Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ALEXANDER PIMENTEL
Palhoça
2020
ALEXANDER PIMENTEL
Palhoça
2020
ALEXANDER PIMENTEL
______________________________________________________
Professor e orientador Fabio Ignácio da Rosa, Esp. Eng.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Anderson Soares André, Dr. Eng.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Anderson Horstmann, Bel. Eng.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Dedico este trabalho ao Senhor Jesus Cristo que
cuidou, educou, ensinou, corrigiu, disciplinou,
me orientou, nos momentos mais difíceis da
minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela saúde, por estar comigo e por permitir chegar
até aqui. Ele está no controle de tudo. Obrigado Senhor por mais essa conquista.
Aos meus pais, Loreni (in memoriam) e Ludovina, que independentemente das
condições, sempre incentivaram, investiram e apoiaram meus estudos.
A minha namorada Maria Sueli Dias Zanetti pelo apoio incondicional e por sua
compreensão nos momentos de ausência, que por vezes fui condicionado, a fim de cumprir
meus compromissos.
Aos meus colegas de curso, seja pela competitividade, seja pela contribuição de
cada um no decorrer desta jornada.
A todos os professores com quais tive contato nestes quatro anos pelo
compartilhamento de conhecimento e pelo desafio lançado a cada disciplina.
O meu muito OBRIGADO!!!
"Sonhar grande ou sonhar pequeno dá o mesmo trabalho. Então, sonhe grande"
(João Paulo Leman, 1992).
RESUMO
Uma infinidade de trabalhos necessitam do uso da eletricidade para sua execução. Dentro deste
escopo, evidencia-se a importância de que procedimentos seguros sejam adotados a fim de
manter a integridade e saúde, sejam dos usuários que mantem contato, sejam dos trabalhadores
que manipulam a eletricidade. Entretanto, mesmo com a adoção de diversos protocolos
previstos em manuais ou normas, eventuais falhas nos circuitos elétricos decorrentes de
sobrecargas, curto circuitos ou fugas de corrente a terra, podem provocar sérios danos materiais
e/ou físicos. A preocupação deste trabalho tem seu foco na letalidade que choques elétricos
podem provocar a seres humanos. Neste interim, os interruptores diferenciais são explorados
por constituírem um aliado na prevenção contra choques elétricos, condição na qual há
passagem de corrente elétrica através do corpo humano. Preponderantemente, o dispositivo
protege o usuário no caso do defeito, interrompendo a alimentação, proporcionando operação
segura. A investigação procura o desenvolvimento de um protótipo que atenda requisitos de
simplicidade e custo, sem comprometimento da segurança por constituir fator inegociável em
qualquer atividade.
Multitudes of jobs require the use of electricity for their execution. Within this scope, it is
evident the importance that safe procedures are adopted in order to maintain integrity and
health, both for users who maintain contact, and for workers who handle electricity. However,
even with the adoption of several protocols provided for in manuals or standards, eventual
failures in the electrical circuits resulting from overloads, short circuits or leakage of current to
earth, can cause serious material and / or physical damage. The concern of this work is focused
on the lethality that electric shocks can cause to human beings. In the meantime, the differential
switches are exploited as they are an ally in the prevention of electric shocks, a condition in
which electrical current passes through the human body. Mostly, the device protects the user in
the event of a defect, interrupting the power supply, providing safe operation. The investigation
seeks the development of a prototype that meets the requirements of simplicity and cost, without
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13
1.1 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 15
1.2 DELIMITAÇÕES .......................................................................................................... 15
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16
1.3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 16
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 16
1.4 METODOLOGIA .......................................................................................................... 16
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................. 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 18
2.1 SISTEMAS DE PROTEÇÃO E CHOQUE ELÉTRICO .......................................... 18
2.1.1 CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE ELÉTRICO ...................................................... 21
2.1.1.1 Choque Elétrico por Contato Direto ........................................................................... 22
2.1.1.2 Choque Elétrico por Contato Indireto ........................................................................ 22
2.1.1.3 Macrochoque .............................................................................................................. 23
2.1.1.4 Microchoque ............................................................................................................... 23
