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UDM

UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

LICENCIATURA EM ENGENHARIA E GESTÃO INDUSTRIAL

ESTUDO DE VIABILIDADE DO USO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA


REDUÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO NA INDÚSTRIA PANIFICADORA

CASO DE ESTUDO: PADARIA ESPIGA D’OURO

EMERSON ACÁCIO NHABANGA

Maputo, 2021
ESTUDO DE VIABILIDADE DO USO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA
REDUÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO NA INDÚSTRIA PANIFICADORA
CASO DE ESTUDO: PADARIA ESPIGA D’OURO

Monografia apresentada na Unversidade Técnica de Moçambique, na faculdade de


Ciências Tecnológicas em cumprimento dos requisitos exigidos para obtenção do grau de
Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

Por:

EMERSON ACÁCIO NHABANGA

LICENCIATURA EM ENGENHARIA E GESTÃO INDUSTRIAL

FACULDADE DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOCAMBIQUE

Tutor: Msc. Constantino Dombo

Maputo, Novembro de 2021

O JÚRI:

O Presidente: O Tutor: O Arguente : Data:

_______________ ______________ ______________ ___, _______,2021


DECLARAÇÃO DE HONRA

“Declaro que este Trabalho de Diploma nunca foi apresentado na sua essência para
obtenção de qualquer grau académico e ele constitui o resultado da minha pesquisa
pessoal”

Maputo, aos ____ de ________________ 2021

O autor

_______________________________________

(EMERSON ACÁCIO NHABANGA)

I
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus Pais Acácio Jaime Nhabanga (em memória) e Ana Angélica
Luís, aos meus avôs Jaime Lazaro Nhabanga (em memória) e Isabel José Mutombene, Luís
Machava (em memória) e Felizarda Guitofo Marrengula, que os amo incondicionalmente e
que fizeram valer a pena cada obstáculo superado, objectivo alcançado e sonho realizado
em cada momento vivido.

II
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me ajudar a cumprir mais esta etapa da minha vida. A
minha mãe Ana Angélica Luís, e aos meus tios em especial Dulce Jafete Machava,
Arnaldo Luís Machava, Amélia Luís Machava, Manuel Luís Machava, Ebelina Luís
Machava Langa, António Agostinho Langa, Atanásio Luís Machava, Nercia Luís Machava
e Samuel Machava que participaram assiduamente na minha trajectória académica, sem os
quais nada seria possível.

Aos meus primos em especial ao António Agostinho Langa Júnior e a Sheila Felizarda Bié
por me aturarem e pelo suporte dado dia a dia após uma jornada cansativa na faculdade.

Ao corpo docente em especial ao meu tutor Dr. Constantino Dombo e a Universidade


Técnica de Moçambique que contribuíram para a minha formação académica e pessoal.
Aos amigos Abrahamo Sansão Mondlhane, Emidio Mussa, Afuade Calisto, Nayara
Salima, Nalsia Samuel Nhachegule, Alcídio Bila, Dário Manuel Araújo, Lenio Cumbane e
Isabel Soares pelo companheirismo, apoio e acima de tudo amizade presente durante esse
período de formação académica.

Aos colegas da faculdade que durante toda formação tiveram paciência e compreensão,
transformando mesmo os momentos mais difíceis em momentos de distracção e diversão.

E a todos que directas ou indirectamente auxiliaram na construção deste projecto que além
de contribuir para a formação académica contribui para a realização de um sonho.

III
Lista De Abreviaturas Utilizada
 ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
 CA Corrente alterna
 CC Corrente contínua
 ºC Grau Celsius
 EDM Electricidade de Moçambique
 DOD Depth of Discharge
 Eo Irradiância
 FS Factor de serviço
 HF Inversores com Transformadores de Alta Frequência
 𝐻𝑆𝐿 Hora solar local
 kHz Hetz
 Imp Corrente em Máxima Potência
 Isc Corrente de Curto-circuito
 IRP Índice de rendibilidade do projecto
 INEM Instituto nacional de meteorologia
 kWh Quilo Watt hora
 kWp Potência eléctrica de pico
 LF Transformador de Baixa Frequência
 SFCR Sistema fotovoltaico conectado a rede
 TW Terra watt
 TIR Taxa interna de retorno ou rendibilidade
 Vmpp Tensão de Máxima Potência
 Voc Tensão em Circuito Aberto
 VAL Valor actual líquido
 MW Megawatt
 MPP Ponto de máxima potência
 MPPT Maximum power point tracking
 SBFV Sistema de Bombeamento Fotovoltaico
 PRI Período de recuperação de investimento

IV
Índice de Gráficos
Gráfico 1. Variação da corrente eléctrica em função da tensão com base na variação da
irradiância para um módulo fotovoltaico de 36 células de silício cristalino a 25º C.
(Adaptado de Manual de Engenharia FV, 2014) ................................................................. 21
Gráfico 2. Variação da curva I-V pela variação da temperatura das células fotovoltaicas.
(Adaptado de Manual de Engenharia FV, 2014) ................................................................. 21

V
Índice de Tabelas
Tabela 1. Comparação entre os tipos de inversores ............................................................. 28
Tabela 2. Características dos Inversores Grid-Tie ............................................................... 29
Tabela 3- componentes do dimensionamento do SF e suas quantidades............................. 54
Tabela 4- parâmetros do estudo de viabilidade económica ................................................. 61
Tabela 5- tabela do VPL do projecto ................................................................................... 62

VI
Índice de Figuras
Figura 1. Componentes da radiação solar. ........................................................................... 11
Figura 2. Representação dos ângulos segundo as técnicas solares. ..................................... 12
Figura 3. Tipos de Sistemas Fotovoltaicos. ......................................................................... 14
Figura 4. Diagrama de ligação com a rede, de um SF on-grid. ........................................... 24
Figura 5. Inversores Grid-Tie. ............................................................................................. 25
Figura 6. Formato da tensão e da corrente de um inversor controlado pela rede. ............... 26
Figura 7. Módulos montado sobre o perfil de suporte. ........................................................ 36
Figura 8. Suporte para instalação em plano horizontal. ....................................................... 37
Figura 9. Painel fotovoltaico com sistema de rastreio solar. ............................................... 37
Figura 10. Sistema com Inversor central com transformador. ............................................. 38
Figura 11. Sistema com alta tensão de entrada (120 VCC). ................................................ 39
Figura 12. Sistema com configuração master-slave. ........................................................... 40
Figura 13. Sistemas de Grupos de módulos. ........................................................................ 41
Figura 14. Sistemas com módulos CA (Di Souza 2010) ..................................................... 42

VII
RESUMO
Este trabalho tem como objectivo estudar a viabilidade do uso do sistema fotovoltaico para
redução dos custos de produção na indústria panificadora. Para tal, através de uma
entrevista na área de estudo, fez-se um levantamento do consumo energético da linha de
produção para o dimensionamento do sistema fotovoltaico, apresentou-se os principais
conceitos da energia solar, os efeitos da radiação solar, o histórico da tecnologia
fotovoltaica, além das principais matérias-primas e materiais utilizados na tecnologia de
módulos fotovoltaicos. Foi realizada uma breve distinção dos tipos de sistemas
fotovoltaicos existentes, com aprofundamento no sistema fotovoltaico on-grid,
demonstrando suas principais etapas de funcionamento. Posteriormente realizou-se um
estudo de implantação de módulos, demonstrando o dimensionamento de um sistema
fotovoltaico. Para o funcionamento da linha de produção será necessário uma geração solar
na ordem de 57,7kWp diários e serão necessários 189 módulos e 3 inversores Grid-tie para
suprir essa demanda energética. Na última etapa fez-se o estudo de viabilidade económica,
a partir de indicadores financeiros foram feitas estimativas baseadas nas informações sobre
o mercado e características do empreendimento. O estudo de viabilidade mostra que o
projecto é técnica e economicamente viável, pois o retorno do investimento está estimando
em dois anos.

Palavras-chave: energia solar fotovoltaica, sistemas fotovoltaicos, dimensionamento de


sistemas fotovoltaicos on-grid e viabilidade económica.

VIII
ABSTRACT
This work aims to study the feasibility of using the photovoltaic system to reduce
production costs in the bakery industry. To this end, through an interview in the study area,
a survey of the energy consumption of the production line was carried out for the
dimensioning of the photovoltaic system, presenting the main concepts of solar energy, the
effects of solar radiation, the history of photovoltaic technology, in addition to the main
raw materials and materials used in photovoltaic module technology. A brief distinction of
the types of existing photovoltaic systems was carried out, with an in-depth look at the on-
grid photovoltaic system, demonstrating its main operating stages. Subsequently, a module
implementation study was carried out, demonstrating the dimensioning of a photovoltaic
system. For the production line to work, solar generation in the order of 57.7kWp per day
will be necessary, and 189 modules and 3 Grid-tie inverters will be needed to supply this
energy demand. In the last stage, the economic feasibility study was carried out, where
financial and economic analyzes were made from estimates based on information about the
market and characteristics of the enterprise. The feasibility study shows that the project is
technically and economically viable, as the return on investment is estimated at two years.

Keywords: photovoltaic solar energy, photovoltaic systems, dimensioning of on-grid


photovoltaic systems and economic viability

IX
ÍNDICE GERAL
DECLARAÇÃO DE HONRA ............................................................................................ I
DEDICATÓRIA ..................................................................................................................II
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... III
Lista De Abreviaturas Utilizada ...................................................................................... IV
Índice de Gráficos ............................................................................................................... V
Índice de Tabelas............................................................................................................... VI
Índice de Figuras .............................................................................................................. VII
RESUMO ........................................................................................................................ VIII
ABSTRACT ....................................................................................................................... IX
CAPÍTULO I- INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1
1. Introdução ...................................................................................................................... 1
1.1. Colocação do problema ........................................................................................... 3
1.2. Objectivos................................................................................................................ 4
1.2.1. Objectivo geral ................................................................................................. 4

1.2.2. Objectivos específicos ..................................................................................... 4

1.3. Justificativa.............................................................................................................. 5
CAPÍTULO II- METODOLOGIA .................................................................................... 6
2. Metodologia e material .................................................................................................. 6
2.1. Pesquisa Bibliográfica ............................................................................................. 6
2.2. Pesquisa de campo .................................................................................................. 6
2.3. Fontes De Informações............................................................................................ 6
2.4. Colecta De Dados E Instrumentos .......................................................................... 6
2.4.1. Técnicas de Pesquisa........................................................................................ 6

2.5. Material ................................................................................................................... 7


CAPÍTULO III- REVISÃO DA LITERATURA .............................................................. 8
3. Revisão de Literatura ..................................................................................................... 8
3.1. Energia .................................................................................................................... 8
3.1.1. Energia eléctrica............................................................................................... 8

3.2. Energia Solar ........................................................................................................... 9


3.3. Recurso solar ........................................................................................................... 9
3.3.1. Distribuição da radiação solar ........................................................................ 10

3.3.2. Radiação directa e difusa ............................................................................... 10

3.3.3. Definição do ângulo ....................................................................................... 11

3.3.4. Energia Bioclimática ...................................................................................... 12

3.3.5. Energia solar térmica ..................................................................................... 12

3.3.6. Energia Solar Fotovoltaica ............................................................................. 13

3.4. Componentes do Sistema fotovoltaico on-grid ..................................................... 16


3.4.1. Painéis ou módulos Fotovoltaicos ................................................................. 16

3.4.2. Inversores On-Grid ........................................................................................ 23

3.4.3. Equipamentos auxiliares ................................................................................ 31

3.5. Configurações e Conceitos .................................................................................... 37


3.5.1. Sistemas com Inversor Central ...................................................................... 38

3.5.2. Sistemas de Grupos de Módulos .................................................................... 40

3.5.3. Sistemas com Módulos CA ............................................................................ 41

CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO ............................................................................ 43


4.1 Área de estudo ....................................................................................................... 43
CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ................. 44
5. Dimensionamento do SF ........................................................................................... 44
5.1. Potência Nominal do SF........................................................................................ 44
5.1.1. Determinação da Quantidade de Módulos ..................................................... 45

5.1.2. Determinação do Inversor de Frequência ...................................................... 46

5.2. Número de módulos em série ................................................................................ 47


5.2.1. Tensão de circuito aberto do arranjo .............................................................. 48

5.2.2. Potência do conjunto de módulos .................................................................. 48

5.2.3. Número de arranjos ........................................................................................ 48

5.2.4. Corrente de curto-circuito do arranjo ............................................................. 49


5.2.5. Número de inversores .................................................................................... 49

5.3. Dimensionamento da caixa de junção ................................................................... 50


5.3.1. Cabos CC dos arranjos ................................................................................... 50

5.3.2. Fusíveis e fileira ............................................................................................. 50

5.3.3. Cabo CC Principal ......................................................................................... 51

5.3.4. Disjuntor do Cabo CC Principal .................................................................... 52

5.3.5. Dimensionamento do Cabo CA ..................................................................... 52

5.3.6. Dimensionamento do Disjuntor do Lado CA ................................................ 52

5.4. Esquema de Ligação.............................................................................................. 53


5.5. Estudo de viabilidade económica .......................................................................... 54
5.5.1. Análise de fluxos de caixa financeiro (Cash-Flows) ..................................... 55

5.5.2. O Valor actual líquido – VAL ....................................................................... 56

5.5.3. A taxa interna de retorno (ou rendibilidade) – TIR ....................................... 57

5.5.4. O período (ou prazo) de recuperação de investimento – PRI ........................ 58

5.5.5. O índice de rendibilidade do projecto – IRP .................................................. 60

5.6. Resultados e Discussão ......................................................................................... 62


CAPÍTULO VI – CONCLUSOES E RECOMENDAÇOES ......................................... 64
6. Conclusão e Recomendação ........................................................................................ 64
6.1. Conclusão .............................................................................................................. 64
6.2. Recomendações ..................................................................................................... 65
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 66
CAPÍTULO I- INTRODUÇÃO

1. Introdução
O expansivo crescimento global e a necessidade de industrialização sempre estiveram
relacionados com o consumo das mais diversas formas de energia. Nesse panorama, por
mais de cem anos, vem prevalecendo a utilização de energia proveniente de fontes não
renováveis, destacando-se a queima dos combustíveis fósseis (carvão, gás natural e
petróleo) gerados pela decomposição da matéria orgânica há milhões de anos.

