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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SETE LAGOAS

Unidade Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais


Engenharia Elétrica

DANYLO GABRIEL SOARES

ESTUDO DE CASO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO


FOTOVOLTÁICO EMPRESARIAL

SETE LAGOAS
2020
DANYLO GABRIEL SOARES

ESTUDO DE CASO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO


FOTOVOLTÁICO EMPRESARIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Engenharia Elétrica, da Unidade
Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais, do
Centro Universitário de Sete Lagoas, Fundação
Educacional Monsenhor Messias - UNIFEMM,
como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia elétrica.

ÁREA DE CONCETRAÇÃO: Desenvolvimento


de estudo de caso relativo instalação de sistema
fotovoltaico em empresa prestadora de serviço.

ORIENTADOR: Prof. Marcílio Cunha Nunes

SETE LAGOAS
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SETE LAGOAS
Unidade Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais
Engenharia Elétrica

DANYLO GABRIEL SOARES

ESTUDO DE CASO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO


FOTOVOLTÁICO EMPRESARIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Engenharia Elétrica, da Unidade
Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais, do
Centro Universitário de Sete Lagoas, Fundação
Educacional Monsenhor Messias - UNIFEMM,
como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia elétrica.

Sete Lagoas, de de 2020.


Aprovado com nota ________.
Banca examinadora:
__________________________________________
ORIENTADOR: Prof. Marcílio Cunha Nunes

__________________________________________
AVALIADOR: Prof. ..................................................

SETE LAGOAS
2020
AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus pelo estímulo e oportunidade de ingressar no mundo


acadêmico.
À minha família por todo apoio, dedicação, paciência e carinho.
Aos meus pais, irmãos e minha namorada, que mesmo diante das dificuldades e
adversidades impostas no decorrer deste, sempre me incentivaram a buscar novas conquistas.
Ao orientador Prof. Marcílio Cunha Nunes pelo empenho e dedicação pelos preciosos
ensinamentos, pela compreensão e principalmente pelo incentivo à busca do conhecimento.
Aos meus colegas de sala que contribuíram e participaram deste tão esperado sonho.
Por fim, agradeço a Tesla Eletricidade Industrial pela oportunidade e disponibilização
de área para a elaboração desta pesquisa e ao Centro Universitário de Sete Lagoas, Fundação
Educacional Monsenhor Messias - UNIFEMM por permitir e me proporcionar todo o
conhecimento adquirido no decorrer deste curso.
RESUMO

Haja vista o grande crescimento de estudos na área de eficiência energética e qualidade


de energia, o trabalho em questão tem por finalidade analisar a viabilidade do desenvolvimento
de um projeto de sistema fotovoltaico de uma empresa prestadora de serviços, o qual será
conectado à rede elétrica.
O desenvolvimento deste trabalho baseia-se no projeto arquitetônico da sede
administrativa da Tesla Eletricidade Industrial Eirelli, situada no bairro Dante Lanza, Sete
Lagoas – MG e neste estudo será desenvolvido análise de viabilidade do local, da área utilizável
para instalação dos módulos fotovoltaicos, dimensionamento dos componentes a serem
instalados, estimativa de custo para execução do projeto, simulação.
Por fim será mostrado o custo do projeto implementado e o payback previsto para o
investimento.

Palavras-chave: Sistema Fotovoltaico Interligado à Rede. Painéis Fotovoltaicos. Energia Solar.


ABSTRACT

There is an overview of the great growth of studies in the area of economic efficiency
and energy quality, or the work in question, for analyzing the feasibility of developing a
photovoltaic system project for a service provider company, or what will be the use of electrical
network.
The development of this work is based on the architectural design of the Tesla
Eletricidade Industrial Eirelli headquarters, located in the Dante Lanza neighborhood, in Sete
Lagoas - MG and this study will develop a local feasibility analysis, in the area usable for
installing the modules, dimensioning the components to be used, cost estimate for project
execution, simulation.
Finally, the cost of the implemented project and the expected return on investment will
be shown.

Keywords: Photovoltaic System Interconnected to the Grid. Photovoltaic panels. Solar energy.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diferentes climas do Brasil ......................................................................................... 6


Figura 2: Matriz de produção de energia elétrica 2018 .............................................................. 7
Figura 3: Estrutura física de uma junção positivo/negativo de uma célula fotovoltaica ............ 8
Figura 4: Curva característica I-V de uma célula fotovoltaica ................................................. 10
Figura 5: Relação entre potência e tensão de um módulo fotovoltaico .................................... 10
Figura 6: Influência da radiação solar ...................................................................................... 11
Figura 7: Influência da temperatura.......................................................................................... 11
Figura 8: Painel fotovoltaico compostos por células de silício monocristalino ....................... 12
Figura 9: Painel fotovoltaico compostos por células de silício policristalino .......................... 12
Figura 10: Células de filme fino ............................................................................................... 13
Figura 11: Modelos de associação dos módulos em série ........................................................ 14
Figura 12: Relação entre a corrente e a tensão na associação de módulos em série ................ 14
Figura 13: Modelos de associação dos módulos em paralelo ................................................... 15
Figura 14: Relação entre a corrente e a tensão na associação de módulos em paralelo ........... 15
Figura 15: Modelos de associação dos módulos em série-paralelo .......................................... 16
Figura 16: Relação entre a corrente e a tensão na associação de módulos em série-paralelo .. 16
Figura 17: Esboço de interligação de sistema autônomo ......................................................... 17
Figura 18: Esboço de interligação de sistema conectado à rede............................................... 18
Figura 19: Vista superior e coordenadas geográficas do local de instalação do sistema
fotovoltaico ............................................................................................................................... 21
Figura 20: Vista frontal do prédio administrativo .................................................................... 22
Figura 21: Radiação solar diária média na superfície dos módulos (kWh/m²) ........................ 24
Figura 22: Vista superior em planta ......................................................................................... 31
Figura 23: Pré-disposição dos painéis ...................................................................................... 33
Figura 24: Conversor Omnik Solar, modelo Omniksol 20K-TL OMNIKSOL ....................... 34
Figura 25: Parâmetros de entrada ............................................................................................. 42
Figura 26: Seleção dos equipamentos ...................................................................................... 42
Figura 27: Configuração do arranjo.......................................................................................... 43
Figura 28: Resumo sistema ...................................................................................................... 44
Figura 29: Principais resultados da simulação ......................................................................... 44
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Irradiação solar no plano inclinado - Sete Lagoas .................................................. 25


Gráfico 2: Consumo de energia compreendido entre o período de 07/2019 e 06/2020 ........... 26
LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1: Potencial de geração região de Sete Lagoas ............................................................. 23


Tabela 2: Radiação solar diária média na superfície dos módulos (kWh/m²) .......................... 24
Tabela 3: Irradiação solar no plano inclinado - Sete Lagoas .................................................... 24
Tabela 4: Consumo de energia compreendido entre o período de 07/2019 e 06/2020 ............ 26
Tabela 5: Consumo de energia compreendido entre o período de 07/2019 e 06/2020 ............ 27
Tabela 6: Geração média mínima ............................................................................................. 28
Tabela 7: Parâmetros do painel fotovoltaico ............................................................................ 29
Tabela 8: Especificações do conversor ..................................................................................... 34
Tabela 9: Valor das quedas de tensões para sistemas conectados ............................................ 38
Tabela 10: Capacidade de condução de corrente...................................................................... 39
Tabela 11: Levantamento de custos de implantação ................................................................ 41
Tabela 12: Dados técnicos da linha de conversores Omnik ..................................................... 43
Tabela 13: Estimativa de geração ............................................................................................. 44
Tabela 14: Economia anual ...................................................................................................... 45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
CA - Corrente Alternada
CC - Corrente Contínua
CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
CRESESB - Centro de Referência para Energia Solar e Eólica
IEC - International Electrotechnical Commission
IEE - Instituto de Energia Ambiente
INMETRO – Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
NBR - Norma Brasileira
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
USP - Universidade de São Paulo
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 3