2.1.2 EFEITOS DO CHOQUE ELÉTRICO...................................................................... 24
2.2 SEGURANÇA EM ELETRICIDADE ......................................................................... 26
2.2.1 MEDIDAS DE CONTROLE DE RISCOS ............................................................... 26
2.2.2 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA ............................................................... 27
2.2.3 MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ............................................................ 28
2.3 NORMAS DE SEGURANÇA ELÉTRICA ................................................................. 29
2.3.1 NR 10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM
ELETRICIDADE ................................................................................................................... 29
2.3.2 NBR 5410 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO ....................... 31
2.4 SISTEMAS DE PROTEÇÃO EMPREGADOS EM ELEVADORES ..................... 32
2.4.1 DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS DE PROTEÇÃO .............................................. 34
2.4.1.1 Disjuntor Diferencial Residual - DDR ....................................................................... 34
2.4.1.2 Interruptores de Circuito por Corrente de Fuga à Terra - GFCI................................. 38
3 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 40
3.1 SOLUÇÕES DE MERCADO ....................................................................................... 40
3.2 SOLUÇÃO DESENVOLVIDA..................................................................................... 43
3.2.1 O CIRCUITO ELÉTRICO ........................................................................................ 43
3.2.1.1 Fonte de Alimentação do Circuito .............................................................................. 44
3.2.1.2 Circuito de Aferição de Corrente de Fuga a Terra ..................................................... 46
3.2.1.3 Circuito Comparador de Tensão e Disparo do Rele ................................................... 48
3.2.1.4 Circuito de Abertura do Circuito Principal da Carga ................................................. 53
3.3 SIMULAÇÕES E TESTES VIRTUAIS ...................................................................... 55
3.4 MONTAGEM DO PROTÓTIPO E PLACA DEDICADA ........................................ 57
3.4.1 LISTA DE MATERIAL E CUSTO DO PROTÓTIPO ........................................... 58
3.4.2 PROTÓTIPO DA PLACA ......................................................................................... 59
3.4.3 PLACA DEDICADA................................................................................................... 59
3.4.4 PRODUTO FINAL ..................................................................................................... 62
4 RESULTADOS OBTIDOS .............................................................................................. 65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69
ANEXO .................................................................................................................................... 72
13
1 INTRODUÇÃO
Norma Regulamentadora NR-10, criada em 1978, com última atualização sofrida em 2016, cuja
prescrição em seu item 10.1.1 estabelece:
“10.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requisitos e condições
mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos,
de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou
indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.”
(MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2019)
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 DELIMITAÇÕES
1.3 OBJETIVOS
1.4 METODOLOGIA
Com a utilização destas duas metodologias, este trabalho possui condições de reunir
a série de conceitos e experimentos que se fazem necessários para o estudo, compreensão e
desenvolvimento do objeto a ser estudado.
17
Este trabalho está estruturado em 5 capítulos, nos quais serão tratados os seguintes
temas:
O capítulo 1 apresenta a introdução ao tema, com justificativa, objetivos e
metodologia aplicada.
O capítulo 2 traz a fundamentação teórica para referência, conhecimento e
embasamento a fim de prover condições para o desenvolvimento do protótipo.
O capítulo 3 expõe com detalhes do desenvolvimento do protótipo do interruptor
residual eletrônico.
O capítulo 4 apresenta os resultados obtidos do protótipo de acordo com as
expectativas definidas no capítulo 3.
O capítulo 5 apresenta as considerações finais bem como os trabalhos futuros.
18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O uso da eletricidade pode ocasionar efeitos não desejados, que devem ser evitados
com o uso de práticas de segurança. Dentre os efeitos indesejados pode-se citar: o choque
elétrico, os incêndios, as explosões e os danos mecânicos (FOWLER, 2012). Este trabalho está
focado na proteção contra o choque elétrico, que pode causar danos graves à saúde, podendo
em certos casos levar um indivíduo a morte (HUNT, 1992).
