associação Lusófona de Energias Renováveis
IV
UNIDADES
GW- Gigawatt
Hz- Hertz
kW- Quilowatt
kWh-Quilowatt hora
MW- Megawatt
V
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Objetivos de desenvolvimento sustentáveis ligados a energias (adaptado pela autora) .. 3
Figura 2. Fontes de energias não renováveis e seus impactos (adaptado pela autora) ................. 10
Figura 3. Fontes de energias renováveis (adaptado pela autora) .................................................. 10
Figura 4. Produção de energia primária em Moçambique / Fonte: AIE, 2017-ALER ................. 11
Figura 5. Percentagem de energias renováveis no consumo total de energia final / Fonte:
(ALER,2017) ................................................................................................................................ 12
Figura 6. Evolução da taxa de acesso à rede eléctrica nacional / Fonte EDM, 2017 ................... 13
Figura 7. Potencial de energias renováveis em Moçambique / Fonte: FUNAE-ATLAS, 2013 ... 15
Figura 8. Etapas de produção de biogás dentro do biodigestor. / Fonte: SOSA;CHAO; RIO,
2004) ............................................................................................................................................. 26
Figura 9. Vista Frontal, em corte, do biodigestor de modelo Indiano (BENINCASA; ORTLANI;
LUCAS ......................................................................................................................................... 28
Figura 10. Vista tridimensional do biodigestor modelo Indiano (DEGANUTTI; PALHACI;
ROSSI) .......................................................................................................................................... 28
Figura 11. Vista frontal, em corte, do biodigestor modelo Chinês (DEGANUTTI; PALHACI;
ROSSI) .......................................................................................................................................... 29
Figura 12. Vista tridimensional do biodigestor modelo Chinês (DEGANUTTI; PALHACI;
ROSSI) .......................................................................................................................................... 30
Figura 13. Fluxograma do processo de produção de biogás a partir da biomassa / Fonte: adaptado
pelo autor ...................................................................................................................................... 31
Figura 14. Mapa da Província de Gaza (Plano Estratégico da Província 2018-2027) .................. 34
Figura 15. Exemplificação de um biodigestor Indiano para construção em zona rural. ............... 38
Figura 16. Grupo Motor gerador LS-80GFT 80/100 kW / Fonte: Diesel Eléctrica Maputo ........ 40
VI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classificação dos Biocombustíveis (Fonte: CARVALHO, 2008.) ............................... 17
Tabela 2. Percentagem dos gases que compõem o biogás. / Fonte: CETESB (2011) .................. 21
Tabela 3. Relação dejetos produzidos por proporção de água. / Fonte-(GIQUEREIDO,2017) ... 35
Tabela 4. Fatores de conversão de biogás e GLP. /Fonte: OLIVER et al., (2008) e FARRET
(2010) ............................................................................................................................................ 36
Tabela 5. Concentração de substratos em relação a densidade de biomassa diluída. Fonte:
AMONE,C.20013 ......................................................................................................................... 37
Tabela 6. Especificações técnicas do grupo gerador modelo LS-80GFT 80/100 kW / Fonte:
Diesel Eléctrica Maputo ................................................................................................................ 40
Tabela 7. Auditoria Energética numa residencial rural. Fonte: produzido pela autora ................ 42
Tabela 8. Custo estimado do investimento na planta. / Fonte: produzido pela autora ................. 43
Tabela 9. Conversão de biomassa animal em biogás, biogás para cozinha e energia eléctrica /
Fonte: Produzido pela autora ........................................................................................................ 50
VII
LISTA DE GRÁFICOS
Grafico 1. Percentagem do fornecimento total de energ1a primária por fonte. (Fonte: AIE, 2017)
....................................................................................................................................................... 14
Grafico 2. Relação entre poder calorífico do biogás e a percentagem em volume do metano
(ALVES 2000) .............................................................................................................................. 23
VIII
RESUMO
A energia é essencial para o desenvolvimento sustentável e um crescimento económico inclusivo
em qualquer parte do mundo. Por isso, é cada vez mais premente a necessidade de Moçambique
oferecer fontes de energia fiáveis e limpas para uma população crescente de cerca de 28 milhões
de habitantes, de forma a garantir que a maioria da população tenha acesso a energia. O presente
trabalho teve como objectivo geral estudar a viabilidade de produção de energia eléctrica a partir
de biogás na província de Gaza que, é uma das províncias com maior produção de suíno no País
que pode ser potencializado para a geração de energia eléctrica melhorando o acesso a mesma nas
zonas rurais. Para efeitos de concretização do estudo, a metodologia usada foi a revisão
bibliográfica que permitiu o enquadramento das abordagens, diretrizes, técnicas e processos ao
projecto, o benchmarking foi igualmente feito para fazer o levantamento dos biodigestores
disponíveis e seus preçários igualmente ao grupo motor gerador. No que concerne às tecnologias
de transformação de biomassa animal em biogás, foi considerado para o projecto 4132 suínos que
produzem 10330 Kg que é inserido a um biodigestor o qual passa por um processo anaeróbico até
a produção do biogás que, é direcionado ao grupo motor gerador de modelo LS-80GFT 80/100KW
a qual se ajusta ao potencial do projecto dado que o mesmo consome 26m3/h de biogás para gerar
1190.32 kWh/dia que pode sustentar mais de 200 casas rurais. Através do estudo de viabilidade
técnica e económica constata-se que o projecto é viável com um período de retorno de 6 anos para
as condições e recursos disponíveis nesta província, desde que se leve em consideração algumas
recomendações deixadas no trabalho.
IX
ABSTRACT
Energy is essential for the sustainable development and inclusive economic growth anywhere in
the world. For countries such as Mozambique with a growing population, it is more pertinent the
need to provide reliable and clean energy sources to its de 28 milion of habitants to suppress the
population basic services needs. The present project has the aim of studying the energy production
viability generated by biogas at Gaza Province which is one of the province with the major
production of swine in the country that can be potencialized to generate electricity providing its
access at the rural areas of Gaza province. For project realization purposes, the methodology used
was the literancy research which allowed the guidelines and techinics to sustent the project, another
methodology used was the benchmarking in order to have in data what are the biodigetors types
that are being used in its prices in conection with the electricity generator. Through perfomed
analysis about optional conversion technologies of animal biomass into biogas, it was considered
for the project 4132 swines that produce 10330 Kg of biomass which is inserted onto a biodigestor
that goes through an anaerobic process, until the production of the biogas which is allocated to an
generation set with LS-80GFT 80/100 KW model that perfectly suits on the project potencial since
it consume 26m3/h of biogas managing to generate 1190.32 kWh/day which a potencial to supply
more than 200 rural houses. According to the technical and economic viability studies, it’s possible
to ackowlodje that the project is sustainable for the conditions and available resources at Gaza
Province however, the recommendations advised at the project must be considered.
