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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

PAULO RODRIGO ANDRADE

CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA EM SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO


APLICADO EM SELF-CONTAINED: ESTUDO DE CASO COM FOCO NA
VIABILIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA

Palhoça
2020
PAULO RODRIGO ANDRADE

CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA EM SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO


APLICADO EM SELF-CONTAINED: ESTUDO DE CASO COM FOCO NA
VIABILIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Elétrica da
Universidade do Sul de Santa Catarina como
requisito parcial à obtenção do título de
Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Fabiano Max da Costa, Esp. Eng.

Palhoça
2020
PAULO RODRIGO ANDRADE

CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA EM SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO


APLICADO EM SELF-CONTAINED: ESTUDO DE CASO COM FOCO NA
VIABILIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Engenheiro Eletricista e aprovado em sua forma
final pelo Curso de Engenharia Elétrica da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 16 de novembro de 2020.


Dedico este trabalho aos meus familiares e aos
meus professores que me acompanharam ao
longo da jornada acadêmica do curso de
Engenharia Elétrica e que muito me ensinaram,
mas principalmente ao meu
professor/orientador Fabiano Max da Costa por
toda a sua tolerância, dedicação e suporte para
que este trabalho fosse concluído com êxito.
RESUMO

O fator de potência pode ser definido como um parâmetro de eficiência na utilização da energia
consumida. Ele demonstra basicamente se a energia está sendo eficientemente aproveitada num
sistema elétrico. A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, autarquia responsável por
estabelecer as normas e regulamentos para os serviços de energia elétrica no Brasil determina
que o valor mínimo do fator de potência permitido para as unidades consumidoras do grupo A
é de 0,92. Portanto, os consumidores que estejam abaixo desse mínimo estabelecido devem
corrigir o fator de potência do seu sistema sob pena de incorrerem no pagamento de multa
cobrada pelas concessionárias de energia. Este trabalho de conclusão de curso traz um estudo
de caso voltado à análise das anomalias existentes no sistema elétrico que causam o baixo fator
de potência nas instalações do Camelódromo Floripa Center, comércio localizado no centro da
cidade de Florianópolis/SC, de forma a definir a melhor abordagem para a correção do baixo
fator de potência do comércio ora mencionado. Para a correção do fator de potência foram
coletados e analisados os dados constantes das faturas do consumidor, das grandezas elétricas
envolvidas, do projeto elétrico da estrutura, além de medições realizadas in loco com o auxílio
de um equipamento de analisador de energia elétrica. Para tanto, foi proposto o método da
correção localizada com um banco semi-automático, também conhecido como correção direta
para a correção do fator de potência. O método apresentado gerará benefícios tanto do ponto de
vista da melhora na qualidade de energia elétrica quanto na questão financeira e econômica do
comércio, eis que o consumidor não mais pagará multas pelo excesso de reativo em sua fatura
de energia e garantirá a durabilidade de todo o seu sistema elétrico e equipamentos nele
instalados, evitando-se o desgaste dos dispositivos e o prolongamento da vida útil.

Palavras-chave: Fator de potência. Correção. Qualidade de energia. Self-Contained.


ABSTRACT

The power factor can be defined as an efficiency parameter in the use of energy consumed. It
basically demonstrates whether energy is being used efficiently in an electrical system. The
National Electrical Energy Agency (ANEEL), the agency responsible for establishing the
norms and regulations for electrical energy services in Brazil, determines that the minimum
value of the power factor allowed for group A consumer units is 0.92. Therefore, consumers
who are below this established minimum must correct the power factor of their system under
penalty of incurring the payment of a fine charged by the energy concessionaires. This course
concludes with a case study aimed at analyzing the anomalies in the electrical system that cause
the low power factor at the Camelódromo Floripa Center, a business located in downtown
Florianópolis/SC, in order to define the best approach for correcting the low power factor of
the business mentioned here. For the correction of the power factor, data from consumer
invoices, the electrical quantities involved, the electrical project of the structure were collected
and analyzed, as well as measurements made on site with the help of an electrical energy
analyzer equipment. For this, the method of localized correction was proposed with a semi-
automatic bank, also known as direct correction for the power factor correction. The method
presented will generate benefits both from the point of view of the improvement in the quality
of electrical energy and in the financial and economic issue of commerce, so the consumer will
no longer pay fines for the excess of reactivity in their energy bill and ensure the durability of
the entire electrical system and equipment installed in it, avoiding the wear and tear of the
devices and the prolongation of the useful life.

Keywords: Power factor. Correction. Power quality. Self-Contained.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Analogia de potências ao copo de cerveja ............................................................... 26


Figura 2 - Escala de fatores de potência atrasado ou adiantado ............................................... 36
Figura 3 - Triângulo retângulo de potência .............................................................................. 37
Figura 4 - Fasores da tensão e da corrente sob uma carga puramente indutiva ....................... 38
Figura 5 - Correção do fator de potência por capacitores......................................................... 44
Figura 6 - Triângulo de potências antes da correção ................................................................ 44
Figura 7 - Triângulo de potências após a correção ................................................................... 45
Figura 8 - Diagrama dos tipos de instalação dos capacitores ................................................... 46
Figura 9 - Circuito simples de carga com duas placas ............................................................. 48
Figura 10 - Foto de unidades capacitivas (WEG)..................................................................... 49
Figura 11 - Representação esquemática do motor de corrente contínua .................................. 57
Figura 12 - Motor monofásico (WEG) ..................................................................................... 59
Figura 13 - Representação esquemática do motor monofásico ................................................ 60
Figura 14 - Motor trifásico tipo rotor gaiola de esquilo ........................................................... 63
Figura 15 – Representação do campo girante com defasagem de 120º entre fases .................. 64
Figura 16 - Representação esquemática do Ciclo de Carnot .................................................... 65
Figura 17 - Self-Contained – tipo Split System (unidade condensadora) ................................. 67
Figura 18 - Representação esquemática do Self-Contained – condensadora remota ............... 67
Figura 19 - Compressor scroll (Danfoss) ................................................................................. 68
Figura 20 - Visão interna do compressor scroll (Danfoss) ....................................................... 69
Figura 21 - Diagrama de compressão scroll ............................................................................. 69
Figura 22 - Unidades condensadoras do Camelódromo ........................................................... 71
Figura 23 - Diagrama unifilar do sistema elétrico .................................................................... 73
Figura 24 - Analisador de energia (modelo Smart Meter T) .................................................... 77
Figura 25 - Esquema de ligação do analisador de energia ....................................................... 78
Figura 26 - Foto da instalação do analisador de energia .......................................................... 79
Figura 27 - Foto da instalação da segunda etapa de medição ................................................... 82
Figura 28 - Imagem 1 da leitura das grandezas elétricas capturadas pelo analisador de energia
.................................................................................................................................................. 83
Figura 29 - Imagem 2 da leitura das grandezas elétricas capturadas pelo analisador de energia
.................................................................................................................................................. 83
Figura 30 - Diagrama unifilar simplificado do sistema existente ............................................. 84
Figura 31 - Foto do Quadro Geral de Baixa Tensão - QGBT .................................................. 85
Figura 32 - Diagrama unifilar simplificado do novo sistema ................................................... 91
Figura 33 - Quadro de comando self-contained ....................................................................... 92
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do motor de corrente contínua ..................................... 58


Quadro 2 - Vantagens e desvantagens do motor monofásico ................................................... 60
Quadro 3 - Vantagens e desvantagens do motor síncrono ....................................................... 62
Quadro 4 - Vantagens e desvantagens do motor de indução trifásico - rotor gaiola de esquilo
.................................................................................................................................................. 64
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Histórico de consumo e reativo excedente ............................................................. 74


Gráfico 2 - Histórico de reativo excedente ............................................................................... 75
Gráfico 3 - Histórico do fator de potência x cobrança ............................................................. 76
Gráfico 4 - Dados da medição diária – Analisador de energia ................................................. 80
Gráfico 5 - Valores pagos à concessionária nos últimos 13 (treze) meses (referente ao reativo
excedente) ................................................................................................................................. 93
Gráfico 6 - Fluxo de caixa descontado (5 anos) ....................................................................... 95
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Norma IEC 61000-3-4 (Harmônicas - Máxima Porcentagem) ............................... 32


Tabela 2 - Limites para flutuação de tensão ............................................................................. 33
Tabela 3 - Potência de transformação em razão do fator de potência ...................................... 41
Tabela 4 - Leitura preliminar do analisador de energia - mês de outubro ................................ 81
Tabela 5 - Condução de corrente de condutores (Método de instalação 16, conforme tabela 33)
.................................................................................................................................................. 89
Tabela 6 - Custos para a correção do fator de potência ............................................................ 94
Tabela 7 - Viabilidade financeira do projeto ............................................................................ 96
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica


A – Ampère
BAC – Banco Automático de Capacitadores
CA – Corrente Alternada
CC – Corrente Contínua
CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina
COVID-19 – Coronavirus Disease 2019 (doença do coronavírus)
cv – Cavalo-vapor
DNAEE – Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
FP – Fator de Potência
GWh – Gigawatt-hora
H - Hora
Hz – Hertz
IEEE – Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
IEC – Comissão Eletrotécnica Internacional
kV – Quilovolt
kVA – Quilovolt-ampère
kvar – Quilovolt-ampère-reativo
kvarh - Quilovolt-ampère-reativo-hora
kW – Quilowatt
kWh – Quilowatt-hora
M² – Metro Quadrado
MWh – Megawatt-hora
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora
P – Potência Ativa
PB – Payback Descontado
PCC – Ponto de Conexão Comum
PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
PRORET – Procedimento de Regulação Tarifária
QGBT – Quadro Geral de Baixa Tensão
TIR – Taxa Interna de Retorno
THD – Distorção Harmônica Total
TMA – Taxa Mínima de Atratividade
TR – Tonelada de Refrigeração
VPL – Valor Presente Líquido
W – Watt
Wh – Watt-hora
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 16
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 17
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 17
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 18
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 18
1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 18
1.4 DELIMITAÇÕES ............................................................................................................ 18
1.5 METODOLOGIA ............................................................................................................ 19
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 21
2.1 BREVE RELATO HISTÓRICO SOBRE A ENERGIA ELÉTRICA ............................. 21
2.2 ENERGIA ELÉTRICA ATIVA E REATIVA ................................................................ 22
2.3 ENERGIA REATIVA INDUTIVA E CAPACITIVA .................................................... 23
2.4 POTÊNCIA ATIVA, REATIVA E APARENTE ........................................................... 23
2.5 LEGISLAÇÕES E ASPECTOS REGULATÓRIOS DO SISTEMA ELÉTRICO ......... 26
2.6 QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA ..................................................................... 27
2.6.1 Tensão em regime permanente .................................................................................. 29
2.6.2 Harmônicos .................................................................................................................. 29
2.6.3 Desequilíbrio de Tensão .............................................................................................. 32
2.6.4 Flutuação de tensão ..................................................................................................... 33
2.6.5 Variação de frequência ............................................................................................... 33
2.7 FATOR DE POTÊNCIA ................................................................................................. 34
2.7.1 Causas do baixo fator de potência ............................................................................. 38
2.7.2 Consequências do baixo fator de potência ................................................................ 40
2.7.2.1 Perdas na instalação.................................................................................................... 40
2.7.2.2 Quedas de tensão ........................................................................................................ 40
2.7.2.3 Subutilização da capacidade instalada ....................................................................... 41
2.7.3 Métodos de correção do fator de potência ................................................................ 42
2.7.3.1 Aumento do consumo de energia ativa ...................................................................... 42
2.7.3.2 Utilização de máquinas síncronas .............................................................................. 43
2.7.3.3 Utilização de capacitores ............................................................................................ 43
2.7.4 Capacitores .................................................................................................................. 47
2.7.4.1 Banco de capacitores .................................................................................................. 49
2.7.4.1.1 Métodos de controle ................................................................................................. 49
2.7.5 Vantagens da correção do fator de potência ............................................................. 50
2.8 MODALIDADES TARIFÁRIAS E SEUS RESPECTIVOS CONSUMIDORES ......... 51
2.9 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS FINANCEIROS ...................................................... 53
2.9.1 Fluxo de caixa .............................................................................................................. 54
2.9.2 Taxa mínima de atratividade (TMA) ........................................................................ 54
2.9.3 Método do valor presente líquido (VPL) .................................................................. 54
2.9.4 Método da taxa interna de retorno (TIR) ................................................................. 55
2.9.5 Período de recuperação do investimento (payback descontado - PB) ..................... 56
2.10 MOTORES ELÉTRICOS ................................................................................................ 56
2.10.1 Motor Monofásico ....................................................................................................... 58
2.10.2 Motor Trifásico (CA) .................................................................................................. 60
2.10.2.1 Motor Síncrono........................................................................................................... 61
2.10.2.2 Motor de indução assíncrono trifásico tipo rotor gaiola de esquilo ........................... 62
2.11 CICLO BÁSICO DE REFRIGERAÇÃO ........................................................................ 64
2.11.1 Self-contained remoto.................................................................................................. 66
2.11.2 Compressor scroll ........................................................................................................ 68
3 ESTUDO DE CASO ......................................................................................................... 70
3.1 ANÁLISES PRELIMINARES ........................................................................................ 71
3.1.1 Levantamento de dados .............................................................................................. 72
3.1.2 Diagrama unifilar do sistema elétrico ....................................................................... 73
3.1.3 Estudo das faturas de energia elétrica ...................................................................... 74
3.1.4 Medições realizadas em campo .................................................................................. 77
3.1.5 Sistema de correção existente ..................................................................................... 84
3.2 DIMENSIONAMENTO NO NOVO SISTEMA............................................................. 85
3.2.1 Desenvolvimento dos cálculos .................................................................................... 86
3.2.2 Definição do método de correção ............................................................................... 89
3.3 SISTEMA PROPOSTO ................................................................................................... 90
3.3.1 Viabilidade Técnica ..................................................................................................... 91
3.4 ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA ................................. 92
3.4.1 Custos para a implantação do novo sistema ............................................................. 93
3.4.2 Viabilidade financeira e econômica do projeto ........................................................ 94
4 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 97
4.1 SUGESTÃO PARA NOVOS TRABALHOS ................................................................. 98
ANEXO A - TERMO DE AUTORIZAÇÃO ..................................................................... 103
ANEXO B - FATURAS DE ENERGIA ELÉTRICA ........................................................ 104
16

1 INTRODUÇÃO

Pode-se dizer que a demanda energética está diretamente relacionada ao


desenvolvimento econômico do país.
Com o passar dos anos a matriz de cargas elétricas no Brasil vem se modificando
seguindo uma tendência mundial, tendo em vista a necessidade de novas demandas em alta
escala.
A utilização crescente de equipamentos elétricos, em especial os de consumo não linear,
vêm proporcionando uma melhor qualidade de vida para os usuários do sistema elétrico. Ocorre
que este novo estilo de vida acarreta mudanças drásticas no comportamento dos parâmetros
elétricos, gerando assim, novos desafios para os estudiosos da área.
No passado as cargas eram em sua maioria resistivas (chuveiros, ferro de passar,
lâmpadas incandescentes, entre outros), mas atualmente, contamos com cargas mais
diversificadas, tais como, transformadores, motores, lâmpadas de led, fontes chaveadas, entre
outras. Estas cargas em sua maioria, consomem energia reativa de forma considerável, o que
acaba por gerar um desequilíbrio no balanço de cargas, podendo resultar em um baixo fator de
potência.
Ocorre que além dos danos operacionais causados nos equipamentos, o excesso de
reativos na rede pode provocar, além de perdas por aquecimento e quedas de tensão na linha,
perdas financeiras, tais como multas devido ao baixo fator de potência da instalação.
O fator de potência pode ser conceituado como um valor que expressa a relação entre a
energia ativa, a qual é responsável por realizar trabalho, e a energia total consumida. Assim,
quanto mais próximo estiver da unidade, mais eficiente será o consumo de energia (SILVA,
2009).
A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, através da Resolução Normativa nº
414, de 9 de setembro de 2010, estabelece as condições gerais de fornecimento de energia
elétrica e regula as disposições a serem observadas pelos consumidores, delimitando os seus
direitos e deveres. Em seus artigos 95 a 97 determina que o fator de potência tem como limite
mínimo permitido para as unidades consumidoras do grupo A (atendidas em alta tensão com
fornecimento de energia igual ou superior a 2,3 kV), o valor de 0,92, e, como forma de garantir
o cumprimento das determinações, permite que as concessionárias e permissionárias apliquem
multas aos consumidores que não se adequam aos padrões definidos.
Nesse sentido, importante se faz ressaltar que a própria falta de clareza nos
demonstrativos mensais nas faturas disponibilizadas pelas concessionárias aliado à própria falta
17

de orientação dos responsáveis para análise das faturas, faz com os consumidores do grupo A
sujeitem-se a pagar essas multas pelo baixo fator de potência.
Sendo assim, devido à fiscalização contínua ao qual é exposto e aos exorbitantes valores
das multas aplicadas, o consumidor é compelido a aprimorar o seu sistema elétrico e instalar
equipamentos capazes de corrigir o fator de potência. Todavia, existem benefícios nisso tudo e
que muitos consumidores desconhecem, e são os efeitos que uma melhor qualidade de energia
pode proporcionar às instalações e aos equipamentos, os quais serão demonstrados, avaliados
e testados ao final deste estudo de caso.

1.1 JUSTIFICATIVA

Devido ao crescente aumento na demanda do sistema elétrico, tem-se acelerado a busca


na eficiência do uso responsável da energia visando o melhor aproveitamento dos recursos
existentes aliada à preocupação em minimizar os investimentos e os impactos ambientais.
Assim, com o objetivo de coibir os consumidores do grupo A que se encontram fora da
faixa aceitável (atualmente igual ou acima de 0,92 - valor mínimo estabelecido pela Agência
Nacional de Energia Elétrica – ANEEL), as concessionárias de energia têm aplicado multas aos
clientes que não estejam dentro desse mínimo pré-estabelecido.
Ao se corrigir o fator de potência de uma instalação são diversos os benefícios
angariados, como por exemplo, o fator econômico, haja vista a não aplicação da multa por
excesso reativo e a melhora no aproveitamento da energia elétrica para a geração do trabalho
útil. Além disso, a correção evita a sobrecarga dos cabos e transformadores - o que ocasiona
um aumento nas perdas do sistema -, e o desgaste nos dispositivos de proteção e manobra.
Sendo assim, havendo a correção do fator de potência e respeitando-se as normas
estabelecidas, o cliente utilizará a energia elétrica de maneira econômica e correta,
beneficiando-se dos recursos energéticos de forma eficaz.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

O presente estudo de caso aborda acerca do baixo fator de potência identificado através
de visitas técnicas realizadas no Camelódromo Municipal de Florianópolis, atualmente
renomeado como “Camelódromo Floripa Center”, localizado no centro da capital – SC, que
atua no ramo de comércio dos mais diversos produtos, contando com 134 boxes.
18

Apesar do sistema elétrico do Camelódromo apresentar diversos problemas, tais como,


o desbalanceamento de fases, quedas do disjuntor geral de entrada em baixa tensão com
frequência, baixo fator de potência oriundo do barramento de alimentação do sistema de
climatização, entre outros; o estudo se baseará apenas na investigação das anomalias que
causam o baixo fator de potência a fim de se estabelecer uma abordagem para resolvê-lo,
evitando a degradação das instalações elétricas e as reiteradas sanções financeiras impostas pela
concessionária de energia elétrica (CELESC) ao consumidor.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar as anomalias existentes no barramento de entrada, a fim de desenvolver uma


solução economicamente viável para corrigir o baixo fator de potência do sistema elétrico do
Camelódromo Municipal de Florianópolis – SC.