Segundo Kindermann, o choque elétrico pode ser considerado como uma
perturbação de natureza e efeitos diversos, que se manifestam organismo humano, quando este
é percorrido por uma corrente elétrica. Dentre seus efeitos o choque elétrico pode causar:
sensação, dor, contrações musculares, queimaduras, inibição dos centros nervosos, ou alteração
no ritmo cardíaco (DOBES, 1997).
20
“Caso não tenha sido tomada nenhuma medida antes que se complete o intervalo de
tempo estimado entre 8 a 12 minutos após o início da fibrilação ventricular, o quadro
clínico evolui para uma parada cardíaca e óbito definitivo” (KINDERMANN, 2013,
p. 47).
tremendamente perceptível quando da ocorrência de seu fenômeno. O choque elétrico pode ser
classificado quanto a natureza do contato como:
• Choque elétrico por contato direto;
• Choque elétrico por contato ou indireto.
Complementarmente, de acordo com sua origem externa ou interna, como:
• Macrochoque;
• Microchoque.
Situação em que ocorre contato com um elemento que aparentemente não deveria
estar energizado, mas que por defeito ou falhas na isolação, torna-se indevidamente energizado.
Exemplificando: uma pessoa em contato com uma superfície isolante que, por falhas
construtivas ou perda de qualidade, torna-se energizada por correntes de fuga. A Figura 5 ilustra
o choque elétrico por contato indireto.
23
2.1.1.3 Macrochoque
2.1.1.4 Microchoque
microchoque, segundo Moyle, pode ocorrer a partir de 10 µA e esses valores já podem iniciar
arritmias cardíacas.
Num macrochoque, apesar do valor da corrente ser maior, ela passa pela resistência
natural da pele e dos tecidos. Por outro lado, um microchoque, mesmo com valores de corrente
menores, a corrente pode fluir diretamente para o coração com menor resistência e proteção.
A Tabela 2 informa os limites de valores de corrente para macrochoque e
microchoque e seus respectivos efeitos.
pela primeira vez é citado o disjuntor diferencial, como um poderoso aliado a segurança em
relação a choques elétricos.
Dentro do mesmo escopo, com a finalidade de evitar acidentes e preservar a vida
dos trabalhadores no uso da eletricidade, normas foram implementadas para serem observadas,
dentre elas a NR 10 e suplementarmente a NBR 5410. A utilização dos critérios previstos nestes
documentos permite segurança efetiva, visto implementarem técnicas, procedimentos e a
utilização de sistemas de proteção.
A apresentação e discussão dos sistemas de proteção para evitar choque elétricos
prevê substancialmente:
• Uso de equipamentos de proteção coletiva (EPC’s);
• Uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s);
• Estabelecimento e cumprimento de procedimentos seguros;
• Utilização de dispositivos de proteção contra choques elétricos, sendo o GFCI
(Ground Fault Circuit Interrupter) o objeto deste estudo.
Para que haja segurança nos serviços envolvendo eletricidade, três medidas devem
ser seguidas por seus agentes, a saber:
• Medidas de controle de riscos;
• Medidas de proteção coletiva;
• Medidas de proteção individual.
Para amortização e redução dos riscos, são estudadas e aplicadas medidas de maior
ou menor prioridade estabelecidas em uma lista conhecida por Hierarquia de Controle (HOC).
Existem vários tipos de HOC, entretanto sua fundamentação compreende alguns princípios
básicos nos quais as hierarquias são baseadas.
Basicamente, há três áreas nas quais as medidas de controle do risco podem ser
aplicadas dentre elas:
• Na origem do contaminante (Fonte);
• Ao longo do percurso entre a origem e o trabalhador (Ambiente);
• No receptor (Trabalhador).