Key Words: Renewable energy, Swine Farming, Animal Biomass, Biogas, Electricity
X
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE HONRA .................................................................................................................... I
DEDICATÓRIA .......................................................................................................................................... II
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................................. III
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS .................................................................................... IV
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................ VI
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................................. VII
RESUMO .................................................................................................................................................... IX
ABSTRACT ................................................................................................................................................. X
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1. Contextualização ......................................................................................................................... 1
1.2. Problematização .......................................................................................................................... 2
1.3. Objectivos .................................................................................................................................... 3
1.3.1. Objectivo Geral ................................................................................................................... 3
1.3.2. Objectivos específicos ......................................................................................................... 3
1.5. Estrutura do Trabalho ............................................................................................................... 4
CAPÍTULO II - METODOLOGIA........................................................................................................... 6
2.1. Métodos e Técnicas ..................................................................................................................... 6
CAPÍTULO III - REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 8
3.1. Energia ......................................................................................................................................... 8
3.1.1. Energias Não-Renováveis ................................................................................................... 9
3.1.2. Energias Renováveis ......................................................................................................... 10
3.3. Evolução do sector elétrico em Moçambique ......................................................................... 12
3.4. Energia de Biomassa ................................................................................................................. 16
3.5. Biogás ............................................................................................................................................. 19
3.5.1. Factores que influenciam na formação do biogás .......................................................... 19
3.5.2. Composição ........................................................................................................................ 21
3.5.3. Poder Calorífico ................................................................................................................ 24
3.5.4. Riscos.................................................................................................................................. 25
3.6. Biodigestor ................................................................................................................................. 25
3.6.1. Modelos de Biodigestores convencionais ......................................................................... 27
3.6.2. Biofertilizantes................................................................................................................... 30
3.6.3. Motores geradores de Energia Eléctrica à Biogás.......................................................... 32
CAPÍTULO IV-RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 34
4.2. Planeamento de uma planta para geração de Energia Eléctrica a partir do Biogás com
Implementação na província de Gaza ................................................................................................. 35
4.2.1. Levantamento da quantidade de dejetos produzidos .................................................... 35
4.2.2. Estimativa de quantidade de biogás ................................................................................ 36
4.2.3. Análise e correção de qualidade dos dejetos ................................................................... 36
4.2.4. Escolha de Biodigestor a ser implantado ........................................................................ 37
4.2.6. Estimativa de quantidade de energia eléctrica produzida ............................................ 41
4.3. Estudo de viabilidade técnica e económica ............................................................................. 45
4.4. Discussão .................................................................................................................................... 51
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................... 52
5.1. Conclusões ................................................................................................................................. 52
5.2. Recomendações ......................................................................................................................... 53
6. Bibliografia ........................................................................................................................................ 54
Estudo de viabilidade de produção de energia eléctrica a partir de biogás na província de Gaza
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
“Estudo de viabilidade de produção de energia eléctrica a partir de biogás na província de Gaza.”.
Tema desenvolvido, do curso de Licenciatura em Engenharia e Gestão de Energias Renováveis,
ministrado na Faculdade de Ciências Tecnológicas, da Universidade Técnica de Moçambique. . A
Monografia enquadra-se por um lado nos objetivos do curso em cumprimento dos requisitos para
obtenção do grau de Licenciatura e no alcance da missão da faculdade de ciências tecnológicas na
geração de conhecimento.
Moçambique por sua vez tem um enorme potencial em termos de energias renováveis quer de
fonte hídrica que constitui actualmente o maior contribuinte na produção de energia eléctrica
ligada a rede, como também de fonte solar, eólica e de fonte de biomassa. Desta forma grande
parte deste potencial pode e deve ser utilizado para aumentar o acesso da população à energia
eléctrica destacando as zonas rurais que são as mais desfavorecidas.
De acordo com ALER (2017) os recursos de biomassa tradicional e biomassa moderna
representam 79.2% do consumo de energia total, usada exclusivamente para o consumo doméstico
na coinfecção de alimentos aquecimentos de água, predominante na população rural. Contudo a
geração de biogás e/ou produção de energia eléctrica a partir da biomassa ainda não é de
conhecimento efectivo para a população moçambicana.
Segundo MADER, DDP a província de Gaza, quando comparada às demais, é a segunda maior
produtora de suíno com um efectivo de 206.609 cabeças, factor crucial para o estudo de viabilidade
de geração de energia elétrica a partir do biogás oriundo da biomassa animal.
1.2. Problematização
Olhando numa perspectiva ampla, Moçambique tem uma das tarifas de electricidade mais altas da
África Austral (SAPP, 2019), não obstante a prerrogativa do País possuir uma das maiores
barragens de produção de energia eléctrica em África. As tarifas de energia aumentam
gradativamente para cobrir os custos de fornecimento e investimentos na rede e das dívidas com
os fornecedores, esses aumentos excedem os aumentos anuais do salário mínimo para a maioria
dos trabalhadores. (SAPP, 2015-2019). O acesso à energia eléctrica nas zonas rurais ainda é um
grande desafio. A demanda pela energia eléctrica, já há muito que ultrapassa a capacidade de
resposta da EDM em termos de expansão da rede eléctrica. Apenas 31% da população
moçambicana beneficia-se do acesso à energia eléctrica que é maioritariamente obtida por fonte
hídrica seguindo por um monopólio da produção e transporte da energia eléctrica pela EDM o que
faz com que cerca de 9.557.995 habitantes não se beneficiem da energia eléctrica.
Por outro lado, os produtores pecuários moçambicanos, distribuídos em várias regiões estão
inclusos na percentagem da população sem acesso à energia eléctrica sendo que os projectos de
energia eléctrica ligada a rede constituem um desafio pelas implicações estruturais e ecônomicas.
O nível de conhecimento sobre a produção de energia eléctrica a partir do biogás obtido pela
biomassa animal é quase inexistente para os produtores, os processos de conversão de biomassa
animal em biogás e seguido pela produção de energia eléctrica não se registra em várias fontes de
disseminação de informação segundo os estudos realizados na investigação da literatura
Moçambicana e, a suinocultura ainda apresenta um desafio no que tange ao maneio dos dejectos,
isto é , a biomassa animal, gerando um grande problema de poluição ambiental dada a falta de
maneio destes dejectos.
Diante deste cenário, este trabalho busca analisar a viabilidade da geração de energia eléctrica a
partir do biogás produzido por dejectos produzidos na prática de suinocultura a fim de
potencializar o acesso da energia eléctrica nas zonas rurais daquela província. Deste modo surge a
seguinte pergunta de pesquisa:
1.3. Objectivos
1.3.1. Objectivo Geral
Estudar a viabilidade de produção de energia eléctrica a partir de biogás na província de Gaza.
1.4. Justificativa
Os estudos sobre geração de energia eléctrica a partir do biogás é um tema de benefício devido ao
crescimento do agronegócio e consequentemente a quantidade de dejectos gerados, sendo que esses
necessitam de tratamento para um crescimento sustentável. O aumento da demanda de energia eléctrica
é de essencial análise sendo que faz parte do objetivo do governo de Moçambique o aumento da taxa
de cobertura de acesso à energia para 100% até 2030. (EDM, 2018).