1.3.2 Objetivos Específicos

Identificar os fatores causadores do baixo fator de potência e suas consequências para o


circuito;
Desenvolver um estudo analítico acerca da melhor abordagem para a obtenção da
correção do fator de potência;
Analisar dentre as diversas formas de correção a que mais se adequa às necessidades
técnicas do sistema elétrico, bem como, sugerir adaptações de melhorias que sejam financeira
e economicamente vantajosas.

1.4 DELIMITAÇÕES

Este trabalho limita-se ao estudo de caso com ênfase nos possíveis fatores que
ocasionam o baixo fator de potência nas instalações do Camelódromo Municipal de
Florianópolis.
Será estudada a atual configuração do sistema elétrico bem como a realização de
medições através de analisador de energia para se aferir a qualidade de energia.
O presente estudo de caso não tem como finalidade a implantação propriamente dita da
solução para a correção do fator de potência e nem como objetivo demonstrar as estruturas com
19

alto grau de detalhamento ou com particularidades do sistema elétrico, mas sim, compor uma
visão macro da melhor abordagem e técnica para a resolução dos problemas encontrados no
tocante ao baixo fator de potência.
Outrossim, as sugestões e adaptações para as melhorias no sistema elétrico devem servir
como guia apenas para o dimensionamento das cargas reativas capacitivas, visando minimizar
as perdas causadas pelo baixo fator de potência.

1.5 METODOLOGIA

Este trabalho de conclusão de curso é uma pesquisa aplicada com abordagem quali-
quantitativa, sendo que, em relação ao objetivo ela é explicativa, utilizando-se de
procedimentos documentais e de estudo de caso. As técnicas utilizadas para a coleta e análise
de dados foram a análise documental e a observação participante.
Utilizou-se o método de estudo de caso a fim de obter uma adequada compreensão dos
assuntos, além de investigar todos os aspectos que estão relacionados ao caso.
Segundo Yin (2001), a principal intenção em estudos de caso é atrair esclarecimentos,
os quais demonstrem os motivos para definir quais as decisões devem ser tomadas em um
conjunto de motivos e quais resultados foram alcançados e implementados. Assim, ao se
investigar um fenômeno da vida real dentro de um contexto específico, o estudo de caso é a
forma ideal para se pesquisar.
Conforme descreve Gil (2008), o estudo de caso “consiste no estudo profundo e
exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.”
No mesmo sentido, Godoy (1995) menciona que o estudo de caso consiste em analisar
profundamente um tipo de pesquisa cujo objetivo é detalhar um ambiente em uma situação
particular. Os dados de um estudo de caso são coletados pelo pesquisador por uma fonte
primária ou secundária da própria observação do problema, e os dados devem ser coletados em
pesquisas qualitativas, o que não quer dizer que não se possa usar também a pesquisa
quantitativa, dependerá da que vai ser aplicada.
Assim, quando alguém define por um estudo de caso que não se devem generalizar os
resultados obtidos, não se pode extrair nenhuma conclusão que extrapole a situação estudada,
portanto, essa técnica de pesquisa tem uma contribuição limitada para o avanço do
conhecimento (BERTUCCI, 2009).
20

Trata-se também de uma pesquisa documental, que segundo Marconi; Lakatos (2010),
é fundamentada em documentos, escritos ou não, os quais denomina-se de fontes primárias, e
pode ser realizada quando o fato ou fenômeno ocorre, ou mesmo após já ter ocorrido.
Destaca-se que no desenvolvimento dessa pesquisa também foram utilizados
documentos de arquivos privados, que para Lakatos, et al. (2010) são chamados de fontes
primárias. Nesse sentido, frisa-se que o conceito de documento pode ser entendido como
qualquer objeto capaz de comprovar algum fato ou acontecimento (LAKATOS, et al., 2010).
A presente pesquisa pode ainda ser classificada como descritiva, pois conforme
menciona Triviños (2009), ela permite ao investigador ampliar a sua experiência em relação a
um determinado problema.
Trata-se também de uma pesquisa aplicada cujo objetivo é dar origem a conhecimentos
e contextualizá-los com a realidade vivenciada pelo Camelódromo Municipal de Florianópolis,
de forma a auxiliar na solução de problemas específicos, qual seja, a necessidade de se corrigir
o fator de potência das cargas existentes. Feita a identificação dessa necessidade, a referida
pesquisa é de cunho empírico e enquadra-se como descritiva (TRIVIÑOS, 2009).
Quanto à coleta de dados dessa pesquisa foi realizada por intermédio da observação
participante do autor, e possui como finalidade, identificar os problemas, realizar uma análise
crítica e buscar soluções adequadas (GIL, 2010).

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em 4 (quatro) capítulos, os três primeiros dedicados à


descrição e referencial teórico e o quarto, e último, apresentando o desenvolvimento, os
resultados obtidos e as conclusões.
No capítulo um, apresenta-se a introdução, contendo a justificativa, o problema de
pesquisa, os objetivos, as delimitações e a metodologia deste trabalho. Nos capítulos dois,
apresenta-se o referencial teórico, o qual visa ampliar e consolidar os conhecimentos básicos
da área de engenharia elétrica para a perfeita compreensão do trabalho. No capítulo três é
apresentando o desenvolvimento contendo o estudo de caso propriamente dito, descrevendo os
dados colhidos, o diagrama unifilar do sistema elétrico existente, a análise das faturas de energia
elétrica, o desenvolvimento dos cálculos com a finalidade de encontrar a potência adequada do
capacitor para corrigir o baixo fator de potência, bem como a análise da viabilidade financeira
e econômica do novo sistema proposto. Por fim, o capítulo quatro apresenta as conclusões
acerca de todo o trabalho desenvolvido e sugestões para novos trabalhos.
21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta a base teórica referente aos temas abordados e os principais
conceitos e elementos utilizados para uma melhor compreensão da pesquisa.
Sendo assim, se faz necessário um breve relato histórico a respeito do tema energia
elétrica, além de uma abordagem sobre correção do fator de potência e conceitos essenciais,
tais como energia ativa e reativa, potência ativa, reativa e aparente, legislação e aspectos
regulatórios essenciais do sistema elétrico, além da qualidade de energia elétrica.
No sistema elétrico, as cargas se caracterizam por demandar potência e absorver energia
elétrica do próprio sistema. Segundo Creder (2016), a energia elétrica absorvida por cargas
alimentadas em corrente alternada pode ser decomposta em energia ativa e energia reativa.

2.1 BREVE RELATO HISTÓRICO SOBRE A ENERGIA ELÉTRICA

Em meados do século XIX, a energia elétrica já era utilizada em alguns setores da


indústria, como por exemplo, na metalurgia (galvanoplastia) e nas telecomunicações
(telégrafo). Ainda que para a época fosse muito rudimentar, essa “nova” forma de energia
(energia elétrica) estimulou o interesse de investidores e empresários, o que alavancou os
estudos a respeito desse tipo de energia (DE CARVALHO, 2014).
O grande avanço ocorreu somente em 1878, quando Thomas Edison conseguiu
disponibilizar no mercado em condições de uso a lâmpada incandescente e filamento, e Werner
Siemens com a primeira locomotiva elétrica (DE CARVALHO, 2014).
Mais tarde, Nikola Tesla desenvolveu o motor de corrente alternada e, com isso, foi
possível se utilizar a eletricidade nas fábricas.
Ocorre que, no mesmo período, aperfeiçoava-se a turbina hidráulica como uma
alternativa para a turbina a vapor, que até então era utilizada na geração de energia elétrica.
Finalmente, surgiram as primeiras hidroelétricas, as linhas de transmissão e distribuição,
além de elementos que permitiram o transporte de energia elétrica até os grandes centros
consumidores, suprindo a necessidade de energia nas cidades e fábricas (DE CARVALHO,
2014).
No Brasil, o desenvolvimento do setor elétrico relacionou-se diretamente ao processo
de urbanização e industrialização no país desde o ano de 1889 com a Proclamação da República
até os dias de hoje (BRAGA, 2018).
22

Assim, o processo de industrialização aliado à crescente demanda de energia no Brasil


impulsionou a publicação do Código de Águas no ano de 1934, o qual determinava que o
potencial hidroelétrico deixava de ser do proprietário da terra, passando a ser patrimônio do
Estado, e, portanto, o aproveitamento do potencial hidrelétrico passou a ser feito por meio de
concessão (SANTOS, 2015).
A partir desse momento, ocorreu forte intervenção do Estado com a criação de agências
reguladoras, empresas, sociedades de economia mista, e financiamentos de empreendimentos
de geração de energia elétrica visando a estruturação do setor. Em 1952, destaca-se a fundação
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), o qual forneceu um elevado
número de empréstimos para investimentos em geração de energia elétrica, e durante as décadas
de 70 e 80, a criação do Ministério de Minas e Energia (MME), além da fundação de empresas,
tais como a Central Elétrica de Furnas S.A., Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás),
Centrais Elétrica do Norte (Eletronorte), Centrais Elétricas do Sul (Eletrosul) e Empresas
Nucleares Brasileiras S.A. (Nuclebrás) (SANTOS, 2015).
Em 1990, a partir de um projeto de reestruturação do setor elétrico, o Ministério de
Minas e Energia (MME) realizou mudanças institucionais e operacionais que concretizaram o
modelo do setor que temos hoje, baseando-se na ideia de um estado regulador que deve
direcionar as políticas de desenvolvimento e regular todo o setor. Assim, diversas empresas
foram privatizadas e autarquias criadas, como é exemplo a ANEEL (BRAGA, 2018).

2.2 ENERGIA ELÉTRICA ATIVA E REATIVA

Nas palavras de Creder (2016), “energia é a potência dissipada ou consumida ao longo


do tempo”, ou seja, ela pode ser descrita ou representada pela equação:

𝐸 = (𝑊𝑥 𝑇) (1)

Temos, que “W” corresponde a potência, e “T” o tempo.


Como consideramos o tempo relativo a uma hora, a energia é expressa em watts x hora
(Wh), e como esta é uma unidade muito pequena, na prática, utiliza-se a potência em quilowatts,
e, portanto, a energia será em kWh (CREDER, 2016).
23

De forma geral, observa-se esta grandeza com a unidade de medida e seus múltiplos
“Wh, kWh, MWh ou GWh”, que nada mais é que o produto da potência absorvida por uma
carga no intervalo de uma hora.
Assim, nas instalações onde os circuitos são alimentados por corrente alternada, a
energia elétrica absorvida pela carga pode ser dividida em energia ativa e reativa (COTRIM,
2008).
Pode-se conceituar a energia ativa como sendo a componente responsável em
transformar a energia elétrica em energia mecânica ou térmica, ou seja, é a energia que
realmente executa trabalho, e é medida em “kWh” (COTRIM, 2008).
Ao oposto, a energia reativa é a componente da energia elétrica que não realiza trabalho,
mas é absorvida com o intuito de formar os campos eletromagnéticos para o correto
funcionamento dos equipamentos indutivos. Sua unidade de medida é “kvarh” (COTRIM,
2008).
Importante mencionar que de acordo com as cargas que estão sendo alimentadas no
circuito, a energia reativa se subdivide em reativa indutiva e capacitiva.

2.3 ENERGIA REATIVA INDUTIVA E CAPACITIVA

Pode-se conceituar a energia reativa indutiva como sendo a energia consumida por
cargas indutivas, como por exemplo, motores de indução, reatores e transformadores
(COTRIM, 2008).
A energia reativa indutiva é consumida através de geração de campo magnético para
funcionamento de equipamentos.
Já, a energia reativa capacitiva é a energia fornecida por cargas capacitivas, e este tipo
de carga apresenta fator de potência dito reativo capacitivo (COTRIM, 2008).

2.4 POTÊNCIA ATIVA, REATIVA E APARENTE

A potência é uma grandeza que mensura a quantidade de trabalho que pode ser realizado
em um determinado espaço de tempo (BOYLESTAD, 2012).
Nesse sentido:
A potência [...] é a velocidade com que um trabalho é executado. Por exemplo, um
grande motor elétrico tem mais potência do que um pequeno porque é capaz de
converter quantidade maior de energia elétrica em energia mecânica no mesmo
intervalo de tempo.
24

Como a energia convertida é medida em joules (J) e o tempo em segundos (s), a


potência é medida em joules/segundo (J/s). A unidade elétrica de medida de potência
é o watt (W).

Análogo ao que acontece com a energia, em um circuito de corrente alternada existem


dois tipos de potência: a potência ativa e a potência reativa, e a soma vetorial de ambas gera a
potência aparente (kVA) (CREDER, 2016).
A potência ativa é também chamada de potência média, potência útil, ou ainda, potência
real, e pode ser obtida pela expressão: (SAMED, 2017)

𝑃 = 𝑉. 𝐼. cos φ (2)

Para tanto, tem-se que o “V” representa o valor eficaz de tensão, “I” a corrente; o “cos
φ” é o fator de potência, e “P” é a unidade de potência ativa expressada em watt (W).
Assim, a potência ativa nada mais é que a componente da potência total que é convertida
em calor por efeito joule (SAMED, 2017).
A potência reativa, também chamada de potência magnetizante, é a potência total na
qual a energia é armazenada pela reatância. Ela é útil ao funcionamento de transformadores,
motores e dispositivos magnéticos em geral (SAMED, 2017).
A potência reativa é dada pela expressão:

𝑄 = 𝑉. 𝐼. sen φ (3)

O “V” e “I” representam, respectivamente, o valor de tensão e de corrente, “sen φ” é o


fator reativo, e o “Q” é da potência reativa, a qual é dada em var (SAMED, 2017).
Por último, a potência aparente é chamada de potência total, e pode ser obtida conforme:

𝑆 = 𝑉. 𝐼 (4)

Da expressão acima, tem-se que V” e “I” representam o valor de tensão e de corrente,


respectivamente, e “S” é a potência aparente dada em volt-ampére (SAMED, 2017).
Portanto, a potência aparente é formada pelas potências ativa e reativa, e pode ser
encontrada pela equação demonstrada abaixo:
25

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2 (5)

Outra maneira de representar a potência aparente se dá por meio do quociente entre a


potência ativa “P” e o fator de potência “FP”, conforme detalhado na Equação 6:

𝑃
𝑆= (6)
𝐹𝑃

Sendo assim, nota-se que há uma íntima ligação entre os tipos de energia e de potência.
Segundo, Cotrim (2008), se a energia ativa consumida em uma certa carga, onde a sua unidade
de medida é dada em “kWh”, for dividida pelo mesmo intervalo de tempo que a gerou (h),
obtemos a demanda ativa ou potência ativa, e a sua unidade é dada em “kW”.
Paralelamente a isto, pode-se seguir o mesmo entendimento quanto a energia reativa
(kvarh), e então, obtemos a demanda reativa, ou potência reativa (kvar).
Dessa forma, a potência aparente (S), é a soma vetorial da potência ativa (P) e da
potência reativa (Q), ou seja, é a potência total absorvida pela instalação. Sua unidade de medida
é dada em “kVA” (COTRIM, 2008).
É possível ainda utilizar uma analogia muito conhecida a fim de compreender melhor
essa relação das potências, que é a do copo de cerveja com o colarinho, conforme demonstrado
na Figura 1. Obviamente, essa analogia tem como objetivo demonstrar de forma simplificada e
didática a relação das potências.
Observando a Figura 1, se definirmos que o copo cheio, incluindo o colarinho, será a
potência aparente, e a espuma, representando a potência reativa, ou seja, ocupa espaço no copo.
Já, a potência ativa é o líquido, que neste caso é o mais importante.
26

Figura 1 - Analogia de potências ao copo de cerveja

Fonte: Scarpin, 2017.

2.5 LEGISLAÇÕES E ASPECTOS REGULATÓRIOS DO SISTEMA ELÉTRICO

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia em regime especial


vinculada ao Ministério de Minas e Energia, foi criada para regular o setor elétrico brasileiro,
por meio da Lei nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997.
Dentre as principais atribuições da ANEEL, estão a regulação da geração, transmissão,
distribuição e comercialização de energia elétrica; a fiscalização, diretamente ou mediante
convênios com órgãos estaduais, as concessões, as permissões e os serviços de energia elétrica;
estabelecer tarifas, dentre muitas outras.
Com relação ao atendimento dos consumidores no que tange à prestação de serviço
público de distribuição de energia elétrica no Estado de Santa Catarina temos as distribuidoras
de energia elétrica, tais como a Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina), além de
permissionárias/cooperativas de eletrificação rural.
Assim, com o intuito de regular as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e
desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica, a ANEEL criou o Procedimento
de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Nacional (PRODIST), o qual é composto de
onze módulos que abrangem as macro áreas de ações técnicas dos agentes de distribuição.
Sendo assim, de acordo com o PRODIST – Módulo 1 (ANEEL, 2018):
Os procedimentos de Distribuição são documentos elaborados pela ANEEL, com a
participação dos agentes de distribuição e de outras entidades e associações do setor
elétrico nacional, que normatizam e padronizam as atividades técnicas relacionadas
ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica.
Os principais objetivos do PRODIST são:
27

a) garantir que os sistemas de distribuição operem com segurança, eficiência,


qualidade e confiabilidade;
b) propiciar o acesso aos sistemas de distribuição, assegurando tratamento não
discriminatório entre agentes;
c) disciplinar os procedimentos técnicos para as atividades relacionadas ao
planejamento da expansão, à operação dos sistemas de distribuição, à medição e à
qualidade da energia elétrica;
d) estabelecer requisitos para os intercâmbios de informações entre os agentes
setoriais e entre eles e os consumidores;
e) assegurar o fluxo de informações adequadas à ANEEL;
f) disciplinar os requisitos técnicos na interface com a Rede Básica,
complementando de forma harmônica os Procedimentos de Rede.

