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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DE ENSAIOS DE


SOBRECORRENTE PARA PROPÓSITOS EDUCACIONAIS

Dennison Andrey Siqueira Brito

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/ 2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DE ENSAIOS DE


SOBRECORRENTE PARA PROPÓSITOS EDUCACIONAIS

Dennison Andrey Siqueira Brito

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de


Engenharia Elétrica do Centro Universitário
Augusto Motta (UNISUAM), como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Elétrica.

Orientador: Claudio Marcio do Nascimento


Abreu Pereira

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/ 2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DE ENSAIOS DE


SOBRECORRENTE PARA PROPÓSITOS EDUCACIONAIS

Dennison Andrey Siqueira Brito

APROVADO EM: _________________________

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________
Claudio Marcio do Nascimento Abreu Pereira - Orientador

_______________________________________

_______________________________________

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/ 2022
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, porque d’Ele, por


Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a
glória para sempre! Amém.
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me capacitar me permitindo chegar até aqui,
apesar das dificuldades e me proporcionar os meios de concluir mais esta etapa.
Aos amigos que me auxiliaram nesta trajetória e que somam continuamente para o
meu desenvolvimento.
A todo o corpo docente da UNISUAM que sempre transmitiram seu saber com muito
profissionalismo.
À Firjan SENAI, instituição que proporcionou meu primeiro contato com os
conhecimentos técnicos de eletricidade, investiu em minha carreira me permitindo consolidá-
la. Sou grato pela oportunidade que me foi dada e pelo apoio da instituição para a construção
deste projeto.
À minha esposa Bruna pela compreensão e paciência demonstrada durante o período
de elaboração deste projeto.
6

EPÍGRAFE

"Seu equipamento de teste está mentindo para


você e é seu trabalho descobrir como.”
Charles Rush
BRITO, Dennison Andrey Siqueira. PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM EQUIPAMENTO
DE ENSAIOS DE SOBRECORRENTE PARA PROPÓSITOS EDUCACIONAIS. 21 p.
Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Centro Universitário
Augusto Motta, Rio de Janeiro, 2022.

RESUMO
Este trabalho apresenta o desenvolvimento teórico e prático de um equipamento para ensaios
de sobrecorrente para uso didático, cuja construção proporcionou o reaproveitamento de
materiais elétricos que seriam descartados. Além de contribuir na conscientização da
importância do dimensionamento adequado de condutores elétricos e dispositivos de proteção,
este equipamento permitirá mostrar de forma prática as consequências da negligência às
normas quando se trata de instalações elétricas. O desenvolvimento do protótipo foi realizado
de forma colaborativa com a Firjan SENAI Caxias e busca contribuir com o processo de
formação profissional. O funcionamento deste equipamento se dá pela utilização de um
transformador de micro-ondas modificado para ser capaz de fornecer correntes de até 300
ampères a níveis de extrabaixa tensão. Este trabalho apresenta as etapas de modificação e
ensaios do transformador, além da definição dos requisitos do projeto, dimensionamento dos
materiais, construção do protótipo e os testes onde foi constatado o pleno funcionamento do
equipamento e as condições para o uso em ambiente educacional.

Palavras-chave: sobrecorrente; curto-circuito; transformador; equipamento didático;


BRITO, Dennison Andrey Siqueira. PROJECT AND CONSTRUCTION OF AN
OVERCURRENT TEST RIG FOR EDUCATIONAL PURPOSES. 21 p. Monograph
(Graduation in Electrical Engineering) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro,
2022.

ABSTRACT
This project presents the theoretical and practical development of an equipment for
overcurrent tests for educational use, whose construction provided the reuse of electrical
materials that would otherwise be discarded. Besides contributing to the awareness of the
importance of the proper sizing of electrical conductors and protection devices, this
equipment will show in a practical way the consequences of neglecting the norms when it
comes to electrical installations. The development of the prototype was carried out in
collaboration with Firjan SENAI Caxias and seeks to contribute to the process of professional
education. The operation of this equipment is through the use of a microwave transformer
modified to be able to supply currents of up to 300 amperes at extra-low voltage levels. This
work presents the stages of modification and testing of the transformer, besides the definition
of the project requirements, material dimensioning, prototype construction and the tests where
the full operation of the equipment and the conditions for use in an educational environment
were verified.

Keywords: overcurrent; short-circuit; transformer; teaching equipment;


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação esquemática de um transformador monofásico...............................22


Figura 2 - Esquema de ligação para ensaio de curto-circuito...................................................23
Figura 3- Esquema de ligação para ensaio de circuito aberto...................................................24
Figura 4 - Capela de exaustão de gases....................................................................................26
Figura 5 - Vista dos componentes internos de um forno de microondas..................................27
Figura 6 - Esquema interno do DR...........................................................................................30
Figura 7 - Curvas de disparo de disjuntores..............................................................................31
Figura 8 – Representação esquemática do contator..................................................................33
Figura 9 - Relé temporizador RE7MA11BU............................................................................34
Figura 10 - Esquema de ligação do RE7MA11BU...................................................................35
Figura 11 - Controle em malha aberta com módulo SCR.........................................................37
Figura 12 - Formas de onda controladas pelo TRIAC..............................................................38
Figura 13 - Diagrama completo para controle de potência com TRIAC..................................38
Figura 14 - Transformador de corrente do tipo janela..............................................................40
Figura 15 - Transformador de microondas em sua forma original...........................................41
Figura 16 – Disposição dos condutores na janela magnética...................................................43
Figura 17 – Esquema de ligação para o teste de curto- circuito...............................................44
Figura 18 - Curva de corrente e de temperatura no ensaio de curto circuito............................45
Figura 19 - Circuito equivalente simulado no TINA................................................................46
Figura 20 - Dimmer eletrônico 25 A.........................................................................................50
Figura 21 - Layout da placa de montagem................................................................................51
Figura 22 - Lâmpadas de sinalização na porta do caixa de montagem.....................................51
Figura 23 - Botoeiras de comando............................................................................................52
Figura 24 - Passagem do cabo de alimentação.........................................................................52
Figura 25 – Terminal de ligação esquerdo do transformador...................................................53
Figura 26 - Ligação elétrica das lampadas de sinalização........................................................53
Figura 27 – Vista interna do protótipo......................................................................................54
Figura 28 - Corpos de prova conectados ao equipamento........................................................55
Figura 29 – Valor da corrente no condutor desprotegido.........................................................56
Figura 30 - Condutor destruído durante ensaio de sobrecorrente.............................................56
10

Figura A-1 - Esquema do circuito de


potência..........................................................................64
Figura A-2 - Esquema do circuito de
comando.........................................................................65
Figura A-3 - Símbolos gráficos e literais utilizados nos esquemas elétricos............................66
11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Temperaturas características dos condutores...........................................................28


Tabela 2 –DRs bipolares disponíveis com corrente nominal residual de 30 mA.....................30
Tabela 3 – Relação entre as características nominais para categoria AC-6a e AC-3...............34
Tabela 4 - Correntes primárias e relações nominais para corrente secundária nominalde 5 A 40
Tabela 5 – Características nominais dos fornos de micro-ondas..............................................41
Tabela 6 - Dimensões dos materiais disponíveis obtidas por medição.....................................42
Tabela 7 - Resultado do ensaio de circuito aberto....................................................................44
Tabela 8 – Grandezas calculadas a partir do ensaio de circuito aberto....................................44
Tabela 9 - Resultado dos ensaios de curto-circuito..................................................................45
Tabela 10 - Grandezas calculadas a partir do ensaio de curto-circuito.....................................45
Tabela 11 – Lista de componentes utilizados...........................................................................48
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C grau Celsius
A ampère
A.T. alta tensão
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRACOPEL Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da
Eletricidade
AC corrente alternada
B.T. baixa tensão
cm centímetro
DC corrente contínua
DIN Instituto Alemão para Normatização
DR dispositivo diferencial residual
EPR borracha etileno propileno
Firjan Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Hz hertz
IEC Comissão internacional de Eletrotécnica
mA miliampere
MDF Placa de fibras de média densidade
mm milímetro
mm² milímetro quadrado
MSEP Metodologia SENAI de educação Profissional
NBR Norma Brasileira
NR Norma Regulamentadora
PVC cloreto de polivinila
RMS valor médio quadrático
s segundo
SCR retificador controlado de silício
TC transformador de corrente
TRIAC triodo de corrente alternada
V volt
XLPE polietileno reticulado
13

Ω ohm

LISTA DE SÍMBOLOS

i1 corrente no enrolamento primário do transformador


i2 corrente no enrolamento secundário do transformador
I2 corrente convencional de atuação dos dispositivos de proteção
IB corrente de projeto do circuito
IN corrente nominal do dispositivo de proteção
IZ capacidade de condução de corrente do condutor
I ca corrente de circuito aberto
I cc corrente de curto-circuito
Ie corrente nominal de categoria de utilização AC-6a
I ∫ ¿¿ capacidade de interrupção do dispositivo de proteção
J densidade de corrente no enrolamento
N1 número de despiras no enrolamento primário do transformador
N2 número de espiras no enrolamento secundário do transformador
Pca potência ativa de circuito aberto
Pcc potência ativa de curto-circuito
Rc resistência do núcleo
Rcc resistência de curto-circuito
t duração do curto circuito
v1 tensão no enrolamento primário do transformador
v2 tensão no enrolamento secundário do transformador
V ca tensão de circuito aberto
V cc tensão de curto-circuito
X cc reatância de curto-circuito
Xm reatância de magnetização
Z cc impedância de curto-circuito
Z eq impedância equivalente
Zφ impedância do núcleo
14