Uma das fontes alternativas de fornecer electricidade sustentável e reduzir a carga de


combustíveis fósseis no meio ambiente é uso de Sistemas Fotovoltaicos (SF). Essa fonte
tem atraído cada vez mais atenção nos últimos anos. A indústria de geração de energia
eléctrica a partir da fonte solar pode ser considerada definitivamente uma das melhores
opções para a demanda de energia no futuro, uma vez que é superior em termos de
disponibilidade, custo-eficácia, acessibilidade, capacidade e eficiência em comparação
com outras fontes de energia renováveis.

Moçambique possui uma potência solar muito superior a de muitos países desenvolvidos.
"O nível de radiação acima da média nas províncias de Tete, Zambézia, Nampula, Gaza,
Inhambane, Niassa, Cabo Delegado e Maputo faz com que o sol seja um recuso renovável
mais abundante em Moçambique com um potencial global de 23TW (TERRA WATT) dos
quais, cerca de 600 MW (Mega Watt) de projectos com viabilidade de ligação à rede. As
províncias de Maputo e Tete são as que apresentam maior potencial para projectos solares
ligados à rede, essencialmente devido à robustez das infra-estruturas de transporte". (Atlas
das energias renováveis de Moçambique, 2013 p.10, 54).

Desse modo, a utilização de micro geração de energia eléctrica através de painéis


fotovoltaicos, torna-se uma possibilidade para diversos sectores de actividade em
Moçambique, como indústria, comércio, serviços e habitações. O uso de sistemas
fotovoltaicos para produção de corrente eléctrica pode ser utilizado na indústria
panificadora como alternativa a corrente distribuída pela empresa de electricidade pública,
ajudando a reduzir os custos de produção.

1
É neste contexto que se percebe a importância da realização de um estudo de viabilidade,
que através de parâmetros e resultados de cálculos realizados com informações sobre o
empreendimento que servirão de base para a orientação nas tomadas de decisão em seguir
ou não com o projecto proposto.

Sendo assim, neste presente trabalho será exposta uma revisão da literatura com
informações de diversos autores sobre este assunto, além de um dimensionamento de
sistema fotovoltaico e será feita uma análise de viabilidade económica de forma que seja
analisado a rentabilidade dessa tecnologia para futuros empreendimentos.

2
1.1. Colocação do problema

Apesar da implantação de sistemas fotovoltaicos possuírem um custo relativamente


elevado, incentivos governamentais na isenção de impostos e o aumento do custo da
energia eléctrica nos últimos anos, fazem desta tecnologia uma alternativa com grande
potencial.

A indústria panificadora está cada vez mais competitiva, dinâmica, global e evolutiva, o
que leva as indústrias a reforçar a sua competitividade, qualidade dos seus produtos,
flexibilidade dos seus processos, formação e valorização dos seus recursos humanos.

O corte de subsídios por parte do governo associado ao alto custo da taxa de energia fazem
com que o custo de produção seja elevado, o que encarece o preço do pão e isso em última
analise pesa no bolso do cidadão.

Isto leva a pesquisar alternativas viáveis para reduzir o custo de produção. Uma das opções
incide sobre o estudo da viabilidade de sistemas fotovoltaicos, como forma de geração
distribuída de energia eléctrica capaz de ser usada para suprir parte das necessidades
energéticas para o funcionamento da linha de produção da indústria panificadora. Neste
contexto surge então a seguinte pergunta de pesquisa

 Qual é a viabilidade técnica e económica da implantação de um sistema de


geração de energia fotovoltaica interligados à rede na indústria panificadora
para redução da factura energética?

3
1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo geral

 Estudar a viabilidade do uso do sistema fotovoltaico para a redução dos custos de


produção na indústria panificadora

1.2.2. Objectivos específicos

 Fazer o levantamento do consumo energético na linha de produção.

 Dimensionar um sistema fotovoltaico para alimentar a linha de produção

 Analisar a viabilidade técnica e económica da implantação do sistema fotovoltaico


On-Grid.

4
1.3. Justificativa

O pão é um dos alimentos preponderantes para a dieta alimentar da população


moçambicana, e a varrição de preços impacta significativamente na vida dos
moçambicanos de uma forma geral e das camadas mais pobres em particular.

Com o preço da electricidade está a aumentar de forma galopante faz com que a aposta em
SF se torna uma opção bastante atraente para quem este disposto a correr maiores riscos
em troca de uma oportunidade de sucesso. A vontade de investir em novas fontes de
energia e a percepção frente a esta nova possibilidade de investimento foram os
impulsionadores da pesquisa.

Um dos motivos importantes para este trabalho é a crescente preocupação da população


com a saúde e com a alimentação, o pão de forno é mais saudável e em alguns casos bonito
do que outros tipos em geral, possui menos caloria e é rica em vitamina.

O presente trabalho justifica-se, por ser um projecto de produção de electricidade que visa
suprir as necessidades energéticas da linha de produção com objectivo social de reduzir os
custos do pão. Pretende-se também que o projecto em causa traga benefícios para diversas
regiões e seja rentável do ponto de vista energético, económico e ambiental.

5
CAPÍTULO II- METODOLOGIA

2. Metodologia e material
2.1. Pesquisa Bibliográfica

Pesquisa bibliográfica - é baseada na consulta de todas as fontes secundárias relativas ao


tema que foi escolhido para realização do trabalho. Abrange todas as bibliografias
encontradas em domínio público como: livros, revistas, monografias, teses, artigos de
Internet.

2.2. Pesquisa de campo

Pesquisa de campo - é utilizada para gerar conhecimentos relativos a um problema, testar


uma hipótese, ou provocar novas descobertas em uma determinada área. Baseia-se em
projecto de pesquisa que determina as hipóteses, os objectivos e a metodologia utilizada
para efectuar as observações controladas, as variáveis a serem observadas e analisadas, a
amostragem, a técnica de colecta de dados, a preparação das informações e a análise
estatística.

2.3. Fontes De Informações

Serão colectadas informações na padaria em estudo, bem como em outros fornecedores


para obtenção de orçamentos e outros instrumentos necessários à análise do investimento.

2.4. Colecta De Dados E Instrumentos

A colecta de dados será feita através da pesquisa de preço dos itens que comporão o
sistema bem como entrevistas para obtenção de dados referentes ao consumo energético da
padaria em estudo.

2.4.1. Técnicas de Pesquisa

Para a realização de uma pesquisa científica há necessidade de levantamento dos dados


e colecta por meio das técnicas de pesquisa. De acordo com Marconi; Lakatos (2009,
p.176) este procedimento pode ocorrer de diferentes formas, tais como:

a) Documentação indirecta: pesquisa documental e pesquisa bibliográfica;

6
b) Documentação directa: pesquisa de campo, experimental e de laboratório;

c) Observação directa intensiva: observação e entrevista;

Observação directa extensiva: aplicação de questionário.

2.5. Material

Para a realização do presente trabalho foram usados diversos materiais para a colecta de
dados. Dentre os materiais usados destacam-se os seguintes.

 Bloco de anotações;

 Computador portátil (ASUS);

 Software AutoCAD;

 Máquina calculadora (CASIO).

7
CAPÍTULO III- REVISÃO DA LITERATURA

3. Revisão de Literatura
A revisão da literatura é fundamental para a elaboração de um estudo ou projecto. Os
estudos bibliográficos determinam as directrizes e consequentemente apontam os métodos
mais adequados para a solução do problema de pesquisa.

Uma vez que o presente trabalho tem como foco um sistema que utilize o recurso solar
como fonte energética para funcionamento, este capítulo tem como intuito referir aspectos
teóricos importantes acerca deste: a radiação solar e as suas componentes, assim como
tecnologia fotovoltaica.

3.1. Energia

É sabido que a energia é um elemento essencial para a execução de praticamente todas as


actividades que a sociedade moderna (contemporânea) desenvolve, seja na produção de
bens e serviços, na substituição do trabalho humano (trabalho manual) e também no
oferecimento de conforto aos seres vivos (humanos).

A energia eléctrica é uma das forma mais importante de energia, pois ela pode ser
facilmente transformada em outras formas de energia, de maneira eficiente, além dela estar
presente na maior parte das actividades diárias.

3.1.1. Energia eléctrica

“A energia eléctrica é uma das melhores fontes de energia disponíveis actualmente, ela
pode ser convertida em outras formas de energia como, mecânica, térmica ou luminosa”.
(POMILIO,2014. Apud SCHEIBLER, 2015, p17).

As fontes de energia eléctrica encontradas na natureza são chamadas de fontes primárias,


sendo divididas em fontes convencionais e fontes alternativas. As fontes convencionais são
as principais fontes de energia eléctrica utilizadas, como por exemplo energia hidráulica,
térmica e nuclear. As fontes alternativas podem ser utilizadas de forma descentralizada e
são muito importantes como fontes renováveis, como exemplo temos a energia solar,
energia da biomassa e a energia eólica.

8
As formas de energia renovável citadas acima são as que se renovam a cada dia,
permitindo um desenvolvimento sustentável da vida e sociedade humana.

3.2. Energia Solar

O Sol é uma fonte de energia que traz benefícios à terra através de luz e calor. O sistema de
energia fotovoltaica se beneficia desta luz para transformá-la em electricidade através de
células fotovoltaicas. Este sistema é composto por painéis fotovoltaicos e de equipamentos
para conversão desta energia de corrente contínua para alternada, quando o uso é
domiciliar.

A observação desta transformação de luz solar em energia eléctrica se deu inicialmente por
um pesquisador francês chamado Alexandre Edmond Becquerel no início do século XIX,
porém teve sua aplicação prática somente em 1950 através da criação da primeira célula
fotovoltaica (Molina Junior, 2015, p.74).

A energia solar que chega à Terra em um ano é muito maior que o consumo humano de
energia no mesmo período. Infelizmente todo esse potencial energético não é aproveitado.
O aproveitamento artificial da energia solar pode ser feito de três modos: Energia
Bioclimática; Energia Solar Térmica e Energia Solar Fotovoltaica.

3.3. Recurso solar

O aproveitamento da energia gerada pelo Sol é inesgotável, tanto como fonte de calor
quanto de luz, sendo uma das alternativas energéticas mais promissoras para prover a
energia necessária ao desenvolvimento humano. Quando se fala em energia, deve-se
lembrar de que o Sol é responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de
energia na Terra. Em outras palavras, as fontes de energia são, em última instância,
derivadas, em sua maioria, da energia do Sol.

Uma das formas de aproveitamento da fonte solar é utilização de painéis fotovoltaicos. O


painel fotovoltaico quando exposto à radiação solar funciona como um gerador de energia,
ele é composto por células solares, normalmente de silício, que através do efeito
fotovoltaico absorvem energia luminosa e produzem corrente eléctrica contínua,
(CRESESB 2006).

9
O efeito da incidência desses raios solares sobre determinados elementos químicos, efeito
fotovoltaico, foi relatado pela primeira vez pelo físico francês Alexandre Edmond
Becquerel, em 1839. Ele constatou o aparecimento de uma diferença de potencial entre os
extremos de uma estrutura de material semicondutor, resultante da absorção da luz solar.
Esse fato permitiu que se produzisse, alguns anos depois, a célula solar fotovoltaica,
unidade fundamental dos sistemas solares fotovoltaicos para geração de energia eléctrica
(CRESESB 2006).

Os painéis fotovoltaicos sofreram melhorias em relação ao seu desempenho, eficiência,


além disso, obtiveram uma queda significativa em seu custo devido ao crescimento de
investimento no sector e principalmente devido ao aumento da concorrência entre as
companhias que os fabricam.

3.3.1. Distribuição da radiação solar

A intensidade da radiação solar fora da atmosfera, depende da distância entre o Sol e a


Terra. Durante o decorrer do ano, pode variar entre 1,47x 108 km e 1,52x 108 km. Devido a
este facto, a irradiância E0 varia entre 1.325 W/m2 e 1.412 W/m2. O valor médio é
designado por constante solar, EO = 1.367 W/m².

No entanto, apenas uma parte da quantidade total da radiação solar atinge a superfície
terrestre. A atmosfera reduz a radiação solar através da reflexão, absorção (ozono, vapor de
água, oxigénio, dióxido de carbono) e dispersão (partículas de pó, poluição). O nível de
irradiância na Terra atinge um total aproximado de 1.000 W/m2 ao meio-dia, em boas
condições climatéricas, independentemente da localização. Ao adicionar a quantidade total
da radiação solar que incide na superfície terrestre durante o período de um ano, obtém-se
a irradiação global anual, medida em kWh/m2.

3.3.2. Radiação directa e difusa

A luz solar que atinge a superfície terrestre, é composta por uma fracção directa e por uma
fracção difusa. A radiação directa vem segundo a direcção do Sol, produzindo sombras
bem definidas em qualquer objecto. Por outro lado, a radiação difusa carece de direcção
específica.

10
Figura 1. Componentes da radiação solar.
Fonte: PINHO et al., 2008
O Sol fornece anualmente, para a atmosfera terrestre, 1,5 x 108 kWh de energia. Trata-se
de um valor considerável, correspondendo a 10000 vezes o consumo mundial de energia
neste período. Estes factos vêm indicar que, além de ser responsável pela manutenção da
vida na Terra, a radiação solar constitui-se numa inesgotável fonte energética, havendo um
enorme potencial de utilização por meio de sistemas de captação e conversão em outra
forma de energia (térmica, eléctrica, entre outras).

