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Maputo, 2021
ESTUDO DE VIABILIDADE DO USO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA
REDUÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO NA INDÚSTRIA PANIFICADORA
CASO DE ESTUDO: PADARIA ESPIGA D’OURO
Por:
O JÚRI:
“Declaro que este Trabalho de Diploma nunca foi apresentado na sua essência para
obtenção de qualquer grau académico e ele constitui o resultado da minha pesquisa
pessoal”
O autor
_______________________________________
I
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus Pais Acácio Jaime Nhabanga (em memória) e Ana Angélica
Luís, aos meus avôs Jaime Lazaro Nhabanga (em memória) e Isabel José Mutombene, Luís
Machava (em memória) e Felizarda Guitofo Marrengula, que os amo incondicionalmente e
que fizeram valer a pena cada obstáculo superado, objectivo alcançado e sonho realizado
em cada momento vivido.
II
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me ajudar a cumprir mais esta etapa da minha vida. A
minha mãe Ana Angélica Luís, e aos meus tios em especial Dulce Jafete Machava,
Arnaldo Luís Machava, Amélia Luís Machava, Manuel Luís Machava, Ebelina Luís
Machava Langa, António Agostinho Langa, Atanásio Luís Machava, Nercia Luís Machava
e Samuel Machava que participaram assiduamente na minha trajectória académica, sem os
quais nada seria possível.
Aos meus primos em especial ao António Agostinho Langa Júnior e a Sheila Felizarda Bié
por me aturarem e pelo suporte dado dia a dia após uma jornada cansativa na faculdade.
Aos colegas da faculdade que durante toda formação tiveram paciência e compreensão,
transformando mesmo os momentos mais difíceis em momentos de distracção e diversão.
E a todos que directas ou indirectamente auxiliaram na construção deste projecto que além
de contribuir para a formação académica contribui para a realização de um sonho.
III
Lista De Abreviaturas Utilizada
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CA Corrente alterna
CC Corrente contínua
ºC Grau Celsius
EDM Electricidade de Moçambique
DOD Depth of Discharge
Eo Irradiância
FS Factor de serviço
HF Inversores com Transformadores de Alta Frequência
𝐻𝑆𝐿 Hora solar local
kHz Hetz
Imp Corrente em Máxima Potência
Isc Corrente de Curto-circuito
IRP Índice de rendibilidade do projecto
INEM Instituto nacional de meteorologia
kWh Quilo Watt hora
kWp Potência eléctrica de pico
LF Transformador de Baixa Frequência
SFCR Sistema fotovoltaico conectado a rede
TW Terra watt
TIR Taxa interna de retorno ou rendibilidade
Vmpp Tensão de Máxima Potência
Voc Tensão em Circuito Aberto
VAL Valor actual líquido
MW Megawatt
MPP Ponto de máxima potência
MPPT Maximum power point tracking
SBFV Sistema de Bombeamento Fotovoltaico
PRI Período de recuperação de investimento
IV
Índice de Gráficos
Gráfico 1. Variação da corrente eléctrica em função da tensão com base na variação da
irradiância para um módulo fotovoltaico de 36 células de silício cristalino a 25º C.
(Adaptado de Manual de Engenharia FV, 2014) ................................................................. 21
Gráfico 2. Variação da curva I-V pela variação da temperatura das células fotovoltaicas.
(Adaptado de Manual de Engenharia FV, 2014) ................................................................. 21
V
Índice de Tabelas
Tabela 1. Comparação entre os tipos de inversores ............................................................. 28
Tabela 2. Características dos Inversores Grid-Tie ............................................................... 29
Tabela 3- componentes do dimensionamento do SF e suas quantidades............................. 54
Tabela 4- parâmetros do estudo de viabilidade económica ................................................. 61
Tabela 5- tabela do VPL do projecto ................................................................................... 62
VI
Índice de Figuras
Figura 1. Componentes da radiação solar. ........................................................................... 11
Figura 2. Representação dos ângulos segundo as técnicas solares. ..................................... 12
Figura 3. Tipos de Sistemas Fotovoltaicos. ......................................................................... 14
Figura 4. Diagrama de ligação com a rede, de um SF on-grid. ........................................... 24
Figura 5. Inversores Grid-Tie. ............................................................................................. 25
Figura 6. Formato da tensão e da corrente de um inversor controlado pela rede. ............... 26
Figura 7. Módulos montado sobre o perfil de suporte. ........................................................ 36
Figura 8. Suporte para instalação em plano horizontal. ....................................................... 37
Figura 9. Painel fotovoltaico com sistema de rastreio solar. ............................................... 37
Figura 10. Sistema com Inversor central com transformador. ............................................. 38
Figura 11. Sistema com alta tensão de entrada (120 VCC). ................................................ 39
Figura 12. Sistema com configuração master-slave. ........................................................... 40
Figura 13. Sistemas de Grupos de módulos. ........................................................................ 41
Figura 14. Sistemas com módulos CA (Di Souza 2010) ..................................................... 42
VII
RESUMO
Este trabalho tem como objectivo estudar a viabilidade do uso do sistema fotovoltaico para
redução dos custos de produção na indústria panificadora. Para tal, através de uma
entrevista na área de estudo, fez-se um levantamento do consumo energético da linha de
produção para o dimensionamento do sistema fotovoltaico, apresentou-se os principais
conceitos da energia solar, os efeitos da radiação solar, o histórico da tecnologia
fotovoltaica, além das principais matérias-primas e materiais utilizados na tecnologia de
módulos fotovoltaicos. Foi realizada uma breve distinção dos tipos de sistemas
fotovoltaicos existentes, com aprofundamento no sistema fotovoltaico on-grid,
demonstrando suas principais etapas de funcionamento. Posteriormente realizou-se um
estudo de implantação de módulos, demonstrando o dimensionamento de um sistema
fotovoltaico. Para o funcionamento da linha de produção será necessário uma geração solar
na ordem de 57,7kWp diários e serão necessários 189 módulos e 3 inversores Grid-tie para
suprir essa demanda energética. Na última etapa fez-se o estudo de viabilidade económica,
a partir de indicadores financeiros foram feitas estimativas baseadas nas informações sobre
o mercado e características do empreendimento. O estudo de viabilidade mostra que o
projecto é técnica e economicamente viável, pois o retorno do investimento está estimando
em dois anos.
