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STASIENIUK
MARCELO R. MENDONÇA
THIAGO DA SILVA AMATE
VITOR B. DE CARVALHO
Área de concentração:
Engenharia Elétrica
Banca Examinadora:
A module that regenerates the thermal energy dissipated by certain components of a vehicle
was developed. The system is based on Seebeck’s cells effect, which converts the temperature
difference between both sides of the cell in power. This module was attached to a motorcycle,
where the exhaust was used as heat for the hot side and the airflow from its movement to cool
the other cell’s side. The heat turned into electric energy causes the vehicle ceases to use part
of the fuel before intended for battery power. Thus obtained a reduction in consumption and,
consequently, fewer pollutants emitted into the atmosphere.
Primeiramente a Deus por ter nos dado saúde e força para trabalharmos em nosso projeto ao
longo deste ano.
Agradecimentos ao Reginaldo Bidóia Dantas que gentilmente concedeu-nos sua moto a fim de
realizarmos todos os testes necessários.
Ao José Angelo Amate pelas sugestões construtivas sobre o nosso trabalho, e também por
ajudar-nos que este se concretizasse, usinando as peças necessárias.
Ao time de Engenharia de Inovação da Magneti Marelli Cofap, que nos suportaram com
informações essenciais relacionadas ao funcionamento dos amortecedores.
Aos professores do Instituto Mauá de Tecnologia, que nos deram grandes contribuições dentro
de cada disciplina em que ministraram, proporcionando-nos conhecimento e aprendizagem.
E por fim aos nossos familiares e amigos que de alguma forma participaram do nosso
amadurecimento profissional ao longo desses anos.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 2.1 - Experimento de Thomas Johann Seebeck............................................................. 12
Figura 2.2 - Representação dos aspectos construtivos de uma célula de efeito Seebeck ......... 13
Figura 2.3 - Impacto de Z na eficiência da célula ...................................................................... 14
Figura 2.4 - Montagem do módulo regenerador de energia térmica .......................................... 15
Figura 2.5 - Imperfeições existentes entre superfícies de contato ............................................. 16
Figura 2.6 - Circuito térmico do módulo regenerador ................................................................ 17
Figura 2.7 - Divisão de energia em motores de combustão à gasolina ..................................... 18
Figura 2.8 - Economia de combustível em relação à carga elétrica imposta pelo alternador..... 19
Figura 2.9 - Sistema de regeneração e conversão de energia simplificado............................... 20
Figura 2.10 - Módulo gerador termoelétrico .............................................................................. 21
Figura 2.11 - Esquema de ligação do módulo PCS ................................................................... 22
Figura 2.12 - Trocador de calor no sistema de exaustão do BMW 530i .................................... 23
Figura 2.13 - Melhorias no consumo de combustível do BMW 535i .......................................... 23
Figura 3.1 - Montagem do módulo regenerativo........................................................................ 24
Figura 3.2 - Funcionamento de um amortecedor bitubo. ........................................................... 26
Figura 3.3 - Simulação no software da Melcor .......................................................................... 27
Figura 3.4 - Resistência de chuveiro como fonte de calor no amortecedor ............................... 28
Figura 3.5 - Montagem do módulo regenerativo no amortecedor .............................................. 29
Figura 3.6 - Anemômetro digital portátil modelo AD-250 da Instrutherm ................................... 30
Figura 3.7 - Espessura do acoplamento de Alumínio ................................................................ 31
Figura 3.8 - Pastilhas de efeito Seebeck instaladas sobre base de alumínio ........................... 32
Figura 3.9 - Vista frontal do módulo regenerativo no escapamento........................................... 32
Figura 3.10 - Vista lateral do módulo regenerativo no escapamento ......................................... 33
Figura 3.11 - Vista superior do módulo regenerativo no escapamento...................................... 33
Figura 3.12 - Circuito do teste realizado.................................................................................... 36
Figura 3.13 - Testes realizados com o módulo regenerativo ..................................................... 37
Figura 4.1 - Gráfico das temperaturas ao longo do amortecedor .............................................. 39
Figura 4.2 - Representação das temperaturas ao longo do amortecedor .................................. 39
Figura 4.3 - Gráfico da eficiência da célula Seebeck ................................................................ 41
Figura 4.4 - Posicionamento das células Seebeck. ................................................................... 43
LISTA DE TABELAS
TABELA 4.1- Medição da temperatura ponto a ponto ao longo do amortecedor. ...................... 38
TABELA 4.2 - Cálculo da potência em função da temperatura e corrente................................. 40
TABELA 4.3 - Cálculo da eficiência da célula em função da temperatura e corrente. ............... 40
TABELA 4.4 - Resultados obtidos durante os testes com o amortecedor. ................................ 41
TABELA 4.5 - Velocidade do vento na caixa de rodas em três posições do amortecedor, com o
carro a 40 Km/h. ....................................................................................................................... 42
