Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Guarapari
2022
YGOR BRANDÃO DOS SANTOS
Guarapari
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Guarapari
CDD: 621.3
Primeiramente, agradeço a Deus pela minha vida, por me tornar capaz de superar
todas as dificuldades que enfrentei até aqui, me permitindo chegar até aqui.
Aos meus pais, Valdenil e Sivana, agradeço sempre e de todo coração por terem
me dado as condições de poder realizar esse curso e me incentivarem sempre nos
momentos difíceis quando eu me questionava sobre tudo. Sempre respeitosos e
compreensivos quando eu tinha minhas obrigações da graduação para cumprir, me
encorajando a jamais desanimar e ir até o fim deste trabalho. Sem vocês, pai e mãe, a
realização desse sonho jamais seria possível.
Agradeço também pelas amizades que fiz ao longo desses 5 anos, amigos com os quais
brinquei, ri, fiz trabalhos juntos e tive bons momentos, e que também me ajudaram
nas dificuldades, me mostrando que ali ninguém está sozinho, que ninguém se forma
sozinho.
E a mim, pois sei que mesmo com todo apoio, esse sonho jamais seria possível sem
meu empenho, minha dedicação, minhas noites estudando e fazendo de tudo para hoje
estar aqui e poder usufruir desse momento maravilhoso em minha vida.
Agradeço por tudo, chegar aqui, mesmo com todo o cansaço envolvido, é uma sensação
maravilhosa de dever cumprido e poder orgulhar quem sempre esteve comigo. Só tenho
a agradecer por tudo e a todos que me ajudaram a realizar esse sonho. Obrigado!
RESUMO
FP Fator de potência
CC Corrente contínua
CA Corrente alternada
LC Indutivo capacitivo
CV Cavalo-Vapor
TC Transformador de corrente
TP Transformador de potencial
LISTA DE SÍMBOLOS
t Tempo (s)
f Frequência (Hz)
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1 POTÊNCIA ATIVA E REATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA COM MOTORES SÍNCRONOS 25
2.4 CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA COM BANCO DE
CAPACITORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4.1 Capacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4.2 Banco de capacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4.3 Controlador automático de fator de potência . . . . . . . . . . . . 27
2.4.4 Métodos de correção de fator de potência . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4.4.1 Correção individual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4.4.2 Correção por grupo de cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4.4.3 Correção geral automática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.5 QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.5.1 Distorções harmônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.5.2 Fator de potência e distorções harmônicas . . . . . . . . . . . . . 34
2.5.3 Indutores de dessintonia para capacitores . . . . . . . . . . . . . 36
2.6 TRABALHOS RELACIONADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3 DESENVOLVIMENTO DO EXPERIMENTO . . . . . . . . . . . . . . 41
3.1 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 VISÃO GERAL DO PROJETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 LOCAL DE APLICAÇÃO DO CONTROLADOR DE FATOR DE
POTÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.4 BANCADA DE CARGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.5 DIMENSIONAMENTO DO CAPACITOR . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.6 CIRCUITO DE DISPARO DO TRIAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.7 MONTAGEM E TESTE DO SISTEMA DE CORREÇÃO DE FATOR DE
POTÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
12
1 INTRODUÇÃO
A cada dia tem se tornado mais evidente o problema da qualidade de energia elétrica
por causa da adição de cargas não lineares e reativas nas redes de energia elétrica. A
qualidade de energia pode ser definida como o nível no qual tanto a utilização quanto a
distribuição de energia elétrica afetam o desempenho dos equipamentos elétricos e
podem ser considerados como distúrbios na qualidade de energia (ANICETO, 2016). O
fator de potência (FP) implica diretamente na qualidade da energia elétrica e seu valor
baixo indica um mau uso dessa energia em uma instalação ou sistema como um todo.
• Queda de tensão;
Um fator motivador deste projeto é o aumento nas pesquisas sobre qualidade da energia
elétrica, área na qual se inserem questões relativas ao FP, e que tem se mostrado ser
uma preocupação por suas influências nos processos produtivos e comerciais.
Com o avanço tecnológico e aumento das cargas não lineares nas instalações elétricas,
a correção do FP passou a ter um rigor maior da Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL) que, por meio do Decreto Federal número 479 de 20 de março
de 1992, instituiu que o FP mínimo de referência teria de ser igual a 0,92, sendo válida,
atualmente, a resolução Nº 414/ANEEL de 9 de setembro de 2010.