VIII
ABSTRACT
This work aims to study the feasibility of using the photovoltaic system to reduce
production costs in the bakery industry. To this end, through an interview in the study area,
a survey of the energy consumption of the production line was carried out for the
dimensioning of the photovoltaic system, presenting the main concepts of solar energy, the
effects of solar radiation, the history of photovoltaic technology, in addition to the main
raw materials and materials used in photovoltaic module technology. A brief distinction of
the types of existing photovoltaic systems was carried out, with an in-depth look at the on-
grid photovoltaic system, demonstrating its main operating stages. Subsequently, a module
implementation study was carried out, demonstrating the dimensioning of a photovoltaic
system. For the production line to work, solar generation in the order of 57.7kWp per day
will be necessary, and 189 modules and 3 Grid-tie inverters will be needed to supply this
energy demand. In the last stage, the economic feasibility study was carried out, where
financial and economic analyzes were made from estimates based on information about the
market and characteristics of the enterprise. The feasibility study shows that the project is
technically and economically viable, as the return on investment is estimated at two years.
IX
ÍNDICE GERAL
DECLARAÇÃO DE HONRA ............................................................................................ I
DEDICATÓRIA ..................................................................................................................II
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... III
Lista De Abreviaturas Utilizada ...................................................................................... IV
Índice de Gráficos ............................................................................................................... V
Índice de Tabelas............................................................................................................... VI
Índice de Figuras .............................................................................................................. VII
RESUMO ........................................................................................................................ VIII
ABSTRACT ....................................................................................................................... IX
CAPÍTULO I- INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1
1. Introdução ...................................................................................................................... 1
1.1. Colocação do problema ........................................................................................... 3
1.2. Objectivos................................................................................................................ 4
1.2.1. Objectivo geral ................................................................................................. 4
1.3. Justificativa.............................................................................................................. 5
CAPÍTULO II- METODOLOGIA .................................................................................... 6
2. Metodologia e material .................................................................................................. 6
2.1. Pesquisa Bibliográfica ............................................................................................. 6
2.2. Pesquisa de campo .................................................................................................. 6
2.3. Fontes De Informações............................................................................................ 6
2.4. Colecta De Dados E Instrumentos .......................................................................... 6
2.4.1. Técnicas de Pesquisa........................................................................................ 6
1. Introdução
O expansivo crescimento global e a necessidade de industrialização sempre estiveram
relacionados com o consumo das mais diversas formas de energia. Nesse panorama, por
mais de cem anos, vem prevalecendo a utilização de energia proveniente de fontes não
renováveis, destacando-se a queima dos combustíveis fósseis (carvão, gás natural e
petróleo) gerados pela decomposição da matéria orgânica há milhões de anos.
Moçambique possui uma potência solar muito superior a de muitos países desenvolvidos.
"O nível de radiação acima da média nas províncias de Tete, Zambézia, Nampula, Gaza,
Inhambane, Niassa, Cabo Delegado e Maputo faz com que o sol seja um recuso renovável
mais abundante em Moçambique com um potencial global de 23TW (TERRA WATT) dos
quais, cerca de 600 MW (Mega Watt) de projectos com viabilidade de ligação à rede. As
províncias de Maputo e Tete são as que apresentam maior potencial para projectos solares
ligados à rede, essencialmente devido à robustez das infra-estruturas de transporte". (Atlas
das energias renováveis de Moçambique, 2013 p.10, 54).
1
É neste contexto que se percebe a importância da realização de um estudo de viabilidade,
que através de parâmetros e resultados de cálculos realizados com informações sobre o
empreendimento que servirão de base para a orientação nas tomadas de decisão em seguir
ou não com o projecto proposto.
Sendo assim, neste presente trabalho será exposta uma revisão da literatura com
informações de diversos autores sobre este assunto, além de um dimensionamento de
sistema fotovoltaico e será feita uma análise de viabilidade económica de forma que seja
analisado a rentabilidade dessa tecnologia para futuros empreendimentos.
2
1.1. Colocação do problema
A indústria panificadora está cada vez mais competitiva, dinâmica, global e evolutiva, o
que leva as indústrias a reforçar a sua competitividade, qualidade dos seus produtos,
flexibilidade dos seus processos, formação e valorização dos seus recursos humanos.
O corte de subsídios por parte do governo associado ao alto custo da taxa de energia fazem
com que o custo de produção seja elevado, o que encarece o preço do pão e isso em última
analise pesa no bolso do cidadão.
Isto leva a pesquisar alternativas viáveis para reduzir o custo de produção. Uma das opções
incide sobre o estudo da viabilidade de sistemas fotovoltaicos, como forma de geração
distribuída de energia eléctrica capaz de ser usada para suprir parte das necessidades
energéticas para o funcionamento da linha de produção da indústria panificadora. Neste
contexto surge então a seguinte pergunta de pesquisa
3
1.2. Objectivos
4
1.3. Justificativa
Com o preço da electricidade está a aumentar de forma galopante faz com que a aposta em
SF se torna uma opção bastante atraente para quem este disposto a correr maiores riscos
em troca de uma oportunidade de sucesso. A vontade de investir em novas fontes de
energia e a percepção frente a esta nova possibilidade de investimento foram os
impulsionadores da pesquisa.
O presente trabalho justifica-se, por ser um projecto de produção de electricidade que visa
suprir as necessidades energéticas da linha de produção com objectivo social de reduzir os
custos do pão. Pretende-se também que o projecto em causa traga benefícios para diversas
regiões e seja rentável do ponto de vista energético, económico e ambiental.
5
CAPÍTULO II- METODOLOGIA
2. Metodologia e material
2.1. Pesquisa Bibliográfica
A colecta de dados será feita através da pesquisa de preço dos itens que comporão o
sistema bem como entrevistas para obtenção de dados referentes ao consumo energético da
padaria em estudo.
6
b) Documentação directa: pesquisa de campo, experimental e de laboratório;
2.5. Material
Para a realização do presente trabalho foram usados diversos materiais para a colecta de
dados. Dentre os materiais usados destacam-se os seguintes.
Bloco de anotações;
Software AutoCAD;
7
CAPÍTULO III- REVISÃO DA LITERATURA
3. Revisão de Literatura
A revisão da literatura é fundamental para a elaboração de um estudo ou projecto. Os
estudos bibliográficos determinam as directrizes e consequentemente apontam os métodos
mais adequados para a solução do problema de pesquisa.
Uma vez que o presente trabalho tem como foco um sistema que utilize o recurso solar
como fonte energética para funcionamento, este capítulo tem como intuito referir aspectos
teóricos importantes acerca deste: a radiação solar e as suas componentes, assim como
tecnologia fotovoltaica.
3.1. Energia
A energia eléctrica é uma das forma mais importante de energia, pois ela pode ser
facilmente transformada em outras formas de energia, de maneira eficiente, além dela estar
presente na maior parte das actividades diárias.
“A energia eléctrica é uma das melhores fontes de energia disponíveis actualmente, ela
pode ser convertida em outras formas de energia como, mecânica, térmica ou luminosa”.
(POMILIO,2014. Apud SCHEIBLER, 2015, p17).
8
As formas de energia renovável citadas acima são as que se renovam a cada dia,
permitindo um desenvolvimento sustentável da vida e sociedade humana.