α relação de transformação
θ0 temperatura inicial do enrolamento
θ1 temperatura final do enrolamento
15

SUMARIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................16
1.1 Apresentação do Tema....................................................................................................16
1.2 Definição do Problema....................................................................................................16
1.3 Objetivos.........................................................................................................................17
1.4 Motivação........................................................................................................................17
1.5 Justificativa e Relevância................................................................................................17
1.6 Trabalhos Relacionados e Contextualização...................................................................18
1.7 Metodologia....................................................................................................................19
1.8 Organização do Texto.....................................................................................................19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................................21
2.1 Ensaio tecnológico como estratégia de ensino na educação profissional.......................21
2.2 Transformador de Potência.............................................................................................22
2.3 Ensaios em transformadores............................................................................................23
2.3.1 Ensaio de curto-circuito............................................................................................23
2.3.2 Ensaio de circuito aberto..........................................................................................24
2.3.3 Demonstração da capacidade térmica de resistir a curto-circuito............................24
2.4 Questões relacionadas à segurança.................................................................................25
2.4.1 Segurança em máquinas e equipamentos.................................................................25
2.4.2 Gases emitidos pela queima de cabos halogenados..................................................25
2.4.3 Perigos na desmontagem de fornos de micro-ondas................................................26
2.5 Condutores elétricos........................................................................................................28
2.6 Proteção contra choques elétricos e efeitos térmicos......................................................29
2.6.1 Dispositivo Diferencial Residual..............................................................................29
2.6.2 Disjuntor termo magnético.......................................................................................30
2.7 Dispositivos de comando, manobra e sinalização...........................................................32
2.7.1 Contator....................................................................................................................32
2.7.2 Relé temporizador.....................................................................................................34
2.7.3 Botoeiras e chaves seletoras.....................................................................................35
2.7.4 Indicadores luminosos..............................................................................................36
2.8 Controle de corrente eficaz no transformador.................................................................36
2.9 Medição da corrente de ensaio........................................................................................38
2.9.1 Medição True-RMS..................................................................................................38
2.9.2 Transformadores de corrente....................................................................................39
3 SELEÇÃO E MODIFICAÇÃO DO TRANSFORMADOR.................................................40
4 PROJETO E CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO.................................................................46
16

4.1 Requisitos de projeto.......................................................................................................46


4.2 Descrição do funcionamento...........................................................................................47
4.3 Dimensionamento dos componentes...............................................................................47
4.3.1 Condutores................................................................................................................48
4.3.2 Disjuntores termomagnéticos...................................................................................48
4.3.3 Contator....................................................................................................................49
4.3.4 Dimmer SCR.............................................................................................................49
4.4 Construção do protótipo..................................................................................................50
5 TESTES DE FUNCIONAMENTO.......................................................................................54
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................57
REFERÊNCIAS........................................................................................................................59
ANEXOS..................................................................................................................................64
ANEXO A – ESQUEMAS ELÉTRICOS.............................................................................64
17

1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do Tema

A conscientização da importância do dimensionamento adequado de condutores


elétricos e dispositivos de proteção é uma necessidade inerente ao processo de ensino e
aprendizagem da eletricidade. Essa necessidade não se limita apenas aos estudantes que
pretendem atuar no setor elétrico, mas também aos usuários das instalações que, na condição
de clientes, muitas vezes precisam ser convencidos da importância da adequação às normas
(GONÇALVES, 2016).
O mau uso da eletricidade é decorrente do desconhecimento ou negligência e
evidencia a importância de alertar a todos sobre os riscos presentes em instalações elétricas.

“A falta de conhecimento, ou de se dar a devida importância aos riscos, cria


desafios para se implementar de forma eficiente programas de segurança elétrica e
garantir que os riscos elétricos estejam dentro de níveis toleráveis, ao serem
tratados com a prioridade que merecem.” (ABRACOPEL, 2021).

Diante da importância da conscientização sobre os riscos inerentes às instalações


elétricas, na intenção de contribuir com o processo de ensino e aprendizagem da eletricidade,
este trabalho busca o desenvolvimento teórico e prático de um equipamento de ensaios de
sobrecarga para propósitos educacionais. Este equipamento será utilizado na realização de
experimentos práticos nos laboratórios da Firjan SENAI Caxias e será construído, na medida
do possível, visando o reaproveitamento de materiais já disponíveis na instituição, priorizando
a funcionalidade e segurança aos usuários.

1.2 Definição do Problema

Segundo Dias, Barlete e Martins (2009) o fato de determinados fenômenos de natureza


elétrica não poderem ser observados diretamente, ou não fazerem parte da vida cotidiana do
aprendiz, é considerado um dificultador do aprendizado de eletricidade. Sendo assim, apenas
o conteúdo teórico pode não ser o suficiente para formar um profissional consciente dos
riscos, sendo importante ver na prática, diversos fenômenos físicos, como por exemplo, os
efeitos de um curto-circuito nos condutores de uma instalação.
Provocar um curto-circuito proposital diretamente na rede elétrica pode ser perigoso,
já que um curto-circuito afetaria toda a instalação elétrica do laboratório, podendo destruir os
condutores e ocasionar um incêndio (ABRACOPEL, 2021). Na melhor das hipóteses, o
18

experimento seria frustrado, pois o único efeito observado seria o seccionamento da


alimentação pelos dos dispositivos de proteção instalados no laboratório.

1.3 Objetivos

Desenvolver um equipamento para ensaios de sobrecorrente capaz de aplicar, em


corpos de prova condutivos, correntes de até 300 ampères a níveis de extrabaixa tensão, sem
oferecer risco às instalações elétricas do laboratório e à integridade dos usuários.
Para alcançar o objetivo geral deste trabalho, optou-se por dividi-lo em três objetivos
específicos conforme é apresentado a seguir:

 Modificar um transformador de micro-ondas para obter uma relação de


transformação adequada à aplicação.
 Dimensionar e construir o sistema de controle necessários para o
funcionamento do equipamento, garantindo a funcionalidade e segurança ao
usuário.
 Realizar testes a partir do protótipo construído.

1.4 Motivação

A motivação para o desenvolvimento deste trabalho está no fato de não existir nenhum
equipamento que dê suporte a este tipo de experimento nos laboratórios da Firjan SENAI
Caxias e nem mesmo na UNISUAM.
Uma versão preliminar deste projeto despertou na equipe técnico-pedagógica e no
corpo docente um grande interesse na construção de um protótipo apto a ser utilizado pelos
instrutores que atuam no Curso Técnico em Eletrotécnica e demais cursos do setor elétrico da
Firjan SENAI Caxias.

1.5 Justificativa e Relevância

Equipamentos didáticos em laboratórios contribuem de maneira significativa para o


aprendizado do aluno, pois proporcionam uma abordagem convidativa aos conteúdos teóricos,
e assim torna a tecnologia mais próxima da educação profissional, complementando o
processo de ensino e aprendizagem, tornando-o mais prático (SCHNEIDER, 2019).
O equipamento desenvolvido possui recursos didáticos que permitem reproduzir, em
ambiente de aprendizagem, os efeitos de uma sobrecorrente, demonstrando o comportamento
19

de condutores elétricos, conexões, materiais de isolação e dispositivos de proteção quando


sujeitos a um curto-circuito ou sobrecarga.
Os experimentos realizados por meio deste equipamento contribuirão para a formação
de um profissional mais consciente a respeito dos perigos do mal dimensionamento das
instalações e da importância dos dispositivos de proteção, despertando a preocupação com a
segurança e o cumprimento das normas.

1.6 Trabalhos Relacionados e Contextualização

Cunha, Dias e Castro (2019) relatam o processo de aplicação de transformadores de


micro-ondas na construção de máquinas de solda semiprofissionais de baixo custo, aplicando
conceitos de eletromagnetismo, elétrica e mecânica para a modificação dos enrolamentos
secundários, utilizando materiais de fácil aquisição ou reutilizáveis. Os equipamentos
desenvolvidos obtiveram resultados satisfatórios em trabalhos leves ou medianos, como
manutenções e construções caseiras ou em pequenas oficinas, apresentando mais de cinquenta
por cento (50%) de economia em comparação com equipamentos comerciais.
Ramirez (2010) apresenta um trabalho semelhante, porém o realiza de um ponto de
vista mais técnico, proporcionando algumas melhorias que possibilitam uma máquina de
solda de alta qualidade. Entre as funcionalidades implementadas está o sistema de controle em
malha fechada, que, com o emprego de técnicas da eletrônica de potência, garante o ajuste
preciso da corrente elétrica, permitindo inclusive a regulagem em carga, aplicando a corrente
adequada a cada tipo de soldagem.
Mafra (2020) propõe o uso de um transformador de micro-ondas para a mesma
aplicação do presente trabalho, porém apresenta apenas uma abordagem prática, não levando
em conta o dimensionamento dos componentes nem as especificações técnicas do
equipamento. Embora o dispositivo construído tenha demonstrado um bom desempenho, o
trabalho não apresenta a devida validação para o emprego em ambiente educacional.
Mangialardo (2017) apresenta o desenvolvimento de uma interface gráfica no software
MATLAB que facilita o projeto de transformadores monofásicos de baixa potência. O
algoritmo desenvolvido necessita apenas dos valores de potência secundária, frequência e
tensões primária e secundária para fornecer as características construtivas do transformador.
Além de proporcionar um aumento na praticidade e confiabilidade do projeto de
transformadores, o embasamento teórico apresentado será de extrema importância para o
presente trabalho.
20

1.7 Metodologia

Este estudo é uma pesquisa de natureza aplicada e busca contribuir com o processo de
formação profissional por uma abordagem qualitativa. O procedimento empregado pode ser
classificado como uma pesquisa-ação, já que além de ser realizado em estreita associação com
uma ação para a resolução de um problema, o autor e a participante representativa da situação
problema, a Firjan SENAI Caxias, estão envolvidos de modo cooperativo conforme preconiza
Thiollent

“A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida


e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e na qual os pesquisadores e os participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”.
(THIOLLENT, 1997 apud KRAFTA, 2007, p. 43)

De modo semelhante à proposta de Thiollent (1997), este trabalho será dividido em


quatro etapas principais, sendo elas a fase exploratória, na qual se observa o problema de
maneira imersiva, buscando entender como o problema ocorre e quais os seus impactos no
processo de aprendizagem; a fase de planejamento, onde será definido o escopo do projeto, o
dimensionamento e o levantamento dos materiais; a fase de ação, que consiste na construção
efetiva do protótipo e a fase de avaliação, onde será verificado o funcionamento do
equipamento e as condições para o uso em ambiente educacional.