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 5


2.1 Energia Solar Fotovoltaica ........................................................................................ 5
2.2 O Potencial de Geração da Energia Fotovoltaica no Brasil ................................... 5
2.3 A Produção de Energia Elétrica Por Meio das Células Fotovoltaicas ................... 8
2.4 Células Fotovoltaicas .................................................................................................. 9
2.4.1 Curva característica I-V ............................................................................................ 9
2.4.2 Efeito da temperatura nas células ........................................................................... 10
2.4.3 Tipos de células fotovoltaicas .................................................................................. 11
2.5 Módulos Fotovoltaicos ............................................................................................. 13
2.6 Conversores ............................................................................................................... 16
2.7 Sistemas Fotovoltaicos ............................................................................................. 17
2.7.1 Sistemas autônomos ................................................................................................. 17
2.7.2 Sistemas conectados à rede ...................................................................................... 18

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 19

4 ESTUDO DE CASO ................................................................................................. 20


4.1 Definição Do Local ................................................................................................... 20
4.2 Viabilidade ................................................................................................................ 22
4.2.1 Irradiação no local ................................................................................................... 22
4.2.2 Consumo ................................................................................................................... 25
4.2.3 Pré-projeto ............................................................................................................... 28
4.2.4 Dimensionamento dos equipamentos ..................................................................... 28
4.2.4.1 Módulo ....................................................................................................................... 29
4.2.4.2 Conversor .................................................................................................................. 33
4.2.4.3 Configuração do arranjo fotovoltaico ....................................................................... 35
4.2.4.4 Fusíveis no lado de corrente contínua (CC) .............................................................. 36
4.2.4.5 Dimensionamento dos Cabos no Lado (CC) .............................................................. 37
4.2.4.6 Disjuntor lado CA ...................................................................................................... 39
4.2.4.7 Tranformador e demais componentes ........................................................................ 40
4.2.4.8 Simulação ................................................................................................................... 40
4.2.5 Custos ....................................................................................................................... 40
4.2.6 Projeto ....................................................................................................................... 41
4.2.7 Payback ..................................................................................................................... 45

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 48
3

1 APRESENTAÇÃO

A energia elétrica é fundamentalmente importante para sociedade, proporcionando


qualidade vida, segurança, bem-estar, sendo grande responsável pela mobilidade, pelo
desenvolvimento econômico e social das famílias, do comércio, da indústria para qualquer ramo
de negócio ou atividade produtiva, sendo inconcebível pensar o progresso ou o
desenvolvimento sem esta fonte de energia.
Neste contexto surgem as fontes alternativas de geração de energia elétrica também
conhecidas como renováveis, são as fontes de geração de energia elétrica sustentáveis e de
baixo impacto ambiental, como a energia solar que, em razão de seus preços baixos e das
mudanças climáticas, hoje cresce assustadoramente mais que as tradicionais fontes poluentes,
como o carvão e petróleo.
Com o avanço da atividade industrial, os combustíveis fósseis supriram a maior
parte das necessidades energéticas do mundo. E assim o fazem até os dias atuais, contudo a
substituição, não é uma tarefa fácil que se concretizará instantaneamente, porém, a humanidade
moderna continua exigindo cada vez mais essa energia para alimentar sua mobilidade, evolução
e conforto e necessidades mais básicas.
São responsáveis por grande parte do progresso da humanidade, mas seu uso
prolongado e imoderado gera consequências indesejáveis conforme relatos de algumas
pesquisas da comunidade científica. Daí a necessidade de um estudo pormenorizado das fontes
de energia para que se se avalie fontes alternativas de energia para determinar o que é
“cientificamente possível, ambientalmente aceitável e tecnologicamente promissor” capaz de
proporcionar o desenvolvimento sustentável.
Já é possível aos próprios consumidores gerar a energia que consomem através
dessas fontes e até “comercializar” a produção excedente e a tecnologia mais utilizada para isso
é a das placas solares que integram os sistemas fotovoltaicos.
A energia elétrica gerada a partir da energia solar utilizando células fotovoltaicas é
uma destas alternativas que vem se mostrando bastante interessante por ser limpa, barata e sem
impacto negativo para o meio ambiente.
Para que esses sistemas trabalhem com o rendimento esperado, é necessário a
análise de alguns parâmetros, tais como dimensionamento, geografia do local de instalação,
inclinação, clima entre outros para melhor eficiência do sistema.
4

A estrutura deste estudo é subdividida em 3 bases que são apresentadas na seguinte


ordem.
A primeira é a base regulatória que apresenta leis e regulamentações que condiciona
os requisitos para o sistema de energia fotovoltaica. Já a segunda base nomeada base técnica
refere-se aos materiais e/ou equipamentos a serem utilizados no sistema fotovoltaico, por fim,
mas não menos importante vem a base econômica que tem por objetivo analise do investimento
a ser realizado na implementação do sistema fotovoltaico.
A partir do cenário elucidado, pretende-se desenvolver um sistema de geração
fotovoltaica empresarial, portando constituem-se como principais objetivos deste trabalho,
definição do local, análise técnica quanto ao consumo e a localização, dimensionar o sistema
de geração para atender a demanda de energia, desenvolvimento simulação de, analisar e definir
o layout do sistema gerador, calcular as variáveis econômicas para aplicação do sistema, tais
como, custo evitado, custo não evitado e economia e por fim realizar e compreender a
viabilidade através do Payback.
5

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Energia Solar Fotovoltaica

A Energia solar é a energia proveniente da luz e do calor do Sol.


Aproveitada por diversificadas tecnologias, entre elas podemos citar a geração de
energia fotovoltaica, foco deste estudo, a energia solar é considerada uma fonte de energia
renovável.
Outro fator relevante é a auto sustentabilidade, considerada inesgotável a energia
proveniente do sol oferece um amplo leque de possibilidades.
As tecnologias fazem uso de materiais semicondutores, tais como, silício cristalino,
capazes de converter a luz solar em energia elétrica através de arranjos (comumente
caracterizado como “junção” PNP ou NPN, que faz referência ao positivo e negativo das
cargas). Esta junção é aplicada em painéis fotovoltaicos conhecidos também como módulos
fotovoltaicos. Através de uma série de interligações, conversões e técnica, com o auxílio de
painéis, conversores, cabos e conectores, esta energia se torna utilizável e responsável pela
alimentação elétrica de residências, instituições, indústrias, entre outras aplicações.
Esta tecnologia foi desenvolvida inicialmente para atender as empresas do
segmento de telecomunicações, que visavam captar eventuais clientes, existentes em
localidades remotas, onde este tipo de tecnologia não é comum. (CRESESB, 2006).

2.2 O Potencial de Geração da Energia Fotovoltaica no Brasil

A linha imaginária do Equador atravessa o Brasil nos estados do Amazonas,


Roraima, Amapá, Pará e corta a cidade de Macapá onde se localiza o “MARCO ZERO”
monumento em homenagem a linha do equador transpassar a cidade. Este fato influencia
diretamente no clima quente predominante do nosso país, clima Equatorial, cujas principais
características são, elevada umidade do ar, alto índice pluviométrico e elevada temperatura.
Quanto mais próximo está um local da linha do equador, maiores as temperaturas registradas.
O Brasil possui ele seis diferentes climas – Tropical de Altitude, Atlântico,
Subtropical, Semiárido, Equatorial e Tropical, de acordo com a figura 1 – os sistemas de energia
renovável, solar e eólica, são favorecidos por isto. (FRANCISCO, 2018)
6

Figura 1 - Diferentes climas do Brasil

Fonte: BASTOS, 2018, p.2.