O Sol é uma fonte de energia que traz benefícios à terra através de luz e calor. O sistema de
energia fotovoltaica se beneficia desta luz para transformá-la em electricidade através de
células fotovoltaicas. Este sistema é composto por painéis fotovoltaicos e de equipamentos
para conversão desta energia de corrente contínua para alternada, quando o uso é
domiciliar.
A observação desta transformação de luz solar em energia eléctrica se deu inicialmente por
um pesquisador francês chamado Alexandre Edmond Becquerel no início do século XIX,
porém teve sua aplicação prática somente em 1950 através da criação da primeira célula
fotovoltaica (Molina Junior, 2015, p.74).
A energia solar que chega à Terra em um ano é muito maior que o consumo humano de
energia no mesmo período. Infelizmente todo esse potencial energético não é aproveitado.
O aproveitamento artificial da energia solar pode ser feito de três modos: Energia
Bioclimática; Energia Solar Térmica e Energia Solar Fotovoltaica.
O aproveitamento da energia gerada pelo Sol é inesgotável, tanto como fonte de calor
quanto de luz, sendo uma das alternativas energéticas mais promissoras para prover a
energia necessária ao desenvolvimento humano. Quando se fala em energia, deve-se
lembrar de que o Sol é responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de
energia na Terra. Em outras palavras, as fontes de energia são, em última instância,
derivadas, em sua maioria, da energia do Sol.
9
O efeito da incidência desses raios solares sobre determinados elementos químicos, efeito
fotovoltaico, foi relatado pela primeira vez pelo físico francês Alexandre Edmond
Becquerel, em 1839. Ele constatou o aparecimento de uma diferença de potencial entre os
extremos de uma estrutura de material semicondutor, resultante da absorção da luz solar.
Esse fato permitiu que se produzisse, alguns anos depois, a célula solar fotovoltaica,
unidade fundamental dos sistemas solares fotovoltaicos para geração de energia eléctrica
(CRESESB 2006).
No entanto, apenas uma parte da quantidade total da radiação solar atinge a superfície
terrestre. A atmosfera reduz a radiação solar através da reflexão, absorção (ozono, vapor de
água, oxigénio, dióxido de carbono) e dispersão (partículas de pó, poluição). O nível de
irradiância na Terra atinge um total aproximado de 1.000 W/m2 ao meio-dia, em boas
condições climatéricas, independentemente da localização. Ao adicionar a quantidade total
da radiação solar que incide na superfície terrestre durante o período de um ano, obtém-se
a irradiação global anual, medida em kWh/m2.
A luz solar que atinge a superfície terrestre, é composta por uma fracção directa e por uma
fracção difusa. A radiação directa vem segundo a direcção do Sol, produzindo sombras
bem definidas em qualquer objecto. Por outro lado, a radiação difusa carece de direcção
específica.
10
Figura 1. Componentes da radiação solar.
Fonte: PINHO et al., 2008
O Sol fornece anualmente, para a atmosfera terrestre, 1,5 x 108 kWh de energia. Trata-se
de um valor considerável, correspondendo a 10000 vezes o consumo mundial de energia
neste período. Estes factos vêm indicar que, além de ser responsável pela manutenção da
vida na Terra, a radiação solar constitui-se numa inesgotável fonte energética, havendo um
enorme potencial de utilização por meio de sistemas de captação e conversão em outra
forma de energia (térmica, eléctrica, entre outras).
11
o Sul é referido geralmente como Į = 0°. O símbolo negativo é atribuído aos ângulos
orientados a Leste (Leste: Į = - 90°) e o símbolo positivo aos ângulos orientados a Oeste
(Oeste: Į = 90°).
12
armazená-la. Os equipamentos mais difundidos com o objectivo específico de se utilizar a
energia solar térmica são conhecidos como colectores solares.
A energia solar fotovoltaica consiste na conversão directa da luz solar em energia eléctrica.
A unidade básica de conversão é a célula fotovoltaica e seu princípio de funcionamento é
explicado através do efeito fotovoltaico. Edmond Becquerel, em 1839, constatou que uma
estrutura feita de material semicondutor, ao ser submetido a uma exposição de luz
estabelecia uma diferença de potencial entre seus extremos. Essa descoberta representa um
marco na história do efeito fotoeléctrico e os avanços que o sucederam possibilitaram a
criação das primeiras estruturas semicondutoras.
13
Figura 3. Tipos de Sistemas Fotovoltaicos.
Fonte: Di Souza 2010
Este cenário vem ao encontro do grande potencial para a implementação dos sistemas
autónomos nos países em vias de desenvolvimento, onde se encontram grandes áreas que
permanecem sem fornecimento de energia eléctrica. As sucessivas evoluções tecnológicas
e a diminuição dos custos de produção nos países industrializados, poderão também
contribuir para a generalização deste tipo de aplicação.
14
No campo das pequenas aplicações solares de fornecimento de energia eléctrica, também
podemos observar consideráveis avanços: calculadoras electrónicas, relógios, carregadores
de pilhas, lanternas e rádios, são alguns dos exemplos conhecidos do uso bem-sucedido das
células solares em sistemas autónomos de reduzida dimensão.
De acordo com Pinho, Galdino (2014) Apud CRESESB (2006), os sistemas híbridos são
aqueles que possuem várias fontes de geração, sendo que elas podem ser: módulos
fotovoltaicos, geração movida a diesel ou a outro combustível (gasolina, biodiesel, gás),
aerogeradores; além disso, este sistema pode estar interligado à rede de distribuição local.
Devido à complementaridade entre as fontes, pode-se operar este sistema com poucas
interrupções de fornecimento. No entanto, este sistema apresenta desvantagens como o
custo elevado perante outros sistemas, além do complexo sistema de controlo de geração.
Os sistemas conectados têm uma grande vantagem com relação aos sistemas isolados por
não utilizarem baterias e controladores de carga. Isso os torna cerca de 30% mais eficientes
e também garante que toda a energia seja utilizada, ou localmente ou em outro ponto da
rede. Sistemas de conexão à rede podem ser utilizados tanto para abastecer uma residência,
comércio ou indústria, ou então simplesmente produzir e injectar a energia na rede
eléctrica, assim como uma central hidroeléctrica ou térmica.
Para residências e empresas estes sistemas também são chamados de sistemas fotovoltaicos
de autoconsumo. Se o proprietário do sistema produzir mais energia do que consome, a
energia produzida fará com que o medidor de energia bidireccional contabilize a diferença
entre a energia utilizada da rede de distribuição com a gerada pelo sistema.
16
É importante que as células sejam protegidas da humidade do ar, para garantir a
conservação das suas características ao longo da vida útil.