2.6 QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA

A qualidade de energia vem se tornando um termo muito empregado na atualidade,


todavia, pode ter significados diversos a depender do ponto de vista analisado, mas o fato é que
a qualidade da energia é essencial ao pleno desenvolvimento da sociedade.
Basicamente, a qualidade de energia elétrica é a medida que expressa quão bem a
energia elétrica pode ser utilizada pelos consumidores e leva em consideração parâmetros
desejáveis para uma operação segura.
Conforme Leão et al. (2014) nos ensina, a qualidade de energia elétrica é a análise de
comportamento conforme um conjunto de características relacionadas ao sinal elétrico de
tensão e corrente, que de forma satisfatória, garantem as condições mínimas necessárias para
que todos os elementos do sistema elétrico possam trabalhar de forma segura, e com o máximo
de desempenho, sem que para isso, comprometam a vida útil dos seus componentes (LEÃO, et
al., 2014).
Com a modernização dos dispositivos eletrônicos disponíveis no mercado, aliado aos
seus altos níveis de consumo, surgiu a necessidade de se aumentar a capacidade de
processamento de energia elétrica disponibilizada aos consumidores. Todavia, isso originou
diversos problemas devido à baixa qualidade de energia elétrica disponível, o que ocasionou
correntes excessivas nos condutores neutros, disparos em equipamentos de proteção,
superaquecimento de transformadores, dentre outros distúrbios.
Destaca-se que o motivo principal pelo qual cada vez mais há interesse na qualidade de
energia elétrica é a questão econômico-financeira (DUNGAN; MCGRANAGHAN, 2003 apud
RIBEIRO, 2017):
Existem impactos financeiros para os geradores, distribuidores, usuários finais e para
os fabricantes de equipamentos. A evolução tecnológica pelo qual todos vivenciam,
tornaram os equipamentos mais modernos, automatizados, eficientes e muito mais
sensíveis a distúrbios no fornecimento de energia.
28

Nesse sentindo, para que se pudesse manter a qualidade de energia, surgiu a necessidade
de se definir procedimentos e limitações na distribuição de energia. Assim, a ANEEL, criou o
PRODIST – Módulo 8, o qual define a terminologia e os indicadores, caracteriza os fenômenos,
estabelece os limites ou valores de referência, a metodologia de medição, a gestão das
reclamações relativas à conformidade de tensão em regime permanente e às perturbações na
forma de onda de tensão e os estudos específicos de qualidade da energia elétrica para fins de
acesso aos sistemas de distribuição (ANEEL, 2020).
Um sinal que possui boa qualidade apresenta-se na forma de onda senoidal, com
frequência e amplitude fixas, as quais variam conforme a forma transmitida ou distribuída, e
com deslocamento angular que se mantém durante todo o sinal. Dessa forma, a relação da
qualidade de energia não parte somente do fornecedor ou da concessionária, mas ela parte
também dos próprios clientes que solicitam a energia (TANIGUCHI, 2019).
Conforme a ANEEL (2017), os principais parâmetros que devem ser analisados para
uma boa qualidade de energia elétrica são os seguintes:

a) tensão em regime permanente;


b) fator de potência;
c) harmônicos;
d) desequilíbrio de tensão;
e) flutuação de tensão;
f) variação de frequência.

Assim, para que se averigue a qualidade da energia, a ANEEL (2017) esclarece que as
leituras de energia elétrica devem ser realizadas através de equipamentos que operem conforme
o princípio de amostragem digital e utilizando um único instrumento de medição para auferir
todos os fenômenos da qualidade da energia fornecida.
Nesse sentido (ANEEL, 2017):
O conjunto de leituras para gerar os indicadores da qualidade do produto de regime
permanente (distorções harmônicas, flutuação de tensão e desequilíbrio de tensão)
deve compreender o registro de 1008 (mil e oito) leituras válidas obtidas em intervalos
consecutivos (período de agregação) de 10 minutos [...] No intuito de se obter 1008
(mil e oito) leituras válidas, intervalos adicionais devem ser agregados, sempre
consecutivamente (ANEEL, 2017).
29

2.6.1 Tensão em regime permanente

O indicador da tensão em regime permanente é definido pela variação percentual da


amplitude da senoide da tensão por um tempo maior que três minutos. O PRODIST - Módulo
8 da ANEEL estabelece os limites percentuais adequados, precários e críticos para os níveis de
tensão em regime permanente, os critérios de medição, de registro e os prazos.
Conforme a ANEEL (2020) preceitua:

O termo “conformidade de tensão elétrica” refere-se à comparação do valor de tensão


obtido por medição apropriada, no ponto de conexão, em relação aos níveis de tensão
especificados como adequados, precários e críticos
A tensão em regime permanente deve ser avaliada por meio de um conjunto de leituras
obtidas por medição apropriada [...].
A conformidade dos níveis de tensão deve ser avaliada nos pontos de conexão à Rede
de Distribuição, nos pontos de conexão entre distribuidoras e nos pontos de conexão
com as unidades consumidoras.

É importante mencionar ainda, que conforme destaca a ANEEL (2020), a tensão em


regime permanente deve ser acompanhada pela distribuidora, através de técnicas adequadas que
previnam que a tensão em regime permanente se mantenha dentro dos limites desejados
(TANIGUCHI, 2019).

2.6.2 Harmônicos

O estudo de harmônicos é normalmente realizado para se investigar o impacto de


dispositivos não lineares, para detectar as condições de ressonância, e ainda, para determinar
os requisitos de filtragem em uma instalação ou sistema elétrico.
Muito embora a palavra harmônico seja utilizada na área da engenharia elétrica, é
importante mencionar que a sua origem se deu na área da acústica e de instrumentos musicais.
(LEÃO, et al., 2014).
O termo harmônico tornou-se um termo bastante conhecido na engenharia elétrica
justamente porque a sua presença nos sistemas elétricos pode causar alterações na rede, além
de prejudicar a qualidade da transmissão de energia elétrica.
Conforme Carvalho (2013) descreve, “denomina-se harmônico toda forma de onda
senoidal cuja frequência é múltipla da forma de onda de frequência fundamental.”
O termo harmônico é: (CARVALHO, 2013):
[...] proveniente da física, particularmente do estudo da ondulatória. Quando uma
partícula ou uma onda se propaga em uma oscilação periódica ao redor de um ponto
de equilíbrio, este movimento pode ser descrito por uma combinação de senoides e
cossenoides, e é denominado “movimento harmônico”.
30

Segundo Fourier, todo sinal periódico pode ser decomposto em um somatório


infinitivo de senoides e cossenoides, e seus termos e coeficientes são dados pela
equação:

O sinal em forma de ondas senoidais são características desejadas em um sistema


elétrico, sendo que os equipamentos e aparelhos elétricos são projetados para serem
alimentados com formas senoidais (LEÃO, et al., 2014).
Ocorre que em uma instalação elétrica os altos níveis de distorções harmônicas podem
ocasionar diversos problemas tanto para as redes de distribuição quanto para as próprias
instalações, além dos equipamentos que nelas estão instalados (WEG, 2019).
Segundo conceitua o PRODIST 8 (ANEEL, 2020): “as distorções harmônicas são
fenômenos associados a deformações nas formas de onda das tensões e correntes em relação à
onda senoidal da frequência fundamental.”
Assim, o aumento de tensão na rede causado pela distorção harmônica (WEG, 2019):
[...] acelera a fadiga dos motores e as isolações de fios e cabos, o que pode ocasionar
queimas, falhas e desligamentos. Adicionalmente, as harmônicas aumentam a
corrente RMS (devido a ressonância técnica), causando elevação nas temperaturas de
operação de diversos equipamentos e diminuição de sua vida útil.

Além disso, é importante mencionar que as ondas de frequências superiores provocam


diversos danos ao sistema elétrico, tais como (WEG, 2019):

a) a interferência nos equipamentos utilizados para comunicações e para


variação de velocidade de motores;
b) o aquecimento de reatores e de lâmpadas fluorescentes;
c) o surgimento de ressonâncias entre os capacitores para a correção do fator
de potência, gerando sobretensões e sobrecorrentes que causam severos
danos ao sistema;
d) o aumento de erros nos instrumentos de medição de energia, tendo em vista
que estes são calibrados para medir ondas senoidais puras;
e) o aumento de perdas nos rotores e estatores de máquinas rotativas que
acabam por ocasionar um superaquecimento extremamente prejudicial às
máquinas;
f) perdas adicionais causadas pelo aumento do valor RMS da corrente, tendo
em vista que o fluxo de harmônicas nos elementos de ligação de uma rede
ocasiona essas perdas;
31

g) o aumento das perdas, além do desgaste precoce das isolações térmicas


podem prejudicar os transformadores do sistema elétrico;
h) quedas de tensão harmônica nas diversas impedâncias do circuito;
i) redução severa na vida útil dos cabos elétricos, pois há um aumento de
fadiga dos dielétricos;
j) a distorção das características de atuação de relés de proteção.

Nos sistemas elétricos de potência a frequência fundamental pode ser de 50 Hz ou 60


Hz. No Brasil, a frequência adotada é e 60 Hz, e, dessa forma, o primeiro harmônico de uma
senoide de 60 Hz é uma senoide na própria frequência fundamental; o segundo harmônico
possui uma frequência de 120 Hz, o terceiro 180 Hz, e assim, sequencialmente (WEG, 2019).
A IEC (International Electrotechnical Commission), organização internacional de
normatização e padronização para as áreas de elétrica, eletrônica e outras tecnologias
relacionadas, a qual atua com o propósito de discutir questões relativas às normas, fazer
recomendações e promover orientações para utilização internacional, publicou a norma IEC
61000-3-2 de 2009 - Limits for harmonics current emissions (equipament input current ≤ 16 A
per phase), que aborda a limitação de correntes harmônicas injetadas na rede pública do sistema
de abastecimento, e especifica os limites de componentes harmônicos da corrente de entrada
(DE SOUZA; BETIOL, 2019).
A norma mencionada nada mais é do que uma recomendação técnica voltada para os
equipamentos elétricos e eletrônicos que tenham uma corrente nominal superior a 16A por fase
e que sejam alimentados por sistemas de distribuição em corrente alternada com as seguintes
características: “tensão nominal de até 240V, monofásica, dois ou três fios; tensão nominal de
até 600V, trifásico, três ou quatro fios, frequência nominal de 50HZ ou 60HZ” (DE SOUZA;
BETIOL, 2019).
Destaca-se que a norma IEC 61000-3-4 de 1998 (Tabela 1) foi substituída pela norma
IEC 61000-3-12 de 2011, todavia, no tocante a porcentagem do máximo de harmônicos em
circuitos trifásicos balanceados com corrente passante entre 16A até 75A ainda permanece a
mesma, e que será utilizada como referência deste estudo. (DE SOUZA; BETIOL, 2019).
32

Tabela 1 - Norma IEC 61000-3-4 (Harmônicas - Máxima Porcentagem)

Fonte: De Souza; Betiol, 2019.

Nesse sentido ainda, recomenda-se na tomada de decisões quanto a correção do fator de


potência, que seja realizado o levantamento da potência das cargas não lineares e, se caso estas
não ultrapassarem 20% (vinte por cento) da carga total, então poder-se-á corrigir o fator de
potência somente com capacitores, tendo em vista que é remota a possibilidade de existirem
problemas com harmônicas na instalação elétrica. (WEG, 2019).
É importante também ficar atento ao que a recomenda a norma IEEE (Institute of
Electrical and Electronic Engineers) Standard 519-1992: “Recommended Practiques and
Requirements for Harmonic Control in Electrical Power Systems”, pois essa norma recomenda
que as distorções harmônicas individuais de tensão devem ser menores ou iguais a 3%.
Destaca-se que os limites de distorção harmônicos recomendados nesta norma pela
IEEE referem-se aos limites de distorção harmônica de tensão no Ponto de Conexão Comum
(PCC), o ponto de conexão no barramento das diversas cargas.

2.6.3 Desequilíbrio de Tensão

Conforme conceituação trazida pelo PRODIST - Módulo 8 da ANEEL (2020), “o


desequilíbrio de tensão é o fenômeno caracterizado por qualquer diferença verificada nas
amplitudes entre as três tensões de fase de um determinado sistema trifásico, e/ou na defasagem
elétrica de 120º entre as tensões de fase do mesmo sistema.”
Para que se obtenha um sistema trifásico livre de desequilíbrios (IZIDÓRIO, 2019):
[...] deve-se considerar a fase “a” na referência e sequências das fases positivas,
conforme a equação [...]:

Va = 1,0 < 0º
Vb = 1,0 < - 120º
Vc = 1,0 < b + 120º
33

No entanto, nem sempre as tensões são corretamente equilibradas, pois os


desequilíbrios se devem a fatores de instalações internas tanto das concessionárias,
quanto dos consumidores, e estão relacionados com as cargas instaladas.
Diante disso, pode ocorrer um problema de queda de tensão se houver amplitudes de
tensões diferentes de 1,0 p.u., e mantendo-se o defasamento angular de 120º entre as
fases.

2.6.4 Flutuação de tensão

“Flutuação de tensão é caracterizada pela variação aleatória, repetitiva ou esporádica do


valor eficaz ou do pico da tensão instantânea” (ANEEL, 2020).
A determinação da qualidade da tensão do sistema de distribuição quanto à flutuação de
tensão objetiva avaliar contratempos provocados pelos efeitos de oscilações luminosas, que,
porventura exista em uma unidade de alimentação por meio de baixa tensão.
A Tabela 2 demonstrada logo abaixo apresenta os limites utilizados para a verificação
do desempenho referente às flutuações de tensão. Assim, os limites correspondem ao valor
máximo desejável a ser observado no sistema de distribuição (ANEEL, 2020).

Tabela 2 - Limites para flutuação de tensão


Tensão nominal
Indicador Vn ≤ 1,0kV 1,0kV < Vn < 69kV 69kV ≤ Vn < 230kV
Pst95% 1,0 pu 1,5 pu 2,0 pu
Fonte: ANEEL, 2020.

2.6.5 Variação de frequência

Pode-se conceituar a variação de frequência elétrica como sendo uma movimentação


alternada de locomoção da energia em sentidos opostos.
Segundo a ANEEL (2020), o sistema de distribuição e as instalações de geração
conectadas “devem, em condições normais de operação e em regime permanente, operar dentro
dos limites de frequência situados entre 59,9 Hz e 60,1 Hz.”
Ademais, em ocorrendo falhas no sistema de distribuição, as instalações de geração
“devem garantir que a frequência retorne, no intervalo de tempo de 30 (trinta) segundos após a
transgressão, para a faixa de 59,5 Hz a 60,5 Hz”, a fim de possibilitar a recuperação do
equilíbrio da carga-geração (ANEEL 2020).
Dessa forma, é possível perceber que durante a dimensão de uma rede de distribuição
não há como permanecer com a mesma tensão em uma frequência linear nas instalações, pois
34

sempre ocorrerá uma queda de tensão, e ao final da rede existirão diferenças consideráveis se
comparadas ao início desta.

2.7 FATOR DE POTÊNCIA

O fator de potência pode ser definido como sendo a relação existente entre a potência
ativa e potência aparente consumidas por um dispositivo ou um equipamento, conforme
mostrada na equação abaixo, sendo que “P” é dado em quilowatt (kw) e “S” é dado em
quilovolt-ampère (kVA): (SAMED, 2017)

𝑃
𝐹𝑃 = 𝑆
(7)

O quociente da relação entre a potência ativa e a potência aparente gera um importante


indicativo do uso da energia. Um alto fator de potência indica uma eficiência alta. Já, um baixo
fator indica baixa eficiência energética (WEG, 2019).
Nas palavras de SILVA (2009):
O fator de potência é um índice de utilização de energia cujo controle adequado em
instalações consumidoras é extremamente importante, não apenas sob o ponto de vista
eletroenergético, mas também, fundamentalmente, pelo fato de ser monitorado pelos
sistemas de medição das concessionárias, podendo incorrer em ônus (muitas vezes
significativo) nas contas de energia elétrica.

Segundo Scarpin (2017), o fator de potência (FP) equivale a um parâmetro de eficiência


na utilização da energia consumida, ou seja, se grande parte da energia está sendo convertida
em trabalho útil, temos, consequentemente, um maior e melhor aproveitamento da energia, e
com maior eficiência.
Importante mencionar que a ANEEL (2020) destaca a importância do controle do fator
de potência:
O controle do fator de potência deve ser efetuado por medição permanente e
obrigatória no caso de unidades consumidoras atendidas pelo SDMT e SDAT e nas
conexões entre distribuidoras, ou por medição individual permanente e facultativa nos
casos de unidades consumidoras do Grupo B com instalações conectadas pelo SDBT,
observando do disposto em regulamentação.
O resultado das medições deve ser mantido, por período mínimo de 5 (cinco) anos,
em arquivo da distribuidora.

Em outras palavras, é possível afirmar que o fator de potência é o índice que demonstra
quanto da energia foi utilizada em trabalho e quanto foi utilizada para a magnetização de
núcleos magnéticos, motores ou outras cargas indutivas.
35

Outro ponto relevante e que merece destaque, refere-se ao Decreto nº 479 de 1992, o
qual determinou que o fator de potência deve ser mantido o mais próximo possível da unidade
(1,0), sendo que tal determinação deve ser cumprida tanto pelas concessionárias quanto pelos
consumidores (WEG, 2019).
Ademais, também devem ser observadas as orientações do Departamento Nacional de
Águas e Energia Elétrica (DNAEE) quanto ao limite de referência para o fator de potência
indutivo e capacitivo, além dos critérios de avaliação do faturamento da energia reativa, caso
ultrapasse os limites estabelecidos na legislação.
A nova legislação estabelecida pelo DNAEE determinou uma nova forma para o ajuste
do baixo fator de potência, com os seguintes aspectos relevantes (WEG, 2019):
• aumento do limite mínimo do fator de potência de 0,85 para 0,92;
• faturamento de energia reativa excedente;
• redução do período de avaliação do fator de potência de mensal para horário, a
partir de 1996 para consumidores com medição horosazonal.
Com isso muda-se o objetivo do faturamento: em vez de ser cobrado um ajuste
por baixo fator de potência, como faziam até então, as concessionárias passam a
faturar a quantidade de energia ativa que poderia ser transportada no espaço ocupado
por esse consumo de reativo.

Posto isso, além do novo limite e da forma de medição, merece destaque ainda, a
definição de que das 6h da manhã até às 24h, o fator de potência deve ser no mínimo de 0,92,
tanto para a energia quanto para a demanda de potência reativa indutiva fornecida. E, das 24h
até às 6h, fica estabelecido o mínimo de 0,92 para a energia e demanda de potência reativa
capacitiva recebida (WEG, 2019).
Conforme a ANEEL (2020), os valores de referência para que se obtenha um fator de
potência adequado são:
Para unidade consumidora ou conexão entre distribuidoras com tensão inferior a 230
kV, o fator de potência no ponto de conexão deve estar compreendido entre 0,92
(noventa e dois centésimos) e 1,00 (um) indutivo ou 1,00 (um) e 0,92 (noventa e dois
centésimos) capacitivo, de acordo com regulamentação vigente.

Quanto à sua classificação, o fator de potência pode ser: fator indutivo ou capacitivo.
O fator de potência indutivo é caracterizado quando a instalação elétrica absorve a
energia reativa. Os equipamentos elétricos, por exemplo, possuem características indutivas
justamente em razão das suas bobinas, pois induzem o fluxo magnético que exigem para o seu
adequado funcionamento. Dessa forma, o fator indutivo sempre terá a corrente atrasada se
comparada com a tensão, porque isso significa que a instalação elétrica está absorvendo a
energia reativa (MAMEDE FILHO, 2007).
Análogo ao que acontece com o fator indutivo, no fator de potência capacitivo, se carga
for predominantemente capacitiva, e obtiver pequenas parcelas resistivas e/ou indutivas, é
36

possível considerar que o fator é capacitivo. Logo, se o fator de potência é capacitivo, a corrente
ficará adiantada em relação à tensão, e, isso significa que a instalação elétrica está gerando a
energia reativa no circuito (MAMEDE FILHO, 2007).
Assim, conforme elucida DE MOURA et al., (2018), “o fator de potência, além de
expressar a razão entre a potência ativa e a potência aparente, representa o cosseno do ângulo
entre a tensão e a corrente de um circuito. Portanto, é o mesmo ângulo da impedância
complexa.”

𝑃
𝐹𝑃 = cos 𝜃 = |𝑆|
; 0 ≤ cos 𝜃 ≤ 1 (8)

Fonte: De Moura et al., 2018.