Em seu movimento de translação, o planeta terra descreve em relação à linha do equador,


uma trajectória elíptica inclinada em 23, 5º. Essa inclinação provoca variações na posição
do sol no horizonte no mesmo horário ao longo do ano, e que por consequência origina as
diferentes estações (CRESESB, 2006)

3.3.3. Definição do ângulo

O conhecimento exacto da localização do Sol, é necessário para determinar os dados de


radiação e a energia produzida pelas instalações solares. A localização do Sol pode ser
definida em qualquer local, pela sua altura e pelo seu azimute. No campo da energia solar,

11
o Sul é referido geralmente como Į = 0°. O símbolo negativo é atribuído aos ângulos
orientados a Leste (Leste: Į = - 90°) e o símbolo positivo aos ângulos orientados a Oeste
(Oeste: Į = 90°).

Representação de ângulos nas técnicas solares

Figura 2. Representação dos ângulos segundo as técnicas solares.


Fonte: PINHO et al, 2008

3.3.4. Energia Bioclimática

A energia solar bioclimática ou simplesmente arquitectura bioclimática consiste em


formas de aproveitamento da luz natural do sol, do calor, ou evitando-os, através de
soluções arquitectónicas e urbanísticas, adaptadas às condições específicas de clima e de
habitus de consumo de cada local. Para aproveitar correctamente as condições naturais, a
edificação deve ser planejada cuidadosamente, o que pode significar um alto rendimento
no aproveitamento da energia natural do sol, economizando outras formas de energia mais
sofisticadas, condiciona o projecto arquitectónico quanto a sua orientação, espacial, quanto
as dimensões de abertura das janelas e transparência na cobertura das mesmas.

3.3.5. Energia solar térmica

Neste caso, o interesse é na quantidade de energia que um determinado corpo é capaz de


absorver, sob a forma de calor, a partir da radiação solar incidente no mesmo. A utilização
dessa forma de energia implica não somente em saber captá-la, mas também em como

12
armazená-la. Os equipamentos mais difundidos com o objectivo específico de se utilizar a
energia solar térmica são conhecidos como colectores solares.

Os colectores solares são aquecedores de fluidos (líquidos ou gasosos) e são classificados


em colectores concentradores e colectores planos, em função da existência ou não de
dispositivos de concentração da radiação solar. O fluido aquecido pode ser mantido em
reservatórios termicamente isolados até o seu uso final. Os colectores concentradores estão
associados a aplicações em temperaturas superiores a 100oC, podendo alcançar
temperaturas de até 400oC para o accionamento da turbina a vapor e posterior geração de
electricidade. Já os colectores planos são utilizados fundamentalmente para aplicações
residenciais e comerciais em baixa temperatura (por volta de 60oC), tais como: água
aquecida para banho, ar quente para secagem de grãos, aquecimento de piscinas, água,
aquecida para limpeza em hospitais e hotéis, etc.

3.3.6. Energia Solar Fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica consiste na conversão directa da luz solar em energia eléctrica.
A unidade básica de conversão é a célula fotovoltaica e seu princípio de funcionamento é
explicado através do efeito fotovoltaico. Edmond Becquerel, em 1839, constatou que uma
estrutura feita de material semicondutor, ao ser submetido a uma exposição de luz
estabelecia uma diferença de potencial entre seus extremos. Essa descoberta representa um
marco na história do efeito fotoeléctrico e os avanços que o sucederam possibilitaram a
criação das primeiras estruturas semicondutoras.

3.3.6.1. Classificação dos sistemas solar fotovoltaicos


Os sistemas fotovoltaicos são classificados de acordo com à forma como é feita a geração
ou entrega da energia eléctrica em: Sistemas Isolados ou autónomos (Off-Grid); Sistemas
conectados à rede (On-Grid) e Sistemas híbridos.

13
Figura 3. Tipos de Sistemas Fotovoltaicos.
Fonte: Di Souza 2010

3.3.6.1.1. Sistemas Isolados ou autónomos (Off-Grid)

Os sistemas autónomos constituíram o primeiro campo de operação económica da


tecnologia fotovoltaica. A aplicação deste tipo de sistemas autónomos, observa-se onde o
fornecimento de energia através da rede pública de distribuição de energia eléctrica, não se
verifica por razões técnicas e/ou económicas. Nestes casos, os sistemas fotovoltaicos
autónomos podem constituir alternativas com uma vertente económica de elevado
interesse.

Este cenário vem ao encontro do grande potencial para a implementação dos sistemas
autónomos nos países em vias de desenvolvimento, onde se encontram grandes áreas que
permanecem sem fornecimento de energia eléctrica. As sucessivas evoluções tecnológicas
e a diminuição dos custos de produção nos países industrializados, poderão também
contribuir para a generalização deste tipo de aplicação.

14
No campo das pequenas aplicações solares de fornecimento de energia eléctrica, também
podemos observar consideráveis avanços: calculadoras electrónicas, relógios, carregadores
de pilhas, lanternas e rádios, são alguns dos exemplos conhecidos do uso bem-sucedido das
células solares em sistemas autónomos de reduzida dimensão.

3.3.6.1.2. Sistemas híbridos

De acordo com Pinho, Galdino (2014) Apud CRESESB (2006), os sistemas híbridos são
aqueles que possuem várias fontes de geração, sendo que elas podem ser: módulos
fotovoltaicos, geração movida a diesel ou a outro combustível (gasolina, biodiesel, gás),
aerogeradores; além disso, este sistema pode estar interligado à rede de distribuição local.
Devido à complementaridade entre as fontes, pode-se operar este sistema com poucas
interrupções de fornecimento. No entanto, este sistema apresenta desvantagens como o
custo elevado perante outros sistemas, além do complexo sistema de controlo de geração.

3.3.6.1.3. Sistemas conectados à rede (On-Grid)

Os sistemas fotovoltaicos de conexão à rede são caracterizados por estarem integrados à


rede eléctrica de distribuição da concessionária. Diferente dos sistemas isolados que
atendem a um propósito específico e local, estes sistemas também são capazes de abastecer
a rede eléctrica com energia que pode ser utilizada por qualquer consumidor da rede.

Os sistemas conectados têm uma grande vantagem com relação aos sistemas isolados por
não utilizarem baterias e controladores de carga. Isso os torna cerca de 30% mais eficientes
e também garante que toda a energia seja utilizada, ou localmente ou em outro ponto da
rede. Sistemas de conexão à rede podem ser utilizados tanto para abastecer uma residência,
comércio ou indústria, ou então simplesmente produzir e injectar a energia na rede
eléctrica, assim como uma central hidroeléctrica ou térmica.

Para residências e empresas estes sistemas também são chamados de sistemas fotovoltaicos
de autoconsumo. Se o proprietário do sistema produzir mais energia do que consome, a
energia produzida fará com que o medidor de energia bidireccional contabilize a diferença
entre a energia utilizada da rede de distribuição com a gerada pelo sistema.

 Do ponto de vista dos componentes, um sistema fotovoltaico conectado à rede é


composto por:
15
 Módulos fotovoltaicos: produzem energia eléctrica através da irradiação solar;

 String box: sistema de protecção CC;

 Inversor: transforma a tensão contínua em alternada compatível com a rede


eléctrica;

 Quadro de distribuição: sistema de protecção CA;

 Medidor de energia bidireccional: realiza a medição da energia consumida ou


gerada;

 Rede de distribuição secundária: energia fornecida pela concessionária de energia;

Por questão de segurança, todos os inversores possuem o sistema anti-ilhamento que


interrompe o fornecimento de energia ao sistema quando houver a interrupção da energia
fornecida pela rede eléctrica da concessionária de energia.

3.4. Componentes do Sistema fotovoltaico on-grid

3.4.1. Painéis ou módulos Fotovoltaicos

Segundo Carlos Alvarenga, a célula fotovoltaica é o elemento básico do módulo


fotovoltaico, sendo onde é dada a conversão da radiação solar em corrente eléctrica e que
apresentam, normalmente, a forma de disco e rectângulo e são fabricados em grande
escala, por serem pequenos.

Acrescentou, que as características especificam das células fotovoltaicas são variáveis,


tendo em conta o material usado e a área. São frágeis e produzem tensões muito baixas
(cerca de 0,5V), isso na produção individual.

O módulo fotovoltaico é o elemento principal ou base no processo de geração de energia,


tendo em conta todos os elementos do sistema. Consistindo em uma estrutura na forma de
um quadro (pode ser um rectângulo ou quadrado), geralmente feito de alumínio e um
conjunto de células fotovoltaicas ligadas entre si (electricamente) em série ou em paralelo,
sendo que para a protecção contra o tempo e possíveis impactos nas próprias, são cobertas
por um encapsulamento, normalmente de vidro, plástico ou resina de silicone mais um
encapsulante. (Carlos Alvarenga, Solenerg).

16
É importante que as células sejam protegidas da humidade do ar, para garantir a
conservação das suas características ao longo da vida útil.

Em qualquer instalação solar fotovoltaica o módulo solar fotovoltaico é a célula básica do


sistema gerador. A quantidade de módulos conectados em série irá determinar a tensão de
operação do sistema em CC. A corrente do gerador solar é definida pela conexão em
paralelo de painéis individuais ou de strings (conjunto de módulos conectados em série). A
potência instalada, normalmente especificada em CC, é dada pela soma da potência
nominal dos módulos individuais (Rüther 2004).

Segundo Rüther, relativamente a aplicações terrestres, dentre os diversos semicondutores


utilizados para a produção de células solares fotovoltaicas, destacam-se por ordem
decrescente de maturidade e utilização o silício cristalino (c-Si); o silício amorfo
hidrogenado (a-Si:H ou simplesmente a-Si); o telureto de cádmio (CdTe) e os compostos
relacionados ao disseleneto de cobre (gálio) e índio (CuInSe2 ou CIS e Cu(InGa)Se2 ou
CIGS). Neste último grupo aparecem elementos que são ou altamente tóxicos (Cd, Se, Te),
ou muito raros (Te, Se, Ga, In, Cd), ou ambos, o que inicialmente se mostrou um obstáculo
considerável ao uso mais intensivo destas tecnologias. Com relação à toxicidade, convém
mencionar que lâmpadas fluorescentes (contêm mercúrio) e telas de computador (contêm
chumbo) são classificados da mesma maneira, devendo ser descartados de forma
apropriada, o que também deverá ocorrer com painéis solares de CdTe, CIS e CIGS.

O silício, por outro lado, é o segundo elemento mais abundante na superfície terrestre
(mais de 25 % da crosta terrestre é silício), segundo Hammond, 1992, e é 100 vezes menos
tóxico que qualquer um dos outros elementos citados acima, afirma Shah, 1992.

O c-Si é a tecnologia fotovoltaica mais tradicional e a única dentre as mencionadas acima


que faz uso de lâminas cristalinas (diâmetro ~10cm tipicamente) relativamente espessas
(espessura 300 µm - 400µm), o que representa uma maior limitação em termos de redução
de custos de produção.

Todas as outras tecnologias estão baseadas em películas delgadas (filmes finos, com
espessura da ordem de 1µm) de material activo semicondutor e é neste aspecto que reside o
grande potencial de redução de custos que estas tecnologias possuem.

17
Filmes finos para aplicações fotovoltaicas, principalmente no ambiente em que é
construído, estão sendo desenvolvidos para a geração de potência eléctrica por
apresentarem baixos custos de produção decorrentes das quantidades diminutas de material
envolvido, das pequenas quantidades de energia envolvidas em sua produção, do elevado
grau de automação dos processos de produção o que se associa a grande capacidade de
produção e seu baixo custo de capital, afirmam Rüther & Livingstone, 1993.

Pelo facto da luz solar conter relativamente pouca energia, ou seja, baixa densidade
energética, da ordem de 1000W/m2 em um dia de muito sol, comparativamente as outras
fontes energéticas, painéis solares fotovoltaicos devem ter um baixo custo para que possam
produzir energia eléctrica a preços competitivos (Rüther 2004).

3.4.1.1. Características eléctricas dos módulos fotovoltaicos


Pinho e Galdino (2014), referenciarem um módulo como um dispositivo geralmente
identificado pela sua potência eléctrica de pico (Wp), mas um conjunto de características
compatíveis com a aplicação específica deve ser observado. A definição da potência de
pico de um módulo fotovoltaico é feita nas Condições Padrão de Ensaio (STC, do inglês
Standard Test Conditions), considerando irradiância solar de 1.000W/m sob uma
distribuição espectral padrão para AM 1,5 e temperatura de célula de 25°C.

Antes de citar as grandezas eléctricas utilizadas para caracterizar um módulo, deve-se


observar que a maioria destas características depende das condições de temperatura e de
irradiância solar em que as mesmas foram determinadas.

Quando um módulo está posicionado na direcção do Sol, uma tensão pode ser medida
entre os terminais positivo e negativo usando um voltímetro. A tensão observada em um
módulo desconectado é a tensão de circuito aberto (Voc). Por outro lado, ao conectar os
terminais desse módulo a um amperímetro mede-se sua corrente de curto-circuito (Isc).
Entretanto, estes dados são pouco informativos sobre a potência real do módulo.

Um dos ensaios mais completos para determinar as características eléctricas de um módulo


fotovoltaico é o traçado de sua curva característica I-V. O módulo é submetido às
condições padrão de ensaio e uma fonte de tensão variável realiza uma varredura entre uma
tensão negativa de poucos volts (em relação aos terminais do módulo) até ultrapassar a

18
tensão de circuito aberto do módulo (quando sua corrente fica negativa). Durante esta
varredura são registados pares de dados de tensão e corrente, permitindo o traçado de uma
curva característica.