1.8 Organização do Texto

Este trabalho apresenta as etapas de elaboração do projeto e se divide em seis


capítulos, conforme descrito a seguir.
O Capítulo 2 traz a fundamentação teórica necessária para garantir a viabilidade
técnica da construção do equipamento proposto.
No Capítulo 3 são abordadas as etapas de seleção, modificação e testes do
transformador. Neste capítulo é apresentada uma análise das características elétricas do
transformador modificado, com tensão a vazio, corrente de curto-circuito, curva de
temperatura durante o curto-circuito.
No Capítulo 4 é apresentado o dimensionamento do sistema elétrico do equipamento e
o desenvolvimento da lógica de comando, visando funcionalidade e segurança do usuário. Ao
final também é relatado a construção do equipamento, possibilitando a qualquer interessado a
reprodução deste trabalho.
O Capítulo 5 relata os procedimentos para o teste do equipamento.
21

No Capítulo 6 são discutidos os resultados obtidos por meio de testes de


funcionamento do equipamento e apresentadas as considerações finais.
22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Ensaio tecnológico como estratégia de ensino na educação profissional

A Metodologia Senai de Educação Profissional (MSEP) (SENAI, 2019) apresenta a


estratégia de ensino como fundamental para a promoção de aprendizagens significativas,
contextualizadas e motivadoras e atribui ao docente o papel de empregar distintas estratégias
de ensino propondo atividades concretas, que contribuam para o desenvolvimento de
capacidades e apropriação de conhecimentos
Entre as diversas estratégias de ensino propostas pela MSEP estão as atividades de
ensaio tecnológico que podem ser realizadas em oficinas e laboratórios, com o objetivo de
verificar padrões de qualidade, em conformidade com normas específicas de composição, de
viabilidade e funcionalidade de protótipos ou produtos, por meio de metodologia específica.
As análises laboratoriais e os testes de bancada são exemplos de aplicação dessa estratégia de
ensino. (SENAI, 2019)
De modo a potencializar o desenvolvimento das competências técnicas e
conhecimentos descritos no Documento de Referência para Operacionalização do curso
técnico em eletrotécnica (SENAI, 2020), o equipamento aqui proposto poderá ser utilizado
para demonstrar os seguintes conceitos.

 Seletividade entre dispositivos de proteção;


 Consequências do superdimensionamento de dispositivos de proteção;
 Comparação entre disjuntores com curvas de disparo diferentes;
 Corrente de curto-circuito em função da distância até a fonte de energia;
 Comportamento de diferentes tipos de materiais isolantes (PVC, XLPE, EPR)
quando submetidos a altas temperaturas;
 Emendas e conexões com solda a base de estanho e chumbo;
 Sobrecarga em conectores elétricos;
 Acidentes causados pela utilização de adaptadores e benjamins.

Outros experimentos poderão ser planejados pelos instrutores conforme orientação da


MSEP.
23

2.2 Transformador de Potência

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na Norma


Brasileira (NBR) 5356-1/2007 transformador de potência é um equipamento estático com dois
ou mais enrolamentos que, por indução eletromagnética, transforma um sistema de tensão e
corrente alternadas em outro sistema de tensão e corrente, de valores geralmente diferentes,
mas à mesma frequência, com o objetivo de transmitir potência elétrica. Um transformador
monofásico, cuja representação esquemática é apresentada na Figura 1, é constituído de duas
bobinas enroladas sobre um núcleo magnético que concentra o fluxo magnético devido sua
baixa relutância e alta permeabilidade.

Figura 1 - Representação esquemática de um transformador monofásico.

Fonte: De autoria própria

O enrolamento que possui maior número voltas é denominado enrolamento de alta


tensão (A.T.) e o enrolamento com menos voltas, o de baixa tensão (B.T.). O transformador
funcionará como elevador de tensão se for alimentado através do enrolamento B.T. ou como
abaixador, se alimentado pelo A.T.
Umans (2014) conclui que um transformador ideal transforma correntes na razão
inversa das espiras de seus enrolamentos e tensões na razão direta das espiras de seus
enrolamentos. As equações abaixo descrevem essa relação.

v1 N 1
= (2.1)
v2 N 2

i1 N 2
= (2.2)
i2 N 1

É possível concluir a partir das equações (2.1) e (2.2) que


24

v1 i 1=v 2 i 2 (2.3)

ou seja, a potência instantânea do primário é igual à potência instantânea do secundário já que


em um transformador ideal não ocorrem perdas de energia.

2.3 Ensaios em transformadores

2.3.1 Ensaio de curto-circuito

O ensaio de curto-circuito baseia-se na alimentação de um dos enrolamentos,


aplicando-se um curto-circuito ao outro. Na prática, este ensaio determina a impedância
equivalente dos condutores dos enrolamentos. Para este circuito, é usual alimentarmos o lado
de alta tensão com um valor que resultará na corrente nominal. Quando é possível, usa-se o
enrolamento de maior tensão para este tipo de ensaio, já que assim a corrente envolvida é
menor. (HUNSCHE; MARQUES, 2015)

Figura 2 - Esquema de ligação para ensaio de curto-circuito

Fonte: (HUNSCHE; MARQUES, 2015)

A impedância equivalente do transformador é calculada pela equação abaixo.

V
|Z eq|=|Z cc|= I cc (2.4)
cc

Já a resistência de curto-circuito é dada por

Pcc
Rcc = 2 (2.5)
I cc

Sabe-se ainda que a impedância resulta da soma vetorial da reatância com a


resistência, conforme a equação (2.6).
25

¿ Z eq∨¿ 2=Rcc2 + X cc 2 ¿ (2.6)

A partir da equação 2.6 é possível obter a reatância

X cc=√ ¿ Z cc∨¿ −Rcc ¿


2 2
(2.7)

2.3.2 Ensaio de circuito aberto

Este ensaio é feito utilizando-se um dos terminais em aberto e aplicando-se a tensão


nominal em um dos enrolamentos a fim de que o núcleo opere com o fluxo próximo do
nominal. Geralmente, para este ensaio, usa-se o enrolamento de baixa tensão por questões
práticas e de segurança. É essencial que, caso se utilize os enrolamentos opostos em cada
ensaio, se refira as impedâncias calculadas para o mesmo lado. O objetivo do ensaio nesta
configuração é a determinação dos parâmetros 𝑅𝑐 e 𝑋𝑚 relativos ao núcleo do transformador,
ou seja, a determinação da impedância 𝑍𝜑.

Figura 3- Esquema de ligação para ensaio de circuito aberto

Fonte: (HUNSCHE; MARQUES, 2015)

Após a realização do ensaio os parâmetros podem ser obtidos por meio das equações
abaixo:

V 2ca
Rc = (2.8)
P ca

V
|Z φ|= I ca (2.9)
ca
26

1
X m=

√( ) ( )
1 2 2
1 (2.10)

|Z φ| Rc

2.3.3 Demonstração da capacidade térmica de resistir a curto-circuito

De acordo com a NBR5356-5:2005 a capacidade térmica para suportar curto-circuito


deve ser demonstrada por meio de cálculo. Esses cálculos devem ser executados tendo em
vista os seguintes requisitos:

 O valor da corrente de curto-circuito simétrico ( I )


 Duração da corrente de curto-circuito (t )
 Máximo valor admissível da temperatura média (θ1) de cada enrolamento
 O cálculo de temperatura após o ensaio de curto-circuito, que no caso de
enrolamentos de cobre deve seguir a equação (2.11).

2 × ( θ0 +235 )
θ1=θ 0 +
106000 (2.11)
−1
J 2 ×t

onde
θ0 é a temperatura inicial do enrolamento, em graus Celsius;

J é a densidade de corrente no enrolamento, em ampères por milímetro quadrado;


t é a duração do curto circuito, em segundos.

2.4 Questões relacionadas à segurança

Esta seção aborda as medidas de controle para os riscos presentes no processo de


construção do protótipo bem como na sua utilização e tem a finalidade de obter subsídios para
garantir a segurança necessária para o uso do equipamento em laboratórios.

