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INSTITUTO POLITÉCNICO INDUSTRIAL DE LUANDA

ÁREA DE FORMAÇÃO MECÂNICA E MECATRÔNICA


CURSO DE ELECTROMECÂNICA
PROJECTO TECNOLÓGICO

SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA UMA RESIDÊNCIA RURAL


COM BOMBA DE ÁGUA

Nome: Nélio Evandro Dirmani De Lemos


Turma: ME13A
Grupo nº: 3
Nº:19

Orientador: Moisés Agostinho

Luanda, 2023.
INSTITUTO POLITÉCNICO INDUSTRIAL DE LUANDA
ÁREA DE FORMAÇÃO MECÂNICA E MECATRÔNICA
CURSO DE ELECTROMECÂNICA
PROJECTO TECNOLÓGICO

SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA UMA RESIDÊNCIA RURAL


COM BOMBA DE ÁGUA

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção


do grau de Técnico Médio em Electromecânica.

Nome: Nélio Evandro Dirmani De Lemos


Turma: ME13A
Grupo nº: 3
Nº:19

Orientador: Moisés Agostinho

Luanda, 2023.
DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Técnico médio
em Electromecânica a minha mãe Isabel Maria João Dirmani, que não mede esforços para
investir na minha formação académica, e à minha família que sempre me apoiaram
incondicionalmente ao longo desta época académica.

III
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que a cada dia nos dá sabedoria e vigor, para avançar sempre vencendo
todas as barreiras que se interpõem no nosso caminho.

Gostaria também de agradecer ao meu orientador Moisés Agostinho, por ter efectuado
uma orientação exemplar, indo para além da obrigatoriedade profissional, com a simples e
nobre intenção de me ver acabar o trabalho de forma correcta e em tempo certo.

Agradeço a todos os professores do Instituto Politécnico Industrial de Luanda do curso


de Electromecânica, especialmente aos professores: Adriano Escoval, Pambani Freitas e
Natacha Agostinho. O meu obrigado, pelos conhecimentos transmitidos.

Não esqueceria de agradecer também ao meu mentor e amigo Professor Doutor Nsanga
Tito, pelas sugestões e por se ter mostrado – incondicionalmente – disponível perante as
solicitações que lhe dirigi.

E por fim agradecer a todos os que directa ou indirectamente contribuíram para a


conclusão deste Trabalho.

IV
RESUMO

Uma das tecnologias mais viáveis para aproveitar o recurso solar em Angola é a
produção de electricidade através de sistemas FV, que podem variar desde sistemas individuais
de pequena escala fora da rede, normalmente associados a baterias, a aplicações de média e
grande escala ligadas à rede. É a tecnologia de mais rápida instalação e de menor custo de
manutenção. Nestes sistemas por meio de painéis é possível fazer a captação da energia solar
do Sol e transformá-la em energia eléctrica, além de possuir banco de baterias para garantir a
continuidade do abastecimento.

A eletrificação rural permite que as ações sejam quantificadas e repensadas de forma a


reforçar o carácter sustentável do planeamento e na própria característica inclusiva que a
energia pode assumir perante os outros aspetos envolvidos na melhoria da qualidade de vida da
população.

O objetivo principal deste estudo é o dimensionamento de um sistema/instalação


fotovoltaico isolado para a comuna de Xangongo. Para se alcançar este objetivo, surgiu a
necessidade de pesquisar e analisar os dados de temperatura e irradiação do local em estudo,
uma vez que o desempenho dos sistemas FV depende da temperatura e da intensidade da
radiação incidente sobre os painéis FV.
Para o dimensionamento de um sistema isolado é imprescindível que se conheça o perfil
de carga da zona de implementação da instalação, para que a partir desse perfil se determine os
restantes elementos da instalação tais como: número de painéis a instalar, capacidade do banco
de baterias, número de reguladores de carga, potência máxima do inversor (no uso de cargas
CA) e, se possível, as secções dos condutores para os circuitos da instalação FV.

Palavras-chave

Energia eléctrica, sistemas fotovoltaicos, painéis FV, Angola.

V
ABSTRACT

One of the most viable technologies to take advantage of the solar resource in Angola
is the production of electricity through PV systems, which can vary from individual small-scale
off-grid systems, usually associated with batteries, to médium and large-scale aplications
connected to the grid. In these systems, using panels, i tis possible to capture solar energy from
the Sun and transform i tinto electrical energy. In addition to having a battery bank to ensure
continuity of supply.

Rural electrification allows actions to be quantified and rethought in order to reinforce


the sustainable nature of the system and the very inclusive characteristic that energy can assume
in relation to other aspects, like improving the quality of life of the population.

The objective of this study is the design of an isolated photovoltaic system/installation


for the municipality of Cazombo. In order to achieve this objective, it was necessary to collect
and analyze temperature and irradiance data of the location under study, since PV systems
performance depends on the temperature and intensity of the radiation incident on the PV
panels. These data were presented in extreme and quartile graphs, in which it is possible to
observe the variation of temperature and irradiance for each hour.

For sizing na isolated system, it is essential to know the load profile of the área where
the installation will be implemented, such as: number of panels to be installed, battery bank
capacity, number of charge regulators, maximum power of the inverter (in use of AC loads)
and, if possible, the cross-sections of the conductors for the circuits of the PV installation.

Keywords

Electric power, photovoltaic systems, photovoltaic panels, Angola.

VI
ÍNDICE

DEDICATÓRIA .............................................................................................................................. III


AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... IV
RESUMO.......................................................................................................................................... V
ABSTRACT .................................................................................................................................... VI
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................... X
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................XII
LISTA DE ACRÓNIMOS, SÍMBOLOS E SIGLAS ................................................................... XIII
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
1.1 - Motivação ................................................................................................................................ 15
1.2 – Problema de Pesquisa e Objectivos ........................................................................................ 16
1.2.1 – A Justificativa e Problemática ............................................................................................. 16
1.2.2 – Objectivo Geral .................................................................................................................... 16
1.2.2.1 – Objectivos específicos ...................................................................................................... 16
CAPÍTULO 2 – APROVEITAMENTO SOLAR ....................................................................... 17
2.1 - Energia Solar ........................................................................................................................... 17
2.1.1 - Produção da Energia Solar ................................................................................................... 17
2.2 - A Radiação Solar na Superfície Terrestre ............................................................................... 18
2.2.1. Distribuição da Radiação Solar ............................................................................................. 18
CAPÍTULO 3 – CÉLULAS FOTOVOLTAICOS E BANCO DE BATERIAS ....................... 19
3.1 – Células e Módulos Fotovoltaicos (Generalidade)................................................................... 19
3.1.1 - Efeito fotovoltaico e função das células solares ................................................................... 19
3.1.1.1 - Princípios funcionais de uma célula solar ......................................................................... 19
3.1.1.2 - Estrutura e função de uma célula solar de silício cristalino .............................................. 21
3.1.2 - Tipos de Células Fotovoltaicas............................................................................................. 22
3.1.2.1 - Silício Monocristalino (m-Si)............................................................................................ 22
3.1.2.2 - Silício Policristalino (p-Si) ................................................................................................ 23
3.1.2.3 - Silício Amorfo ................................................................................................................... 23
3.1.3 – Características Elétricas dos Módulos/Painéis FV .............................................................. 24
3.1.4 – União/Ligação dos Módulos Fotovoltaicos ......................................................................... 24
3.1.5 – Proteção dos Módulos Fotovoltaicos ................................................................................... 26
3.1.5.1 – Díodos de Desvio e Díodos de Fileiras............................................................................. 26
3.1.5.2 – Díodos de Bloqueio .......................................................................................................... 27
3.1.5.2.1 – Díodos de Bloqueio para Evitar Descargas Noturnas das Baterias ............................... 27
3.2 – Banco de Baterias ................................................................................................................... 28
3.2.1 - Funções do Banco de Baterias.............................................................................................. 29
3.2.2 - Baterias para Sistemas Fotovoltaicos ................................................................................... 30
3.2.2.1 - Constituição e Funcionamento de uma Bateria de Chumbo-Ácido .................................. 30
3.2.2.2 - Tipos de Baterias de Chumbo-Ácido ................................................................................ 32
3.2.3 – Desempenho e Características das Baterias de Chumbo-Ácido .......................................... 33

VII
CAPÍTULO 4 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ..................................................................... 35
4.1 - Classificação dos sistemas fotovoltaicos ................................................................................. 35
4.1 - Sistemas Isolados .................................................................................................................... 36
4.1.1 – Sistemas Híbridos ................................................................................................................ 36
4.1.2 - Sistemas Autônomos (Puros) ............................................................................................... 36
4.2 - Componentes de Um Sistema Fotovoltaico Autônomo .......................................................... 37
4.3 - Sistemas Conectados à Rede (On-Grid) .................................................................................. 37
4.4 – Sistemas de Bombeamento de Água....................................................................................... 38
4.3.1 - Classificação dos Sistemas de Bombeamento ...................................................................... 38
4.3.2 - Bombas Hidráulicas ............................................................................................................. 39
4.3.2.1 - Bombas Centrífugas .......................................................................................................... 39
4.3.2.2 - Bombas Volumétricas ....................................................................................................... 40
4.3.3 - Motores Eclétricos................................................................................................................ 41
4.4 – Vantagens e Desvantagens Sistemas Fotovoltaicos ............................................................... 42
CAPÍTULO 5 – DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS ........... 44
5.1 – Dimensionamento da Instalação Fotovoltaica Isolada ........................................................... 44
5.1.2 – Regulador de Carga ............................................................................................................. 44
5.1.2.1 - Tipos de Reguladores ........................................................................................................ 46
5.1.2.1.1 - Regulador Série .............................................................................................................. 46
5.1.2.1.2 - Regulador Paralelo ou Shunt .......................................................................................... 46
5.1.2.1.3 - Regulador MPPT ............................................................................................................ 47
5.1.3 - Inversores ............................................................................................................................. 48
5.1.3.1 - Inversores DC-AC para Sistemas Autónomos .................................................................. 49
5.1.3.2 - Classificação dos Inversores Autónomos .......................................................................... 50
5.1.4 – Dispositivos de Protecção .................................................................................................... 51
5.1.4.1 - Fusíveis .............................................................................................................................. 51
5.1.4.1.1 - Fusível Cartucho............................................................................................................. 52
5.1.5 - Disjuntor ............................................................................................................................... 54
5.1.5.1 - Factores de Influência na Selecção do Disjuntor Adequado ............................................. 54
5.1.5.1.1 - Factores de Influência Gerais ......................................................................................... 54
5.1.5.1.2 – Factores de Influência Específicos dos Sistemas Fotovoltaicos .................................... 55
5.1.6 – DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos) ...................................................................... 56
5.1.6.1 - Definições .......................................................................................................................... 56
CAPÍTULO 6 – PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO .. 57

6.1- Proposta do Dimensionamento do Sistema de Bombeamento ................................................. 57


6.1.1 - Estimativa de Consumo de Água ......................................................................................... 57
6.1.2 – Dimensionamento do Sistema de Geração .......................................................................... 58
6.2 – Proposta do Dimensionamento da Instalação Fotovoltaica .................................................... 63
6.2.1 – Estimativa do Perfil de Carga de Consumo ......................................................................... 63
6.2.2 – Escolha do Inversor ............................................................................................................. 64
6.2.3 – Banco de Baterias ................................................................................................................ 66
6.2.4 - Painel Fotovoltaico ............................................................................................................... 69
9.2.4.1 - Influência do Controlador de Carga .................................................................................. 69

VIII
6.2.4.2 – Influência da Disponibilidade Solar no Local .................................................................. 69
6.2.4.2.1 - Tempo de Exposição ou Hora de Sol pico (HSP) .......................................................... 70
6.2.4.3 - Calculando o número de Módulos Fotovoltaicos .............................................................. 71
6.2.4.4 - Escolha do Controlador de Carga ...................................................................................... 73
6.2.5 – Dimensionamento da Protecção .......................................................................................... 73
6.2.5.1 - Escolha do fusível ............................................................................................................. 73
6.2.5.2 - Escolha do Disjuntor ......................................................................................................... 74
6.2.5.3 - Escolha do DPS ................................................................................................................. 74
6.3 - Custo da Instalação Fotovoltaica Isolada ................................................................................ 75
CAPÍTULO 7- ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOTAICA ISOLADA .......... 76
CAPÍTULO 8 – PLANO DE MANUTENÇÃO .......................................................................... 78
8.1 - Manutenção corretiva .............................................................................................................. 78
8.2 - Manutenção preventiva ........................................................................................................... 79
8.3 - Manutenção preditiva .............................................................................................................. 79
8.4. - Procedimentos de Manutenção Preventiva de Sistemas Fotovoltaicos Isolados ................... 79
8.4.1 – Semanal................................................................................................................................ 79
8.4.2 - Mensal .................................................................................................................................. 81
8.4.3 – Anual.................................................................................................................................... 82
8.5 - Procedimentos de Inspeção e Manutenção Corretiva de Sistemas Fotovoltaicos ................... 84
CAPÍTULO 9 - CONCLUSÃO .................................................................................................... 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 88
ANEXOS ......................................................................................................................................... 90
ANEXO A – DOCUMENTAÇÃO DA SIMULAÇÃO NO GLOBAL SOLAR ATLAS ................ 90

IX
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Componentes da radiação solar.............................................................................. 18

Figura 3.1: Estrutura cristalina do silício e processo de auto-condução. ................................. 19


Figura 3.2: Condução extríonseca co silício dopado com imourezas do tipo n e p.................. 20
Figura 3.3: Criação da barreira de potêncial numa região de transição pn através da difusão dos
electrões e das lacunas. ............................................................................................................. 20
Figura 3.4: Estrutura e função de uma célula cristalina solar ................................................... 21
Figura 3.5: Ilustração de uma célula, módulo e instalação FV ................................................ 22
Figura 3.6: Tipos de células fotovoltaicas num módulo FV de silício, monocristalinas
(esquerda) e policristalinas (direita). ........................................................................................ 23
Figura 3.7: Representação esquemática de associação de n módulos em série. ....................... 24
Figura 3.8: Representação esquemática da associação n módulos em paralelo. ...................... 25
Figura 3.9: Representação esquemática da associação mista de n x m módulos fotovoltaicos 25
Figura 3.10: Configuração típica de um painel com duas caixas de ligação, uma para o terminal
positivo e outra para o negativo. ............................................................................................... 26
Figura 3.11: Representação de diodos de fileiras e bypass. ..................................................... 27
Figura 3.12: Diodo de bloqueio num módulo FV. ................................................................... 27
Figura 3.13: Curvas de iluminação e escuridão de um gerador fotovoltaico, indicando sentidos
de circulação de corrente durante o dia e a noite. ..................................................................... 28
Figura 3.14: Circuito eléctrico equivalente de uma bateria. ..................................................... 29
Figura 3.15: Bateria de Chumbo-Ácido. .................................................................................. 30
Figura 3.16: Expectativa de vida de uma bateria pela profundidade de descarga. ................... 31
Figura 3.17: Eletrodos positivos de uma bateria OPzS ............................................................ 32
Figura 3.18: Vaso de 2 V e bateria monobloco de 12 V .......................................................... 33

Figura 4. 1: Tipos de sistemas fotovoltaicos ............................................................................ 35


Figura 4.2: Sistema Híbrido ..................................................................................................... 36
Figura 4. 3: Componentes de um sistema fotovoltaico autônomo. .......................................... 37
Figura 4. 4: Sistema conectado à rede ...................................................................................... 37
Figura 4. 5: Sistema fotovoltaico de bombeamento de água .................................................... 38
Figura 4. 6: Configurações utilizadas em SFVB ...................................................................... 39
Figura 4. 7: Vista de corte de uma bomba centrífuga ............................................................... 40
Figura 4. 8: Princípio de funcionamento de diferentes tipos de bomba de deslocamento positivo:
(a) bomba de parafuso, (b) bomba de engrenagens, (c) bomba de lóbilos; (d) bomba de palhetas
e (e) bomba de pistão. ............................................................................................................... 41

Figura 5.1: Esquema típico de uma instalação fotovoltaica isolada. ........................................ 44


Figura 5.2: Regulador de carga................................................................................................. 45
Figura 5.3: Regulador série. ..................................................................................................... 46
Figura 5.4: Regulador paralelo ou shunt .................................................................................. 47
Figura 5.5: Regulador MPPT.................................................................................................... 48
Figura 5.6: Exemplo de um esquema de ligações de um regulador num sistema FV com cargas
.................................................................................................................................................. 48
X
Figura 5.7: Simbologia elétrica de um inversor. ...................................................................... 49
Figura 5.8: Inversor DC-AC acoplado a um sistema fotovoltaico isolado. .............................. 49
Figura 5.9: Inversor DC-AC da SMA Sunny Boy para instalações fotovoltaicas isoladas...... 49
Figura 5.10: Formas de onda de inversores fotovoltaicos autónomos. .................................... 50
Figura 5.11: Fusível 10x10 gPV para protecção fotovoltaica. ................................................. 52
Figura 5.12: Base/Chave tipo BCF5238 para Fusível 10x38. .................................................. 52
Figura 5.13: Fusíveis - gPV - Para protecção de módulos fotovoltaicos. ................................ 53
Figura 5.14: Base/Cahve tipo BCF5237 ................................................................................... 53
Figura 5.15: Linha de disjuntores Schneider Easy9. ................................................................ 54
Figura 5.16: DPSs. .................................................................................................................... 56

Figura 6.1: Esquema de um sistema de bombeamento solar com bomba de superfície e seus
acessórios. ................................................................................................................................. 59
Figura 6.2: Inversor selecionado. Inversor híbrido MPPT SPC III-5000-48 Outback Power.. 64
Figura 6.3: Estimativa de vida útil de uma bateria pela profundidade de descarga. ................ 66
Figura 6.4: Bateria Solar 24 V 720 Ah SOPzS. ....................................................................... 66
Figura 6.5: Mapa da Irradiação Solar no Local em Estudo. ..................................................... 69
Figura 6.6: Módulo FV mono-cristalino................................................................................... 71

Figura 7.1: Circuito Eléctrico do Sistema em Estudo. ............................................................. 76


Figura 7. 2: Diagrama Eléctrico em 2D e 3D. .......................................................................... 77

Figura 8.1: Inclinômetro ........................................................................................................... 80


Figura 8.2: Densímetro. ............................................................................................................ 81
Figura 8. 3: Fotográfia com câmera termográfica (em vermelho, as células superaquecidas). 83
Figura 8.4: Câmera termográfica infravermelha. ..................................................................... 83

Figura A.1:Ilustração de pesquisa/colheita de dados de irradiância e temperatura (1) ............ 90


Figura A. 2: Ilustração de pesquisa/colheita de irradiância e temperatura (2) ......................... 91
Figura A.3: Ilustração de pesquisa/colheita de dados de irradiância e temperatura (3) ........... 91

XI
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Estado de carga de uma bateria pela tensão entre os terminais ............................. 31

Tabela 4.1: Vantagens e desvantagens de cada tipo de motor.................................................. 42

Tabela 5.1: Características Eléctricas - Conforme Norma DIN VDE 0636-6, IEC 60269-6,
NFC 63210 ............................................................................................................................... 52
Tabela 5.2: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL 2579, DIN 43620 .............. 52
Tabela 5.3: Características Eléctricas Fus. 10/14x85 - Conforme Norma DIN VDE 0636-6,
IEC 60269-6, NFC 63210......................................................................................................... 53
Tabela 5.4: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL269-6, UL 3579, DIN 43620.
.................................................................................................................................................. 53

Tabela 6.1: Estimativa diária do consumo de água para diversas utilizações .......................... 57
Tabela 6.2: Perda de carga em tubulações de PVC .................................................................. 60
Tabela 6.3: Perda de carga em conexões de PVC. ................................................................... 61
Tabela 6.4: Estimativa do consumo diário de energia (média mensal) .................................... 63
Tabela 6.5: Principais características eléctricas do inversor híbrido MPPT SPC III-500-48
Outback power.......................................................................................................................... 65
Tabela 6.6: Características da Bateria Solar 24 V 720 Ah SOPzS. .......................................... 67
Tabela 6.7: Dados de parâmetros que têm Influência na disponibilidade Solar no local em
estudo. ....................................................................................................................................... 70
Tabela 6.8: Características Eléctrica. ....................................................................................... 72
Tabela 6.9: Características Físicas............................................................................................ 72
Tabela 6.10: Custo estimado da instalação FV isolada. ........................................................... 75

Tabela 8.1: Controladores de carga .......................................................................................... 84


Tabela 8.2: Controladores de carga (continuação) ................................................................... 85
Tabela 8.3: Inversor .................................................................................................................. 86