A criação de animais (com principal ênfase para a suinocultura) é uma actividade importante no papel
sócio económico para as famílias rurais moçambicanas sendo de dupla função, renda e alimentação.
Se os produtores na área pecuária tivessem conhecimento sobre o potencial que a sua actividade
proporciona? Se estes tivessem acesso a tecnologia para a transformação da biomassa animal em biogás?
Se os dejectos gerados na actividade, em vez de constituir um problema tanto no maneio para a
higienização como no que concerne a poluição, fossem convertidos para solucionar um dos grandes
calcanhares para zonas rurais que é, o acesso à energia eléctrica para suprir as necessidades básicas?
Se todos produtores actuantes na área de pecuária, tivessem independência de micro geração de energia
e o governo não tivesse que incorrer esforços elevados para que, o acesso à energia incremente nos
próximos anos para essas áreas?
Diante não apenas da necessidade de ação sob o acesso de energia eléctrica em zonas rurais, mas
principalmente das vantagens competitivas apresentadas, a geração de energia eléctrica a partir de
biogás oriundo de dejectos de suínos ganha evidência pois além permitir a produção de biofertilizantes,
gera a não dependência da energia eléctrica da rede.
O estudo pretende contribuir para elucidação do potencial moçambicano para geração de energia
eléctrica a partir do biogás e abordar os processos, tecnologias de produção e transformação do biogás,
para energia eléctrica para que possa contribuir no desenvolvimento rural compactuando para o alcance
dos objetivos de desenvolvimento sustentável e a meta do governo para o sector eléctrico.
Após uma introdução que compõe o capítulo I onde é feito um resumo sobre o
enquadramento do tema e a situação actual moçambicana no que tange a cobertura da rede
eléctrica, trazendo abordagem mundial para local no que tange as potencialidades,
características, abrangência e impacto deste tema no crescimento sócio econômico, segue-
se pelo capítulo II onde são apresentadas a abordagens estruturais do trabalho e as
metodologias.
No capítulo III, é feita a revisão da literatura referente a conceitos de energia, energias
renováveis, energia de biomassa, biogás e os tipos de biodigestores para trazer bases de
desenvolvimento dos capítulos IV e V que debruçam sobre os processos para geração de
energia elétrica a partir do biogás, seus passos e desenvolvimento dos mesmo a fim de
obter resultados e discussão sobre os fundamentos da literatura em comparação com a
média de produção de energia eléctrica a partir de biogás pelo agropecuários.
Em jeito de finalização apresenta-se o capítulo V, relativo a conclusões que serão deixadas
com base nos estudos apresentados nos capítulos anteriores e algumas recomendações. E
por fim e citada as referências bibliográficas no capítulo VI.
CAPÍTULO II - METODOLOGIA
2.1. Métodos e Técnicas
Para o presente estudo, foi feita uma análise dos principais factores que influenciam na geração de
energia eléctrica usando o biogás como fonte primária. Para alcançar os objetivos expressos acima,
foram usados os seguintes métodos e técnicas:
Neste método foi feita uma pesquisa descritiva que possibilitou a análise de vários conceitos sobre
biogás e seu aproveitamento na geração de energia. Os principais conceitos e suas formas de
actuação foram de importante pesquisa e estudo para que pudesse fundamentar os factores e
métodos de geração de energia eléctrica. Vários livros e manuais do ramo eléctrico foram
consultados de modo a permitir que se aplicasse a tecnologia de aproveitamento de dejectos de
gado suíno na produção de biogás e geração de energia eléctrica no contexto moçambicano.
A pesquisa exploratória possibilitou a elaboração de uma análise comparativa sob os dados obtidos
a fim de obter dados e bases para estudar a viabilidade da projecto.
Foi levado em conta igualmente o método de benchmarking para encontrar junto ás empresas um
biodigestor e um equipamento motor-gerador com melhor custo-benefício e que tem as funções de
queimar o gás metano junto à câmara de combustão do motor por um sistema de união. Esse
procedimento apenas se completa quando é conhecida a quantidade de biogás a ser injectado na
máquina e a quantidade de biogás produzido no projecto a fim de analisar o tempo operacional o
qual a máquina estará disponível em termos de horas por dia.
b) Limitações de Estudo
O acesso presencial a várias companhias de ramos de energias renováveis foi limitado dado a
conjuntura no novo normal, motivo este que emprega a pandemia COVID 19, as empresas
limitaram o acesso, porém enviavam em formato electrônico algumas matérias solicitadas.
Esta pesquisa está focada em uma análise nos processos e tecnologias de transformação e produção
de energia eléctrica usando o biogás como fonte primária sendo que existe um leque no que
concerne ao conhecimento sobre a potencialidade da biomassa animal. Foca-se na produção da
província de Gaza por meio de relatórios obtidos com dados necessários para o estudo. No entanto,
sem ter registrado entrevistas aos produtores localizados na provícia, foi levado a cabo a média
dos dados obtidos nos censos realizados pleo INE e DPA.
A energia pode ser transferida mantendo-se pela sua forma ou transformando-se para as seguintes
formas de energia: energia térmica, química, radiante, nuclear, mecânica e eléctrica.
A energia eléctrica é desde há muitos anos uma prioridade das estratégias da União Europeia (EU)
para redução e erradicação de pobreza. As discussões sobre a agenda de desenvolvimento pós 2015
identificaram uma relação estreita entre energia e desenvolvimento e, em particular, com os novos
objetivos de desenvolvimento sustentável. Em cooperação com todos os seus parceiros
internacionais, a UE tem desenvolvido uma abordagem a vários níveis para enfrentar os desafios
associados à pobreza energética em todo mundo. (ALER, Outubro 2017)
Ao longo dos séculos, a matriz energética evoluiu bastante. Por muito tempo, nos primórdios da
humanidade, a força muscular foi a principal fonte de energia utilizada pelo homem. O
desenvolvimento tecnológico voltado à exploração de recursos energéticos foi notável entre os
séculos XVIII e XIX, principalmente no que tange à exploração e uso de carvão mineral e de outros
combustíveis fósseis. Essa energia era utilizada nos meios de transporte, na indústria e na geração
de energia eléctrica.
Figura 2. Fontes de energias não renováveis e seus impactos (adaptado pela autora)
O sector de energia é responsável por 64% das emissões mundiais com 85% das emissões de CO2.