2.4.1 Segurança em máquinas e equipamentos

Segundo a Norma Regulamentadora 12 (NR 12) os circuitos elétricos das máquinas e


equipamentos devem oferecer proteção contra choque elétrico, incêndio, explosão e outros
tipos de acidentes. As carcaças, invólucros, blindagens ou partes condutoras das máquinas e
equipamentos que não façam parte dos circuitos elétricos, mas que possam ficar sob tensão
devem ser aterradas. Os painéis elétricos dos equipamentos devem possuir porta de acesso
27

mantida permanentemente fechada, possuir sinalização quanto ao perigo de choque elétrico e


evitar o acesso por pessoas não autorizadas.
A NR 12 também determina que equipamentos que utilizem energia elétrica fornecida
por fonte externa devem possuir dispositivo protetor contra sobrecorrente, dimensionado
conforme a demanda de consumo do circuito. Os dispositivos de partida, acionamento e
parada não devem se localizar em zonas perigosas e devem impedir que o equipamento
funcione automaticamente ao ser energizado.

2.4.2 Gases emitidos pela queima de cabos halogenados

A revista O Setor Elétrico (2014) alerta que os cabos halogenados são grandes
emissores de gases tóxicos como cloro, iodo, bromo, flúor etc. Com exceção do iodo, esses
elementos químicos halogênios presentes na composição desses tipos de cabos são sais
tóxicos, voláteis, que podem causar queimaduras na pele e nas vias respiratórias. Se
submetido à altas temperaturas, o PVC (cloreto de polivinila), utilizado no revestimento de
diversos tipos de cabos elétricos, libera o ácido clorídrico, composto tóxico e nocivo à saúde.
Marconato e Franchetti (2001) ressaltam que o PVC é um material instável e a sua
degradação ocorre a temperaturas relativamente baixas liberando o cloreto de hidrogênio. A
incineração do PVC pode ser representada de forma simplificada pela reação abaixo:
[C H 2 CHCl ]n calor [ CH =CH ] n(s)+ HCl(g)

“O ácido clorídrico é uma substância tóxica e muito corrosiva, provoca a destruição


completa da pele e das mucosas, causando sérios danos à saúde.” (MARCONATO;
FRANCHETTI, 2001)
Para garantir a segurança dos alunos e instrutores, os testes com este equipamento
deverão ser realizados em capela de exaustão ou em conjunto com um exaustor equipado com
filtro químico para vapores orgânicos e ácidos. A Figura 4 apresenta uma capela de exaustão
semelhante à disponível na instituição.
28

Figura 4 - Capela de exaustão de gases

Fonte: (QUIMIS, 2021)

2.4.3 Perigos na desmontagem de fornos de micro-ondas

Antes de abrir qualquer equipamento eletroeletrônico é importante ter ciência dos


perigos presentes no seu interior. Conforme explicado por Ramirez (2010), a semelhança nas
configurações internas entre as diferentes marcas de aparelhos de micro-ondas torna fácil a
identificação dos componentes.
Embora um forno de micro-ondas possua muitos componentes, na Figura 5 são
destacados apenas os componentes relevantes para a elaboração deste trabalho ou que
representem perigo ao serem manuseados.
29

Figura 5 - Vista dos componentes internos de um forno de microondas

Magnetron

Ventilador

Transformador Capacitor

Fonte: (HARPYJA, 2021)

O transformador, o componente no qual estamos interessados, tem a função de elevar


a tensão de entrada de 127 volts ou 220 volts para valores próximos de 2400 volts (QUAIS...,
2011). Por esta razão um forno de micro-ondas jamais deve ser desmontado enquanto
conectado à rede elétrica, sob o risco de um choque elétrico fatal.
O capacitor armazena energia sob a elevada tensão fornecida pelo transformador na
forma de campo elétrico e pode posteriormente devolver essa energia ao circuito. Mesmo
depois de desligado por meses, o capacitor pode estar carregado e sua corrente de descarga
pode ser fatal. Ramirez (2010) aconselha descarregar o capacitor por meio de um curto-
circuito nos terminais antes de tocar em qualquer componente.
O magnetron é o responsável por gerar as micro-ondas de alta potência e é alimentado
por elevada tensão em corrente contínua. O magnetron pode conter óxido de berílio em seus
isoladores de cerâmica, que pode ser fatal se entrar nos pulmões. Em alguns modelos de
micro-ondas é necessário remover o magnetron para acessar os parafusos que fixam o
transformador. Se necessário, é possível removê-lo com segurança desde que não seja
desmontado. Em hipótese alguma o magnetron deve ser ligado com o forno de micro-ondas
desmontado, pois as ondas emitidas por ele podem causar graves queimaduras. (SANTOS,
2022)
30

2.5 Condutores elétricos

Os condutores utilizados nas instalações residenciais, comerciais ou industriais de


baixa tensão podem ser de cobre ou de alumínio, com isolamento de PVC ou de outros
materiais previstos por normas, como EPR ou XLPE. (CREDER, 2019)
De modo a preservar a vida útil dos condutores e suas isolações a NBR 5410
determina que a corrente que percorre o condutor, em funcionamento normal durante períodos
prolongados, deve ser tal que não seja ultrapassada a temperatura máxima para serviço
contínuo dada na Tabela 1. (ABNT, 2004)

Tabela 1 - Temperaturas características dos condutores

Temperatura Temperatura- Temperatura-


máxima para limite de limite de curto-
Tipo de isolação
serviço contínuo sobrecarga circuito
(condutor) °C (condutor) °C (condutor) °C

Policloreto de vinila
70 100 160
(PVC) até 300 mm²

Policloreto de vinila
(PVC) maior que 300 70 100 140
mm²

Borracha etileno-
90 130 250
propileno (EPR)

Polietileno reticulado
90 130 250
(XLPE)

Fonte:(ABNT, 2004)

Quando um condutor atua em regime de sobrecarga, ele se aquece além do limite


resistido pelo isolamento, acarretando a diminuição da vida útil do isolamento, sendo
suportado um montante de 100 horas consecutivas de operação em regime de sobrecarga não
ultrapassando um total de 500 horas somadas ao longo da vida útil do condutor.
31

Em uma situação crítica, onde ocorre um curto-circuito por um período de até 5


segundos, o condutor pode suportar a temperatura-limite de curto-circuito, entretanto se esse
período se estender pode acarretar danos permanentes ao isolante, como perda da capacidade
de isolação, sendo necessário substituí-lo. (ARAUJO, [entre 2017 e 2022])

2.6 Proteção contra choques elétricos e efeitos térmicos

2.6.1 Dispositivo Diferencial Residual

De acordo com a WEG (2018), o interruptor diferencial residual (DR) é um


dispositivo de segurança que possui a função de detectar pequenas fugas de corrente em
circuitos elétricos, realizando o seccionamento automático da alimentação e evitando que
ocorram acidentes.
Segundo a ABRACOPEL, os dispositivos DRs são considerados o meio mais eficaz
de proteção de pessoas contra choques elétricos. Além disso são o único meio ativo de
proteção contra contatos diretos e, geralmente, o mais adequado para proteção contra contatos
indiretos.
O dispositivo DR utiliza um transformador toroidal para detectar correntes de fuga à
terra. Dentro do DR, a corrente de cada condutor vivo do circuito percorre um enrolamento
primário do transformador gerando um sinal no enrolamento secundário que corresponde à
soma fasorial das correntes nos condutores. Em condições normais de funcionamento, a soma
vetorial gera uma corrente praticamente nula no enrolamento secundário do transformador,
porém uma fuga de corrente gera uma corrente no secundário capaz de acionar a bobina de
disparo. A Figura 6 apresenta os detalhes construtivos de um DR.
32

Figura 6 - Esquema interno do DR

Fonte: (MATIAS, 2018)

Este dispositivo pode ser encontrado nas versões bipolar e tetrapolar, com faixa de
corrente nominal de 25 a 100 ampères. A WEG (2022) recomenda DRs com corrente residual
nominal de 30 miliamperes para proteção de pessoas e 300 miliamperes para proteção de
patrimônio. A Tabela 2 apresenta os valores de corrente nominal disponíveis para os DRs
bipolares de corrente residual nominal de 30 miliamperes.

Tabela 2 –DRs bipolares disponíveis com corrente nominal residual de 30 mA


Corrente nominal I n (A) Número de polos

25 2
40 2
63 2
80 2
100 2

Fonte: (adaptado de WEG, 2018)

2.6.2 Disjuntor termo magnético

A Tecnogera (2015) denomina o disjuntor termomagnético como um dispositivo cuja


função é monitorar e controlar a corrente elétrica, seccionando o circuito ao identificar um
33

pico de corrente que ultrapasse o valor considerado adequado. Assim, o disjuntor protege o
circuito elétrico de curtos-circuitos e outros problemas relacionados à sobrecarga.
Para atender de forma adequada a necessidade de proteção para cada tipo de carga, os
disjuntores são projetados para atuar dentro de um determinado tempo para cada valor de
corrente acima da nominal. Essa relação entre os valores de corrente e o tempo de atuação
descreve uma curva de disparo que permite classificar os disjuntores como curva B ou curva
C. (MATTEDE, 2022)
Segundo a WEG (2022) os disjuntores de curva B têm como principal característica o
disparo instantâneo para correntes entre 3 e 5 vezes a corrente nominal. Sendo assim, são
utilizados na proteção de circuitos com cargas resistivas ou cagas instaladas a longas
distâncias. Já os disjuntores de curva C efetuam o disparo instantâneo para correntes entre 5 e
10 vezes a corrente nominal. Por isso, são utilizados principalmente na proteção de circuitos
com cargas indutivas. Pode se observar pela Figura 7 que o disparo do disjuntor pode não ser
instantâneo dependendo do valor de corrente excedente.