Para cada uma destas três fases, são respeitadas e cumpridas as seguintes medidas:
• Medidas de Eliminação (Fonte): Essa medida prevê a eliminação da condição
perigosa que coloca em risco o trabalhador. Por exemplo, eliminar o manuseio manual de uma
ferramenta perigosa por um manuseio mecânico;
• Medidas de Substituição ou Minimização (Fonte): Substituir o agente de risco
perigoso por outro menos agressivo ou, ainda, reduzir a energia do processo. Por exemplo:
através de força, amperagem ou temperatura;
• Medidas de Engenharia (Ambiente): Mudança na estrutura do local de trabalho
do profissional, de modo a distanciar a condição perigosa dos trabalhadores. Por exemplo:
implantação de sistemas de ventilação, enclausuramento;
• Medidas de Separação (Ambiente): Um exemplo para esta medida é a separação
de eletricistas de cubículos onde estão os transformadores nas subestações, a fim de evitar
devido a níveis equipotenciais danos físicos graves;
• Medidas Administrativas (Ambiente e Trabalhador): Onde são estabelecidos os
treinamentos e procedimentos para a execução do trabalho. Também está inclusa a sinalização
horizontal e vertical, os sinais de advertência, alarmes, além de permissões de acesso, dentre
outros.
São adotadas sempre que possível para trabalhos coletivos que expõem as equipes
de trabalhadores as mesmas condições de risco, sempre com o objetivo de eliminar, minimizar
ou controlar as probabilidades de ocorrer um acidente. A NR 10 prevê medidas de segurança e
estabelece exigências quanto à isolação, bloqueio, delimitação, sinalização e aterramento dos
equipamentos elétricos, mediante a utilização de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC´s),
28
Além da NR 10, outra norma que trata de segurança em eletricidade é a NBR 5410,
que estabelece condições de segurança nas instalações de baixa tensão, com valores de 1000
volts em CA e 1500 volts em CC, abrangendo consumidores e instalações elétricas de pequeno
porte.
Para cobrir eventos oriundos de choques elétricos mediante contato indireto, surge
como referência a NBR 5410, inspirada na norma internacional IEC 60364 (Electrical
Installations for Buildings).
A NBR 5410 em seu item 5.1.3.2 dispõe sobre o uso de dispositivo diferencial
residual de alta sensibilidade:
A NBR 5410 vem de forma a suplementar a NR 10, dispor que a forma de proteger
o colaborador contra choque direto e indireto se dá por meio da proteção supletiva, ou seja, por
meio de seccionamento automático da alimentação associado a outros métodos. O risco
associado ao contato indevido acidental com componentes elétricos energizados, ou por falhas
que possam colocar uma massa acidentalmente exposta ao choque elétrico, são eficazmente
protegidos pelo uso de dispositivos de corrente diferencial residual aplicados aos circuitos.
Lembrando que a proteção diferencial residual deve ser de alta sensibilidade, ou
seja, o valor da corrente diferencial residual deve ser igual ou inferior a 30 mA. Este dispositivo
é composto por um sensor que verifica a corrente elétrica do circuito constantemente, acusando
qualquer diferença provocada por eventual fuga de corrente, que fará atuar um dispositivo de
seccionamento automático resultando na desenergização do circuito. Os tempos de atuação são
32
inversamente proporcionais aos valores da corrente de fuga. A NBR 5410 estabelece que o
tempo de atuação para dispositivos diferenciais residuais de alta sensibilidade sejam inferiores
a 40 milissegundos, com a finalidade de eliminação do risco de corrente de fuga elevada,
mantendo os níveis de integridade e segurança.
Na categoria de dispositivos de proteção diferenciais residuais estão os GFCIs
(Ground Fault Circuit Interrupter), que segundo Matthew N. O. Sadiku, Sarhan M. Musa,
Charles K. Alexander no livro Análise de Circuitos Elétricos com Aplicações, conceitua e
recomenda:
“....se mais corrente entra pelo circuito pelo condutor vermelho do que deixa pelo
condutor neutro, há corrente de fuga para terra. O GFCI é capaz de detectar uma fuga
tão pequena como 5 mA e pode desligar o circuito dentro de 0,0025s (25 ms),
ajudando a prevenir sérios choques elétricos. Você deveria seriamente considerar a
adição de GFCIs a qualquer circuito com perigo de choque. Um GFCI deve ser
previsto em cada local onde alguém pode se ferir ou o ambiente pode ser úmido ou
molhado. Uma pessoa pode inadvertidamente completar o circuito com a terra
entrando em contato com o condutor vermelho...”
cuidados adicionais são tomados com a utilização de EPI’s essenciais como exemplo as luvas
dielétricas.