Deste modo, a energia pode ser considerada o centro de problema de mudanças climáticas mas por
outro lado o núcleo da solução, onde as energias renováveis desempenham um papel
importantíssimo
A energia hídrica tornou-se expressiva a partir de 1997, ano em que a HCB voltou a entrar em
funcionamento, por conseguinte Moçambique situa-se entre um dos maiores produtores de
electricidade da África Austral, sendo superado apenas pela África do Sul. A produção de energia
eléctrica em Moçambique ronda a uma Capacidade instalada de 2.279 MW (2017), sendo o
fornecimento de energia para o consumo de 911MW (2017). Esta produção deve-se, quase que em
exclusivo, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa, responsável por cerca de 2.075 MW de produção
Figura 5. Percentagem de energias renováveis no consumo total de energia final / Fonte: (ALER,2017)
Segundo a CTA (2015, p. 23) a lei de eletricidade nº 21/97 reserva à EDM o monopólio do transporte,
distribuição e venda a retalho de electricidade, sendo esta responsável por um conjunto de centrais e
pequenos sistemas de produção de energia eléctrica, onde a maior oferta de 90% da energia consumida
é assegurada pela Hidroelétrica de Cahora Bassa. O mercado de eletricidade em Moçambique
progrediu significativamente com a entrada do novo governo saído das eleições gerais de 2004. Em
cinco anos o número de sedes distritais coberto com energia da rede nacional passou de 55 para 107.
A Figura 4 demonstra que o acesso à rede eléctrica é bastante desigual por regiões, sendo 17.5%
no Norte, 17% no centro e 56.4% na região sul. Este desequilíbrio considerável entre a região sul
e as demais é uma preocupação imediata.
Figura 6. Evolução da taxa de acesso à rede eléctrica nacional / Fonte EDM, 2017
É cada vez mais premente a necessidade de Moçambique oferecer fontes de energias fiáveis e
limpas aos seus 28 milhões de habitantes e a uma população crescente, de forma a poder prestar
serviços básicos em certas áreas. Com mais de dois terços da população sem acesso a eletricidade
fiável e a maioria ainda dependente de biomassa para cozinhar. A transformação do sector de
energia é igualmente vital no contexto dos desafios das alterações climáticas a nível global. (ALER,
2017)
- Biomassa
8% 1%
3%
12% Hídrica
Petróleo
Carvão
76%
Gás Natural
Grafico 1. Percentagem do fornecimento total de energ1a primária por fonte. (Fonte: AIE, 2017)
O Atlas de energias renováveis de Moçambique faz menção que o País tem a capacidade de
geração de energia eléctrica de, 23.026GW, sendo que, a fonte solar constitui a fonte mais
abundante (23.000GW) seguida pela fonte hídrica (19GW), eólica (4GW) e biomassa (2GW).
De acordo com a ANEEL (2008) a biomassa é considerada como uma das principais alternativas
para diversificação da matriz energética, reduzindo assim a dependência por combustíveis fósseis.
A biomassa merece destaque dentre as mais variadas fontes de energias renováveis pela sua
quantidade disponível e por ser a mais sustentável dentre as demais.
Como a biomassa designa-se, em geral a massa total de matéria orgânica que se acumula em um
espaço vital. Desta maneira, pertencem a biomassa todas as plantas e todos os animais incluindo
os seus resíduos bem como, em um sentido mais amplo, matérias orgânicas transformadoras como
resíduos de indústria transformadora da madeira e indústria alimentar. Estes elementos primários
de biomassa podem ser transformados pelas diferentes tecnologias de conversão em
biocombustíveis sólidos, líquidos ou gasosos e, finalmente, em produtos finais tais como energias
térmicas, mecânica e eléctrica (STAISS et al, 2001).
A energia oriunda da biomassa pode ser classificada de diversas maneiras, entretanto deve-se
reconhecer que os fluxos de energia de biomassa são associados aos biocombustíveis os quais, por
sua vez, podem ser apresentados em três grupos principais, de acordo com a origem da matéria
que os constitui. Dessa forma, existem os combustíveis de plantação não florestal (agro
combustíveis), biocombustíveis da madeira (dendrocombustíveis) e os resíduos urbanos
(NOGUEIRA, LORA, 2003). Os agrocombustíveis apresentam um subgrupo descrito como
subprodutos animais onde está inserido o resíduo gerado pela caprino cultura.
Segundo ((NOGUEIRA, LORA, 2003)) a energia acumulada na biomassa está na forma de energia
química, sendo necessárias reações químicas para a sua liberação, podendo então ser usada para
realização de trabalho útil, que poder ser a produção de calor. Em muitas situações específicas o
emprego da biomassa requer uma conversão para uma melhor adequação do seu uso ou transporte,
devido principalmente à natureza sólida da biomassa. Pode-se citar como exemplo a utilização da
energia da biomassa em motores de combustão interna, pois a matéria prima deve sofrer processos
de conversão que a transformam em combustível gasoso ou líquido para serem usados nos motores.
Geralmente pode-se dizer que a utilização da energia da biomassa é o inverso da fotossíntese, pois
se procura resgatar a energia solar armazenada pelo vegetal, consumindo oxigénio atmosférico e
restituindo ao ar o dióxido de carbono.
Segundo a IEA (1998), devido ao uso não comercial da biomassa é difícil a contabilização da
quantidade mundialmente utilizada, estima-se que ela possa representar até 14% de todo o
consumo mundial de energia primária. Já em países em desenvolvimento essa percentagem
aumenta para 34% e chega a 60% em África.
Tanto os dejetos quanto os resíduos de criação animal, têm um alto potencial de poluição, e sem
orientações ou condições de dar outro destino a esses resíduos, o criador tem lançado directamente
no solo como fertilizantes, porém em algumas situações podem causar problemas ambientais como
contaminação de águas e solos, e além do odor desagradável. A partir dos dejetos animais, duas
opções foram estudadas na Europa, uma seria a digestão anaeróbica dos resíduos da suinocultura
e bovinicultura e a outra a combustão directa. Segundo DAGNALL (2000), potencial energético
mundial somente com a produção de esterco foi estimado em 20 EJ.
Segundo COUTO (2004) para o aproveitamento da biomassa para fins energéticos devem ser
considerados: o seu aproveitamento racional com as estratégias concedentes à proteção dos
recursos naturais, as potencialidades para promover a substituição das formas de energias não
renováveis, a valorização energética pelos segmentos interessados e a viabilidade económica.
No que concerne às barreiras existentes para a utilização massiva das energias renováveis,
GOLDEMBERG et al (2007) argumentam que elas são principalmente de ordem económica. As
tecnologias empregadas são novas, ainda em desenvolvimento, e por isso têm custo de implantação
muito alto. Por isso o suporte do governo e investimentos em tecnologias é crucial para alcançar
ganhos em larga escala e se tornem economicamente competitivas. É neste diapasão que COELHO
(2005) acredita que aumentar a diversificação da matriz energética de um país e reduzir sua
dependência de combustíveis fósseis é uma medida estratégica importante para garantia de
suprimento de energia evitando a vulnerabilidade às oscilações dos preços do petróleo e às
instabilidades políticas dos países produtores.
Olhando para a matriz energética de fontes de energias renováveis, estatísticas indicam que pelo
menos 95% dos agregados familiares moçambicanos dependem da biomassa (lenha ou carvão)
como fonte de energia diária para cozinhar e aquecer alimentos. Nas cidades de Maputo e Matola,
cerca de 53% das famílias utilizam carvão vegetal como combustível principal e 33% como
combustível secundário (Ministério de Energia,2013).