Figura 7 - Curvas de disparo de disjuntores

Fonte: (WEG, 2022)

Segundo Creder (2016) para o dimensionamento de dispositivo de proteção contra


correntes de sobrecarga e curto-circuito as seguintes condições devem ser satisfeitas:
1) I B ≤ I N
2) I N ≤ I Z
34

3) I 2 ≤ 1,45 I Z
4) I ∫ ¿≥ I cc ¿

5) I 2 ×t < K 2 S 2
onde
I B é a corrente de projeto do circuito;
I N é a corrente nominal do dispositivo de proteção;
I Z é a capacidade de condução de corrente de condutores vivos, de acordo com o tipo de
instalação;
I 2 é a corrente convencional de atuação dos dispositivos de proteção em função de I N ;
I ∫ ¿¿ é a capacidade de interrupção do dispositivo de proteção;

I cc é a corrente de curto-circuito presumida no ponto de aplicação do dispositivo de proteção;


2 2
K S é a integral de Joule para aquecimento do condutor desde a temperatura máxima em
serviço contínuo até a temperatura de curto-circuito, admitindo o aquecimento adiabático
como K = 115 para condutores de cobre com isolação de PVC e S = seção em mm².
I  é a corrente de curto-circuito presumida;
t é a duração do curto-circuito em segundos.

“É admitido um dispositivo com capacidade [de interrupção] inferior desde que seja
instalado a montante outro dispositivo com a capacidade de interrupção necessária.”
(CREDER, 2016)

2.7 Dispositivos de comando, manobra e sinalização

2.7.1 Contator

Contatores são dispositivos eletromecânicos que, a partir de um circuito de comando,


permitem o acionamento de cargas que exigem correntes maiores, como motores trifásicos e
resistências industriais, por exemplo. Essas cargas podem ser de qualquer tipo, de tensão
diferente do circuito de comando. (DUARTE, 2020)
Quando a bobina de controle é alimentada através dos terminais A1 e A2, o contator
fecha os contatos de potência 1-2, 3-4 e 5-6, estabelecendo a corrente elétrica que alimenta a
carga. No mesmo instante o contato auxiliar normalmente fechado 11-12 se abre, podendo,
por exemplo, ser utilizado para desenergizar um ramo do circuito de comando e o contato
35

auxiliar normalmente aberto 23-24 se fecha, podendo ser utilizado para acender um indicador
luminoso. A Figura 8 apresenta a bobina e os contatos com suas respectivas identificações.

Figura 8 – Representação esquemática do contator

Fonte: (https://stringfixer.com/pt/Relay)

Para o dimensionamento do contator devem ser levadas em conta as categorias de


utilização normalizadas que fixam os valores de corrente que o contator deve estabelecer ou
interromper. Estes valores dependem da natureza da carga (motor de gaiola ou de anéis,
resistências, transformadores) e das condições nas quais a corrente é estabelecida e
interrompida (motor bloqueado ou em partida, transformador a vazio ou em carga).
(SCHNEIDER ELETRIC, 2010)
Conforme catálogo da ABB (2014) para a utilização de contatores na manobra de
transformador devem ser levados em conta os picos devidos a fenômenos de magnetização
quando a corrente é fechada. A NBR IEC 60947-4-1 estipula a categoria de utilização AC-6a
para esta aplicação e orienta que a corrente operacional aceitável para o contator pode ser
calculada a partir dos valores obtidos nos testes da categoria AC-3 e a fórmula de cálculo
fornecida pela Tabela 3.
36

Tabela 3 – Relação entre as características nominais para categoria AC-6a e AC-3

Determinação da categoria de utilização


Corrente nominal de utilização
AC-3 a partir da corrente de estabelecimento

I e (AC-6a) para a manobra dos

transformadores onde os valores de pico da


corrente de magnetização (inrush current) 0,45 I e (AC-3)

não excedam 30 vezes o valor de pico da


corrente nominal

Fonte: (adaptado de ABNT, 2018)

2.7.2 Relé temporizador

O relé temporizador é um dispositivo capaz de comutar um ou mais contatos elétricos


por um determinado tempo que pode ser ajustado por meio de um potenciômetro. Um relé
temporizador pode ter a função de retardo na energização, retardo na desenergização ou
ambas.
O relé com retardo na energização inicia a contagem do tempo quando recebe um sinal
de entrada e ao fim da contagem faz a comutação dos contatos. Assim que o sinal é
interrompido os contatos retornam à posição de repouso. Se o sinal for interrompido antes que
a contagem termine, a comutação dos contatos não ocorre. Já o relé com retardo na
desenergização comuta seus contatos assim que recebe um sinal de entrada. Somente quando
esse sinal é interrompido o relé dá início a contagem do tempo até o retorno dos contatos à
posição de repouso. O modelo RE7MA11BU, apresentado na Figura 9, possui retardo na
energização e na desenergização.
37

Figura 9 - Relé temporizador RE7MA11BU

Fonte: (SCHNEIDER ELETRIC, 2016)

A Figura 10 apresenta o esquema elétrico recomendado pela Schneider Eletric. Nela é


possível observar a utilização de um potenciômetro de 47 kΩ que permite ajustar o tempo
diretamente em um painel.

Figura 10 - Esquema de ligação do RE7MA11BU

Fonte: (SCHNEIDER ELETRIC, 2016)

2.7.3 Botoeiras e chaves seletoras

Os botões, botoeiras e chaves seletoras são os dispositivos que compõem a interface


entre o operador e os comandos de um equipamento elétrico. Quando se trata de acionamentos
elétricos, as botoeiras têm a função de estabelecer ou interromper o fluxo de corrente elétrica
em um determinado ramo de um circuito de comando, por meio de um acionamento manual,
local ou remoto.
As cores dos botões cumprem um papel importante para a segurança dos profissionais
que operam máquinas e equipamentos elétricos. A norma ABNT NBR 60204-1:2020
estabelece cores para que haja um padrão de trabalho, onde qualquer profissional possa
identificar diferentes situações relacionadas ao funcionamento de uma máquina apenas
observando as cores dos botões que estiverem ligados.
38

As cores botões e suas respectivas funções conforme a ABNT (2020) são as seguintes:

 Branco: ligar, partida (preferencial).


 Verde: ligar, partida (alternativo).
 Preto: parar, desligar.
 Vermelho: parar, desligar, emergência.
 Amarelo: indicar condição anormal, cancelar operação.
 Azul: Reiniciar.

2.7.4 Indicadores luminosos

São dispositivos que compõem um circuito elétrico e são usados para indicar ao
operador as condições atuais de uma máquina ou processo, como máquina ligada, desligada,
com defeito, entre várias outras funções que podem ser aplicadas em sistemas de acionamento
elétrico.
 Abaixo são listadas as cores e funções específicas propostas pela norma IEC
60073:2002 (APRENDENDO ELÉTRICA, 2020):

 Vermelho: Situação de perigo, máquina em operação anormal, parada de


emergência.
 Amarelo: Situação de falha, Condição crítica eminente, grandezas como
temperatura ou corrente próximas do valor máximo permitido.
 Azul: Condição que requer ação do operador.
 Verde: Equipamento pronto para operar, circuito em condição de
funcionamento.
 Branco: Equipamento em condição normal, circuito energizado.

2.8 Controle de corrente eficaz no transformador

Para maior versatilidade do equipamento é desejável que exista alguma forma de


ajuste da corrente durante o ensaio. Para isso Ramirez (2010) utiliza um módulo SCR SKKT
91/14E, em série com o primário do transformador. Além ter um custo elevado, Ramirez
explica que esse módulo está superdimensionado para esta aplicação, mas foi retirado de
algum equipamento sucateado. O diagrama proposto por Ramirez é apresentado na Figura
abaixo.
39

Figura 11 - Controle em malha aberta com módulo SCR

Fonte: (RAMIREZ, 2010)

Mafra (2020) propõe a utilização de um dimmer comum para controle de ventiladores


de teto, porém relata em seu trabalho que foi necessário substituí-lo por um de maior potência.
Embora Mafra não demonstre nenhum critério para o dimensionamento do dimmer, essa
solução se mostra técnica e financeiramente viável. Entretanto é preciso entender os efeitos
que este tipo de controle pode gerar quando aplicados a transformadores.
Braga (sem data) fornece detalhes construtivos de um dimmer com a capacidade de
controlar cargas de até 16 ampères utilizando um TRIAC, podendo ser usado com aparelhos
pequenos como lâmpadas, abajures e ventiladores até grandes como aquecedores de
ambientes, estufas e outros. O circuito pode ser alimentado tanto pela rede de 110 volts como
220 volts e é simples de ser montado. A eficiência deste tipo de circuito faz com que as perdas
no controle sejam mínimas, diferente do que ocorre com circuitos equivalentes baseados em
reostatos.
O funcionamento deste circuito se baseia no controle do ângulo de condução de um
TRIAC. Realizando o disparo do TRIAC em diferentes pontos do sinal senoidal da rede
elétrica é possível controlar a potência aplicada a uma carga. Ou seja, caso o disparo ocorra
no início do semiciclo toda a energia será conduzida até a carga que funcionará em potência
máxima. Porém, caso o disparo ocorra no final do semiciclo apenas uma pequena parcela da
energia será conduzida até a carga que terá sua potência reduzida (BRAGA, sem data). A
Figura 12 mostra o que ocorre nessas duas situações.
40

Figura 12 - Formas de onda controladas pelo TRIAC

Fonte: (BRAGA, sem data)

Braga (sem data) fornece algumas recomendações importantes, como utilizar um


dissipador de calor para resfriar o TRIAC e posicionar o potenciômetro mais distante do
circuito. A Figura 13 apresenta o esquema proposto por Braga.