O Brasil, assim como outros países, era muito dependente da energia gerada em
decorrência utilização de derivados de combustíveis fósseis, mas com a crise do petróleo, o
Brasil passou por dificuldades energéticas e isto conteve sua evolução naquele momento.
Como já sabemos o país possui um vasto território e sua posição geográfica
privilegiada possibilita o desenvolvimento de inúmeras fontes de energia renováveis para a
geração de energia elétrica.
Com 8.514.876 quilômetros quadrados de área, apresentando-se inferior apenas à
Rússia, Canadá, China e Estados Unidos, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking de países
mais extensos do planeta (FRANCISCO, 2018).
A água ainda é a principal fonte de geração de energia através das usinas
hidrelétricas, porém, devido aos altos custos e o enorme impacto gerado para a implementação
deste meio novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas com o intuito de minimizar a
dependência deste meio, diversificar e complementar as possibilidades de geração através das
energias alternativas, tais como, a energia solar que utiliza painéis fotovoltaicos e energia eólica
que utiliza torres eólicas com aero geradores.
7

As energias renováveis são formas de produção de energia que se utilizam de fontes


capazes de manter-se disponíveis por longo tempo e que se regeneram constantemente (PENA,
2019)
Frente a atual crise que assola o mundo, faz-se necessário pensar estratégias
econômicas que proporcionam a retomada do crescimento em curto ou médio período de tempo.
A produção de energia fotovoltaica deve ser vista como facilitadora e
impulsionadora da retomada do crescimento do país com potencial para alavancar diversos
setores da economia, exigindo cada vez mais um voto de confiança e requerendo um maior
investimento para seu crescimento e um olhar cientifico que reconheça sua capacidade
renovadora que não pretende substituir, mas sim complementar com êxito as demais fontes de
energia já existentes e garantir a eficiência energética do país e capaz de gerar diversos postos
de trabalho.
Contudo geração fotovoltaica é apenas a terceira fonte de energia renovável mais
utilizada pelos países, ficando atrás apenas das energias hidráulica e eólica, entretanto, ainda
sim, no Brasil, representa menos de 1% da energia total gerada, como podemos verificar na
Figura 2 (BASTOS, 2018).

Figura 2 - Matriz de produção de energia elétrica 2018

Fonte: BASTOS, 2018, p.2.


8

2.3 A Produção de Energia Elétrica Por Meio das Células Fotovoltaicas

Algumas tecnologias hoje existentes, permitem a geração de eletricidade através da


luz do sol:
A Energia Solar Fotovoltaica consiste na transformação da radiação solar
diretamente em corrente elétrica por meio das células fotovoltaicas, as quais compõem os
módulos (ou placas fotovoltaicas), que ficam expostos sob a luz do sol.
Essa tecnologia, além de ser utilizada em grandes projetos de usinas solares, hoje
já se espalha por milhões de lares e comércios pelo mundo por meio dos chamados sistemas
fotovoltaicos conectados à rede que integram a geração distribuída de energia.
Ao utilizar materiais semicondutores, tais como o silício, para a geração de energia
través dos raios emitidos pelo sol, a tecnologia fotovoltaica vem sendo aprimorada afim de
possibilitar melhorias quanto a capacidade de geração de energia tornando-se uma fonte de
energia viável e com necessidade de pouca manutenção. A Figura 3 apresenta a estrutura física
de uma célula fotovoltaica.

Figura 3 - Estrutura física de uma junção positivo/negativo de uma célula fotovoltaica

Fonte: PINHO; GALDINO, 2014, p.112.


9

2.4 Células Fotovoltaicas

As células fotovoltaicas se tornaram possíveis devido à estudos desenvolvidos por


William Shockley por volta de 1949, onde constatou-se que através da junção das regiões
positivas e negativas entre dois semicondutores era possível gerar, a partir de então foi possível
de projetar os primeiros transistores.
Os estudos continuaram e alguns anos depois ocorreu a revolução dos
semicondutores, daí surgiu as primeiras células fotovoltaicas, desenvolvidas pela empresa Bell
Telephone Company no ano de 1954, porém, ainda era mais viável gerar através das centrais
de carvão, a título de curiosidade, naquela época o custo de geração fotoelétrica era pelo menos
seis vezes maior do que o modo convencional.

2.4.1 Curva característica I-V

Segundo Pinho e Galdino (2014), a corrente elétrica em uma célula fotovoltaica


pode ser representada pela soma da corrente gerada pela absorção da radição solar pelos fótons
e a corrente gerada em decorrência de uma junção positivo/negativo (diodo semicondutor). A
corrente (I) resultante desta soma, em função da tensão (V) no meio é denominada curva
característica ou de curva I-V. Através da figura 4, podemos observar a curva caraterística de
uma célula fotovoltaica de Silicio, onde:
Isc é a nomenclatura adotada para representar a corrente de curto circuito, ou seja,
representa a corrente máxima que estará sujeita e pode ser obtida através de medição junto aos
terminais da célula, quando a tensão elétrica entre estes terminais for igual a zero.
Imp indica a corrente de máxima potência na curva.
Voc é a nomenclatura adotada para representar a tensão de circuito aberto, ou seja,
tensão encontrada entre os terminas da célula além do mais é a tensão máxima que está célula
poderá produzir.
Vmp indica a tensão de máxima potência na curva característica.
Pmp indica o ponto na curva onde o sistema obterá a máxima potência, daí a
correlação entre a tensão e a corrente.
10

Figura 4: Curva característica I-V de uma célula fotovoltaica

Fonte: PINHO; GALDINO, 2014, p.118

De acordo com Pinho e Galdino (2014), o ponto de máxima potência (Pmp), pode
ser obtido através do produto entre a corrente de máxima potência e a tensão de máxima
potência. A figura 5, faz referência ao texto acima elucidado.

Figura 5: Relação entre potência e tensão de um módulo fotovoltaico

Fonte: VILLALVA, 2015, p.75

2.4.2 Efeito da temperatura nas células

Segundo Pinho e Galdino (2014), a variação de temperatura ambiente e a incidência


de radiação solar, influenciam diretamente na temperatura das células e consequentemente na
temperatura dos módulos FV. Esta variação influencia diretamente na capacidade de produção
dos módulos. As figuras abaixo esboçam o cenário acima elucidado, na qual a figura 6 faz
referência a radiação solar, esta por sua vez, é responsável pela variação de corrente do módulo,
11

já a figura 7 faz referência a temperatura, responsável pela variação de tensão, resumidamente,


quanto maior a temperatura menor será a tensão gerada.

Figura 6: Influência da radiação solar

Fonte: VILLALVA, 2015, p.78

Figura 7: Influência da temperatura

Fonte: VILLALVA, 2015, p.78

2.4.3 Tipos de células fotovoltaicas

Atualmente os módulos FV podem ser compostos por diferentes tipos de células


fotovoltaicas que podem ser classificadas quanto a sua arquitetura ou aplicação, abaixo citamos
alguns tipos e suas características.
12

Células de Silício Cristalino, são compostas por lingotes de silício cristalino, na


qual passam por tratamento químico para que estas venham ser capazes de produzirem energia
através do efeito fotovoltaico, o principal material utilizado no processo de fabricação destes
lingotes é o conhecido como “silício de grau solar” na qual sua composição química é dada por
SoG-Si, (PORTAL, 2011). Estas células possuem ainda duas classificações, silício
monocristalino e silício policristalino, que são abaixo, caracterizadas:
As células de Silício Monocristalino (mono-Si), são células mais eficientes, além
do mais possuem formato quadrado, com um leve arredondamento nas pontas, como mostra a
figura 8.

Figura 8: Painel fotovoltaico compostos por células de silício monocristalino.

Fonte: Solar Volt, 2015, p.57

Já as células de silício policristalino (multi-Si) passam por um processo de fundição


diferente. Em suma o silício purificado é fundido em grandes blocos, entretanto são menos
eficientes que as células de silício monocristalino, além disso, este tipo de célula é mais comum
em módulos FV.

Figura 9: Painel fotovoltaico compostos por células de silício policristalino.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


13

Além das células de silício cristalino, as células de filme fino, figura 10. Com
diversificados materiais na sua composição, entre eles o cádmio, cobre, gálio, entre outros as
células de filme fino apresentam uma eficiência de 2 a 3 por cento, menor que as células de
silício cristalino. Este tipo não é comumente encontrado em instalações convencionais

Figura 10: Células de filme fino.