O silício, por outro lado, é o segundo elemento mais abundante na superfície terrestre
(mais de 25 % da crosta terrestre é silício), segundo Hammond, 1992, e é 100 vezes menos
tóxico que qualquer um dos outros elementos citados acima, afirma Shah, 1992.
Todas as outras tecnologias estão baseadas em películas delgadas (filmes finos, com
espessura da ordem de 1µm) de material activo semicondutor e é neste aspecto que reside o
grande potencial de redução de custos que estas tecnologias possuem.
17
Filmes finos para aplicações fotovoltaicas, principalmente no ambiente em que é
construído, estão sendo desenvolvidos para a geração de potência eléctrica por
apresentarem baixos custos de produção decorrentes das quantidades diminutas de material
envolvido, das pequenas quantidades de energia envolvidas em sua produção, do elevado
grau de automação dos processos de produção o que se associa a grande capacidade de
produção e seu baixo custo de capital, afirmam Rüther & Livingstone, 1993.
Pelo facto da luz solar conter relativamente pouca energia, ou seja, baixa densidade
energética, da ordem de 1000W/m2 em um dia de muito sol, comparativamente as outras
fontes energéticas, painéis solares fotovoltaicos devem ter um baixo custo para que possam
produzir energia eléctrica a preços competitivos (Rüther 2004).
Quando um módulo está posicionado na direcção do Sol, uma tensão pode ser medida
entre os terminais positivo e negativo usando um voltímetro. A tensão observada em um
módulo desconectado é a tensão de circuito aberto (Voc). Por outro lado, ao conectar os
terminais desse módulo a um amperímetro mede-se sua corrente de curto-circuito (Isc).
Entretanto, estes dados são pouco informativos sobre a potência real do módulo.
18
tensão de circuito aberto do módulo (quando sua corrente fica negativa). Durante esta
varredura são registados pares de dados de tensão e corrente, permitindo o traçado de uma
curva característica.
Segundo Ricardo Rüther, Van der Borg & Wiggelinkhuizen, 2001 realizaram uma extensa
análise dos efeitos da orientação de sistemas fotovoltaicos integrados a edificações,
quantificando as perdas energéticas decorrentes de orientações e inclinações não-óptimas.
A inclinação e a orientação exacta não são, no entanto, críticas, ao contrário de uma
percepção frequente de que módulos solares somente podem ser instalados em estruturas
orientadas para o norte (sul no hemisfério norte), de preferência móveis para poder seguir o
sol e que se assemelham mais a um satélite do que a um edifício. Para diversas orientações
possíveis, pode-se atingir uma incidência de mais de 95% da radiação máxima.
Estes dados são apenas válidos para uma superfície livre de obstruções. Em situações onde
sejam verificados obstáculos físicos, ou padrões climáticos diários ou sazonais anómalos,
estes parâmetros devem obviamente ser levados em consideração. É importante salientar
19
também, que placas orientadas para o leste ou oeste podem ter performance satisfatória
mesmo quando instaladas em ângulos inclinados ou na vertical, com rendimentos da ordem
de 60% em relação a uma orientação óptima, devido ao baixo ângulo do sol no início e
final do dia, isso segundo Sick e Erge, 1996, e Rüther e Kleiss, 1996.
A corrente eléctrica gerada pelo módulo aumenta com o aumento da irradiância solar. O
gráfico 1 ilustra a variação da corrente tendo em conta a irradiância solar.
20
Gráfico 1. Variação da corrente eléctrica em função da tensão com base na variação da
irradiância para um módulo fotovoltaico de 36 células de silício cristalino a 25º C.
(Adaptado de Manual de Engenharia FV, 2014)
b) Efeito da temperatura
21
3.4.1.4. Associação de módulos fotovoltaicos
Os módulos podem ser conectados em série e/ou paralelo, dependendo da corrente e tensão
desejadas, para formar painéis fotovoltaicos com potência desejada. Ao definir como serão
associados os módulos, é necessário ter informações de como deverá ser a instalação e
quais os componentes que serão utilizados, pois as tensões e correntes resultantes devem
ter plena compatibilidade com esses componentes.
De maneira análoga à conexão das células fotovoltaicas, quando a ligação dos módulos é
série, as tensões são somadas e a corrente (para módulos iguais) não é afectada, ou seja:
V = V1 + V2 + … + Vn (1)
I = I1 = I2 = … = In (2)
Pinho e Galdino (2014), afirmam que tendo sido realizada a conexão série, as correntes que
fluem por cada módulo são sempre iguais entre si, mas para que a corrente não seja
afectada em relação à corrente de um módulo individual, consideram-se módulos idênticos
sob as mesmas condições de radiação e temperatura. Em caso de uma dispersão de
características eléctricas ou um sombreamento parcial, a corrente do conjunto conectado
em série é limitada pelo módulo com a menor corrente individual.
I = I1 + I2 + …+ In (3)
22
V = V1 = V2 = … =Vn (4)
23
Figura 4. Diagrama de ligação com a rede, de um SF on-grid.
Fonte: Di Souza 2010
Os inversores grid-tie são conectados à rede de duas formas:
Os inversores grid-tie para sistemas com potência-pico até 5 kWp são, geralmente,
monofásicos. Para sistemas de maior potência, geralmente trifásicos. Existem tanto
grandes inversores centrais trifásicos, quanto inversores monofásicos que podem ser
agrupados, formando se assim, um sistema trifásico.
Para fornecer o máximo de energia à rede, o inversor grid-tie deve operar no ponto de
máxima potência (MPP) do arranjo fotovoltaico. Como o MPP muda de acordo às
condições climatológicas, o inversor deve possuir um sistema de seguimento do ponto de
máxima potência (MPPT sigla em inglês de maximum power point tracker), que ajusta
automaticamente a tensão de entrada do inversor, de acordo à tensão MPP a cada instante.
24
Figura 5. Inversores Grid-Tie.
Fonte: Di Souza 2010
O inversor controlado pela rede utiliza a frequência e tensão da rede. Se houver uma queda
na rede, o inversor desliga-se automaticamente, o que faz com que esse tipo de inversor
não possa funcionar de modo autónomo. Durante o seu funcionamento são gerados pulsos
de corrente de onda quadrada, por isso este tipo de inversor também é chamado de inversor
de onda quadrada.
25
Figura 6. Formato da tensão e da corrente de um inversor controlado pela rede.
Fonte: Di Souza 2010
Nos inversores autocontrolados são utilizados dispositivos semicondutores que podem ser
ligados e desligados, em um circuito em ponte. De acordo ao nível de tensão e desempenho
do sistema, podem ser utilizados os seguintes componentes:
Transístores bipolares;
26
Os inversores autocontrolados são divididos em Inversores Autocontrolados com
Transformador de Baixa Frequência (LF), Inversores com Transformadores de Alta
Frequência (HF) e Inversores sem Transformadores.