3.4.1.2. Rendimento do gerador fotovoltaico


Vários parâmetros podem afectar o rendimento do conjunto de módulos solares
fotovoltaicos, também denominado gerador fotovoltaico. O principal deles é o parâmetro
radiação solar, que depende fundamentalmente da localização geográfica da instalação,
bem como de sua inclinação e orientação. A temperatura dos painéis, o sombreamento
parcial, a deficiente conexão entre painéis de uma mesma linha (que leva a perdas de
rendimento conhecidas como module mismatch losses), as resistências dos condutores e o
estado de limpeza dos painéis também influenciam a performance do sistema gerador
fotovoltaico.

Os efeitos da inclinação e orientação dos painéis no rendimento do gerador dependem da


razão entre a radiação directa e difusa locais, bem como da fracção de albedo (reflexão dos
arredores), que é característica do ambiente que circunda a instalação. Como regra geral, a
inclinação óptima com relação à horizontal para incidência solar máxima em regime anual
é dada pela latitude local. A orientação ideal é a de uma superfície voltada para o equador
(norte geográfico para instalações no hemisfério sul e sul geográfico para instalações no
hemisfério norte).

Segundo Ricardo Rüther, Van der Borg & Wiggelinkhuizen, 2001 realizaram uma extensa
análise dos efeitos da orientação de sistemas fotovoltaicos integrados a edificações,
quantificando as perdas energéticas decorrentes de orientações e inclinações não-óptimas.
A inclinação e a orientação exacta não são, no entanto, críticas, ao contrário de uma
percepção frequente de que módulos solares somente podem ser instalados em estruturas
orientadas para o norte (sul no hemisfério norte), de preferência móveis para poder seguir o
sol e que se assemelham mais a um satélite do que a um edifício. Para diversas orientações
possíveis, pode-se atingir uma incidência de mais de 95% da radiação máxima.

Estes dados são apenas válidos para uma superfície livre de obstruções. Em situações onde
sejam verificados obstáculos físicos, ou padrões climáticos diários ou sazonais anómalos,
estes parâmetros devem obviamente ser levados em consideração. É importante salientar

19
também, que placas orientadas para o leste ou oeste podem ter performance satisfatória
mesmo quando instaladas em ângulos inclinados ou na vertical, com rendimentos da ordem
de 60% em relação a uma orientação óptima, devido ao baixo ângulo do sol no início e
final do dia, isso segundo Sick e Erge, 1996, e Rüther e Kleiss, 1996.

Um gerador fotovoltaico apresenta performance óptima quando iluminado


homogeneamente. Dada a característica construtiva da maioria dos módulos fotovoltaicos,
em que as células solares individuais são conectadas em série, uma pequena sombra sobre
uma destas células, como a sombra projectada por uma antena, chaminé ou poste, pode
reduzir acentuadamente o rendimento de todo o sistema. Isto se deve ao fato de que a
célula sobre a qual incidir a menor quantidade de radiação é que irá determinar a corrente
(e, portanto, a potência) de operação de todo o conjunto a ela conectado em série. Sob
certas condições, uma célula solar parcialmente sombreada pode vir a actuar como uma
carga, o que pode levar a um aquecimento excessivo da célula e possivelmente à destruição
do módulo. Este efeito, conhecido como hotspot, pode ser evitado pela instalação de
díodos de bypass entre cada célula de um módulo, o que por outro lado leva a uma perda
de rendimento. Módulos solares de filmes finos, cujas células são normalmente tiras longas
e estreitas, são menos afectados por este fenómeno do que os mais tradicionais módulos
solares de c-Si, (Rüther 2004).

3.4.1.3. Factores que influenciam as características eléctricas dos módulos


Segundo Pinho e Galdino (2014), tal como nas células fotovoltaicas, o desempenho dos
módulos é fundamentalmente influenciado pela irradiância e pela temperatura das células.
Vamos descrever cada um dos factores da forma a seguir.

a) Efeito da irradiância solar

A corrente eléctrica gerada pelo módulo aumenta com o aumento da irradiância solar. O
gráfico 1 ilustra a variação da corrente tendo em conta a irradiância solar.

20
Gráfico 1. Variação da corrente eléctrica em função da tensão com base na variação da
irradiância para um módulo fotovoltaico de 36 células de silício cristalino a 25º C.
(Adaptado de Manual de Engenharia FV, 2014)

b) Efeito da temperatura

A incidência da radiação solar e variação da temperatura ambiente implicam uma variação


da temperatura nas células que compõem os módulos. Gráfico 2 mostra curvas I-V para
diversas temperaturas de célula, deixando evidente que ocorre uma queda de tensão
considerável com o aumento da temperatura da célula. A corrente sofre uma elevação
muito pequena o que não compensa a perda causada pela queda de tensão.

Gráfico 2. Variação da curva I-V em função da variação da temperatura das células


fotovoltaicas. (Adaptado de Manual de Engenharia FV, 2014)

21
3.4.1.4. Associação de módulos fotovoltaicos
Os módulos podem ser conectados em série e/ou paralelo, dependendo da corrente e tensão
desejadas, para formar painéis fotovoltaicos com potência desejada. Ao definir como serão
associados os módulos, é necessário ter informações de como deverá ser a instalação e
quais os componentes que serão utilizados, pois as tensões e correntes resultantes devem
ter plena compatibilidade com esses componentes.

a) Módulos fotovoltaicos conectados em série

A conexão em série é feita do terminal positivo de um módulo ao terminal negativo de


outro, e assim por diante. As caixas de conexões na sua face posterior ou cabos pré-
instalados facilitam esta conexão. Deve-se utilizar cabos e conexões específicos para uso
em sistemas fotovoltaicos, que são protegidos contra os efeitos da radiação e das
intempéries.

De maneira análoga à conexão das células fotovoltaicas, quando a ligação dos módulos é
série, as tensões são somadas e a corrente (para módulos iguais) não é afectada, ou seja:

V = V1 + V2 + … + Vn (1)

I = I1 = I2 = … = In (2)

Pinho e Galdino (2014), afirmam que tendo sido realizada a conexão série, as correntes que
fluem por cada módulo são sempre iguais entre si, mas para que a corrente não seja
afectada em relação à corrente de um módulo individual, consideram-se módulos idênticos
sob as mesmas condições de radiação e temperatura. Em caso de uma dispersão de
características eléctricas ou um sombreamento parcial, a corrente do conjunto conectado
em série é limitada pelo módulo com a menor corrente individual.

b) Módulos fotovoltaicos conectados em paralelo

A conexão em paralelo é feita unindo-se os terminais positivos de todos os módulos entre


si e procedendo-se da mesma forma com os terminais negativos. Esta conexão resulta na
soma das correntes sem alteração da tensão, ou seja:

I = I1 + I2 + …+ In (3)

22
V = V1 = V2 = … =Vn (4)

3.4.1.5. Efeitos do sombreamento


Os módulos de c-Si contêm células fotovoltaicas associadas em série. Quando uma ou
mais destas células recebe menos radiação solar do que as outras da mesma associação, sua
corrente vai limitar a corrente de todo o conjunto série. Esta redução de radiação incidente
pode ocorrer por um sombreamento parcial do módulo, depósito de sujeira sobre o vidro,
ou algo que tenha caído sobre o módulo, dentre outras possibilidades. O efeito de redução
de corrente no conjunto de células do módulo acaba sendo propagado para todos os
módulos conectados em série (Pinho e Galdino 2014).

Além da perda de potência no gerador fotovoltaico, há o risco de danos ao módulo


parcialmente sombreado, uma vez que a potência eléctrica gerada que não está sendo
entregue ao consumo é dissipada no módulo afectado, às vezes sobre apenas uma de suas
células. Neste caso pode ocorrer o fenómeno conhecido como “pontos quentes” ou
“hotspot”, que produz intenso calor sobre a célula afectada, com ruptura do vidro e fusão
de polímeros e metais (Pinho e Galdino 2014).

3.4.2. Inversores On-Grid

O dispositivo responsável pela injecção de energia na rede é o inversor grid-tie. Devido ao


seu alto grau de sofisticação, os inversores grid-tie não são comparáveis aos inversores
autónomos. Estes podem ser ligados directamente às redes de distribuição, porque possuem
controlo sobre a tensão, fase e frequência que os inversores autónomos não possuem.

23
Figura 4. Diagrama de ligação com a rede, de um SF on-grid.
Fonte: Di Souza 2010
Os inversores grid-tie são conectados à rede de duas formas:

 Directamente à rede – onde a energia é rapidamente escoada para o sistema e utilizada


pelos consumidores mais próximos.

 Através do ponto de conexão da edificação com a concessionária – onde a energia


eléctrica gerada é consumida pela própria edificação, e somente o excedente é
fornecido à rede.

Os inversores grid-tie para sistemas com potência-pico até 5 kWp são, geralmente,
monofásicos. Para sistemas de maior potência, geralmente trifásicos. Existem tanto
grandes inversores centrais trifásicos, quanto inversores monofásicos que podem ser
agrupados, formando se assim, um sistema trifásico.

Para fornecer o máximo de energia à rede, o inversor grid-tie deve operar no ponto de
máxima potência (MPP) do arranjo fotovoltaico. Como o MPP muda de acordo às
condições climatológicas, o inversor deve possuir um sistema de seguimento do ponto de
máxima potência (MPPT sigla em inglês de maximum power point tracker), que ajusta
automaticamente a tensão de entrada do inversor, de acordo à tensão MPP a cada instante.

24
Figura 5. Inversores Grid-Tie.
Fonte: Di Souza 2010

3.4.2.1. Funções do inversor grid-tie


 Converter a corrente contínua, gerada pelo arranjo fotovoltaico, em corrente alternada,
de acordo com funcionamento da rede de distribuição;

 Ajustar-se ao ponto de máxima potência (MPP) do arranjo fotovoltaico, conseguindo o


seu maior rendimento;

 Registro Operacional, guardando/transmitindo os dados durante o seu funcionamento,


através de displays, cartões de memória, transmissão directa a computador, etc.

 Possuir dispositivos de protecção em CC e CA, como por exemplo: protecção contra


curtos-circuitos (CC/CA), protecção contra inversão de polaridade, protecção contra
sobrecargas e sobre tensões, protecção para a conexão com a rede.

3.4.2.2. Classificação e Tipos de Inversores Grid-Tie


De acordo ao seu modo de operação, os inversores grid-tie podem ser classificados em
inversores controlados pela rede e inversores autocontrolados.

3.4.2.2.1. Inversores Controlados pela Rede

O inversor controlado pela rede utiliza a frequência e tensão da rede. Se houver uma queda
na rede, o inversor desliga-se automaticamente, o que faz com que esse tipo de inversor
não possa funcionar de modo autónomo. Durante o seu funcionamento são gerados pulsos
de corrente de onda quadrada, por isso este tipo de inversor também é chamado de inversor
de onda quadrada.

25
Figura 6. Formato da tensão e da corrente de um inversor controlado pela rede.
Fonte: Di Souza 2010

3.4.2.2.2. Inversores autocontrolados

Nos inversores autocontrolados são utilizados dispositivos semicondutores que podem ser
ligados e desligados, em um circuito em ponte. De acordo ao nível de tensão e desempenho
do sistema, podem ser utilizados os seguintes componentes:

 MOSFET (Transístores de efeito de campo de semicondutor de óxido metálico);

 Transístores bipolares;

 GTO (Tiristor de Desligamento Pela Porta – até 1kHz);

 IGBT (Transistor bipolar de porta isolada);

Através do princípio de modulação por largura de pulso, estes componentes electrónicos


conseguem reproduzir muito bem uma onda senoidal. Através do chaveamento rápido do
estado dos componentes em frequências em torno de 10-100kHz, são formados pulsos,
com duração e espaçamento semelhantes aos de uma onda senoidal. Após o uso de um
filtro passa-baixa, teremos um sinal eléctrico compatível com a rede.

Os inversores autocontrolados são adequados, a princípio, para sistemas fotovoltaicos


autónomos. Se forem conectados à rede, a frequência da potência injectada deve ser
sincronizada com a da rede, gerando os pulsos de chaveamento de acordo com essa
frequência.

26
Os inversores autocontrolados são divididos em Inversores Autocontrolados com
Transformador de Baixa Frequência (LF), Inversores com Transformadores de Alta
Frequência (HF) e Inversores sem Transformadores.

3.4.2.2.2.1. Inversores autocontrolados com transformador de baixa frequência


(LF)
Nos inversores autocontrolados e nos inversores controlados pela rede, podem ser
utilizados transformadores de baixa frequência (LF) – 50Hz para ajustar a tensão de saída
com a tensão da rede. O campo magnético do transformador isola electricamente o circuito
CC do circuito CA.

Devido ao isolamento, o inversor permite que o arranjo fotovoltaico forneça tensões


menores, torna desnecessário o aterramento conjunto do inversor e do arranjo fotovoltaico
e reduz interferências electromagnéticas.

As desvantagens são aumento da perda de potência e do tamanho e peso do inversor,


fazendo com que alguns fabricantes utilizassem transformadores menores ou os
eliminassem por completo.

3.4.2.2.2.2. Inversores com Transformadores de Alta Frequência (HF)


Utilizando transformadores em alta frequência – 10-50kHz, conseguem-se menores
tamanhos, menores perdas, menor peso e menor custo. Entretanto, o circuito deste tipo de
inversor é mais complexo, fazendo com que a diferença de preço não seja tão significativa.

3.4.2.2.3. Inversores sem Transformadores

Para potências menores, temos os inversores sem transformadores, cujas vantagens são:
tamanho, peso, perdas e custo. Neste tipo de inversor, a tensão de entrada deve ser maior
que a tensão de pico da rede, ou deve ser elevada através de um conversor CC/CC,
geralmente integrado ao circuito do inversor que, infelizmente aumentam as perdas
energéticas, diminuído a vantagem de não possuir o transformador. Como não possuem
isolamento eléctrico, necessitam de severas medidas de segurança na sua instalação,
exigindo a instalação de dispositivos de protecção contra corrente residual, tanto do lado
CC, quanto no lado CA. Deve-se observar que, durante o funcionamento dos sistemas
fotovoltaicos com inversores sem transformador, formam-se correntes residuais capacitivas

27
de mais de 30mA entre os módulos e a terra, o que inviabiliza o uso de Interruptores
Diferenciais Residuais (IDR) comuns, que desconectam em 30mA.