Fonte: SILVA, 2018. p 22

E por fim, mas não menos importante temos as células de heterojunção. Estas
apresentam alta tecnologia na sua confecção e são compostas por camadas de silício amorfo e
micropartículas de silício monocristalino. Este tipo célula é mais eficiente que as demais no que
se diz respeito a geração, entretanto possuem alto valor de mercado devido a tecnologia aplicada
na fabricação, sendo geralmente utilizadas em aplicações especificas. (PORTAL, 2011).

2.5 Módulos Fotovoltaicos

Os módulos fovoltaicos, comumente conhecidos também como painéis


fotovoltaicos são constituídos por diversas células FV, distribuídas em diversificados arranjos.
A unificação destas células se deve em virtude da baixa capacidade de geração das
mesmas, algo entorno de 0,6 V por célula, portanto para se obter valores expressivos de geração,
desenvolveram os módulos FV que dependendo da faixa de potência do sistema, são capazes
de atingir entre 40 a 70 V de tensão, entretanto a corrente dos módulos está diretamente ligada
à sua área de ocupação, pois quanto maior a área maior quantidade de radiação solar na qual o
módulo estará exposto.
14

Assim como as células, os módulos FV também podem ser associados em


diversificadas maneiras com o intuito de se obter os valores de corrente e tensão desejados.
Nas interligações em série, os terminais de polaridade opostas são interligados,
como podemos verificar figura 11.

Figura 11: Modelos de associação dos módulos em série.

Fonte: VILLALVA, 2015, p.87

Neste tipo de interligação a corrente que flui é a mesma para todos os painéis já a tensão gerada
por um painel é somada com a tensão gerada pelo outro painel, o resultado deste acumulo pode
ser verificado através da figura 12.

Figura 12: Relação entre a corrente e a tensão na associação de módulos em série.

Fonte: VILLALVA, 2015, p.88


15

Já nas interligações em paralelo, os terminais de mesma polaridade são interligados, como


podemos verificar figura 13.

Figura 13: Modelos de associação dos módulos em paralelo.

Fonte: VILLALVA, 2015, p.87

Diferentemente das interligações em série, nas interligações em paralelo a tensão que flui é a
mesma para todos os painéis já a corrente um painel é somada a corrente gerada pelo outro
painel, o resultado deste acumulo pode ser verificado através da figura 14.

Figura 14: Relação entre a corrente e a tensão na associação de módulos em paralelo.

Fonte: VILLALVA, 2015, p.88

Já as interligações mistas (série-paralelo), figura 15, é dada pela união de grupos em série e
grupos em paralelo, desta forma é possível elevar os níveis de tensão e corrente do sistema,
16

como consequência obtemos a melhora do ponto máxima potência, como podemos observar na
figura 16.

Figura 15: Relação entre a corrente e a tensão na associação de módulos em paralelo.

Fonte: VILLALVA, 2015, p.89

Figura 16: Relação entre a corrente e a tensão na associação de módulos em série-paralelo.

Fonte: VILLALVA, 2015, p.89

2.6 Conversores

Segundo Villalva (2015), os conversores são equipamentos eletrônicos, capazes de


converter, tensão (V) e corrente (I), inicialmente continuas (CC) em alternada (CA), por isso a
utilização dos conversores é imprescindível em sistemas fotovoltaicos.
17

A grande maioria dos eletrodomésticos e/ou equipamentos utilizados em nossas


residências, são alimentados pela rede em tensão e corrente alternada.
O princípio de funcionamento de inversores trata de “chaveamentos” intercalados
em transistores. Estes transistores são componentes eletrônicos capazes de conduzir e
interromper a circulação de corrente.
Os conversores são equipamentos essenciais para a implantação dos sistemas
fotovoltaicos residenciais/industriais.

2.7 Sistemas Fotovoltaicos

Os sistemas fotovoltaicos podem ser divididos em duas modalidades, sendo,


sistemas autônomos e sistemas conectados à rede de energia.
O primeiro é utilizado em regiões onde a conexão com a rede é dificultada,
geralmente em áreas isoladas e difícil acesso, já o segundo opera paralelamente com a rede de
distribuição de energia, atendendo estabelecimento, empresas e residências.

2.7.1 Sistemas autônomos

Os sistemas autônomos, como o próprio nome sugere, são sistemas de geração


totalmente independentes da rede, que utilizam na sua composição um banco de baterias para
armazenar a energia gerada no decorrer do período de produção. Esta configuração de sistema
pode ser mais facilmente encontrada em zonas rurais, para fornecer energia ao maquinário
agrícola, veículos, sistemas de iluminação e residências. A figura 17 apresenta um esboço do
sistema autônomo.

Figura 17: Esboço de interligação de sistema autônomo.

Fonte: SILVA, 2018, p.14


18

Segundo Pinho e Galdino (2014), o sistema é composto por um grupo de painéis


fotovoltaicos, responsáveis por produzir a energia em tensões e correntes, continuas. Um banco
de baterias também é utilizado com o intuito de armazenar a energia gerada. O controlador de
carga realiza a interligação entre o grupo de módulos FV e o banco de baterias e busca evitar
que o último sofra com sucessivos ciclos de carga e descarga, aumentando assim o tempo de
vida útil do banco. O conversor é responsável por tratar e converter a energia possibilitando a
sua utilização. Convertendo energia contínua (CC) para alternada (CA).

2.7.2 Sistemas conectados à rede

Conforme afirma Pinho e Galdino (2014), os sistemas conectados à rede são


compostos por grupos de painéis fotovoltaicos, inversores, um medidor bi-direcional, conforme
indica figura 18.

Figura 18: Esboço de interligação de sistema conectado à rede.

Fonte: SMART SUN ENGENHARIA, 2018, p.14

Nesta modalidade a energia gerada será utilizada na rede interna do estabelecimento


e a geração excedente será exportada para a rede da concessionária, gerando créditos (kWh)
para o consumidor, que poderá ser utilizado e obter descontos na conta de energia.
19

3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento e realização deste projeto, foram empregados, diferentes


métodos de pesquisa, classificados quanto à abordagem do tema, a natureza, aos procedimentos
técnicos para captação e recolhimento de dados e quanto ao objetivo (BEUREN, 2004; GIL,
2002; VERGARA, 2004).
Para abordagem do tema foram utilizadas pesquisas de natureza experimental com
abordagem tanto quantitativa como qualitativa.
Para a coleta de dados, foram empregadas medições utilizando equipamentos e
softwares disponibilizados na Tesla Eletricidade e as medições ocorrerão entre março e junho
de 2020.
Em relação aos objetivos, a pesquisa teve característica comparativa, sendo
apresentados valores das medições, gráficos e comparativos para cada situação.
Quanto aos procedimentos, será objeto de estudo a análise comparativa do sistema
convencional anteriormente utilizado e sistema fotovoltaico implementado atualmente, onde o
mesmo foi fundamentado em uma vasta pesquisa bibliográfica de livros, artigos e sites, que são
essenciais para o entendimento do tema e interpretação dos dados.
Quanto à natureza, a pesquisa foi do tipo aplicada, uma vez que pretendesse
apresentar um estudo de caso para implementação de sistema fotovoltaico empresarial.
Os dados serão coletados, de março a junho de 2020, nas dependências da Tesla
Eletricidade, a partir de observações sistematizadas feitas pelo pesquisador.
Após os dados serem coletados, será feita uma organização em gráficos e/ou
tabelas, analisados e interpretados, serão apresentados em relatório final pelo pesquisador.
Por fim, apresenta-se a conclusão acerca da pesquisa realizada, contudo, orientamos
a leitura de todo conteúdo para que se tenha um melhor entendimento dos resultados e objetivos
deste trabalho.
20