• Medir potência reativa consumida por cada carga e ajustar esse valor no
microcontrolador para automatizar a resposta de saída e controlar o capacitor
variando o ângulo de disparo do TRIAC;
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Em um sistema elétrico existem dois tipos de potência: ativa, medida em Watts (W), e
reativa, medida em Volt-Ampère reativo (VAr), cuja soma vetorial resulta na potência
aparente, medida em Volt-Ampère (VA), que corresponde à parcela total gerada e
transmitida à carga e por ela consumida. Sabe-se que existem dois tipos de correntes
elétricas, a contínua (CC) e alternada (CA), sendo esta última a mais empregada e
considerada no estudo e aplicação do presente trabalho. Em CA, que apresenta um
gráfico senoidal no qual o sentido da corrente varia em função do tempo, a potência
total (aparente) instantânea se dá pelo produto da diferença de potencial na carga (v)
pela corrente elétrica (i) em um determinado instante de tempo, como mostra a eq.
(2.1):
ω = 2.π. f (2.4)
Onde:
f = frequência (Hz).
Desta forma, ao aplicar uma tensão v(t) numa carga puramente resistiva R (Ω), a i(t)
que por ela circula estará em fase com v(t), ou seja, sem defasagem entre elas, então
seu FP é unitário. Assim, quando a tensão for nula, a corrente será nula, e quando a
tensão for máxima, a corrente será máxima.
Vm = R.Im (2.6)
Vm .Im
p(t) = v(t).i(t) = Vm .Im . sin2 (ω.t) = (2.7)
2.[1 − cos(ω.t)]
18
Sendo:
Vm .Im
= Ve f .Ie f (2.8)
2
Em circuitos puramente indutivos, quando se aplica uma tensão v(t) numa carga de
indutância L, medida em Henry (H), obtém-se uma corrente elétrica i(t) na carga com
fase atrasada em 90◦ em relação à tensão v(t), ou seja, fator de potência é nulo pois
a potência aparente é igual à potência reativa. A eq. (2.9) apresenta a tensão dessa
relação:
di
Vm . sin(ω.t + φ ) = L (2.9)
dt
Com essa equação pode-se observar que a potência dissipada é nula, porém o valor
instantâneo não é nulo, uma parte da energia se desloca da fonte para a carga,
e depois retorna à fonte. Essa potência não é consumida e é denominada potência
reativa indutiva (VAr) (FLARYS, 2006). Essa potência é representada por QL e calculada
conforme a eq. (2.11).
QL = XL .Ie2f (2.11)
XL = 2.π. f .L (2.12)
Em circuitos puramente capacitivos, quando se aplica uma tensão v(t) numa carga de
capacitância C, medida em Faraday (F), obtém-se uma corrente elétrica i(t) na carga
19
com fase adiantada em 90◦ em relação à tensão v(t), ou seja, fator de potência é nulo
pois a potência aparente é igual à potência reativa. A eq. (2.13) apresenta a corrente
elétrica dessa relação:
dv
Im . sin(ω.t + φ ) = C (2.13)
dt
Nesses circuitos com característica capacitiva, a potência instantânea é dada pela eq.
(2.14) e seu valor médio é nulo.
Nesses circuitos a energia elétrica oscila entre a fonte de tensão e o capacitor, assim
como nos circuitos indutivos. A potência é reativa capacitiva (VAr) (FLARYS, 2006).
Essa potência é representada por QC e calculada conforme a eq. (2.15).
QC = XC .Ie2f (2.15)
1
XC = (2.16)
2.π. f .C
A potência ativa (P) é aquela que realiza trabalho útil, gerando calor, luz, movimento,
entre outros. Seu valor médio é calculado como mostra a eq. (2.17):
A potência reativa (Q) é a parcela da energia que fica oscilando entre a fonte de tensão
e a carga, e é utilizada somente na criação e manutenção dos campos eletromagnéticos
das cargas indutivas, como os transformadores e motores de indução. Seu valor médio
é calculado por:
20
S2 = P2 + Q2 (2.19)
Sendo assim:
21
p
S= P2 + Q2 (2.20)
A potência reativa total é a soma das parcelas de potência reativa indutiva e capacitiva,
e assim como nas eq. (2.11) e (2.15), esta pode ser calculada também por:
ANEEL (2010) determina que o FP deve ser mantido o mais próximo da unidade,
porém permite um valor mínimo de 0,92, indutivo ou capacitivo, correspondente ao
valor de energia reativa consumida. À medida que o FP decresce, tem-se acréscimos
percentuais maiores, referentes à energia reativa consumida, ainda que a energia ativa
consumida permaneça constante.