Para potências menores, temos os inversores sem transformadores, cujas vantagens são:
tamanho, peso, perdas e custo. Neste tipo de inversor, a tensão de entrada deve ser maior
que a tensão de pico da rede, ou deve ser elevada através de um conversor CC/CC,
geralmente integrado ao circuito do inversor que, infelizmente aumentam as perdas
energéticas, diminuído a vantagem de não possuir o transformador. Como não possuem
isolamento eléctrico, necessitam de severas medidas de segurança na sua instalação,
exigindo a instalação de dispositivos de protecção contra corrente residual, tanto do lado
CC, quanto no lado CA. Deve-se observar que, durante o funcionamento dos sistemas
fotovoltaicos com inversores sem transformador, formam-se correntes residuais capacitivas
27
de mais de 30mA entre os módulos e a terra, o que inviabiliza o uso de Interruptores
Diferenciais Residuais (IDR) comuns, que desconectam em 30mA.
28
3.4.2.4. Características dos Inversores Grid-Tie
A tabela 2 demonstra as características que costumam aparecer nas tabelas de dados dos
inversores grid-tie, e são de extrema importância na hora de escolher o melhor dispositivo
para determinado sistema fotovoltaico.
29
Η110% % Eficiência parcial com 110% da
potência CC nominal
Eficiência por diferença de ΔηT %̸C Redução da eficiência por
temperatura temperatura ambiente acima de
25°C.
Factor de Potência Cos φ Factor de controlo da potência
relativa, que dever ser maior que
0,9.
Potência de activação PON W Potência fotovoltaica para ligar o
inversor.
Potência de desativação POFF W Potência fotovoltaica onde o
inversor é automaticamente
desligado
Potência em Stand By PSTAND W Energia (da rede) consumida pelo
BY inversor em modo de espera, antes
de entrar no modo nocturno.
Potência nocturna PNIGHT W Energia (da rede) consumida pelo
inversor em modo nocturno.
Tensões
Tensão CC Nominal VnDC V Tensão fotovoltaica para a qual o
inversor foi desenvolvido.
Faixa de Tensões MPP VMPP V Intervalo de tensões de entrada
onde o inversor segue o ponto de
máxima potência
Tensão CC Máxima VDCmax V Tensão fotovoltaica máxima que o
inversor suporta.
Tensão de desligamento VDCof V Mínima tensão fotovoltaica para a
qual o inversor ainda opera
Faixa de Tensão CA VAC V Faixa de tensão da rede em que o
inversor opera, se ajustando
30
automaticamente.
Tensão CA Nominal VnAC V Tensão nominal do inversor, que
para os padrões europeus é 230V
Correntes
Corrente CC Nominal InDC A Corrente fotovoltaica para a qual o
inversor é dimensionado.
Corrente DC Máxima IDCmax A Máxima corrente fotovoltaica que
o inversor suporta na entrada
Corrente CA Nominal InAC A Máxima corrente que o inversor
injecta na rede de distribuição de
modo contínuo
Corrente CA Máxima IACmax A Injectada na rede em curto período
Factor de Distorção K % Factor de qualidade da corrente
Harmónica e/ou tensão injectada na rede.
Calculada a parir da razão entre o
valor RMS das componentes
harmónicas e a fundamental. Deve
ser inferior a 5%.
Fonte: Di Souza 2010
Um sistema fotovoltaico é constituído por mais equipamentos para além dos painéis
fotovoltaicos e inversores. No presente trabalho faremos apenas uma breve descrição dos
equipamentos que aparecem na caixa de junção, condutores e das estruturas de suporte e
ancoragem
Díodos de desvio
Díodos de bloqueio
31
Fusíveis
Equipamento de protecção AC
Para evitar a ocorrência de “pontos quentes”, os módulos são normalmente protegidos com
díodos de desvio (bypass), que oferecem um caminho alternativo para a corrente e, assim,
limitam a dissipação de potência no conjunto de células sombreadas. Isso reduz
simultaneamente a perda de energia e o risco de dano irreversível das células afectadas, o
que inutilizaria o módulo (Pinho e Galdino 2014).
Os díodos de desvio são geralmente inseridos nas caixas de conexões dos módulos e
conectados em antiparalelo com um conjunto de células em série, entre 15 e 30 células
para cada díodo. O díodo de desvio deve suportar, em operação permanente, a mesma
corrente das células. A protecção ocorre porque, com o díodo de desvio, a máxima
potência dissipada sobre uma das células seria a potência do conjunto que o díodo envolve
(Pinho e Galdino 2014).
32
Os fusíveis devem ser colocados na saída de cada série tanto no polo positivo quanto no
polo negativo. O fusível deve ser para corrente contínua, que é apropriado para operação
em sistemas fotovoltaicos pois apresenta alta durabilidade (Pinho e Galdino 2014).
Ao longo dos anos, vem se observando que os díodos de bloqueio apresentam alto índice
de falhas, prejudicando o desempenho do sistema. O fusível fotovoltaico é um componente
de protecção que pode substituir o díodo de bloqueio (Pinho e Galdino 2014).
3.4.3.1.4.1. Disjuntores
Os disjuntores são aparelhos de protecção contra sobreintensidades, que podem voltar a ser
rearmados depois de dispararem. Isolam automaticamente o sistema fotovoltaico da rede
eléctrica, caso ocorra uma sobrecarga ou um curto-circuito. Estes dispositivos automáticos
são frequentemente usados como interruptores AC.
3.4.3.2. Condutores
A fiação do sistema é o que interliga seus componentes, promovendo o fluxo de energia
entre eles, para que seja possível que se utilize a energia solar em forma de energia
eléctrica.
As especificações dos tipos de cabos a serem utilizados vão depender de qual for a
variação de painel solar a ser instalado. Deve-se levar em conta também as distâncias entre
os componentes do sistema, sabendo que há uma distância máxima permitida entre dois
pontos a serem conectados que, quando ultrapassada, provoca uma queda de tensão que
minimiza a eficiência do sistema. Assim, vale lembrar que o indicado é sempre buscar
situar os componentes nas menores distâncias possíveis, para minimizar as perdas
energéticas durante o trajecto.
33
3.4.3.2.1. Sistemas de ligação
A ligação dos cabos de fileira e outras ligações eléctricas DC, devem ser levadas a cabo
com extremo cuidado. As fracas qualidades dos contactos eléctricos podem levar ao
aparecimento de arcos e, consequentemente, ao aumento do risco de incêndio.
Normalmente são usados quatro sistemas de ligação.
Para a instalação eléctrica de um sistema fotovoltaico, apenas devem ser usados cabos que
cumpram os requisitos para esta aplicação. Antes de mais é necessário distinguir entre os
cabos de módulo ou de fileira, cabo principal DC e cabo do ramal AC.