4 ESTUDO DE CASO

O presente trabalho tem por objetivo realizar um estudo de caso referente a


instalação de um sistema de geração fotovoltaica, com modelagem On-Grid. Os estudos serão
desenvolvidos e pautados no decorrer deste capítulo.
O objeto de estudo será a Tesla Eletricidade Industrial Eirelli, mais uma grande
empresa do segmento de prestação de serviços de nosso país que está sediada no estado de
Minas Gerais, mais precisamente na cidade de Sete Lagoas.
Fundada no ano de 1995 pelo seu presidente/proprietário, Sr. Eduardo da Rocha, a
Tesla Eletricidade contabiliza atuação em boa parte do território nacional.
A empresa possui uma vasta e invejável carteira de clientes, onde podemos citar
algumas das maiores empresas do nosso país. A instituição busca aprimoramento e inovação
nas tecnologias aplicadas primando pela melhoria continua dos serviços por ela prestados.
Seguindo o aspecto visionário de seu presidente, a Tesla Eletricidade tem como
meta o melhor desempenho de seus colaboradores e satisfação de seus clientes, oferecendo
contínuos treinamentos práticos e teóricos, nas áreas associadas à saúde, segurança, meio
ambiente e responsabilidade social.
Ao longo dos seus 25 anos de mercado a Tesla eletricidade tem contabilizado
diversos avanços, que possibilitaram a consolidação da marca fazendo-a despontar no mercado
de prestação de serviços. No ano de 2020, em meio à crise, econômica, social, política e
humanitária, decidiu implantar o sistema próprio de geração de energia, fotovoltaica, que a
torna autossustentável e eventualmente fornecedora da produção excedente de energia elétrica.
Este contato com este ambiente produtivo inovador tornou-se grande fator
motivacional e decisivo para a escolha deste tema e desenvolvimento desta pesquisa.

4.1 Definição Do Local

Para que um local seja adequado para a implantação de um sistema de energia


fotovoltaica, aspectos como a disponibilidade e a intensidade da energia solar são cruciais, pois
obstáculos locais, como árvores e prédios existentes no entorno da edificação, provocam
sombras o que minimiza o rendimento dos módulos.
21

A partir deste ponto todo o roteiro do dimensionamento do sistema fotovoltaico da


Tesla Eletricidade Industrial Eirelli, situada no Bairro Dante Lanza, esquina com as ruas
Daniela Bahia Lanza e Avenida Arthur Lanza, situadas em Sete Lagoas – MG. A coordenada
geográfica deste lugar corresponde à latitude: 19°27’56.345” S, longitude: 44°13’45.768” O
conforme apresenta figura 19 com altitude de 734 metros acima do nível do mar.

Figura 19 – Vista superior e coordenadas geográficas do local de instalação do sistema


fotovoltaico.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Do ponto de vista arquitetônico, trata-se de um prédio administrativo, conforme


apresenta figura 21. O estabelecimento é subdividido em 2 pavimentos com aproximadamente
564 metros quadrados de área construída total e possui pouca ou nenhuma influência de sombra
sobre seu telhado, devido a sua localização e altura. Deseja-se por aproveitar a área disponível
no telhado da edificação, cerca de 153 metros quadrados, para a instalação do conjunto de
painéis fotovoltaicos.

Figura 20 – Vista frontal do prédio administrativo.


22

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

4.2 Viabilidade

Antes de desenvolvermos e/ou implementarmos qualquer projeto o fator viabilidade


deve ser analisado criteriosamente, pois através deste estudo podemos quantificar, dimensionar
e analisar cada uma das diretrizes, econômica, técnica e sustentável.
Pautado neste princípio, este estudo de caso busca analisar cada uma destas
variáveis afim de verificar a viabilidade ou não da implementação do sistema de geração
fotovoltaico da instituição em questão.
Para definirmos se o sistema em questão é viável, analisaremos de radiação do local,
o consumo de energia (kWh) da instituição, realização de pré-projeto do sistema,
dimensionamento e especificação dos equipamentos, os custos estimados de implementação,
simulação em software e analise do retorno financeiro do sistema através do payback.

4.2.1 Irradiação no local

Partindo do princípio para análise de viabilidade do sistema de geração fotovoltaico


um fator primordial que deve ser considerado pois tem forte impacto, entretanto foge da ação
humana, este fator, denominado irradiância, será relevante para definirmos a viabilidade ou não
do sistema fotovoltaico em determinada localidade. Além da irradiância, o sombreamento, a
orientação dos módulos e a inclinação dos mesmos em relação a localização do sol, são fatores
23

extremamente importantes para uma melhor eficiência do sistema e melhor rendimento dos
módulos.
Importante observar a elevação da temperatura de trabalho dos módulos que é fator
preponderante no desempenho das células.
Dentro deste contexto a avaliação do recurso solar foi desenvolvida com base no
histórico de dados antecessores ao período base desta pesquisa e de radiação solar na região de
Sete Lagoas presentes no Atlas Brasileiro de Energia Solar (2006) e Atlas Solarimétrico do
Brasil (2000) conforme apresenta tabela 1.

Tabela 1: Potencial de geração região de Sete Lagoas.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Para definição do critério de viabilidade analisamos a radiação solar, difusa e direta


no local, como verificamos na figura 21 e tabela 2, verificados através da base de dados do
“SunData” do CRESESB – CEPEL (2018), através das informações coletadas percebemos que
a irradiação solar diária média mensal no plano horizontal foi de 5,27 kWh/m².dia na inclinação
de 0º ao norte e a média da maior média anual foi de 5,51 kWh/m².dia na inclinação de 20º ao
norte, conforme detalha tabela 3.

Tabela 2: Radiação solar diária média na superfície dos módulos (kWh/m²).


24

Fonte: CRESESB – CEPEL, 2018

Figura 21: Radiação solar diária média na superfície dos módulos (kWh/m²).

Fonte: CRESESB – CEPEL, 2018

Tabela 3: Irradiação solar no plano inclinado - Sete Lagoas.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


25

Podemos notar, através do gráfico 1, que na maioria dos meses do ano a média
mensal no plano horizontal é inferior a maior média anual, verificamos também que o mês de
junho apresenta menor média mensal no plano horizontal.

Gráfico 1: Irradiação solar no plano inclinado - Sete Lagoas.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

É importante ressaltar que conforme informações CRESESB (Centro de Referência


para as Energias Solar e Eólica Sérgio São Brito), os seis meses compreendidos entre abril e
setembro, tem uma média de radiação solar inferior à média compreendida entre os meses de
outubro a março. Na prática, quando um projeto é bem dimensionado, no período de radiação
maior, outubro a março, deve confirmar uma geração superior ao consumo médio mensal do
período, afim de acumular créditos para compensar o período de geração menor, abril a
setembro.

4.2.2 Consumo

Para dimensionamento do sistema a ser implementado analisamos o consumo anual


de energia elétrica através do histórico de medições compreendidas entre junho de 2019 e junho
de 2020. Abaixo apresento em formato de tabela 4, o histórico das medições realizadas no
período em questão. Através do gráfico 2 podemos visualizar melhor o consumo neste período.

Tabela 4: Consumo de energia compreendido entre o período de 07/2019 e 06/2020.


26

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Gráfico 2: Consumo de energia compreendido entre o período de 07/2019 e 06/2020.

CONSUMO (KWH/MÊS)
2.500 2.163 2.297 2.180
2.038 1.987
CONSUMO (KWH)

2.000 1.583 1.713


1.437
1.500 1.152 1.177 1.163
912
1.000
500
0
jul-19 ago-19 set-19 out-19 nov-19 dez-19 jan-20 fev-20 mar-20 abr-20 mai-20 jun-20
MÊS

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Para atender a demanda de consumo neste intervalo de tempo, foram necessários


cerca de 19.800 kWh, com um consumo médio diário de 54,5 kWh e como não poderia ser
diferente, para arcar com os custos deste consumo foi necessário desembolsar um total de R$
17.467,00 conforme podemos verificar na tabela 5, abaixo apresentada.

Tabela 5: Consumo de energia compreendido entre o período de 07/2019 e 06/2020.