23
Se o FP medido nas instalações do consumidor for inferior a 0,92, será cobrado o custo
do consumo reativo excedente decorrente da diferença entre o valor mínimo permitido
e o valor calculado no ciclo. Na Tabela 3 é apresentado um exemplo de cobrança
percentual acrescida devido ao consumo de energia reativa excedente.
Um motor síncrono pode ser instalado para correção do FP por fornecer potência
reativa capacitiva à rede. Nessa função ele deve funcionar para correção com uma
carga constante. Todavia, este método não é muito empregado devido a seu alto custo
e às dificuldades operacionais.
Usado para correção de FP, o motor síncrono pode operar em três condições (FILHO,
2013):
2.4.1 Capacitores
• Fixos: esses bancos têm o valor da sua capacitância fixo, normalmente são
dedicados a um circuito ou a um único equipamento pois são dimensionados para
correção de FP em condição singular;
Com base nos sinais obtidos de tensão, corrente e FP, o equipamento faz o controle
do FP da rede elétrica, conforme a programação feita pelo usuário, adicionando ou
retirando bancos de capacitores do sistema, os quais são acionados por meio de
contatoras individualmente, fazendo assim a injeção de potência reativa conforme a
demanda.
Controladores da mesma linha, mas com pequenas diferenças entre si. Nos modelos
PFW01-M06 e PFW01-M12, tem-se quatro teclas, basicamente para programar, para
cancelar parametrização, para incrementar ou decrementar o valor. Já nos modelos
PFW01-T06 e PFW01-T12 percebe-se uma complexidade maior, pois este já apresenta
oito teclas. Além das funções permitidas no modelo anterior, pode-se agora visualizar
os valores de tensão, tipo de ligação, valores de corrente, FP, potência ativa, reativa
e aparente, potência reativa requerida pelo sistema, modo de funcionamento, THD,
frequência e número de comutações (chaveamento de capacitores).
29
Por se tratar de várias cargas com potências e FP diferentes que podem ser ligadas
individualmente ou não, se torna impossível dimensionar um banco de capacitores fixo,
para isso é definido um valor para o banco de capacitor levando em consideração as
cargas da instalação, depois é ligado um controlador a estes capacitores e conectados
à rede, e conforme os parâmetros estabelecidos, ele faz o chaveamento de quais
capacitores serão ligados ao sistema por meio de contatores de acordo com os valores
de potência aparente e FP do sistema medidos. A Figura 9 apresenta um modelo de
painel montado com controlador de FP e um banco com 6 capacitores conectados à
rede de forma individual através de contatores (relés para potências maiores).
Este sistema não controla a potência reativa enviada pelo banco de capacitor, mas
sim quais capacitores serão ligados à rede para controlar o FP da instalação. Então,
no caso de precisar de 20 kVAr e não tiver um capacitor que forneça esse valor
especificamente, mas sim um capacitor que forneça 5 kVAr e outro 15 kVAr, os
dois são chaveados em conjuntos para totalizar a potência reativa necessária. Além
desses dois capacitores, o banco conta com mais outros valores, que normalmente
são dimensionados previamente para que o sistema consiga fazer a correção dos
principais casos possíveis de ocorrer, contando com a presença de 1 a 10 capacitores
na bancada, podendo ter até mais.
A qualidade de energia elétrica é definida como sendo uma medida de quão bem a
energia elétrica pode ser utilizada pelos consumidores (DECKMANN; POMILIO, 2017).
Essa medida inclui características de continuidade de suprimento e de conformidade
com certos parâmetros considerados desejáveis para a operação segura, tanto do
sistema supridor como das cargas elétricas.
Problemas assim têm se tornado mais evidentes por diversos motivos, dos quais
podem-se destacar dois:
32
Na Figura 10 pode-se entender melhor tal definição, a qual apresenta três curvas: uma
onda senoidal normal (1), representando uma corrente e energia limpa, uma harmônica
também senoidal (5) e a soma das duas ondas (T).
fornecer aos seus consumidores uma tensão puramente senoidal, com amplitude e
frequência constantes.