XII
LISTA DE ACRÓNIMOS, SÍMBOLOS E SIGLAS

FV Fotovoltaico
SFVI Sistema Fotovoltaico Isolado
SBFV Sistema de bombeamento fotovoltaico
He Hélio
H Hidrogénio
Ed Radiação solar directa
Er Radiação solar reflectida
Eu Radiação solar difusa
MOSFET Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor
MPPT Maximum Power Point Tracking
NOTC Nominal Operating Temperature Conditions
GHI Global Horizontal Irradiance
UA Unidade Astronómica
GNOCT Irradiância em NOCT [W/m2 ]
GSTC Irradiância em STC [W/m2 ]
GT Irradiância retirada a partir dos dados meteorológicos [W/m2 ]
TNOCT Temperatura em NOCT [℃]
TSTC Temperatura em STC [℃]
CC Corrente Contínua
CA Corrente Alternada
ID Corrente do díodo
Id1 Corrente do díodo 1 [A]
Id2 Corrente do díodo 2 [A]
Pb-ácido Chumbo ácido
p-Si Poli-crystaline Silicon
OPzS Ortsfest Panzerplatte Spezial (Bateria Estacionária com
Placas Tubulares, Eletrólico Fluido e separadores Especiais)
OPzV Ortsfest Panzerplatte Verschossen (Bateria estacionária com
Placas Tubulares, Eletrólito em Gel e Válvula de Segurança)
V Volt
kV Kilovolt
kW Kilowatt

XIII
kWh Kilowatt-hora
kWp Kilowatt-pico
Si Silício
Cd Cádmio
CdS sulfito de cádmio
FF Fator de forma
P Potência
ED Energia Diária a ser fornecida às cargas
IS Corrente da resistência em série
VDC Tensão em corrente contínua [V]
VOC Tensão em circuito aberto [V]
ηFV Eficiência fotovoltaica
ηI Eficiência do inversor [%]
A Ampère
Ah Ampère-hora
NB Número de Baterias
BS Baterias em série (para alcançar a tensão de projeto)
BP Baterias em paralelo (para alcançar a capacidade de
acumulação necessária)
Vi Tensão de operação do sistema [V]
VB Tensão nominal da bateria/elemento [V]
CR Capacidade Real do Banco de Baterias [Ah]
CN Capacidade Nominal da Bateria/elemento [Ah]
CU Capacidade útil do Banco de Baterias [Ah]
Pd Profundidade de descarga das baterias/elementos no fim da
autonomia (40% = 0,4)
ER Energia Real diária (já computadas as perdas) [kWh/dia]

R Rendimento Global da Instalação em decimal (89% = 0,89)


Nm Número total de módulos fotovoltaicos
mS Módulos em série (para alcançar a tensão de projeto)
mP Módulos em paralelo (para alcançar a corrente de projeto)
Vm Tensão nominal do módulo fotovoltaico escolhido [V]
Ep Energia que o painel deverá gerar diariamente [Wh/dia]
HSP Potencial energético do plano da instalação no plano do
painel ( Horas de Sol Pleno)
XIV
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO

A energia eléctrica nas áreas rurais residenciais é de grande importância para prover
iluminação, aquecimento e refrigeração às propriedades. Através da energia eléctrica os
produtores e moradores conseguem realizar suas actividades de trabalho rural e ter acesso a
iluminação segura durante a noite, à rádio, televisão e a conservação dos alimentos em
geladeiras, entre outos benefícios que garantem a dignidade social.

Angola tem um elevado potencial de recurso solar, com uma média anual de irradiação
global em plano horizontal compreendida entre 1.355 e os 2.068 kWh/m2 /ano e com uma baixa
variação da disponibilidade do recurso ao longo do ano. Contudo trata-se de um país com uma
vasta extensão, com uma população muito dispersa e pouco investimento em infraestruturas,
faz com que muitas regiões rurais não tenham acesso à energia eléctrica ou de qualidade. O que
se torna imprescindível a adoção de técnicas muitas vezes não convencionais para a geração de
energia.

Uma das técnicas mais utilizadas actualmente é através da energia solar. Ela pode ser
dividida em dois tipos: a energia solar fotovoltaica e a energia solar térmica. A energia
fotovoltaica é usada essencialmente para gerar energia eléctrica directamente dos raios solares
através de placas feitas de cristal de silício. Já a energia solar térmica é utilizada para gerar
através do calor do Sol aquecimento para líquidos, como por exemplo, a água para banho
quente.

Os sistemas fotovoltaicos podem ser instalados em qualquer localidade que tenha


radiação solar suficiente. Os sistemas fotovoltaicos, durante o seu funcionamento não produzem
ruído acústico ou eletromagnético, e não emitem gases tóxicos ou outro tipo de poluição
ambiental.

1.1 - Motivação

As principais motivações deste projecto são:

 Colaborar no sentido de melhorar as taxas de electrificação de Angola, nomeadamente


nas zonas rurais com baixa densidade populacional, onde os investimentos em mini-
redes solares não seriam justificados, de forma mais eficiente e económica, para
satisfazer a crescente procura energética do país e aumentar a segurança energética, ao
mesmo tempo que contribui para a redução das emissões de carbono associadas com a
crescente electrificação;

 E solucionar a problemática do fornecimento de água as populações rurais, contribuindo


desta forma para o desenvolvimento do país. Com a instalação de sistemas de
bombeamento de água potável para o consumo humano e também quando necessário,
para a agricultura, podem ser minimizados os problemas de carência de água.

15
INTRODUÇÃO

1.2 – Problema de Pesquisa e Objectivos

1.2.1 – A Justificativa e Problemática

As áreas rurais de Angola carecem de infraestrutura de rede eléctrica que seja capaz de
cobrir todas as regiões. Isso acarreta a privação do desenvolvimento social e humano, uma vez
que não terá acesso a comida sendo conservada em geladeiras, acesso à noticiais e meios de
comunicação como rádios, televisão, celular e internet. Além de geração de desgastes físicos
em razão da execução de trabalhos manuais que poderiam ser feitos por máquinas eléctricas.
Para dar soluções a esses problemas, existem alternativas de adoptar o sistema de
electrificação rural por meio de energia solar que permite gerar energia eléctrica e térmica
dentro dessas regiões.
Comparando aos imóveis urbanos, as propriedades rurais têm uma boa vantagem na
produção de energia eléctrica. Sabe por quê?
Na cidade um dos únicos espaços para colocar as placas solares são em telhados.
Dependendo dos imóveis ao redor, eles nem sempre recebem uma boa insolação. Já as
propriedades rurais tem espaço livre para instalação dos painéis solares na posição ideal para
que o sol incida o ano inteiro.

Motivos para investir na instalação de sistemas fotovoltaicos:


 Você nunca vai gastar nada com combustível para produzir energia;
 Sistemas de energia solar são extremamente duráveis;
 Você vai colaborar com a perseveração do meio ambiente.

1.2.2 – Objectivo Geral

O presente estudo tem como objetivo principal, apresentar a implementação de um


sistema fotovoltaico para uma residência rural com bomba de água.

1.2.2.1 – Objectivos específicos

 Apresentar a descrição detalhada dos dispositivos e equipamentos que compõem um


Sistema Fotovoltaico;
 Compreender o funcionamento de Sistemas Fotovoltaicos, suas principais
características e a diferença entre eles;
 Fazer o levantamento das principais cargas eléctricas de uso diário na casa, o tempo de
utilização e a potência consumida por cada equipamento eléctrico.
 O estudo e análise do Dimensionamento da Instalação Fotovoltaica Isolada e do Sistema
de Bombeamento Solar;
 Apresentar a proposta de Instalação de um Sistema de produção Fotovoltaica Isolada na
comuna do Xangongo como fonte de eletricidade, garantindo assim um crescimento
socio-económico-tecnológico da região e catapultar o padrão de vida dos habitantes.

16
APROVEITAMRNTO SOLAR

CAPÍTULO 2 – APROVEITAMENTO SOLAR

O aproveitamento solar refere-se a montagem de sistemas energéticos, que têm como


fonte energética primária o sol.

2.1 - Energia Solar

É a energia emitida pelo sol e que chega à superfície terrestre sob a forma de ondas
electromagnéticas (radiação), que se propagam transversalmente no espaço.

O sol é o centro do sistema solar, a energia que o Sol liberta aquece o planeta terra e dá
vida a todos os seus elementos, ou seja, a importância que sol tem para o planeta terra em termos
energéticos é quase imensurável, pois, com excepção da energia nuclear, todos os recursos
energéticos utilizados para a produção de energia dependem directa ou indirectamente da acção
do sol.

Acção directa do Sol:


 Sistemas energéticos solares térmicos: aproveita-se a energia térmica da radiação
solar para a produção de energia térmica;
 Sistemas energéticos solares fotovoltaicos: utiliza-se a energia luminosa da radiação
solar para a produção de energia eléctrica.

Acção indirecta do Sol:

 O vento – fonte energética da energia eólica: é produzido através da diferença de


densidades do ar, que também só existe devido às variações de temperaturas, isto é,
variações de intensidade da radiação solar;
 Os extractos de terra – fonte energética da energia geotérmica: apenas possuem tais
quantidades massivas de energia porque absorvem a energia solar;
 A biomassa: através da energia que os elementos agrícolas absorvem do sol;
 A hidroeléctrica: em que as águas dos rios só entram em movimento devido às
variações existentes nas suas densidades ou intensidades da radiação solar;
 Os combustíveis fósseis: que são hidrocarbonetos, só existem devido à acção indirecta
da energia solar.

2.1.1 - Produção da Energia Solar

O Sol pode ser imaginado como sendo um objecto enorme e massivo composto por um
aglomerado de gases suportados pela acção das forças gravitacionais.

A existência de elevados níveis de temperatura e pressão – no seu centro – provoca a


ocorrência de processos de fusão nuclear, que basicamente são processos reactivos fortes de
junção de núcleos que ocorrem no núcleo solar e provocam a transformação de átomos de
hidrogénio (H2 ) em hélio (He), de maneira contínua e sucessiva, libertando grandes quantidades
de energia.

17
APROVEITAMRNTO SOLAR

2.2 - A Radiação Solar na Superfície Terrestre

Estima-se que apenas dois milionésimos (2/1×106 ) da radiação solar chegam


anualmente até à superfície exterior da terra. Esta quantidade corresponde a uma quantidade
energética anual de aproximadamente 1 × 108 kWh ou 1 ZWh; equivalentes a uma potência
eléctrica anual de aproximadamente 1,14 × 105 TW TW ou 0,114 EW.

2.2.1. Distribuição da Radiação Solar

A radiação solar que atinge a superfície terrestre varia desde zero, ao nascer do sol, até
um valor máximo que se verifica mais ou menos ao meio-dia, pressupondo-se ausência de
nebulosidade. Como pode-se observar na figura 2.1, a radiação solar global subdivide-se nas
seguintes três parcelas:

 Radiação directa (𝐄𝐝 ): Esse tipo de radição passa através da atmosfera e alcança a
superfície terrestre sem ter sofrido qualquer dispersão em sua trajectória;
 Radiação difusa (𝐄𝐮 ): É radiação que atinge a superfície terrestre após ter sofrido
vários desvios em sua trajectória, por exemplo devido aos gases presentes na atmosfera;
 Radiação reflectida/albedo (𝐄𝐫 ): É a fracção solar reflecrida pela própria superfície
terrestre, trata-se de um fenómeno conhecido como efeito albedo.

Figura 2.1: Componentes da radiação solar.

Irradiância representa o fluxo de energia radiante instantâneo que incide sobre uma
superfície, real ou imaginária por unidade de área. Sua unidade de medida é W/m2 . Já a
Irradiação é a quantidade de energia radiante que incide uma superfície durante um certo
intervalo de tempo, por unidade de área desta. Sua unidade de medida é kWh/m2 .

Unidades de potência e consumo da radiação solar

A potência da radiação/irradiação solar é expressa pela intensidade de radiação solar


(E), e a sua unidade – no sistema SI – é o W/m2 , ou seja, (J/s)/m2 . A unidade de referência do
consumo energético da radiação solar, no sistema SI, é o kWh/m2 (1000 W × 3600 s/m2 ),
porém pode-se utilizar em alternativa as seguintes unidades: J/m2 ; MJ/m2 , Langley/85,93,
cal/cm2 ×min., BTU/ft 2 .
18
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

CAPÍTULO 3 – CÉLULAS FOTOVOLTAICOS E BANCO DE BATERIAS

3.1 – Células e Módulos Fotovoltaicos (Generalidade)


3.1.1 - Efeito fotovoltaico e função das células solares

Fotovoltaico significa a transformação directa da luz em energia eléctrica, recorrendo-


se a células solares. Neste processo, são utilizados materiais semicondutores como o silício, o
arsenieto de gálio, telurieto de cádmio ou disselenieto de cobre e índio. A célula de silício
cristalina é a mais comum. Actualmente, cerca de de 95 % de todas as células solares do mundo
são de silício. Numa posição próxima do oxigénio, é o segundo elemento químico mais
frequentemente utilizado na Terra. O silício apresenta uma disponibilidade quase ilimitada. O
silício não existe como um elemento químico. Existe apenas associado à areia de sílica.

O material utilizado nas células solares deve ser da maior pureza possível. Isto pode ser
conseguido através de sucessivas etapas na produção química. Até aos dias de hoje, os
fabricantes de células solares têm obtido, na sua maior parte, o material purificado do
desperdício da indústria electrónica de semicondutores.
3.1.1.1 - Princípios funcionais de uma célula solar

A seguir será ilustrado o princípio funcional de uma célula solar de cristal de silício. Os
átomos de silício formam um retículo cristalino estável. Cada átomo de silício detém quatro
electrões de coesão (electrões de valência) na sua camada periférica. Para atingir uma
configuração estável de electrões, dois electrões de átomos vizinhos formam um par de ligações
de electrões.

Através do estabelecimento desta ligação com quatro átomos de silício vizinhos, obtém-
se a configuração do gás inerte estável de seis electrões. Com a influência da luz ou do calor, a
coesão dos electrões pode ser quebrada. O electrão pode então mover-se livremente, deixando
uma lacuna atrás de si, no retículo cristalino. Este processo é designado por auto-condução.

Figura 3.1: Estrutura cristalina do silício e processo de auto-condução.

A auto-condução não pode ser utilizada para gerar energia. Para que o material de silício
funcione como um gerador de energia, o retículo cristalino é propositadamente contaminado
com os chamados átomos impuros (figura 3.2). Estes átomos possuem um electrão a mais
(fósforo), ou um electrão a menos (boro), do que o silício na camada externa de valência. Por
este motivo, os átomos impuros causam defeitos no interior do retículo cristalino.
19
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

Se ao retículo for adicionado fósforo (impureza n), fica um electrão supérfluo por cada
átomo de fósforo introduzido. Este electrão pode mover-se livremente dentro do cristal e por
isso transportar carga eléctrica. Com o boro (impureza p), fica disponível uma lacuna (electrão
de coesão perdido) por cada átomo de boro introduzido. Os electrões dos átomos vizinhos de
silício podem preencher este orifício, resultando na produção de uma nova lacuna noutro lugar.
O mecanismo condutor que resulta da presença dos átomos impuros, é chamado de condução
extrínseca. Contudo, se virmos individualmente o material de impureza p ou n, as cargas livres
não têm uma direcção definida durante o seu movimento.

Figura 3.2: Condução extríonseca co silício dopado com imourezas do tipo n e p.

Se juntarmos as camadas dos semicondutores n e p impuros, produziremos uma região


de transição pn. Isto leva à difusão dos electrões supérfluos do semicondutor n para o
semicondutor p na junção. Cria-se assim uma nova área com poucos portadores de carga (ver
figura 3.3), designada por barreira de potencial. Na área n da região de transição, os átomos
dopantes positivos são remetidos para trás, acontecendo de modo semelhante com os negativos
na área p. É criado um campo eléctrico que se mantém contrário ao movimento dos portadores
de carga. Por esta razão a difusão não se mantém infinitamente.

Figura 3.3: Criação da barreira de potêncial numa região de transição pn através da difusão dos electrões e das
lacunas.

Se um semicondutor pn (célula solar) é exposto à luz, os fotões são absorvidos pelos


electrões. As ligações entre electrões são quebradas por este fornecimento de energia. Os
electrões libertados são conduzidos através do campo eléctrico para a área n. As lacunas assim
criadas seguem na direcção contrária para a área p. Todo este processo é denominado por efeito
fotovoltaico.
20
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

A difusão dos portadores de carga até aos contactos eléctricos, produz tensão na
fronteira da célula solar. Se não estiver ligada a nenhuma carga, é obtida a tensão de circuito
aberto na célula solar. Se o circuito eléctrico estiver fechado, a electricidade pode fluir.
Contudo, alguns electrões que não alcançam os contactos são recombinados. A recombinação
consiste no processo de unir um electrão livre a um átomo destituído de um electrão de valência
(lacuna).

3.1.1.2 - Estrutura e função de uma célula solar de silício cristalino

A célula solar clássica de silício cristalino, é composta por duas camadas de silício
contaminadas com diferentes impurezas. A camada orientada para o Sol está contaminada
negativamente com fósforo, e a camada inferior está contaminada positivamente com boro. É
produzido um campo eléctrico na junção das duas camadas, que conduz à separação das cargas
(electrões e lacunas) libertadas pela luz solar.
No intuito de gerar electricidade a partir da célula solar, são impressos contactos
metálicos nas suas partes frontal e posterior. Em geral, e neste contexto, é utilizada a impressão
em tela. É possível conseguir uma camada de contacto em toda a extensão da célula, com a
aplicação de uma folha de alumínio ou de prata na parte posterior. No entanto, a parte frontal
deverá ser tão translúcida quanto possível. Aqui os contactos são essencialmente aplicados na
forma de uma grelha fina ou numa estrutura em árvore. A reflexão da luz pode ser reduzida,
com o depósito por vapor de uma camada mais fina (camada anti-reflexão) na parte frontal da
célula solar, feita de nitreto de silício ou de dióxido de titânio.

Figura 3.4: Estrutura e função de uma célula cristalina solar

A radiação provoca a separação dos portadores de carga, como é acima descrito, e o


surgimento de uma corrente caso exista um aparelho de consumo ligado (a imagem mostra uma
lâmpada). As perdas ocasionadas pela recombinação, pela reflexão e pelo sombreamento entre
os contactos frontais, ocorrem na célula solar. Para além disso, uma grande proporção da
energia de radiações de onda longa e curta não pode ser aproveitada.
Os módulos ou painéis FV, Figura 3.5, são constituídos por várias células FV ligadas
em série ou/e em paralelo, dependendo dos níveis de tensão e corrente adotados. Ligações de
células FV em série aumentam a tensão disponibilizada, enquanto as ligações em paralelo
aumentam a corrente disponibilizada. As células FV convertem a luz solar incidente em
eletricidade através do efeito fotovoltaico.
21
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

Figura 3.5: Ilustração de uma célula, módulo e instalação FV

3.1.2 - Tipos de Células Fotovoltaicas

As células fotovoltaicas são fabricadas, na sua grande maioria, usando o silício (Si) e
podendo ser constituida de cristais monocristalinos, policristalinos ou de silício amorfo.

3.1.2.1 - Silício Monocristalino (m-Si)

A célula de silício monocristalino é historicamente a mais usada e comercializada como


conversor direto de energia solar em eletricidade e a tecnologia para sua fabricação é um
processo básico muito bem constituído. A fabricação da célula de silício começa com a extração
do cristal de dióxido de silício. Este material é desoxidado em grandes fornos, purificado e
solidificado.

Este processo atinge um grau de pureza em 98 e 99% o que é razoavelmente eficiente


sob o ponto de vista energético e custo. Este silício para funcionar como células fotovoltaicas
necessita de outros dispositivos semicondutores e de um grau de pureza maior devendo chegar
na faixa de 99,9999%.

Para se utilizar o silício na indústria eletrônica além do alto grau de pureza, o material
deve ter a estrutura monocristalina e baixa densidade de defeitos na rede. O processo mais
utilizado para se chegar as qualificações desejadas é chamado “processo Czochralski”. O
silício é fundido juntamente com uma pequena quantidade de dopante, normalmente o boro que
é do tipo p. Com um fragmento do cristal devidamente orientada e sob rígido controle de
temperatura, vai se extraindo do material fundido um grande cilindro de silício monocristalino
levemente dopado. Este cilindro obtido é cortado em fatias finas de aproximadamente 300µm.

Após o corte e limpezas de impurezas das fatias, deve-se introduzir impurezas do tipo
N de forma a obter a junção. Este processo é feito através da difusão controlada onde as fatias
de silício são expostas a vapor de fósforo em um forno onde a temperatura varia entre 800 a
1000 ℃. Dentre as células fotovoltaicas que utilizam o silício como material base, as
monocristalinas são, em geral, as que apresentam as maiores eficiências. As fotocélulas
comerciais obtidas com o processo descrito atingem uma eficiência de até 15% podendo chegar
em 18% em células feitas em laboratórios.