27

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Com estas informações foi possível realizar o cálculo da média aritmética simples,
tanto para o consumo quanto para o investimento, dentro deste período.
Segundo (CAZORLA, 2003) o conceito matemático da média aritmética simples,
consiste em somar todos os valores da variável (x) e dividir pelo número de eventos (n)
envolvidos na soma, conforme apresenta a equação (1), abaixo apresentada:

𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 + ⋯ 𝑥𝑛
𝑀=
𝑛
(1)

Onde:
M é a média aritmética simples;
x são os valores da variável;
n é o número de eventos.

Diante deste cenário concluímos que durante o período de 12 meses o consumo médio foi de
1.650 kWh e o custo médio para manter o as dependências do estabelecimento foi de R$
1.455,58 com o custo médio R$ 0,88 por quilowatt consumido.
28

4.2.3 Pré-projeto

Com o intuito entendermos a magnitude do sistema a ser implementados e


realizarmos uma análise prévia do sistema, foi elaborado um pré-projeto. A simulação foi
desenvolvida com o auxílio do software PVSYST no qual, inserimos informações como,
orientação, potência anual, arquitetura dos módulos, método de instalação, conforme detalha
anexo 2.
Podemos concluir que através desta simulação os valores médios mensais para
atender a demanda de 19800kWh, são apresentados na tabela 6.

Tabela 6: Geração média mínima.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Com base nessa informação partimos para o dimensionamento dos equipamentos que irão
compor o sistema fotovoltaico.

4.2.4 Dimensionamento dos Equipamentos

A assertividade no dimensionamento de qualquer projeto é de fundamental


importância para sua viabilidade, por isso a análise de todos os componentes que compõem o
sistema de geração se faz necessário. Diante deste cenário, a especificação e dimensionamento
dos componentes, poderá ser dividida entre módulos fotovoltaicos, conversor de frequência e
materiais complementares para conexão e proteção do circuito.
29

4.2.4.1 Módulos

O primeiro passo para o dimensionamento dos equipamentos é definir o modelo


dos módulos geradores fotovoltaicos a serem a implementados ao sistema e logo após a
quantidade módulos necessários para atender a demanda.
Partindo deste princípio decidiu-se implementar o painel fotovoltaico fabricado
pela Yingli Solar, modelo YL330P-35B, conforme características abaixo apresentadas através
da tabela 7.

Tabela 7: Parâmetros do painel fotovoltaico.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Um fator que contribuiu para a escolha deste painel foi a facilidade para encontrá-
lo no mercado, além disso a empresa responsável pela fabricação deste painel, Yingli Solar,
está entre os 10 maiores fabricantes do mundo.
Diante da escolha deste painel e com base nos dados técnicos do mesmo, realizamos
o cálculo de área para ocupação, neste caso, de acordo com a especificação o módulo possui
dimensões as 992 mm de largura, 2000 mm de comprimento com 40mm de espessura.
Utilizando a equação (2) para o cálculo área, obtivemos 1,98 metros quadrados.
Este valor representa o espaço mínimo que cada módulo ocupa.
30

𝐴 = 𝑏 .ℎ
(2)
𝐴 = 0,992𝑚 . 2𝑚
(3)
𝐴 = 1,984 𝑚²
(4)

Onde:
A é a área que pretende obter;
b é a base, no nosso caso trata-se da largura do módulo;
 h representa a altura do módulo.

O objetivo é aproveitar a área disponível no telhado metálico, cerca de 153 metros


quadrados, já que este possui uma maior área livre de obstáculos, ideal para a instalação dos
módulos e maior robustez se comparado ao restante do telhado, que é composto por telhas de
fibrocimento.
A área do telhado metálico pode ser visualizada através da figura 22, vista superior
em planta do edifício, área destacada na cor verde.

Figura 22: Vista superior em planta.


31

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Dividindo a área disponível, cerca de 153m², pela área de ocupação de cada módulo,
aproximadamente 1,98 m², obtemos a quantidade máxima de módulos que poderão ser
instalados no local, nas condições propostas. Este cálculo pode ser verificado através da
equação (5), apresentada abaixo.

Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜
(5)
153𝑚²
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =
1,984 𝑚²
(6)
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 77
(7)
Onde:
nº de módulos é quantidade máxima de painéis FV que poderão ser instalados no local
32

designado;
Área disponível é a área do local definido para instalação dos painéis FV;
Área calculada do painel FV.
Concluímos então que diante do cenário atual, poderão ser instalados sobre o
telhado, até 77 painéis conforme as especificações informadas.
Os detalhes de instalação dos módulos é outro fator relevante no processo e para
que o sistema apresente um rendimento satisfatório a exposição, quanto a orientação e
inclinação dos mesmos é de suma importância, com isso para garantirmos uma melhor
eficiência, os módulos serão instalados com uma orientação de -102,40° (azimute) em relação
ao sul, e terá uma inclinação horizontal de 5,00°, inclinação do telhado, conforme figura 23.
Para definirmos a quantidade de módulos a serem utilizados na unidade geradora,
dividimos o consumo total de energia compreendido no intervalo de tempo entre julho de 2019
e junho de 2020, conforme tabela 4, pela capacidade de geração do módulo escolhido conforme
tabela (7), como podemos verificar na equação 8, abaixo apresentada.

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =
𝐶𝑎𝑝. 𝑑𝑒 𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜
(8)
19.802 𝑘𝑊
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =
330 𝑊
(9)
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 60
(10)

Portanto, para suprir a demanda em condições ideais de radiação solar, unidade


geradora será composta por pelo menos 60 módulos fotovoltaicos de Silício policristalino, este
módulo possui uma vida útil estimada de mais de 25 anos e degradação da geração entorno de
0,8 % ao ano, devido ao envelhecimento.
A composição dos módulos será responsável pela ocupação de 119 metros
quadrados do telhado. Para a instalação dos módulos na área desejada, desenvolveu-se um
esboço com a predisposição dos 60 módulos, este esboço pode ser verificado através da figura
23.
33

Figura 23: Pré-disposição dos painéis.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Uma vez definida quantidade de painéis fotovoltaicos do sistema de geração


partimos para definição do conversor a ser instalado.

4.2.4.2 Conversor

Para o dimensionamento do conversor, figura 25, adotou-se a topologia de


conversor multi-strings, os conjuntos de strings serão conectados aos 2 canais MPPT
(rastreador de máxima potência) afim de obter um melhor controle e otimizar o desempenho do
sistema.
Utilizando o critério da potência, que, segundo a norma NBR 15149, os módulos
conversores devem estar entre 80% - 120% da potência nominal dos módulos fotovoltaicos, ou
seja, para o nosso sistema a potência nominal é de 19,8 kWp, analisando a linha de conversores
do fabricante Omnik Solar, selecionamos o modelo Omniksol 20K-TL OMNIKSOL, que
apresenta uma potência máxima de 20,4 kWp, o que representa aproximadamente 103% da
potência nominal dos módulos FV. A características elétricas do modelo selecionado podem
ser verificadas através da tabela 8, abaixo apresentada, já na figura 24, em perspectiva, o modelo
de conversor selecionado.

Tabela 8 - Especificações do conversor.


34

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Figura 24– Conversor Omnik Solar, modelo Omniksol 20K-TL OMNIKSOL.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

As instalações atenderão às seguintes condições (a serem executadas para cada


"gerador solar", entendida como um conjunto de módulos fotovoltaicos com o mesmo ângulo
e a mesma orientação).
Na fase inicial do sistema fotovoltaico, a relação entre a energia ou a potência
produzida em corrente alternada e a energia ou a potência produzível em corrente alternada
(determinada em função da radiação solar incidente sobre o plano de um dos módulos, da
potência nominal do sistema e a temperatura de funcionamento dos módulos) é, pelo menos,
maior do que 78%, no caso de utilização de conversores de potência até 20 kW, e 80% no caso
35

de utilização de conversores de maior potência, em relação às condições de medição e métodos


de cálculo descritos no Guia EN 60904-2.