A potência aparente com distorção, como nesse caso, é então calculada por:
35
q
SkVA = P2 + Q2 + D2kVAD (2.22)
O termo DkVAD (potência em kVA de distorção), como visto na eq. (2.22), representa
uma relação física com as perdas no sistema e, matematicamente, significa um
acréscimo (não linear) na potência aparente quando há componentes harmônicas
geradas pela carga (BRADLEY; BODGER; ARRILLAGA, 1985 apud SILVA, 2009).
Com isso, pode-se então concluir que o fator de potência só equivale ao cosφ para
senoides de tensão e corrente puras e lineares. Na presença de sinais senoidais
distorcidos, o fator de potência pode ser representado por duas grandezas:
em paralelo ao circuito por meio de acionamento de relés. Para isso, fez uso de um
banco de capacitores de polipropileno metalizados com valor total de 2,4 kVAr em 220
V, contando com oito estágios, ou seja, oito relés com um capacitor acoplado a cada
um deles, como pode-se ver no esquema de montagem na Figura 14.
Nota-se que no caso de carga reativa total alta ou baixa, os valores dos capacitores
do banco também mudam para se ter um controle mais preciso, ou seja, o
dimensionamento é feito de acordo com os valores de cada carga e o total instalado.
Com isso, pode-se ver que a correção de FP como desenvolvida por Augusto (2010)
e comercializada atualmente com módulos prontos é feita de forma discreta, ou
seja, ligam-se à rede os capacitores necessários para correção de acordo com a
parametrização, não havendo necessidade de precisão por ter, atualmente, uma
margem 8% de tolerância para não sofrer com multa, ou seja, FP de 0,92 indutivo ou
capacitivo, conforme o gráfico apresentado na Figura 15 que ilustra como isso ocorre.
3 DESENVOLVIMENTO DO EXPERIMENTO
3.1 METODOLOGIA
• Entrada: são utilizados contatores nas cargas de teste que, ao serem acionados,
emitem um sinal que vai para o bloco de aquisição de sinais e processamento
para identificar seu estado (ligado ou desligado);
Para maior compreensão, foi feito um diagrama esquemático que mostra como as
cargas foram ligadas à rede. Este diagrama está mostrado na Figura 18.
As características das cargas foram obtidas nas placas de identificação dos motores
advindas do fabricante. A Tabela 5 apresenta as principais características dessas
cargas.
Para essa análise, foi utilizado o osciloscópio digital de 4 canais isolados modelo
RTH1004 da Rohde & Schwarz, ilustrado na Figura 19. Com esse equipamento foi
45
Inicialmente, para uma melhor análise, optou-se por medir as cargas separadamente
para averiguar os dados obtidos por cada uma, pois, mesmo sendo de mesmo modelo
e especificações, outros fatores podem influenciar na mudança de seus parâmetros,
como maior tempo de uso em relação a outro e um maior desgaste consequentemente.
Para diferenciá-los, foi feita a marcação dos motores de um a quatro em ordem da
direita para a esquerda. Assim, a Figura 20 mostra os valores obtidos de cada motor
ligado à vazio vistos pelo osciloscópio.
46
Após realizados os testes, foram obtidos então os parâmetros das cargas provenientes
de experimentação, os quais são apresentados na Tabela 6. Pode-se observar
que apesar dos motores possuírem as mesmas características nominais, todos
apresentaram valores de medição diferentes entre si, como esperado.
Com esses dados, pode ser feito um resumo que aborda o pior caso possível, ou seja,
quando o circuito vai consumir mais potência reativa, situação que ocorre quando todas
cargas estão acionadas. Os dados fornecidos pelo osciloscópio são os seguintes:
• Defasagem: 72,83◦ ;
V2
QCAP = (3.1)
XC
V2
QCAP = 1
= V 2 .2.π. f .C (3.2)
2.π. f .C
Como a variável que deseja-se obter é a capacitância (C), basta isolá-la conforme a eq.
(3.3).
QCAP
C= 2
(3.3)
V .2.π. f
Assim, o valor mínimo do capacitor que vai atender o fornecimento da potência reativa
consumida pela carga quando todas forem acionadas é de 134 µF. O capacitor para
finalidade de correção de FP com valor mais próximo ao obtido e que atende a
especificação foi a Unidade capacitiva da WEG modelo UCW10045950 de 137 µF que
fornece 2,5 kVAr em 220 V e 60 Hz. Este capacitor está ilustrado na Figura 22.