No campo ferramental para proteção, existe o emprego e utilização do GFCI
portátil, objeto deste estudo para proteção contra choques elétricos durante a utilização de
ferramentas elétricas, que por presença de correntes de fuga a terra, devido a falha de operação
ou isolação atuam interrompendo a energia elétrica, com a finalidade de manutenção da
integridade e saúde do colaborador.
elétricos contra sobrecarga e curto circuito, também protege as pessoas contra choques elétricos
provocados por contatos diretos e indiretos.
O DR detecta pequenos desequilíbrios no circuito através das correntes residuais de
fuga, desligando o circuito instantaneamente, destinando-se a proteção de pessoas contra os
efeitos dos choques elétricos (SIEMENS, 2003).
No Japão, módulos DR foram adotados deste 1969. Dez anos depois com seu
emprego em instalações verificou-se uma queda de 88% nas mortes por eletrocussão (CEMAR,
2003).
Segundo Cotrim, o DR de 30mA oferece proteção eficaz contra a fibrilação
ventricular do coração humano (COTRIM, 2003).
O módulo DR tem seu princípio de funcionamento baseado na Primeira Lei de
Kirchoff que estabelece que a soma algébrica dos valores instantâneos das correntes elétricas
em um nó de um circuito é igual a zero, ou seja, a corrente diferencial residual no nó é nula.
Sendo R’ a carga do circuito e R” a resistência do corpo humano que é atravessado pela corrente
elétrica de fuga para a terra, a Figura 6 mostra um esquemático de fuga de corrente a terra.
3 DESENVOLVIMENTO
O sinal pontilhado em azul representa a saída logo após os diodos, onde haveriam
perdas significativas no que tange ao valor médio da tensão. Com a inclusão de um capacitor
eletrolítico corrige-se esta perda, denotada pelo sinal em vermelho, elevando a tensão para um
valor próximo a tensão de pico, otimizando a performance da fonte. Dessa forma, a frequência
de saída é o dobro da frequência de entrada. Com o intuito de estabilizar e evitar possíveis
variações de tensão emprega-se o regulador de tensão.
46
Nesta seção do circuito o transformador reduz a tensão de rede elétrica de 220 volts
aplicados em seu primário para 12 volts no secundário. Essa tensão reduzida passa por uma
ponte retificadora de onda completa com objetivo de retificar a corrente alternada para contínua.
Com a finalidade de melhorar e estabilizar a qualidade do nível contínuo de 12
volts, um capacitor de 220uF/25V e um regulador de tensão 7812 foram adicionados ao circuito
para evitar queda de tensão proveniente pelo acréscimo de carga do rele, no momento do disparo
do tiristor.
Por meio de duas operações fundamentais esta seção constitui o cérebro do circuito
como um todo. A primeira refere-se a comparação de tensão executada pelo amplificador
operacional processadas por suas duas entradas. A segunda por meio de sua saída, composta
pelo disparo do tiristor com a finalidade de alimentar o rele.
Logo, cabe a explanação sobre um elemento de ampla utilização em circuitos
eletrônicos, o amplificador operacional. Conceituando, este componente é um amplificador
multiestágio com entrada diferencial, cujas características se aproximam de um amplificador
ideal, dentre elas:
49
comparador passa ao nível alto, ou seja, apresentará uma tensão muito próxima da tensão de
alimentação.
No circuito proposto foi escolhido o amplificador operacional 741 pela
confiabilidade, ampla oferta no mercado e baixo custo de aquisição. Para emprego correto no
circuito, após prévia consulta na folha de dados do componente, a Figura 19 ilustra a pinagem
deste elemento, relacionando sua identificação a sua respectiva função.
Da figura tem-se a descrição dos pinos de acordo com sua funcionalidade como:
1 – Offset;
2 – Entrada inversora;
3 – Entrada não-inversora;
4 – Alimentação negativa ( – Vcc );
5 - Offset;
6 – Saída do amplificador;
7 – Alimentação positiva ( + Vcc);
8 – Não utilizado.