Conforme demonstrado na Figura 2, é possível perceber que em um circuito indutivo a


corrente se atrasa da tensão, e, portanto, dizemos que o fator de potência está atrasado. Ao
oposto do que ocorre no circuito indutivo, no capacitivo a corrente se adianta da tensão, e, por
isso, dizemos que o fator de potência está adiantado (DE MOURA et al., 2018).

Figura 2 - Escala de fatores de potência atrasado ou adiantado

Fonte: De Moura et al., 2018.

Nesse sentido ainda, DE MOURA et al., (2018) explica:


Quando estamos com uma carga que tem um fator de potência unitário, e mais
potência reativa capacitiva é injetada nesta carga, o fator de potência passa para
adiantado. Quando estamos com uma carga que tem um fator de potência unitário, e
essa carga absorve mais potência reativa indutiva, o fator de potência passa para
atrasado.

Na Figura 3 logo abaixo, demonstra-se a relação existente entre as potências ativa,


reativa, aparente e o fator de potência em um sistema.
Ademais, importa mencionar que um triângulo retângulo é frequentemente utilizado
para apresentar as relações existentes entre kW, kvar e kVA, conforme as equações 9, 10 e 11.
37

Figura 3 - Triângulo retângulo de potência

Fonte: CELESC, 2012.


Potência aparente = 𝑉 ∗ 𝐼 [𝑘𝑉𝐴] (9)
Potência ativa = 𝑉 ∗ 𝐼 ∗ cos 𝜑 [𝑘𝑊] (10)
Potência ativa = 𝑉 ∗ 𝐼 ∗ sin 𝜑 [𝑘𝑣𝑎𝑟] (11)

𝑘𝑊 𝑘𝑊
𝐹𝑃 = cos 𝜑 = = (12)
𝑘𝑉𝐴 √𝑘𝑊 2 +𝑘𝑉𝐴𝑟 2

𝑘𝑉𝐴2 = 𝑘𝑊 2 + 𝑘𝑉𝐴𝑟 2 (13)


𝑘𝑉𝐴 = √𝑘𝑊 2 + 𝑘𝑉𝐴𝑟 2 (14)

Fonte: CELESC, 2012.

Ainda, para uma melhor compressão do que é o fator de potência se faz necessária uma
abordagem fasorial no domínio do tempo. Assim, em razão do fator de potência indutivo ser o
distúrbio elétrico mais comumente encontrado nas instalações elétricas industriais da
atualidade, será desenvolvida uma argumentação baseada em uma carga puramente indutiva
para que o exemplo seja didático.
Portanto, se uma corrente alternada percorrer uma carga puramente indutiva, ocorrerá o
fenômeno chamado de defasagem da corrente em relação a tensão. Esta defasagem nada mais
é do que o atraso da corrente em relação à fase da tensão. Posto isso, quando ocorre este
fenômeno, pode-se dizer que o fator de potência é indutivo, e pode-se definir que o produto da
corrente atrasada pela tensão é a potência reativa indutiva.
Analisando a Figura 4 é possível concluir que quanto maior for a defasagem da corrente,
menor será o fator de potência, e, obviamente, menor será a eficiência do sistema. Ademais, a
carga é puramente indutiva, logo, o ângulo φ é de 90º - algo que não existe na realidade, mas
serve apenas como um exemplo didático.
38

Figura 4 - Fasores da tensão e da corrente sob uma carga puramente indutiva

Fonte: Villate, 2019.

Portanto, resta evidenciado que o excesso de energia reativa é prejudicial ao sistema


elétrico, seja o reativo indutivo consumido pela unidade consumidora, seja o reativo capacitivo
fornecido pela rede aos capacitores de uma unidade (SAMED, 2017).

2.7.1 Causas do baixo fator de potência

É relevante destacar que antes mesmo da realização de investimentos para corrigir o


fator de potência de uma instalação, deve-se buscar identificar as causas de sua origem, tendo
em vista que a solução destas pode resultar na correção do fator de potência, ainda que parcial
(CREDER, 2016).
As possíveis causas de um baixo fator de potência em uma instalação elétrica podem ser
as seguintes:

a) o nível de tensão acima do nominal, eis que o nível de tensão exerce


influência negativa sobre o fator de potência das instalações, pois a
potência reativa (kvar) é proporcional ao quadrado da tensão.
Portanto, aumentando-se o nível de tensão, aumenta-se também a potência
reativa, o que gera o baixo fator de potência (CREDER, 2016);
b) motores de indução operando em vazio: os motores elétricos de indução
consomem praticamente a mesma quantidade de energia reativa quando
operam em vazio ou à plena carga, o oposto da energia ativa que é
39

diretamente proporcional à carga mecânica que é aplicada ao eixo do


motor. Dessa forma, quanto menor for a carga, menor será a energia ativa
consumida, e menor será o fator de potência também (CREDER, 2016);
c) motores de indução operando superdimensionados: a potência nominal de
um motor, se for muito superior à da carga mecânica acoplada exigirá uma
potência ativa pequena de demanda reativa, o que resultará num baixo
fator de potência (CREDER, 2016);
d) transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas: similares
aos motores, os transformadores quando superdimensionados para a carga
que devem alimentar consomem uma grande quantidade de energia
reativa se comparada à energia ativa, portanto, dão origem a um fator de
potência baixo (COTRIM, 2008);
e) lâmpadas de descarga: as lâmpadas de descarga (vapor de mercúrio, valor
de sódio, fluorescentes, entre outras), precisam do auxílio de um reator
para funcionarem. Assim, os reatores magnéticos, tais como os motores e
os transformadores, possuem bobinas que consomem a energia reativa, o
que favorece a redução do fator de potência (COTRIM, 2008);
f) grande quantidade de motores de pequena potência, eis que causam um
baixo fator de potência, pois o correto dimensionamento de tais motores
em função das máquinas a eles acopladas pode apresentar desarmonia
(COTRIM, 2008).

Cumpre-se salientar que o comportamento do fator de potência nas instalações elétricas


pode variar de acordo com a atividade executada e dos tipos de cargas. Nos prédios comerciais,
hospitais, supermercados, shoppings centers, por exemplo, o fator de potência requer atenção,
pois equipamentos como sistemas de ar-condicionado, bombas, elevadores, escadas rolantes e
grande quantidade de iluminações fluorescentes, possuem cargas que demandam forte
característica indutiva (COTRIM, 2008).
A mesma situação ocorre nas indústrias, onde há um alto consumo de energia reativa
em decorrência das cargas típicas industriais, tais como, os fornos de indução ou a arco, sistema
de solda, prensas, guindastes, bombas, compressores, tornos, injetoras, extrusoras, entre outras
(COTRIM, 2008).
40

2.7.2 Consequências do baixo fator de potência

O baixo fator de potência demonstra que a energia está sendo mal aproveitada. Assim,
além do custo adicional cobrado por demanda reativa excedente, as instalações elétricas correm
diversos riscos. São eles: (CELESC, 2002).

a) redução de tensão;
b) perdas de energia dentro da instalação;
c) redução do aproveitamento da capacidade dos transformadores;
d) aquecimento dos condutores;
e) diminuição da vida útil da instalação elétrica.

Assim, a correção do fator de potência deve ser uma preocupação tanto dos profissionais
responsáveis pela manutenção e pelo gerenciamento de instalações industriais e comerciais,
quanto do próprio consumidor/proprietário.

2.7.2.1 Perdas na instalação

Um condutor elétrico ao ser percorrido pela corrente elétrica sofre um aquecimento, e a


este fenômeno dá-se o nome de efeito de Joule. Assim, as perdas neste condutor elétrico em
forma de calor são proporcionais ao quadrado da corrente total, pois, verifica-se que:

(𝑃 = 𝐼 2 ∗ 𝑅) (15)

Ocorre que, em razão do baixo valor de potência, a corrente aumenta e as perdas são
mais acentuadas. Portanto, fica estabelecida uma relação entre o aumento das perdas e o baixo
fator de potência. Estas perdas, infelizmente, não podem ser zeradas, mas podem ser mitigadas
com o controle do fator de potência (WEG, 2019).

2.7.2.2 Quedas de tensão

Destaca-se que a queda de tensão se acentua com o excesso de energia reativa, pois a
corrente é diretamente proporcional à energia reativa. Assim, sabendo-se que a tensão elétrica
41

é o produto da resistência pela corrente (𝑉 = 𝑅 ∗ 𝐼), pode-se deduzir que parte da tensão que
deveria estar sobre a carga ficará sob o condutor.
Caso haja uma queda de tensão muito elevada sobre a carga, o condutor sofrerá uma
sobrecarga, o que pode causar uma ruptura no cabo e gerar interrupções no fornecimento de
energia elétrica e, consequentemente, impactar na capacidade de transmissão de energia.
Ademais, é importante mencionar que todos os eventos de queda de tensão relatados
anteriormente, podem ainda gerar o superaquecimento dos motores e transformadores e
ocasionar danos graves à rede.

2.7.2.3 Subutilização da capacidade instalada

Ao se sobrecarregar uma instalação elétrica, a energia reativa inviabiliza a sua


utilização, exigindo que sejam instaladas novas cargas e fossem realizados investimentos que
poderiam ser evitáveis caso o fator de potência apresentasse valores mais significativos. Assim,
o espaço ocupado pela energia reativa poderia ser utilizado para o atendimento de novas cargas.
(WEG, 2019).
Nesse sentido, é relevante mencionar que (WEG, 2019):
Os investimentos em ampliação das instalações estão relacionados principalmente
aos transformadores e condutores necessários. O transformador a ser instalado deve
atender à potência total dos equipamentos utilizados, mas devido a presença de
potência reativa, a sua capacidade deve ser calculada com base na potência aparente
das instalações.

Ademais, a Tabela 3 demonstra a ineficiência advinda de um baixo fator de potência, se


relacionada às diversas potências de transformação necessárias para uma mesma carga ativa,
porém, em situações com valores diferentes de fator de potência.

Tabela 3 - Potência de transformação em razão do fator de potência

POTÊNCIA ÚTIL POTÊNCIA DO


ABSORVIDA FATOR DE POTÊNCIA TRANSFORMADOR
(kVA)
(kW)

0,50 1.600
800
0,80 1.000

1,00 800

Fonte: Marchi, 2019.


42

2.7.3 Métodos de correção do fator de potência

A correção do fator de potência pode ser conceituada como sendo o processo de


introduzir elementos reativos para levar o fator de potência a um valor mais próximo da
unidade. Assim, como de uma forma geral as cargas são indutivas, esse processo envolve a
inserção de elementos capacitivos com o único objetivo de aumentar o fator de potência.
(BOYLESTAD, 2012).
Pode-se mencionar que o melhoramento do fator de potência é necessário basicamente
por duas razões: a primeira refere-se à sobretaxação nas contas de energia elétrica dos
consumidores que operam em baixo fator de potência. Sobretaxação essa, que consiste em uma
penalização imposta pelas concessionárias aos consumidores e que consta dos contratos de
fornecimento de energia elétrica; a segunda, se dá porque a concessionária consegue aumentar
ou liberar mais capacidade do sistema de distribuição de energia quando há um aumento
significativo do valor do fator de potência (SAMED, 2017).
É importante ressaltar que toda a intervenção das instalações elétricas para equalizar o
sistema, reduzindo o reativo excedente deve ser analisado com muito critério, pois cada caso é
único, e não se deve tomar nenhuma decisão imediatista, que no futuro cause prejuízos
significativos na instalação (COTRIM, 2008).
Portanto, para que seja realizada a correção do fator de potência, os especialistas e os
doutrinadores mais renomados da área mencionam os seguintes métodos como sendo os
possíveis para tal correção/elevação do fator de potência, quais sejam: o aumento do consumo
de energia ativa, a utilização de máquinas síncronas e a utilização de capacitores.

2.7.3.1 Aumento do consumo de energia ativa

O primeiro método abordado por Cotrim (2008), que é o da adição ou da transferência


de novas cargas com elevado fator de potência, consiste em elevar o consumo de energia ativa
com o intuito de aumentar o consumo da potência ativa e, dessa forma, obter um índice de fator
de potência mais favorável. Apesar de válido, este método possui pouca aplicação prática.
Cotrim (2008) explica que:
Assim, por exemplo, não é conveniente substituir um forno a óleo por um forno
elétrico à resistência (cujo fator de potência é praticamente igual a 100%) apenas para
aumentar o fator de potência. No entanto, se a indústria possuir dois fornos, um
elétrico e outro a óleo, funcionando alternadamente, ampliar os períodos de uso do
forno elétrico pode ser uma boa opção para corrigir o fator de potência da indústria,
desde que tenha benefício econômico.
43

2.7.3.2 Utilização de máquinas síncronas

Sequencialmente, o segundo método consiste na instalação de máquinas síncronas


superexcitadas, as quais, comportam-se como uma fonte de geração de potência reativa. Assim,
caso sejam empregadas exclusivamente na geração de reativos são denominados
“compensadores síncronos”, ou, podem ainda ser simultaneamente acopladas às cargas
mecânicas da produção (COTRIM, 2008).
Ocorre que este método não se mostra muito eficaz no ponto de vista econômico, sendo
compensador utilizá-lo somente quando houver acionamento de cargas mecânicas grandes,
acima de 200 (duzentos) cv (COTRIM, 2008).
Quando utilizados para corrigir o fator de potência, os motores síncronos geralmente
funcionam com carga constante, conforme análise de sua operação a seguir: (MAMEDE
FILHO, 2007)

a) motor subexcitado: refere-se à condição de baixa corrente de excitação,


quando o valor da força eletromotriz induzida nos polos do estator é
pequeno, o que resulta na absorção de potência reativa da rede de energia
elétrica. Assim, a corrente estatórica resta atrasada em relação à tensão;
b) motor excitado para a condição de fator de potência unitário: partindo-se
da condição anterior e elevando-se a corrente de excitação, tem-se a
elevação da força eletromotriz no campo estatórico, ficando a corrente em
fase com a tensão de alimentação. Sendo assim, o fator de potência assume
o valor unitário e o motor não precisará absorver a potência reativa da rede
para a formação de seu campo magnético;
c) motor sobre-excitado: sequencialmente, qualquer elevação de corrente de
excitação que existir, proporcionará o adiantamento da corrente estatórica
em relação à tensão, o que fará com o que o motor trabalhe com o fator de
potência capacitivo, fornecendo a potência reativa à rede de energia
elétrica.

2.7.3.3 Utilização de capacitores

O terceiro método para a correção do fator de potência, que é a utilização de capacitores,


é o método utilizado em larga escala, pois trata-se do método mais econômico e que permite
44

maior flexibilidade na instalação, sendo, por isso, o método mais utilizado na indústria
(COTRIM, 2008).
A Figura 5 demonstra de forma simplificada a utilização de capacitores para a correção
do fator de potência.

Figura 5 - Correção do fator de potência por capacitores

Fonte: Silva, 2009.

Ademais, conforme é possível observar na Figura 6, antes da correção, tem-se uma alta
potência reativa indutiva; todavia, após a correção (Figura 7) é possível se obter um triângulo
de potências formado pela mesma potência ativa, por uma potência reativa corrigida, e,
consequentemente, uma potência aparente também corrigida (SAMED, 2017).

Figura 6 - Triângulo de potências antes da correção

Fonte: Samed, 2017.


45

Figura 7 - Triângulo de potências após a correção

Fonte: Samed, 2017.

Visando obter o valor da potência reativa final (QB), parte da potência reativa inicial
(QA) deverá ser corrigida, sendo que, (QC) representa a potência reativa corrigida. Assim, tem-
se que: (SAMED, 2017)
𝑄𝐶 = 𝑄𝐴 − 𝑄𝐵 (16)

Destaca-se que existem diversos fatores que podem influenciar na escolha da


localização para a instalação dos capacitores, tais como, os circuitos da instalação, os tipos de
motores, as variações de carga, entre outros.
Os capacitores podem ser instalados em paralelo com qualquer carga para que esta seja
alterada, e podem ainda ser dispostos tanto na entrada, de forma que se equilibre a corrente
magnetizante do sistema supridor, quanto próximos das cargas para se reduzir as perdas, elevar
a capacidade disponível do sistema e melhorar os níveis de tensão (SAMED, 2017).
Nesse sentido (SILVA, 2009):
Na prática, pode-se considerar que esse é o único método efetivamente utilizado tendo
como objetivo principal a correção do fp; capacitores estáticos são equipamentos de
custo relativamente baixo, dimensões reduzidas, fácil instalação e que operam
permutando a energia reativa, por eles acumulada, com as cargas indutivas presentes;
parte da energia reativa (ou toda ela originalmente fornecida pela concessionária,
passa a ser fornecida pelos bancos de capacitores.

Outrossim, De Moura et al. (2018), chama atenção para o fato de que os valores de
potência reativa dos capacitores comerciais são discretos, e, portanto, os valores calculados de
modo contínuo devem ser adaptados para os valores discretos mais próximos, além de ser
necessário também observar a tensão em que os capacitores irão operar, uma vez que uma
tensão superior que a nominal pode causar a sua perfuração.
46

De mais a mais, destaca-se que a correção do fator de potência pode ser feita a partir da
instalação de capacitores de 4 (quatro) maneiras distintas, e, para tanto, leva-se em consideração
a conservação da energia e a relação custo/benefício (WEG, 2019). São elas: a correção na
entrada da energia em média tensão (que não será objeto do presente estudo), e a correção da
energia em baixa tensão, que subdivide-se em: correção localizada (também chamada de
individual), correção por grupo de cargas e correção mista (também chamada de correção
geral), todas detalhadas na sequência (Figura 8):

Figura 8 - Diagrama dos tipos de instalação dos capacitores

Fonte: WEG, 2019.

Na correção localizada (ou individual) os capacitores podem ser alocados nos


alimentadores principais, nos circuitos para motores, ou ao lado dos motores ou do grupo de
motores. (SAMED, 2017). Do ponto de vista técnico ela representa a melhor solução, visto que
possui diversas vantagens, tais como: a redução das perdas energéticas em toda a instalação; a
redução da carga nos circuitos de alimentação dos equipamentos; ela pode ser utilizada num
sistema único de acionamento para a carga e o capacitor, gerando a economia de um
equipamento de manobra, além de gerar potência reativa somente onde é necessária. (WEG,
2019).
Na correção por grupos de cargas o capacitor é instalado para corrigir um setor ou um
conjunto de pequenas máquinas (< 10 cv) (WEG, 2019). Eles podem ser alocados no primário
47

do transformador, no secundário do transformador, ou ainda, em uma divisão da indústria


(SAMED, 2017).
A correção por grupos de cargas apresenta como desvantagem o fato de não diminuir a
corrente nos circuitos de alimentação de cada equipamento (WEG, 2019).
Na correção por grupos é essencial que: (SAMED, 2017)
[...] os capacitores sejam dotados de dispositivos de proteção e manobra, como chaves
e fusíveis. Outro fator importante é a carga apresentar um mínimo de uniformidade
para que a correção por grupo seja eficiente. Os capacitores devem ser instalados o
mais perto possível das cargas ou nas extremidades dos circuitos alimentadores devido
a: redução das perdas nos circuitos entre as cargas e o ponto de mediação; elevação
da tensão perto da carga; e liberação da capacidade dos transformadores.