Como o capacitor fornece uma quantidade de potência reativa quase igual à que
todos motores ligados ao mesmo tempo consomem, foi então feito um teste com esse
capacitor conectado em paralelo com a carga diretamente para visualizar os resultados
obtidos em comparação com o teste sem capacitor. Os resultados obtidos estão
apresentados na Figura 23.
Vale ressaltar que, como mostra a Figura 24, que em troca da diminuição da potência
reativa e corrente elétricas advindas da rede, foi causada uma distorção na forma da
onda senoidal da corrente elétrica, o que permite concluir que apenas o acréscimo
da unidade capacitiva de correção de FP em paralelo com a carga já acrescentou
distorções harmônicas ao sistema. Abaixo foi extraído do osciloscópio os dados da
Fast Fourier Transform (FFT) que mostra as harmônicas presentes no sistema, fazendo
ensaio dos motores com e sem o capacitor acoplado. Com o capacitor, além do sinal
da harmônica fundamental (60 Hz), pode-se ver sinais de harmônicas de outras duas
ordens no sistema que não são especificadas no osciloscópio, mas que são nada
significantes.
Essa é a parte que se refere à eletrônica de potência do presente trabalho. Foi separada
em três partes:
(a) Ângulo de disparo pequeno, menor (b) Ângulo de disparo grande, maior
distorção na forma da onda distorção na forma da onda
A junção de todas essas partes é vista na Figura 27, a qual mostra com detalhes as
ligações feitas no circuito e os componentes utilizados.
Com isso, foi então montado o circuito de disparo do TRIAC com a ESP32 em uma
placa de circuito impresso (PCI) desenvolvida no software Eagle da empresa Autodesk.
A Figura 28 ilustra esta PCI.
Para melhor entendimento de como se fez a ligação, foi elaborado o diagrama de força
e controle do sistema, conforme a Figura 30.
Quando cada motor é ligado, o contator referente é acionada é feito um selo com
o contato normalmente aberto para manter o motor ligado após soltar o botão de
acionamento. Um desses contatos aciona a lâmpada de sinalização com 127 V em
CA e o outro contato é alimentado por cima com um sinal de 3,3 V em CC pelo
microcontrolador e o terminal de saída é ligado à entrada do microcontrolador para
sinalizar quais motores estão ligados. O resultado dos testes é visto na Figura 31.
dV
i=C (3.5)
dt
Constata-se com isso que a corrente elétrica do capacitor está relacionada diretamente
com a variação da tensão em um instante de tempo. Fazendo considerações com os
parâmetros do circuito trabalho, considerou-se a variação de tensão no pior caso, que
ocorre na amplitude máxima de tensão elétrica da rede em 220 V eficaz.
√ √
Vam = 2.Ve f = 2.220 = 311 V (3.6)
Outro parâmetro conhecido é a capacitância de valor 137 µF, e sabe-se que, pelas
informações do manual do fabricante, o TRIAC modelo BTA24-600b empregado neste
trabalho suporta corrente nominal de 24,00 A. Fazendo uma manipulação algébrica da
eq. (3.5) em função dos parâmetros conhecidos, obtém-se a eq. (3.7) que relaciona
o tempo de variação de estado do TRIAC de isolante para condutor em função dos
valores de capacitância, variação de tensão e corrente elétrica.
∆V 311
∆t = C = 137.10−6 . = 0, 00177529166 ≈ 2 ms (3.7)
i 24
Se o tempo de chaveamento do TRIAC for menor que 2 ms, a corrente se torna superior
à máxima suportada pelo TRIAC, e sabendo que um período de um sinal senoidal em
60 Hz dura 16,67 ms e o chaveamento do TRIAC ocorre num instante muito menor
como visto na Figura 31, percebe-se então que a corrente conduzida por ele será
sempre muito alta quando o capacitor for acionado pelo TRIAC diretamente devido à
variação abruta de tensão em um espaço de tempo muito curto. Com isso, chegou-se
à conclusão de que o projeto não pode ser executado seguindo o objetivo proposto.
Foram pensadas outras formas de fazer esse controle de reativo. A primeira forma
trata uma abordagem um pouco diferente: ao invés de controlar a injeção de reativa
57
Um indutor para funcionar em ressonância completa deve ter uma potência reativa
indutiva equivalente igual ou próxima à potência reativa capacitiva, e dados os demais
parâmetros iguais, a eq. (3.9) mostra o valor de dimensionamento do indutor.