Uma das várias formas de aproveitamento da biomassa animal é transformá-la em biogás pelo
processo de digestão anaeróbica.
3.5. Biogás
De acordo com CRAVEIRO (1982) apud BECK (2007), biogás é um gás que resulta de
fermentação de matéria orgânica no processo de tratamento anaeróbico, por meio de
biodegradação feita por bactérias na ausência de oxigênio.
Cada matéria prima ou fonte de resíduo possui um potencial de geração de biogás. Resíduos
altamente fibrosos, como bagaço de cana e casca de arroz, são considerados de baixa
digestibilidade, apresentam menos potencial para produção de biogás. Enquanto que as matérias
ricas em amidos, proteínas, celulose e carboidratos, como grãos, gramíneas, restos de batedouros
e fezes, apresentam alto potencial de produção de biogás. (GRYSCHEK; BELO, 1983).
3.5.2. Composição
O Biogás é composto por uma mistura de gases, porém a percentagens desses gases variam de
acordo com os resíduos e as condições utilizadas no processo de biodigestão. Independentemente
da matéria prima usada na transformação de biogás, ele será essencialmente constituído por
metano (CH4-60%) e dióxido de carbono (CO2-35%).
Dos gases que compõem o biogás, o gás carbónico e o gás sulfídrico devem receber atenção
especial. São considerados como principal problema na viabilização de seu armazenamento e na
produção de energia, interferindo principalmente na qualidade do biogás, acarretando problemas
de corrosão no sistema de condução do biogás até sua transformação como fonte de energia ou
térmica, necessitando de processos de tratamento (MAGALHÃES, 1986).
O gás sulfídrico, aparece em uma concentração aproximada de 10g/m3 no biogás. Portanto, existe
a necessidade do mesmo passar por um filtro purificador para evitar a mau cheiro gerado, mas
principalmente para retirar seu efeito corrosivo, devendo aparecer com uma concentração abaixo
de 1,5g/m3 (OLIVEIRAS, 1993).
O uso de biodigestão anaeróbica para produção de biogás demonstra um avanço importante como
tentativa de solução para o problema da disponibilidade energética no meio rural, tanto no uso para
aquecimento quanto para geração de energia eléctrica.
Para a produção de biogás a partir dos resíduos da suinocultura e bovinocultura, são utilizados
biodigestores, sendo que a biodigestão ocorre através do chorume, que é a diluição dos resíduos
com água de lavagem. Segundo SOUZA et al (2004) a conversão do chorume em biogás leva em
consideração a biodegradabilidade da matéria orgânica (equivalente a aproximadamente 75%), a
eficiência de conversão do biodigestor (equivalente a aproximadamente 85%) e a fração de matéria
orgânica utilizada pelas bactérias no seu próprio crescimento (equivalente a aproximadamente 5%).
3.5.2.1. Filtragem
Para aumentar o poder calorífico, rendimento térmico e eliminar a característica corrosiva devido
à presença de gás sulfídrico e água, é preciso tratar e purificar o biogás produzido (OLIVEIRA,
2005). A presença de substâncias não combustíveis no biogás, como água e dióxido de carbono,
prejudica o processo de queima tornando-o menos eficiente uma vez que, presentes na combustão
absorvem parte da energia gerada. Na medida em que se eleva a concentração de impurezas, o
poder calorífico do biogás torna-se menor. O gráfico 2 mostra a relação entre o poder calorífico
do biogás e a percentagem em volume de metano presente nele (ALVES, 2000, apud. MARQUES
2012)
8000
6000
4000
2000
0
0.2 0.4 0.6 0.8
Grafico 2. Relação entre poder calorífico do biogás e a percentagem em volume do metano (ALVES 2000)
Para regenerar o óxido de ferro basta expor ao oxigênio, como apresentado pela reacção química
da equação 2:
2Fe2S3 + 3O2 2Fe2O3 + 3S2
Eq. 2
Em vez de ser utilizado óxido de ferro também pode ser usado óxido de zinco, porém esse é mais
caro.
Quando o gás carbônico entra em contato com a solução de hidróxido de sódio, potássio ou cálcio
ocorre à formação de bicarbonato, sendo essa formação irreversível conforme as equações 3 e 4.
Se houver tempo suficiente o gás sulfídrico também será absorvido conforme a equação 5
(CRAVEIRO, 1982).
2 NaOH + CO2 Na2CO3 + H2O
Eq. 3
Entre os hidróxidos, o de cálcio é o mais barato. Porém existe um problema na sua utilização, há
a precipitação do carbonato de cálcio, o que pode provocar o entupimento de tubulações, bombas
e os demais equipamentos utilizados, o que pode gerar transtornos (CRAVEIRO, 1982).
Podem ser utilizados outros dois processos para a remoção do dióxido de carbono e do gás
sulfídrico. Um é utilizar solventes orgânicos, mas devido à corrosão e perdas elevadas por
constituírem substâncias muito voláteis, e por periculosidade em geral este processo deve ser
evitado. Outro processo é utilizando carbonato de potássio a quente, mas como exige aquecimento
e operação a 110°C, demandando energia para esse aquecimento, também deve ser evitado
objetivando assim a eficiência energética (OLIVEIRA, 2009).
obtido o poder calorífico do combustível superior (PCS), mas se a água estiver no estado gasoso é
obtido o poder calorífico inferior (PCI), em consequência disso o biogás também terá ambos os
poderes caloríficos. De acordo com a concentração de metano no biogás o poder calorífico pode
variar entre 4,95 a 7,92 Kwh/m³ para o pode calorífico inferior e superior, respectivamente
(COSTA, 2006), após o devido tratamento o biogás pode atingir um poder calorífico próximo a
10.000 kcal/m³ (COSTA, 2006).
3.5.4. Riscos
O gás metano queima com uma chama luminosa quando puro, mas para o biogás a chama não é
tão luminosa. O biogás não é tóxico, mas atua sobre o organismo humano diluindo o oxigênio e
como consequência, pode provocar a morte por asfixia. Como é muito estável não é solúvel em
água (PECORA, 2006). O biogás é mais denso que o ar, possuindo uma relação de densidade de
0,55 (PARCHEN, 1979). Portanto, possui tendência de ficar mais próximo ao solo facilitando sua
inalação.
3.6. Biodigestor
O biodigestor é uma câmara na qual ocorre um processo bioquímico denominado digestão
anaeróbica, que tem como resultado a formação de biofertilizantes e produtos gasosos,
principalmente o metano e o biogás (MAGALHÃES, 1986).
Figura 8. Etapas de produção de biogás dentro do biodigestor. / Fonte: SOSA;CHAO; RIO, 2004)
seja, elas podem actuar tanto em meio aeróbio como anaeróbio. O oxigénio do material orgânico
não aproveitado no processo aeróbio do sistema é utilizado para ecfetuar essas transformações
(SOSA;CHAO; RIO,2004).