3.4.2.3. Comparação entre os tipos de inversores


Tabela 1. Comparação entre os tipos de inversores

Com Transformador Sem Transformador


Características Tensões de entrada e saída Tensão do arranjo PV deve
electricamente isoladas. ser maior que a da rede (ou
Muito difundido usar Conversor CC/CC)
A maioria dos inversores A maioria dos inversores
centrais de fileira.
Vantagens Pode trabalhar com tensões Maior eficiência (se não
reduzidas na entrada (V < tem conversor CC/CC)
120 V) Menor peso
Menores interferências Menor volume
electromagnéticas Instalação CC menor, (para
Não necessita de ligação os inversores de fileiras e
equipotencial ao ponto de de módulos CA)
aterramento do arranjo PV
Desvantagens Perdas no transformador Uso de dispositivos de
Maior peso protecção adicionais
Maior volume Flutuação do ponto de
funcionamento
Instalação completa com
Protecção Classe II
Maiores interferências
electromagnéticas
Fonte: Di Souza 2010

28
3.4.2.4. Características dos Inversores Grid-Tie
A tabela 2 demonstra as características que costumam aparecer nas tabelas de dados dos
inversores grid-tie, e são de extrema importância na hora de escolher o melhor dispositivo
para determinado sistema fotovoltaico.

Tabela 2. Características dos Inversores Grid-Tie

Parâmetro Símbolo Unida Descrição


de
Potências
Potencia nominal CC Pn DC W Potência fotovoltaica para a qual o
inversor foi dimensionado
Potencia máxima fotovoltaica PDCmax W Máxima potência fotovoltaica que
o inversor aceita
Potência Nominal CA Pn AC W Potência CA que o inversor pode
fornecer de modo contínuo
Máxima Potência CA PAC max W Máxima potência em CA que o
inversor pode fornecer por tempo
limitado
Eficiência Parcial η5% % Eficiência parcial com 5% da
potência CC nominal.
Η10% % Eficiência parcial com 10% da
potência CC nominal
Η20% % Eficiência parcial com 20% da
potência CC nominal
Η30% % Eficiência parcial com 30% da
potência CC nominal
η50% % Eficiência parcial com 50% da
potência CC nominal
Η100% % Eficiência parcial com 100% da
potência CC nominal

29
Η110% % Eficiência parcial com 110% da
potência CC nominal
Eficiência por diferença de ΔηT %̸C Redução da eficiência por
temperatura temperatura ambiente acima de
25°C.
Factor de Potência Cos φ Factor de controlo da potência
relativa, que dever ser maior que
0,9.
Potência de activação PON W Potência fotovoltaica para ligar o
inversor.
Potência de desativação POFF W Potência fotovoltaica onde o
inversor é automaticamente
desligado
Potência em Stand By PSTAND W Energia (da rede) consumida pelo
BY inversor em modo de espera, antes
de entrar no modo nocturno.
Potência nocturna PNIGHT W Energia (da rede) consumida pelo
inversor em modo nocturno.
Tensões
Tensão CC Nominal VnDC V Tensão fotovoltaica para a qual o
inversor foi desenvolvido.
Faixa de Tensões MPP VMPP V Intervalo de tensões de entrada
onde o inversor segue o ponto de
máxima potência
Tensão CC Máxima VDCmax V Tensão fotovoltaica máxima que o
inversor suporta.
Tensão de desligamento VDCof V Mínima tensão fotovoltaica para a
qual o inversor ainda opera
Faixa de Tensão CA VAC V Faixa de tensão da rede em que o
inversor opera, se ajustando

30
automaticamente.
Tensão CA Nominal VnAC V Tensão nominal do inversor, que
para os padrões europeus é 230V
Correntes
Corrente CC Nominal InDC A Corrente fotovoltaica para a qual o
inversor é dimensionado.
Corrente DC Máxima IDCmax A Máxima corrente fotovoltaica que
o inversor suporta na entrada
Corrente CA Nominal InAC A Máxima corrente que o inversor
injecta na rede de distribuição de
modo contínuo
Corrente CA Máxima IACmax A Injectada na rede em curto período
Factor de Distorção K % Factor de qualidade da corrente
Harmónica e/ou tensão injectada na rede.
Calculada a parir da razão entre o
valor RMS das componentes
harmónicas e a fundamental. Deve
ser inferior a 5%.
Fonte: Di Souza 2010

3.4.3. Equipamentos auxiliares

Um sistema fotovoltaico é constituído por mais equipamentos para além dos painéis
fotovoltaicos e inversores. No presente trabalho faremos apenas uma breve descrição dos
equipamentos que aparecem na caixa de junção, condutores e das estruturas de suporte e
ancoragem

3.4.3.1. Caixa de junção


Essas caixas terão em seu interior todos os elementos de protecção das fileiras e módulos
nomeadamente:

 Díodos de desvio

 Díodos de bloqueio

31
 Fusíveis

 Equipamento de protecção AC

3.4.3.1.1. Díodo de desvio ou bypass

Para evitar a ocorrência de “pontos quentes”, os módulos são normalmente protegidos com
díodos de desvio (bypass), que oferecem um caminho alternativo para a corrente e, assim,
limitam a dissipação de potência no conjunto de células sombreadas. Isso reduz
simultaneamente a perda de energia e o risco de dano irreversível das células afectadas, o
que inutilizaria o módulo (Pinho e Galdino 2014).

Os díodos de desvio são geralmente inseridos nas caixas de conexões dos módulos e
conectados em antiparalelo com um conjunto de células em série, entre 15 e 30 células
para cada díodo. O díodo de desvio deve suportar, em operação permanente, a mesma
corrente das células. A protecção ocorre porque, com o díodo de desvio, a máxima
potência dissipada sobre uma das células seria a potência do conjunto que o díodo envolve
(Pinho e Galdino 2014).

3.4.3.1.2. Díodo de bloqueio

O díodo de bloqueio é outro componente de protecção usado em conexões de módulos em


série, paralelo ou conjunto de módulos e tem a função de impedir o fluxo de corrente de
um conjunto série com tensão maior para um com tensão menor. Em sistemas que utilizam
armazenamento, o díodo de bloqueio também pode ser utilizado para impedir descargas
nocturnas das baterias, pois à noite os módulos podem conduzir uma corrente reversa, que,
apesar de pequena, contribui para a descarga das baterias.

3.4.3.1.3. Fusíveis de protecção da série fotovoltaica

O fusível fotovoltaico é um componente de protecção que tem a função de proteger a série


fotovoltaica do fluxo de corrente reversa de um conjunto série com tensão maior para um
com tensão menor. Deve ser dimensionado para correntes menores que a corrente reversa
suportável pelo módulo (Pinho e Galdino 2014).

32
Os fusíveis devem ser colocados na saída de cada série tanto no polo positivo quanto no
polo negativo. O fusível deve ser para corrente contínua, que é apropriado para operação
em sistemas fotovoltaicos pois apresenta alta durabilidade (Pinho e Galdino 2014).

Ao longo dos anos, vem se observando que os díodos de bloqueio apresentam alto índice
de falhas, prejudicando o desempenho do sistema. O fusível fotovoltaico é um componente
de protecção que pode substituir o díodo de bloqueio (Pinho e Galdino 2014).

3.4.3.1.4. Equipamento de protecção AC

3.4.3.1.4.1. Disjuntores
Os disjuntores são aparelhos de protecção contra sobreintensidades, que podem voltar a ser
rearmados depois de dispararem. Isolam automaticamente o sistema fotovoltaico da rede
eléctrica, caso ocorra uma sobrecarga ou um curto-circuito. Estes dispositivos automáticos
são frequentemente usados como interruptores AC.

3.4.3.1.4.2. Disjuntores diferenciais


Os disjuntores diferenciais são aparelhos de protecção sensíveis à corrente residual
diferencial. Estes dispositivos “observam” a corrente que flui nos condutores de ida e de
retorno do circuito eléctrico. Caso a diferença entre ambas correntes ultrapasse os 30mA,
estes actuam isolando o circuito em menos de 0,2 segundos. Este dispositivo disparará se
ocorrer uma falha de isolamento, um contacto directo ou indirecto

3.4.3.2. Condutores
A fiação do sistema é o que interliga seus componentes, promovendo o fluxo de energia
entre eles, para que seja possível que se utilize a energia solar em forma de energia
eléctrica.

As especificações dos tipos de cabos a serem utilizados vão depender de qual for a
variação de painel solar a ser instalado. Deve-se levar em conta também as distâncias entre
os componentes do sistema, sabendo que há uma distância máxima permitida entre dois
pontos a serem conectados que, quando ultrapassada, provoca uma queda de tensão que
minimiza a eficiência do sistema. Assim, vale lembrar que o indicado é sempre buscar
situar os componentes nas menores distâncias possíveis, para minimizar as perdas
energéticas durante o trajecto.

33
3.4.3.2.1. Sistemas de ligação

A ligação dos cabos de fileira e outras ligações eléctricas DC, devem ser levadas a cabo
com extremo cuidado. As fracas qualidades dos contactos eléctricos podem levar ao
aparecimento de arcos e, consequentemente, ao aumento do risco de incêndio.
Normalmente são usados quatro sistemas de ligação.

A) Cabos de módulo ou de fileira

Para a instalação eléctrica de um sistema fotovoltaico, apenas devem ser usados cabos que
cumpram os requisitos para esta aplicação. Antes de mais é necessário distinguir entre os
cabos de módulo ou de fileira, cabo principal DC e cabo do ramal AC.

Designam-se por “cabos de módulo” ou “cabos de fileira”, os condutores que estabelecem


a ligação eléctrica entre os módulos individuais de um gerador solar e a caixa de junção do
gerador. Estes cabos são geralmente aplicados no exterior. Com o objectivo de garantir
protecção contra a ocorrência de falhas de terra, bem como de curto-circuitos, os
condutores positivos e negativos não podem ser colocados lado a lado no mesmo cabo. A
experiência tem demonstrado que os cabos monocondutores com isolamento duplo são a
melhor solução, oferecendo uma elevada segurança.

B) Ligadores de aperto por parafuso

Para se ligar cabos flexíveis de fios entrançados aos ligadores de parafuso, são usadas
terminações metálicas com mangas de protecção.

C) Terminais de orelha

A ligação dos terminais de poste é efectuada com terminal com orelha, que estão presas
entre a porca e o parafuso.

D) Ligadores de acoplamento por mola

Nas caixas de junção que usam ligadores de mola, os cabos podem ser presos em
segurança sem serem necessárias terminações metálicas.

E) Cabo principal ou Cabos de módulo DC

34
Este é o cabo que realiza a ligação entre a caixa de junção do gerador e o inversor. Estes
cabos são sensíveis à radiação ultravioleta e, por esse motivo, o mais indicado é que a
caixa de junção seja instalada em ambientes internos. Caso não haja essa opção, há a
necessidade de entubar estes cabos para protegê-los de serem danificados.

F) Cabo de ligação ou Cabo do ramal AC

O cabo de ligação de corrente alternada liga o inversor à rede receptora, através do


equipamento de protecção. No caso dos inversores trifásicos, a ligação à rede de baixa
tensão é efectuada com um cabo de cinco pólos. Para os inversores monofásicos é usado
um cabo de três pólos.

3.4.3.3. Estruturas de Suporte e Ancoragem


Tão importante quanto os módulos fotovoltaicos, são as estruturas que os contêm. O mau
funcionamento dos suportes faz cair por terra o investimento nesta tecnologia.

a) Suportes para telhado

Para fixar os módulos em telhado, é necessário instalar um perfil de suporte que pode ser
fixado nas telhas. O perfil de suporte será dimensionado e posicionado aos módulos que
comporão o painel fotovoltaico, por isso a fase de medição dos espaços disponíveis é uma
etapa importante durante a concepção do projecto.

Nas estruturas em telha do inclinado, principalmente os de telhas de argila, não é


recomendável a utilização de ajustes para corrigir a inclinação, que tornam a instalação
mais difícil, pois o suporte deverá suportar cargas de vento maiores. Além disso, o
esforço extra no telhado pode ser perigoso, se este não for suficientemente forte para
suportá-lo. O melhor seria arquitectar o telhado com a devida orientação e inclinação ,mas
isso só é possível na fase de projecto da edificação. Depois de pronta, se não há
necessidade de reformas, um ajuste para a instalação do sistema fotovoltaico pode
inviabilizar o projecto.

35
Figura 7. Módulos montado sobre o perfil de suporte.
Fonte: Di Souza 2010

b. Suportes Para Instalação Em Plano Horizontal

A construção do painel fotovoltaico no chão ou cobertura permite maior flexibilidade


quanto à orientação e inclinação. É escolha para grandes instalações, onde alguns cuidados
devem ser tomados, principalmente quanto ao sombreamento que pode ser prejudiciais as
células fotovoltaicas.

Para instalações no chão, o painel deverá ter uma altura mínima de 30cm do chão, para
evitar o sombreamento causado pelo crescimento de ervas, ou a sujeira na base dos
módulos mais baixos, causada pela chuva. Esses cuidados são especialmente importantes
para os sistemas instalados em localidades remotas. Para painéis montados em cobertura a
altura mínima recomendável é de 5cm. Isto é para permitir o escoamento das águas da
chuva e a quebra da força do vento em duas componentes, o que diminui a carga do vento
sobre o painel.

36
Figura 8. Suporte para instalação em plano horizontal.
Fonte: Di Souza 2010

c. Suporte em Forma de Mastro

Os mastros comportam bem os sistemas de rastreamento solar, que só são rentáveis nos
grandes sistemas.