Por sua vez, a correção mista (ou geral), se analisada sob o ponto de vista da
“conservação de energia” é a melhor solução a ser utilizada. Dessa forma, conforme
minunciosamente detalhado pelo Manual da WEG (2019), para o tipo de correção mista deve
ser observado e analisado os seguintes critérios:
a) Primeiramente, instala-se um capacitor fixo diretamente do lado
secundário do transformador;
b) Para motores com aproximadamente 10 cv ou mais, deve-se corrigir
localmente.
c) Para motores com menos de 10 cv, a correção deve ser realizada por
grupos.
d) Nas redes próprias de iluminação com lâmpadas de descarga, deve-se optar
por reatores de baixo fator de potência, corrigindo na entrada da rede.
e) Na entrada, deve-se instalar um banco automático de pequena potência
para a equalização final.

Por fim, DE MOURA et al. (2018), chama atenção para o fato de que os valores de
potência reativa dos capacitores comerciais são discretos, e, portanto, os valores calculados de
modo contínuo devem ser adaptados para os valores discretos mais próximos, além de ser
necessário também observar a tensão em que os capacitores irão operar, uma vez que uma
tensão superior que a nominal pode causar a sua perfuração.

2.7.4 Capacitores

Segundo Mamede Filho (2007), os capacitores são dispositivos capazes de acumular a


eletricidade. Os modelos mais comuns são construídos por duas placas condutivas (metálicas),
48

denominadas eletrodo (Figura 9), e separadas por um material dielétrico (material isolante). Ao
aplicar uma tensão sobre as faces externas destas placas, é gerado um campo eletrostático entre
eles, ou seja, ocorre o armazenamento de energia elétrica na forma de campo elétrico.
Pode-se dizer que os capacitores são elementos reativos que ao serem expostos à
passagem de uma corrente elétrica através de seus eletrodos, acumulam cargas elétricas, e é por
isso, que os capacitores são componentes capazes de armazenar energia eletrostática.
Nesse sentido, Mamede Filho (2007) esclarece:
Os capacitores são normalmente designados pela sua potência nominal relativa,
contrariamente aos demais equipamentos, cuja característica principal é a potência
nominal aparente.
A potência nominal de um capacitor em kvar é aquela absorvida do sistema quando
este está submetido a uma tensão e frequências nominais a uma temperatura ambiente
não superior a 20ºC (ABNT).

Figura 9 - Circuito simples de carga com duas placas

Fonte: Boylestad, 2012.

Ademais, os capacitores são utilizados com a finalidade de corrigir o baixo fator de


potência, tendo em vista a compensação de reativos indutivos nas redes.
Uma carga indutiva absorve a potência reativa positiva. Ao oposto, um capacitor
absorve a potência reativa negativa. Assim, o capacitor fornece energia reativa com o intuito de
equilibrar o sistema (COTRIM, 2008).
Conforme Monteiro (2009), um capacitor quando ligado em paralelo juntamente à
alimentação de motores, transformadores, ou ainda, qualquer carga indutiva, restringe o fluxo
de energia reativa, a qual é absorvida da rede elétrica. Sendo assim, a energia reativa necessária
para a excitação das bobinas dos equipamentos passa a ser fornecida pelos capacitores.
49

A Figura 10 mostra um exemplo de unidade capacitivas (capacitores) utilizados para a


correção do baixo fator de potência.

Figura 10 - Foto de unidades capacitivas (WEG)

Fonte: WEG, 2019.

2.7.4.1 Banco de capacitores

Menciona-se que a união de diversas “unidades capacitivas” operando em um mesmo


conjunto constitui um “banco de capacitores” (MARCHI, 2019).
Na maioria dos casos, os bancos trifásicos são montados a partir de unidades
monofásicas ou trifásicas, o que proporciona a obtenção de potências elevadas, assim como
uma maior flexibilidade de instalação e manutenção (COTRIM, 2008).

2.7.4.1.1 Métodos de controle

A forma como é injetada a energia reativa na rede para corrigir o fator de potência é
definida conforme o método mais conveniente para cada caso.
Nesse sentido, as células capacitivas ou bancos de capacitores podem ser conectados de
maneira fixa, ou de maneira controlada, utilizando-se para isto, de controlares e dispositivos de
manobra, tanto em configuração automática quanto semi-automática (COTRIM, 2008).
A seguir são citadas as particularidades de cada método de controle, conforme Cotrim
(2008):
50

a) Banco fixo: Os capacitores são instalados junto das cargas e ligados


diretamente aos barramentos, mas podem ser instalados também no
primário das instalações alimentadas em média ou alta tensão.
A injeção de energia reativa é fixa, independente da carga, e apresenta
ainda as seguintes características: simples e de menor custo, todavia, pode
ocasionar problemas em situações de baixa carga ao excesso de energia
reativa capacitiva, tais como, sobre tensões elevadas e faturamento de
energia reativa excedente capacitiva na madrugada.
b) Banco semi-automático: Neste método os capacitores são instalados junto
das cargas e acionados pelo mesmo dispositivo de acionamento do
equipamento.
Ele permite um certo grau de controle, pois injeta reativo na rede somente
quando o equipamento gerador de baixo fator está ligado.
c) Banco automático: Visa um maior controle de fornecimento de reativo na
rede, pois injeta a energia reativa na medida que as cargas indutivas são
acionadas.
Os bancos automáticos são normalmente instalados no barramento geral
de baixa tensão do sistema.
O princípio de funcionamento dele consiste em um agrupamento de
capacitores distintos, denominados de estágios, os quais são acionados por
contatores individuais. Estes contatores são controlados por um
controlador que monitora os parâmetros da rede elétrica, e aciona estágios
específicos com o intuito de não permitir que o fator de potência diminua
abaixo da faixa pré-determinada.

2.7.5 Vantagens da correção do fator de potência

Analisando-se a atuação das companhias de energia elétrica dentro de um lapso


temporal, tem-se que estas introduziram os conceitos de fator de potência e potências ativa,
reativa e aparente devido ao transporte de grandes quantidades de energia ter de ser feito com
a menor quantidade de perdas, de forma que o custo da energia elétrica para o cliente fosse
reduzido (DE MOURA et al., 2018).
51

Nesses termos (DE MOURA et al., 2018):


Um consumidor que liga uma carga, a qual faz a rede da companhia de energia ter um
rendimento baixo, acaba pagando um preço maior por kWh de energia ativa que
realmente utiliza. Da mesma forma, um consumidor que requer da companhia de
eletricidade uma instalação mais onerosa para o transporte e a distribuição da energia,
pagará mais por cada kWh consumido.
A correção do fator de potência evita uma multa por reativos excedentes, diminuindo
a conta de energia [...].

Assim, a correção do fator de potência é um procedimento indispensável para o


prolongamento da vida útil das instalações para que se obtenha um índice de eficiência
aceitável, a fim de evitar multas por excedentes reativos.
A correção do fator de potência apresenta as seguintes vantagens (DE MOURA et al.,
2018):
a) redução significativa na conta de energia elétrica, pois o consumidor deixa
de pagar a multa pelo excedente reativo;
b) redução das quedas de tensão. Afinal, como a corrente na linha de
alimentação diminui a queda de tensão acaba por diminuir também;
c) diminuição das perdas. Devido à redução da circulação de reativos, a
corrente diminui, pois, a potência ativa continua a mesma, e, o consumo
também;
d) liberação da capacidade dos equipamentos, tais como, geradores e
transformadores. Ocorre que, como a instalação diminui a absorção de
reativos, os equipamentos instalados têm a sua capacidade em MVA
liberados – o que pode significar em alguns casos, como no caso da
instalação de um novo equipamento em uma indústria, que não será
preciso modificar o transformador por um outro de potência maior.
e) Redução do efeito Joule (WEG, 2019);
f) Redução da corrente reativa na rede elétrica (WEG, 2019).

2.8 MODALIDADES TARIFÁRIAS E SEUS RESPECTIVOS CONSUMIDORES

As modalidades tarifárias são um conjunto de tarifas aplicáveis ao consumo de energia


elétrica e de demanda de potências ativas e são definidas conforme as opções de contratação do
grupo tarifário definidas na Resolução Normativa nº 414/2010 e no Módulo 7 dos
Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET. (ANEEL, 2010).
52

Os consumidores ou unidades consumidoras de energia elétrica podem ser classificados


em dois grupos: A ou B.
O grupo A é constituído de unidades consumidoras com fornecimento em tensão igual
ou superior a 2,3 kV, ou que sejam atendidas pelo sistema subterrâneo de distribuição em tensão
secundária, e divide-se em subgrupos: (ANEEL, 2010).

a) subgrupo A1 – tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;


b) subgrupo A2 – tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;
c) subgrupo A3 – tensão de fornecimento de 69 kV;
d) subgrupo A3a – tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;
e) subgrupo A4 – tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV;
f) subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, a partir de sistema
subterrâneo de distribuição.

Quanto às modalidades tarifárias aplicáveis ao grupo A: (ANEEL, 2010)

a) modalidade tarifária convencional binômia: caracteriza-se por tarifas de


consumo de energia elétrica e demanda de potência, independentemente
das horas de utilização do dia;
b) modalidade tarifária horária verde: caracteriza-se por tarifas diferenciadas
de consumo de energia elétrica conforme as horas de utilização do dia, mas
possui uma única tarifa de demanda de potência;
c) modalidade tarifária horária azul: caracteriza-se por tarifas de consumo
diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de potência
conforme as horas de utilização do dia.

O grupo B é composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão inferior


a 2,3 kV, caracterizado pela tarifa monômia e subdivido nos subgrupos a seguir: (ANEEL,
2010).

a) subgrupo B1 – residencial;
b) subgrupo B2 – rural;
c) subgrupo B3 – demais classes;
d) subgrupo B4 – iluminação pública.
53

Quanto às modalidades tarifárias aplicáveis ao grupo B: (ANEEL, 2010)

a) modalidade tarifária convencional monômia: tarifa única de consumo de


energia elétrica e demanda de potência, independentemente das horas de
utilização do dia;
b) modalidade tarifária horária branca: tarifa diferenciada de consumo de
energia elétrica a depender das horas de utilização do dia; todavia, não é
aplicada para o subgrupo B4 e para as subclasses baixa renda do grupo B1.

2.9 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS FINANCEIROS

O termo investimento pode ser conceituado como sendo toda a aplicação de ativo capaz
de gerar resultados positivos a um longo prazo. Assim, a decisão de investir é vista como difícil
porque antes de se decidir devem ser analisados todos os fatores que envolvem direta e
indiretamente um projeto, eis que esses fatores podem influenciá-lo de maneira significativa.
(SOUZA; CLEMENTE, 2008).
Nesse sentido, para a implantação de um projeto de investimento devem ser avaliadas
todas as possibilidades e características do projeto a fim de se reduzir os possíveis prejuízos por
incertezas, além de conhecer os riscos mais prováveis que possam ocasionar o seu abandono
ou até mesmo o seu fim (LORENZET, 2013).
Lorenzet (2013) menciona:
A análise de toda a engenharia econômica necessária para avaliar o projeto de
investimento possui como finalidade evitar riscos para seus investidores. A análise de
investimentos serve como uma ferramenta segura para a definitiva tomada de decisão
de se investir, onde o próprio mercado acirrado e competitivo força naturalmente as
organizações a buscar essa análise de seus futuros investimentos.

Isto posto, serão apresentados a seguir os métodos mais atuais e aceitos para medir a
rentabilidade e analisar a viabilidade financeira e econômica para investimento num projeto,
utilizando-se de alguns dos conceitos da engenharia econômica que permitam avaliar o sistema
a ser implantado de forma quantitativa.
54

2.9.1 Fluxo de caixa

A análise de investimentos para ser eficaz requer a orientação e o planejamento de suas


disponibilidades, que nada mais é que o chamado fluxo de caixa, o qual demonstra todo o
montante de pagamentos e recebimentos de obrigações dentro de um determinado período.
O fluxo de caixa basicamente resume as entradas e as saídas de dinheiro ao longo do
tempo de forma que se possa apurar a rentabilidade e a viabilidade econômica de um projeto.
Destaca-se que fluxo de caixa não é sinônimo de lucros contábeis, já que podem ocorrer
mudanças no lucro contábil sem que exista qualquer mudança nos fluxos de caixa (SAMANEZ,
2009).
Sendo assim, pode-se dizer que o fluxo de caixa é um dos principais instrumentos para
a análise dos investimentos financeiros, pois ele planeja, controla e analisa todas as receitas, as
despesas e os investimentos de um projeto.

2.9.2 Taxa mínima de atratividade (TMA)

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é a taxa mínima de retorno que o investidor


pretende conseguir ao realizar um determinado investimento, ou seja, é a rentabilidade que tal
investimento o tratará futuramente (LORENZET, 2013).
A TMA deve ser flexível e pode ser alterada conforme os critérios adotados pela
empresa/comércio, levando-se em consideração a própria política da empresa e o tipo de
mercado atuado, por exemplo (LORENZET, 2013).
Para Souza e Clemente (2008):
O entrelaçamento das diversas taxas de captação e de aplicação existentes no mercado
confirmam a dificuldade de estabelecer um valor exato para a Taxa Mínima de
Atratividade (TMA) a ser usada na descapitalização do fluxo esperado de benefícios
de um projeto de investimento. A razão dessa dificuldade é a oscilação, ao longo do
tempo, das taxas que servem de piso e de teto para a TMA.

2.9.3 Método do valor presente líquido (VPL)

O método do valor presente líquido (VPL) busca calcular, em termos de valor presente,
o impacto dos eventos futuros associados a uma alternativa de investimentos. De uma forma
mais simples, diz-se que ele mede nada mais que o valor presente dos fluxos de caixa gerados
pelo projeto ao longo de sua vida útil (SAMANEZ, 2009).
55

A expressão a ser exposta define como calcular o VPL (SAMANEZ, 2009):


(17)
𝑛
𝐹𝐶𝑡
𝑉𝑃𝐿 = −𝐼 + ∑
(1 + 𝐾)𝑡
𝑡=1

Onde, 𝐹𝐶𝑡 : representa o fluxo de caixa; I é o investimento inicial; K o custo do capital,


e o símbolo ∑ (somatório) indica que deve ser realizada a soma da data 1 até a data n dos fluxos
de caixa descontados do período inicial.
A fim de se confirmar se o projeto deverá ser empreendido, basta que o valor do VPL
seja positivo, pois ele indica a sua viabilidade econômica.
Se o VPL for maior que zero, significa que o investimento deve fornecer um valor
adicional ao investidor, após devolver o capital empregado e remunerar os agentes financeiros
do investimento (o próprio investidor, e os credores, caso existam). Todavia, caso resulte a zero
ou a um valor negativo, deverá o projeto ser abandonado (PEREIRA, 2006).
Para Lorenzet (2013):
Basicamente, o VPL possui como premissa de que se este se for maior que 0 (zero)
apresenta-se como um bom investimento, mas tudo que se sabe neste ponto é de que
a rentabilidade futura que este proporcionará deverá superar os investimentos, o que
indica que o projeto merece continuar sendo analisado através de outras metodologias
existentes, para assim ser tomada em definitivo a decisão de se aplicar o investimento
em determinado projeto [...] O VPL pode ser devidamente analisado, por exemplo,
em comparação entre um projeto A e B; entre projetos com tempos de duração
diferenciados ou ainda alternativas sem prazo definido.

2.9.4 Método da taxa interna de retorno (TIR)

O método da taxa interna e retorno (TIR) objetiva encontrar uma taxa intrínseca de
rendimento. Assim, por definição, a TIR é a taxa de retorno do investimento, mas é hipotética,
visto que ela anula o VPL, ou seja, é aquele valor de “i*” que satisfaz a seguinte equação:
(SAMANEZ, 2009).
𝑛
𝐹𝐶𝑡
𝑉𝑃𝐿 = −𝐼 + ∑ =0 (18)
(1 + 𝑖 ∗ )𝑡
𝑡=1

Onde, se 𝑖 ∗ > K, então o projeto se mostra economicamente viável. Portanto,


recomenda-se seguir com o projeto de investimento se a TIR exceder o custo de oportunidade
do capital (SAMANEZ, 2009).
56

Ressalta-se que a apuração da TIR é feita de maneira iterativa ou por métodos de


interpolação. As planilhas eletrônicas e as calculadoras possuem funções já pré-programadas
que são capazes de realizar tais iterações (PEREIRA, 2006).

2.9.5 Período de recuperação do investimento (payback descontado - PB)

O período de recuperação do investimento, ou payback é outro método utilizado para se


avaliar a viabilidade econômica de um investimento. Ele nada mais é do que o número de
períodos necessários para que se supere o capital investido, sendo que “o risco do projeto
aumenta à medida que o payback se aproxima do final do horizonte de planejamento” (SOUZA;
CLEMENTE, 2008).
A análise do payback aliado a outros índices pode demonstrar mis precisamente a
relação do valor e do tempo de retorno dos investimentos de um projeto. Além disso, ele pode
ser analisado de diversas formas e períodos, seja em dias, meses ou anos (LORENZET, 2013).
Seu valor fornece um indicativo do risco do investimento, sendo que quanto maior for
o payback, maior será o seu risco. Por outro lado, projetos de payback pequenos são menos
arriscados tendo em vista que se projeta um período menor de recuperação do capital investido,
ficando menos suscetível às flutuações e aos riscos impostos pelo mercado (PEREIRA, 2006).
É possível expressar o cálculo do período de recuperação do investimento (payback)
através da seguinte equação: (SAMANEZ, 2009)

𝑇
𝐹𝐶𝑡
𝐼= ∑ (19)
(1 + 𝐾)𝑡
𝑡=1

Assim, I: representa o investimento inicial; 𝐹𝐶𝑡 : o fluxo de caixa no período t; K: o custo


do capital; e ∑: o somatório da data 1 até a data T dos fluxos de caixa descontados ao período
inicial (SAMANEZ, 2009).

2.10 MOTORES ELÉTRICOS

O motor elétrico pode ser conceituado como um dispositivo que transforma a energia
elétrica em energia mecânica, na maioria das vezes a energia cinética. Assim, quando a corrente
elétrica está presente no motor, o eixo entra em movimento (FRANCHI, 2008).
57

São compostos de duas partes básicas, o rotor, que é a parte móvel, e o estator ou
carcaça, o qual possui a parte fixa, e subdividem-se em dois grandes grupos se considerarmos
o tipo de tensão: os motores de corrente contínua e os motores de corrente alternada
(FRANCHI, 2008).

a) motores de corrente contínua (CC): como o próprio nome já facilita sua


compreensão, eles necessitam de uma fonte de corrente contínua para o
seu funcionamento. São máquinas de alto custo de instalação e que podem
funcionar com velocidade ajustável dentro de limites amplos (PROCEL,
2009).
Indica-se este tipo de motor para os casos que necessitam partir com toda
a carga, como por exemplo, elevadores, guindastes, entre outros.
Conforme mostra a Figura 11, a armadura é a parte da máquina que gira, e
é composta de um eixo e um núcleo da armadura que é feito de chapas de
aço com ranhuras, onde se localizam as bobinas. É capaz de suportar altas
correntes (PROCEL, 2009).

Figura 11 - Representação esquemática do motor de corrente contínua

Fonte: PROCEL, 2009.


58

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do motor de corrente contínua


Motor de Corrente Contínua
Vantagens Desvantagens
• Permite o controle simples de • É mais caro e volumoso.
velocidade.
• Requer manutenção frequente nas
• Pode funcionar tanto como motor escovas e comutador.
quanto como gerador.
• O reparo é demorado e oneroso.
• O motor de CC série apresenta
elevado torque de partida, próprio • É ruidoso e devido à comutação,
para cargas de elevada inércia ou produz faiscamento e interferência
sistemas de tração. eletromagnética.