22
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

3.1.2.2 - Silício Policristalino (p-Si)


As células de silício policristalino são mais baratas que as de silício monocristalino por
exigirem um processo de preparação das células menos rigoroso. A eficiência, no entanto, cai
um pouco em comparação as células de silício monocristalino.

O processo de pureza do silício utilizada na produção das células de silício


policristalino é similar ao processo do Si monocristalino, o que permite obtenção de níveis de
eficiência compatíveis. Basicamente, as técnicas de fabricação de células policristalinas são
as mesmas na fabricação das células monocristalinas, porém com menores rigores de controle.
Podem ser preparadas pelo corte de um lingote, de fitas ou depositando um filme num substrato,
tanto por transporte de vapor como por imersão. Nestes dois últimos casos só o silício
policristalino pode ser obtido.

Cada técnica produz cristais com características específicas, incluindo tamanho,


morfologia e concentração de impurezas. Ao longo dos anos, o processo de fabricação tem
alcançado eficiência máxima de 12,5% em escalas industriais.

3.1.2.3 - Silício Amorfo

As célula de silício amorfo diferem das demais estruturas cristalinas por apresentar alto
grau de desordem na estrutura dos átomos. A utilização de silício amorfo para uso em
fotocélulas tem mostrado grandes vantagens tanto nas propriedades elétricas quanto no
processo de fabricação.

Por apresentar uma absorção da radiação solar na faixa do visível e podendo ser
fabricado mediante deposição de diversos tipos de substratos, o silício amorfo vem se
mostrando uma forte tecnologia para sistemas fotovoltaicos de baixo custo. Mesmo
apresentando um custo reduzido na produção, o uso de silício amorfo apresenta duas
desvantagens: a primeira é a baixa eficiência de conversão comparada às células mono e
policristalinas de silício; em segundo, as células são afetadas por um processo de degradação
logo nos primeiros meses de operação, reduzindo assim a eficiência ao longo da vida útil.

Por outro lado, o silício amorfo apresenta vantagens que compensam as deficiências
acima citados, são elas:

 Processo de fabricação relativamente simples e barato;


 Possibilidade de fabricação de células com grandes áreas.

Figura 3.6: Tipos de células fotovoltaicas num módulo FV de silício, monocristalinas (esquerda) e policristalinas
(direita).
23
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

3.1.3 – Características Elétricas dos Módulos/Painéis FV

O comportamento de um módulo fotovoltaico, face à radiação solar incidente, é


determinado pelas células que o formam e pode ser descrito por intermédio de uma série de
parâmetros característicos, que definimos em seguida:

 Corrente de curto-circuito (𝐈𝐒𝐂 ): É a corrente obtida entre os contactos de um painel,


medida com um amperímetro, se se provocar um curto-circuito;
 Tensão de circuito aberto (𝐕𝐎𝐂 ): É a tensão máxima que se poderá medir com um
voltímetro, sem deixar passar corrente entre os terminais de um painel solar, ou seja, em
circuito aberto. Neste caso, a resistência entre os parafusos é infinita;
 Corrente (I) a uma determinada tensão (𝑉): É a corrente elétrica que circula através
do circuito externo que une os terminais do painel quando há diferença de tensão entre
estes;
 Potência máxima (𝐏𝐌á𝐱): A corrente que o painel gerará terá um valor que poderá
variar entre 0 eISC , correspondendo-lhe uma tensão V entre terminais do painel que
variará entre 0 e VOC , dependendo de algumas condições. Como a potência é produto da
tensão e da corrente, esta será máxima apenas para uma única combinação de valores 𝐼
e 𝑉;
 Eficácia total do painel: É o quociente entre a potência elétrica produzida e a potência
da radiação que incide no painel;
 Fator de forma (FF): Conceito teórico que serve para medir a forma da curva, definida
pelas variáveis 𝐼 e 𝑉.

3.1.4 – União/Ligação dos Módulos Fotovoltaicos

A maioria das instalações FV precisa de vários painéis interligados para satisfazer as


necessidades energéticas das mesmas, portanto os painéis FV são interligados em série, em
paralelo e de forma mista de modo a obter-se a potência desejada.
Os módulos fotovoltaicos interligados em série constituem o que normalmente se
denomina por fileiras. É importante realçar que na associação de módulos fotovoltaicos devem-
se, sempre que possível, utilizar módulos do mesmo tipo, de forma a minimizar as perdas de
potência no sistema.

Figura 3.7: Representação esquemática de associação de n módulos em série.

Para a configuração da figura anterior, têm-se as seguintes equações:


VT = V1 + V2 + ⋯ + Vn (3.1)
IT = I1 = I2 = I3 = ⋯ = In (3.2)

24
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

Em que VT é a tensão aos terminais da associação de módulos, Vi a tensão aos terminais


de cada módulo 𝑖, IT a corrente que circula na associação e Ii a corrente que circula em cada
módulo 𝑖. A ligação de dois ou mais painéis em série produzirá uma tensão igual à soma das
tensões individuais de cada painel, sendo que a corrente fornecida por um painel será a mesma
de todos os painéis. Com efeito, a associação em série de módulos fotovoltaicos permite obter
tensões mais elevadas mantendo a corrente estipulada do módulo.
A ligação em paralelo entre módulos individuais é realizada quando se pretende obter
correntes elevadas e manter o nível de tensão estipulada do módulo, Figura 3.8.

Figura 3.8: Representação esquemática da associação n módulos em paralelo.

Analisando a figura anterior têm-se as seguintes equações:


VT = V1 = V2 = ⋯ = Vn (3.3)
IT = I1 + I2 + I3 + ⋯ + In = n × I (3.4)
Na ligação mista entre módulos fotovoltaicos são obtidas as características das duas
associações referidas acima, série e paralelo.
Assim, conseguem-se obter valores mais elevados de corrente e de tensão.

Figura 3.9: Representação esquemática da associação mista de n x m módulos fotovoltaicos

Analisando a Figura 3.9 tem-se o seguinte:


I = I1 = I2 = ⋯ = In (3.5)
ITotal = I1 + I2 + ⋯ + In = n × I (3.6)
V = V1 = V2 = ⋯ = Vn (3.7)
VTotal = V1 + V2 + ⋯ + Vn = m × V (3.8)

Onde:
𝑛 - Número de fileiras de módulos associados em paralelo;

𝑚 - Número de módulos associados em série.


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CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

3.1.5 – Proteção dos Módulos Fotovoltaicos

Normalmente, nos módulos FV, são instalados díodos para a proteção dos mesmos
contra diversos fenómenos que podem comprometer o funcionamento do campo fotovoltaico
(conjunto de módulos/painéis que constituem o sistema de geração) ou da instalação em geral.

3.1.5.1 – Díodos de Desvio e Díodos de Fileiras

Para evitar os problemas que uma iluminação solar irregular poderá causar, a presença
de sombras ou outros fatores que fazem com que uma parte das células de um painel trabalhe
em condições diferentes das restantes, recorre-se à utilização de proteções. Os díodos de desvio
(bypass) ligam-se em paralelo com associações de células ligadas em série, para impedir que
todos os elementos da série se descarreguem sobre a célula que estiver coberta ou sombreada.

Através da ligação em série de módulo FV, a célula solar com sombra aquece, podendo
danificar-se; os díodos de bypass têm a função de proteger as células sombreadas, podendo o
painel dispor de um a três díodos de bypass, consoante o número de células. Estes díodos são
instalados nos módulos FV com a polaridade inversa/oposta das células, para que se estas
trabalharem corretamente o díodo não interfere no seu funcionamento. Se um grupo de células
não estiver exposta ao sol, a polaridade é invertida e oferece o caminho mais fácil à passagem
da corrente gerada pelos restantes grupos de células.
Quando há sombreamento de uma célula, o efeito fotovoltaico cessa, fazendo com que
o único caminho para a corrente gerada pelas outras células seja a junção da célula afetada; a
tensão a que a junção da célula afetada fica submetida leva o díodo a operar na região de
polarização inversa, permitindo a circulação de uma corrente igual à corrente de geração das
outras células, dissipando uma grande quantidade de energia. A potência dissipada na junção
inversamente polarizada é dada pelo produto da corrente de geração das outras células e da
tensão inversa negativa.
A seguir, apresenta-se o exemplo de uma configuração típica de um painel com díodos
de bypass; estes díodos são incorporados nas tomadas de caixa de ligações dos módulos FV
pelos fabricantes, Figura 3.10.

Figura 3.10: Configuração típica de um painel com duas caixas de ligação, uma para o terminal positivo e outra
para o negativo.

Na configuração ilustrada na Figura 3.10 instala-se um díodo em cada uma das caixas
de ligação. Caso exista sombreamento severo, a corrente circula por um grupo de 1/3 de células
e depois através do díodo, ou seja, 2/3 do painel é interposto no caso de existirem sombras.

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CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

Quando existem módulos ligados em paralelo, são utilizados díodos de fileira para evitar
curto-circuitos e correntes inversas entre fileiras, no caso de aparecer qualquer avaria em
alguma das fileiras do sistema FV. Os díodos mais utilizados são do tipo Schottky, no entanto,
se forem utilizados módulos do mesmo tipo, também é comum não serem utilizados os díodos
de fileira; nesta situação, procedesse à colocação de fusíveis de proteção nos dois lados da fileira
de modo a garantir a proteção contra sobreintensidades.

Na Figura 3.11, pode-se observar a configuração dos díodos de fileira de um campo


gerador fotovoltaico.

Figura 3.11: Representação de diodos de fileiras e bypass.

3.1.5.2 – Díodos de Bloqueio

Os díodos de bloqueio são utlizados nas instalações FV para realizar duas funções:
 Evitar que a bateria se descarregue sobre o campo fotovoltaico, durante a noite;
 Bloquear a circulação de correntes inversas de ramos paralelos sombreados durante o
dia.

Na Figura 3.12 ilustra-se a implementação de um díodo de bloqueio, que é ligado entre


o módulo FV e a bateria.

Figura 3.12: Diodo de bloqueio num módulo FV.

3.1.5.2.1 – Díodos de Bloqueio para Evitar Descargas Noturnas das Baterias

Nos sistemas fotovoltaicos com baterias, se não se utilizarem proteções, a bateria poderá
descarregar-se durante toda a noite através dos módulos. Este efeito não seria perigoso para os
módulos, mas originaria uma perda de energia no sistema de armazenamento.

27
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

Para evitar estas perdas, colocam-se díodos de bloqueio ligados em série entre o gerador
fotovoltaico e a bateria. Estes díodos permitem a circulação de corrente do campo fotovoltaico
até à bateria durante o dia, mas bloqueiam a circulação no sentido inverso de corrente da bateria
ao campo fotovoltaico.
A Figura 3.13 mostra as curvas de iluminação e de escuridão de um gerador fotovoltaico,
indicando os sentidos de circulação da corrente. Durante a noite, a bateria mantém a sua tensão
de operação e a corrente que passa pelo módulo circulará em sentido oposto.

Figura 3.13: Curvas de iluminação e escuridão de um gerador fotovoltaico, indicando sentidos de circulação de
corrente durante o dia e a noite.

Para evitar estas perdas, colocam-se díodos de bloqueio ligados em série entre o gerador
fotovoltaico e a bateria. Estes díodos permitem a circulação de corrente do campo fotovoltaico
até à bateria durante o dia, mas bloqueiam a circulação no sentido inverso de corrente da bateria
ao campo fotovoltaico.

A bateria é um dispositivo que converte a energia química contida em materiais ativos


diretamente em energia elétrica, através de reações eletroquímicas de oxirredução (redox).

3.2 – Banco de Baterias

As baterias ou acumuladores de carga são dispositivos presentes no nosso quotidiano,


que fornecem energia a todo o tipo de dispositivos eletrónicos, tais como telefones móveis,
computadores portáteis, sensores sem fios, veículos elétricos, entre outros. As baterias, segundo
o seu princípio de funcionamento, podem ser classificadas em:

 Primárias (não-recarregáveis): uma vez que esta quantidade é consumida (em


descarga completa), uma bateria primária não pode ser carregada novamente;

 Bateria de múltiplos ciclos (secundárias ou recarregáveis): Em descarga completa,


a bateria pode ser recarregada através da passagem de uma corrente elétrica forçada
através de uma direção oposta; isto irá regenerar reagentes originais do produto de
reação;

28
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

 Células de combustível (Fuel cells) – neste tipo de armazenamento de energia, os


reagentes estão continuamente a alimentar as células, enquanto que os produtos de
reação estão continuamente a serem removidos. As fuel cell são o tipo de
armazenamento de energia menos utilizado.

O modelo elétrico de uma bateria ilustra-se na Figura 3.1.

Figura 3.14: Circuito eléctrico equivalente de uma bateria.

O modelo elétrico da bateria é composto por uma fonte de tensão ideal (Vi ) e por uma
resistência interna (R i ). Esta resistência possui um comportamento dinâmico ao longo dos
processos de carga e descarga; assim, a tensão medida nos terminais de uma bateria é
influenciada pelo sentido da corrente da bateria.

Um banco de baterias é constituído por uma quantidade calculada de elementos


conectados em série e/ou em paralelo, que fornecerão a potência demandada pelas cargas, no
período de autonomia em que devem funcionar sem receber recarga do arranjo fotovoltaicos
nos períodos sem insolação.

3.2.1 - Funções do Banco de Baterias

Em sistemas isolados, as baterias têm seguintes funções:

 Autonomia: está é a função mais importante, que é suprir a energia para os consumos,
quando o painel não é capaz de gerar energia suficiente. Isto acontece todas as noites e
nos períodos chuvosos ou nublados, que podem variar durante o dia.

 Estabilizar a tensão: os módulos fotovoltaicos têm uma grande variação de tensão, de


acordo a irradiância recebida. A conexão de cargas de consumo directamente aos
módulos pode expô-los a tensões muito altas ou muito baixas para o seu funcionamento.
A bateria possui uma faixa te tensões muito estreita que os módulos fotovoltaicos, e
garantirão uma faixa de conexão mais uniforme para as cargas.

 Fornecer elevadas correntes: a bateria funciona com um buffer, fornecendo correntes


de partida elevadas. Alguns dispositivos (como motores) requerem altas correntes (de 4
até 9 vezes a corrente nominal) para iniciar o seu funcionamento, estabilizando e
utilizando correntes mais baixas depois de alguns segundos.
29
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

3.2.2 - Baterias para Sistemas Fotovoltaicos

As baterias para sistemas fotovoltaicos costumam ser as de chumbo-ácido ou níquel-


cádmio, as baterias de níquel-cadmio suportam descargas maiores e tem maior vida-útil, mas
seu alto custo e baixa disponibilidade as tornaram viáveis em sistemas muito específico que
necessitam de alta confiabilidade.

É a relação custo-benefício que faz com que as baterias de chumbo-ácido sejam


escolhidas para a maioria dos sistemas fotovoltaicos.

3.2.2.1 - Constituição e Funcionamento de uma Bateria de Chumbo-Ácido

Baterias de chumbo ácido são constituídas de células individuas que - também chamadas
de pilhas – com tensão nominal de 2 V cada uma, que nas baterias monoblocos são ligadas em
série para alcançar a tensão nominal (6 células constituem uma bateria de 12 V).

Cada célula é constituída por duas placas de metais diferentes (uma negativa outra
positiva) isoladas por separadores e imersas em uma solução aquosa de ácido sulfúrico
(H2 SO4 ), as placas são elétrodos de chumbo em formato de grade com função de segurar a
matéria activa e conduzir a corrente eléctrica.

Figura 3.15: Bateria de Chumbo-Ácido.

Ao se fechar o circuito os eletrões fluem do polo negativo para o polo positivo,


provocando uma reação química entre as placas e o ácido sulfúrico, que leva a formação de
sulfato de chumbo (PbSO4 ) nas duas placas – reação chamada de dupla sulfatação – que
consome o ácido, tornando o eletrólito mais aquoso, processo que pode ser medido com um
densímetro.

Quando o arranjo fotovoltaico recarrega a bateria os electrões fluem em sentido


contrário – do polo positivo para o polo negativo – revertendo a reação química. O processo
não é totalmente reversível, pois pequenas quantidades de sulfato de chumbo não se dissolvem,
processo chamado de sulfatação que aumenta à medida que os ciclos de carga e descarga
acontecem, diminuindo a capacidade da bateria. Quanto maior for a profundidade de descarga
– o nível de reação química que acontece durante a descarga, antes que a bateria volte a ser
carregada – maior será a perda de capacidade. Com profundidade de descargas menores, mais
ciclos de carga e descarga a bateria suportará.

30
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

Figura 3.16: Expectativa de vida de uma bateria pela profundidade de descarga.

A resistência interna de uma bateria de cumbo-ácido varia de acordo à carga, sendo


maior quando a bateria está descarregada devida a menor concentração de ácido no eletrólito e
a presença do sulfato de chumbo nas placas. À medida que a bateria vai sendo carregada a sua
resistência interna diminui, fazendo com que a bateria aceite melhor a carga. Por isso uma
bateria com menor profundidade de descarga durante o ciclo é recarregada mais rápida.

Após as células atingirem a tensão final de carga, a bateria deve ser desconectada do
carregador, pois se inicia um processo de eletrólise de água presente no eletrólito que leva a
dois inconvenientes:

Perda de água, que faz o ácido se concentrar mais, se tornando nocivo as placas até a
secagem total que determina o fim da bateria.

Liberação do oxigênio e hidrogênio. Esse último, mesmo em pequenas proporções torna


o ambiente potencialmente explosivo, o que faz com que os bancos de baterias devem ser
instalados em locais ventilados. O hidrogênio é 14 vezes mais leve que o ar e pode se acumular
em frestas.

Tabela 3.1: Estado de carga de uma bateria pela tensão entre os terminais

Estado de carga Tensão em circuito aberto


100% (plena carga) 12,72 V
90% 12,48 V
80% 12,42 V
70% 12,30 V
60% 12,18 V
50% 12,06 V
40% 11,88 V
30% 11,76 V
20% 11,58 V
10% 11,34 V
0% (descarga total) 10,50V

31
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

3.2.2.2 - Tipos de Baterias de Chumbo-Ácido

De acordo ao tipo de eletrólito e a tecnologia de construção das placas, as baterias de


chumbo ácido podem ser classificadas em: Baterias de eletrólito líquido, Baterias de eletrólito
imobilizado, Baterias estacionárias de placa tubular (OPzS e OPzV), Baterias de bloco com
placas positivas planas (Blocos OGi).

Baterias estacionárias: é o tipo de baterias mais adequado para instalações


fotovoltaicas, tendo sido concebido para operações intermitentes; raramente descarregam. As
baterias de uso fotovoltaico distinguem-se das outras pela sua capacidade de aguentar os ciclos
de descarga, sendo que a sua duração depende da profundidade do ciclo.

 Baterias estacionárias de placa tubular (OPzS e OPzV): são as baterias certas para
sistemas robustos, de uso permanente em períodos entre 10 a 20 anos. Podem ser do
tipo OPzS, sigla em alemão (Ortsfeste Panzerplatte Spezial) que significa placa
tubular estacionária especial, com eletrólito líquido e separadores especiais; do tipo
OPzV (Ortsfeste Panzeplatte Verschlossen) que significa placa tubular estacionária
selada, que tem eletrólito em gel e reguladas por válvulas.

A diferença entre essas duas baterias e as anteriores está na forma dos elétrodos
positivos, que são tubulares, com tubos permeáveis em torno das varetas, através do
qual circula o eletrólito. Estas baterias também tem vida útil muito superior às baterias
comuns, não são volumosas, mas pesadas e tem maior custo de instalação, inclusive nos
preços comerciais muito superiores a outros tipos de baterias.

As baterias OPzS necessitam de manutenção em períodos de 6 meses a 3 anos, enquanto


as baterias OPzV não requerem manutenção durante a sua vida útil.

Figura 3.17: Eletrodos positivos de uma bateria OPzS

 Baterias de Bloco com Placas Positivas Planas (OGi): As baterias OGi (do alemão:
Ortsfeste Ghitterplatten, que significa: Placas Estacionárias Radias) são do tipo
estaciónaria com os elétrodos positivos em formato de placa plana com uma
configuração que está entre a das baterias de grade e as baterias de elétrodo tubular. As
varetas encaixadas em um protetor comum, que possibilita a fabricação de placas planas
mais baratas que as tubulares, mas com vida útil muito maior. Os elétrodos negativos
de uma bateria de bloco são em formato de grade.
32
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

As baterias OGi alcançam 1300 ciclos com profundidade de descarga de 75% e 4500
ciclos com 30% de Pd. Devido à grande reserva de ácido no vaso, a manutenção será
necessária em períodos entre 3 e 5 anos. São muito utilizadas em sistemas autónomos
na Europa, pois conseguem ser carregadas mesmo com baixas correntes.