O metano é formado na última etapa da produção do biogás. As bactérias metalogénicas, que
formam o metano, transformam o hidrogénio, o dióxido de carbono e o ácido acético (CH3COOH)
em metano e dióxido de carbono. Estas bactérias anaeróbias são extremamente sensíveis a
mudanças no meio, como temperatura e PH. As bactérias produtoras do biogás são mesofílicas,
vivem entre 35° a 45º C e são sensíveis a alterações de temperatura. Variações bruscas de
temperatura fariam com que as bactérias metanogênicas não sobrevivessem, o que acarretaria na
diminuição considerável da produção de biogás (SOSA;CHAO; RIO, 2004).
Este modelo de biodigestor caracteriza-se por possuir uma campânula como gasômetro, a qual
pode estar mergulhada sobre a biomassa em fermentação ou em um selo de água externo, e uma
parede central que divide o tanque de fermentação em duas câmaras. A função da parede divisória
faz com que o material circule por todo o interior da câmara de fermentação.
O modelo Indiano possui pressão de operação constante, ou seja, à medida que o volume de gás
produzido não é consumido de imediato, o gasômetro tende a deslocar-se verticalmente,
aumentando o volume deste, portanto, mantém a pressão em seu interior constante (DEGANUTTI;
PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
O facto de o gasômetro estar disposto ou sobre o substrato ou sobre o selo de água reduz as perdas
durante o processo de produção de gás.
O resíduo utilizado para alimentar o biodigestor Indiano deve apresentar uma concentração de ST
(sólidos totais) não superior a 8%, para facilitar a circulação do resíduo pelo interior da câmara de
fermentação e evitar entupimentos dos canos de entrada e saída do material (DEGANUTTI; et al).
O abastecimento deve ser contínuo, ou seja, geralmente é alimentado por dejectos bovinos e/ou
suínos, que apresentam uma certa regularidade no seu fornecimento.
Do ponto de vista construtivo, apresenta-se de fácil construção, contudo o gasômetro de metal
pode encarecer o custo final, e também à distância da propriedade onde o resíduo se forma pode
Figura 9. Vista Frontal, em corte, do biodigestor de modelo Indiano (BENINCASA; ORTLANI; LUCAS
Figura 10. Vista tridimensional do biodigestor modelo Indiano (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI)
O biodigestor modelo chinês é formado por uma câmara cilíndrica em alvenaria para fermentação,
com tecto impermeável, destinado ao armazenamento do biogás. Este biodigestor funciona com
base no princípio de prensa hidráulica, de modo que aumentos de pressão em seu interior, devido
ao acúmulo de biogás, resultarão em deslocamentos do efluente da câmara de fermentação para a
caixa de saída, e em sentido contrário quando ocorre descompressão (DEGANUTTI; PALHACI;
ROSSI; TAVARES, 2002).
O modelo Chinês é constituído quase que totalmente em alvenaria, dispensando o uso de
gasômetro em chapa de aço, reduzindo os custos, contudo pode ocorrer problemas com vazamento
de biogás caso a estrutura não seja bem vedada e impermeabilizada. Neste tipo de biodigestor, uma
parcela de gás formado na caixa de saída é libertada para a atmosfera, reduzindo parcialmente a
pressão interna do gás.
Por este motivo às construções de biodigestores modelo Chinês não são utilizadas para instalações
de grande porte (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002). Semelhante ao modelo
Indiano, o substrato deve ser fornecido continuamente, com a concentração de ST em torno de 8%,
para evitar entupimentos do sistema de entrada e facilitar a circulação do material (DEGANUTTI;
PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
A figura 11 ilustra a vista frontal em corte de um biodigestor de modelo Chinês.
Figura 11. Vista frontal, em corte, do biodigestor modelo Chinês (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI)
Figura 12. Vista tridimensional do biodigestor modelo Chinês (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI)
3.6.2. Biofertilizantes
Biofertilizante é a denominação dada ao resíduo aquoso de natureza orgânica, que pode ser
utilizado na fertilização do solo, que tem origem na fermentação de resíduos vegetais e animais
em biodigestores com finalidade de se obter o biogás (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995).
Pelo processo de fermentação, o material orgânico utilizado para produzir o biogás transforma-se
em fertilizante orgânico. Este material é isento de causadores de doenças e pragas às plantas, não
apresenta odor e por isso não atrai moscas, insectos e roedores, agentes proliferadores e causadores
de doenças. Caso isso ocorra, é necessário aumentar o tempo de retenção hidráulica do material
(PARCHEN, 1979; SOUZA;PEIXOTO;TOLEDO, 1995; FILHO, 1981).
O biofertilizante contribui para aumentar o teor de húmus no solo, melhorando as propriedades
físicas e químicas, além de ajudar a melhoras as actividades microbianas do solo, podendo ser
aplicado directamente na forma líquida ou desidratada, dependendo das condições locais de
infraestrutura (FILHO, 1981).
O biofertilizante apresenta maior concentração de nutrientes do que o resíduo original, devido as
grandes perdas de carbono, hidrogénio e oxigénio (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995). A
composição média do biofertilizante é de 1,5 a 4,0% de nitrogénio, 1,0 a 5,0% de fósforo e 0,5 a
3,0% de potássio, além de apresentar vários nutrientes como cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre,
ferro, manganês, molibdénio e zinco, o que lhe garante inegáveis vantagens para utilização como
complemento ou substitutos de adubos nitrogenados químicos (PARCHEN, 1979; SOUZA;
PEIXOTO; TOLEDO, 1995; FILHO, 1981). Além disso, apresenta um pH entre 7,0 a 8,0, ou seja,
levemente alcalino, propiciando o crescimento de microrganismos úteis a terra, que restabelecem
a vida do solo, levando ao equilíbrio do pH ( SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995; BARRERA,
2003). Caso o efluente do biodigestor apresente o pH menor que 7,0, afluente ácido, deve-se
avaliar o processo, uma vez que este valor indica digestão incompleta ou sobrecarga do biodigestor.
Já se o afluente apresentar pH superior a 8,0, afluente alcalino, novamente deve-se avaliar a
operação, uma vez que este valor indica um excesso de retenção hidráulica (SOUZA; PEIXOTO;
TOLEDO, 1995).
Figura 13. Fluxograma do processo de produção de biogás a partir da biomassa / Fonte: adaptado pela autora
Para outras formas de aproveitamento do biogás, em escalas mais elevadas, é usada a combustão
direta, onde o biogás é queimado em câmaras de combustão de caldeiras, aquecedores, secadores
ou turbinas a gás, e o calor liberado na queima pode ser utilizado para geração de eletricidade
A conversão energética de biogás em energia eléctrica pode ser realizada de diversas formas, sendo
as mais utilizadas as microturbinas a gás e os motores de combustão interna de ciclo Otto e o ciclo
Diesel.
O ciclo Otto ou de ignição por centelha já possui unidades existentes e adaptadas para o uso com
gás natural, e o modelo mais facilmente adaptável, consistindo a principal alteração numa
regulagem no carburador para a queima de uma mistura e combustíveis mais fracos com velas para
a ignição, que passa a ser feita por centalha.