• Necessita de alimentação em
corrente contínua.

Fonte: PROCEL, 2009.

b) motores de corrente alternada (CA): são os mais utilizados porque a


distribuição de energia elétrica é feita normalmente em corrente alternada
(WEG, 2020).
Destaca-se que a velocidade dos motores de corrente alternada é
determinada pela frequência da fonte de alimentação, o que resulta em
condições favoráveis para o seu funcionamento em velocidades
constantes. Além disso, sua forma de construção garante uma baixíssima
necessidade de manutenção. (PROCEL, 2009).
Levando-se em consideração se a velocidade de rotação do motor está
sincronizada ou não com a frequência da tensão elétrica para fazer com
que o motor funcione, eles podem ser classificados em: motor síncrono e
o motor de indução (ou assíncrono).

2.10.1 Motor Monofásico

O motor monofásico (Figura 12) recebe essa nomenclatura devido aos seus
enrolamentos de campo estarem ligados diretamente a uma fonte monofásica. Pelo fato de ter
apenas uma fase de alimentação, ele não possui um campo girante como os motores trifásicos,
e sim um campo magnético pulsante, o que acaba por impedir que tenham um torque de partida,
eis que no rotor se induzem campos magnéticos alinhados ao campo do estator. (FRANCHI,
2008).
59

Nesse sentido, Franchi (2008), explica que:


Os motores de indução monofásicos são a alternativa natural aos motores de indução
polifásicos, nos locais onde não se dispõe de alimentação trifásica, sendo empregados
com frequência em residências, escritórios, oficinas e em zonas rurais, em aplicações
como: bombas d’água, ventiladores e meio de acionamento para pequenas máquinas.
Não é recomendável o emprego de motores monofásicos maiores que 3 cv, pois estão
ligados comente com uma fase da rede, provocando um considerável
desbalanceamento de carga na rede.

O motor monofásico possui um único enrolamento no estator, e esse enrolamento


produz um campo magnético que se alterna conforme a corrente, e, por tal motivo, o movimento
provocado não é rotativo. Quando o rotor está parado, ao se expandir e se contrair, o campo
magnético do estator induz corrente no rotor. Caso o rotor esteja girando, ele continuará o giro
na direção inicial, eis que o conjugado será auxiliado pela inércia do rotor e pela indução do
seu campo magnético. (PROCEL, 2009).
A Figura 13 traz a representação esquemática do motor monofásico a título de ilustração.

Figura 12 - Motor monofásico (WEG)

Fonte: WEG, 2020.


60

Figura 13 - Representação esquemática do motor monofásico

Fonte: WEG, 2020.

Quadro 2 - Vantagens e desvantagens do motor monofásico


Motor Monofásico
Vantagens Desvantagens
• Bom torque de partida. • Maior custo de manutenção por
necessitar de dispositivos para
• Velocidade constante. partida.

• Desequilíbrio nas instalações


elétricas (por ser monofásico).

• Apresenta baixo fator de potência


quando não dimensionado para a
carga.

Fonte: PROCEL, 2009.

2.10.2 Motor Trifásico (CA)

O motor trifásico (ou polifásico) é o mais utilizado tanto na indústria quanto em


ambientes prediais devido ao fato de que os sistemas atuais de distribuição de energia elétrica
normalmente são trifásicos de corrente alternada (FRANCHI, 2008).
Aconselha-se a utilização de motores de indução trifásicos a partir de 2 (dois) kW.
Ademais, para potências inferiores, justifica-se a utilização dos motores monofásicos
(FRANCHI, 2008).
61

Destaca-se que comparativamente ao motor monofásico, o motor trifásico apresenta


considerável vantagem, eis que possui uma partida mais fácil, ruído reduzido, além de ser mais
barato para potências superiores a 2 kW (FRANCHI, 2008).

2.10.2.1 Motor Síncrono

Os motores síncronos são assim denominados porque a velocidade do rotor é


sincronizada com o campo girante que é estabelecido no estator. (FRANCHI, 2008).
É importante mencionar que o motor síncrono se destaca porque pode ser utilizado para
a geração de potência reativa para corrigir o fator de potência gerado por outros motores de
indução.
No motor síncrono, quando a carga é aplicada há um deslocamento do ângulo de fase
do rotor em relação ao campo. Assim, apesar da velocidade do motor permanecer síncrona,
tem-se nestas condições um fator de potência atrasado, e para que o motor volte a trabalhar em
condições de fator de potência unitário, deve-se aumentar a corrente contínua de excitação.
Portanto, se mantido o aumento da corrente, o fator de potência ficará adiantado. (FRANCHI,
2008).
Nesse sentido, Franchi (2008), esclarece ainda que:
[...] quando a corrente de excitação é de valor reduzido, a força eletromotriz induzida
no estator é pequena, o que leva o estator a absorver da rede de alimentação uma
potência reativa necessária para a formação do campo magnético, ocasionando baixo
fator de potência. Se a corrente de excitação for aumentada, para a mesma carga,
haverá uma elevação na força eletromotriz no estator, o que fará com que a corrente
do estator, que estava anteriormente atrasada, possa ficar em fase com a tensão da
rede, caracterizando um fator de potência unitário.

Sendo assim, o motor síncrono pode ser uma possível alternativa para a correção do
fator de potência em relação ao método tradicional do uso de capacitores; todavia, exige-se
cautela no tocante ao tipo de carga que será utilizada, pois as variações no conjugado produzem
variações no fator de potência. Ademais, também não é recomendado a utilização de motores
síncronos para a correção do fator de potência com potência inferior a 50 cv (FRANCHI, 2008).
62

Quadro 3 - Vantagens e desvantagens do motor síncrono


Motor Síncrono
Vantagens Desvantagens
• Fácil controle do fator de potência • Alto custo de aquisição.
por meio da execução de campo,
podendo operar com fator de • Fabricação somente sob encomenda.
potência capacitivo unitário ou
indutivo. Assim, além da potência • Cuidados especiais devem ser
mecânica disponibilizada no eixo, o dedicados ao enrolamento de campo
motor síncrono pode auxiliar na na partida e na sincronização com a
correção do fator de potência. rede.

• Mais econômico em elevadas • O enrolamento de campo no rotor


potências e baixas velocidades. necessita de corrente contínua.

• Bom rendimento, mesmo • Na maioria das vezes, possui elevada


trabalhando com carga parcial. inércia, o que dificulta sua colocação
em operação.
• Menor peso (do que o seu
equivalente de indução) para • Exige mais manutenção do que os
baixas velocidades. motores de indução.

• Rotação rigorosamente constante • Utilizado somente para grandes


com a frequência de alimentação. potências.

Fonte: PROCEL, 2009.

2.10.2.2 Motor de indução assíncrono trifásico tipo rotor gaiola de esquilo

O motor assíncrono, também chamado de motor de indução, é utilizado em sua maioria


nas instalações industriais, principalmente em máquinas que não são suscetíveis às variações
de velocidade (MAMEDE FILHO, 2007).
O motor de indução é o tipo de motor CA mais utilizado pelo mundo devido ao seu
formato simplificado. Ele é constituído basicamente pelos seguintes elementos: um circuito
magnético estático (composto de chapas ferromagnéticas empilhadas e isoladas entre si, ao qual
se dá o nome de estator); bobinas e o rotor (FRANCHI, 2008).
O enrolamento do estator é energizado através de uma alimentação trifásica CA. Assim,
na medida que a corrente elétrica percorre a bobina, surge um campo magnético girante, o qual
é criado no estator e se propaga em direção às bobinas do rotor. No rotor, é induzida uma força
eletromotriz que cria um campo que interage com o campo magnético girante. Após isso, há
uma tendência natural de que os campos do rotor e do estator se alinhem, e com esse
alinhamento surge um torque eletromagnético que ocasiona o giro (FRANCHI, 2008).
Ocorre que, como o campo do estator gira de forma contínua, o rotor não consegue se
alinhar com ele. A velocidade do rotor será sempre menor que a velocidade síncrona
63

(velocidade do campo girante, também conhecida como escorregamento), fato esse que origina
o nome do motor assíncrono.
Destaca-se ainda, que o rotor é apoiado em uma cavidade que transmite à carga a energia
mecânica produzida, e o entreferro (distância localizada entre o rotor e o estator) é reduzido de
forma a diminuir a corrente em vazio, o que leva a perdas, mas também aumenta o fator de
potência em vazio (FRANCHI, 2008).
O motor de indução trifásico de rotor gaiola em esquilo (Figura 14) é uma máquina
elétrica de corrente alternada (CA) assíncrona com rotor em curto-circuito, na qual a sua
velocidade é dependente da frequência da fonte de alimentação e do número de polos do motor
(PROCEL, 2009).
Ele é caracterizado por ser muito eficiente e exige poucos cuidados de manutenção, o
que o torna de baixo custo. Além disso, é bastante utilizado como força motriz em máquinas
industriais (PROCEL, 2009).

Figura 14 - Motor trifásico tipo rotor gaiola de esquilo

Fonte: WEG, 2019.


64

Figura 15 – Representação do campo girante com defasagem de 120º entre fases

Fonte: Cruz; Berwanger, 2015.

Quadro 4 - Vantagens e desvantagens do motor de indução trifásico - rotor gaiola de esquilo


Motor de Indução Trifásico – Rotor Gaiola de Esquilo
Vantagens Desvantagens
• Baixo custo de aquisição. • Necessita de um inversor eletrônico ou de
outros dispositivos para realizar o controle
• Baixo custo de manutenção. de velocidade.

• Velocidade constante. • Exige uma alta corrente de partida.

• Apresenta baixo fator de potência quando


não bem dimensionado para a carga.

Fonte: PROCEL, 2009.

2.11 CICLO BÁSICO DE REFRIGERAÇÃO

A refrigeração é basicamente o processo de controle de temperatura em um ambiente


por meio da transferência do calor do ambiente feito mecanicamente por um agente condutor.
Assim, no caso dos sistemas de condicionamento de ar, o agente condutor de calor é o fluido
refrigerante, e a retirada do calor do ambiente é feita através de um clico termodinâmico ou
clico de refrigeração (CAMPANHOLA et al., 2014).
Os ciclos termodinâmicos envolvem um procedimento que permite refrigerar um
ambiente de forma contínua. Esse procedimento consiste basicamente em fazer com que um
fluido, denominado de refrigerante, passe por uma série de processos e retorne ao seu estado
inicial, realizando o chamado ciclo de refrigeração (STOECKER; JABARDO, 2018).
65

Dentre os possíveis ciclos de refrigeração existentes, destaca-se o Ciclo de Carnot por


ser um ciclo ideal (reversível), que opera entre dois níveis de temperatura, e, por isso, apresenta
maior eficiência (STOECKER; JABARDO, 2018).
O Ciclo de Carnot representa o limite máximo de eficiência de operação de um ciclo
entre dois níveis de temperatura, e pode ser representando conforme a Figura 16.

Figura 16 - Representação esquemática do Ciclo de Carnot

Fonte: Stoecker; Jabardo, 2018.

Os sistemas de refrigeração empregam diversos processos individuais para produzir um


ciclo de refrigeração contínuo capaz de manter a temperatura de um espaço em condições
precisas. Para tanto, é necessária a atuação de diversos componentes atuando em harmonia,
quais sejam: (MATOS, 2020)
a) Evaporador: É um trocador de calor que recebe o refrigerante líquido a
baixa pressão.
b) Linha de Sucção: É a tubulação utilizada para transportar o vapor frio,
ligando o evaporador ao compressor.
c) Compressor: Trata-se de um dispositivo eletromecânico que é utilizado
para desenvolver e manter o fluxo do fluido através do sistema de
refrigeração.
d) Linha de descarga: É a tubulação utilizada para transportar o valor
superaquecido a alta pressão, ligando o compressor ao condensador.
e) Condensador: É um trocador de calor que recebe o valor a alta pressão e
temperatura e provoca a sua condensação, retirando o calor por meio de
um meio condensante, que podem ser a água ou o ar.
66

f) Reservatório de Líquido: Trata-se de um tanque que recebe o refrigerante


líquido do condensador e o armazena, criando um selo de líquido entre o
condensador e o dispositivo medidor, o que impede a passagem de vapor
para o dispositivo medidor e permite uma provisão constante de
refrigerante líquido para o dispositivo medidor sob todas as condições de
variação da carga.
g) Linha de líquido: É a tubulação usada para transportar o líquido quente a
alta pressão, ligando o reservatório de líquido ao dispositivo medidor.
h) Dispositivo medidor: Possui a função de reduzir a pressão do líquido na
entrada do evaporador, sendo o elemento que controla o fluxo do
refrigerante através do evaporador baseado na demanda de carga térmica.

2.11.1 Self-contained remoto

O self-contained apresenta um sistema simples, com modo de operação tipo liga-desliga


do compressor, conforme uma faixa de temperatura pré-ajustada.
Os condicionadores de ar do tipo self-contained são equipamentos considerados de
pequeno e médio porte dentro da área da climatização. São conhecidos por sua robustez e
confiabilidade e possuem capacidade de refrigeração que varia de 5 (cinco) a 60 (sessenta) TR,
o que lhes concede o título de equipamentos versáteis (TRANE, 2020).
Quanto à utilização, pode-se defini-los como sendo de uso doméstico ou comercial, pois
esses equipamentos contam com uma gama de configurações para atender os mais
diversificados tipos de ambientes e aplicações, tais como lojas, restaurantes, edifícios
industriais, banco, dentre outros.
Outra característica importante desses equipamentos refere-se à versatilidade no
momento da instalação, pois ele pode ser instalado diretamente no local que será climatizado
ou em outro local mais afastado para reduzir os ruídos que costumam ser altos neste tipo de
equipamento. Para tanto, utiliza-se nesse último caso, de dutos de insuflamento para conduzir
o fluxo do ar refrigerado até o ambiente a ser climatizado.
Em modelos mais antigos (que é o caso do equipamento objeto do presente estudo de
caso), os self-contained remotos eram do tipo split system. Esses modelos contavam com o
compressor junto da unidade condensadora (Figura 17) - da mesma forma como são atualmente
os splits de pequeno porte -, motivo pelo qual aqueles equipamentos são chamados,
vulgarmente, de “splitão”.
67

Os modelos atuais do self-contained remoto possuem configuração conforme mostrada


na Figura 18. Os compressores são acoplados no mesmo gabinete da unidade evaporadora e a
unidade condensadora é instalada externamente. Além disso, a interligação dessas unidades é
feita por meio de tubulações de cobre devidamente isoladas para a circulação do fluido
refrigerante (TRANE, 2020).

Figura 17 - Self-Contained – tipo Split System (unidade condensadora)

Fonte: Habitissmo, 2020.

Figura 18 - Representação esquemática do Self-Contained – condensadora remota

Fonte: Trane, 2020.


68

2.11.2 Compressor scroll

O compressor scroll é um tipo de compressor conhecido por possuir um formato de


caracol. Ele possui elevada eficiência energética, é capaz de trabalhar em diversas variações de
temperaturas, além de apresentar vantagens na redução de ruídos e vibrações
(WEBARCONDICIONADO, 2019).
Trata-se de um compressor hermético de deslocamento orbital, o qual consiste em um
espiral estático fixado em um alojamento e uma espiral orbital excêntrica acionada por motor
elétrico (DANFOSS, 2020).
O processo de compressão do compressor scroll é bastante simples: quando a espiral
orbital é colocada em movimento, o fluido é aspirado e logo após é confinado em bolsas de
compressão entre os dois elementos do caracol. Durante esse processo o fluido é comprimido e
direcionado para o centro do caracol onde está localizada a saída, e a válvula de retenção de
fluxo, a qual tem como objetivo coibir o retorno do fluido pelo orifício de saída (DANFOSS,
2020).
O ciclo de compressão realizado pelo compressor scroll dura exatas duas voltas e meia
e é totalmente capaz de fornecer um fluxo constante de fluido na saída do sistema (DANFOSS,
2020).
Conforme se verifica abaixo, na Figura 19 apresenta-se o compressor scroll e na Figura
20 a visão interna do referido compressor. Por fim, na Figura 21 tem-se o diagrama de
compressão.

Figura 19 - Compressor scroll (Danfoss)

Fonte: Danfoss, 2020.


69

Figura 20 - Visão interna do compressor scroll (Danfoss)

Fonte: Danfoss, 2020.

Figura 21 - Diagrama de compressão scroll

Fonte: Danfoss, 2020.


70

3 ESTUDO DE CASO

O Camelódromo Municipal de Florianópolis é um centro de comércio varejista


localizado na região central de Florianópolis/SC. Com uma estrutura de 134 boxes que
oferecem a venda dos mais diversos produtos. Possui horário de funcionamento de segunda a
sábado, das 8 às 18 horas.
Contando com uma área de 1095,95 m², o Camelódromo é subdividido em: um
escritório, onde atua a parte da administração, além do espaço destinado aos boxes, onde
concentram-se os comerciantes para a venda de suas mercadorias.
A motivação do presente estudo de caso surgiu porque o autor já prestava serviços de
manutenção em climatização nas referidas instalações desde o ano de 2018. Assim, ao realizar
serviços de consultoria técnica e conforme conversas com o administrador do camelódromo, o
autor se deparou com diversas reclamações de que as faturas de energia elétrica estavam
aumentando consideravelmente sem que houvesse um motivo aparente para que isso ocorresse.
Na tentativa de buscar respostas aos questionamentos do cliente, realizou-se minucioso
processo de investigação no sistema elétrico. Todavia, não foi encontrado nenhum ponto quente
que pudesse justificar tal aumento de carga por efeito joule, tampouco fugas de corrente por
fadiga do isolamento no cabeamento.
Ocorre que analisando uma das faturas de energia já quitada pelo cliente foi possível
observar que de fato a concessionária estava cobrando por consumo de energia reativa
excedente, o que causou certa estranheza, já que durante a investigação realizada in loco
constatou-se que havia uma célula capacitiva responsável por realizar a correção do fator de
potência do circuito de climatização. Mas, ainda assim, o cliente permanecia pagando um
reativo excedente em sua fatura.
Dessa forma, a situação enfrentada motivou o início de um estudo mais detalhado e
aprofundado, bem como o desenvolvimento de uma solução em engenharia que fosse
economicamente viável ao camelódromo, a fim de adequar as instalações já existentes
conforme os parâmetros exigidos pela legislação em vigor e corrigir o fator de potência do
sistema de climatização.
71

3.1 ANÁLISES PRELIMINARES

Cumpre-se esclarecer que o processo de levantamento de dados se deu por meio de


inspeção visual realizada nas instalações elétricas, pela análise das faturas e por meio de
medições.
Durante a realização da inspeção visual a atenção ficou voltada para a busca de outros
elementos capacitivos (células capacitivas ou banco de capacitores) que poderiam estar
instalados em algum ponto da instalação elétrica e que, por um acaso, não tenham sido
detalhados no projeto elétrico, tendo em vista que a existência de outros capacitores poderia
influenciar negativamente nas medições realizadas, levando ao erro das análises.
Outrossim, foram inspecionados também os quadros de energia, as caixas de passagens,
além de equipamentos existentes no local (Figura 22). Todavia, não foi encontrado mais
nenhum elemento capacitivo.

Figura 22 - Unidades condensadoras do Camelódromo

Fonte: Elaboração do autor, 2020.