Para se ligar cabos flexíveis de fios entrançados aos ligadores de parafuso, são usadas
terminações metálicas com mangas de protecção.
C) Terminais de orelha
A ligação dos terminais de poste é efectuada com terminal com orelha, que estão presas
entre a porca e o parafuso.
Nas caixas de junção que usam ligadores de mola, os cabos podem ser presos em
segurança sem serem necessárias terminações metálicas.
34
Este é o cabo que realiza a ligação entre a caixa de junção do gerador e o inversor. Estes
cabos são sensíveis à radiação ultravioleta e, por esse motivo, o mais indicado é que a
caixa de junção seja instalada em ambientes internos. Caso não haja essa opção, há a
necessidade de entubar estes cabos para protegê-los de serem danificados.
Para fixar os módulos em telhado, é necessário instalar um perfil de suporte que pode ser
fixado nas telhas. O perfil de suporte será dimensionado e posicionado aos módulos que
comporão o painel fotovoltaico, por isso a fase de medição dos espaços disponíveis é uma
etapa importante durante a concepção do projecto.
35
Figura 7. Módulos montado sobre o perfil de suporte.
Fonte: Di Souza 2010
Para instalações no chão, o painel deverá ter uma altura mínima de 30cm do chão, para
evitar o sombreamento causado pelo crescimento de ervas, ou a sujeira na base dos
módulos mais baixos, causada pela chuva. Esses cuidados são especialmente importantes
para os sistemas instalados em localidades remotas. Para painéis montados em cobertura a
altura mínima recomendável é de 5cm. Isto é para permitir o escoamento das águas da
chuva e a quebra da força do vento em duas componentes, o que diminui a carga do vento
sobre o painel.
36
Figura 8. Suporte para instalação em plano horizontal.
Fonte: Di Souza 2010
Os mastros comportam bem os sistemas de rastreamento solar, que só são rentáveis nos
grandes sistemas.
No caso de pequenos sistemas dentro de uma zona tropical, mesmos as residências, o uso
de um suporte em mastro permite a mudança manual da inclinação e orientação pelos
técnicos responsáveis pela manutenção
37
Para concepção de projectos de sistemas fotovoltaicos on-grid deve-se ter em conta alguns
conceitos tais como:
Nos sistemas com inversor central, um único inversor toma conta do arranjo fotovoltaico.
Podem ser classificados de acordo a forma como o inversor (ou inversores) é integrado ao
projecto
São utilizados inversores com transformador. As correntes eléctricas são maiores, mas as
tensões são menores. Por possuírem fileiras com menos módulos, são menos prejudicados
pelos sombreamentos parciais. Devido à grande quantidade de fileiras em paralelo, tem
maiores perdas de corrente e demandam cabeamento com maior secção transversal.
São utilizados inversores sem transformador. As tensões são maiores, com maior risco de
choque eléctrico. As correntes são menores, o que reduz as perdas por efeito Joule e a
bitola dos cabos.
38
Este tipo de configuração sofre mais com os sombreamentos parciais, pois as fileiras são
muito longas, e caso um módulo venha a receber sombra, uma parcela muito grande da
potência do painel deixa de ser gerada (a fileira inteira pode funcionar abaixo do esperado)
39
Figura 12. Sistema com configuração master-slave.
Fonte: Di Souza 2010
Os inversores são instalados, geralmente, próximos aos painéis. Devido a isso devem ter
alto grau de protecção. Mesmo considerando-se essa protecção, as condições climáticas
mais adversas podem causar falhas e diminuir a vida útil dos inversores. Por isso é
recomendável que sejam instalados em local protegido da radiação solar directa e de outras
intempéries.
40
A utilização de inversores de grupos de módulos facilita a instalação dos sistemas
fotovoltaicos e reduz, em certos casos, os custos de instalação.
Sistemas até 3 kWp são, em sua grande maioria, concebidos no conceito de grupos (ou
cadeias) de módulos, utilizando inversores de fileiras (string-inverters).
Nesse tipo de sistema é utilizado um inversor para cada módulo conforme indica a figura
14, constituindo um módulo CA, já disponível no mercado. Existem inversores de tamanho
reduzido o bastante para caber na caixa de conexão do módulo. Cada módulo tendo seu
próprio inversor permite que trabalhem em seu ponto de máxima potência
individualmente, o que não acontece em outras configurações. Outra vantagem está na
modularidade, que permite uma expansão do sistema que em outros conceitos não seria tão
simples. Como desvantagem dos módulos CA, podemos citar a menor eficiência dos
micro-inversores em relação aos de grupos de módulos e seu preço ainda
41
proporcionalmente superior ao dos inversores convencionais. Esse conceito é
interessante para o caso de sistemas fotovoltaicos integrados à arquitectura em que são
mais comuns os sombreamentos parciais.
42
CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO
4.1 Área de estudo
43
CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
5. Dimensionamento do SF
Os cálculos realizados no item presente têm por referência Urbanetz, 2013. Para o
dimensionamento da potência nominal do SF utiliza-se a Equação 1:
𝐸×𝐺
𝑃𝐹𝑉 = 𝐻 (1)
𝑇𝑂𝑇 ×𝑃𝑅
216,2 × 1
𝑃= = 57.7𝐾𝑊𝑝
5 × 0.75
44
Onde:
Um dado muito importante é o índice de irradiação, que de acordo com o instituto nacional
de meteorologia (INEM), é de 5kWh/m2/dia.
Outro dado que deve-se considerar é o rendimento do sistema, valor esse que depende de
vários factores como:
Eficiência do inversor
Disponibilidade do sistema
O módulo fotovoltaico escolhido para este projecto é da SUNCECO composto por silício
policristalino e tem uma potência máxima de 320Wp, cuja folha de dados com as
especificações técnicas encontra-se no Anexo.