Com o intuito de verificação da complexidade e quantidade de componentes que
este amplificador operacional abriga em seu encapsulamento, com a finalidade de tratamento
dos sinais nas entradas e respectiva resposta em sua saída, ilustra-se na Figura 20 o diagrama
elétrico do amplificador operacional LM741.
51
De igual maneira, uma breve explanação sobre o elemento que ativa o rele no
circuito tem sua relevância. Os retificadores controlados de silício ou tiristores são
semicondutores, multicamadas que operam em regime de chaveamento. São elementos que
apresentam pelo menos quatro camadas P-N-P-N, com três terminais denominados catodo,
ânodo e porta ou gatilho.
Basicamente, quando o terminal de porta é energizado a ativação desejada ocorre,
permitindo passagem de corrente entre ânodo e catodo continuamente. Após condução, mesmo
que não haja sinal na porta, a interrupção de condução do tiristor somente se dará se a corrente
entre o cátodo e o ânodo for baixa. A Figura 21 ilustra o símbolo, as camadas e o diagrama
elétrico do tiristor.
Neste setor do circuito o principal elemento é o rele. Sendo simples, entretanto, não
menos importante, visto ser o elemento responsável por abrir o circuito de carga. Seu
funcionamento consiste na circulação da corrente elétrica por sua bobina, que cria um campo
magnético tornando o núcleo desta bobina um eletroímã, que por sua vez atrai a armadura móvel
que possui um conjunto de contatos.
O movimento fecha os contatos normalmente abertos e vice versa. De forma
análoga, quando a corrente na bobina é interrompida, o campo magnético cessa, a armadura
deixa de ser atraída, retornando a condição inicial. A Figura 23 ilustra os principais
componentes presentes em um rele.
Figura 23 – Rele
Esta seção do circuito tem a finalidade principal de alimentar ou não a carga por
intermédio dos contatos auxiliares do rele. O sinal de saída do amplificador operacional no pino
6 estando em nível alto (12 volts) permite o disparo do terminal de gatilho do tiristor, permitindo
condução direta deste componente garantindo alimentação constante do rele. Neste momento
os contatos normalmente fechados que alimentam a carga abrem, interrompendo passagem de
corrente entre fonte e carga, desenergizando a carga.
Este rele tem sua alimentação cessada somente pela ação direta do usuário caso
pressione o botão RESET, razão pela qual o sinal entre ânodo e catodo passa a 0 volts,
interrompendo a condução do tiristor e consequentemente, o rele volta a seu estado inicial,
estando pronto para operar novamente. Um diodo de roda livre D1 foi adicionado ao circuito
do rele, para que no momento de seu desligamento, a corrente elétrica produzida pelo campo
55
magnético remanente, seja consumida pela própria bobina do rele, evitando propagação
indevida pelo restante do circuito.
Para gerar corrente elétrica no primário da fonte de corrente a solução foi colocar
uma fonte de tensão em série com um resistor variável. A variação da resistência RV1 produz
uma corrente na ordem de miliamperes, que no primário da fonte de corrente com relação
1000:1, produz no secundário corrente da ordem de microamperes. A corrente elétrica que passa
por um resistor de 1 kΩ provoca queda de tensão, representando a tensão de entrada que é
encaminhada ao terminal 3 do amplificador operacional para ser comparada com a tensão de
referência decorrente do divisor de tensão empregada no terminal 2 do amplificador.
No período de simulação foram adicionados uma série de amperímetros e
voltímetros, espalhados por diversos pontos do circuito, para melhor visualização das reações
produzidas pelas alterações dos valores dos componentes eletrônicos no decorrer do
desenvolvimento. A Figura 26 ilustra parte do circuito proposto com adição de instrumentos de
medição.
O resistor RV1 utilizado para simulação é submetido a variação até que a corrente
de 8,4 miliamperes, ponto em que o comparador de tensão muda sua saída para 12 volts
permitindo o disparo do tiristor e consequente atuação do rele, desenergizando a carga.
A Figura 27 ilustra as formas de onda da tensão de entrada e referência nas entradas
2 e 3 do amplificador operacional no exato momento em que ocorre a mudança de estado da
saída para nível alto do amplificador operacional 741.