72

3.1.1 Levantamento de dados

Com o intuito de aprofundar mais o estudo a fim de que fossem analisados todos os
dados de forma minuciosa, levantou-se os dados que a seguir serão expostos a respeito da
instalação elétrica do Camelódromo, bem como as suas cargas mais relevantes.
O fornecimento de energia elétrica ao Camelódromo é realizado pela concessionária
Celesc Distribuição S.A., com tensão nominal de 13,8 kV.
A unidade consumidora do Camelódromo enquadra-se no grupo A, subgrupo A4, sendo
que a modalidade tarifária é a convencional com demanda contratada atual de 199 kW.
O transformador de entrada é 300 kVA, a relação de transformação é de 13,8kV/380V,
sendo do tipo pedestal.
Quanto às cargas, o parque de máquinas do sistema de climatização é composto por 97.5
TR, e a potência desses equipamentos é estimada em 185 kVA. Além disso, os demais circuitos
contam com outras cargas de menor potência, no entanto, não serão no presente estudo de caso.
73

3.1.2 Diagrama unifilar do sistema elétrico

Conforme a Figura 23, é possível observar no diagrama unifilar do sistema elétrico o


detalhamento da disposição das cargas bem como o ponto onde se encontra a unidade capacitiva
responsável pela atual correção do fator de potência, a qual possui potência de 10 kvar.

Figura 23 - Diagrama unifilar do sistema elétrico

Fonte: Elaboração do autor, 2020.


74

3.1.3 Estudo das faturas de energia elétrica

As faturas de energia elétrica utilizadas para a análise do estudo de caso abrangem os


ciclos de faturamento de referência entre os meses de setembro do ano de 2019 a setembro de
2020. Sendo assim, destaca-se que a análise dessas faturas é de extrema relevância para o
levantamento dos consumos em kWh, tanto na ponta quanto fora da ponta, tendo em vista que
possibilitará a realização do cálculo do reativo excedente, e, com isso, proporcionará uma
análise fidedigna acerca dos dados, bem como dos valores que vem sendo cobrados pela
concessionária.
Com base no Gráfico 1, é possível perceber que existe um aumento do consumo de
energia elétrica nos períodos mais quentes do ano, e esse aumento na demanda de energia ocorre
justamente quando o sistema de climatização é mais utilizado na estrutura do Camelódromo em
razão das altas temperaturas decorrentes do verão.

Gráfico 1 - Histórico de consumo e reativo excedente

HISTÓRICO DE CONSUMO E REATIVO EXCEDENTE


45.000
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0

KWh_P KWh_FP Reat_exc_P_kvarh Reat_exc_FP_kvarh

Fonte: Elaboração do autor, 2020.


75

Outrossim, conforme o Gráfico 2, nota-se o detalhamento do consumo de reativo


excedente.

Gráfico 2 - Histórico de reativo excedente

HISTÓRICO DE REATIVO EXCEDENTE


1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0

Reat_exc_P_kvarh Reat_exc_FP_kvarh

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

Um ponto interessante e que merece destaque no que se refere à análise das faturas é
que dentre aquelas que foram analisadas dentro do período de setembro de 2019 a setembro de
2020, foi possível perceber que, em sua maioria, o fator de potência média/mês se mostrou igual
ou maior que 0,92, e mesmo assim, houve cobranças por excedente de reativo (Gráfico 3).
76

Gráfico 3 - Histórico do fator de potência x cobrança

HISTÓRICO DO FATOR DE POTÊNCIA X COBRANÇA


R$ 700,00
R$ 648,88
R$ 600,00

R$ 500,00 R$ 540,95

R$ 400,00
R$ 344,97
R$ 300,00 R$ 317,11
R$ 256,04
R$ 272,74
R$ 200,00
R$ 163,20 R$ 129,01
R$ 100,00
R$ 25,25R$ 18,50 R$ 3,18 R$ 1,33 R$ 18,34
R$ 0,00 0,99 0,99 0,92 0,92 0,92 0,90 0,89 0,91 0,90 0,99 0,99 0,95 0,99
09/19 10/19 11/19 12/19 01/20 02/20 03/20 04/20 05/20 06/20 07/20 08/20 09/20

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

Outrossim, com o decorrer do estudo das faturas, observou-se que os valores que se
encontravam acima de 0,92 na média mensal se deram porque os condicionadores de ar da
edificação não eram acionados aos fins de semana, o que fez com que elevasse o fator de
potência nesses intervalos para 1,00, contribuindo para a elevação do fator de potência na
média/mês.
A questão do fator de potência é um dos fatores que causam dúvidas nos consumidores,
pois estes acreditam (erroneamente) que se estiverem acima do fator de 0,92 na média/mês não
serão “penalizados” pelo baixo fator de potência. Ocorre que isso não é a realidade, tendo em
vista que, observando o Gráfico 3, é possível notar que os valores de fator de potência que estão
em cor verde (linha horizontal) estão de acordo com os valores desejados, ou seja, acima de
0,92. No entanto, ainda assim percebe-se que há cobrança por excedente reativo nos referidos
meses.
Dessa forma, analisando a situação em voga, o que se apresenta é que não existe uma
preocupação da concessionária em demonstrar com clareza aos seus consumidores como de
fato são executados os cálculos e qual os parâmetros analisados para a cobrança do fator de
potência proveniente do seu baixo fator. Assim, ao que parece, a concessionária acaba lucrando
com essa falta de clareza e omissão e, por esse motivo, permanecem tomando tal postura mês
após mês.
77

3.1.4 Medições realizadas em campo

As medições realizadas em campo foram divididas em 2 (duas) etapas distintas, sendo


que a primeira etapa tinha como objetivo a análise completa de todo o sistema elétrico da
edificação e a segunda etapa a coleta de dados diretamente no barramento de alimentação do
equipamento de climatização.
Importante mencionar que as etapas de medições foram realizadas com o auxílio do
analisador de energia da marca IMS (Figura 24) modelo Smart Meter T, fabricado pela empresa
IMS Power Quality, empresa que desenvolve tecnologia voltada para o seguimento de
qualidade de energia e que opera nesse mercado desde o ano de 1981.

Figura 24 - Analisador de energia (modelo Smart Meter T)

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

O referido equipamento é capaz de fornecer leitura de diversos parâmetros, os quais


foram de substancial importância para o levantamento do consumo de energia e para a análise
de todos os dados obtidos. Ele conta com uma plataforma completa de telemetria elétrica e
fornece dados de consumo de energia.
Conforme o manual do fabricante (IMS), tal equipamento pode medir as grandezas
elétricas abaixo relacionadas. Além disso, deve ser conectado no sistema ou no barramento ao
qual se deseja obter os dados, de acordo com o esquema de ligação do equipamento da Figura
25.
78

a) demanda (kW);
b) tensão (V) individual de cada fase;
c) frequência (Hz) individual de cada fase;
d) corrente (A) individual de cada fase;
e) corrente (A) total do circuito;
f) potência ativa (watts) individual de cada fase;
g) potência ativa (watts) total das 3 (três) fases;
h) potência reativa (var) individual de cada fase;
i) potência reativa (var) total das 3 (três) fases;
j) potência aparente (VA) individual de cada fase;
k) potência aparente (VA) total das 3 (três) fases;
l) consumo acumulado expresso em kWh de cada fase;
m) consumo acumulado em kWh total do circuito - 3 (três) fases;
n) fator de potência individual de cada fase;
o) média do fator de potência das 3 (três) fases;
p) análise de harmônicas (corrente e tensão) até a 41ª ordem.

Figura 25 - Esquema de ligação do analisador de energia

Fonte: IMS, 2020.

A primeira etapa de medições se deu entre os dias 1º a 31 de outubro de 2020, e para a


coleta dos dados foi instalado o equipamento de medição no barramento de entrada que alimenta
o quadro geral de baixa tensão (QGBT), conforme detalhamento mostrado na Figura 26.
79

Figura 26 - Foto da instalação do analisador de energia

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

Analisando a Figura 26 é possível perceber que o equipamento foi instalado logo na


entrada do disjuntor de 400A. Isso significa que num primeiro momento os dados levantados
pelo equipamento de medição referem-se a todo o sistema e não somente ao circuito de
climatização.
Com a realização desse procedimento de medição foi possível obter o levantamento
completo do sistema, analisar o regime de consumo diário de potência ativa, reativa e aparente
de todas as cargas instaladas, e ainda, verificar se havia a presença de harmônicos nas
instalações elétricas, conforme detalhado no Gráfico 4 e Tabela 4.
0,00000
0,20000
0,40000
0,60000
0,80000
1,00000
1,20000
1,40000
01/10/2020
02/10/2020
03/10/2020
04/10/2020
05/10/2020
06/10/2020

Fonte: Elaboração do autor, 2020.


07/10/2020
08/10/2020
09/10/2020
10/10/2020

KWh/dia
11/10/2020
12/10/2020
13/10/2020
14/10/2020

Kvarh/dia
15/10/2020
16/10/2020
17/10/2020
18/10/2020
DE ENERGIA

KVAh/dia

19/10/2020
Gráfico 4 - Dados da medição diária – Analisador de energia

20/10/2020
21/10/2020
FP/dia

22/10/2020
23/10/2020
24/10/2020
25/10/2020
26/10/2020
27/10/2020
28/10/2020
MEDIÇÃO DIÁRIA (1º/10/20 A 31/10/20) - ANALISADOR

29/10/2020
30/10/2020
31/10/2020
80
81

Tabela 4 - Leitura preliminar do analisador de energia - mês de outubro

KWh/dia Kvarh/dia KVAh/dia FP/dia V /dia THD < 5%


01/10/2020 1,00325 0,49622 1,11926 0,89635 378 Sim
02/10/2020 0,99835 0,43947 1,09080 0,91525 379 Sim
03/10/2020 0,98013 0,45282 1,07968 0,90780 378 Sim
04/10/2020 0,02300 0,00000 0,02300 1,00000 378 Sim
05/10/2020 1,02314 0,47983 1,13007 0,90538 380 Sim
06/10/2020 0,98301 0,43132 1,07347 0,91573 379 Sim
07/10/2020 0,97814 0,41293 1,06173 0,92127 378 Sim
08/10/2020 0,98222 0,44872 1,07986 0,90958 380 Sim
09/10/2020 0,97659 0,43243 1,06805 0,91437 381 Sim
10/10/2020 1,05440 0,49874 1,16641 0,90397 382 Sim
11/10/2020 0,03522 0,00000 0,03522 1,00000 384 Sim
12/10/2020 0,03614 0,00000 0,03614 1,00000 380 Sim
13/10/2020 0,99986 0,46785 1,10390 0,90575 379 Sim
14/10/2020 1,00684 0,48963 1,11958 0,89930 380 Sim
15/10/2020 0,98451 0,47538 1,09327 0,90052 378 Sim
16/10/2020 0,98322 0,48527 1,09645 0,89673 380 Sim
17/10/2020 1,03372 0,48753 1,14292 0,90446 381 Sim
18/10/2020 0,02810 0,00000 0,02810 1,00000 383 Sim
19/10/2020 0,97823 0,42473 1,06646 0,91727 379 Sim
20/10/2020 0,98826 0,45347 1,08733 0,90888 381 Sim
21/10/2020 0,98712 0,46321 1,09040 0,90528 380 Sim
22/10/2020 1,09053 0,49731 1,19857 0,90986 380 Sim
23/10/2020 0,98362 0,45241 1,08267 0,90851 379 Sim
24/10/2020 0,98956 0,45932 1,09096 0,90705 379 Sim
25/10/2020 0,03010 0,00000 0,03010 1,00000 384 Sim
26/10/2020 0,99586 0,48246 1,10657 0,89995 380 Sim
27/10/2020 0,99173 0,47912 1,10140 0,90043 379 Sim
28/10/2020 0,98733 0,46795 1,09261 0,90364 381 Sim
29/10/2020 0,98079 0,46542 1,08562 0,90344 380 Sim
30/10/2020 0,99358 0,48579 1,10598 0,89837 381 Sim
31/10/2020 1,09817 0,48957 1,20235 0,91335 380 Sim
26,20472 12,11890 28,88894 0,92169 380
Fonte: Elaboração do autor, 2020.
82

Na segunda etapa de medição, a qual ocorreu entre os dias 2 a 7 de novembro de 2020,


o objetivo era o de coletar os dados diretamente do barramento de alimentação de um dos
equipamentos de climatização self-contained (Figura 27), a fim de obter uma melhor
compreensão quanto ao regime de consumo da potência reativa indutiva de cada equipamento,
e com isso, possibilitar uma tomada de decisão correta quanto à escolha do método de correção
a ser adotado.
Ainda, conforme mostra a Figura 28, o ciclo de medição referente a esse período contou
com 5.300 leituras válidas. Sabendo-se que cada leitura ocorreu com intervalo de 2 (dois)
minutos, temos ao final do ciclo de medição um total de 176.66 horas de coleta de dados.
Isto posto, com base na mesma imagem (Figura 28), é possível observar valores tais
como a média de tensão, corrente e fator de potência. Outrossim, na Figura 29, nota-se as
grandezas médias da potência ativa, reativa e aparente que estão vinculadas a esse ciclo de
medição.
Por fim, a escolha do período para a realização da segunda etapa de medições foi
motivada tendo em vista que nessa época do ano na cidade de Florianópolis a temperatura já
começa a subir, e os equipamentos de ar-condicionado do Camelódromo são bastante
requisitados.

Figura 27 - Foto da instalação da segunda etapa de medição

Fonte: Elaboração do autor, 2020.


83

Figura 28 - Imagem 1 da leitura das grandezas elétricas capturadas pelo analisador de energia

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

Figura 29 - Imagem 2 da leitura das grandezas elétricas capturadas pelo analisador de energia

Fonte: Elaboração do autor, 2020.


84

3.1.5 Sistema de correção existente

Do ponto de vista técnico, o sistema de correção existente no local mostrou-se


inapropriado e totalmente ineficaz, pois conta com um acionamento por timer temporizador, o
qual não é a melhor opção para o gerenciamento de entrada do capacitor no sistema, eis que o
capacitor é colocado em operação sem a necessidade da entrada do sistema de climatização. De
mais a mais, pelo que foi demonstrado nos cálculos anteriormente realizados, a potência do
capacitor está muito baixo do requerido para a correção mínima do FP ≥ 0,92.
Acredita-se que o fator preponderante para a queima do capacitor instalado no QGBT
da edificação foi a escolha equivocada do método de acionamento, pois, como já mencionado
anteriormente, o timer temporizador acionava o contator diretamente, e este, por sua vez
fechava o contato entre o capacitor e o barramento principal, colocando o capacitor em paralelo
com a linha e injetando a potência reativa capacitiva, mesmo sem a necessidade da correção.
Outro fator importante, é que não foram encontradas medições de THD maiores que 5%, fato
este que poderia exercer uma influência direta na queima do capacitor.

Figura 30 - Diagrama unifilar simplificado do sistema existente

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

Conforme o diagrama unifilar mostrado na Figura 30 é possível perceber que o antigo


sistema já contava com um método de correção por grupo de carga.
85

Já na Figura 31, observa-se a foto do quadro geral de baixa tensão (QGBT) e os seus
respectivos dispositivos de manobra, comando e célula capacitiva devidamente identificados.

Figura 31 - Foto do Quadro Geral de Baixa Tensão - QGBT

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

3.2 DIMENSIONAMENTO NO NOVO SISTEMA

A elaboração e o dimensionamento de um novo sistema para a correção do fator de


potência são de extrema importância, pois além de evitar a cobrança imposta pela
concessionária de reativo excessivo, também prolonga-se a vida útil das instalações e de seus
dispositivos que nelas estão instalados, o que reduz por vezes, de forma substancial, a corrente
que circula entre a fonte e a carga, e com isso, evita-se as perdas por efeitos joule.
86

Além disso, a elevação da corrente proveniente do excesso de energia reativa leva a


quedas de tensão acentuadas, podendo ocasionar desde a interrupção do fornecimento de
energia elétrica, e até mesmo a sobrecarga em determinados elementos da rede. As quedas de
tensão podem provocar ainda a redução da intensidade luminosa das lâmpadas e o aumento da
corrente nos motores.

3.2.1 Desenvolvimento dos cálculos

Os cálculos que a seguir serão expostos foram desenvolvidos levando em consideração


apenas um equipamento de climatização de self-contained, tendo em vista que não houve tempo
suficiente para executar cada medição de forma individualizada por equipamento, pois o prazo
para conclusão e entrega do presente trabalho encerra-se antes do período em que o regime de
acionamento dos equipamentos de climatização do Camelódromo efetivamente são utilizados
(a partir do final do mês de outubro e meses de novembro a março) – meses do ano nos quais
as temperaturas são mais elevadas.
Nesse sentido, restando poucas semanas para a realização das medições individuais por
equipamento e devido ao fato de que existem 7 (sete) equipamentos de climatização instalados
no local, sendo que dentre eles 6 (seis) são idênticos do ponto de vista do consumo energético,
e que apenas 1 (um) possui o consumo diferente, optou-se por direcionar a análise e engendrar
os esforços para apenas 1 (uma) máquina e, dessa forma, replicar o resultado obtido para as
demais.
Sendo assim, conforme os dados obtidos in loco pelo analisador de energia, o qual foi
devidamente instalado diretamente no barramento de alimentação de um dos dispositivos self-
contained, é possível iniciar a elaboração dos cálculos almejando definir o valor da potência
ideal para o capacitor e com isso evitar a cobrança por excedente de reativo por parte da
concessionária.
Ressalta-se que para calcular o valor de potência reativa necessária para corrigir o fator
de potência de um dos equipamentos, utilizou-se a média de consumo no período da análise.
Entretanto, partindo do pressuposto que sempre deve-se considerar que existe uma taxa
de erro percentual (erro%) na escolha do capacitor e que a maioria das literaturas abordam esse
fato de forma muito superficial, estabeleceu-se para a elaboração dos cálculos o valor de 2,2%
como sendo um valor percentual aceitável. Logo, acrescendo tal porcentagem sobre o valor
mínimo do fator de potência (0,92), se obtém um novo valor de base, qual seja, 0,94.
87

Para a escolha do capacitor ideal, foi utilizado o método referido na Equação 16, pois
através dessa equação é possível encontrar o valor do capacitor a ser instalado (Qc) apenas
subtraindo da potência QA com o baixo fator pela potência QB, já como o fator ajustado.

Assim:

𝑄𝐶 = 𝑄𝐴 − 𝑄𝐵 (16)

Onde:

𝑄𝐶 = Potência Reativa do Capacitor;


𝑄𝐴 = Potência Reativa Inicial (sem a correção do fator de potência);
𝑄𝐵 = Potência Reativa Final (com a correção do fator de potência).

Dados coletados conforme as Figuras 28 e 29:

Potência Aparente = 34816 VA;


Potência Ativa = 28800 W;
Potência Reativa = 19557 var;
FP = 0,834.