As baterias estacionárias podem ser disponibilizadas em monobloco (quando os vasos


que compõem a bateria estão dentro de uma carcaça única) ou em vasos independentes
(quando temos, vários vasos transparentes que devem ser ligados em série para alcançar
a tensão nominal). As baterias especiais para sistemas fotovoltaicos (OPzS, OPzV e
OGi) são disponibilizadas, geralmente em formato de vasos transparente.

Figura 3.18: Vaso de 2 V e bateria monobloco de 12 V

3.2.3 – Desempenho e Características das Baterias de Chumbo-Ácido

Vejamos alguns termos relacionados às baterias que devemos considerar, no momento


de projectar um banco de baterias.

 Carga/Descarga: processo de conversão da energia eléctrica em energia química e


vice-versa. Durante o processo de carga a tensão da bateria aumenta gradativamente e,
depois de certo valor, inicia-se o processo de gaseificação (eletrólise e liberação dos
gases). Próximo da tensão de gaseificação, o fabricante determina o valor máximo de
tensão para a carga da bateria, depois do qual o processo de carga é interrompido. Essa
é a função do Regulador de carga, que aplica ainda a tensão correcta de acordo a
temperatura ambiente.

À medida que a bateria se descarrega a tensão diminui. Cai rapidamente no início devido
as perdas ôhmicas, depois cai continuamente até o fim de carga, quando cai rapidamente
e atinge o valor limite a partir do qual a concentração do ácido diminui muito começam
os efeitos nocivos da sulfatação (citado abaixo).

 Capacidade: é a quantidade de carga eléctrica que a bateria pode fornecer até ficar
totalmente descarregada. A capacidade é o produto da descarga constante (𝐈𝐧 ) pelo
tempo de descarga (𝐭 𝐧 ):

𝐂𝐧 = 𝐈𝐧 × 𝐭 𝐧

33
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS E BANCO DE BATERIAS

É a forma e o número de pilhas ligado em paralelo que determinam a capacidade da


bateria. Esse valor depende da temperatura de operação, da tensão final e principalmente
da corrente de descarga. Com correntes de descargas menores, a deposição de sulfato
nas placas acontece vagarosamente, o que permite maior penetração do sulfato. Com
maiores correntes de descarga a deposição de sulfato acontece mais rapidamente, as
moléculas se depositam no começo das placas e atrapalham as moléculas seguintes. Ou
seja, é possível tirar a energia da bateria quando é feita uma descarga lenta, do que
quando é feito uma descarga rápida. É por isso que a capacidade nominal (𝐂𝐧 ) da
bateria tem que ser especificada de acorda a corrente de descarga, ou de acordo o tempo
de descarga.

o Capacidade nominal (Cn ): quantidade de carga extraível de uma bateria (ou


elemento) em n horas, em uma temperatura média de 25℃, e determinada
corrente, até que a tensão bateria caia para 1,8 V/elemento (10,5 V numa bateria
monobloco de 12 V nominais). Se a capacidade total de uma bateria for utilizada
em 10 horas, será drenada uma corrente muito maior do que se a descarga for
feita em um período de 100 horas. Uma bateria de 𝐂𝟏𝟎𝟎 = 𝟏𝟎𝟎 𝐀𝐡 pode ser
descarregada em 100 horas com uma corrente 1 A. Se dessa bateria for drenada
8 A, ela atingdcvfb nirá a tensão final em 10 horas. Sua capacidade em C10 será
80 Ah (𝐂𝟏𝟎 = 𝟖𝟎 𝐀𝐡).

o Capacidade útil: capacidade utilizável da bateria. É o produto da capacidade


nominal pela profundidade de descarga.

 Profundidade de descarga: quociente entre a carga extraída e a capacidade nominal de


uma bateria, expressa em percentagem. A máxima profundidade de descarga, em uma
bateria de chumbo-ácido, deve ser de 80%. Acima disso a bateria pode não se recuperar
e ser recarregada novamente.

 Autodescarga: perda de carga da bateria quando esta está em circuitio aberto. É


provocada pela constante reação química no interior da bateria. Geralmente é expressa
em percentagem, medida por mês. A autodescarga é maior ou menor, segundo a
temperatura no ambiente das baterias. Devido à essa perda energética, baterias não
podem ser armazenadas, ou deixadas sem recarga, em sistemas fotovoltaicos.

 Ciclo: sequência completa de carga e descarga da bateria em determinada profundidade


de descarga. Quanto menor a profundidade de descarga, mais ciclos a bateria suporta.
Um ciclo é aberto quando a bateria começa a se descarregar, e é fechado quando a
bateria é completamente recarregada. Em um sistema fotovoltaico que não recebeu
suficiente radiação solar, o banco de baterias não será completamente carregado e o
ciclo continua, com profundidade de descarga maior.

 Corrente: assim como a capacidade, é determinada baseando-se no período


descarga/descarga da bateria: 𝐈𝟐𝟎 = 𝐂𝟐𝟎 ⁄𝟐𝟎 𝐡 ou 𝐈𝟏𝟎𝟎 = 𝐂𝟏𝟎𝟎 ⁄𝟏𝟎𝟎 𝐡
34
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

CAPÍTULO 4 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Um sistema fotovoltaico é uma fonte de potência elétrica, na qual as células


fotovoltaicas transformam a Radiação Solar diretamente em energia elétrica.

Os sistemas fotovoltaicos podem ser implantados em qualquer localidade que tenha


radiação solar suficiente. Sistemas fotovoltaicos não utilizam combustíveis, não possuem partes
móveis, e por serem dispositivos de estado sólido, requerem menor manutenção. Durante o seu
funcionamento não produzem ruído acústico ou eletromagnético, e tampouco emitem gases
tóxicos ou outro ipo de poluição ambiental.

A confiabilidade dos sistemas fotovoltaicos é tão alta, que são utilizados em locais
inóspitos como: espaço, desertos, selvas, regiões remotas, etc.

4.1 - Classificação dos sistemas fotovoltaicos

Os sistemas fotovoltaicos são classificados de acordo à forma como é feita a geração ou


entrega da energia elétrica em:
 Sistemas Isolados
• Sistemas conectados à rede (On-Grid)

Figura 4. 1: Tipos de sistemas fotovoltaicos


35
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

4.1 - Sistemas Isolados

Um Sistema Fotovoltaico Isolado é aquele que não tem contato com a rede de
distribuição de eletricidade das concessionárias. Os sistemas isolados podem ser classiicados
em Híbridos ou Autônomos (Puros). Os sistemas autônomos podem ser com, ou sem
armazenamento elétrico.

4.1.1 – Sistemas Híbridos

Os sistemas híbridos são combinações de sistemas fotovoltaicos com outras fontes de


energia para garantir a carga das baterias na ausência de radiação solar. As fontes de energia
auxiliares podem ser a Diesel, gás ou geradores eólicos. No caso de sistemas de FV/Diesel, o
gerador deverá funcionar quando as baterias atingem a sua carga mínima, deixando de funcionar
quando atingirem um nível aceitável de carga.

Figura 4.2: Sistema Híbrido

4.1.2 - Sistemas Autônomos (Puros)

Um sistema fotovoltaico puro é aquele que não possui outra forma de geração de
eletricidade. Devido ao fato de o sistema só gerar eletricidade nas horas de sol, os sistemas
autônomos são dotados de acumuladores que armazenam a energia para os períodos sem sol, o
que acontece todas as noites, e também nos períodos chuvosos ou nublados. Os acumuladores
são dimensionados de acordo à autonomia que o sistema deve ter, e essa varia de acordo às
condições climatológicas da localidade onde será implantado o sistema fotovoltaico.

Sistemas Autônomos Sem Armazenamento São sistemas que funcionam somente


durante as horas de sol. Temos como exemplo os sistemas de bombeamento de água. As
caracterísicas das bombas são calculadas levando em consideração a necessidade água e o
potencial Solar da localidade. O painel fotovoltaico é dimensionado para fornecer potencial
para a bomba. Apesar de, geralmente, não utilizarem sistemas de armazenamento elétrico, o
armazenamento energético é feito na forma de água no reservatório.

36
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

4.2 - Componentes de Um Sistema Fotovoltaico Autônomo

Um sistema fotovoltaico residencial autônomo, geralmente, possui os seguintes componentes:

Figura 4. 3: Componentes de um sistema fotovoltaico autônomo.

Nos capítulos seguintes serão explicados os detalhes sobre cada um dos componentes
de um sistema fotovoltaico autônomo.

4.3 - Sistemas Conectados à Rede (On-Grid)

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede fornecem energia para as redes de


distribuição. Todo o potencial gerado é rapidamente escoado para a rede, que age como uma
carga, absorvendo a energia.

Os sistemas conectados à rede, também chamados de On-grid, geralmente não utilizam


sistemas de armazenamento de energia, e por isso são mais eficientes que os sistemas
autônomos, além de, geralmente, serem mais baratos.

Os sistemas On-Grid dependem de regulamentação e legislação favorável, pois usam a


rede de distribuição das concessionárias para o escoamento da energia gerada.

Figura 4. 4: Sistema conectado à rede

37
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

1. Módulos Fotovoltaicos
2. Inversor Grid-Tie – Transforma a corrente contínua do painel em corrente alternada de
127 V/220 V e 60Hz, compatível com a eletricidade da rede.
3. Interruptor de Segurança.
4. Quadro de Luz - distribui energia para casa.
5. A eletricidade alimenta os utensílios e eletrodomésticos
6. O excedente volta para a rede elétrica através do medidor fazendo-o rodar ao
contrário, reduzindo a tarifa de energia elétrica.

4.4 – Sistemas de Bombeamento de Água

São sistemas projetados especificamente para bombeamento de água de poços, lagos e


rios. O sistema de bombeamento solar dispensa a rede elétrica e o motor Diesel, produzindo
sua própria eletricidade. É eficiente, confiável, necessita de pouca manutenção e resolve o
problema de bombeamento de água com um custo relativamente baixo. Uma característica
favorável ao uso dessa tecnologia refere-se ao casamento perfeito entre a fonte energética, a
radiação solar, e a necessidade de água.

Figura 4. 5: Sistema fotovoltaico de bombeamento de água

4.3.1 - Classificação dos Sistemas de Bombeamento

Quanto à classificação dos sistemas de bombeamento, os sistemas de bombeamento


dividem-se em dois grupos: sistema direto e sistema indireto.

A constituição dos dois tipos difere apenas no uso de baterias pelo sistema indireto,
contudo, com vistas ao menor custo total do sistema, o sistema direto é mais usual, reservando-
se a aplicação indireta apenas quando é necessário realizar o bombeamento em horário sem
insolação. Além disso, o sistema direto pode usar ou não um conversor de potência. A Figura
4.6 apresenta as configurações em ambientes de bombeamento fotovoltaico, as linhas mais
espessas destacam a modalidade mais utilizada.

38
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Figura 4. 6: Configurações utilizadas em SFVB

Posso usar o gerador solar com a minha motobomba? O gerador solar gera em corrente
contínua. Para acionar uma motobomba de corrente alternada é preciso instalar adicionalmente
um inversor de frequência variável, pois a motobomba vai trabalhar com maior ou menor
rotação dependendo da quantidade de radiação solar disponível. Existem motobombas que já
vem com este inversor de frequência embutido o que facilita a instalação.

4.3.2 - Bombas Hidráulicas

Define-se bomba como o equipamento responsável pelo deslocamento de fluídos


através do acionamento do motor. É por meio dela que se transfere a energia cinética do eixo
de interligação com o motor para o fluido, aumentando sua pressão e/ou velocidade.

4.3.2.1 - Bombas Centrífugas

Em geral, as bombas centrífugas são adequadas para aplicações que exigem grandes
volumes de água (elevadas vazões) e pequenas alturas manométricas (reservatórios superficiais
ou cisternas). Possuem pás ou rotores que giram em alta velocidade, criando pressão e forçando
o fluxo de água.

As características de operação das bombas centrífugas acionadas por motores c.c.


adequam-se razoavelmente bem à saída do gerador fotovoltaico. Assim, pelo fato de partirem
gradualmente e sua vazão aumentar com a corrente elétrica (maiores níveis de irradiância), elas
podem ser conectadas diretamente ao gerador fotovoltaico, sem necessidade de inclusão de
bateria.

Entretanto, um bom casamento entre a bomba e o gerador fotovoltaico é necessário para


um eficiente funcionamento, o que exige um profundo conhecimento das características de
ambos.

O desempenho de uma bomba centrífuga c.c. conectada diretamente ao gerador


fotovoltaico é muito sensível ao valor da radiação solar. Assim, quando o nível de irradiância
se reduz, a corrente do gerador cai e o motor gira mais lentamente. Pequenas mudanças no nível
de irradiância resultam em grandes mudanças na vazão da bomba, podendo também levá-la a
não superar a altura manométrica necessária.

39
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Em alguns casos, o bombeamento pode ser interrompido, até o retorno de níveis de


irradiância mais elevados. Existem duas classes principais de bombas centrífugas: as
submersíveis, ou submersas, e as de superfície.

Figura 4. 7: Vista de corte de uma bomba centrífuga

4.3.2.2 - Bombas Volumétricas

Em geral, as bombas volumétricas, também denominadas de deslocamento positivo, são


adequadas quando se deseja atingir grandes alturas manométricas com pequenos ou moderados
volumes de água. A eficiência das bombas volumétricas aumenta com o aumento da altura
manométrica.

A vazão de água bombeada pelas bombas volumétricas apresenta menor dependência com
a altura manométrica, se comparada com a das bombas centrífugas. Nas bombas volumétricas
a água é bombeada a partir de um mecanismo, em geral um êmbolo, que, com movimentos
sucessivos, força o deslocamento do fluido no sentido do próprio êmbolo. A concordância dos
sentidos dos dois movimentos, água e êmbolo, permitem que estas bombas também sejam
chamadas de bombas de deslocamento positivo.
Controladores eletrônicos (inversores ou conversores c.c.-c.c.): são recomendados
para os outros tipos de bombas; porém, tornam-se mandatórios para as bombas volumétricas.
São eles que ajustam o ponto de operação do gerador fotovoltaico, de modo a fornecer a máxima
corrente para a partida do motor. Estes controladores possuem um dispositivo eletrônico
responsável pela melhor adaptação da potência de saída do gerador com a de entrada da bomba.
Eles permitem a operação para uma extensa faixa de níveis de irradiância, alturas manométricas
e vazões de água, e, além disso, solucionam o problema de partida das bombas volumétricas.

Baterias também podem ser usadas entre a bomba volumétrica e o gerador fotovoltaico,
para fornecer uma tensão estável para partida e operação da bomba. Além disso, permitem a
partida do motor, mesmo quando os níveis de irradiância estiverem baixos. Na maioria das
vezes, os controladores e as baterias não são dimensionados para permitir o bombeamento de
água durante a noite, mas somente para dar estabilidade à operação do sistema.

As bombas volumétricas são geralmente instaladas quando se necessitam vazões na


faixa de 0,3 a 40 m3 /dia e alturas manométricas de 10 a 500 metros.

40
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Figura 4. 8: Princípio de funcionamento de diferentes tipos de bomba de deslocamento positivo: (a) bomba de
parafuso, (b) bomba de engrenagens, (c) bomba de lóbilos; (d) bomba de palhetas e (e) bomba de pistão.

4.3.3 - Motores Eclétricos

Motores elétricos são máquinas destinadas à conversão de energia elétrica em energia


mecânica. São divididos em dois tipos: motores de corrente alternada (CA) e motores de
corrente contínua (CC).

Tanto os motores c.c. quantos os motores c.a. são indicados para o uso em SFVB. A
descrição sobre as particularidades de cada um esclarece em que condições cada um deles é
melhor aplicado.

 Motores c.c.: as máquinas elétricas classificadas nesta categoria podem possuir escovas
ou não. Motores com escovas necessitam de manutenção mais frequente devido ao
desgaste natural das escovas de grafite, por outro lado, os motores sem escova usam
circuitos eletrônicos que controlam eletroímãs, por isso sua taxa de manutenção é
menor, contudo esses circuitos são mais sujeitos às falhas. São mais eficientes em
comparação os motores de corrente alternada;

 Motores c.a.: são os mais utilizados em todas as aplicações devido ao baixo preço e
facilidade de ser encontrado no mercado, entretanto, precisam necessariamente de um
inversor quando alimentados por módulos fotovoltaicos, isso pode tornar o sistema mais
caro. O tipo mais utilizado é de indução, nesse caso o inversor é projetado para dar a
partida nele e variar a frequência de modo que a tensão de saída do gerador seja
adequada à carga.

41
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Tabela 4.1: Vantagens e desvantagens de cada tipo de motor

Tipo Motor Vantagens Desvantagens


• Ampla aplicação, • Inversor aumenta custo do
principalmente grades sistema e ricos de falhas
Corrente potências • Menos eficiente do que
Alternada • Mais barato do que os motores CC
motores CC.
• Simples e eficiente, • Trocas periódicas das
Corrente principalmente para escovas
Contínua com pequenas potências
escovas
Corrente • Mais eficiente • Mecanismo eletrónico
Contínua sem • Pouca manutenção aumenta custo e os riscos de
escovas falha

4.4 – Vantagens e Desvantagens Sistemas Fotovoltaicos

As principais vantagens que caracterizam os sistemas fotovoltaicos quando comparados


com os sistemas de produção de eletricidade convencionais, são:

 Fiabilidade: mesmo em condições severas os sistemas fotovoltaicos apresentam grande


fiabilidade;

 Duração: A maioria dos fabricantes garante pelo menos 25 anos como vida útil dos
módulos fotovoltaicos;

 Baixo custo de manutenção: os sistemas fotovoltaicos apenas requerem inspeções


periódicas e manutenção ocasional, portanto os custos são mais baixos se comparados
aos sistemas convencionais;

 Ausência de custos com o combustível: como estes sistemas utilizam a energia


proveniente da radiação solar, não existem custos associados a combustível;

 Poluição sonora reduzida: os sistemas fotovoltaicos não produzem ruído, mesmo no


caso dos sistemas com seguidores solares;

 Modularidade: pode-se aumentar a produção de eletricidade adicionando módulos


fotovoltaicos ao sistema instalado;

 Segurança: os sistemas fotovoltaicos não utilizam combustíveis fosseis e são seguros


quando dimensionados e instalados de forma adequada.

42
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

As principais desvantagens que caracterizam os sistemas fotovoltaicos são:

 Custo inicial: o custo inicial dos sistemas fotovoltaicos é elevado, logo cada solução
fotovoltaica deve ser corretamente avaliada e comparada com alternativas existentes;

 Disponibilidade da radiação solar: As condições climatéricas afetam o desempenho dos


sistemas fotovoltaicos condicionando assim a escolha de qualquer solução a
implementar;

 Armazenamento de energia: alguns sistemas fotovoltaicos necessitam de baterias para


armazenar energia, aumentando deste modo a dimensão, o custo e a complexidade do
sistema;

 Eficiência: quando se necessita de um sistema fotovoltaico com custo de produção de


energia elétrica otimizado, exige a utilização de equipamentos com eficiências elevadas.
Esta condição impõe muitas vezes que seja necessário substituir equipamentos
existentes por outros mais eficientes;

 Informação: os sistemas fotovoltaicos são ainda uma tecnologia nova em países em vias
de desenvolvimento onde poucas pessoas conhecem o seu potencial de aplicação.

43
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

CAPÍTULO 5 – DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS

5.1 – Dimensionamento da Instalação Fotovoltaica Isolada

O rigoroso dimensionamento de uma instalação FV será a base fundamental para o bom


funcionamento da mesma, e também para a garantia da sua longevidade; os sistemas FV
isolados/autónomos utilizam baterias, e as mesmas sofrem grandes perdas devido ao processo
de carga/descarga.

Um dos aspetos mais importantes no dimensionamento de instalações FV isoladas é


conhecermos a carga ou o perfil de carga de consumo que irá beneficiar da instalação FV
isolada/autónoma; portanto, neste caso de estudo devido à ausência de dados de perfil de carga
do local, mas conhecendo as suas necessidades energéticas, fez-se uma pesquisa rigorosa de
dados reais de perfil de carga de habitações exemplificadas em, ajustados consoante o perfil ou
as necessidades do local em estudo.

Os componentes ou elementos que constituem uma instalação fotovoltaica


isolada/autónoma representam-se na Figura 5.1.

Figura 5.1: Esquema típico de uma instalação fotovoltaica isolada.