4.2.4.3 Configuração do arranjo fotovoltaico

Como dito anteriormente, o sistema será composto por 1 conversor de 20 kWp e


uma potência de 19,8 kW, que é composto por 60 módulos FV e ocuparam cerca de 119 metros
quadrados da área destinada, entretanto ainda resta definir o arranjo na qual os módulos estarão
dispostos no sistema, com o intuito de balancear a corrente e a tensão, conforme informações
técnicas do conversor a ser utilizado.
O conversor dispõe de 2 MPPT’s e ambos possuem tensões máximas de 1kV e
correntes máximas de 25,0 A para os 2 rastreadores. Assim como a grande parte dos fabricantes,
este também possibilita dois tipos de configuração com relação aos rastreadores de máxima
potência (maximum power point tracking), que podem ser descritas da seguinte maneira:
MPPT 1+MPPT 2 – operação conjunta.
MPPT 1/MPPT 2 – operação independente
Optou-se pela montagem de um sistema equilibrado uma vez que as condições
variáveis de MPPT’s são idênticas. Partimos então para o cálculo de tamanho da string.
O tamanho máximo da String, são os módulos em série, pode ser obtido através da
equação (11), considerando 90% da tensão máxima admissível na entrada do inversor e a tensão
em circuito aberto do módulo fotovoltaico.

𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑚á𝑥 =
(11)
0,9 . 850 𝑉
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑚á𝑥 =
46,4 𝑉
(12)
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑚á𝑥 = 16
(13)
36

A quantidade linhas de string, considerando a corrente máxima admissível na


entrada do conversor e a corrente de curto circuito do módulo fotovoltaico e define a quantidade
máxima de módulos em paralelo, este cálculo pode ser verificado através da equação (14).

𝐿𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑠𝑡𝑟𝑖𝑛𝑔 =
(14)
0,9 . 25 𝐴
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑚á𝑥 =
9,29 𝐴
(15)
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑚á𝑥 ≅ 3
(16)

Com as informações de tamanho máximo da string e o número máximo de linhas


de string por MPPT’s, definiu-se a seguinte configuração. O MPPT 1 será composto 3 strings
conectados em paralelo e cada string será composta por 10 módulos conectados em série,
gerando uma tensão resultante em circuito aberto de 368 V para um total de 30 módulos.
O MPPT 2 terá a mesma configuração do MPPT 2.

4.2.4.4 Fusíveis no lado de corrente contínua (CC)

Segundo (HASELHUHN,2020) unidades geradoras fotovoltaica (FV), são


executadas em classe II, por isto, uma eventual falta dupla só pode causa sobrecarga nas strings
ou nos módulos FV por através das correntes de retorno, um exemplo está relacionado ao curto-
circuito no módulo, na qual é gerado um afundamento, neste caso a soma das demais correntes
da séries irão fluir pela série defeituosa, sendo assim é necessário prever a proteção contra
sobrecorrentes através da inserção de fusíveis para proteção das strings.
Em concordância com a norma IEC 60364, para conjuntos com 2 ou mais strings
em paralelo, se faz necessário a utilização de fusíveis para proteção. A corrente máxima
suportada pelos fusíveis pode ser verificada na seguinte condição, na qual a corrente nominal
dos fusíveis deve ser maior ou igual a corrente de curto-circuito do string e menor ou igual a
37

corrente reversa suportada pelo módulo FV que no nosso caso é 15A, esta condição pode ser
verificada conforme detalha a equação (17), abaixo apresentada.

𝐼𝑠𝑐 ≤ 𝐼𝑓 ≤ 𝐼𝑟
(17)
9,29 ≤ 𝐼𝑓 ≤ 15𝐴
(18)

Em atenção a esta condição, utilizaremos um fusível com capacidade de condução


até 15A. Como o sistema possui seis strings, serão necessários 6 fusíveis, cartucho ultrarrápido
e seus respectivos porta-fusíveis.

4.2.4.5 Dimensionamento dos Cabos no Lado (CC)

Assim como no dimensionamento dos fusíveis, para o dimensionamento dos


condutores em sistemas com mais de duas strings em paralelo, devemos levar em conta pelo
menos dois fatores, capacidade de condução do condutor e a queda de tensão no mesmo, ambos
elucidados abaixo
A capacidade de condução do condutor, como o próprio tema sugere, está ligado a
capacidade máximo que um determinado condutor possui, sem que ocorra prejuízo ou
deformação do mesmo, ou seja, é o limite de condução deste determinado condutor.
Para conjuntos FV com mais de duas strings em paralelo, o dimensionamento destes
condutores deve levar em consideração, assim como nos fusíveis, a corrente máxima reversa.
Para isto adotamos a informação informada pelo fabricante do módulo FV que no nosso caso é
15A. Diante desta condição então o cabo com seção de 2,5 mm2, 0,6/1,0 kV, isolação em XLPE,
90°C foi previamente selecionado de acordo com o método de instalação B1 (eletrocalha),
porém para o critério “queda de tensão”, este condutor não atenderia. Para definição da seção
mínima do cabo, adotamos algumas informações contidas na norma IEC 60364-7-712, na qual
são indicados, valores de perdas por queda de tensão em cada uma das interligações sejam elas
Painel FV/Conversor ou Conversor/Rede, conforme indica a tabela 9.

Tabela 9 - Valor das quedas de tensões para sistemas conectados.


38

Fonte: IEC 60364-7-712

A seção do condutor, em milímetros quadrados, é representada por (Smm2). O


comprimento ou distância, em metros (32m), entre o conector do módulo até a conexão a
conexão com o conversor é representada por L. O valor da corrente dimensionada para o cabo,
em amperes, é representada por Icabo. A condutibilidade do material condutor, no nosso caso
estamos utilizando cabos de cobre, na qual a condutibilidade é iqual a 56(Ωm-¹) e representada
na equação através de Ɵ, já a queda de tensão permitida, no trecho CC, é de 1% e é representada
por QV. A tensão em máxima potência da string, sua unidade é dada em volts (V) e pode ser
representada por Vstring.
Diante disto para dimensionar a seção mínima do cabo, utilizamos a equação 8,
abaixo apresentada.

2 . 𝐿 . 𝐼𝑐𝑎𝑏𝑜
𝑆𝑚𝑚2 =
∅ . 𝑄𝑉 . 𝑉𝑠𝑡𝑟𝑖𝑛𝑔
(19)
2 . 32 . 15
𝑆𝑚𝑚2 =
56 . 0,01 . 368
(20)
𝑆𝑚𝑚2 = 4,65 𝑚𝑚2
(21)

Portanto a corrente suportada pelos condutores elétricos nas instalações CC através


do método de queda de tensão será um cabo com seção de 6,0 mm2, 0,6/1,0 kV, 70°C, com
capacidade condução até 36A, conforme a tabela 10.

Tabela 10: Capacidade de condução de corrente.


39

Fonte: PRYSMIAN GROUP, 2011

4.2.4.6 Disjuntor lado CA

No lado CA do inversor será utilizado um disjuntor para a proteção do próprio


inversor e dos condutores elétricos. Este ainda será implementado dom o intuito de facilitar o
seccionamento do circuito para realização de manobras para manutenções preventivas e
corretivas que venham ser necessárias. Desta forma, para dimensionar o disjuntor, é necessário
analisar a corrente máxima de saída do inversor que será protegido.
Conforme o catálogo do fabricante, a corrente máxima de saída do inversor é de 29
A (ampères), portanto o disjuntor a ser utilizado deve atender esta especificação.
Neste caso, o disjuntor tripolar termomagnético, curva B, corrente nominal de 25
A, fabricante WEG, linha MDW, o qual será instalado na saída de cada inversor.
40

4.2.4.7 Tranformador e demais componentes

É parte integrante do sistema, um stringbox, um quadro de proteção para o sistema,


estruturas metálicas de perfis em alumínio, condutores de interligação, módulos/conversor
(parte CC) e conversor/rede (parte CA), conectores e um transformador. Este último por sua
vez é responsável pela compatibilização entre a tensão disponibilizada pelo conversor
(380/220V) e a tensão da rede (220/127V).