Os motores movidos à gasolina ou diesel, de ignição por centelha, já convertidos a ciclo Otto,
podem facilmente ser convertidos para motores a biogás. São utilizadas as mesmas técnicas de
conversão de motor à gasolina para motor a gás natural. Devido a concentração de metano ser
menor no biogás do que no gás natural, o poder calorífico do biogás corresponde a proximamente
a metade do gás natural, portanto deve-se dimensionar o sistema de carburação para que o fluxo
de biogás seja o dobro do fluxo do gás natural, mantendo-se a potência (MUELLER, 1995;
MACARI et al, 1987).
Os motores geradores a biogás podem ser utilizados tanto na área urbana com o biogás produzido
nos aterros sanitários ou no sistema de tratamento de esgoto doméstico e industrial, como também
na área rural com o biogás proveniente da biomassa animal, que é o cenário deste estudo.
Em um sistema motor gerador, cuja função é transformar energia mecânica em elétrica, o gerador
de eletricidade é considerado como equipamento secundário, sendo formado por duas partes, uma
móvel chamada de rotor, onde aparece a força eletromotriz e outra parte fixa, responsável pelo
campo magnético onde são localizados os pelos do gerador, e é denominada de estator.
De Acordo com com BERNDSEN (2007), o motor é acoplado no gerador por meio de um
acoplamento elástico capaz de absorver pequenos desalinhamentos axiais e radiais e vibrações
geradas por variações de carga. Dependendo do tipo de ligação trifásica 200/127 V, 380/220V ou
440/254.
O tamanho dos geradores influencia no rendimento dos gerados, quanto menor o gerador, menor
também será seu rendimento. O rendimento de um gerador é variável e pode atingir valor máximo
com carga entre 80 a 100% da potência máxima.
Para se direcionar um gerador para uma determinada aplicação, devem ser conhecidos alguns
dados como a rotação (RPM), a frequência (Hz), a tensão nominal, a potência nominal, número de
fases e de polos, fator de potência, tipo de acoplamento no equipamento primário, dados
ambientais, entre outros.
Fazendo a interpretação da tabela, conclui que 1 suíno produz 2.5 Kg por dia, onde a sua diluição
com água deve ser duas vezes o peso do esterco produzido.
É importante salientar que para este estudo, foram considerados produtores pecuários com
característica de produção intensiva, que, é o melhor tipo de produção no que tange ao
aproveitamento de dejetos produzidos para conversão de biogás pois estes, encontram-se
concentrados em uma área confinada de fácil maneio. Desta forma, a produção de suíno na
província de Gaza é de 206.609, foi considerado para o projecto 2% desta produção oque faz
aproximadamente um efectivo de 4132 cabeças que, de acordo com a tabela acima, produz uma
quantidade biomassa animal de 10330 Kg visto que 1 suíno produz 2.5 Kg de esterco diário.
A produção de biogás, pode ser estimada em função da alimentação diária de Sólidos Voláteis
(SV). Para o caso da produção de suínos, a produção especifica de biogás é de 0.075-0.089
m3/kgesterco, onde o biodigestor tem sua maior produção com um tempo de retenção hídrica (TRH)
de 22 dias, uma temperatura de operação de 35°C e uma concentração de 55 a 65 kg de sólidos
voláteis por m³ de dejetos afluentes no biodigestor (OLIVER et al., (2008) e FARRET (20100)).
Para este estudo, sendo que a média de produção é de 10330 kg/dia como foi acima mencionado,
para o cálculo da produção de biogás a fórmula abaixo irá ser considerada:
Eq. 6
Eq. 7
Filtragem: nos dejectos providos da granja estão presentes inúmeros tipos de materiais
que podem prejudicar a produção de biogás, para filtrar estes materiais indesejados é
necessário realizar filtragens através de peneiras, sendo estas dimensionadas de acordo com
a necessidade observada na análise dos dejectos.
Também se faz necessário o uso de uma lagoa de sedimentação, a qual é dimensionada
para que os dejetos providos da granja permaneçam na lagoa pelo período de um dia, neste
O modelo considerado para este estudo é o modelo indiano, sendo de fácil maneio e adaptável com
matérias de fácil aquisição para os moradores rurais afim de sustentabilizar o projeto e
independentemente contruírem o biodigestor.
O biodigestor indiano é constituído por:
Caixa de Carga: é o local onde o esterco diluído com água deve ser colocado diariamente;
Tubo de Carga: por gravidade a matéria orgânica diluída vai ser conduzida até o interior
do biodigestor;
Câmara de biodigestão: Local onde a biomassa será fermentada sem a presença de ar.
Essa câmera é uma espécie de tanque que possui uma divisão para poder separar o dejeto
mais novo, daquele mais antigo que já foi fermentado;
Gasômetro: esse elemento é responsável por armazenar o gás produzido e manter a
pressão constante do sistema;
Tudo Guia: este componente é muito importante, pois ele tem a função de regular o
gasômetro, guiando para cima ou para baixo;
Saída do Biogás: uma tubulação vai canalizar o biogás até o ponto de consumo desse
combustível (fogão ou motor Otto), esta tubulação sairá da parte superior do gasômetro;
Caixa de saída: onde vai ser conduzido o material já degradado, ou seja, o biofertilizante
que vai ser retirado da caixa de saída e aplicado nas áreas de cultivo
Onde:
Vb= Volume do biodigestor
VC= carga diária de esterco diluído em agua
TRH= retenção hidráulica
A carga diária (VC) consiste na multiplicação da quantidade de dejeto diluído em água que será
inserido no biodigestor pelo volume de conversão, deste modo:
Eq. 9
Onde:
A biomassa deve ser misturada 1:2 para suínos. Relativamente ao tempo de retenção foi adoptado
22 dias (AMARAL et al., 2004; QUADROS et al., 2007).
A caixa de entrada deve ser construída com o piso a 20cm de altura acima do nível do tanque de
fermentação, e deve ser dimensionada com no mínimo três vezes o volume da carga diária para
permitir o armazenamento do biofertilizante.
A caixa de descarga deve ficar 20 cm de altura abaixo do nível da borda do tanque de fermentação.
O tubo de descarga deve apresentar característica de corte diagonal no que concerne a extremidade
que será inserida dentro do biodigestor para que facilite a entrada do esterco.
na parte superior e assim facilitando a saída do biofertilizante sem incorrer riscos de saída de
esterco mais recente.
Após estudos realizados por meio de Benchmarking com algumas empresas de venda de Motor
Geradores á Biogás, foi considerado o modelo LS-80GFT com potencial nominal de
80kW/100KVA à Biogás e com especificações técnicas abaixo, ao preço de 818.816,00 MZN.
A figura 16 ilustra a imagem de um grupo motor gerador, obtido através da solicitação a empresa
Diesel Eléctrica Moçambique.