Na representação da figura 5.1 é esquematizada a constituição de uma instalação


fotovoltaica isolada. Relativamente ao bloco de carga de corrente contínua (DC), dever-se-á
referir que nem sempre este estará presente na instalação, pelo que somente em alguns casos
teremos que incluir a ligação do regulador de carga para a carga DC. Já no que diz respeito ao
bloco do inversor, na maioria dos casos este estará presente, já que normalmente as cargas
existentes são de corrente alternada (CA). Assim sendo, iremos escolher os componentes da
nossa instalação para alimentar a carga.

5.1.2 – Regulador de Carga

O regulador de carga monitora constantemente a tensão acumulada na bateria. Quando


a bateria atinge o valor de saturação o regulador de energia interrompe o carregamento. Este
processo é feito ao abrir um circuito entre o módulo FV e a bateria. Assim que a bateria comece
a descarregar, o regulador reconecta o gerador à bateria e recomeça o ciclo; este dispositivo tem
a função de proteger as baterias contra descargas profundas e sobrecargas.

44
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

O regulador de carga também impede que a bateria continue a receber carga do campo
gerador fotovoltaico uma vez este tenha alcançado a sua carga máxima, o que previne que a
bateria se venha a deteriorar por meio da gaseificação ou aquecimento, o que encurta a sua vida
útil. A maioria dos reguladores permite inicialmente que toda a corrente produzida, pelo campo
gerador fotovoltaico, passe para a bateria. Assim, quando a bateria se aproxima do seu estado
final de carga, fornecem-se correntes intermitentes para manter a bateria num estado de
“flutuação”.

Além disso, alguns reguladores sobrecarregam a bateria periodicamente (cargas de


compensação) para homogeneizar todas as células ou elementos e diminuir a estratificação do
eletrólito.

Numa instalação FV, o regulador é selecionado em função da tensão do sistema e da


corrente de curto-circuito do campo gerador fotovoltaico em condições normais de operação,
aplicando-se um fator de segurança, normalmente de 1.25, já que em algumas circunstâncias a
irradiância pode ultrapassar os 1000 W/m2 . Além disso, o regulador também tem a função de
interromper o fornecimento de energia às cargas externas sempre que é atingida a profundidade
de descarga máxima da bateria.

A maior parte dos reguladores de carga permite o ajuste das tensões de regulação para
adequar os níveis de corte ao tipo de bateria utilizado na instalação fotovoltaica, estes ajustes
devem ser realizados por pessoal qualificado e não deverão estar acessíveis ao utilizador.

Todos os reguladores de carga modernos dispõem de um amperímetro, de um voltímetro


e de um sensor de temperatura que regula automaticamente o valor máximo da tensão de carga,
possuindo ainda um díodo de bloqueio, que impede que a corrente saia da bateria no sentido
dos módulos FV. Como durante a noite a tensão na bateria pode ser superior à do campo gerador
fotovoltaico, o díodo evita assim a circulação de correntes inversas.

A Figura 5.2 mostra um regulador de carga típico.

Figura 5.2: Regulador de carga.

Os reguladores de carga utilizam uma tecnologia chamada de PWM (Pulse Width


Modulation), para manter a bateria na carga máxima e minimizar a sulfatação de baterias,
através da aplicação de pulsos de tensão de alta frequência; ainda, podem incluir tecnologias de
MPPT (Maximum Power Point Tracking), para extrair a máxima energia possível de um
módulo solar, através da alteração de sua tensão de operação para maximizar a potência de
saída, de modo que a bateria possa ser carregada até atingir a sua capacidade máxima.

45
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

5.1.2.1 - Tipos de Reguladores

Em função do sistema fotovoltaico e mediante os propósitos da instalação, os


reguladores podem ser:

 Regulador série;
 Regulador paralelo ou shunt;
 Regulador MPPT.

5.1.2.1.1 - Regulador Série

Na Figura 5.3 ilustra-se o circuito elétrico de um regulador série.

Este regulador tem esta designação pelo facto de o interruptor de controlo eletrónico S1
ficar em série como gerador fotovoltaico, Figura 5.3. Quando atingida a tensão máxima, o
controlador interrompe a entrega da potência por parte dos módulos FV através do controlo S1,
que pode ser um relé ou um semicondutor, evitando desta forma a sobrecarga, voltando a ligar-
se quando a tensão da bateria diminui.

Este regulador também inclui outro interruptor entre a bateria e a carga, S2, que evita a
descarga da mesma, cortando o abastecimento de energia quando se alcança a tensão de corte
por descarga profunda. Este é utilizado em instalações onde se aplicam intensidades mais
elevadas.

As tensões de operação são normalmente na ordem dos 12, 24 e 48 V. A sua principal


vantagem reside no facto de ser muito utilizado em sistemas de grandes potências.

Figura 5.3: Regulador série.

5.1.2.1.2 - Regulador Paralelo ou Shunt

Na Figura 5.4 ilustra-se o circuito elétrico de um regulador paralelo ou shunt.

O regulador paralelo funciona por dissipação do excesso de energia através de um


transístor ou de um MOSFET, colocado em paralelo com o sistema de baterias. Normalmente,
este tipo de reguladores traz um bom dissipador térmico, possuindo um díodo de bloqueio para
evitar as correntes inversas.

46
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

É utilizado em sistemas autónomos de pequenas potências, pois na presença de valores


elevados de potência ter-se-ia que recorrer a dissipadores térmicos maiores, obrigando a instalar
sistemas de refrigeração, levando assim à diminuição da fiabilidade dos equipamentos e
aumentando os custos da instalação.

Analisando a Figura 5.4, verifica-se que este regulador fica com o interruptor de
controlo S1 em paralelo com o gerador FV, e daí a designação de paralelo. Quando a tensão
aos terminais da bateria atinge o valor de tensão de sobrecarga Vsc , o regulador desvia parte da
corrente que chega à bateria ao invés de a interromper, deixando passar apenas uma quantidade
de corrente que evita a auto-descarga.

A tensão da bateria mantém-se num valor equivalente à carga de flutuação, permitindo


uma carga mais completa das baterias e um melhor aproveitamento da energia que o campo
gerador FV produz. Neste regulador e no anterior, o interruptor S2 vai preservar a bateria, isto
é, vai controlar a corrente que se dirige para a carga.

Quando anoitece, o regulador shunt permite que os módulos FV fiquem em curto-


circuito, evitando correntes inversas vindas do mesmo. Uma vez alcançada a tensão de corte
por sobrecarga, o gerador fotovoltaico entra em curto-circuito através do dispositivo de
dissipação, e o resto da corrente consome-se como corrente de curto-circuito no campo gerador
FV, transformando-se em calor.

Figura 5.4: Regulador paralelo ou shunt

5.1.2.1.3 - Regulador MPPT

Na Figura 5.5 ilustra-se o circuito elétrico de um regulador MPPT.

Quando a radiação solar diminui nos módulos FV, a tensão nos módulos também baixa.
Os reguladores estudados até agora não permitiam aproveitar a energia produzida pelos
módulos FV (embora em pouca quantidade) e, sendo assim, o ponto de máxima potência (MPP,
visto atrás), não seria alcançado. Este regulador permite aproveitar a energia produzida do
gerador FV, situando o ponto de funcionamento na máxima potência, mantendo um valor de
tensão superior ao da bateria que, desta forma, irá carregar. Trata-se de um regulador que não
desperdiça energia. Por outro lado, e de modo a efetuar esta operação, o regulador necessita
também de um conversor DC/DC que ajuste o valor da tensão e procure o MPP.
47
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Conversores DC/DC: consistem em um dispositivo electrónico que converte a potência


de entrada a tensão contínua, em potência de saída a tensão contínua mas diferente. Esta pode
ser uma tensão maior ou menor do que a de entrada. Existem três topografias de conversores
DC/DC que são: Conversor redutor, o conversor elevador de tensão e conversor redutor-
elavador.

Figura 5.5: Regulador MPPT

A regulação é efetuada pelo regulador MPPT no conversor que, a intervalos de tempo


especificados, percorre a curva característica I-V do gerador fotovoltaico e determina qual o
ponto de máxima potência.

O conversor DC/DC é então regulado para a máxima potência disponível do gerador


FV, ajustando por outro lado o sinal de saída em função da tensão de carga da bateria. Este tipo
de conversores já vem incluído no interior do próprio regulador. Este regulador só é utilizado
para potências superiores a 200 W.

Figura 5.6: Exemplo de um esquema de ligações de um regulador num sistema FV com cargas

5.1.3 - Inversores

Os módulos FV transformam a radiação solar incidente sobre a sua superfície em


energia elétrica de corrente continua (DC), a qual pode alimentar diretamente cargas DC, por
exemplo motores de corrente continua, iluminações a corrente contínua, etc. A maior parte das
cargas a alimentar ou cargas de consumo são de corrente alternada (AC), portanto, a produção
de energia através de módulos FV na sua maioria tem como objetivo alimentar ou suprir cargas
AC, para isso precisamos de um dispositivo importantíssimo nos sistemas FV, o inversor que

48
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

converte a corrente contínua em corrente alternada e ajusta a tensão e a frequência à carga que
desejamos satisfazer. O símbolo do inversor está mostrado na Figura 5.7 e a ilustração das
ligações de um inversor DC-AC acoplado a um sistema fotovoltaico isolado pode ser
encontrada na Figura 5.8.

Figura 5.7: Simbologia elétrica de um inversor.

Figura 5.8: Inversor DC-AC acoplado a um sistema fotovoltaico isolado.

Nas instalações fotovoltaicas autónomas, o inversor liga-se diretamente aos terminais


da bateria. Estes inversores são geralmente monofásicos a 50 Hz, com tensões nominais de
entrada de 12 ou 24 V e com um leque amplo de potências disponíveis, desde alguns watts até
vários quilowatts.

5.1.3.1 - Inversores DC-AC para Sistemas Autónomos

O inversor, Figura 35, liga-se diretamente aos terminais da bateria, uma vez que as
correntes solicitadas são geralmente demasiado elevadas para o regulador de carga
(especialmente no arranque de uma carga de 230 V). A ligação direta com a bateria implica que
o inversor possua um sistema integrado de controlo de profundidade de descarga.

Figura 5.9: Inversor DC-AC da SMA Sunny Boy para instalações fotovoltaicas isoladas.

49
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Os inversores deverão estar obrigatoriamente identificados com a seguinte informação:

 Potência nominal [VA] ou [W];


 Tensão nominal de entrada [V];
 Tensão Frequência nominal de saída [Hz];
 Fabricante e número de série;
 Polaridade e terminais.

5.1.3.2 - Classificação dos Inversores Autónomos

Os inversores autónomos podem classificar-se em função da forma de onda da tensão


de saída:

 De onda quadrada: São os mais baratos, sendo que a onda de saída tem um grande
conteúdo harmónico indesejado que gera ruídos e perdas da potência. Não regulam bem
tensão de saída. De referir que este inversor não deve ser utlizado em sistemas FV
isolados, onde possam existir cargas que não são puramente resistivas;

 De onda modificada ou semi-sinusoidal: A sua utilização está bastante generalizada,


dado que são os que oferecem melhor relação qualidade-preço. Embora a sua saída não
seja uma onda sinusoidal pura, aproxima-se bastante da mesma. Podem alimentar quase
todos os tipos de cargas, embora não se recomende a sua utilização para aparelhos
eletrónicos delicados. Apresentam uma distorção harmónica em torno dos 20% e os seus
rendimentos são superiores a 90%;

 De onda sinusoidal (semelhante à onda da rede elétrica): São os que utilizam à saída
uma forma de onda sinusoidal pura. São indicados para trabalhar com aparelhos
eletrónicos sensíveis e atualmente estão a impor-se sobre o resto dos inversores,
incluindo para aplicações mais simples. Não apresentam problemas em relação à
distorção harmónica ou estabilidade de tensão e o seu custo é maior que o dos inversores
de onda quadrada ou de onda modificada.

A Figura 5.10 ilustra as diferentes formas de onda de tensão de saída dos inversores
aqui descritos.

Figura 5.10: Formas de onda de inversores fotovoltaicos autónomos.

50
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

5.1.4 – Dispositivos de Protecção

5.1.4.1 - Fusíveis
Fusíveis são dispositivos de proteção, utilizados para proteger contra sobrecorrentes
(curto-circuito) e sobrecarga de longa duração. São constituidos por um conductor de secção
reduzida (elo fusível) em relação aos conductores da instalação, montados numa base de
material isolante.

Funcionamento

O fusível é um elo de ligação por onde passa a corrente, ele aquece se a variação da
corrente for acima do padrão para o qual foi projectado. Quando ocorre sobrecorrente, o elo
fusível aquece devido a sobrecorrente e o mesmo se funde, interrompendo a passagem de
corrente eléctrica, evitando assim danos à instalação e aos equipamentos.

Por esta razão é sempre muito importante que a capacidade dos fusíveis seja sempre
bem dimensionada. Porque se ele não queimar por excesso de carga, poderá queimar a fiação
do circuito, ou os aparelhos ligados a ele, com risco de provocar incêncio.

Nas residências, ainda existem algumas instalações em que os fusíveis estão localizados
no quadro de distribuição ou junto ao padrão, também conhecido como relógio medidor. No
quadro de distribuição existem outros dispositivos de proteção como por exemplo, o DPS e o
IDR. Instalados antes destes dispositivos, os fusíveois também conseguem fazer a proteção
deles, assegurando que funcionem de maneira correcta.

Características:

 Corrente nominal: Valor de corrente que o circuito deve suportar continuamente sem
se fundir. Essa corrente geralmente vem expressa no corpo do fusível.

 Corrente de ruptura: Valor máximo de corrente que o fusível consegue interromper.

 Corrente convencional de atuação: Valor específico de corrente que provoca a


atuação do dispositivo de proteção dentro de um tempo determinado.

 Curva caracteristica: Apresenta a relação entre o tempo necessário para interrupção


em função de corrente.

De acordo com o tempo de actuação, podem ser classificados como rápidos ou


retardados. Os fusíveis retardados são usados na proteção de motores, devido ao pico de
corrente na partida.

 Elo fusível: O tempo que o mesmo leva para fundir é proporcional ao quadrado da
corrente aplicada e da inércia térmica do material empregado ao elo. Por isto, a variação
do material utilizado interfere na velocidade de ação do fusível. Ele pode ser muito
rápido, rápido, média, lenta ou muito lenta.

51
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

5.1.4.1.1 - Fusível Cartucho

São componentes destinados à proteção de circuitos eléctricos. O fusível tipo cartucho


possui baixo calor aquisitivo, a sua base possui a caracteristica de se adequar à fusíveis com
várias capacidades de corrente nominal, o que coloca a instalação em risco caso esta
substituição seja feita de forma incorrecta.

Fusível do tipo gPV

São componentes amplamente utilizados em Strings de módulos fotovoltaicos fornecendo


proteção contra curto-circuitos ou correntes reversas. Portanto são componentes capazes de
realizar à proteção de circuitos eléctricos.

Figura 5.11: Fusível 10x10 gPV para protecção fotovoltaica.

Tabela 5.1: Características Eléctricas - Conforme Norma DIN VDE 0636-6, IEC 60269-6, NFC 63210

Corrente Nominal 1 a 32 A
Tensão Máxima 1000 Vcc
Capacidade de interrupção 30 KA

Figura 5.12: Base/Chave tipo BCF5238 para Fusível 10x38.

Tabela 5.2: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL 2579, DIN 43620

Corrente Nominal (In) 1 a 32 A


Tensão Máxima 1000 Vcc
Fusível categoria gPV (Sistemas fotovoltaicos) Utilizado para
atuação contra sobrecargas
Conductor de Conexão 4 – 18 mm2
Dimensões 10×38
Perda 5W
Categoria de utilização DC-20B

52
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Figura 5.13: Fusíveis - gPV - Para protecção de módulos fotovoltaicos.

Tabela 5.3: Características Eléctricas Fus. 10/14x85 - Conforme Norma DIN VDE 0636-6, IEC 60269-6, NFC
63210.

Corrente Nominal 1 a 32 A / 40A 45A 50A


Tensão Máxima 1100 Vcc e 1500 Vcc
Capacidade de Interrrupção 30 KA

Figura 5.14: Base/Cahve tipo BCF5237

Para Fusível 10×85 Para Fusível 10/14×85

Tabela 5.4: Características - Conforme Norma IEC 60269-6, UL269-6, UL 3579, DIN 43620.

Corrente Nominal 1 a 60 A
Tensão Máxima 1100 Vcc e 1500 Vcc
Fusível Categoria gPV
Conductor de Conexão 4 - 18 mm2
Perda 8W
Classe de Utilização DC - 20B

53
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

5.1.5 - Disjuntor

O disjuntor é um dispositivo eletromecânico que tem a função de proteger a instalação


eléctrica de danos que se originam de curtos circuitos e ou descargas.

Figura 5.15: Linha de disjuntores Schneider Easy9.

5.1.5.1 - Factores de Influência na Selecção do Disjuntor Adequado

5.1.5.1.1 - Factores de Influência Gerais

Os pré-requisitos gerais para a selecção de um disjuntor são estabelecidos por normas e


por disposições nacionais específicas. Em seguida são identificados os factores de influência
gerais que têm de ser tidos em conta quando da selecção de um disjuntor adequado.

Influências sobre a capacidade do cabo em termos de transporte de corrente:

 Tipo de cabo utilizado: A capacidade do cabo utilizado em termos transporte de


corrente depende da selecção, do material e do tipo de cabo (isolamento, número de
condutores, etc). Por isso, o disjuntor tem de limitar a corrente para que esta não seja
excedida.

 Temperatura ambiente do cabo: Uma temperatura ambiente elevada no cabo origina


uma diminuição da capacidade de transporte de corrente.

 Tipo de assentamento do cabo: Se o cabo for assentado, por exemplo, em material


isolante, a sua capacidade de transporte de corrente diminui. Quanto pior for a
dissipação de calor do cabo, menor é a sua capacidade de transporte de corrente.

 Acumulação de cabos: Se os cabos forem assentados muito juntos, aquecem-se


mutuamente. O aquecimento dos cabos reduz a sua capacidade de transporte de corrente.

54
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Outras influências sobre o dimensionamento:

 Aquecimento mútuo de disjuntores: Se os disjuntores forem alinhados demasiado


juntos, aquecem-se mutuamente. Se o aquecimento for demasiado, eles disparam
mesmo abaixo da sua corrente nominal.

 Temperatura ambiente do disjuntor: Um aumento da temperatura ambiente do


disjuntor limita a dissipação de calor. Por conseguinte o disjuntor dispara a uma corrente
inferior à sua corrente nominal.

 Selectividade: Fusíveis/disjuntores seguidos têm de estar conjugados de forma a evitar


disparos inadvertidos de dispositivos de proteção localizados a montante.

 Tipo de aparelho ligado: Conforme o comportamento de arranque do aparelho ligado,


as características têm de ser diferentes para evitar disparos desnecessários.

5.1.5.1.2 – Factores de Influência Específicos dos Sistemas Fotovoltaicos

Em Sistemas Fotovoltaicos, alguns factores de influência acima mencionados podem ter


mais importância na selecção de disjuntores do que em instalações comuns. Em seguida são
referidos alguns factores de influência específicos de sistemas fotovoltaicos que tem de ser
considerado na selecção de um didjuntor adequado:

 Temperatura ambiente do cabo

Em sistemas fotovoltaicos é frequente o assentamento de cabos no exterior (sistemas


em terrenos abertos, sistemas em telhados planos, etc.). Nesses locais, presume-se que
a temperatura ambiente seja mais elevada do que dentro de edifícios. O aumento da
temperatura ambiente reduz a capacidade de transporte de corrente.

 Temperatura ambiente do disjuntor

O distribuidor em que está instalado o disjuntor pode aquecer mais do que é habitual em
instalações comuns. Uma vez que as distribuições eléctricas em sistemas fotovoltaicos
são frequentemente estabelecidos fora de edifícios, é necessário contar com a
temperatura mais elevadas no distribuidor.

Os dados relativos ao factor de redução desta influência são indicados nos dados
técnicos do disjuntor.

 Tipo de aparelho ligado

A característica aplicável ao respectivo inversor deve ser consultada no manual de


instalação. As propriedades d selecionamento de carga de um disjuntor podem ser
utilizados para separar o inversor sob carga da rede.

55
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS

Um fusível roscado, poer exemplo, Diazed (sistema D) ou Neozed (sistema D0), não é
seccionador de carga e, portanto, pode ser usado como protecção de cabo, mas não
como dispositivo seccionador de carga. O fusível pode danificar-se durante a separação
sob carga ou a sua função pode ser prejudicada em devido o desgaste dos contactos.
Não é permitido ligar qualquer equipamento consumidor adicional entre o disjuntor e o
inversor.

5.1.6 – DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos)

O DPS é um dispositivo destinado a limitar as sobretensões transitórias (chamado


alternador de tensão ou supressor de surto) ou a desviar corrente de surto (chamado comutador
de tensão ou curto-circuitante).