Figura 13 - Diagrama completo para controle de potência com TRIAC

Fonte: (BRAGA, sem data)

2.9 Medição da corrente de ensaio

2.9.1 Medição True-RMS

Em um sistema elétrico ideal de tensão alternada, a polaridade da tensão alterna


ciclicamente descrevendo um sinal com forma senoidal. Entretanto na prática, devido aos
efeitos das cargas ligadas à rede como motores e fontes, esse sinal pode ser distorcido e perder
a forma senoidal. (NOVUS, 2015)
Segundo a Novus (2015) existem várias formas de medir a intensidade de corrente
elétrica alternada, contudo a mais útil é a medição do valor RMS (do inglês root mean
square). O valor RMS de um sinal AC corresponde ao valor DC capaz de gerar a mesma
41

quantidade de calor em uma carga resistiva. Ou seja, o valor RMS de um sinal AC expressa a
capacidade de trabalho eficaz desse sinal.
A Fluke Academy (2021) informa que um medidor de resposta média utiliza fórmulas
matemáticas para medir com precisão as ondas senoidais puras. Contudo, ao medir um sinal
distorcido, surge uma incerteza maior no valor apresentado.
Para garantir a exatidão da medição em sistemas com formas de onda distorcida, é
necessária a aplicação de equipamentos ditos TRUE RMS que são capazes de fornecer o valor
RMS verdadeiro, não importando o tipo de carga e o tipo de distorção do sinal. (NOVUS,
2015)

2.9.2 Transformadores de corrente

Um transformador de corrente (TC) é um equipamento utilizado para se obter uma


corrente de intensidade reduzida proporcional ao valor de corrente que percorre um circuito
de potência. É constituído de um enrolamento primário, que deve ser ligado em série com o
circuito onde se deseja realizar medições, e um enrolamento secundário, que alimenta as
bobinas de corrente dos aparelhos destinados para fins de proteção ou medição. A corrente
secundária é definida pela primária, independentemente do instrumento elétrico que esteja
alimentando. A impedância do primário deve ser pequena e o número de espiras reduzido para
não influenciar de forma significativa o circuito de alta corrente. (PEREIRA, 2021)
Os transformadores de corrente podem ser construídos de diferentes formas. Algumas
das formas construtivas descritas por Mamede Filho e Mamede (2013) são:
TC tipo barra - o enrolamento primário é constituído por uma barra fixada através do
núcleo do transformador.
TC tipo enrolado - o enrolamento primário é constituído de uma ou mais espiras
envolvendo o núcleo do transformador.
TC tipo janela - não possui um primário fixo no transformador, mas possui uma
abertura através do núcleo, por onde se passa o condutor que forma o circuito primário. Um
exemplo deste tipo de TC pode ser visto na Figura 14.
TC tipo bucha - semelhante ao TC tipo barra, porém sua instalação é feita na bucha
dos equipamentos que funcionam como enrolamento primário.
TC tipo núcleo dividido - semelhante ao TC tipo janela, porém o núcleo pode ser
separado para envolver o condutor do circuito primário.
42

Figura 14 - Transformador de corrente do tipo janela

Fonte (ABB, 2017)

A corrente nominal primária deve ser compatível com a corrente de carga do circuito
primário. A corrente nominal secundária é geralmente igual a 5 ampères. A Tabela 4
apresenta apenas as correntes nominais primárias e as relações de transformação nominais até
300 ampères.

Tabela 4 - Correntes primárias e relações nominais para corrente secundária nominalde 5 A

Corrente nominal Relação nominal Corrente nominal Relação nominal

5A 1:1 60 A 12:1
10 A 2:1 75 A 15:1
15 A 3:1 100 A 20:1
20 A 4:1 125 A 25:1
25 A 5:1 150 A 30:1
30 A 6:1 200 A 40:1
40 A 8:1 250 A 50:1
50 A 10:1 300 A 60:1

Fonte: (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2013)

3 SELEÇÃO E MODIFICAÇÃO DO TRANSFORMADOR

A fim de minimizar as aquisições necessárias por parte da instituição de ensino, este


projeto irá priorizar o reaproveitamento de componentes já disponíveis nos laboratórios da
Firjan SENAI Caxias. Entre esses componentes, o principal consiste em um transformador de
micro ondas comum. Para atender às necessidades do projeto, este transformador sofrerá
modificações em seu enrolamento secundário para fornecer uma tensão bem mais baixa e
43

permitir uma capacidade maior de corrente. O novo enrolamento secundário será composto
por condutores de diâmetros maiores, dando menos voltas entorno do núcleo.
Para que fosse selecionado o transformador mais adequado, a instituição concedeu
acesso a alguns aparelhos de micro-ondas defeituosos, dos quais foram removidos os
transformadores. Como nos transformadores não constam muitas informações, serão adotadas
as características nominais dos aparelhos. A Tabela 5 apresenta essas características.

Tabela 5 – Características nominais dos fornos de micro-ondas

Equipamento Tensão nominal Potência nominal Frequência

A 127 V 1200 VA 60 Hz

B 220 V 1400 VA 60 Hz

C 220 V 1000 VA 60 Hz

Fonte: De autoria própria

Em cada transformador foi verificada com o uso de um multímetro a continuidade do


enrolamento primário e o isolamento entre o enrolamento e a carcaça.
Os transformadores de micro-ondas, como o apresentado na Figura 15, possuem um
enrolamento primário alimentado em 127 volts ou 220 volts, dependendo do modelo do
aparelho, e dois enrolamentos secundários, um que fornece uma tensão próxima de 3 volts e
outro que fornece até 2400 volts. Na prática, eles podem ser facilmente identificados, pois
conforme já foi mencionado, a quantidade de espiras é proporcional à tensão no respectivo
enrolamento. Além disso, o enrolamento de maior tensão possui um dos terminais soldado à
carcaça do transformador.
44

Figura 15 - Transformador de microondas em sua forma original

Fonte: De autoria própria

A modificação consiste em remover os dois enrolamentos secundários e substituir por


um único secundário de baixa tensão e alta capacidade de corrente conforme a necessidade.
As características construtivas do núcleo do transformador não permitem remover os
enrolamentos sem que para isso eles sejam destruídos.
O processo para a remoção dos enrolamentos secundários sugerido por Ramírez
(2010) é descrito abaixo:

1. Proteger o enrolamento primário utilizando um anteparo.


2. Cortar ambos os secundários tomando cuidado para não danificar o núcleo ou o
primário.
3. Após romper a seção transversal dos secundários e com o núcleo fixado em
uma morsa, empurrar com o auxílio de uma ferramenta as duas seções
descobertas até saírem completamente do outro lado do transformador.
4. Remover qualquer detrito da janela magnética.

Para rebobinar o transformador é necessário determinar a seção do condutor a ser


utilizada. Ramirez (2010) recomenda que seja utilizado um condutor convencional com
isolação de PVC ou similar, devido à dificuldade de utilizar um condutor esmaltado sem
danificar o esmalte protetor. Para determinar a seção do condutor a ser utilizado, devem ser
levados em consideração o aproveitamento máximo da janela magnética, a maior capacidade
de corrente possível e a relação de transformação. Por esse motivo foram obtidas as
dimensões do espaço disponível na janela magnética e o diâmetro externo dos condutores
disponíveis. A Tabela 6 presenta as medidas coletadas.
45

Tabela 6 - Dimensões dos materiais disponíveis obtidas por medição

Condutores

Seção nominal Diâmetro externo

10 mm² 5,9 mm

16 mm² 7,0 mm

25 mm² 8,8 mm

Transformador

Largura da janela Altura da janela

16 mm 26mm

Fonte: De autoria própria

Após obtidas as dimensões é possível comparar o aproveitamento do espaço com o


maior número de espiras possível para cada condutor. A Figura 16 (a), (b) e (c) apresenta os
arranjos possíveis utilizando os condutores de 10 mm², 16 mm² e 25 mm² respectivamente.

Figura 16 – Disposição dos condutores na janela magnética

(a) (c)
(b)
Fonte: De autoria própria

Embora, em teoria, o condutor de maior seção permita um melhor aproveitamento da


área disponível na janela magnética e uma maior capacidade de corrente, na prática quanto
46

maior a seção o condutor, mais difícil é o seu manuseio tornando a aplicação dos arranjos (b)
e (c) praticamente impossível. Por esse motivo, optou-se pela construção de 3 espiras
utilizando dois condutores de 10 mm² com a intenção de aumentar a capacidade de corrente,
resultando em dois enrolamentos conectados em paralelo.
É importante observar que a utilização de um condutor com isolação de PVC limita a
temperatura máxima de operação do transformador a 70 °C, já um condutor revestido de EPR
ou XLPE proporciona um limite de 90 °C. Vale ressaltar também que para o
dimensionamento deste condutor não serão aplicados os critérios da NBR 5410, já que é
difícil equiparar o método de instalação para esta aplicação com qualquer um dos métodos
descritos na norma.
Por meio da Equação (2.11), fornecida pela NBR5356-5:2005 calcula-se que, em
condições adiabáticas, com temperatura inicial de 30°C, este enrolamento é capaz de suportar
uma corrente de 300 ampères por 30 segundos antes de alcançar a temperatura máxima para
serviço contínuo do condutor com isolação de PVC (70°C). Nas mesmas condições, o
enrolamento levaria o dobro do tempo para alcançar a temperatura limite de sobrecarga
(100°C).
Para se obter alguns parâmetros importantes deste novo transformador e disponibilizá-
los aos futuros usuários o transformador será submetido a ensaios de circuito aberto e de
curto-circuito. Estes parâmetros poderão contribuir na execução de possíveis experimentos.
A Tabela 7 apresenta algumas grandezas importantes obtidas por meio do ensaio de
circuito aberto.