Figura 16. Grupo Motor gerador LS-80GFT 80/100 kW / Fonte: Diesel Eléctrica Maputo
Eq. 10
Onde:
Ou por:
PE= Pot * T
Eq. 11
Onde:
Foi considerado para este estudo, uma casa Tipo 2 com 5 moradores que é a média das habitações
nas zonas rurais da província de gaza. (Plano Estratégico da Província de Gaza 2018-2027)
A mesma, tem o consumo de uma botija de propano butano (gás de cozinha) de 11kg mensal e
energia eléctrica abaixo auditada por compartimento:
Antes de o projecto ser implantado é necessária uma análise de viabilidade técnica e económica,
para identificar se o mesmo é viável. Nessa perspectiva utiliza-se a descrita por Souza et. al. (2004)
apud Coldebella (2006). Ainda, relatam que o custo está relacionado ao capital investido na
construção e manutenção do biodigestor e do sistema motor-gerador.
Para efeito de cálculo se utilizará para este estudo 2,2% do investimento total ao ano para adquirir
os gastos de manutenção periódicas e operação.
A tabela apresenta o custo estimado do investimento dos principais componentes para produção
de biogás e geração de energia eléctrica.
𝑪𝑨𝑮+𝑪𝑨𝑩
Ce =
𝑷𝑬
Eq. 12
Onde:
Em que:
𝑪𝑰𝑮∗𝑶𝑴
CAG = CIG* FRC +
𝟏𝟎𝟎
CAB = CB * CNB
Eq. 13
Onde:
𝒋∗(𝟏+𝑱) 𝒏
FRC =
(𝟏+𝒋 ) 𝒏−𝟏 −𝟏
Eq. 14
Onde:
𝑪𝑨𝑩
CB =
𝑷𝑨𝑩
Eq. 15
Onde:
𝑪𝑰𝑩∗𝑶𝑴
CAB = CIB.FRC +
𝟏𝟎𝟎
Eq. 16
𝒌
𝐥𝐧 ( − )
𝒋−𝒌
TRI =
𝐥𝐧(𝟏+𝒋 )
Eq. 17
Em que:
𝑨 𝑶𝑴
k= −
𝑪𝑰 𝟏𝟎𝟎
Eq. 18
𝑶𝑴
A = CI * ( FRC * )
𝟏𝟎𝟎
Eq. 19
Onde:
O biofertilizante gerado pelo biodigestor pode ser utilizado para a adubação da própria propriedade
na produção de grãos e gramíneas possibilitando o aumento de produção de outro empreendimento.
Também pode ser utilizado, após desidratado, para dar volume à composição de rações animais.
Eq. 20
Pbiogás = 774.75 m3
Pbiogás = 619.8 m3
Eq. 21
Pgás=Pesterco * 0.084
Pgás=10330* 0.084
d) Dimensionamento do Biodigestor
Ddiluido = 20660 l
Eq. 22
Vc = 20660 l * 0.001 m3
Vc = 20,66 𝑙 ⁄𝑚3
Vb = 20.66 * 22 dias
Vb = 454. 52 m3
Eq. 23
Ou
Pe = Pot * T
Eq. 24
Pe = 100 kW * 6072
Desta forma, podemos observar que quando apenas considerado a quantidade de biogás produzida
no projecto o rendimento é maior pois não é considerado nenhuma perda. Por outro lado, quando
considerado a produção de energia de considerando o rendimento do motor, o coeficiente de perda
temos a produção de energia menor.
Para a concepção do sistema de aproveitamento do biogás, consideremos que o capital pode ser
obtido através de um financiamento parcelado em 8 anos com uma taxa de desconto de 8%.
Eq. 25
0.080∗(1+0.08) 8
FRC =
(1+0.080) 8−1 −1
FRC = 0, 207
Sendo que foi considerado 2,2% do investimento total ao ano para as manutenções periódicas no
conjunto motor-gerador:
Eq. 26
818,816∗2,2
CAG = 818,816 * 0.207 +
100
Eq. 27
526,361∗2,2
CAB = 526,361 * 0.207 +
100
Para encontrar o PAB na equação CB, foi levado em consideração a quantidade de gás diário
gerado na propriedade multiplicado pelos dias uteis anuais de geração, que é aproximado a 264
dias por ano.
Eq. 28
120,536.67
CB =
163,627.2
CB = 0,737 MZN / m3
Para encontrar o CNB na equação CAB, foi levado em consideração a quantidade de dias que gera
biogás no ano (264), multiplicado por 619.8 m3 que é o consumo aproximado por dia de biogás
pelo motor-gerador, já que irá trabalhar em torno de 23h/dia.
Eq. 29
Foi considerado para Pe, a energia eléctrica produzida por ano pelo grupo motor gerador que
incluem as perdas e o rendimento, sendo que a produção é de 1190.32 KWh/dia e o biodigestor
funciona 264 dias úteis/ano, a produção anual será de 314,244.48.
Eq. 30
187508.86 +120,536.67
CE =
314,244.48
Eq. 31
29593.89
A = 1345177 * (0.207 + )
100
A= 398.368.653,32MZN/ano
Eq. 32
398.368.653,32 29593.89
k= −
1345177 100
k = 0.21
Eq. 33
0.21
ln(− )
0,08−(0.21)
TRI = ln(1+0,08)
Suíno
Número de Animais 4132
Dejectos Produzidos/ dia 10330 Kg
4.4. Discussão
Através dos estudos técnicos acima apresentado foi possível comprovar a viabilidade de instalação
do sistema para geração de energia eléctrica usando o biogás como fonte primária gerado por
biodigestor que após é acoplado a um grupo motor gerador.
O consumo de gás de cozinha como mencionado acima é de 11 Kg mensal ao preço de 670 MZN.
Podemos observar que o projecto produz 867.12 m3 de GLP por dia que dá para suprir
proximamente 78 casas com o mesmo consumo de gás neste caso substituído por biogás.
5.2. Recomendações
Uma vez que o trabalho foi focado na produção de 2% da capacidade total da província e
considerando que a biomassa animal se encontra no local do projecto, recomenda-se que:
O sistema de produção seja intensivo, isto é, um sistema que foca na actividade pecuária
em meio de confinamento dos suínos num meio de fácil controle o que facilitará a coleta
de dejetos e assim menos perdas se for comparado ao sistema extensivo;
Um estudo no que concerne a análise do sistema de colecta de dejectos suínos para um
local de fácil acessibilidade a qual estará destinada ao projecto e que seja considerado o
plano de distribuição desta energia eléctrica a partir do local de produção ás residências.
Investimento por parte do governo e/ou entidades focadas na potencialização de energia
elétrica por fontes renováveis no que tange a infraestruturas, investimentos na área de saúde
dos animais para que a taxa de mortalidade seja baixa e o índice de produção de dejetos
sejam de gráfico constante.
Treinamento aos produtores locais sobre a potencialidade que a sua actividade alberga,
para que os mesmos tenham um compromentimento e os objetivos do governo e a
sociedade sejam alcançados no que tange a eletrificação rural da província de Gaza e acesso
à energia eléctrica para todos oque, irá desenvolver o País.
6. Bibliografia
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