5.1.6.1 - Definições

Função

Os Dispositivos de Protecção de Surto (DPSs) foram desenvolvidos para proteger o


sistema eléctrico e aplicações contra sobretensões e impulsos de corrente, assim como contra
descargas atmosféricas e chaveamentos.

O transiente de tensão é um pico de tensão transitória (menor que um milissegundo)


cuja amplitude pode ser de algumas dezenas de vezes maior que a nominal.

Equipamentos eléctricos e electrónicos são capazes de trabalhar até um determinado


valor de sobretensão, de acordo com o nível de isolação dielétrica que o equipamento foi
projectado. Esta isolação pode variar de algumas centenas de volts para motores eléctricos. Se
a tensão ultrapassar o valor que este equipamento pode trabalhar, a isolação é rompida e uma
corrente

O DPS é instalado entre a linha e o terra (sistema TN) e, assim, limita a diferença de
potencial durante em transiente de tensão. Os Dispositivos de Protecção de Surto possuem pelo
menos um componente não linear. Durante a operação normal do sistema (ausência de surtos),
o DPS não influência no sistema, pois actua como um circuito aberto, porém quando ocorre
um surto, em alguns nanossegundos, o DPS reduz a sua impedância interna e conduz o surto
de corrente limitando a tensão máxima a um valor admissível aos equipamentos a jusante. Após
o surto se extinguir o DPS recompõe o valor de impedância inicial e se comporta como um
circuito aberto.

Figura 5.16: DPSs.


56
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

CAPÍTULO 6 – PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA


DO XANGONGO

6.1- Proposta do Dimensionamento do Sistema de Bombeamento

Consiste na determinação do tipo e tamanho do sistema capaz de satisfazer a demanda.


Um correcto dimensionamento evita custos desnecessários inerentes a possível
sobredimensionamento, evita problemas decorrente de um subdimensionamento e também
permite que funcione no seu ponto óptimo.

6.1.1 - Estimativa de Consumo de Água

A primeira etapa em um projecto de SBFV é a estimativa do consumo diário de água,


sendo equivalente ao consumo de energia eléctrica em um projecto para electrificação. Essa
etapa é imprescindível para o correcto dimensionamento do sistema de geração, especificação
da bomba, reservatórios e tubulações.

O bombeamento pode ser utilizado para diversos fins, como o fornecimento de água
para consumo humano e animal, ou irrigação para cultivos. Cada finalidade, assim como as
características de uso próprias de cada local, apresenta necessidades variadas.

Na Tabela 6.1. Vale ressaltar que a necessidade de água para cultivo pode variar bem
mais que as necessidades humana e animal, em função do clima, tipo de solo, períodos de safra
etc. Sugere-se maior cuidado na utilização dos dados para cultivo disponíveis em tabelas,
recomendando-se um estudo criterioso anterior à etapa de projeto.

Tabela 6.1: Estimativa diária do consumo de água para diversas utilizações

Consumo humano Litros/(pessoa.dia)


Consumo e higiene 110
Consumo animal Litros/(cabeça.dia)
Bovino (boi e vaca) 45
Suíno (porco) 16
Caprino 15
Aves 0,059
Cultivo Litros/(9 m2 .dia)
Milho 70
Feijão 60
Cana-de-Açúcar 50
Tomate 52
Cebola 62

Supondo a necessidade de um sistema para suprir o consumo de uma residência rural


composta por 10 pessoas, além de uma criação de 50 animais (dentre os quais 8 Bovinos, 6
Suínos, 6 Caprinos e 30 aves) e ainda 5 hortas (Milho, Feijão, Cana-de-Açúcar, Tomate e
Cebola) com cada 9 m2 de área, a demanda diária total (Q) seria, então, de:

57
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Q1 = 10 × 110 L/dia → 𝐐𝟏 = 𝟏. 𝟏𝟎𝟎 𝐋/𝐝𝐢𝐚


Q2 = (8 × 45 + 6 × 16 + 6 × 15 + 30 × 0,059) L/dia → 𝐐𝟐 = 𝟓𝟒𝟕, 𝟕𝟖 𝐋/𝐝𝐢𝐚
Q3 = (70 + 60 + 50 + 52 + 62) L/dia → 𝐐𝟑 = 𝟐𝟗𝟒 𝐋/𝐝𝐢𝐚
Q = Q1 + Q2 + Q3 → Q = (1.100 + 547,78 + 294) L⁄dia → 𝐐 = 𝟏. 𝟗𝟒𝟏, 𝟕𝟖 𝐋/𝐝𝐢𝐚

A capacidade de armazenamento do sistema, ou o tamanho do reservatório, deve ser


proporcional ao número de dias de autonomia solicitado pelo usuário, de forma análoga aos
sistemas para eletrificação.

Considerando dois dias de autonomia, a capacidade mínima do reservatório seria de


3.883,56 L. Vale ressaltar que no mercado os reservatórios disponíveis encontram- se
normalmente em faixas de capacidade de 250, 500, 1.000, 1.500, 2.000, 2.500, 3.000, 5.000 L
etc.

Dados

V = 5.000 L = 5 m3
T = 30 min = 0,5 h = 1800 s

V
Q=
T
5.000 L 5 m3 𝟏 𝐦𝟑
Q= → 𝐐 = 𝟏𝟎. 𝟎𝟎𝟎 𝐋⁄𝐡 𝐨𝐮 Q= → 𝐐= ⁄𝐬
0,5 h 1800 s 𝟑𝟔𝟎

6.1.2 – Dimensionamento do Sistema de Geração

Para uma melhor compreensão das etapas de dimensionamento descritas a seguir, a


Figura 6.1 apresenta um esquema de um sistema de bombeamento solar com bomba de
superfície, sendo em seguida definidos os conceitos relacionados aos parâmetros de interesse.

Sabendo a vazão necessária para encher o reservatório, podemos assim determinar o


diâmetro de tubagem. A formula mais utilizada para chegar-se as diâmetros de tubo é a fórmula
de Bresse, expressa por:
Dados
Q (vazão ou descarga) = 0,001 m3 /s
k (coeficiente de custo de investimento × custo operacional) = 0,8 − 1,0

D = k√Q
1
D = 1,0 . √ → D = 0,0527 m → 𝐃 = 𝟓𝟐, 𝟕 𝐦𝐦 → 𝐃 ≈ 𝟓𝟎 𝐦𝐦
360

Está equação calcula o diâmetro da tubulação de recalque, na prática, para a tubulação


de sucção adopta-se um diâmetro comercial superior. Isto é: 𝐃𝐬𝐮𝐜 > 𝐃𝐫𝐞𝐜

Sabendo que o diâmetro da tubulação de sucção é superior ao de recalque. Portanto,


para o diâmetro de tubulação de sucção adoptou-se: 𝐃𝐬𝐮𝐜 = 𝟔𝟑 𝐦𝐦.
58
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Figura 6.1: Esquema de um sistema de bombeamento solar com bomba de superfície e seus acessórios.
59
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Definição das alturas citadas na Figura 6.1:m

Nível estático (A): distância entre o nível do solo e o nível da água em repouso (nível estático);
Afogamento = (A – 0,30) m → Afog. = (0,70 − 0,30) m → 𝐀𝐟𝐨𝐠. = 𝟎, 𝟒𝟎 𝐦

Altura geométrica de sucção (S): é medida em metros, e se trata da distância entre a ponto do
tubo de sucção até o bocal da motobomba;

S = (1,20 − 0,40) m → 𝐒 = 𝟎, 𝟖𝟎 𝐦

Altura geométrica de recalque (𝐇𝐫 ): é medida em metros, e se trata da distância entre o local
de sucção da bomba de água até a saída da tubulação de descarga;

Hr = HTD + HR → Hr = [(0,30 + 3,00) + 2,70] m → 𝐇𝐫 = 𝟔, 𝟎𝟎 𝐦

Altura geométrica total (H): soma da altura geométrica de sucção e de recalque.


H = S + Hr → H = (1,40 + 6,00) m → 𝐇 = 𝟕, 𝟒𝟎 𝐦

A etapa seguinte é a definição da altura manométrica (a capacidade de elevação que a


bomba trabalha), dada em metros, que corresponde à altura geométrica total somada à perda de
carga nas tubulações (hf ) e conexões (he ), ambas dadas em metros. Tais perdas variam em
função da vazão média requerida, do material de fabricação e dos diâmetros das tubulações e
são normalmente fornecidos pelos fabricantes dos tubos e conexões. Valores típicos podem ser
encontrados nas Tabelas 6.2 e 6.3.

Hm = H + (hf + he )

Tabela 6.2: Perda de carga em tubulações de PVC

Perdas de carga (perda equivalente em metros de altura manométrica


para cada 100 m de tubulação)
Vazão Diâmetro interno da tubulação (mm)
(L/h) 19 26 32 38 50 63 75
500 1,15
1.000 4,65 1,15 0,23
2.000 22,40 5,30 1,43 0,55
3.000 9,90 2,50 1.00 0,50 0,18
5.000 6,45 2,60 1,15 0,48 0,17
10.000 12,50 4,25 1,40 0,58

60
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Tabela 6.3: Perda de carga em conexões de PVC.

Perdas de Carga (m) por tipo de conexão – Equivalência em


metros lineares de tubulação de mesmo diâmetro interno
Diâmetro interno da tubulação (mm)
Conexão 32 50 63
Joelho 45º 0,274 0,457 0,610
Joelho 90º 0,457 0,762 1,067
T 0,762 1,067 1,524
Válvula Globo 7,620 13,716 16,764
Válvula Gaveta 0,183 0,305 0,396
Válvula de Retenção 0,914 1,524 2,134

Para determinar à perda de carga nas tubulações, utilizou-se a seguinte equação:

Lts . Pts + Ltr . Ptr


hf + he = + he
100
Onde:

𝐋𝐭𝐬 :Comprimento da tubulação de sucção (m);


𝐏𝐭𝐬 : Perda na tubulação de sucção em função do diâmetro e da vazão (m);
𝐋𝐭𝐫 : Comprimento da tubulação de recalque (m);
𝐏𝐭𝐫 : Perda na tubulação de recalque em função do diâmetro e da vazão (m).

Dados

Lts = (0,80 + 15,00 + 0,30 + 0,30 + 0,50) m → 𝐋𝐭𝐬 = 𝟏𝟔, 𝟗𝟎 𝐦;


Ltr = (0,50 + 1,00 + 1,00 + 14,00 + 6,00) m → 𝐋𝐭𝐫 = 𝟐𝟐, 𝟓𝟎 𝐦;
𝐏𝐭𝐬 = 𝟎, 𝟒𝟖 ; 𝐏𝐭𝐫 = 𝟏, 𝟏𝟓 ; 𝐏𝐣. 𝐬𝐮𝐜çã𝐨 = 𝟏, 𝟎𝟔𝟕 ; 𝐏𝐣. 𝐫𝐞𝐭𝐞𝐧çã𝐨 = 𝟎, 𝟕𝟔𝟐 ; 𝐏𝐯á𝐥. 𝐝𝐞 𝐫𝐞𝐭𝐞𝐧çã𝐨 = 𝟐, 𝟏𝟑𝟒

16,90 × 0,48 + 22,50 × 1,15


hf + he = + [(3 × 1,067 + 1 × 2,134) + 5 × 0,762]
100

16,90 + 25,875 42,775


hf + he = + 9,145 → hf + he = + 9,145 → 𝐡𝐟 + 𝐡𝐞 = 𝟗, 𝟓𝟕𝟐 𝐦
100 100

Sendo o valor da altura geométrica total (H) igual a 7,40 m, e a perda de carga nas tubulações
e conexões (hf + he ) de 9,572 m, tem-se:

Hm = (7,40 + 9,57275) m → 𝐇𝐦 = 𝟏𝟔, 𝟗𝟕𝟐𝟕𝟓 𝐦

61
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Potência da Bomba

A potência recebida pela bomba, potência esta fornecida pelo motor que aciona a
bomba, é dada pela seguinte expressão:

Dados
P (potência do motor, 1 CV = 0,986 HP) - ?

𝛄 = Peso específico do líquido a ser elevado (H2 O − 1000 kgf/m3 )

1
𝐐 (vazão ou descarga, em m3 ⁄s) = 10.000 L⁄h = = 0,0027 m3 /s
360
𝐇𝐦 (altura manométrica, em m) = 16,97275 m

𝛈𝐛 (É o coeficiente de rendimento global da bomba que depende basicamente do porte e


características do equipamento) = 0,8 – 1,0

𝟎, 𝟕𝟓 (constante para adequação de unidades, sendo 1CV = 75 kgm⁄s)

γ . Q . Hm 9,8 . Q. Hm
PCV = (CV) P= (kW)
75 . ηb ηb

1
1.000 × 360 × 16,97275 1.000 × 16,97275 16.972,75
PCV = → PCV = → PCV =
75 × 0,6 360 × 45 16.200

𝐏𝐂𝐕 ≅ 𝟏, 𝟎𝟒𝟕 𝐂𝐕

A Energia Hidráulica mínima necessária pode, então, ser calculada, resultando em:

Dados

𝑬𝒉 - ?
𝒈 = 9,81 m/s 2
𝝆 = 1.000 kg/m3 (massa específica da água)
Hm = 16,97275 m
3 3
Q = 10.000 L⁄h = 1⁄360 m ⁄s = 0,0027 m ⁄s

𝑬𝒉 = 𝝆.𝒈.Hm .Q

1
Eh = 1.000 × 9,81 × 16,97275 × → 𝐄𝐡 = 𝟒𝟔𝟐, 𝟓𝟎𝟕 𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
360

62
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

6.2 – Proposta do Dimensionamento da Instalação Fotovoltaica

O exemplo de cálculo será um sistema que suprirá de energia elétrica uma residência
rural situada na província do Cunene, concretamente no município de Ombadja na comuna do
Xangongo. Para definir todos os elementos do SFVI em questão vamos seguir uma lógica de
raciocínio no cálculo de cada componente, segundo a lista a seguir:

 Característica do Sistema Fotovoltaico


o Demanda diária média
o Potência do (s) Inversor (s) Autônomo (s)
 Banco de Baterias
o Capacidade Útil
o Profundidade de descarga
o Capacidade Real
o Configuração dos elementos
 Painel Fotovoltaico
o Disponibilidade solar
o Potencial solar no plano do painel fotovoltaico
o Cálculo e configuração de elementos
o Controlador (es) de carga

6.2.1 – Estimativa do Perfil de Carga de Consumo


A base do dimensionamento no caso de SFVIs é entender que o sistema deve gerar mais
eletricidade do que o limite estabelecido para consumo. Deve-se definir um período de tempo
e a produção de eletricidade neste período deve ser maior do que a demanda elétrica a ser
atendida. Isto deve se repetir nos períodos subsequentes.
A maneira mais tradicional para determinar a demanda de uma unidade consumidora é somar
as energias consumidas por cada equipamento. Isto é geralmente feito em uma planilha, onde
estão listados os equipamentos, sua potência elétrica, o tempo diário de funcionamento e os dias
de utilização por semana, para que se disponha de dados diários de energia consumida, em
Wh/dia.
Tabela 6.4: Estimativa do consumo diário de energia (média mensal)

Carga Qt Potência Horas de Consumo


(W) utilização por dia diário (kWh)
Lâmpada florescente p/1 sala 1 × 40 × 5h 0,2
Lâmpada florescente p/3 quartos 3 × 20 × 1 h 30min 0,09
Lâmpada florescente p/1 cozinha 1 × 20 × 5h 0,1
Lâmpada florescente p/1 WC 1 × 15 × 5h 0,075
Lâmpada florescente p/quintal 2 × 40 × 12 h 0,96
TV 1 × 110 × 18 h 1,98
Ventilador grande 4 × 250 × 18 h 18,00
Computador 1 × 45 × 12 h 0,54
Ferro eléctrico simples 1 × 300 × 1h 0,3
Arca 1 × 300 × 24 h 7,2
Bomba de água 1 × 770 × 30 min 0,385
Potência total 2.740 29,83

63
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

6.2.2 – Escolha do Inversor

Todos os aparelhos citados acima são de uso comum e funcionam em corrente alternada
(CA) em 220 ou 230 Volts. Portanto deverão ser instalados em uma bateria por intermédio de
um Inversor de corrente Autónomo com saída de 220 ou 230 Volts. Antes de verificar nos
catálogos de fornecedores, precisamos saber a potência de tal inversor. Para isto verificamos a
potência instantânea que o inversor deverá controlar, somando a potência dos aparelhos que
serão ligados simultaneamente.
A potência que o inversor deverá controlar é de 2.740 W de maneira permanente. Como
os conversores de corrente têm sua máxima eficiência ao trabalho na faixa entre 50% e 70% da
sua capacidade, devemos considerar uma folga ao dimensionar o inversor. No caso apresentado
gora teremos o seguinte caso:
2.740
𝟐. 𝟕𝟒𝟎 𝐖 → ≅ 3.914 W
0,7
Inversor com folga de 30% ou seja utilização de 70% de sua capacidade.
2.740
𝟐. 𝟕𝟒𝟎 𝐖 → = 5.480 W
0,5
Inversor com folga de 50% ou seja com utilização de 50% de sua capacidade.
Podemos escolher um inversor com potência contínua entre 3.914 W e 5.480 W, com saída
para 230 Volts.

Figura 6.2: Inversor selecionado. Inversor híbrido MPPT SPC III-5000-48 Outback Power.

Para a nossa instalação, selecionou-se um inversor híbrido em vez de


reguladores/controladores de carga, uma vez que os inversores híbridos já incluem o
regulador/controlador de carga; sendo assim, reduzem-se os custos da instalação e economiza-
se espaço. Ainda, e no caso de haver necessidade de fazer um upgrade na instalação, seja por
adicionamos um grupo de geradores diesel ou por a rede pública de eletricidade chegar à zona
isolada, poder-se-á ligar à entrada AC do inversor híbrido o grupo gerador diesel ou a rede
pública de eletricidade.

Este é um inversor multifuncional, combinando funções de um inversor, carregador


solar e carregador de bateria para oferecer energia eléctrica sem interrupções. Seu display LCD
abrangente oferece operação de botão configurável e de fácil acesso pelo usuário, como
carregamento de bateria, carregamento CA/solar e tensão de entrada aceitável com base em
diferentes aplicações.
64
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Tabela 6.5: Principais características eléctricas do inversor híbrido MPPT SPC III-500-48 Outback power.

Modelo PPC III-5000-48


Potência nominal 5000 VA/5000 W
Entrada
Tensão 230VAC
Faixa de tensão selecionável 90 − 280VAC
Faixa de frequência 50 Hz⁄60 Hz (Auto sensing)
Saída
Relação de tensão AC (modo de bateria) 230VAC ± 5%
Potência da onda 10000 VA
Eficiência (pico) 90-93%
Tempo de transferência 15 ms (UPS); 20 ms (Appliances)
Onda Onda sinusoidal pura
Bateria
Tensão da bateria 48 VDC
Tensão de flutuação 54 VDC
Faixa de tensão personalizada 48 - 61 VDC
Carregador solar e carregador de AC
Tipo de carregador solar MPPT
Potência máxima da matriz fotovoltaica 4000 WP
MPPT faixa de tensão de operação 120 − 450 VDC
Tensão Máxima de circuito aberto da matriz FV 500 VDC
Corrente de carga solar máxima 80 ADC
Corrente máxima de carga AC 60 ADC
Corrente máxima de carga 80 ADC

Esse inversor tem potência de surto/pico de 10.000 W e a saída é em onda sinusoidal


pura, com a tensão de entrada de 48 V.
Devido ao facto do inversor ter eficiência máxima de 93%, deve-se considerar um novo
valor para energia eléctrica a ser gerada diariamente pelo sistema fotovoltaico (ED), que leve
em conta o autoconsumo do inversor. Para isso, dividimos o valor encontrado anteriormente
(29,83 kWh) pelo valor da eficiência do inversor em decimal (0,93):

29,83
ED = → 𝐄𝐃 ≅ 𝟑𝟐, 𝟎𝟕𝟓 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
0,93
O valor mostrado acima é o que deve chegar até os terminais do inversor, em corrente alternada.

Devido a perda em todos os elementos que compõem o sistema fotovoltaico, devemos


considerar um potencial acima do estipulado acima, no qual seja computado o Rendimento
Global do SFVIs. O valor médio do rendimento global é de 89% (0,9) que é calculado mediante
os factores de perdas possíveis que envolvem desde a perda por conversão eletroquímica no
interior das baterias até um factor adimensional que leva em consideração a possibilidade de
mau uso. Esse coeficiente de perdas adimensional é ensinado nas faculdades de engenharia e é
jocosamente chamado de FC, sendo que aqui o nomeamos de coeficiente de perdas por
verificação (𝐊 𝐕 ).