57
Lista de Material
Item Quant. Descrição Custo Unitário (R$) Custo Total (R$)
1 1 Transformador 220/12V 200mA 12,00 12,00
2 5 Diodos 1N4007 0,15 0,75
3 1 Capacitor eletrolítico 220uF/25V 0,75 0,75
4 1 Regulador de tensão 7812 2,20 2,20
5 1 Amplificador operacional 741 1,40 1,40
6 1 Transformador de corrente 8,00 8,00
7 2 Diodo de sinal 1N4148 0,15 0,30
8 2 Capacitor de poliester 1 pF/16V 0,15 0,30
9 1 Tiristor TIC106 4,00 4,00
10 1 Rele 12V/15A 10,00 10,00
11 3 Resistor 1kΩ/ 0,25W 0,07 0,21
12 1 Potenciometro 20kΩ 2,50 2,50
13 1 Potenciometro 2kΩ 2,50 2,50
13 1 Led 0,70 0,70
14 1 Push botton NF 3,50 3,50
15 1 Placa circuito impresso 6,50 6,50
16 1 Caixa plástica 15,00 15,00
Total (R$) 70,61
Figura 31 – Placa após processo corrosão, pronta para adição dos componentes
4 RESULTADOS OBTIDOS
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALCÂNTARA, Eurípedes. A redoma do atraso. Veja, São Paulo, v. 24, n. 25, p. 42-43, jun.
1991.
COLLEGE, Openstax. Electric Hazards and the Human Body. Disponível em:<
http://cnx.org/content/m42350/1.3/>. Acesso em 15 de março de 2020.
COTRIM, Ademaro A. M. B.. Instalações Elétricas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
496 p.
COTRIM, A. A. M. B. Instalações Elétricas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003, 678p.
DALZIEL, Charles F.. Electric shock hazard. In: IEEE Spectrum vol. 9 (1972), Nr. 2, pp. 41–
50.
DALZIEL, Charles F.. Dangerous Electric Currents. In: Transactions of the American Institute
of Electrical Engineers vol. 65 (1946), Nr. 8, pp. 579– 585.
FERRIS, L. P.; KING, B. G.; SPENCE, P. W ; WILLIAMS, H. B.: Effect of Electric Shock on
the Heart. In: Transactions of the American Institute of Electrical Engineers vol. 55 (1936), Nr.
5, pp. 498–515.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
200 p.
HUNT, R.C.: Automatic defibrillation for laypersons. In: IEEE Transactions on Broadcasting
vol. 38 (1992), Nr. 2, pp. 133–135.
IEC479, Effects of Current on Human Beings and Livestock—Part 1: General Aspects, IEC/TS
60479-1. Geneva, Switzerland, IEC (2016).
LM741, Op Amp Datasheet e Pinout – Ampificador operacional de uso geral. Disponível em:<
https://www.elecparts101.com/lm741-op-amp-datasheet-and-pinout/>. Acesso em 30 setembro
de 2020.
NISKIER, Julio A.J.M. Instalações Elétricas. Rio de Janeiro: Editora LTC, 5ª ed., 2008.
OLSON, Walter H.. Electrical Safety. In: JOHN G. WEBSTER (ed.): Medical Instrumentation
Application and Design. 4. ed.: Wiley, 2009 — ISBN 978- 0471676003, p. 713.
REBONATTO, Marcelo T.; HESSEL, Fabiano P.; SPALDING, Luiz E. S.. EME Electric
Supervision Embedded on Gas Panel with Microshock Dangerousness Degree. In: 2014 27th
International Conference on VLSI Design and 2014 13th International Conference on
Embedded Systems: EEE, 2014 — ISBN 978-1-4799-2513- 1, pp. 180–185.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1999. 336 p.
SADIKU, Matthew N. O.; MUSA, Sarhan M.; ALEXANDER, Charles K.. Análise de Circuitos
Elétricos com Aplicações. São Paulo: AMGH, 2014.
SPALDING, Luiz E. S.. Método para Detectar o Risco de Microchoque através da Supervisão
da Corrente Diferencial em Equipamentos Eletromédicos durante Procedimento Cirúrgico,
Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.
ANEXO