No caso de pequenos sistemas dentro de uma zona tropical, mesmos as residências, o uso
de um suporte em mastro permite a mudança manual da inclinação e orientação pelos
técnicos responsáveis pela manutenção

Figura 9. Painel fotovoltaico com sistema de rastreio solar.


Fonte: Di Souza 2010
3.5. Configurações e Conceitos

37
Para concepção de projectos de sistemas fotovoltaicos on-grid deve-se ter em conta alguns
conceitos tais como:

3.5.1. Sistemas com Inversor Central

Nos sistemas com inversor central, um único inversor toma conta do arranjo fotovoltaico.
Podem ser classificados de acordo a forma como o inversor (ou inversores) é integrado ao
projecto

a) Sistema com baixa tensão de entrada (<120 VCC)

São utilizados inversores com transformador. As correntes eléctricas são maiores, mas as
tensões são menores. Por possuírem fileiras com menos módulos, são menos prejudicados
pelos sombreamentos parciais. Devido à grande quantidade de fileiras em paralelo, tem
maiores perdas de corrente e demandam cabeamento com maior secção transversal.

Figura 10. Sistema com Inversor central com transformador.


Fonte: Di Souza 2010

b) Sistemas com Alta Tensão de Entrada (>120 VCC)

São utilizados inversores sem transformador. As tensões são maiores, com maior risco de
choque eléctrico. As correntes são menores, o que reduz as perdas por efeito Joule e a
bitola dos cabos.

38
Este tipo de configuração sofre mais com os sombreamentos parciais, pois as fileiras são
muito longas, e caso um módulo venha a receber sombra, uma parcela muito grande da
potência do painel deixa de ser gerada (a fileira inteira pode funcionar abaixo do esperado)

Figura 11. Sistema com alta tensão de entrada (120 VCC).


Fonte: Di Souza 2010

c) Sistema Mestre-Escravo (Master-Slave)

No caso de sistemas grandes, é possível o uso de vários inversores que entram em


funcionamento de acordo ao nível de Irradiância Solar. Um dos inversores está ligado o
tempo todo e, à medida que aumenta o potencial solar, activa os demais inversores, que
também são desactivados em caso de baixa Irradiância. Para evitar o excessivo desgaste de
apenas um inversor, acontece automaticamente um revezamento de qual inversor é o
mestre.

39
Figura 12. Sistema com configuração master-slave.
Fonte: Di Souza 2010

3.5.2. Sistemas de Grupos de Módulos

No caso de arranjos com painéis de diferentes orientações, inclinações ou sombreamentos


parciais, é recomendável o uso de um inversor para cada grupo, o que permite um melhor
aproveitamento das condições de irradiação. As principais vantagens desse tipo de sistema
são listadas a seguir:

 Omissão da caixa de junção PV

 Omissão do cabo principal DC

 Redução no cabeamento para as ligações em série

Os inversores são instalados, geralmente, próximos aos painéis. Devido a isso devem ter
alto grau de protecção. Mesmo considerando-se essa protecção, as condições climáticas
mais adversas podem causar falhas e diminuir a vida útil dos inversores. Por isso é
recomendável que sejam instalados em local protegido da radiação solar directa e de outras
intempéries.

40
A utilização de inversores de grupos de módulos facilita a instalação dos sistemas
fotovoltaicos e reduz, em certos casos, os custos de instalação.

Sistemas até 3 kWp são, em sua grande maioria, concebidos no conceito de grupos (ou
cadeias) de módulos, utilizando inversores de fileiras (string-inverters).

Figura 13. Sistemas de Grupos de módulos.


Fonte: Di Souza 2010

3.5.3. Sistemas com Módulos CA

Nesse tipo de sistema é utilizado um inversor para cada módulo conforme indica a figura
14, constituindo um módulo CA, já disponível no mercado. Existem inversores de tamanho
reduzido o bastante para caber na caixa de conexão do módulo. Cada módulo tendo seu
próprio inversor permite que trabalhem em seu ponto de máxima potência
individualmente, o que não acontece em outras configurações. Outra vantagem está na
modularidade, que permite uma expansão do sistema que em outros conceitos não seria tão
simples. Como desvantagem dos módulos CA, podemos citar a menor eficiência dos
micro-inversores em relação aos de grupos de módulos e seu preço ainda

41
proporcionalmente superior ao dos inversores convencionais. Esse conceito é
interessante para o caso de sistemas fotovoltaicos integrados à arquitectura em que são
mais comuns os sombreamentos parciais.

Figura 14. Sistemas com módulos CA (Di Souza 2010)

42
CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO
4.1 Área de estudo

A Padaria Espiga d'Ouro está localizada na província de Maputo, na cidade da Matola e é


pertencente ao grupo Premier Group. Começou as suas actividades em 2017 com
capacidade de produzir 2.5 milhões de pães por dia em 4 linhas de produção, onde 2 linhas
de produção são para pães caseiros, 1 para pães de forma e uma para pães de hambúrguer.
Na altura da recolha de dados havia 1 linha de produção que não estava a operar que era
destinada a produção de um pão denominado Matolinha.

Actualmente a empresa emprega cerca de 3100 trabalhadores e está a 70% da sua


capacidade total de produção e gasta 7.9 MW̸ano de energia proveniente da EDM, na linha
de produção.

43
CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
5. Dimensionamento do SF

A vulgarização dos processos de montagem de SF em habitações e em indústrias leva


naturalmente à necessidade do correcto dimensionamento desses sistemas. Um correcto
dimensionamento de um SF deve levar em conta a robustez, a facilidade de instalação, de
manutenção e o posicionamento dos módulos fotovoltaicos para se obter uma melhor
captação da irradiação.

Neste subcapítulo far-se-á uma análise exaustiva dos componentes de dimensionamento.

O sistema de geração de energia eléctrica fotovoltaico proposto tem como objectivo


abastecer o sistema eléctrico de uma indústria panificadora, tendo como foco principal o
suprimento eléctrico de potência máxima requerida.

Para o dimensionamento do SF primeiro deve-se obter o consumo médio diário dividindo o


consumo anual pela quantidade de dias do ano. Como no caso da padaria consumo anual
médio foi de 7.9MW̸ano, divide-se esse valor por 365 dias, assim obtendo o valor de
consumo médio de E = 216,2kWh por dia.

5.1. Potência Nominal do SF

Para determinar a área ou a quantidade de módulos necessários para suprir a demanda de


energia da padaria, deve-se calcular a potência nominal (gerada a partir da radiação solar)
necessária para atender ao consumo médio diário. Pode-se interpretar este cálculo como
uma maneira de demonstrar aproximadamente a capacidade da edificação em manter-se
auto-suficiente, ou seja, a capacidade do estabelecimento em operar somente utilizando a
energia solar independente da energia da rede eléctrica pública.

Os cálculos realizados no item presente têm por referência Urbanetz, 2013. Para o
dimensionamento da potência nominal do SF utiliza-se a Equação 1:

𝐸×𝐺
𝑃𝐹𝑉 = 𝐻 (1)
𝑇𝑂𝑇 ×𝑃𝑅

216,2 × 1
𝑃= = 57.7𝐾𝑊𝑝
5 × 0.75

44
Onde:

PFV: Potência do sistema fotovoltaico (kWp);

E: Consumo médio diário durante o ano - 216,2kWh/dia;

G: Irradiância nas condições padrão de teste -1 kW/m2;

HTOT: Irradiação solar incidente no plano dos módulos fotovoltaicos- 5kWh/m2*dia;

PR: Taxa de desempenho do SFCR, tipicamente 75%.

Um dado muito importante é o índice de irradiação, que de acordo com o instituto nacional
de meteorologia (INEM), é de 5kWh/m2/dia.

Outro dado que deve-se considerar é o rendimento do sistema, valor esse que depende de
vários factores como:

 Eficiência do inversor

 Perdas nos cabos CC e CA;

 Perdas nas conexões

 Perdas por causa de sujeira e temperatura

 Disponibilidade do sistema

 Diferenças entre os valores nominais e reais do módulo

Considerando todas essas perdas, que são de aproximadamente 25%, o rendimento do SF


que será adoptado nesse estudo será de 75%. Desta forma, é necessária uma geração solar
da ordem de 57,7kWp para suprir as necessidades diárias de consumo da padaria.

5.1.1. Determinação da Quantidade de Módulos

O módulo fotovoltaico escolhido para este projecto é da SUNCECO composto por silício
policristalino e tem uma potência máxima de 320Wp, cuja folha de dados com as
especificações técnicas encontra-se no Anexo.

45
Para a determinação da área total ocupada pelos módulos, se faz necessário conhecer a
eficiência do módulo fotovoltaico. O módulo escolhido apresenta eficiência de 16,49%,
assim utilizando a Equação 2, tem-se:

𝑃𝐹𝑉
𝐴𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 = (2)
𝑃𝑓𝑓

𝐴 = 349,6𝑚2

Onde:

Atotal: Área total de módulos (m2);

PFV: Potência do sistema fotovoltaico- 57.7kWp);

Eff: Eficiência do módulo- 16.49%

Portanto, a área total necessária e ocupada pelos módulos é de 349,6m2. Para achar a
quantidade de módulos, basta utilizar a Equação 3:

𝑃𝑓𝑣
𝑄𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 𝑝 (3)
𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

𝑄 = 180,1 ≈ 181𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

Onde:

Qmódulos: Quantidade de módulos necessária para gerar a PFV;

PFV: Potência do sistema fotovoltaico- 57.7kWp;

Pmódulo: Potência de um módulo fotovoltaico-320Wp

Então, são necessários 181 módulos para suprir a demanda de energia da padaria, e são
acrescentados 8 módulos para suprir as perdas. No total serão 189 módulos

5.1.2. Determinação do Inversor de Frequência

Segundo Barros, 2011, para determinar o inversor, deve-se basear na potência nominal do
sistema fotovoltaico, ou seja, 57,7kWp. É admissível que o intervalo de potência do
inversor para determinado sistema fotovoltaico seja determinado pela Equação 4:

0.7*PSF < PINV > 1.2*PSF (4)

46
40.39< PINV > 69.24

Onde:

PSF: Potência do SF- 57.7kWp

PINV: Potência do inversor em kWp

Porém, se a potência do inversor for menor que a potência do intervalo, será necessário
mais de um inversor, para suprir a demanda do sistema. Segundo Collar, et al, 2012,
também deve-se considerar outros pontos para especificar o inversor, tais como:

 A tensão de entrada do inversor deve ser superior à tensão de circuito aberto do


arranjo fotovoltaico;

 A temperatura de operação;

 Possuir o MPPT

O inversor dimensionado foi o inversor da vitronics controls. Dentre os modelos


pertencentes a essa linha foi escolhido o VCS20kGTI, pelos seguintes motivos: é o
inversor que se adequa a faixa de potência dos módulos. As informações adicionais
referentes ao inversor escolhido estão no Anexo.

5.2. Número de módulos em série

Para o dimensionamento do inversor a quantidade de módulos ligados em série deve ser tal
a garantir que a tensão da fileira esteja próxima à tensão nominal do inversor. Dessa forma
a razão é determinada pela Equação 5:

𝑉
𝑁𝑚 = 𝑉𝐼𝑁𝑉 (5)
𝑚𝑚

𝑁𝑚 = 21,26 ≈ 21𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒

Onde:

Nm: Número de módulos em série;

47
Vinv: Tensão nominal do inversor- 800V

Vmm: Tensão máxima do módulo- 37.62V

5.2.1. Tensão de circuito aberto do arranjo

Após calcular o número de módulos ligados em série, será necessário calcular a tensão de
alimentação do inversor com a tensão de circuito aberto através da Equação 6:

Vca= Nm* Vcam (6)

Vca= 941,64V

Onde:

Vca: Tensão de circuito aberto do arranjo;

Nm: Número de módulos em série- 21 módulos;

Vcam: Tensão de circuito aberto do módulo- 44.84V

5.2.2. Potência do conjunto de módulos

A potência do conjunto de módulos é dada pela fórmula 7:

Pcm= Nm* Pm (7)

Pcm=6720W

Onde:

Pcm: Potência do conjunto de módulos;

Nm: Número de módulos em série- 21 módulos;

Pm: Potência do módulo- 320Wp.

5.2.3. Número de arranjos

O número de arranjos dos módulos para ligação em um inversor é dado pela equação 8:

𝑃
𝑁𝑎𝑖𝑛𝑣 = 𝑝𝑖𝑛𝑣 (8)
𝑐𝑚

𝑁𝑎𝑖𝑛𝑣 = 3.27 ≈ 3 𝑎𝑟𝑟𝑎𝑛𝑗𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟

48
Onde:

Nainv: Número de arranjos por inversor;

Pinv: Potência do inversor- 22000W;

Pcm: Potência do conjunto de módulos- 6720W

5.2.4. Corrente de curto-circuito do arranjo

Após determinado o número de arranjos dos módulos, é necessário a verificação da


corrente de curto-circuito do arranjo, de acordo com a Equação 9:

Ccca= Nainv*Cccm (9)

Ccca= 28,55A

Onde:

Ccca: Corrente de curto-circuito do arranjo;

Nainv: Número de arranjos por inversor- 3 arranjos por inversor;

Cccm: Corrente de curto-circuito do módulo- 9,515A.

5.2.5. Número de inversores

Por fim calcula-se número de inversores necessários para suportar os módulos a partir da
fórmula 10:

𝑁
𝑁𝑖𝑛𝑣 = 𝐶 𝑡𝑚 (10)
𝑐𝑐𝑚

𝑁𝑖𝑛𝑣 = 3𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟

Onde:

Ninv: Número de inversor;

Ntm: Número total de módulos- 189 módulos;

Cccm: Número de módulos por arranjo- 63 módulos.