𝐑 = 𝟎, 𝟖𝟗

65
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

A tensão da parte CC (corrente contínua) do SFV será de 48 Volts, devido ao inversor


escolhido conforme dita anteriormente.

𝐕𝐢 = 𝟒𝟖 𝐕
Autonomia vária de acordo ao nível de insolação da localidade onde será instalado o
sistema fotovoltaico e o nível de segurança, ao custo de mais baterias. Suponhamos que
realizaremos esta raramente temos dois dias sem insolação directa. Portanto podemos escolher
uma autonomia de 2 dias.

𝐍=𝟐

6.2.3 – Banco de Baterias

O banco de bateria será composto por baterias de SOPZS 24V 720 Ah é uma solução
avançada e económica, ideal para armazenamento de energia em instalações solares
residenciais, estações de telecomunicações ou outras infraestruturas que exigem um ciclo de
vida longo e com pouca manutenção. A tecnologia de placa tubular está especialmente
desenhada para aplicações de energias renováveis, com critérios de fabrico segundo as normas
ISO 9001,ISO 14001, BS OHSAS 18001.

Nos sistemas fotovoltaicos autônomos as baterias trabalham com ciclagem diária, ou


seja, são descarregadas e descarregadas diariamente. É necessário considerar a probabilidade
das baterias não “fecharem o ciclo” no dia seguinte, e continuarem se descarregando em uma
profundidade maior. Observando no gráfico do fabricante podemos, então, estimar a vida útil
da bateria, com base na profundidade de descarga:

Figura 6.3: Estimativa de vida útil de uma bateria pela profundidade de descarga.

Com base nesse gráico podemos esimar que as baterias ‘viverão’ entre 2 anos (300 ciclos – a
40%) e 5 anos (1800 ciclos – a 20%).

Figura 6.4: Bateria Solar 24 V 720 Ah SOPzS.

66
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Tabela 6.6: Características da Bateria Solar 24 V 720 Ah SOPzS.

Parâmetro Descrição
Ciclo de vida Funcionamento cíclico até uma DoD de 60 % com uma vida útil
de 2000 ciclos a 20 ºC
Rendimento e fiabilidade Estrutura robusta e fabrico em modernas instalações europeias
de produção garantem um rendimento, eficiência e fiabilidade
excelentes.
Fácil manutenção O maior volume de eletrólito nos grandes contentores
translúcidos e as ligas especiais baixas em antimónio garantem
poucas e simples tarefas de reenchimento.
Segurança operacional Exaustivos testes de conformidade realizados segundo as
normas europeias e globais verificadas por agências
independentes de certificação de terceiros.
Solução de armazenamento de Fornecimento rápido de sistemas de baterias modulares com
energia completa e flexível todos os acessórios necessários para uma instalação segura em
suportes.
Custo total de aquisição (TCO) Benefícios significativos em termos de custo por ciclo e
ótimo maximização do valor da vida útil.

Seguindo com os cálculos usaremos, as seguintes características para este modelo de bateria:

𝐕𝐛 = 𝟐𝟒 𝐕

𝐂𝐧 = 𝟕𝟐𝟎 𝐀𝐡

𝐏𝐝 = 𝟎, 𝟔

Aplicação do Método de Cálculo


Já temos dados suficientes para calcular as características do banco de baterias para suprir as
necessidades da residência.

𝐄 = 𝟑𝟐, 𝟎𝟕𝟓 𝐤𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚


𝐍=𝟐
𝐕𝐢 = 𝟒𝟖 𝐕
𝐑 = 𝟎, 𝟖𝟗
𝐕𝐛 = 𝟐𝟒 𝐕
𝐂𝐧 = 𝟕𝟐𝟎 𝐀𝐡
𝐏𝐝 = 𝟎, 𝟔

Vamos calcular a Energia Real a ser fornecida pela instalação, que é a Energia Diária
somadas as perdas;
ED 32,075
ER = → ER = → 𝐄𝐑 ≅ 𝟑𝟔. 𝟎𝟑𝟗 𝐖𝐡/𝐝𝐢𝐚
R 0,89
Sabendo a Energia Real, podemos calcular a Capacidade útil do banco de baterias para 2 dias
de autonomia:
ER × N 36.039 × 2 𝑊ℎ
CU = → CU = ⁄𝑉 → 𝐂𝐔 ≅ 𝟏. 𝟓𝟎𝟏, 𝟔𝟐𝟓 𝐀𝐡
Vi 48
67
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

As baterias não podem se descarregar totalmente, pois ocasionaria a fim da sua vida útil.
Podemos aproveitar apenas uma parte da energia acumulada nas baterias, o que equivale a
profundidade de descarga. Por isso a Capacidade Real do banco de baterias deverá ser maior
que a Capacidade Útil: para que ``sobre´´ carga acumulada nas baterias. Como já vimos, quanto
menor a profundidade de descarga, mais ciclos de carga e descarga a bateria suporta. Só que
uma menor profundidade de descarga demanda uma maior Capacidade Real, o que encarece o
banco de baterias.
Vamos ao cálculo:

CU 1.501,625
CR = → CU = → 𝐂𝐔 ≅ 𝟐. 𝟓𝟎𝟐, 𝟕𝟎𝟖 𝐀𝐡
Pd 0,6

Portanto o banco de baterias deverá ter a Capacidade Real de 2.502,708 Ah para prover
a potência de 36.039 Wh/Dia por 2 dias. Devido a perdas em toda a instalação, devemos
fornecer um pouco mais às cargas, que demandam 32.075 Wh/ Dia.

Calcularemos a quantidade, e o modo associação das baterias SOPZS 24V 720 Ah para
montarmos esse banco de baterias.

Primeiro o número de baterias em paralelo:


CR 2.502,708
BP = → BP = → BP ≅ 3,475 → 𝐁𝐏 ≈ 𝟒
CN 720

Teremos por tanto 4 baterias em paralelo

Vejamos a quantidade de baterias em série:

Vi 48
BS = → BS = → 𝐁𝐒 = 𝟐
Vb 24
Usaremos então 2 baterias em série
Já sabemos então o número total de baterias:

NB = BP × BS → NB = 4 × 2 → 𝐍𝐁 = 𝟖
Dicas Importantes:
Os fabricantes dão certas recomendações em relação aos bancos de baterias, tanto para
maior segurança dos sistemas, quanto para maior vida útil das baterias:
 Evitar mais de 6 ramos/blocos (baterias em série) em paralelo, para evitar os efeitos do
envelhecimento ‘não uniforme’ das baterias;
 Ter no mínimo 2 ramos/blocos em paralelo, para maior segurança, no caso de um
elemento em série apresentar falhas;
 Evitar montar bancos de baterias com capacidade total muito maior que a corrente
máxima do painel fotovoltaico. É recomendado que o banco de baterias tenha
capacidade máxima entre 10 vezes a 15 vezes a corrente máxima do (s) painel (eis)
fotovoltaico (s), e o limite máximo de 25 vezes a corrente máxima.
68
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

6.2.4 - Painel Fotovoltaico

9.2.4.1 - Influência do Controlador de Carga

Há uma importante consideração a ser feita, quando se calcula o painel fotovoltaico, em


relação ao (s) controlador (es) de carga utilizado:

Controladores com MPPT (Seguidor do Ponto de Máxima Potência) por possuírem um


conversor DC/DC entre o painel fotovoltaico e o banco de baterias, conseguem aproveitar
melhor a irradiância encontrando sempre o ponto de máxima potência (por isso o nome) e
fornecem uma tensão constante com corrente variável, extraindo potências aplicáveis mesmo
em situações de radiação abaixo do umbral.

Controladores sem MPPT desperdiçam parte da energia solar nas primeiras e últimas
horas do dia, bem como em períodos de baixa insolação. Como NÃO se adaptam às condições
de irradiância e temperatura (como fazem os MPPT’s) as irradiância abaixo do umbral não são
suficientes para ativar seus circuitos (no caso dos controladores mais sofisticados) ou vencer a
barreira imposta pelos diodos interno de proteção, fazendo com que a energia convertida pelos
módulos não seja aplicada às baterias. Além disso, a forma de atuação dos inversores menos
sofisticados, que não sua grande maioria é do ipo série, provoca uma grande perda em relação
à potência pico do painel fotovoltaico.

Quando planejamos um painel fotovoltaico para sistemas autônomos que possua um


controlador de carga com MPPT podemos considerar a Energia que o Painel deve gerar (Ep)
como sendo igual à Energia Real (ER):

𝐄𝐩 = 𝐄𝐑

Se o projeto não possuir um controlador de carga com MPPT devemos considerar que
a Energia que o Painel deve Gerar (Ep) deve ser 10% superior que a Energia Real (ER) para
compensar essas perdas (e outras) no controlador:

𝐄𝐑
𝐄𝐩 =
𝟎, 𝟗

6.2.4.2 – Influência da Disponibilidade Solar no Local

Para saber o potencial solar do local em estudo (Xangongo), fez-se o uso do banco de
dados de Radiação Solar do Atlas Solar Global.

Figura 6.5: Mapa da Irradiação Solar no Local em Estudo .


69
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Tabela 6.7: Dados de parâmetros que têm Influência na disponibilidade Solar no local em estudo.

Município: Ombadja
Sede e comuna: Xangongo
Latitude: -16,744264°
Longitude: 14,976369°
Ângulo Inclinação Simbologia Média mensal
Irradiação horizontal global 0° GHI 6,47 kWh/m2 /dia
Inclinação ideal dos módulos 21/0 ° OPTA
fotovoltaicos
Irradiação inclinada global no 21 ° GTIOPT 6,860 kWh/m2 /dia
ângulo ideal

Geralmente a melhor inclinação para um painel fotovoltaico é dado pela seguinte fórmula:
α = lat + 25% . lat
lat
α = lat +
4

Onde:
α: Inclinação do painel fotovoltaico em graus, em relação ao plano horizontal;
Lat: Latitude do local em graus.

Como a sede/comuna do Xangongo está localizada na latitude 16,744264 ° a melhor


inclinação para um painel fotovoltaico de sistema autónomo é:

16,744°
α = 16,744° + → α = 16,744° + 4,186° → α = 20,93° → 𝛂 ≈ 𝟐𝟏°
4

6.2.4.2.1 - Tempo de Exposição ou Hora de Sol pico (HSP)

Os painéis solares fotovoltaicos não são capazes de produzir o seu potêncial máximo
em qualquer condição. Os factores que podem alterar a referida potência são de natureza
climatológica, inclinação, orientação e dependerão das horas de radiação solar que possuem
em função do local instalado.

A radiação é um conjunto de radiações eletromagnéticas emitidas pelo Sol. Como é


lógico, em um sistema de captação solar fotovoltaica não precisamos de todo o espectro dessa
radiação, que vai do ultravioleta ao infravermelho.

A magnitude que mede a radiação solar que atinge a terra é irradiância, que mede a
energia que, por unidade de tempo e área, chega à terra. Sua unidade é W⁄m2 .

A hora solar de pico (HSP), poderíamos defini-la como uma unidade encarregada de
medir a irradiação solar e defini-la como o tempo (em horas) de uma hipotética irradiância solar
constante de 1.000 W⁄m2 .

70
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Em todas as fichas técnicas dos painéis fotovoltaicos, as características eléctricas do


painel (Pmáx , Uoc , Umpp , Isc e Impp ) devem (ou deveriam) constar em condições de medição
padronizadas conhecidas como STC (Standard Test Conditions) ou condições de teste padrão.

Justamente nessas condições, além de outros parâmetros, é indicado que a irradiância


seja de 1.000 W⁄m2 , ou seja uma hora solar de pico mesmo. A essa altura já poderíamos intuir
que a irradiância não é a mesma ao longo do tempo, ou melhor, ao longo dia ou do ano.

Cálculo do HSP
É importante saber calcular o HSP pois disso depende o sucesso do projecto de
instalação, pois como você verá a irradiância não será a mesma em nenhum mês do ano, e para
instalações onde seu uso é anual é impossível obter um resultado de cálculo satisfatório nos
meses de maior irradiância, pois assim, nos meses de menor irradiância, a instalação não
cobriria as reais necessidades.

O número de Horas de Sol Pleno (HSP) é uma grandeza que reflete o número de horas
em que a irradiância solar deve permanecer igual a 1 kW/m², de modo que a energiza acumulada
ao longo do dia seja equivalente à disponibilizada pelo Sol naquele determinado local. A partir
da equação abaixo é possível encontrar o valor de HSP.

Irradiância do local[kWh/m2 ]
HSP =
1[kWh/m2 ]

Considerando uma irradiância média anual de 6,47 kWh/m² na comuna/vila de


Xangongo, a partir da equação abaixo, têm-se que o número de horas em sol pleno na vila ou
comuna é igual a 6,47 horas, ou seja, aproximadamente igual a 6 horas e 28 minutos de energia
acumulada, conforme indica a seguinte equação:

6,47
HSP = → 𝐇𝐒𝐏 = 𝟔, 𝟒𝟕 [𝐡]
1

6.2.4.3 - Calculando o número de Módulos Fotovoltaicos

Para construir o painel fotovoltaico deste exemplo utilizaremos os módulos


fotovoltaicos CS7N-665MS da Canadian, é uma solução de energia limpa e sustentável para
usinas de energia eléctrica.

Figura 6.6: Módulo FV mono-cristalino.


71
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Tabela 6.8: Características Eléctrica.

Parâmetros Símbolos Unidades Valores


Potência nominal máxima/pico Pmáx Watt pico [Wp] 665
Tensão em máxima potência Vmp Volt [V] 38,5
Corrente em máxima potência Imp Ampère [A] 17,28
Tensão de circuito-aberto Voc Volt [V] 45,6
Corrente de curto-circuito Isc Ampère [A] 18,51
Eficiência do módulo FV ղ % 21,4

Tabela 6.9: Características Físicas.

Características físicas
Tipo de terminal de saída Conector de múltiplo contacto
Cor da moldura Claro
Dimensões 2.384 mm × 1.303 mm × 35 mm
Cabo 4 mm2
Peso 34,4 kg

Aplicando o método de cálculo, poderemos saber quantos módulos, e qual a


configuração serão adequados ao painel solar do nosso sistema:
Para alcançar a tensão de trabalho do nosso sistema, associaremos módulos em série.
Módulos em série recebem o nome de Fileiras. Cada fileira terá a seguinte quantidade de
módulos em série:

Vi 48
mS = → mS = → 𝐦𝐒 = 𝟐
Vm 24
Cada fileira será formada por 2 módulos em série.

Calcularemos a quantidade de fileiras em paralelo para suprir a corrente necessária à


carga das baterias que provém energia elétrica ao nosso sistema:

Ep 36.039 Wh
Vi ⁄V 750,8125 Ah
mP = → mP = 48 → mP = ⁄Ah
0,9 × Imp × HSP 0,9 × 17,28 × 6,47 100,6214

mP ≅ 7,461 → 𝐦𝐏 ≈ 𝟕

Portanto o painel terá 7 fileiras em paralelo.


O número total de módulos Nm será:

Nm = mS × mP → Nm = 2 × 7 → 𝐍𝐦 = 𝟏𝟒

72
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

O painel fotovoltaico será composto por 14 módulos CS7N-665MS da Canadian,


inclinado em 21° e orientado para o norte geográfico.

O painel fotovoltaico gerará um potencial energético variável, de acordo à Irradiação


Solar incidente. Em meses de maior irradiação, o potencial será maior, as baterias serão
carregadas mais rapidamente, e o excedente de energia pode ser perdido, pois o controlador
desconectará o painel fotovoltaico do banco de baterias, após este ser totalmente carregado.

6.2.4.4 - Escolha do Controlador de Carga

O controlador de carga é o responsável por usar essa energia excedente para as tarefas
de manutenção do banco de baterias como, por exemplo, as cargas de equalização. Um
controlador de má qualidade simplesmente desperdiçará a energia excedente.

O controlador de carga deverá ser dimensionado com um fator de segurança de 25% da


corrente de curto-circuito do painel fotovoltaico. O painel que dimensionamos tem a seguinte
corrente de curto-circuito:

ISC painel = mP × ISC módulo → ISC painel = 7 × 18,51 → 𝐈𝐒𝐂 𝐩𝐚𝐢𝐧𝐞𝐥 = 𝟏𝟐𝟗, 𝟓𝟕 𝐀

Considerando o fator de segurança, teremos:

IE = ISC painel × 1,23 → IE = 129,57 × 1,23 → IE = 159,371 A → 𝐈𝐄 = 𝟏𝟔𝟎 𝐀

(IE = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎)

6.2.5 – Dimensionamento da Protecção

O dimensionamento dos dispositivos de protecção pode ser dividido em duas partes: o


referente a corrente contínua e o outro em alternada. O primeiro visa a protecção da parte do
circuito contendo os módulos fotovoltaicos até o inversor e o segundo do inversor até as
cargas da microgeração.

São possíveis equipamentos de protecção do lado CC: fusível, disjuntor e DPS. Estes
são normalmente acondicionados dentro de caixas conhecidas como string box ou dentro do
próprio inversor. Dentre os dispositivos de protecção CA: estão incluídos o DPS e o disjuntor.

6.2.5.1 - Escolha do fusível

Escolher correctamente que fusível deve usar é muito importante, pois se for
dimensionado da maneira errada poderá causar grandes danos. Para definir o fusível, é muito
importante avaliar as condições operacionais do circuito a ser protegido, a fim de adequar a
resposta deste dispositivo caso seja solicitado numa situação de sobrecorrente.
73
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

No dimensionamento do fusível, são instalados no polo positivo e negativo de cada


string. Devem proteger contra curto-circuito e sobrecarga.

Em CC:

Ifusível = Isc × mP
Onde:
Isc = 8,68 A
mP = 7

Ifusível = 18,51 × 7 A → 𝐈𝐟𝐮𝐬í𝐯𝐞𝐥 ≈ 𝟏𝟑𝟎 𝐀 → 𝐈𝐟𝐮𝐬í𝐯𝐞𝐥 ≡ 𝟏𝟐𝟓 𝐀

6.2.5.2 - Escolha do Disjuntor

A selecção do disjuntor correcto depende de diversos factores. Especialmente em


sistemas fotovoltaicos, os efeitos resultantes de alguns factores são mais acentuados do que em
instalações eléctricas normais. Se esses factores não forem tidos em conta, aumenta o risco de
disjuntor disparar em condições de operações normais. Por este motivo, é importante dar
especial atenção a estas influências. Só assim é possível garantir um funcionamento fiável do
sistema fotovoltaico.

No capítulo 5, já se abordou os factores que devem ser tidos em conta ao seleccionar


um disjuntor e as influências especiais em sistemas fotovoltaicos; nesta subsecção iremos focar-
nos no dimensionamento e selecção do disjuntor que irá ser considerado para a instalação.

Em CC:

Idisjuntor = Ifusísel → 𝐈𝐝𝐢𝐬𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨𝐫 ≡ 𝟏𝟐𝟓 𝐀

Em CA:
S
Idisjuntor =
U
Onde:
S (potência de saída do inversor) = 10.000 VA
U = 220 V

10.000 VA
Idisjuntor = → Idisjuntor ≅ 45,45 A → 𝐈𝐝𝐢𝐬𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨𝐫 ≈ 𝟓𝟎 𝐀
220 V

6.2.5.3 - Escolha do DPS

Quando uma tempestade aparece você fica com medo de que haja uma descarga
eléctrica em sua residência? Tomar precaução para que isso não aconteça é de suma
importância, pois essa descarga é um dos motivos que resultam em um surto eléctrico que pode
queimar equipamentos eléctricos e electrónicos, além de oferecer um alto risco para quem está
perto.
74
PROPOSTA DO DIMENSIONAMENTO DE UM SFVI NA COMUNA DO XANGONGO

Em CC:

UC2 + USC
2
Un2 =
2
Onde:
Un (tensão nominal)− ?
UC (tensão máxima de entrada do inversor) = 450VDC
UOC (tensão de circuito aberto do módulo FV) = 45,6 × 2 = 91,2 V

4502 + 91,22
|Un | = √ → 𝐔𝐧 ≅ 𝟑𝟐𝟒, 𝟔𝟑𝟗 𝐕
2

Em CA:
Quando a tensão eléctrica é de 220 V pode ser usado apenas o DPS de 275 V.

6.3 - Custo da Instalação Fotovoltaica Isolada

Nesta seção pretende-se apresentar uma estimativa de custos da instalação FV isolada


proposta anteriormente. A Tabela 6.10 lista os custos dos principais componentes adotados.
Nela, não se incluem os custos das proteções, cabos de ligação, isolamentos, aparelhos de
medida, bem como os custos de mão-de-obra de instalação, tendo-se optado por somente referir
os equipamentos que envolvem maiores contribuições de custos.