45
Para a determinação da área total ocupada pelos módulos, se faz necessário conhecer a
eficiência do módulo fotovoltaico. O módulo escolhido apresenta eficiência de 16,49%,
assim utilizando a Equação 2, tem-se:
𝑃𝐹𝑉
𝐴𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 = (2)
𝑃𝑓𝑓
𝐴 = 349,6𝑚2
Onde:
Portanto, a área total necessária e ocupada pelos módulos é de 349,6m2. Para achar a
quantidade de módulos, basta utilizar a Equação 3:
𝑃𝑓𝑣
𝑄𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 𝑝 (3)
𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠
𝑄 = 180,1 ≈ 181𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠
Onde:
Então, são necessários 181 módulos para suprir a demanda de energia da padaria, e são
acrescentados 8 módulos para suprir as perdas. No total serão 189 módulos
Segundo Barros, 2011, para determinar o inversor, deve-se basear na potência nominal do
sistema fotovoltaico, ou seja, 57,7kWp. É admissível que o intervalo de potência do
inversor para determinado sistema fotovoltaico seja determinado pela Equação 4:
46
40.39< PINV > 69.24
Onde:
Porém, se a potência do inversor for menor que a potência do intervalo, será necessário
mais de um inversor, para suprir a demanda do sistema. Segundo Collar, et al, 2012,
também deve-se considerar outros pontos para especificar o inversor, tais como:
A temperatura de operação;
Possuir o MPPT
Para o dimensionamento do inversor a quantidade de módulos ligados em série deve ser tal
a garantir que a tensão da fileira esteja próxima à tensão nominal do inversor. Dessa forma
a razão é determinada pela Equação 5:
𝑉
𝑁𝑚 = 𝑉𝐼𝑁𝑉 (5)
𝑚𝑚
Onde:
47
Vinv: Tensão nominal do inversor- 800V
Após calcular o número de módulos ligados em série, será necessário calcular a tensão de
alimentação do inversor com a tensão de circuito aberto através da Equação 6:
Vca= 941,64V
Onde:
Pcm=6720W
Onde:
O número de arranjos dos módulos para ligação em um inversor é dado pela equação 8:
𝑃
𝑁𝑎𝑖𝑛𝑣 = 𝑝𝑖𝑛𝑣 (8)
𝑐𝑚
48
Onde:
Ccca= 28,55A
Onde:
Por fim calcula-se número de inversores necessários para suportar os módulos a partir da
fórmula 10:
𝑁
𝑁𝑖𝑛𝑣 = 𝐶 𝑡𝑚 (10)
𝑐𝑐𝑚
𝑁𝑖𝑛𝑣 = 3𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟
Onde:
49
5.3. Dimensionamento da caixa de junção
O dimensionamento dos cabos CC dos arranjos deve considerar a corrente máxima que
circula no cabo. Segundo Barros, 2011, o cabo do arranjo deve ser dimensionado para
suportar uma corrente 1,25 vezes maior que a corrente de curto-circuito do sistema. De
acordo com a folha de dados do módulo, a corrente de curto-circuito (Isc) é de 9.515A,
logo o valor da corrente para este projecto será calculado pela Equação 11:
ICABOCC=Ics*1,25 (11)
ICABOCC=11,89A
Onde:
2×𝐿𝑚×𝐼𝑓𝑖
𝑆𝑐𝑐𝑓 = (12)
0.01×𝑈𝑚𝑝𝑝×𝐾
𝑆𝑐𝑐𝑓 = 3,847mm
Onde:
Para proteger os módulos e os cabos dos arranjos das sobrecargas, pode-se instalar
fusíveis. Segundo as informações técnicas, a ocorrência de um curto-circuito em um ou
50
mais módulos do arranjo de módulos pode ocasionar a corrente reversa. Em casos
extremos, a soma das correntes de curto-circuito dos arranjos não afectados podem fluir
pelo arranjo defeituoso ao invés de fluírem pelo inversor. A esse fenómeno é dado o nome
de corrente reversa. Como consequências desse problema pode-se citar superaquecimento
e possível danificação de outros módulos do arranjo.
O inversor seleccionado nesse estudo possui 5 entradas para a conexão dos circuitos, ou
seja, é possível conectar até 5 conjuntos de módulos ligados em série. Para a protecção do
circuito o inversor possui uma porta fusível onde é possível fazer a protecção individual de
cada circuito. De acordo com a folha de dados do módulo escolhido, o fusível deve ser de
15A.
O cabo CC principal deve ser dimensionado para suportar a corrente máxima produzida
pelo SF, esse cabo faz a conexão entre os cabos dos arranjos após o paralelo e o inversor.
De acordo com Barros, 2011, o cabo principal CC deve ser calculado para suportar 1,25
vezes a corrente de curto-circuito do SF.
IMÁX=35.68A
Onde:
51
5.3.4. Disjuntor do Cabo CC Principal
𝐼𝑁 ≤ 𝐼𝐷 ≤ 𝐼𝑀Á𝑋 (14)
Onde:
O dimensionamento do cabo CA deve ser elaborado com base na corrente máxima de saída
do inversor (lado CA), este dado é encontrado na folha de dados do inversor. No inversor
seleccionado, a corrente máxima de saída no lado CA é de 29A e deve ser adoptado um
factor de segurança de 25%.
52
Temperatura ambiente de funcionamento;
53
Tabela 3- componentes do dimensionamento do SF e suas quantidades
54
estimativas sobre o futuro desempenho dos projectos (Bennouna, Meredith & Marchant,
2010).
O conceito de cash-flow designa os fluxos líquidos gerados pelo projecto, e é usado para
eliminar a dependência da medida de rentabilidade do projecto ao procedimento
contabilístico.
55
5.5.2. O Valor actual líquido – VAL
O Valor Actual Líquido também chamado de Valor Presente Líquido – VAL, pode ser
considerado um critério mais rigoroso e isento de falhas técnicas e, de maneira geral, o
melhor procedimento para comparação de projectos diferentes, mas com o mesmo
horizonte de tempo.
Este indicador é o valor no presente (t=0) que equivale a um fluxo de caixa de um projecto,
calculado a uma determinada taxa de desconto. Portanto, corresponde, à soma algébrica
das receitas e custos de um projecto, actualizados a uma taxa de juros que reflicta o custo
de oportunidade do capital. Assim sendo, o projecto será viável se apresentar um VAL
positivo e na escolha entre projectos alternativos, com mesmo horizonte de tempo, a
preferência recai sobre aquele com maior VAL positivo
Se o valor do VAL for positivo, então a soma na data 0 de todos os capitais do fluxo de
caixa será maior que o valor investido. Como se trabalha com estimativas futuras de um
projecto de investimento, pode-se dizer que o capital investido será recuperado, que será
remunerado à taxa de juros que mede o custo de oportunidade do capital e que o projecto
irá gerar um lucro extra, na data 0, igual ao VAL. (Lapponi, 1996)
CFt
VAL = ∑nt=0 (1+K)t (16)
Onde:
𝑡 é o número do período;
56
𝐶𝐹𝑡 é o valor do cash-flows, positivo ou negativo, gerado pelo projecto no período
t;
𝑘 é a taxa de actualização.
A Taxa Interna de Retorno - TIR é a taxa de desconto que equaliza o valor presente dos
benefícios/receitas e dos custos/despesas de um projecto de investimento. Trata-se de um
indicador de larga aceitação e um dos mais utilizados como parâmetro de decisão, mas
existem restrições ao seu uso.
𝐶𝐹𝑡
∑𝑛𝑡=0 =0 (17)
(1+𝐾)𝑡
Onde:
𝑡 é o número do período;
Um projecto de investimento será considerado viável, segundo este critério, se seu TIR for
igual ou maior ao custo de oportunidade dos recursos para sua implantação. Assim, quanto
maior a TIR, maior a atractividade do projecto.