TABELA 4.6 - Velocidade do vento na caixa de rodas em três posições do amortecedor, com o
carro a 100 Km/h. ..................................................................................................................... 42
TABELA 4.7 - Resultados dos testes realizados com módulo regenerativo no escapamento
utilizando uma base de alumínio com espessura de 8 mm. ...................................................... 43
TABELA 4.8 - Resultados dos testes com as células ligadas em paralelo. ............................... 44
TABELA 4.9 - Resultados dos testes com a base de alumínio de 5 mm de espessura e 4,2 Ω de
carga. ....................................................................................................................................... 44
TABELA 4.10 - Resultados dos testes com a base de alumínio de 5 mm de espessura e 3,2 Ω
de carga.................................................................................................................................... 44
TABELA 4.11 - Resultados dos testes com a base de alumínio de 5 mm de espessura e 2,2 Ω
de carga.................................................................................................................................... 45
TABELA 4.12 - Resultados dos testes com as células em paralelo e 4,2 Ω de carga. .............. 45
TABELA 4.13 - Resultados dos testes com as células em paralelo e 3,2 Ω de carga. .............. 45
TABELA 4.14 - Resultados dos testes com as células em paralelo e 2,4 Ω de carga. .............. 45
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10
1.1 OBJETIVO .................................................................................................................... 10
1.2 O PROJETO ................................................................................................................. 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 12
2.1 GERADORES TERMOELÉTRICOS.............................................................................. 12
2.1.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
2.1.2 EFEITO SEEBECK ....................................................................................................... 12
2.1.3 FIGURA DE MÉRITO Z ................................................................................................. 13
2.1.4 MONTAGEM DO CONJUNTO ...................................................................................... 15
2.2 PROJETOS DESENVOLVIDOS.................................................................................... 17
2.2.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 17
2.2.2 ESTUDO DE VIABILIDADE .......................................................................................... 17
2.2.3 PROJETO DO CARRO COM REGENERAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA .................... 19
3 MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO.............................................................................. 24
3.1 MÓDULO REGENERATIVO ......................................................................................... 24
3.2 APLICAÇÃO NO AMORTECEDOR .............................................................................. 25
3.2.1 TEORIA SOBRE O AQUECIMENTO DO AMORTECEDOR ......................................... 25
3.2.2 ESTUDO DA DISPERSÃO DE TEMPERATURA NO AMORTECEDOR ....................... 26
3.2.3 SIMULAÇÃO NO SOFTWARE DA MELCOR ................................................................ 27
3.2.4 TESTE REALIZADO COM O AMORTECEDOR ............................................................ 28
3.2.5 VELOCIDADE DO VENTO NA CAIXA DE RODA ......................................................... 29
3.3 APLICAÇÃO NO ESCAPAMENTO ............................................................................... 30
3.3.1 MONTAGEM DO MÓDULO REGENERATIVO NO ESCAPAMENTO ........................... 30
3.3.2 TESTES REALIZADOS COM MÓDULO REGENERATIVO NO ESCAPAMENTO ........ 35
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................................... 38
4.1 AMORTECEDOR .......................................................................................................... 38
4.1.1 ESTUDO DA DISPERSÃO DE TEMPERATURA NO AMORTECEDOR ....................... 38
4.1.2 SIMULAÇÃO NO SOFTWARE DA MELCOR ................................................................ 40
4.1.3 TESTE REALIZADO COM O AMORTECEDOR ............................................................ 41
4.1.4 VELOCIDADE DO VENTO NA CAIXA DE RODA ......................................................... 42
4.2 ESCAPAMENTO ........................................................................................................... 43
4.2.1 TESTES REALIZADOS COM MÓDULO REGENERATIVO NO ESCAPAMENTO ........ 43
5 DESENVOLVIMENTO FUTURO....................................................................................... 46
5.1 MELHORIA NA TROCA DE CALOR ............................................................................. 46
5.2 UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIA QUANTUM WELL...................................................... 46
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 47
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 49
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVO
Os estudos desenvolvidos até aqui tem como principal foco a indústria automobilística. Estima-
se que o motor de um carro convencional desperdice 40% da energia proveniente da
combustão da gasolina em forma de calor residual dos gases de escape (CHAU; CHAN, 2007).
A idéia vem sendo empregada e testada principalmente em veículos híbridos, a fim de
aumentar sua autonomia e reduzir o consumo de combustível.