4.2.4.8 Simulação

Dentro de um vasto leque de aplicações para os sistemas fotovoltaicos, foram


desenvolvidos softwares e programas capazes de simular, auxiliando assim no
dimensionamento de equipamentos e otimização dos sistemas FV. Estes softwares possibilitam
verificar valores de tensão, corrente, potencia, estados da operação, eventuais erros e simulam
o funcionamento do sistema em diversificadas configurações.
Para simularmos este projeto contamos com o auxílio do software PVSYST. Muito
utilizado por instaladores e por pessoas do meio acadêmico este software, identifica com
precisão a radiação solar no endereço da geração, informação importante para se definir a
potência instalada para se obter a geração de kW/hora esperado.

4.2.6 Custos

Especificar e dimensionar equipamentos estimar material de, mas atrelado a isso


temos os gastos para a realização do mesmo, contudo o custo na implantação de um dado projeto
é essencial durante sua fase de levantamento, pois minimiza a possibilidade de que os gastos
previstos no início do projeto, estourem o orçamento inicial prejudicando assim os resultados
finais de implantação do mesmo.
Foi com este intuito que analisamos o custo de implantação do sistema de geração
FV em questão.
A tabela 11 apresenta os custos referentes a materiais, mão de obra de instalação,
custos operacionais e valor liquido global. Os custos foram levantados através de orçamentos e
pesquisa de mercados, ambos realizados pelo autor.
41

Tabela 11 – Levantamento de custos de implantação.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

4.2.6 Projeto

Através do Software PVSYST, configuramos os parâmetros calculados quanto a


potência e orientação conforme apresenta figura 25.
42

Figura 25: Parâmetros de entrada.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Após isto selecionamos os equipamentos conforme especificados, no decorrer


deste, inserindo então as informações quanto aos módulos FV e o ao conversor. Para os módulos
FV não foi possível inserir exatamente o modelo especificado no decorrer deste trabalho, pois
o software não disponibilizou o modelo em questão, entretanto, utilizamos um modelo similar
ao indicado, para análise dos dados referentes a simulação. Na figura 26 presentamos os
parâmetros selecionados para a configuração dos equipamentos e simulação do projeto.

Figura 26: Seleção dos equipamentos.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Em seguida, configuramos o software para o arranjo na qual os módulos estarão


instalados, neste caso, os 60 módulos FV foram subdivididos em 6 conjuntos (strings) contendo
10 módulos em série para cada conjunto. Demonstramos a configuração do arranjo através da
figura 27.

Figura 27: Configuração do arranjo.


43

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Através dos parâmetros informados, o software informou que o conversor está um


pouco acima do previsto, entretanto analisamos a linha de equipamentos do fabricante, tabela
12, percebemos que os modelos anteriores ao elucidado neste projeto não são capazes de
atender a demanda de geração anual, que é de 19,8MWp.

Tabela 12: Dados técnicos da linha de conversores Omnik.

Fonte: Solcentral, 2015.

Diante desta análise, o modelo do conversor, foi mantido e foi realizada a simulação
do sistema. Na figura 28, está apresentado o resumo do sistema.

Figura 28: Resumo sistema.


44

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Após configurarmos todo o sistema partimos para simulação. Os resultados podem


ser observados da figura 29.

Figura 29: Principais resultados da simulação.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Diante do cenário elucidado, podemos verificar através da tabela 13 que o sistema


será capaz de gerar cerca de 26,6 MWh, ou seja, mais de 26.600 kWh, entretanto devido as
perdas no sistema apenas, cerca de 3% da geração, a quantidade de energia disponível algo
entorno de 25,9 MWh, no período de 1 ano, obtendo se uma média mensal de 2.160 kWh.

Tabela 13: Estimativa de geração.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


45

4.2.7 Payback

O payback é o tempo necessário para recuperação do investimento realizado, ou


seja, o tempo necessário para que as economias realizadas com a implementação do sistema se
igualem ao valor a ser investido. (NEVES, G., 2019, p. 20)
Algumas das informações necessárias para a realização do cálculo de payback,
estão relacionadas, ao modelo de contratação da energia do cliente junto a concessionária, no
nosso caso temos uma instalação trifásica e segundo artigo 98 da RN 414 da Aneel, o custo de
disponibilidade do sistema elétrico é o valor da tarifa vigência do ano multiplicado por 100
kWh/mês estabelecido pela concessionária, multiplicado por 12 meses, o que resulta em 1.200
kWh/ano (ANEEL, 2010).
O valor médio do kWh/ano, praticado nos últimos 12 meses é de R$ 0,88. Com
estes dados, foi possível estimar e destacar estes custos.
Para os custos evitado e não evitado, foi considerando o índice médio de reajuste
anual com valor de 7%, conforme histórico de reajustes da ANEEL, isto nos últimos 5 anos.
Os custos calculados, evitado, não evitado (disponibilidade) e economia pode ser
verificado na tabela 14.

Tabela 14: Economia anual

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

O custo evitado é formado pela multiplicação entre a tarifa reajustada em 7% ao


ano e o consumo de energia durante o ano (kWh/Ano), já o custo não evitado faz referência ao
custo de disponibilidade. O resultado proveniente entre subtração destes dois custos é a
economia.
Se subtrairmos o valor da economia dentro destes 5 anos pelo valor do investimento,
R$ 72.200,00, ao final deste período o investimento estará devidamente quitado e ainda sim,
46

obteremos uma economia de R$ 30.472,00 aproximadamente, que poderá ser utilizado em


outros investimentos.
Ao final estimamos que o tempo para retorno do investimento é de 3 anos e 9 meses.
47

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho, aqui apresentado, realizou o estudo de viabilidade para


implantação de sistema FV conectado à rede da concessionária, a Tesla Eletricidade Industrial
Eirelli, situada no Bairro Dante Lanza, esquina com as ruas Daniela Bahia Lanza e Avenida
Arthur Lanza, situadas em Sete Lagoas – MG.
Como mostram as informações acima, a instituição possui um consumo de 1.650
kWh/mês, totalizando 18.900 MWh/ano.
Foram apresentados tabela gráficos e cálculos para o dimensionamento dos
componentes do sistema, e este será capaz de fornecer a 25.941 kWh/ano, cerca de 2.161
kWh/mês, estimamos que a produção além de suprir as necessidades do local irá disponibilizar
cerca de 511 kWh mensais à rede, este montante representa 24% da produção, logo este valor
poderá ser destinado, em forma de crédito (kWh), para ser consumido por qualquer outro
endereço, dentro do Estado de Minas Gerais, cujas contas sejam transferidas para o CNPJ da
geradora e a concessionária de energia seja única e exclusivamente a CEMIG.
Outro fator importante está relacionado ao investimento realizado, o projeto foi
validado economicamente pois apresentou números satisfatórios dentro de 5 anos, considerado
curto período, em resumo, serão necessários 45 meses, ou seja, 3 anos e 9 meses para quitar o
investimento. Estima-se que ao final de 5 anos obteremos uma economia de R$ 30.472,00
aproximadamente, que poderá ser revertida em outro investimento.
48

REFERÊNCIAS

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Computação, Escola de Eng. De São Carlos, SP, 2016. Disponível em:
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.Acesso em: 22 de abril de 2020.

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<https://www.aneel.gov.br/ranking-das-tarifas>. Acessado em: maio, 2020.

ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Resolução normativa n° 414, de 9 de setembro


de 2010. Brasilia, 2010. Disponível em:
https://www.aneel.gov.br/documents/656877/14486448/bren2010414.pdf/3bd33297-26f9-
4ddf-94c3-f01d76d6f14a?version=1.0. Acesso em: 17 de abril de 2020.

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Trabalho de Conclusão de Curso, bacharelado (Engenharia Elétrica) – Depart. Eng. Elétrica,
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