Tabela 7 - Resultado do ensaio de circuito aberto.


Corrent Corrente
Tensão Tensão no Fator de
e no
aplicada secundário potência
Inhush primário

129,5 V 14,8 A 7,1 A 3,03 V 0,003

Fonte: De autoria própria

A Tabela 8 apresenta os parâmetros 𝑅𝑐, 𝑍𝜑 e 𝑋𝑚 relativos ao núcleo do


transformador, calculadas por meio das equações (2.8), (2.9) e (2.10), bem como a relação de
transformação α.
47

Tabela 8 – Grandezas calculadas a partir do ensaio de circuito aberto


Rc |Z φ| Xm α

6076 Ω 18,24 Ω 18,24 Ω 43:1

Fonte: De autoria própria

No ensaio de curto-circuito devido à falta de uma fonte ajustável de corrente alternada,


será aplicada a tensão nominal ao enrolamento de tensão mais alta, enquanto o enrolamento
oposto é curto-circuitado. Utilizando um termopar será monitorada a variação de temperatura
do enrolamento secundário. A Figura 17 mostra o arranjo de instrumentos necessários para a
realização dos testes.

Figura 17 – Esquema de ligação para o teste de curto- circuito

Fote: De autoria própria

A Tabela 9 apresenta os valores coletados durante o ensaio de curto-circuito.

Tabela 9 - Resultado dos ensaios de curto-circuito


Tensão Corrente Corrente
Fator de
no no no Potência
potência
primário primário secundário

120 V 25 A 975 A 1929 W 0,643

Fonte: De autoria própria

A Tabela 10 apresenta os parâmetros da impedância equivalente dos condutores dos


enrolamentos referenciados pelo lado de tensão mais alta, calculados por meio das equações
(2.4), (2.5) e (2.7).
48

Tabela 10 - Grandezas calculadas a partir do ensaio de curto-circuito

|Z eq| Rcc X cc

4,8 Ω 3,09 Ω 3,68 Ω

Fonte: De autoria própria

Durante a realização do teste, foi possível observar o aumento gradativo da


temperatura e, consequentemente, a diminuição da corrente, já que a resistência do
enrolamento aumenta de forma proporcional à temperatura. A Figura 18 mostra o gráfico com
o comportamento dessas duas grandezas. É importante salientar que a temperatura
corresponde ao valor medido na superfície do material isolante.

Figura 18 - Curva de corrente e de temperatura no ensaio de curto circuito


1200 100
1000 90
80

Temperatura [°C]
800
Corrente [A]

70
600 60
400 50
40
200 30
0 20
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
tempo [s]

Corrente Temperatura

Fonte: De autoria própria

A partir dos parâmetros calculados foi possível reproduzir o circuito equivalente utilizando o
software de simulação de circuitos elétricos TINA. Nesse circuito foi adicionada uma carga
ajustada para consumir uma corrente de 300 ampères no enrolamento B.T., que reflete 7
ampères referenciado pelo lado A.T. A Figura 19 apresenta o circuito simulado.
49

Figura 19 - Circuito equivalente simulado no TINA

Fonte: De autoria própria

Quando a carga adicionada ao transformador é puramente resistiva, a corrente no


primário é de 11,4 ampères, entretanto quando a carga é indutiva, a corrente no primário é de
15,2 ampères. corrente de projeto. Por esse motivo, para efeito de dimensionamento, será
considerada uma corrente de projeto ( I B ) de 15,2 ampères.

4 PROJETO E CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO

4.1 Requisitos de projeto

A fim de garantir a segurança e as funcionalidades necessárias ao protótipo serão


previstos os seguintes requisitos de projeto:

 Proteção por dispositivo DR;


 Proteção por disjuntor termomagnético;
 Botão de emergência em local de fácil acesso;
 Chave seletora do modo de funcionamento;
 Botão para iniciar os testes (verde);
 Botão para encerrar os testes (vermelho);
 Dimmer eletrônico para ajuste de potência;
 Potenciômetro para ajuste de tempo;
 Indicação da corrente de ensaio obtida por medição indireta utilizando um TC
e amperímetro;
 Lâmpada indicadora de alimentação (branca);
 Lâmpada indicadora de teste habilitado (verde);
50

 Lâmpada indicadora de teste em andamento (vermelha).

4.2 Descrição do funcionamento

A lâmpada branca deve acender sempre que o equipamento estiver conectado à rede
elétrica.
A chave seletora do modo de funcionamento possui 3 posições: na posição 0 não
permite o funcionamento de nenhum botão e a lâmpada verde permanece apagada. Na posição
1 a lâmpada verde acende e o teste funciona de modo temporizado. Na posição 2 a lâmpada
verde acende e o teste funciona por tempo indeterminado.
O botão verde funciona apenas se o teste estiver habilitado (lâmpada verde acesa).
Quando pressionado, acende a lâmpada vermelha e energiza o contator de potência, dando
início ao teste. Aciona também o temporizador.
Se a chave seletora estiver na posição 1 o teste deve ser finalizado ao final da
contagem de tempo determinado pelo ajuste do potenciômetro. Nesse caso a lâmpada verde
também apaga impedindo um segundo acionamento antes do tempo necessário para o
resfriamento do transformador.
Mover a chave seletora para a posição 0, pressionar o botão vermelho ou o botão de
emergência deve encerrar o teste imediatamente, apagando a lâmpada vermelha e
desenergizando o contator de potência em qualquer condição.
Com base nessa descrição foi desenvolvido o esquema elétrico disponível no Anexo
A.

4.3 Dimensionamento dos componentes

A Tabela 11 apresenta as características nominais dos componentes obtidas por meio


de suas respectivas equações.

Tabela 11 – Lista de componentes utilizados


1 Disjuntor termomagnético monopolar 16 A, curva C

1 Disjuntor termomagnético monopolar 2 A, curva C

1 Dispositivo diferencial residual bipolar 25 A, corrente residual 30 mA


51

1 Contator tripolar 16 A, 127 V

1 Botoeira tipo cogumelo vermelha, 22 mm, 1NF

1 Chave rotativa 3 posições, 22 mm, 1NA+1NF

2 Botoeira 22 mm, 1NA+1NF (verde e vermelha)

1 Potenciômetro linear 47 kΩ

1 Transformador de corrente

1 Amperímetro analógico

3 Lâmpada de sinalização 22 mm, 127 V (branca, verde, vermelha)

1 Dimmer 25 A, 127 V

1 Relé temporizador on delay/off delay, 127V, com ajuste externo

2 Barramentos de neutro ou terra

Fonte: De autoria própria

4.3.1 Condutores

Para o dimensionamento dos condutores do circuito de potência será adotada a


corrente de projeto ( I B) de 15,2 A. Pelo critério a capacidade de condução de corrente previsto
na NBR5410, será adotado um condutor de 2,5 mm² que possui capacidade de condução de
corrente ( I Z ) de 24 A.
Para o circuito de comando será utilizado um condutor de 0,5 mm², menor seção
admitida pela NBR5410 para circuitos de sinalização e controle, visto que a corrente
necessária para alimentar o contator, o relé temporizador, e as lâmpadas de sinalização é
mínima.
52

4.3.2 Disjuntores termomagnéticos

Para o circuito de potência podem ser utilizados os disjuntores de 16 ou 20 A. Neste


caso optou-se por utilizar o disjuntor de corrente nominal ( I N ¿ 16 A. Pela natureza indutiva
da carga, é necessário a utilização de um disjuntor com curva de atuação C.
IB≤I N ≤IZ
15,2 ≤ I N ≤ 24
O Circuito de comando pode ser protegido por um disjuntor de 2 A de curva C.
Não foi adotado o critério de capacidade de interrupção tendo em vista que os
laboratórios possuem dispositivos com a capacidade de interrupção necessária.

4.3.3 Contator

O contator selecionado deve suportar uma corrente de 15,2 A em categoria de


utilização AC-6a. Este valor corresponde à 37,78 A em categoria AC-3.

I e ( AC−6 a)=0,45 × I e( AC−3)

15,2=0,45 × I e( AC−3)

15,2
I e ( AC−3 )= =33,78 A ( AC −3 )
0,45
Para reduzir ao máximo o custo e o volume necessário para a acomodação do contator,
os três contatos de potência serão conectados em paralelo, dividindo a corrente da carga
monofásica entre si. Segundo o catálogo da WEG (2021) para calcular a capacidade de
corrente de 3 contatos em paralelo a corrente total deve ser dividida por 2,4.

33,78
I por contato= =14,08 A
2,4
Para atender essa solicitação de corrente será utilizado um contator de 16 A como, por
exemplo, o modelo CWC016-10-30D13.

4.3.4 Dimmer SCR

Para o ajuste de corrente será utilizado um dimmer com capacidade de corrente


superior ao valor do disjuntor do circuito de potência. A Figura 20 apresenta um dimmer de
25 A que pode ser adquirido pela internet e que atende a demanda de modo satisfatório.
53

Figura 20 - Dimmer eletrônico 25 A

Fonte: (adaptado de DIELETRO, 2022)

4.4 Construção do protótipo

Todos os componentes do protótipo foram instalados em uma caixa de montagem


metálica medindo 300 mm de largura,400 mm de altura e 200 mm de profundidade. Os
condutores foram acondicionados em canaletas de PVC de 30mm de largura e 50 mm de
altura. Os componentes internos foram fixados por meio de trilhos do tipo DIN 35. A
disposição dos componentes na placa de montagem é apresentada pela Figura 21, onde Q1 é o
dispositivo DR, Q2 e Q3 são os disjuntores do circuito de potência e de comando, D1 é o relé
temporizador, X1 é a régua de bornes, K1 é a contatora principal e KA1 é a contatora auxiliar.
54

Figura 21 - Layout da placa de montagem

Fonte: De autoria própria

Os componentes externos foram fixados através de furações no corpo da caixa de


montagem. As lâmpadas de sinalização foram instaladas na face frontal da caixa, na metade
mais acima, reservando o espaço abaixo para a instalação do amperímetro. A Figura 22
mostra as lâmpadas H1, H2 e H3.