Visando dar continuidade aos estudos realizados, foi desenvolvido um projeto que propõe
novas aplicações para a tecnologia de regeneração de energia térmica. Trata-se de um sistema
independente que explora a energia dissipada em forma de calor nos diversos componentes de
um veículo convencional. O principal objetivo é reaproveitar esta energia para alimentar seus
dispositivos elétricos. Como conseqüência, diminuir consumo de combustível, devido à redução
da carga imposta ao motor pelo alternador.
1.2 O PROJETO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.1 Introdução
Os geradores termoelétricos são dispositivos de baixa eficiência utilizados para gerar energia
elétrica a partir de uma diferença de temperatura. É aplicado principalmente para fins militares e
espaciais, dado seu alto custo. Este tipo de gerador começou a despertar interesse comercial
há pouco mais de 20 anos, pelo fato de ser uma fonte de energia “verde” e flexível. Não possui
partes móveis, opera em modo silencioso, não polui e é extremamente confiável (ROWE, 1998).
Uma ilustração do experimento realizado por Thomas Johann Seebeck pode ser verificada na
Figura 2.1.
Figura 2.2 - Representação dos aspectos construtivos de uma célula de efeito Seebeck.
(FONTE: FAIRBANKS, 2006)
∆T 1 + ZT − 1
η= ⋅ (1)
Th 1 + ZT + Tc Th
Onde,
Th representa a temperatura do lado quente da célula (Hot Side);
α 2 ⋅σ
Ζ= (2)
λ
Onde,
α representa o coeficiente Seebeck;
σ representa condutividade elétrica;
λ representa a condutividade térmica.
Este valor costuma ser expresso na forma adimensional ZT, onde a letra “T” representa o valor
da temperatura média pela qual a figura de mérito Z é multiplicada. Com a tecnologia disponível
atualmente, o valor de ZT=1 pode ser considerado satisfatório. Porém, para tornar viável
aplicações comerciais no setor automotivo é necessário que o valor de ZT esteja dentro da faixa
de 3 a 4 (YANG, 2005).
Nos estudos realizados por John W. Fairbanks (2006) foram traçadas curvas que mostram o
impacto da figura de mérito na eficiência da célula. Os gráficos da Figura 2.3 apresentam os
resultados em condições de baixa temperatura (gráfico à direita) e média temperatura (gráfico à
esquerda).
É possível notar que além da figura de mérito, a diferença de temperatura também é um fator
fundamental para se obter máxima eficiência da célula.
A célula de efeito Seebeck é identificada como TEG (Thermoelectric Generator) na Figura 2.4.
A face voltada para cima é pressionada contra um bloco extensor, fabricado com um material
bom condutor de calor e superfície polida. Quanto mais lisa a superfície melhor é a
transferência de calor.
16
Uma chapa quente serve como fonte de calor para o sistema. Na face de baixo da célula é
fixado um dissipador térmico. Sua função é manter a temperatura da face fria igual a do ar que
corre pelas aletas.
Todo o sistema deve ser preso e submetido a uma pressão especificada pelo fabricante da
célula. Além disso, deve-se utilizar material isolante térmico a fim de que o calor da face quente
não seja transmitido à face fria através do parafuso, que é bom condutor térmico.
O modelo apresentado não inclui o circuito conversor DC-DC, pois sua aplicação ocorre em
casos de associação série ou paralelo de células Seebeck. Sua função é evitar que uma das
células atue como carga.
Mesmo que duas superfícies pareçam perfeitamente planas, em escala microscópica é possível
notar as imperfeições, conforme mostra Figura 2.5.
Assim como em um circuito elétrico resistências são utilizadas para reduzir o fluxo de corrente,
em um circuito térmico resistências térmicas causam redução no fluxo calor. Para obter o
melhor rendimento possível do conjunto é necessário reduzir ao máximo a resistência térmica
total do módulo.
17
A Figura 2.6 ilustra uma montagem que utiliza dissipador térmico. Em um cenário ideal, a
temperatura Tj da junção deveria corresponder a temperatura Ta do ambiente. Entretanto, em
uma situação real, existe a interferência da resistência térmica imposta pelas aletas (Rsa), pela
base do dissipador (Rcs) e pelo invólucro da célula (Rjc). Por este motivo, a temperatura Ta do
ambiente não é a mesma temperatura Tj da junção.
2.2.1 Introdução
Estudos realizados pelo centro de pesquisas e desenvolvimento da General Motors (GM R&D
Center) entre 2004 e 2005 revelaram dados sobre a economia de combustível obtida através da
utilização de métodos para regeneração de energia térmica (YANG, 2005).