Utilizando-se a Eq. (6) para calcular a Potência Aparente após correção, obtemos:

𝑃 28800
𝑠 ′ = 𝐹𝑃 => 𝑠 ′ = => 𝑠′ = 30638,3 𝑉𝐴
0,94

Utilizando-se a Eq. (5) para encontrarmos a Potência Reativa resultante após correção,
obtemos:

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄2 ; => 𝑆 2 = 𝑃2 + 𝑄2 ; => 𝑄2 = 𝑆2 – 𝑃2 ; => 𝑄𝐵 = √𝑆′2 − 𝑃2

𝑄𝐵 = √𝑆′2 − 𝑃2 ; => 𝑄𝐵 = √30638,32 − 288002 ; => 𝑄𝐵 = 10453 𝑣𝑎𝑟


88

Empregando-se a Eq. (16) para encontrar a Potência do Capacitor a ser utilizado, temos
o seguinte:
𝑄𝐶 = 19557 − 10453 => 𝑄𝐶 = 9103,99 𝑣𝑎𝑟

Com base nos cálculos realizados foi possível encontrar o valor da potência do capacitor
necessário para a referida correção (9,104 kvar). Ocorre que, sabendo que esse não é um valor
comercial, optou-se por utilizar uma célula capacitiva de 9,17 kvar para que se obtenha o fator
de potência superior a 0,92, e com isso, garantir a eficiência da correção.
Devido ao reajuste de potência do capacitor, espera-se obter o seguinte fator de potência
ao final da correção:

Utilizando a Eq. (6) para calcular o Novo Fator de Potência, tem-se:

𝑃 28800
𝐹𝑃 = ; => 𝐹𝑃 = ; => 𝐹𝑃 = 0,952
𝑆 2
√(28800) + (9170)2 ;

Ressalta-se que para a interligação dos módulos capacitivos ao barramento de força da


carga, será de essencial importância a definição da bitola do cabeamento em relação à corrente
de condução, e, para tal escolha, faz-se necessário os cálculos da corrente.

Utilizando a Eq. (4) para encontrar a corrente, e tendo em vista que o módulo
capacitivo é trifásico, deve-se acrescentar na Equação 4 um fator √3, conforme abaixo
detalhado:

𝑆 9170
𝑆 = 𝑉. 𝐼. √3 ; => 𝐼 = ; => 𝐼 = ; => 𝐼 = 13,93 𝐴
𝑉. √3 380. √3

Com base no valor da corrente encontrada, juntamente com o auxílio da Tabela 5 que
se refere à condução de corrente de condutores, é possível definir que o condutor será o de seção
de transversal de 2,5mm por ser o mais adequado do ponto de visto técnico.
89

Tabela 5 - Condução de corrente de condutores (Método de instalação 16, conforme tabela 33)
TABELA DE CONDUÇÃO DE CORRENTE DE CONDUTORES
Corrente máxima suportada
Seção em mm² por cada condutor elétrico
1,5mm² 18,5
2,5mm² 25
4mm² 34
6mm² 43
10mm² 60
16mm² 80
25mm² 101
35mm² 126
50mm² 153
70mm² 196
95mm² 238
Fonte: NBR 5410, 2004.

3.2.2 Definição do método de correção

Para definir o método de correção que deve ser aplicado, levou-se em consideração
diversos aspectos, tais como, o estudo do projeto elétrico, os dados obtidos através de
levantamento preliminar com o analisador de energia realizado no mês de outubro de 2020 e as
características das cargas. Dessa forma, chegou-se à constatação de que, de fato, as cargas que
possuem a maior parcela no consumo de potência reativa e, portanto, ocasionam a cobrança de
excedente reativo, são as que compõem o sistema de climatização da edificação.
Levando-se em consideração que a análise em questão foi executada sob uma máquina
trifásica (self-contained) e que o seu consumo de reativo indutivo é estático, pode-se concluir
que a demanda foi fixa no decorrer da medição. Logo, o método mais indicado para este caso é
o da correção localizada com um banco semi-automático, também conhecido como correção
direta. Esse método consiste na instalação do capacitor diretamente no equipamento, utilizando
o próprio dispositivo de controle do equipamento para injetar reativo na rede.
Dessa forma, a instalação direta no barramento de alimentação do equipamento
simplifica consideravelmente o método de correção e a instalação de um novo sistema de
correção.
Foi definida a utilização desse método, qual seja, o semi-automático, tendo em vista que
a instalação de um banco automático de capacitores (BAC) demanda um maior investimento,
além de ser recomendado somente para as instalações que possuam um consumo mais
diversificado, onde não seja possível uma correção direta.
90

Outro fator que influenciou na escolha da correção direta, foi a parte financeira, pois a
instalação de um BAC sairia muito mais onerosa, inviabilizando assim o projeto e a não
aceitação pelo cliente.

3.3 SISTEMA PROPOSTO

O novo sistema de correção do fator de potência foi idealizado levando-se em conta dois
fatores: a característica da carga e o fator econômico.
A carga possui aspectos relevantes na tomada de decisões quanto ao método de correção,
e, por esse motivo, é essencial coletar o máximo de informações possíveis quanto a ela, tais
como, o regime de trabalho, se são acionadas em grupo ou se podem ser acionadas
individualmente, se todos os elementos que pertencem ao barramento de força são trifásicos,
ou se existe motores monofásicos junto a eles. Ou seja, tudo deve ser minunciosamente
levantado e analisado antes de qualquer tomada de decisão.
Quanto ao fator econômico, pode-se dizer que ele é na maioria das vezes o fator
preponderante na elaboração dos projetos, de maneira que nada adianta o engenheiro se ater
apenas na viabilidade técnica do projeto e esquecer que são os recursos financeiros do cliente
que farão do projeto uma realidade.
Posto isso, após uma breve reflexão acerca dos quesitos relevantes para a tomada de
decisão, optou-se pela abordagem mais clássica para a correção do fator de potência, pois tanto
do ponto de vista técnico quanto do econômico parece ser a decisão mais acertada.
De mais a mais, acredita-se que a implantação do novo sistema de correção do fator de
potência traria um retorno financeiro muito mais rápido se não fosse a situação de pandemia
que se instalou em todo o mundo e que se prolonga ainda até o mês de novembro (prazo final
para o encerramento do presente estudo de caso), pois possibilitaria a obtenção dos dados do
consumo mais confiáveis.
Conforme expresso na Figura 32, tem-se o diagrama unifilar simplificado para o novo
sistema.
91

Figura 32 - Diagrama unifilar simplificado do novo sistema

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

3.3.1 Viabilidade Técnica

No tocante à viabilidade técnica foram levantados os seguintes aspectos a fim de se


avaliar o método de correção a ser aplicado: se seria possível a instalação do módulo capacitivo
junto ao quadro de comando do self-contained de forma que possibilitasse maior proximidade
entre o elemento capacitivo e a carga, a análise de parâmetros como temperatura do
equipamento e o grau de dificuldades para a sua instalação.
Além disso, quanto ao espaço físico do quadro de comando do self-contained, foi
verificado que ele é capaz de comportar com uma certa folga a célula capacitiva. Conforme a
Figura 33, é possível observar o possível local da instalação, no entanto, antes da instalação
será necessária uma readequação para posicionar os elementos de comando e proteção.
92

Figura 33 - Quadro de comando self-contained

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

Quanto à temperatura do ambiente no local da instalação, medida com o auxílio de


termômetro digital, esta variava entre os 27º. Já, no local destinado para a instalação do
capacitor, a temperatura média apresentada foi de 23,8º, o que demonstra que está dentro da
faixa admitida pelos fabricantes dos capacitores.
Além disso, o grau de dificuldade da instalação pode ser classificado como baixo, pois
somente será instalado a célula capacitiva no quadro de comando do self-contained, sendo que
os elementos de proteção e comando já existentes no sistema servirão também o módulo
capacitivo, reduzindo assim a compressibilidade e o custo de implantação.

3.4 ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA

A viabilidade financeira e econômica referente à implantação do novo sistema de


correção do fator de potência será realizada baseada nos custos referentes à aquisição de
material e mão de obra, conforme levantamento realizado (Tabela 6).
Quanto ao tempo de vida útil do sistema de correção, partir-se-á do pressuposto que
levará o prazo de 5 (cinco) anos para a sua total substituição.
O levantamento dos valores pagos à concessionária advindos da cobrança de multa pelo
baixo fator de potência foi retratado no Gráfico 5, o qual demonstra mês a mês o valor pago.
Ainda, com base no Gráfico 5, é importante mencionar que o valor total pago será utilizado
93

como base a análise de viabilidade financeira e econômica de implantação do sistema, a qual


será detalhada mais à frente.
Ressalta-se, que não foram levados em consideração para o presente estudo de caso os
valores que serão gastos com as manutenções preventivas anuais do sistema, uma vez que existe
uma significativa oscilação de valores no ramo de prestações de serviços para esse seguimento.
Para que seja analisada a viabilidade financeira do novo sistema, serão utilizados os
seguintes métodos: VPL, TIR e payback descontado. Assim, somente após a aplicação de tais
métodos e a análise dos resultados encontrados é que se definirá se a implantação do novo
sistema para a correção do fator de potência será um bom investimento ou não.

Gráfico 5 - Valores pagos à concessionária nos últimos 13 (treze) meses (referente ao reativo
excedente)

R$ 2.739,50
VALORES PAGOS À CONCESSIONÁRIA
648,88
540,95

344,97
317,11
272,74

256,04

129,01
163,2
25,25

18,34
18,5

3,18

1,33

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

3.4.1 Custos para a implantação do novo sistema

Para a análise dos custos necessários à implantação do novo sistema para a correção do
fator de potência foi utilizada a Tabela 6, a qual demonstra o valor da mão de obra especializada
para a instalação do sistema e para a readequação do quadro de comando, além do levantamento
dos valores dos materiais necessários à instalação dos capacitores.
94

Tabela 6 - Custos para a correção do fator de potência

Custos para a correção do fator de potência


Preço unitário (R$) Preço total (R$) SUBTOTAL
Itens Descrição Quantidade Mão de Mão de
Material Material
obra obra
Capacitor trifásico
1 9,17kvar – Ref. (6)
UCW9,17V40 N14 unidades R$ 268,35 R$ 215,00 R$ 1.610,10 R$ 1.290,00 R$ 2.900,10
Cabo elétrico 2,5mm²
2 (preto, vermelho, (12) metros
branco) cada R$ 3,52 R$ 0,00 R$ 126,72 R$ 0,00 R$ 126,72
3 Terminal Ilhós 2,5mm² (50) peças R$ 0,16 R$ 0,00 R$ 8,00 R$ 0,00 R$ 8,00
Disjuntor tripolar 20A.
4 Curva C 3kA – Ref. (6)
SDD63C20 - STECK unidades R$ 72,90 R$ 25,00 R$ 437,40 R$ 150,00 R$ 587,00
Obs: Os valores dos
materiais e da mão de obra
foram cotados na data de
03/11/2020 TOTAL (R$) R$ 3.621,82

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

3.4.2 Viabilidade financeira e econômica do projeto

Conforme é possível notar no Gráfico 5, os valores que foram pagos no ano de 2020 à
concessionária de energia elétrica (Celesc) não foram tão expressivos, entretanto, o que deve
ser levado em consideração aqui é que, devido à pandemia do COVID-19, todas as pessoas
foram significativamente atingidas, incluídas as pessoas físicas, jurídicas e até mesmo os
trabalhadores autônomos, eis que foram surpreendidos pelo fechamento de todos os setores
(lockdown).
Com o lockdown, o Camelódromo teve de ser fechado por um longo período devido às
medidas restritivas determinadas por decretos emitidos tanto pela Prefeitura de Florianópolis
quanto pelo Governo de Santa Catarina, o que acabou por gerar um impacto relevante no
consumo de energia reativa do sistema de climatização, tendo em vista que este não foi ligado
durante todo este período.
Outrossim, para a aplicação dos métodos de análise de viabilidade financeira foi
elaborado um fluxo de caixa descontado levando-se em consideração o investimento inicial, os
fluxos de caixa negativos e positivos, além da taxa de desconto que é de 12% a.a. (Gráfico 6)
95

Gráfico 6 - Fluxo de caixa descontado (5 anos)

Fluxo de caixa descontado


R$ 3.000,00
R$ 2.445,98 R$ 2.183,91 R$ 1.949,92 R$ 1.741,00
R$ 2.000,00 R$ 1.554,47
R$ 1.000,00

R$ 0,00
0 1 2 3 4 5
-R$ 1.000,00

-R$ 2.000,00

-R$ 3.000,00

-R$ 4.000,00 -R$ 3.621,82


0 1 2 3 4 5

Fonte: Elaboração do autor, 2020.

Dessa forma, para a implantação do sistema, o investimento inicial será o custo de


implementação no instante 0. Os fluxos de caixa negativos referem-se aos custos de manutenção
incidentes a cada 12 (doze) meses.
Os fluxos de caixa positivos representam o retorno financeiro do projeto, que neste caso,
são os valores projetados de faturamento de energia reativa excedente que incidiriam, caso a
correção não fosse realizada. Esses são considerados fluxos positivos porque são custos que
deixam de existir caso o projeto seja executado.
A TMA adotada é de 12% a.a., ou 1% a.m. Ressalta-se, que esse valor representa o custo
de oportunidade e que foi idealizado de forma a trazer um retorno mínimo para o cliente.
O Gráfico 6, portanto, apresenta o fluxo descontado para todo o horizonte de tempo do
projeto. Observa-se que, após o investimento inicial, não há mais fluxos de caixa negativos
devido ao fato de que os custos de manutenção incidentes são inferiores a economia gerada pela
correção do fator de potência.
Ainda assim, na Tabela 7 são demonstrados os parâmetros necessários para se definir a
viabilidade financeira do projeto. Portanto, chega-se à conclusão de que utilizando-se dos
métodos de payback descontado, é possível definir com alto grau de probabilidades quanto
tempo será necessário para que os valores investidos na implantação possam se pagar, o que
levará 17 (dezessete) meses.
Em relação ao VPL, este se mostrou muito atrativo para o período analisado, ficando
em R$ 7.301,31, inclusive, superando as expectativas.
96

A TIR é um outro método utilizado para a análise da viabilidade econômica que se


superou as expectativas, pois apresentou resultados de 52% (cinquenta e dois por cento) maior,
ou seja, quase 4,5 (quatro e meia) vezes maior que a TMA definida.
Isto posto, com base na análise anteriormente realizada, deixa evidenciada que a
implantação do sistema para a correção do fator de potência, sob o ponto de vista financeiro é
muito atrativa, mostrando-se ainda como um bom investimento a curto prazo.
Cabe salientar ainda, que o retorno esperado pelo payback descontado, embora já tenha
apesentado ótimos resultados para 17 (dezessete) meses, poderá ser ainda melhor, visto que a
pandemia do COVID-19, provavelmente, acabou por mascarar os resultados de consumo da
demanda de reativo no período analisado.

Tabela 7 - Viabilidade financeira do projeto


Viabilidade financeira do projeto
TMA / Ano 12% Saída -R$ 3.621,82
TIR 52% Entrada R$ 2.739,50
VPL R$ 7.301,31

Payback Descontado
Ano FC /simples Descontado Saldo
0 -R$ 3.621,82 -R$ 3.621,82 -R$ 3.621,82
1 R$ 2.739,50 R$ 2.445,98 -R$ 1.175,84
2 R$ 2.739,50 R$ 2.183,91 R$ 1.008,07
3 R$ 2.739,50 R$ 1.949,92 R$ 2.958,00
4 R$ 2.739,50 R$ 1.741,00 R$ 4.699,00
5 R$ 2.739,50 R$ 1.554,47 R$ 6.253,46
Fonte: Elaboração do autor, 2020
97

4 CONCLUSÃO

Este trabalho de conclusão de curso baseou-se em um estudo de caso cujo objetivo


principal foi a identificação dos fatores causadores do baixo de fator de potência nas instalações
elétricas do Camelódromo Municipal de Florianópolis/SC, visando o estudo analítico a respeito
da melhor opção para que fosse corrigido o baixo fator de potência e sugerir as adaptações
necessárias no sistema de forma que fosse economicamente viável .
As análises realizadas se mostraram muito relevantes tendo em vista os diversos
conhecimentos que foram agregados durante o desenvolvimento do estudo. Diversos obstáculos
e dificuldades foram também encontrados ao longo do desenvolvimento, mas foram superados
de forma que o autor teve que encontrar soluções alternativas diante do cenário de recursos
limitados e do enfrentamento do COVID-19.
A pandemia forçou um cenário de lockdown em Florianópolis por um longo período,
fechando todo o comércio, universidades, paralisando os transportes municipais,
intermunicipais e estadual, o que prejudicou significamente o andamento do estudo, pois além
de ter limitado o acesso ao Camelódromo, restringiu a própria biblioteca da instituição de ensino
para a realização de pesquisas, encontros com o orientador, dentre outras situações que tiveram
de ser adequadas devido ao “novo normal” vivido por todos durante todo o ano de 2020.
Apesar da complexidade exigida pelo presente trabalho, aliada ao surgimento do
COVID-19 que surpreendeu a todos, com o desenvolvimento do estudo o autor pode expandir
os seus conhecimentos e aplicar na prática muitos temas estudados durante a sua formação
acadêmica.
Além disso, a partir da coleta de dados e da análise das faturas de energia elétrica do
Camelódromo foi possível realizar a análise técnica e financeira acerca da viabilidade da
implantação de uma solução para a correção do baixo fator de fator potência apresentado no
sistema elétrico do referido comércio varejista.
Foram analisadas as topologias mais eficazes para a correção do fator de potência
levando-se em consideração os fatores de projeto e, portanto, chegou-se aos métodos mais
indicados para a referida correção conforme as melhores doutrinas ensinam. Contudo, a opção
que mostrou ser a mais adequada e eficiente foi a correção individual, também conhecida como
correção semi-automática, tendo em vista que a instalação de um banco automático de
capacitores (BAC) demanda um maior investimento, além de ser recomendado somente para
as instalações que possuam um consumo mais diversificado, onde não seja possível uma
correção direta.
98

O método de correção sugerido (correção individual) é bastante simples, e do ponto de


vista econômico é o mais atrativo que os demais, pois não depende de dispositivos de comando
próprio, ou seja, está atrelado diretamente ao circuito de comando do equipamento (self-
contained) e é colocado em operação sempre que ele é ligado.
Por fim, em relação à viabilidade financeira e econômica, tal implementação se mostrou
viável devido ao fato de que o payback descontado demonstrou uma previsão de retorno de
curto prazo, sendo de aproximadamente 17 (dezessete) meses, contando com um investimento
inicial estimado em apenas R$ 3.621,82 (três mil e seiscentos e vinte e um reais e oitenta e dois
centavos), e uma taxa interna de retorno de 52% (cinquenta e dois por cento), sendo que o valor
estimado para a TMA (taxa mínima de atratividade) era de 12% (doze por cento). Superando,
portanto, mais de quatro vezes o que era imaginado.

4.1 SUGESTÃO PARA NOVOS TRABALHOS

Destaca-se que foram diversos os aspectos das instalações não abordados por não fazer
parte do objeto de estudo deste trabalho, muito embora mereçam também análise e
desenvolvimento de estudos de trabalhos futuros para que também possam ser modificados e
melhorados. Pode-se citar, por exemplo, o correto enquadramento das instalações de segurança
em todo o sistema elétrico do Camelódromo Municipal de Florianópolis, conforme determina
a NBR-5410, eis que não estão de acordo com a norma mencionada.
Ademais, sugere-se a aplicação do método de correção de fator de potência com base
na metodologia apresentada neste estudo de caso para outros comércios e indústrias, de maneira
a testar a viabilidade técnica e financeira do método proposto neste trabalho em diferentes
cenários.
99

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103

ANEXO A - Termo de autorização


104

ANEXO B - Faturas de energia elétrica


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