57
TIR = TMA é indiferente aceitar ou rejeitar projecto;
O TIR não é critério para comparação entre alternativas, embora possa parecer intuitivo
que a alternativa de maior TIR remunera melhor o capital investido e, portanto, deve ser a
escolhida.
Como existem algumas restrições ao seu emprego, a TIR somente deve ser utilizada nos
seguintes casos: (Contador, 1981).
Refere-se então, ao período de tempo que decorre até que se verifique a seguinte condição:
𝐶𝐹𝑡
∑𝑛𝑡=𝑜 = 𝐼0 (18)
(1+𝐾)𝑡
Onde,
𝑡 é o número do período;
58
𝐶𝐹𝑡 é o valor dos cash-flows, positivo ou negativo, gerado pelo projecto no período
t;
𝑘 é a taxa de actualização.
Este critério pode ser comparado com o período de tempo de recuperação do investimento
considerado aceitável pêlos promotores do projecto, devendo ser rejeitados os projectos
cujo período de recuperação se revele superior à vida útil do mesmo. Existe uma
preferência para que este critério seja utilizado e analisado em conjunto com outros.
Uma da insuficiência do VAL pode ser colmatada com a determinação do PRI. Com este
indicador conseguimos saber em que altura do projecto é que os capitais investidos são
totalmente recuperados (Silva & Queirós, 2013).
59
5.5.5. O índice de rendibilidade do projecto – IRP
O IRP vem colmatar a insuficiência do VAL ao relativizar o seu valor, pois conseguimos
saber quantas vezes é que multiplicamos o capital investido, durante o período
considerado. (Silva & Queirós, 2013a)
𝐶𝐹𝑡 𝑉𝑅𝑡
∑𝑛
𝑡=0( +
(1+𝐾)𝑡 (1+𝐾)𝑡
𝐼𝑅 = 𝐼𝑡 (19)
∑𝑛
𝑡=0((1+𝐾)𝑡
Onde,
t é o período;
k é a taxa de actualização;
I é o Valor do Investimento.
Interessa que este indicador assuma um valor superior à unidade. Na prática significa que
cada unidade de capital investido obteve rentabilidade suficiente para cobrir todo o
investimento, incluindo a taxa de retorno exigida, apresentando um excedente (Gomes,
2011)
60
mesma taxa. Dentro da mesma lógica, um IRP superior à unidade corresponde a um VAL
positivo e um IRP inferior à unidade, por sua vez, a um VAL negativo (Gomes,2011).
O IRP consegue ainda prestar um bom serviço quando queremos tomar decisões de
investimento em ambiente de restrição de capital. Neste ambiente, poderemos ter de
excluir alguns investimentos, não porque eles se apresentam como mutuamente exclusivos,
mas porque o capital à disposição do investidor tem um limite, seja imposto por si, seja
porque não é possível recorrer ao mercado de capitais (Silva & Queirós 2013).
O IRP não deve ser visto como alternativa ao VAL, apesar da sua proximidade: é
preferível trabalhar com o VAL (que é aditivo) do que com índices (que não o são) (Silva
& Queirós 2013).
Tal como acontece com o critério do VAL, é necessário conhecer previamente a taxa de
actualização (Gomes, 2011).
Parâmetros Valores
Investimento Inicial 2,523,460.00 mt
Taxa de Desconto 12%
VPL do Projecto 6,573,054.36 mt
61
Taxa Int. Retorno (TIR) 97%
Tempo de PayBack 1.3
Fluxo de Valor
Período Caixa Presente VPL Acumulado
0 -2,523,459.00 -2,523,459.00 -2,523,459.00
1 2,523,461.12 2,253,090.29 -270,368.71
2 2,523,461.24 2,011,687.85 1,741,319.14
3 2,523,461.36 1,796,149.95 3,537,469.09
4 2,523,461.48 1,603,705.39 5,141,174.48
5 2,523,461.60 1,431,879.88 6,573,054.36
De acordo com o consumo médio diário da padaria que é de 216,2kwh̸dia, com a análise da
radiação incidente no local, considerando o desvio azimutal e a melhor inclinação do
módulo, a potência necessária para suprir o consumo da padaria é de 57,7 kWp. A partir
desta potência foi dimensionado que o SF terá 189 módulos fotovoltaicos da Sunceco com
uma potência por modulo de 320Kwp e 3 inversores da Vitronics Control com uma
potência de 22000w. Vai-se utilizar a cobertura da padaria usando suportes para telhado na
acomodação dos módulos.
62
VAL positivo a partir dos meados do segundo ano. Segundo Oliveira (1982) um projecto
cujo valor presente líquido seja positivo, será economicamente interessante à taxa de
desconto considerada, tornando-se tanto mais atractivo quanto maior for seu VAL.
Considerou-se que haverá uma substituição dos aparelhos, devido à vida útil dos mesmos,
que pode ser de até 25 anos (WOODHOUSE et al, 2016). Com valores iniciais de
investimento, foram definidos os parâmetros necessários para o cálculo de tempo de
retorno, levando-se em conta as considerações em um período de 25 anos, período de vida
útil dos painéis solares (PINHO; GALDINO, 2014, p.52).
63
CAPÍTULO VI – CONCLUSOES E RECOMENDAÇOES
6. Conclusão e Recomendação
6.1. Conclusão
O consumo energético na linha de produção é de 7.9 MW̸ano, e para suprir esse consumo
energético será necessária uma geração solar na ordem de 57,7kWp diários.
A partir das análises financeiras definiu-se que o investimento necessário para a instalação
do mesmo será de 2,523,460Mt. O projecto é tecnicamente e economicamente viável
comparativamente ao valor anual (1.437.950,77mt) gasto pela indústria comprando energia
proveniente da concessionária, pois o retorno investimento no SF virá a partir do segundo
ano.
64
6.2. Recomendações
Por falta de legislação específica para venda de energia eléctrica a concessionária a partir
de produtores particulares, recomenda-se que o governo elabore a legislação para
dinamizar e expandir o mercado energético.
Recomenda-se a EDM a melhorar a qualidade de energia e das suas instalações evitar que
aconteçam inversão de polaridade, sobrecargas e tensões excessivas na conexão com a rede
Tendo em conta a viabilidade económica dos sistemas fotovoltaicos, podem elaborar novos
projectos de sistemas solares fotovoltaicos on-grid que possam alimentar diversos tipos de
indústrias com vista a reduzir o custo de produção.
65
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA
Ana Nepomuceno; Maia, Marcelo; Teixeira, K. C. 2018. Análise de viabilidade técnico-
económica de bombas solar em áreas não cobertas pela rede eléctrica. 1-4.
Pinho, João & Galdino, M. 2014. Manual de Engenharia Para Sistemas Fotovoltaicos.
66
ÍNDICE DE ANEXOS