18
Figura 2.7 - Divisão de energia em motores de combustão à gasolina. (FONTE: YANG, 2005)
Segundo YANG (2005), os geradores termoelétricos podem ser utilizados para reduzir o
desperdício de energia nos dois principais ofensores, que são os gases do sistema de exaustão
e o ar-condicionado. Primeiro, a energia elétrica gerada através da regeneração do calor
existente nos gases de escape seria utilizada para alimentar dispositivos eletrônicos do veículo.
Desta forma, o alternador seria menos exigido, haveria menor carga no motor e, portanto,
menor consumo de combustível. Já na questão do ar-condicionado, células de estado sólido
seriam utilizadas para refrigerar o veículo através do efeito Peltier. Vale lembrar que se trata da
mesma célula de efeito Seebeck, porém, ao invés de fornecer um gradiente de temperatura, é
fornecida uma diferença de potencial elétrico. Como resultado, temos as faces da célula
aquecidas ou refrigeradas dependendo do sentido da corrente elétrica.
Regenerando-se apenas 10% de toda a energia desperdiçada nos gases de escape, é possível
obter uma economia de até 20% de combustível (YANG, 2005). Partindo deste dado teórico, a
GM traçou curvas relacionando a economia de combustível (Fuel Economy – FE) com a carga
elétrica (Electrical Load – EL) aplicada ao motor pelo alternador. Foram consideradas seis
categorias de veículos, os carros pequenos, carros médios e carros grandes, além dos
19
caminhões pequenos, caminhões médios e caminhões grandes. A Figura 2.8 mostra o gráfico
traçado.
Figura 2.8 - Economia de combustível em relação à carga elétrica imposta pelo alternador
(FONTE: YANG, 2005)
A análise do gráfico mostra que os carros pequenos (small car) são os que têm maior prejuízo
no consumo de combustível (expresso em milhas por galão), em função da carga imposta pelo
alternador. Caminhões pesados e carros grandes não sofrem tanta interferência, uma vez que a
potência solicitada do motor para propulsão do veículo é muito grande. Desta forma, a carga
imposta pelo alternador é considerada insignificante.
Diante dos dados apurados, são notáveis os benefícios obtidos através da regeneração parcial
da energia dissipada em forma de calor nos veículos. Portanto, trata-se de uma tecnologia
tecnicamente viável para aplicações no setor automobilístico.
O grupo BSST, detentor de marcas como BMW, Visteon e Marlow Industries, iniciou em
novembro de 2004 o desenvolvimento de um sistema de regeneração de energia térmica para
veículos de passeio (LAGRADEUR; CRANE; HUNG; MAZAR; EDER, 2006).
20
Este sistema foi desenvolvido para trocar calor com os gases de escape e então regenerar
parte da energia. São três os componentes principais que o compõe:
Figura 2.9 - Sistema de regeneração e conversão de energia simplificado. (FONTE: LAGRADEUR; CRANE; HUNG;
MAZAR; EDER, 2006)
21
Figura 2.10 - Módulo gerador termoelétrico. (FONTE: LAGRADEUR; CRANE; HUNG; MAZAR; EDER, 2006)
No sistema simplificado, ilustrado pela Figura 2.9, os gases de escape entram pelo catalisador
(catalytic converter), chegam ao PHX onde ocorre troca de calor com o fluído que circula pelo
sistema, e são liberados através do escapamento. A responsável por realizar a circulação do
fluído é a bomba (pump).
No módulo gerador termoelétrico o fluído é responsável por fornecer o calor às células de efeito
Seebeck, que irão produzir energia elétrica. A diferença de potencial gerada pelo TGM varia de
acordo com a temperatura dos gases, com o fluxo de gás, entre outros fatores. Por este motivo,
é necessário um tratamento no sinal antes de utilizá-lo como alimentação de algum dispositivo
do veículo. O esquema ilustrado pela Figura 2.11 mostra a relação do PCS com TGM e o
circuito elétrico do veículo, identificado por Vehicle Electrical Bus
22
Figura 2.11 - Esquema de ligação do módulo PCS. (FONTE: LAGRADEUR; CRANE; HUNG; MAZAR; EDER,
2006)
Para determinar o melhor ponto de instalação do PHX não basta escolher a parte mais quente
do sistema de exaustão. Devido a limitações do material do qual são fabricadas as células de
efeito Seebeck, é necessário avaliar em qual ponto a temperatura máxima não excede 750
graus Celsius (LAGRADEUR; CRANE; HUNG; MAZAR; EDER, 2006).