V2 V2
QIND = = (3.8)
XL 2.π. f .L
V2 2202
L= = = 0.051 = 51 mH (3.9)
2.π. f .QIND 2.π.60.2, 5.103
58
Após ensaios e medições com todos os tapes, conseguiu-se uma conexão com um
valor de corrente eficaz próxima à nominal do capacitor, que é de 11,363 A, como
mostra a Figura 35.
magnético e não um indutor linear, então sua forma de onda apresenta distorções
assim como em ensaios de transformadores à vazio. Esse tipo de forma de onda de
corrente, além de atrapalhar todos os cálculos de reatância, tornando-os bem mais
complexos e com um grau de incerteza maior, apresenta componentes harmônicas, o
que resulta em um problema adicional onde o indutor será instalado justamente para
solucionar um outro problema.
E nos testes do indutor com acionamento feito pelo TRIAC, na maioria das vezes,
não foi possível sequer visualizar os dados no osciloscópio pois, ao ligar, o disjuntor
do painel e energizar o transformador, o disjuntor era desarmado instantaneamente.
Novamente, tem-se uma problemática como a do capacitor, mas com o indutor.
di
v=L (3.10)
dt
Da mesma forma que a variação brusca de tensão no capacitor faz a corrente se elevar
e queimar o TRIAC, no indutor acontece de forma similar, porém é a variação abrupta
de corrente que faz a tensão se elevar muito. Assim, concluiu-se que nem o disparo
do TRIAC em série com o capacitor direto e nem em série com o indutor ligados em
paralelo ao capacitor em sua forma base são aplicáveis em estudo de correção de fator
de potência.
Vale ressaltar que em alguns momentos quando o ângulo de disparo ajustado foi
superior a 90◦ , o circuito apresentou algo no osciloscópio, foi possível ver a onda
deformada com o disparo, isso porque no enrolamento de um transformador real existe
resistência interna, o que permitiu o disparo funcionar em determinado momento, porém,
a corrente nominal dos tapes escolhidos do transformador que era de aproximadamente
9,396 A, com disparo de 90◦ foi para aproximadamente 1,121 A, e com disparo de
110◦ , foi para 0,345 A, ou seja, não é linear e há um decaimento muito alto do valor de
corrente, inviabilizando de todas as formas sua funcionalidade.
Como o TRIAC usado suporta uma corrente nominal de 24 A e a maior tensão sobre
o capacitor em um instante de tempo é 311 V, foi então dimensionado o valor da
resistência necessária para que a corrente máxima não ultrapassasse o valor nominal
de corrente suportada pelo TRIAC no pior caso seguindo a Primeira Lei de Ohm:
V 311
R= = = 12, 96 Ω (3.11)
I 24
Claro que uma parte da tensão da rede fica sobre o capacitor, mas para fins
experimentais, não faz diferença esse dimensionamento e facilita devido à margem de
segurança para garantir que nenhum componente seja danificado por sobrecorrentes.
Na Figura 36 é possível ver um painel montado com cinco resistores de cerâmica de 68
Ω cada feitos para dissipar potência de 15 W individualmente. Esses resistores foram
associados em paralelo e obteve-se uma resistência equivalente de 13 Ω, valor muito
próximo ao que se procurava, atendendo assim ao requisito imposto.
Foi montado uma bancada de teste contendo apenas um dos motores com o circuito
de disparo em série com o capacitor e os resistores para visualizar a possibilidade
de assim variar a potência reativa do capacitor no sistema. Na Figura 37 mostra o
diagrama esquemático de como foi feita a ligação para um mais claro entendimento e
na Figura 38 mostra como ficou disposta a montagem prática do circuito.
61
Colocar os resistores em série com o capacitor para limitar a corrente tornou possível
a execução do trabalho, a potência reativa do capacitor variou conforme o ajuste do
ângulo de disparo. Um ponto de dificuldade que vale destacar é a curto tempo de
operacionalidade devido ao aumento da temperatura dos resistores que não foram
projetados para trabalhar com potências tão altas.
Os resultados dessa prática são apresentados na Figura 39. O sinal verde representa
a tensão em cima do capacitor, o sinal vermelho é a corrente vista pela rede e o sinal
amarelo mostra a senoide de tensão da rede.