Figura 22 - Lâmpadas de sinalização na porta do caixa de montagem

Fonte: De autoria própria

A chave rotativa foi instalada na lateral direita e, conforme mostra a Figura 23, os
botões e potenciômetros na face superior da caixa, com a intenção de estar fora da zona de
maior perigo durante a utilização do equipamento.
55

Figura 23 - Botoeiras de comando

Fonte: De autoria própria

Em todas as entradas e saídas de condutores elétricos da caixa de montagem foram


instalados prensa cabos PG11 conforme apresentado na Figura 24.

Figura 24 - Passagem do cabo de alimentação

Fonte: De autoria própria

Para a conexão entre os terminais do transformador e o corpo de prova (material que


será submetido à uma sobrecorrente) foi instalado em cada lateral da caixa um barramento de
cobre tipicamente destinado a utilização em quadros de distribuição como barramentos de
aterramento e neutro. Em ambos os lados foram fixados adesivos indicando o risco de choque
elétrico e o risco de contato com superfície quente conforme é possível observar na Figura 25.
56

Figura 25 – Terminal de ligação esquerdo do transformador

Fonte: De autoria própria

Todos os componentes e os condutores foram identificados conforme a nomenclatura


e numeração adotada no esquema elétrico no ANEXO A. A Figura 26 mostra a ligação
elétrica na porta do painel.

Figura 26 - Ligação elétrica das lampadas de sinalização

Fonte: De autoria própria

Devido a questões administrativas por parte da Firjan SENAI Caxias, o transformador


de corrente e o amperímetro não foram adquiridos a tempo para a conclusão da montagem.
Entretanto foi reservado o espaço necessário para a instalação dos instrumentos assim que
forem adquiridos. Sendo assim, a montagem foi considerada concluída e o resultado pode ser
visto na Figura 27.
57

Figura 27 – Vista interna do protótipo

Fonte: De autoria própria

5 TESTES DE FUNCIONAMENTO

Uma vez concluída a montagem do equipamento, foram realizados testes para garantir
que os requisitos descritos no item 4.1 foram alcançados e que o equipamento funciona em
conformidade com a descrição do item 4.2. Para evitar qualquer situação de perigo, os testes
foram realizados de forma gradativa, primeiro somente o circuito de comando; depois com o
circuito de potência, mas com o transformador em vazio; por último foi realizado o teste com
o transformador em curto.
Esse último teste foi realizado diretamente inserido em uma situação de aprendizagem,
cuja contextualização propôs duas situações hipotéticas que deveriam ser analisadas pelos
alunos:

1. “Quais são os efeitos de um curto-circuito em uma instalação elétrica


corretamente dimensionada e equipada com os dispositivos de proteção
necessários?”
58

2. “Quais as consequências quando a importância dos dispositivos de proteção é


negligenciada?”

Para representar as duas situações foram preparados dois pedaços de 50 cm de um


condutor de 2,5 mm². Um deles foi cortado ao meio, onde foi instalado um disjuntor
termomagnético C 16 A. Ambos os corpos de prova foram conectados em paralelo aos
terminais do transformador conforme a Figura 28.

Figura 28 - Corpos de prova conectados ao equipamento

Fonte: De autoria própria

Todo o aparato foi montado dentro de uma máquina de corte a laser que possui um
sistema de exaustão integrado (substituindo a capela). Para evitar um curto-circuito na grelha
da cortadora a laser foi utilizado um pedaço de MDF.
Para concluir os preparativos o ajuste de corrente foi movido para a posição máxima, o
tempo foi ajustado para 10 segundos o disjuntor foi colocado na posição ligado e um alicate
amperímetro foi posicionado na saída do transformador. Em seguida foi dado início ao teste
acionando o equipamento.
Quase imediatamente após o início do teste, o disjuntor atuou protegendo o primeiro
condutor. Logo após a atuação do disjuntor, o amperímetro marcava um valor de 150
ampères. A leitura do amperímetro é mostrada pela Figura 29.
59

Figura 29 – Valor da corrente no condutor desprotegido

Fonte: De autoria própria

Durante os instantes finais foi possível observar a deterioração do condutor


desprotegido e a emissão de uma grande quantidade de fumaça que foi eliminada pelo sistema
de exaustão. O isolamento do condutor desprotegido foi destruído enquanto o outro condutor
ficou intacto graças à atuação do disjuntor. O estado final do condutor desprotegido é
apresentado pela Figura 30.

Figura 30 - Condutor destruído durante ensaio de sobrecorrente

Fonte: De autoria própria


60

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De uma forma global, este trabalho se propôs a desenvolver um equipamento didático


para contribuir com a Firjan SENAI Caxias no processo de ensino de novos profissionais do
setor elétrico. Este equipamento foi construído com base nas necessidades percebidas em
contato com alunos e colegas do corpo docente e com o apoio da literatura relacionada aos
dispositivos elétricos utilizados, normas técnicas, conceitos básicos de transformação de
energia elétrica. O novo equipamento foi projetado e construído na prática com o apoio do
corpo docente e equipe técnico-pedagógica da instituição e poderá ser utilizado nas atividades
propostas por cada instrutor.
A construção do protótipo proporcionou aos envolvidos a oportunidade de desenvolver
um conjunto de habilidades derivadas de todos os problemas que surgem ao realizar uma
montagem como esta, que não teriam sido desenvolvidas caso o projeto se limitasse ao
desenvolvimento teórico.
Além disso o trabalho evidenciou o grande potencial dos materiais elétricos que
seriam descartados, visto que a maior parte dos materiais empregados na construção do
protótipo já haviam sido exaustivamente utilizados por alunos e docentes da instituição.
O projeto apresentou algumas limitações no que diz respeito à construção do
protótipo. A principal limitação foi em relação a aquisição de materiais específicos que não
estavam previamente disponíveis. Outra limitação se manifesta na incompatibilidade entre os
cronogramas da UNISUAM e da Firjan SENAI Caxias, além de imprevistos que prejudicaram
o cronograma.
Estas limitações impactaram negativamente em um dos requisitos funcionais do
projeto, já que não foi implementada a indicação da corrente de ensaio que seria obtida por
medição indireta utilizando um TC e amperímetro, entretanto nenhum requisito de segurança
foi prejudicado. Eventualmente com mais algumas semanas de esforço seria possível alcançar
todos os requisitos do projeto.
Para suprir a falta dos instrumentos para indicação da corrente de ensaio é sugerido
utilizar um alicate amperímetro digital, porém é importante salientar que a garra de medição
deve envolver os condutores de maior seção, próximo ao ponto de saída da caixa de
montagem, já que o aquecimento do corpo de prova pode danificar o invólucro do
instrumento.
61

Visando trabalhos futuros, sugere-se a instalação de um voltímetro para indicação do


valor de tensão entre os terminais do transformador e a elaboração de um caderno de
experimentos relacionados com os conhecimentos contemplados pela grade curricular de cada
curso, a serem realizados de forma contextualizada relacionando teoria e prática.
Em última análise, todos os objetivos, tanto o geral quanto os específicos, foram
alcançados satisfatoriamente e o equipamento foi bem recebido pelos instrutores e pela equipe
técnico-pedagógica da instituição.
62

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UMANS, Stephen D. Máquinas Elétricas: de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. New York:


McGraw-Hill Education, 2014. 724 p. ISBN 0073380466 / 9780073380469. Disponível em:
http://www.drb-m.org/mqeletr/Maquinas-Eletricas-Livro.pdf. Acesso em: 17 jun. 2022.
66

WEG. Você sabe o que é um Dispositivo Diferencial Residual?. In: WEG. Blog tomadas e
interruptores. Jaraguá do Sul, SC: WEG, 25 jun. 2018. Disponível em:
https://www.weg.net/tomadas/blog/arquitetura/voce-saber-o-que-e-um-dispositivo-
diferencial-residual/. Acesso em: 20 jun. 2022.
67

ANEXOS

ANEXO A – ESQUEMAS ELÉTRICOS

Figura A-1 - Esquema do circuito de potência

Para o circuito de comando

Fonte: De autoria própria


68

Figura A-2 - Esquema do circuito de comando.

RE7MA11BU

Fonte: De autoria própria


69

Figura A-3 - Símbolos gráficos e literais utilizados nos esquemas elétricos

Ponto de Dispositivo Disjuntor Contatos de Transformador


alimentação diferencial termomagnético potência de
elétrica de 127 residual bipolar monopolar contator tripolar
V

Bobina de Contato Contato Contato Contato


contator normalmente normalmente normalmente normalmente
fechado de aberto de fechado de aberto de botão
contator contator botão pulsador pulsador

Lâmpada de Contato Contato Contato Contato


sinalização normalmente normalmente normalmente normalmente
fechado de botão fechado de aberto de chave fechado
tipo cogumelo chave rotativa rotativa temporizado ao
abrir e ao
fechar

Borne de Aterramento
conexão
Fonte: De autoria própria

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