49
5.3. Dimensionamento da caixa de junção

5.3.1. Cabos CC dos arranjos

O dimensionamento dos cabos CC dos arranjos deve considerar a corrente máxima que
circula no cabo. Segundo Barros, 2011, o cabo do arranjo deve ser dimensionado para
suportar uma corrente 1,25 vezes maior que a corrente de curto-circuito do sistema. De
acordo com a folha de dados do módulo, a corrente de curto-circuito (Isc) é de 9.515A,
logo o valor da corrente para este projecto será calculado pela Equação 11:

ICABOCC=Ics*1,25 (11)

ICABOCC=11,89A

Onde:

ICABOCC: Corrente máxima que circula no condutor

Isc: Corrente de curto-circuito do módulo- 9.515A ;

Pode-se calcular a secção do cabo através da Equação 12:

2×𝐿𝑚×𝐼𝑓𝑖
𝑆𝑐𝑐𝑓 = (12)
0.01×𝑈𝑚𝑝𝑝×𝐾

𝑆𝑐𝑐𝑓 = 3,847mm

Onde:

Sccf: Seção do cabo em mm;

Lm: Comprimento do cabo do arranjo em metros-100m;

Ifi: Corrente do arranjo em Ampére- 8,51A;

Umpp: Tensão do arranjo em volts- 790V;

K: Condutividade eléctrica (cobre KCU = 56);

5.3.2. Fusíveis e fileira

Para proteger os módulos e os cabos dos arranjos das sobrecargas, pode-se instalar
fusíveis. Segundo as informações técnicas, a ocorrência de um curto-circuito em um ou

50
mais módulos do arranjo de módulos pode ocasionar a corrente reversa. Em casos
extremos, a soma das correntes de curto-circuito dos arranjos não afectados podem fluir
pelo arranjo defeituoso ao invés de fluírem pelo inversor. A esse fenómeno é dado o nome
de corrente reversa. Como consequências desse problema pode-se citar superaquecimento
e possível danificação de outros módulos do arranjo.

O inversor seleccionado nesse estudo possui 5 entradas para a conexão dos circuitos, ou
seja, é possível conectar até 5 conjuntos de módulos ligados em série. Para a protecção do
circuito o inversor possui uma porta fusível onde é possível fazer a protecção individual de
cada circuito. De acordo com a folha de dados do módulo escolhido, o fusível deve ser de
15A.

5.3.3. Cabo CC Principal

O cabo CC principal deve ser dimensionado para suportar a corrente máxima produzida
pelo SF, esse cabo faz a conexão entre os cabos dos arranjos após o paralelo e o inversor.
De acordo com Barros, 2011, o cabo principal CC deve ser calculado para suportar 1,25
vezes a corrente de curto-circuito do SF.

A corrente de curto-circuito do SF é determinada pela corrente de curto-circuito do módulo


(folha de dados) multiplicado pelo número de arranjos.

Portanto, de acordo com a Equação 13:

IMAX=𝐼𝐶𝐶𝐹𝑉 × 𝑁𝑎𝑖𝑛𝑣 × 1,25 (13)

IMÁX=35.68A

Onde:

 Imáx: Corrente de dimensionamento do cabo em Ampére;

 Iccfv: Corrente de curto-circuito do SF 9.515A.

 Nainv: Número de arranjos- 3arranjos

51
5.3.4. Disjuntor do Cabo CC Principal

A utilização do disjuntor instalado no circuito principal CC permite que o SF seja isolado


do inversor para que seja possível realizar um trabalho de manutenção ou também na
ocorrência eventual de alguma falha. Os disjuntores devem ser dimensionados seguindo as
Equações 14 e 15:

𝐼𝑁 ≤ 𝐼𝐷 ≤ 𝐼𝑀Á𝑋 (14)

𝐼𝑆𝐶 × 1,5 < 𝐼𝐷 < 𝐼𝑆𝐶 × 2 (15)

42,9 < ID < 57,09

Onde:

 IN: Corrente nominal do circuito;

 Id: Corrente nominal do disjuntor;

 Imáx: Corrente máxima permitida no condutor;

 Isc: corrente de curto-circuito do módulo multiplicado por número de arranjos-


28.545A.

O disjuntor específico deve ser bipolar para redes CC de 50A.

5.3.5. Dimensionamento do Cabo CA

O dimensionamento do cabo CA deve ser elaborado com base na corrente máxima de saída
do inversor (lado CA), este dado é encontrado na folha de dados do inversor. No inversor
seleccionado, a corrente máxima de saída no lado CA é de 29A e deve ser adoptado um
factor de segurança de 25%.

5.3.6. Dimensionamento do Disjuntor do Lado CA

O dimensionamento do disjuntor do lado CA é feito de acordo com a corrente máxima de


saída do inversor (lado CA), que segundo o fabricante é 29A. Para a protecção do circuito
de corrente alternada do nosso estudo, será adoptado um disjuntor de 40A pois se
adoptarmos um disjuntor de 32A, o mesmo poderia desarmar pois a capacidade do
disjuntor pode ser reduzida por factores como:

52
 Temperatura ambiente de funcionamento;

 Redução por carga permanente (> 1 hora);

 Disposição dos disjuntores no quadro (dificuldade de refrigeração).

5.4. Esquema de Ligação

No anexo encontraremos o esquema de ligação a instalação unifilar e multifilar proposta


para a padaria.

53
Tabela 3- componentes do dimensionamento do SF e suas quantidades

Equipamento Quantidade Unidade Preço unitário (mt) Total (mt)


Modulo 189 UN 10500 1984500
Inversor 3 UN 21000 63000
String Box CC/CA 3 UN 2000 6000
Disjuntor tripolar 6 UN 2000 12000
Disjuntor geral de entrada 1 UN 2500 2500
Solar perfil alumínio 189 UN 1000 189000
Solar terminal final 18 UN 260 4680
Solar terminal intermediário 387 UN 120 46440
Solar parafuso cabeça martelo 12 UN 170 2040
Solar porca 16 UN 100 1600
Quadro geral 1 UN 5000 5000
Medidor de energia 1 UN 10000 10000
Cabo 25mm² CA 10 m 100 1000
Cabo 10mm² CA 10 m 70 700
Cabo 4mm² CC 100 m 30 3000
Electroduto cabos 140 m 300 42000
Mão de obra - - 150000 150000
TOTAL - - 205150 2523460.0

5.5. Estudo de viabilidade económica

A avaliação de projectos inicia com o pressuposto de que o financiamento é integralmente


materializável pelo uso de capitais próprios, ou seja, que os fundos de financiamento são
propriedade do investidor, de onde resulta a avaliação da decisão económica do projecto.

Quem quer investir precisa de ferramentas úteis para prever a rentabilidade do


investimento proposto. É de salientar que nenhum método de avaliação poder garantir ao
investidor, com toda a certeza, se deverá investir ou não investir uma vez que todos os
investimentos acarretam riscos. A avaliação de investimentos baseia-se em previsões e

54
estimativas sobre o futuro desempenho dos projectos (Bennouna, Meredith & Marchant,
2010).

Ao analisar o projecto tem-se em conta as seguintes ferramentas:

 Análise de fluxos de caixa financeiro (Cash-Flows)

 O Valor actual líquido – VAL;

 A taxa interna de retorno (ou rendibilidade) – TIR;

 O período (ou prazo) de recuperação de investimento – PRI;

 O índice de rendibilidade do projecto – IRP;

5.5.1. Análise de fluxos de caixa financeiro (Cash-Flows)

A expressão Fluxo de Caixa é utilizada, indistintamente, para indicar as entradas e saídas


de recursos de caixa de um projecto, ou mesmo de uma empresa, tanto à curto prazo como
nas projecções de longo prazo, nas quais são reproduzidos, em cada período de tempo, os
investimentos, receitas, custos, lucros e recursos gerados.

O conceito de cash-flow designa os fluxos líquidos gerados pelo projecto, e é usado para
eliminar a dependência da medida de rentabilidade do projecto ao procedimento
contabilístico.

O cash-flow é desagregável em termos do processo sequencial do projecto de investimento


em:

 cash-flow de investimento é aquele que regista os pagamentos associados à


despesas de investimento do projecto, deduzidos os recebimentos associados à
extinção do projecto.

 cash-flow de exploração regista os recebimentos líquidos de pagamentos


associados à exploração do projecto.;

 cash-flow líquido obtêm-se a partir do cash-flow de investimento e do cash-flow de


exploração

55
5.5.2. O Valor actual líquido – VAL

O Valor Actual Líquido também chamado de Valor Presente Líquido – VAL, pode ser
considerado um critério mais rigoroso e isento de falhas técnicas e, de maneira geral, o
melhor procedimento para comparação de projectos diferentes, mas com o mesmo
horizonte de tempo.

Este indicador é o valor no presente (t=0) que equivale a um fluxo de caixa de um projecto,
calculado a uma determinada taxa de desconto. Portanto, corresponde, à soma algébrica
das receitas e custos de um projecto, actualizados a uma taxa de juros que reflicta o custo
de oportunidade do capital. Assim sendo, o projecto será viável se apresentar um VAL
positivo e na escolha entre projectos alternativos, com mesmo horizonte de tempo, a
preferência recai sobre aquele com maior VAL positivo

Se o valor do VAL for positivo, então a soma na data 0 de todos os capitais do fluxo de
caixa será maior que o valor investido. Como se trabalha com estimativas futuras de um
projecto de investimento, pode-se dizer que o capital investido será recuperado, que será
remunerado à taxa de juros que mede o custo de oportunidade do capital e que o projecto
irá gerar um lucro extra, na data 0, igual ao VAL. (Lapponi, 1996)

 VPL> 0 o projecto deve ser aceito;

 VPL = 0 é indiferente aceitar ou rejeitar projecto;

 VPL <0 o projecto deve ser rejeitado.

O VAL de um fluxo de caixa pode ser calculado pela equação 16:

CFt
VAL = ∑nt=0 (1+K)t (16)

Onde:

 𝑡 é o número do período;

 𝑛 é o número total de períodos da vida útil do projecto ou do horizonte temporal da


análise;

56
 𝐶𝐹𝑡 é o valor do cash-flows, positivo ou negativo, gerado pelo projecto no período
t;

 𝑘 é a taxa de actualização.

5.5.3. A taxa interna de retorno (ou rendibilidade) – TIR

A Taxa Interna de Retorno - TIR é a taxa de desconto que equaliza o valor presente dos
benefícios/receitas e dos custos/despesas de um projecto de investimento. Trata-se de um
indicador de larga aceitação e um dos mais utilizados como parâmetro de decisão, mas
existem restrições ao seu uso.

O TIR de um determinado projecto é a taxa de juros K* que satisfaz a equação 17:

𝐶𝐹𝑡
∑𝑛𝑡=0 =0 (17)
(1+𝐾)𝑡

Onde:

 𝑡 é o número do período;

 𝑛 é o número total de períodos da vida útil do projecto ou do horizonte temporal da


análise;

 𝐶𝐹𝑡 é o valor do cash-flow, positivo ou negativo, gerado pelo projecto no período t.

O grau desta equação está relacionado com o horizonte de panejamento do projecto,


acarretando o aparecimento de equações com grau maior que 2, cuja solução algébrica é
extremamente complexa. O problema pode ser resolvido por processos iterativos de
tentativa e erro, determinando-se um VPL positivo e outro negativo, correspondente às
duas taxas de juros tomadas arbitrariamente. A seguir, procede-se a interpolação linear
desses valores para o VPL nulo, encontrando-se, assim, a taxa interna de retorno desejada.
(Oliveira, 1982).

Um projecto de investimento será considerado viável, segundo este critério, se seu TIR for
igual ou maior ao custo de oportunidade dos recursos para sua implantação. Assim, quanto
maior a TIR, maior a atractividade do projecto.

 TIR> TMA o projecto deve ser aceito;

57
 TIR = TMA é indiferente aceitar ou rejeitar projecto;

 TIR <TMA o projecto deve ser rejeitado.

O TIR não é critério para comparação entre alternativas, embora possa parecer intuitivo
que a alternativa de maior TIR remunera melhor o capital investido e, portanto, deve ser a
escolhida.

Como existem algumas restrições ao seu emprego, a TIR somente deve ser utilizada nos
seguintes casos: (Contador, 1981).

 Quando os projectos possuírem dois ou mais períodos e tiverem seus investimentos


antecedendo os benefícios;

 Quando a comparação ocorrer entre projectos mutuamente exclusivos e com a


mesma escala de tempo;

 Como critério básico para ordenação de projectos com restrições orçamentárias;

 Como recurso para se conhecer a taxa de juros envolvida num financiamento.

5.5.4. O período (ou prazo) de recuperação de investimento – PRI

O período de recuperação de investimento (PRI) determina o período de retorno do


investimento realizado. Reflecte quanto tempo é necessário para que os fluxos gerados
pelo projecto cubram na totalidade o investimento que foi realizado para os obter. (Brealey
et al., 2016).

Refere-se então, ao período de tempo que decorre até que se verifique a seguinte condição:

𝐶𝐹𝑡
∑𝑛𝑡=𝑜 = 𝐼0 (18)
(1+𝐾)𝑡

Onde,

 𝑡 é o número do período;

 𝑛 é o número total de períodos da vida útil do projecto ou do horizonte temporal da


análise;

58
 𝐶𝐹𝑡 é o valor dos cash-flows, positivo ou negativo, gerado pelo projecto no período
t;

 𝑘 é a taxa de actualização.

 𝐼0 é o valor do Investimento no momento inicial.

Este critério pode ser comparado com o período de tempo de recuperação do investimento
considerado aceitável pêlos promotores do projecto, devendo ser rejeitados os projectos
cujo período de recuperação se revele superior à vida útil do mesmo. Existe uma
preferência para que este critério seja utilizado e analisado em conjunto com outros.

Uma da insuficiência do VAL pode ser colmatada com a determinação do PRI. Com este
indicador conseguimos saber em que altura do projecto é que os capitais investidos são
totalmente recuperados (Silva & Queirós, 2013).