62
Não se pôde chegar a resultados conclusivos apenas com esses gráficos porque o
capacitor foi ligado a apenas um motor que corresponde à um quarto de sua capacidade
de potência reativa, então essa diferença que o motor não consome é injetada na rede,
fazendo com que a corrente nominal vista pela rede se torna maior do que apenas com
o capacitor, mas para fins de demonstração e ensaio, são suficientes pois demonstram
como o circuito tende a se comportar.
Algumas constatações podem ser feitas, como a esperada redução do valor da tensão
eficaz em cima do capacitor com o aumento do ângulo disparo. Como abordado
anteriormente, pode-se ver graficamente o pico de corrente quando o ângulo de disparo
é mais próximo da região de pico da tensão de alimentação, por volta de 90◦ , e quanto
mais próximo do menor ângulo (0◦ ) ou do maior ângulo (180◦ ), menor é a variação da
tensão e consequentemente menor é o pico de corrente, provando que a justificativa
teórica para explicar o empecilho da prática inicial que fora abordado anteriormente
é coerente. Outro detalhe é que se tem uma perda da potência total fornecida pelo
capacitor devido à presença associação de resistores em série, tendo uma queda de
tensão sobre estes com a variação do ângulo de disparo do TRIAC, causando um
63
aumento da corrente haja vista que a resistência é fixa e de baixo valor, não precisando
de tensões altas em cima dos resistores para gerar uma corrente elétrica significante.
Os resultados dessa ligação são vistos na Figura 41. A tensão no capacitor variou
pouco, como o ângulo de disparo é pequeno, próximo ao que seria o circuito TRIAC
disparo, a tensão total ficou próxima à nominal da rede (220 V), uma parcela alta ficou
no capacitor e a diferença ficou nos resistores. Mesmo sem motor ligado, existe uma
corrente nominal considerável, o que esperava-se pois o circuito dissipa potência em
cima dos resistores e injeta reativa na rede devida à característica do capacitor.
64
Figura 41 – Resposta da variação das cargas com ângulo de disparo do TRIAC fixado
em 10◦ e em série com o capacitor e a associação de resistores
Já no segundo teste, conforme é mostrado pela Figura 42, com ângulo de disparo
fixado em 90◦ , o circuito mostrou-se nada vantajoso. O aumento do valor da corrente
se mostrou diretamente proporcional ao aumento do número de cargas ligadas. Desde
o acionamento de apenas um motor a corrente já se mostrou de alto valor nominal,
sendo superior ao valor de corrente do caso anterior com ângulo de disparo em 10◦
com todos motores ligados. Com acionamento de todos motores, o valor da corrente
nominal foi de 13,76 A, sendo superior ao valor da corrente nominal consumida ao
acionarmos todas as cargas sem acoplar o capacitor em paralelo.
65
Figura 42 – Resposta da variação das cargas com ângulo de disparo do TRIAC fixado
em 90◦ e em série com o capacitor e a associação de resistores
Sabe-se que o conceito inicial abordado é de potência reativa e depois foi ponderado
muito sobre valores de corrente elétrica, pois com as ondas perfeitamente senoidais
foi possível fazer medição da potência reativa no próprio osciloscópio, mas com o
acréscimo de distorções harmônicas, tal medição se tornou muito mais complexa, se
tornando impossível de ser feita da forma como abordada inicialmente em sistemas
senoidais puros, e como a correção de potência reativa está diretamente ligada à
diminuição da corrente elétrica nominal advinda da rede, optou-se por trabalhar com tal
parâmetro.
Com os resultados apresentados, podem ser feitas algumas considerações finais sobre
a metodologia empregada. Inicialmente, é possível fazer variação da potência reativa
de um capacitor por meio de um TRIAC ao variar o ângulo de disparo desde que em
série com esses dois haja algum resistor para limitar a corrente do capacitor e evitar
a queima de componentes. Todavia, é um conceito testado inviável de ser concebido
na prática, pois os parâmetros obtidos por ensaios não apresentam seguir um padrão
de comportamento para entender seu funcionamento e criar um sistema de controle
em cima disso, além da problemática de necessitar de resistores de alta potência para
66
suportar a ligação em série com o capacitor visando correntes ou tensões mais altas.