Também existe uma outra preocupação. A energia regenerada será proporcional ao gradiente
de temperatura existente, ou seja, não basta aquecer uma das faces da célula de efeito
Seebeck. Também é necessário manter a face oposta na menor temperatura possível. Por este
motivo a BMW adaptou ao sistema de regeneração, um radiador que é responsável por resfriar
a face fria da célula. Vale lembrar que tudo o que é colocado no veículo representa peso
adicional, portanto consumo adicional de combustível. Existem formas de fazer circular fluidos
sem a utilização de bombas, que além do peso, consomem energia elétrica. Todos estes
fatores foram considerados no projeto do BMW 530i (LAGRADEUR; CRANE; HUNG; MAZAR;
EDER, 2006). Veja na Figura 2.12 o local de instalação dos trocadores de calor.
23
Figura 2.12 - Trocador de calor no sistema de exaustão do BMW 530i (FONTE: LAGRADEUR; CRANE;
HUNG; MAZAR; EDER, 2006)
A Figura 2.12 apresenta o local onde foram obtidos os melhores resultados de economia de
combustível. Entretanto, o sistema de regeneração também foi instalado em outros pontos do
veículo e submetido a diferentes condições de trabalho.
Figura 2.13 - Melhorias no consumo de combustível do BMW 535i (FONTE: LAGRADEUR; CRANE;
HUNG; MAZAR; EDER, 2006)
24
3 MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO
O acoplamento deve ser um bom condutor térmico, pois será incumbido de transferir todo calor
possível da fonte para as pastilhas. Neste caso, utilizou-se o alumínio que além de ser um bom
condutor, também é um material leve e barato.
Outro componente importante na montagem do módulo é o dissipador de calor. Este tem por
função resfriar ao máximo um dos lados da célula, a fim de que esta fique com temperatura
próxima à do ambiente.
A Figura 3.1 mostra a montagem do módulo regenerativo de uma forma genérica, sendo que
este deve ser adaptado dependendo da aplicação. As seções 3.2 e 3.3 descreverão com
maiores detalhes a aplicação do módulo no amortecedor e no escapamento.
Essa circulação forçada através dos orifícios, segundo a CEPRA (2000, p. 3.3), “[...] provoca
uma resistência devido ao atrito, que desenvolve uma certa energia calorífica [...]”. Portanto, a
energia imposta ao veículo, ao invés de ser transferida diretamente ao automóvel, é
transformada em calor (SIMON, 1998), elevando a temperatura do fluído e conseqüentemente a
do tubo do amortecedor.
26
Para obter os números teóricos da célula Seebeck HT4-12-30, da Melcor, utilizou-se o software
do próprio fabricante. Foram inseridos os valores de temperatura do lado frio e quente da célula,
obtendo-se o delta, o qual foi utilizado como variável nesta simulação.
Vale ressaltar que o valor da resistência térmica foi obtido de acordo com especificação
existente para dissipadores comerciais. Neste projeto foi utilizado um com resistência térmica
igual a 0,6 graus Celsius por Watt.
28
Figura 3.4 - Resistência de chuveiro como fonte de calor no amortecedor (FONTE: próprio
autor)
Uma base de alumínio foi fixada sobre o amortecedor quente, com o intuito de transferir todo
calor possível paras a célula Seebeck. A célula, por sua vez, foi presa entre o dissipador de
calor e a base de alumínio, conforme demonstrado na Figura 3.5.
29
Figura 3.6 - Anemômetro digital portátil modelo AD-250 da Instrutherm (FONTE: próprio
autor)
O intuito desta operação é deixar a fonte de calor o mais próximo possível das pastilhas, porém
não permitindo que o acoplamento de alumínio ceda. O ganho decorrente desta redução da
espessura da base é explicitado na seção 4.2.1.
Nesta aplicação foram utilizadas três pastilhas Seebeck, postas sobre a região central da base
de alumínio, conforme demonstrado Figura 3.8. Posteriormente, cada uma delas foi sobreposta
por um dissipador de calor.
32
Figura 3.8 - Pastilhas de efeito Seebeck instaladas sobre base de alumínio. (FONTE: próprio
autor)
Figura 3.9 - Vista frontal do módulo regenerativo no escapamento (FONTE: próprio autor)
33
Figura 3.10 - Vista lateral do módulo regenerativo no escapamento. (FONTE: próprio autor)
Figura 3.11 - Vista superior do módulo regenerativo no escapamento. (FONTE: próprio autor)
pasta térmica entre a base de alumínio e as pastilhas Seebeck, e entre estas e o dissipador de
calor. Nesta etapa, devem-se tomar as devidas precauções para não utilizar a pasta térmica em
excesso. Caso isto ocorra, a pasta irá prejudicar a troca de calor entre as partes por se tornar
uma intermediária de maior resistência térmica.