Entre investimentos mutuamente exclusivos de igual dimensão e igual VAL, a opção de


escolha recai sobre aquele cujo período de recuperação é inferior. O que significa que
privilegia os investimentos que geram mais liquidez nos primeiros períodos, ou seja,
prefere projectos de curto prazo. A ideia é a de que, para um dado nível de fluxos, o risco
será tanto maior quanto maior for o período de tempo para recuperar o investimento. (Silva
& Queirós, 2013).

Este critério é utilizado quando o factor risco é relevante na avaliação do projecto. É um


critério de grande simplicidade de cálculo, permite evidenciar com bastante clareza o
período de tempo durante o qual o projecto está exposto ao risco. Pode ser usado como
primeira referência da liquidez do projecto.

A rapidez de recuperação de um investimento, sem consideração da própria rentabilidade,


é uma limitação. Isoladamente, não permite tomar decisões sobre a viabilidade do
investimento. O PRI atende apenas ao período de tempo até ao momento em que se dá a
recuperação dos investimentos, esquecendo os cash-flows posteriores. (Silva & Queirós,
2013).

59
5.5.5. O índice de rendibilidade do projecto – IRP

O Índice de Rentabilidade indica a rentabilidade que efectivamente se obtém por cada


unidade de capital investido. (Silva, 2000).

O IRP vem colmatar a insuficiência do VAL ao relativizar o seu valor, pois conseguimos
saber quantas vezes é que multiplicamos o capital investido, durante o período
considerado. (Silva & Queirós, 2013a)

O seu valor obtém-se partindo da fórmula 20 de cálculo:

𝐶𝐹𝑡 𝑉𝑅𝑡
∑𝑛
𝑡=0( +
(1+𝐾)𝑡 (1+𝐾)𝑡
𝐼𝑅 = 𝐼𝑡 (19)
∑𝑛
𝑡=0((1+𝐾)𝑡

Onde,

 t é o período;

 n é o número total de períodos da vida útil do projecto ou do horizonte temporal da


análise;

 𝐶𝐹𝑡 é o valor do cash-flows, positivo ou negativo, gerado pelo projecto no período


t;

 𝑉𝑅𝑡 é valor do Valor Residual, gerado pelo projecto;

 k é a taxa de actualização;

 I é o Valor do Investimento.

Interessa que este indicador assuma um valor superior à unidade. Na prática significa que
cada unidade de capital investido obteve rentabilidade suficiente para cobrir todo o
investimento, incluindo a taxa de retorno exigida, apresentando um excedente (Gomes,
2011)

As conclusões retiradas da utilização deste indicador são paralelas às decorrentes da


utilização do VAL. Um IRP igual à unidade pressupõe um VAL nulo, dado que os Cash-
flows de Exploração actualizados à taxa 𝑘 igualam o investimento, também actualizado à

60
mesma taxa. Dentro da mesma lógica, um IRP superior à unidade corresponde a um VAL
positivo e um IRP inferior à unidade, por sua vez, a um VAL negativo (Gomes,2011).

Relacionando as entradas de tesouraria (numerador) com o investimento, ou saídas


(denominador), sabemos quantas vezes é que essas entradas são superiores aos
investimentos. (Silva & Queirós, 2013a). Assim, se o IRP é superior à unidade significa
que há uma recuperação total do capital investido, há uma remuneração do capital
investido a uma taxa igual à utilizada para avaliar o custo de capital, e que ainda se
consegue aumentar o capital investido em percentagem, consoante o resultado obtido pelo
IRP.

O IRP consegue ainda prestar um bom serviço quando queremos tomar decisões de
investimento em ambiente de restrição de capital. Neste ambiente, poderemos ter de
excluir alguns investimentos, não porque eles se apresentam como mutuamente exclusivos,
mas porque o capital à disposição do investidor tem um limite, seja imposto por si, seja
porque não é possível recorrer ao mercado de capitais (Silva & Queirós 2013).

O IRP não deve ser visto como alternativa ao VAL, apesar da sua proximidade: é
preferível trabalhar com o VAL (que é aditivo) do que com índices (que não o são) (Silva
& Queirós 2013).

No caso de investimento mutuamente exclusivos, as decisões do IRP podem ser


inconsistentes com o VAL: se compararmos projectos com diferentes magnitudes de
investimento, o IRP não pode ser utilizado como critério de decisão (Silva & Queirós
2013).

Tal como acontece com o critério do VAL, é necessário conhecer previamente a taxa de
actualização (Gomes, 2011).

Tabela 4- parâmetros do estudo de viabilidade económica

Parâmetros Valores
Investimento Inicial 2,523,460.00 mt
Taxa de Desconto 12%
VPL do Projecto 6,573,054.36 mt

61
Taxa Int. Retorno (TIR) 97%
Tempo de PayBack 1.3

Tabela 5- tabela do VPL do projecto

Fluxo de Valor
Período Caixa Presente VPL Acumulado
0 -2,523,459.00 -2,523,459.00 -2,523,459.00
1 2,523,461.12 2,253,090.29 -270,368.71
2 2,523,461.24 2,011,687.85 1,741,319.14
3 2,523,461.36 1,796,149.95 3,537,469.09
4 2,523,461.48 1,603,705.39 5,141,174.48
5 2,523,461.60 1,431,879.88 6,573,054.36

5.6. Resultados e Discussão

Após o conhecimento necessário do SF e seu dimensionamento, serão apresentados e


discutidos os resultados financeiros e técnicos da instalação do sistema fotovoltaico,
demonstrando situações médias e marginais para a caracterização de outros cenários
possíveis. Com a definição do consumo médio mensal da padaria e da potência a ser
instalada de painéis fotovoltaicos, foi possível fazer um orçamento em instalações de
painéis fotovoltaicos e também consultar os preços dos aparelhos e todos materiais de
forma separada.

De acordo com o consumo médio diário da padaria que é de 216,2kwh̸dia, com a análise da
radiação incidente no local, considerando o desvio azimutal e a melhor inclinação do
módulo, a potência necessária para suprir o consumo da padaria é de 57,7 kWp. A partir
desta potência foi dimensionado que o SF terá 189 módulos fotovoltaicos da Sunceco com
uma potência por modulo de 320Kwp e 3 inversores da Vitronics Control com uma
potência de 22000w. Vai-se utilizar a cobertura da padaria usando suportes para telhado na
acomodação dos módulos.

A partir do dimensionamento do SF, definiu-se que o investimento necessário para a


instalação do mesmo será de equivalente a 2,523,460.00Mt. A recuperação do
investimento acontece no segundo ano de actividades. Com base no investimento obtêm-se

62
VAL positivo a partir dos meados do segundo ano. Segundo Oliveira (1982) um projecto
cujo valor presente líquido seja positivo, será economicamente interessante à taxa de
desconto considerada, tornando-se tanto mais atractivo quanto maior for seu VAL.

Considerou-se que haverá uma substituição dos aparelhos, devido à vida útil dos mesmos,
que pode ser de até 25 anos (WOODHOUSE et al, 2016). Com valores iniciais de
investimento, foram definidos os parâmetros necessários para o cálculo de tempo de
retorno, levando-se em conta as considerações em um período de 25 anos, período de vida
útil dos painéis solares (PINHO; GALDINO, 2014, p.52).

63
CAPÍTULO VI – CONCLUSOES E RECOMENDAÇOES

6. Conclusão e Recomendação
6.1. Conclusão

Tendo em vista os aspectos observados, o presente projecto teve como objectivo


primordial estudar a viabilidade técnica e económica para instalação de um sistema
fotovoltaico para alimentação da linha de produção na padaria espiga d’Ouro.

O consumo energético na linha de produção é de 7.9 MW̸ano, e para suprir esse consumo
energético será necessária uma geração solar na ordem de 57,7kWp diários.

A partir do dimensionamento do SF, chegou-se a conclusão que para o funcionamento da


linha de produção serão necessários 189 módulos e 3 inversores Grid-tie

A partir das análises financeiras definiu-se que o investimento necessário para a instalação
do mesmo será de 2,523,460Mt. O projecto é tecnicamente e economicamente viável
comparativamente ao valor anual (1.437.950,77mt) gasto pela indústria comprando energia
proveniente da concessionária, pois o retorno investimento no SF virá a partir do segundo
ano.

64
6.2. Recomendações

Para elaboração do presente projecto e concepção de futuros projectos a que considerar


algumas limitações e recomendações respectivamente:

Por falta de legislação específica para venda de energia eléctrica a concessionária a partir
de produtores particulares, recomenda-se que o governo elabore a legislação para
dinamizar e expandir o mercado energético.

Recomenda-se a EDM a melhorar a qualidade de energia e das suas instalações evitar que
aconteçam inversão de polaridade, sobrecargas e tensões excessivas na conexão com a rede

Tendo em conta a viabilidade económica dos sistemas fotovoltaicos, podem elaborar novos
projectos de sistemas solares fotovoltaicos on-grid que possam alimentar diversos tipos de
indústrias com vista a reduzir o custo de produção.

Recomenda-se aos futuros pesquisadores, que desenvolvam novos estudos de


dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, como forma de garantir maior variabilidade
nos resultados e contribuir para o desenvolvimento da economia e da indústria em
Moçambique

Na realização do presente projecto, a maior limitação, foi a dificuldade de obtenção e


demora de dados suficientes e precisos, pela dificuldade de poder contactar qualquer
entidade, pois o projecto foi realizado a quando da vigência do estado de emergência em
todo território nacional.

65
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA
Ana Nepomuceno; Maia, Marcelo; Teixeira, K. C. 2018. Análise de viabilidade técnico-
económica de bombas solar em áreas não cobertas pela rede eléctrica. 1-4.

CRESESB. Energia Solar: Princípios e Aplicações. CRESEB - Centro de Referência para


Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito, 2006. Disponível em:
<http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/tutorial_solar.htm>. Acesso em: 8
de Março de 2021.

Grupo de Trabalho de Energia Solar. CEPEL - CRESESB. Rio de Janeiro.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia


Científica. 3. Ed. Rev. Ampl. São Paulo: Atlas, 1991

Pinho, João & Galdino, M. 2014. Manual de Engenharia Para Sistemas Fotovoltaicos.

PREDANOV, C.C. FREITAS, E.C. Métodos e Técnicas da Pesquisa em do Trabalho


Académico. 2ª Edição, 2012

Rüther, Ricardo. 2004. Edifícios Solares Fotovoltaicos: O Potencial Da Geração Solar


Fotovoltaica Integrada a Edificações Urbanas e Interligada à Rede Eléctrica Pública No
Brasil. Ufsc-Labsolar.

TIRAPELLE, Guilherme Alfredo Hobmeir. Análise Da Viabilidade Técnica De Painéis


Solares Fotovoltaicos Conectados À Rede, Com Backup De Energia, Instalados Em Postos
De Combustíveis. Curso De Engenharia Industrial Eléctrica / Electrotécnica, Universidade
Tecnológica Federal Do Paraná, 2013.

VICENTINI, José Plinio. Análise da Viabilidade Económico-financeira da Cooperativa


Agroindfistria de Produtores de Cana de Rondon Ltda — Coocarol. 2001. 100 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia) Curso de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

66
ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I – Ficha Técnica de Grid Tie Inverter 3 Phase

Anexo II – Ficha Técnica de Solar Module

Anexo III- Características eléctricas de um modulo solar

Anexo IV- Esquema Eléctrico Unifilar

Anexo V- Esquema Eléctrico Multifilar


Anexo I – Ficha Técnica de Grid Tie Inverter 3 Phase

Inverter Model VCS10kGTI VCS12kGTI VCS15kGTI VCS17kGTI VCS20kGTI


Input (DC)
Max. DC power 11400 W 12250 W 15340 W 17410 W 22000 W
Max. DC voltage 1000 V 1000 V 1000 V 1000 V 1000 V
Min. Input Voltage 200 V 200 V 200 V 200 V 200 V
MPP voltage range
320-800 V 320-800 V 380-800 V 430-800 V 450-800 V
(Full Load)

Max. input current /per 17/17 17/17 20/20 25/25 25/25


string(A)
Number of MPP trackers 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2
/Strings per MPP tracker
Output (AC)
AC nominal power 10KW 12 KW 15 KW 17KW 20KW
Max. AC apparent power 10 KVA 12 KVA 15 KVA 17 KVA 22KVA
Nominal AC voltage 3/N/PE 230V/400Va.c( 25kw only at 277V/480Va.c)
AC grid frequency 50Hz/60Hz 50Hz/60Hz 50Hz/60Hz 50Hz/60Hz 50Hz/60Hz
Max. output current(A) 16 19 24 25 29
Power factor (cos φ) 0.8leading- 0.8leading- 0.8leading- 0.8leading- 0.8leading-
0.8laging 0.8laging 0.8laging 0.8laging 0.8laging
Harmonics <3% <3% <3% <3% <3%
Efficiency
Max. efficiency 98.3% 98.4% 98.4% 98.4% 98.4%
Euro efficiency 97.8% 97.9% 98.0% 98.1% 98.1%
MPPT efficiency 99.9% 99.9% 99.9% 99.9% 99.9%
Dimensions (W / H / D)in mm 505 / 525/ 245mm 505 / 525/ 245mm 505 / 525/ 245mm 505 / 525/ 245mm 505 / 525/
245mm
Weight 34kg 34kg 37kg 37kg 37kg
Operating temperature range -25°C...+60°C -25°C...+60°C -25°C...+60°C -25°C...+60°C -25°C...+60°C
Degree of protection IP65 IP65 IP65 IP65 IP65
(according to IEC 60529)
Climatic category (according 4K4H 4K4H 4K4H 4K4H 4K4H
to IEC 60721-3-4)
Internal consumption: (night) <1W <1W <1W <1W <1W
Topology
Cooling concept Convection
Display LCD
Humidity 0-95%,no condensation
Communication: RS485/Wifi yes / opt.
Warranty: 3/5 years yes .
Anexo II – Ficha Técnica de Solar Module
Anexo III- Características eléctricas de um modulo solar

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