Como no ensaio a queda de tensão nos resistores era bem menor que a tensão nominal
da rede, poderia então empregar resistências menores para ter menos influência no
circuito e poder então visualizar melhor o circuito com ênfase que é o capacitor com
TRIAC. Outro fato a se abordar, é o emprego de um indutor em série com o capacitor
para atuar como um filtro dessintonizante e assim diminuir as harmônicas no sistema
em consonância com a limitação da corrente elétrica.
De toda forma, pode-se observar e comparar que, mesmo aplicando outras alterações
como sugerido e investir mais em estudos nesse segmento, é notório que a metodologia
atual empregada e comercializada para compensação de reativos é melhor para se
investir, tanto em facilidade quanto em quantidade de harmônicas, que é menor do que
com o comutação a todo instante de dispositivos de eletrônica de potência, e também
pela maior previsibilidade do circuito, o que os testes feito com o capacitor em série
com a associação de resistores mostraram que não possuem, já que o comportamento
da corrente em função do ângulo de disparo e das cargas acionadas em paralelo não
seguem um padrão.
67
4 CONCLUSÃO
A energia elétrica é essencial para a sociedade e sua utilização eficiente deve ser
um objetivo importante. Junto a isso, existem as questões ambientais de eficiência
e aproveitamento energético que realçam esse fato. A redução da energia reativa
consumida por meio da correção do fator de potência ajuda a aumentar a oferta de
energia ativa por liberar espaço útil nas linhas de transmissão, mas deve-se tomar
certos cuidados para que a qualidade de energia não seja afetada.
Com isso, a correção do fator de potência tende a ter cada vez mais importância e
ser uma preocupação cada vez maior nos mais diversos setores de energia elétrica,
principalmente os industriais e comerciais, não se restringindo apenas ao Brasil, sendo
uma questão global.
Este trabalho teve por objetivo realizar um estudo detalhado a respeito do tema
proposto e abordar um método de correção do fator de potência com microcontroladores
controlando um circuito com TRIAC em série com capacitor e ver sua possibilidade
de execução, juntamente com sua viabilidade e soluções alternativas. O objetivo
inicial de realizar um sistema de controle do sinal senoidal do capacitor mostrou-se na
prática impossível de ser realizado sem alguma impedância resistiva em série com o
próprio capacitor para limitar a corrente durante a variação da tensão abrupta causada
pelo disparo do TRIAC. Foi justificado teoricamente depois os motivos que impediram
a possibilidade disso acontecer, e tentado ainda uma abordagem com controle de
um indutor para colocar em paralelo com o capacitor fixo e causar assim um efeito
de ressonância, mas da mesma forma que o capacitor tem um problema de alta
68
corrente com uma variação de tensão num intervalo muito pequeno, o indutor também
tem, mas com uma tensão muito alta com uma variação de corrente num intervalo
muito pequeno. Ainda, a abordagem de utilizar resistores em série com o capacitor
para limitar a corrente mostrou-se funcional, mas nada viável, uma vez que se faz
necessário resistores de alta potência e principalmente pela perda de tensão em cima
do capacitor, diminuindo sua potência reativa, e ainda pela limitação dessa potência
reativa devido aos resistores em consonância com a distorção harmônica injetada no
circuito, tornando-o um método muito inviável de ser empregado da presente forma.
Alguns objetivos não foram cumpridos pela complexidade do tema proposto juntamente
com a falta de alguns equipamentos para uma melhor abordagem. Uma das etapas com
dificuldade foi a medição dos valores de corrente e tensão usando bibliotecas do arduino
(que compartilha da mesma linguagem de programação utilizada na ESP32, que é
C++) com módulos de transformador de corrente (TC) e transformador de potencial
(TP), tendo uma difícil calibração desses módulos fisicamente e via software, os quais
apresentaram maiores erros de leitura em sinais com FP pequenos como foi abordado
no trabalho, em torno de 0,30. Por fim, o protótipo construído apresentou resultados
satisfatórios, mesmo não sendo o idealizado, pois por meio deste foi possível verificar a
funcionalidade e viabilidade da teoria tratada em questão e justificar de forma prática e
com embasamento teórico todos resultados obtidos.
Além do que, um dispositivo que controla FP por si só é algo que compensa muito
69
seu uso, pois evita o desperdício de energia, poupa equipamentos, diminui seções de
condutores necessárias, e o meio ambiente, além de evitar pagamento de uma conta
de energia mais alta por multa, o que justifica por si só a continuidade de pesquisas
sobre esse tema.
REFERÊNCIAS