Na seqüência, foi adicionada uma manta Termaltex tipo C sobre a base de alumínio com um
rasgo de 120 mm x 50 mm, sendo que as três pastilhas Seebeck foram alocadas dentro do
rasgo para ter contado direto com a base (lado quente). A manta reforça o isolamento térmico
do dissipador e conseqüentemente o lado frio da pastilha.
Outro fator importante é utilização de três dissipadores, um para cada pastilha, ao invés de um
único. Este procedimento foi executado pelo fato da peça não ter uma superfície perfeitamente
plana e sim uma levemente côncava. Tal deformidade é invisível a olho nu, porém quando
utilizado um único dissipador traz grandes impactos no desempenho das pastilhas,
principalmente a que fica situada no meio.
Por último, não se deve prender o dissipador de calor à base de alumínio por um bom condutor
térmico. Se isto ocorrer, a temperatura das duas peças se equilibrará (∆T = 0) e as pastilhas
não mais regenerarão energia. Para evitar tal situação, utilizaram-se presilhas de celeron para
fixar o dissipador à base de alumínio.
As presilhas de celeron são compostas pelo material FC-200, que é um isolante térmico. Estas
são parafusadas na base de alumínio, sobre a manta Termaltex tipo C, proporcionando um
benefício mútuo. Por um lado as presilhas de celeron prendem a manta ao módulo. Por outro
lado, esta serve para diminuir a área de contato da presilha com a base de alumínio.
35
Tanto o celeron FC-200 quanto o Termaltex tipo C são isolantes térmicos, e a utilização de
ambos fornece maior garantia no que diz respeito à isolação térmica. Por este motivo, foi
adicionado um fio de Termaltex tipo C entre a presilha de celeron e o dissipador de calor.
Com todas estas precauções assegurou-se que o calor da base de alumínio não seja
transferido para o dissipador, e prevaleça uma diferença de temperatura entre as duas faces
das pastilhas Seebeck.
Depois de montado, o módulo foi submetido a um teste no qual se utilizou um forno elétrico,
simulando o escapamento da moto, atingindo uma temperatura média de 250 ºC. Colocou-se o
protótipo sobre a chapa do forno elétrico e um ventilador foi posicionado de forma que o vento
gerado escoasse pelas aletas do dissipador de calor.
As pastilhas Seebeck foram ligadas em paralelo e um diodo emissor de luz Cree® XLamp®
7090 XR-E, denominado de super-led a partir deste ponto, foi utilizado como carga. O super-led
pode fornecer um fluxo luminoso de até 228 lumens e trabalha com uma corrente contínua que
varia de 350 mA a 1000 mA.
Fornecendo uma corrente de 350 mA, o super-led exige uma tensão de 3,3 V, sendo a máxima
permitida 3,9 V. Por este motivo optou-se em ligar as pastilhas em paralelo, conforme ilustra a
Figura 3.12. Isso garante que a tensão máxima entregue ao super-led seja igual à de uma única
célula.
36
O uso dos conversores DC-DC foram dispensados pelo fato do super-led e das pastilhas
Seebeck trabalharem com corrente contínua. Além disso, o rendimento dos conversores não é
100%, o que consumiria parte da energia regenerada.
Neste projeto foi empregado um farol de moto para representar a energia regenerada. A
lâmpada original foi substituída pelo super-led. O farol funciona semelhante a um espelho
côncavo, utilizando-se do conceito de ponto focal para reflexão paralela dos feixes de luz.
Deste modo, ao substituir a lâmpada por um super-led, foi necessário fazer uma adaptação
para que este ficasse situado no ponto focal do farol. Segundo Young e Freedman (2009, p.42),
para calcular o ponto focal utiliza-se a equação (1), onde f representa a distância focal de um
espelho esférico (ou ponto focal) e o R, o raio de curvatura da esfera.
(1)
Por fim o super-led foi posicionado no ponto focal do farol. Toda a montagem do conjunto para
a realização dos testes descritos acima, está ilustrada na Figura 3.13.
37
Figura 3.13 - Testes realizados com o módulo regenerativo. (FONTE: próprio autor)
38
4.1 AMORTECEDOR
Com o objetivo de determinar onde o módulo regenerativo seria fixado, agruparam-se os dados
relativos à temperatura dos pontos do amortecedor em forma de tabela e foram gerados dois
gráficos para melhor visualização. A TABELA 4.1, a Figura 4.1 e a Figura 4.2 demonstram os
resultados deste estudo.
Continua
Ponto (cm) 1º ensaio (ºC) 2º ensaio (ºC) 3º ensaio (ºC)
35 37 57 77
34 43 64 82
33 44 66 85
32 47 68 88
31 48 71 88
30 50 72 89
29 52 73 90
28 53 73 91
27 53 73 91
26 54 74 92
25 55 74 92
24 55 74 92
23 55 75 92
22 56 74 92
21 55 74 93
20 55 74 92
19 55 74 91
18 54 73 91
17 54 73 90
16 54 72 89
15 53 72 89
14 53 71 88
13 52 70 87
12 52 69 86
11 51 67 85
10 50 65 83
9 48 62 82
8 46 59 78
7 44 56 75
6 42 51 71
39
Conclusão
Ponto (cm) 1º ensaio (ºC) 2º ensaio (ºC) 3º ensaio (ºC)
5 39 47 66
4 37 46 60
3 37 43 56
2 32 40 53
1 30 40 49
FONTE: próprio autor
Temperatura x Posição
100
90
Temperatura (ºC)
80
70
60
50
40
30
20
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
Figura 4.1 - Gráfico das temperaturas ao longo do amortecedor. (FONTE: próprio autor)
Figura 4.2 - Representação das temperaturas ao longo do amortecedor. (FONTE: próprio autor)
Com estes resultados gerou-se um gráfico, representado pela Figura 4.3. Através deste, é
possível visualizar a eficiência da célula em função da variação de temperatura entre o lado
quente (Hot Side) e o lado frio (Cold Side) da célula.
Analisando os resultados, foi possível observar que a potência gerada por uma célula Seebeck
é baixa, e se torna clara a necessidade de uma diferença de temperatura maior, entre o lado
quente e o lado frio.
A motivação deste teste foi saber se a velocidade do vento na caixa de rodas de um carro é
suficiente para resfriar o dissipador do módulo regenerativo acoplado no amortecedor. Os
resultados dos testes com o carro a 40 Km/h se encontram na TABELA 4.5.
TABELA 4.5 - Velocidade do vento na caixa de rodas em três posições do amortecedor, com o carro a 40
Km/h.
TABELA 4.6 - Velocidade do vento na caixa de rodas em três posições do amortecedor, com o
carro a 100 Km/h.
Desta forma foi possível comparar com os resultados práticos com os testes realizados no
laboratório, demonstrados na seção 4.1.3, com o intuito de verificar a viabilidade do projeto, a
qual será discutida na seção 6.
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4.2 ESCAPAMENTO
Como mencionado na seção 3.3.1, primeiramente foram realizados testes utilizando uma base
de alumínio com a espessura de 8 mm. A temperatura ambiente registrada foi de 17ºC, com
uma velocidade de vento no dissipador de 50 Km/h e temperatura do escapamento igual a 150
ºC. Foram obtidos os resultados apresentados na TABELA 4.7.
TABELA 4.7 - Resultados dos testes realizados com módulo regenerativo no escapamento utilizando uma base de
alumínio com espessura de 8 mm.
Entende-se por 1ª célula, aquela que se encontra mais próxima do final do escapamento, por 3ª
célula a que se encontra mais próxima do motor e por 2ª célula a que se localiza entre as
anteriores, conforme demonstra a Figura 4.4.
Através da TABELA 4.7 e a TABELA 4.8 é possível verificar que os resultados utilizando uma
base de alumínio, com a espessura igual a 8 mm, não foram satisfatórios. Isto ocorreu devido
ao fato da pequena diferença de temperatura existente entre o dissipador e a base de alumínio,
em média 62 ºC.
A solução encontrada foi diminuir a espessura da base de alumínio para 5 mm, com o objetivo
de aumentar a transferência de calor do escapamento da moto para o lado quente (Hot Side)
das pastilhas Seebeck. Depois desta operação, realizaram-se novos testes cujos resultados se
encontram na TABELA 4.9, TABELA 4.10 e TABELA 4.11.
TABELA 4.9 - Resultados dos testes com a base de alumínio de 5 mm de espessura e 4,2 Ω de carga.
TABELA 4.10 - Resultados dos testes com a base de alumínio de 5 mm de espessura e 3,2 Ω de carga.
Temperatura lado Temperatura lado Delta T Tensão Corrente Potência
Célula
quente (ºC) frio (ºC) (ºC) (V) (A) (W)
1ª célula 176,00 46,00 130,00 1,83 0,59 1,07
2ª célula 176,00 59,00 117,00 1,66 0,53 0,88
3ª célula 187,00 67,00 120,00 1,68 0,54 0,91
FONTE: Próprio autor
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TABELA 4.11 - Resultados dos testes com a base de alumínio de 5 mm de espessura e 2,2 Ω de carga.
Solucionado o problema em relação ao baixo delta de temperatura, e com base nos resultados
demonstrados acima, pode-se observar que a diferença de temperatura entre a base de
alumínio e o dissipador aumentou consideravelmente, atingindo uma média de 122 ºC.
TABELA 4.12 - Resultados dos testes com as células em paralelo e 4,2 Ω de carga.
TABELA 4.13 - Resultados dos testes com as células em paralelo e 3,2 Ω de carga.
TABELA 4.14 - Resultados dos testes com as células em paralelo e 2,4 Ω de carga.
5 DESENVOLVIMENTO FUTURO
A troca de calor entre o gás do sistema de exaustão do motor e a face quente da célula TEG é
considerado um ponto fraco nos desenvolvimentos de sistemas de regeneração de energia
térmica.
Neste trabalho, foi acoplada uma base de alumínio sobre a superfície do escapamento, o que
não proporciona a troca de calor ideal.
A sugestão é o desenvolvimento um novo conceito de troca de calor entre o gás e a face quente
da célula TEG.
Neste trabalho, foram utilizadas células TEG fabricadas com tecnologia de semicondutores, de
baixa eficiência.
Este fato tornaria a aplicação de módulos de regeneração de energia térmica mais viável, no
ponto de vista econômico.
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6 CONCLUSÃO
A questão ambiental nunca teve tamanha evidência e repercussão como nos dias atuais.
Projetos “verdes” são incentivados e legislação rigorosa é empregada para forçar empresas a
desenvolverem produtos menos nocivos ao meio ambiente. Isso serve de incentivo para
cientistas continuarem promovendo pesquisas a fim de elevar cada vez mais os valores de
eficiência.
Certamente, essa evolução tornará viável aplicações nos mais variados setores do mercado. As
empresas automobilísticas usarão a tecnologia para desenvolvimento de automóveis mais
econômicos. Veículos híbridos e carros elétricos serão viabilizados pelo aumento da autonomia
e redução do preço. Além disso, deverá ser quebrado um paradigma referente a combustíveis
automotivos. Qualquer material que produza calor poderá ser utilizado como combustível de um
veículo.
É necessário enfatizar que, mesmo com a tecnologia atual, existem aplicações viáveis para
regeneração de energia térmica veicular. O módulo regenerador instalado no escapamento de
motocicletas é um bom exemplo. Num primeiro momento pode parecer insignificante a
economia de combustível proporcionada pelo módulo. Segundo estimativas realizadas com
base nos valores de potência apresentados no item 4.2.1, nos valores de rendimento dos
motores e alternadores comerciais e na energia química presente na gasolina e álcool, uma
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motocicleta que roda 3 horas por dia poderá economizar 37 litros de combustível em um ano.
Porém, extrapolando o valor para a quantidade total de motocicletas existentes em uma
metrópole, é possível notar o ganho proporcionado pelo módulo. Segundo o DETRAN-SP, em
2006 haviam 550 mil motocicletas registradas. Com estes valores é possível estimar uma
economia superior a 20 milhões de litros de combustível em um ano.
7 REFERÊNCIAS
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Sage Publications, Nov. 2008. 10 p.
CHAU, K. T.; CHAN, C. C. Emerging Energy-Efficient Technologies for Hybrid Electric Vehicles.
Proceedings of the IEEE, Vol. 95, Apr. 2007.
DUCKWORTH, H. E. Electricity and Magnetism, pg. 180-181. New York: Holt, Rinehart and
Winston (1960).
GHAMATY, S.; ELSNER, N.; JOVANOVIC, V. Thermoelectric Quantum Well Energy Harvesting
Device. Massachusetts Institute of Technology, Cambridge MA, June 2006.
LAGRANDEUR, J.; CRANE, D.; HUNG, S.; MAZAR, B.; EDE, A. Automotive Waste Heat
Conversion to Electric Power using Skutterudite, TAGS, PbTe and BiTe. 2006
SALMAN, A.; OLSON, A. Cool Junctions. Science Buddies, [S.l.], jan. 2010. Disponível em:
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WOJCIECHOWSKI, K.; MERKISZ, J.; FUC, P.; LIJEWSKI, P.; SCHMIDT, M. Study of Recovery
of Waste Heat From the Exhaust of Automotive Engine, [2006?].
YOUNG, H.; FREEDMAN, R. Física IV : Ótica física e moderna. 12 ed. São Paulo, SP: Editora
Pearson, 2009. 420 p.