Tabela 6.10: Custo estimado da instalação FV isolada.

Material Qt Preço unitário Preço total


c/IVA c/IVA
Painel FV Canadian CS7N-665MS 14 127.000 kz 1.778.000 kz
Inversor híbrido MPPT SPC III-5000-48 Outback Power 1 350.000 kz 350.000 kz
Bateria Solar 24 V 720 Ah SOPzS 8 500.000 kz 4.000.000 kz
Bomba de água 1 CV 1 350.000 kz 350.000 kz
Tubo PVC – Diâmetro 50mm – 3M 11 1.059 Kz 11.649 kz
Tubo PVC – Diâmetro 63mm – 6M 3 3.624 Kz 10.872 kz
Custo total 6.500.521 kz

75
ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ISOLADA

CAPÍTULO 7- ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOTAICA ISOLADA

Figura 7.1: Circuito Eléctrico do Sistema em Estudo.


76
ESQUEMA ELÉCTRICO DA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ISOLADA

Figura 7.2: Diagrama Eléctrico em 2D e 3D.


77
PLANO DE MANUTENÇÃO

CAPÍTULO 8 – PLANO DE MANUTENÇÃO

Um sistema de engenharia é criado para cumprir uma série de requisitos e objetivos, por
meio da execução de ações de seus subsistemas e/ou componentes. Nesse contexto, o conjunto
de atividades que se destinam a manter a operação e/ou reparar componentes, para que o sistema
de engenharia possa continuar a desempenhar sua função se define como manutenção.

Todo sistema fotovoltaico (SFV) deve passar por inspeção e manutenção regularmente, de
forma a garantir uma operação eficiente e impedirá ocorrência de problemas futuros. Para isso,
recomenda-se elaborar e seguir um plano de operação e manutenção, baseando-se nas
recomendações feitas pelos fabricantes dos equipamentos utilizados no sistema e nas normas
pertinentes à segurança e à utilização dos equipamentos envolvidos na instalação fotovoltaica.
Alguns fatores devem ser levados em consideração para a definição da melhor estratégia de
manutenção, são eles:

 Recomendações do fabricante: informações sobre ajustes, calibrações, periodicidade de


manutenção, procedimentos para correção de falhas e reparos, etc.

 Segurança do trabalho e meio ambiente: observações de exigências legais e normas a


fim de obter a integração perfeita entre homem/máquina/meio ambiente.

 Características do equipamento (falha e reparo): observar o tempo médio entre falhas, a


vida útil mínima, o tempo médio de reparo, etc.

 Fator econômico: custos de manutenção com materiais, recursos humanos, interferência


em outros ciclos produtivos e perdas no processo.

8.1 - Manutenção corretiva

Os procedimentos de manutenção corretiva exigem conhecimentos mais profundos


acerca dos componentes do sistema e geralmente necessitam de peças de reposição, por isso,
devem ser realizados por pessoas capacitadas.

A manutenção corretiva é realizada após a falha de um componente do sistema. Isto


significa que, após um equipamento parar de desempenhar uma função pré-estabelecida, houve
uma ação de manutenção que o colocou novamente em operação.

Por sua característica reativa, realizada apenas com o registro de ocorrências, este tipo
de manutenção é emergencial, inesperada e possui maior custo historicamente. Pode-se
caracterizar esta metodologia de manutenção em dois tipos:

 Manutenção corretiva planejada: Ao definir-se como estratégia a operação de um


equipamento até a sua falha, pode-se adotar medidas para evitar maiores custos quando
houver a parada do mesmo. Este tipo de estratégia pode ser escolhida quando há
simplicidade na substituição do equipamento e maior prejuízo para a inatividade. Esta
estratégia de manutenção pode ser aplicada conjuntamente à manutenção preditiva, uma
vez que há o acompanhamento de parâmetros interno ao equipamento e uma ação de
manutenção é justificada pela condição atual.
78
PLANO DE MANUTENÇÃO

 Manutenção corretiva não-planejada: Se caracteriza como a correção da falha de


maneira aleatória, isso quer dizer, pela atuação da manutenção em fato já ocorrido, seja
este uma falha ou um desempenho menor do que o esperado, sendo assim, não há tempo
para preparação do serviço. Em geral, implica em maior custo.

8.2 - Manutenção preventiva

Nos SFVIs individuais de pequeno porte, alguns procedimentos para uma boa
manutenção preventiva podem ser realizados pelo próprio usuário do sistema. Contudo, no caso
de sistemas instalados pela distribuidora, recomenda-se que o usuário não interfira no sistema.

A manutenção preventiva está relacionada com a realização de atividades antes da falha


do sistema, de forma a evitar a ocorrência de falhas nos equipamentos por meio da antecipação
de intervenções. Em uma manutenção preventiva, define-se uma periodicidade para a execução
das ações sobre o sistema ou componentes, sendo que o momento de realização da atividade
preventiva é definido por meio das informações do fabricante do equipamento ou a partir dos
dados de operação do sistema.

8.3 - Manutenção preditiva

A manutenção preditiva é realizada a partir do acompanhamento, em tempo real, das


partes e peças internas do equipamento por meio de sensores ou outros dispositivos. Pode ser
acompanhado, por exemplo, o nível de ruído, vibração e temperatura das partes internas, uma
vez que a alteração dos valores informados pelos fabricantes destas variáveis já indica queda
de eficiência ou operação indevida do equipamento, indicando a necessidade de troca ou
intervenção. Nesta metodologia, há um prolongamento da troca do equipamento para que seja
realizada apenas no fim de sua vida útil, priorizando disponibilidade e redução de custos.

8.4. - Procedimentos de Manutenção Preventiva de Sistemas Fotovoltaicos Isolados

As ações de manutenção preventiva devem estar devidamente registradas em um Plano


de Manutenção. A seguir são listadas as ações conforme a periodicidade em que estas devem
ser realizadas.

8.4.1 – Semanal

 Limpeza dos painéis com água sem qualquer produto adicionado a mesma. A
sujeira pode resultar de excrementos de pássaros, emissões, poeira ou sujeira que se
instalam e se acumulam na superfície dos módulos. Sujeira extensiva pode reduzir a
produção do arranjo em 10% a 20% ou mais. Durante a limpeza o técnico deverá evitar
se apoiar nos painéis. A limpeza deverá ser feita preferencialmente em horários em que
os painéis não estejam quentes para evitar choque térmico, de modo a não danificar o
vidro de cobertura.

79
PLANO DE MANUTENÇÃO

O ângulo de inclinação dos módulos, com tolerância de 5º daquele especificado no


dimensionamento do sistema, pode ser verificado com o uso de um inclinômetro (Figura
8.1) ou, na falta deste, de um transferidor.

Figura 8.1: Inclinômetro

 Controle de sombreamento. Como uma quantidade relativamente pequena de


sombreamento pode reduzir significativamente a produção de energia, quaisquer
condições que contribuam para o aumento do sombreamento sobre os painéis
fotovoltaicos devem ser avaliadas durante a manutenção de rotina. As árvores e a
vegetação apresentam preocupações contínuas de sombreamento e podem exigir podas
e manutenção. Arranjos fotovoltaicos montados no solo também podem ser suscetíveis
a sombreamento de arbustos ou grama alta perto destes. Onde as observações visuais
não podem determinar a extensão dos problemas de sombreamento, uma ferramenta de
avaliação de sombreamento solar pode ser usada;

 Inspeção de inversor e controlador de carga. Deve ser retirada qualquer sujeira e ou


poeira que exista nesses equipamentos utilizando um pano seco. Uma inspeção visual
deve ser feita para garantir que todos os indicadores, como as luzes LED, estejam
funcionando e que os fios que conduzem a este dispositivo e para ele não estejam soltos.
Deve ser observado que o controlador de carga deve indicar que o sistema está
carregando quando o sol está levantado;

 Dependendo do tipo de bateria verifique a carga da bateria utilizando um hidrômetro de


bateria;

 Para as baterias de chumbo-ácido reguladas por válvula deve-se fazer a medição da


tensão dos terminais para comparar com a medição de carga da bateria.

Em SFVIs, deve-se ter especial atenção ao banco de baterias, o componente de menor


vida útil e de maiores necessidades de manutenção no sistema. A experiência mostra que as
baterias geralmente são a principal causa dos problemas ocorridos em SFVIs.

As baterias sem manutenção em monoblocos de 12V, normalmente usadas em SFVIs


individuais, não precisam de reposição de água e, por isso, a manutenção a ser realizada é mais
simples.

80
PLANO DE MANUTENÇÃO

O mesmo vale para as baterias seladas, como, por exemplo, as do tipo OPzV. Entretanto,
aqueles tipos que necessitam de reposição de água (baterias abertas, OPzS etc.) exigem maiores
cuidados. Nestes casos, deve-se verificar o nível e a densidade do eletrólito periodicamente, a
fim de evitar danos à bateria, com consequente redução de sua vida útil. O intervalo de
verificação irá depender de:

 Condições climáticas: em lugares mais quentes pode haver maior perda de água (maior
evaporação);
 Condições de uso: quando maior a profundidade de descarga, maior a perda de água do
eletrólito;
 “Saúde” da bateria: células em curto aceleram a evaporação de água do eletrólito.

Um intervalo típico de verificação e reposição de água é de seis meses. Entretanto, em


locais remotos e de difícil acesso, pode ser mais viável a verificação anual, neste caso deve ser
combinado com o fabricante um volume de vaso e de eletrólito adequados para essa condição.

A manutenção dos bancos de baterias inclui: limpeza, aperto de conectores, adição de


água (se for o caso), verificação das condições e do desempenho.

 Inspeção e limpeza de racks de baterias, bandejas de caixas e terminais;


 Inspeção de desconexões de bateria, dispositivos de sobrecorrente e condutores;
 Verificação dos torques dos terminais;
 Medição de tensão e gravidade específica;
 Adição de água;
 Inspeção de sistemas auxiliares;
 Teste de carga e capacidade.

8.4.2 - Mensal

 Se as baterias de chumbo-ácido forem usadas, verifique o nível do eletrólito e complete-


o, se necessário. Limpe o resíduo eletrolítico da parte superior da bateria;

Densímetro. Um densímetro (Figura 8.2), algumas vezes chamado inadequadamente


de “hidrômetro”, indica o estado de carga da bateria por determinação da densidade do
eletrólito. A densidade é a medida do peso específico do eletrólito comparado com o
peso específico da água.

Figura 8.2: Densímetro.


81
PLANO DE MANUTENÇÃO

 Inspecione todos os terminais quanto a corrosão e afrouxe as conexões dos cabos. Limpe
e aperte conforme necessário. Após a limpeza, adicione antioxidante ao fio e aos
terminais expostos;

 Verifique se novas cargas foram adicionadas e o sistema está sobrecarregado;

 Inspeção da vedação de pontos de infiltração. A vedação para evitar infiltrações de todos


os pontos de fixação e penetrações do edifício deve ser rotineiramente inspecionada em
busca de sinais de deterioração ou vazamento de água, devendo os reparos serem feitos
conforme necessário. Todos os implementos estruturais devem ser inspecionados
quanto à segurança e sinais de degradação;

 Inspeção do painel em busca de módulos quebrados. Se houver, substitua-o pelo módulo


apropriado.

8.4.3 – Anual

 Verifique toda a fiação do sistema para ver se houve danos;

 Verifique todos os equipamentos com relação a estanqueidade;

 Inspecione o inversor - remova a poeira ou a sujeira, inspecione a fiação do sistema


quanto a conexões ruins. Procure por sinais de aquecimento excessivo, inspecione o
controlador para uma operação adequada;

 Verificação da saída do painel. Faça a medição da tensão de circuito aberto (VOC ) e da


corrente de curto-circuito (ISC ). Durante a medição da tensão VOC deve-se,
simultaneamente, fazer a medição da temperatura do painel com um termômetro
infravermelho, para fazer a devida correção do valor medido de tensão, dado que esta
depende fortemente da temperatura do painel. Simultaneamente a medição da corrente
ISC deve-se medir a irradiância, com um solarímetro portátil, para fazer a devida
correção no valor da corrente medida. O ideal para medir a VOC e a ISC é o traçador de
curva I-V portátil, pois apresenta precisão muito mais elevada que as obtidas nos
procedimentos mencionados;

 Inspeção e manutenção de aterramento e proteção contra raios, adotando as medidas


seguintes: i) Usar um ohmímetro para verificar a continuidade de todo o sistema de
aterramento; ii) Certificar-se de que todas as estruturas do módulo, eletroduto e
conectores de metal, caixas de junção e chassis de componentes elétricos estejam
aterrados, e; iii) usar um terrômetro para avaliar as condições do aterramento;

 Verificação de todos os terminais e fios quanto a conexões ou componentes soltos,


quebrados, corroídos ou queimados;

82
PLANO DE MANUTENÇÃO

 Inspeção termográfica. A análise termográfica é feita com câmara termográfica


infravermelha. Os pontos quentes (hot spots), eventualmente encontrados nos painéis
fotovoltaicos deverão ser sanados. A busca de pontos quentes deve se estender também
aos condutores, conexões, proteções e etc.

Detecção de pontos quentes em módulos FV por termografia

Os pontos quentes (regiões com temperatura muito superior ao restante do


módulo) podem produzir redução na tensão de operação no módulo FV, como mostrado
na Figura 8.3. Eles podem ser detectados facilmente com auxílio de uma câmera
termográfica infravermelha (Figura 8.4).

Figura 8. 3: Fotográfia com câmera termográfica (em vermelho, as células superaquecidas).

Figura 8.4: Câmera termográfica infravermelha.

Se forem encontrados pontos quentes (hot spots) no módulo, deve-se verificar se há


sombreamentos ou sujeira e eliminá-los. Se não for essa a causa, é possível que se trate de
células defeituosas, como, por exemplo, células em polarização inversa, ou falha no diodo de
desvio ou na solda dos condutores. Deve-se acompanhar a evolução do problema e substituir o
módulo assim que possível. Podem ser detectados também módulos instalados incorretamente
quando estes apresentam em toda a sua superfície temperaturas superiores a outros módulos no
mesmo arranjo.

83
PLANO DE MANUTENÇÃO

8.5 - Procedimentos de Inspeção e Manutenção Corretiva de Sistemas Fotovoltaicos

A manutenção corretiva procura reparar defeitos ou falhas no SFV após a ocorrência


dos mesmos, e tenta evitar que eles se repitam. A manutenção corretiva também inclui a
substituição de peças e equipamentos com defeitos de fabricação. Antes de se iniciarem os
trabalhos de reparação, deve-se verificar se os equipamentos que apresentam dano estão
cobertos por garantia, que deve ser imediatamente acionada em caso positivo. Quando não for
o caso, deve ser realizado um orçamento relativo aos custos de reparação do sistema. Após a
manutenção corretiva, devem ser realizados procedimentos de inspeção antes da colocação do
sistema em operação.

Os procedimentos específicos e metodológicos aplicados durante a inspeção, muitas


vezes auxiliam na identificação e solução de alguns problemas que ocorrem nos SFVs. As
tabelas a seguir apresentam vários desses problemas, indicando as possíveis causas e sugerindo
ações corretivas necessárias. Inicialmente, deve ser realizada uma inspeção visual na instalação
fotovoltaica, a fim de identificar alguma avaria no sistema.

Tabela 8.1: Controladores de carga

Controladores de carga
Sintoma Causa Resultado Ação corretiva
Tensão da bateria
abaixo do ponto de Para o controlador de
regulagem (set-point) carga, as baterias estão Reparar, substituir ou
de retomada do operando com reposicionar o sensor
carregamento, embora Sensor de temperatura temperatura mais baixa de temperatura
o controlador não defeituoso ou mal do que a real
carregue as baterias posicionado; má
conexão dos terminais
Tensão da bateria do sensor de
acima do ponto de temperatura no Para o controlador de Reparar, substituir ou
regulagem (set-point) controlador de carga carga, as baterias estão reposicionar o sensor
de término do operando com de temperatura ou
carregamento, embora temperatura mais alta substituir o controlador
o controlador continue do que a real de carga
carregando as baterias
Pequena quantidade de Reconfigurar ou
Ruídos nos relés Baixa tensão
baterias em série adicionar baterias
(geralmente empregados
em controladores de Conexões das baterias Elevada queda de Apertar, reparar ou
carga mais antigos, para frouxas ou oxidadas tensão substituir os cabos
as operações de
chaveamento)
Baixa tensão nas Reparar ou substituir as
baterias baterias

84
PLANO DE MANUTENÇÃO

Tabela 8.2: Controladores de carga (continuação)

Controladores de carga
Sintoma Causa Resultado Ação corretiva
Temporizador (timer) não Esperar até o reset automático
sincronizado com a hora do dia seguinte;
real do dia (caso de Ou desconectar o gerador,
Controlador liga e
controladores temporizados esperar 10 segundos para
desliga a carga, em
na carga, como, por resetar o coltrolador e
períodos incorretos
exemplo, os utilizados em conectá-lo novamente;
sistemas fotovoltaicos de Ou reprogramar o controlador
iluminação pública) de carga;
Operação irregular
do controlador de Ciclagem liga-
Conectar o inversor
carga e/ou desliga no
Ruído elétrico do inversor diretamente às baterias,
desconexão controlador muito
colocar filtros na carga
inadequada de rápida
cargas Elevados surtos para a Queda de tensão das Usar cabos de maior bitola
carga (partida de motores, baterias, durante o para a carga ou adicionar
por exemplo) surto baterias em paralelo
Controlador de carga Cargas
Reparar ou substituir o
defeituoso, possivelmente, desconectadas
controlador de carga e
em função de danos inadequadamente e
verificar o sistema de
causados por descarga outras operações
aterramento
atmosférica irregulares
ajuste incorreto do ponto de Cargas Alterar o ponto de regulagem
regulagem (set-point) de desconectadas (set-point) de baixa tensão de
Operação irregular baixa tensão de desconexão inadequadamente desconexão
do controlador de Chave da carga em posição Cargas nunca Mudar a chave para a
carga e/ou errada no controlador desconectam posição correta
desconexão Se necessário, substituir o
inadequada de Controlador de carga não
controlador de carga por
cargas possui a característica de Cargas nunca
outro que possua a
desconexão por baixa desconectam
característica de desconexão
tensão
por baixa tensão
Desconectar as baterias
Gerador curto-circuitado quando estiver testando a
Queima do fusível, com as baterias conectadas corrente de curto-circuito do
Alto fluxo de gerador
colocado no
corrente através do
circuito que Substituir o controlador de
Corrente de saída do controlador de carga
alimenta o gerador carga por outro com
gerador é muito elevada
capacidade nominal de
para o controlador de carga
corrente mais elevada
Eliminar o curto-circuito ou
Curto-circuito nas cargas Corrente elevada
substituir a carga defeituosa
Proteção (disjuntor,
Corrente exigida pelas
fusível) colocada
cargas é muito elevada para
no circuito que Reduzir a potência das cargas
o controlador de carga Alto fluxo de
alimenta as cargas ou trocar o controlador de
atuando Surto de corrente exigido corrente através do
carga por outro de maior
continuamente pelas cargas é muito controlador de carga
capacidade
elevado para o controlador
de carga
85
PLANO DE MANUTENÇÃO

Tabela 8.3: Inversor

Inversor
Sintoma Causa Resultado Ação corretiva
Fechar chaves,
substituir
fusíveis(determinar o
motivo pelo qual os
Dispositivos de proteção e
fusíveis ou os
seccionamento (chaves,
Nenhum fluxo de disjuntores estão
fusíveis, disjuntores etc.)
energia através do abertos, danificados, ou
abertos, danificados ou
inversor desconectados, antes de
desconectados; cabeamento
substituí-los ou montá-
rompido ou oxidado
los novamente);
rearmar os disjuntores;
reparar ou substituir o
cabeamento danificado.

Baixa tensão c.c. no


inversor, Nenhum fluxo de Permitir que as baterias
energia disponível para recarreguem
Ou controlador de carga o inversor
Nenhuma saída do aberto
inversor
Temporizador (timer)
Alguns segundos de Esperar alguns
demora para dar partida no
atraso depois de dar segundos depois de dar
inversor, quando em modo
partida na carga partida nas cargas
de espera
Conectar cargas c.c.às
baterias e operá-las por
tempo suficiente para
baixar a tensão das
baterias. Ajustar a
tensão final de carga
Desconexão do inversor por Inversor não dá partida no controlador de
tensão elevada carga, caso possível, ou
então substituí-lo;
Verificar a tensão
máxima c.c suportada
pelo inversor, e
substituí-lo caso esteja
com problema
Aquecimento Componentes
Substituir o inversor
excessivo dos Uso de inversor de onda harmônicas da forma
por outro com forma
motores durante quadrada de onda sobreaquecem
de onda senoidal
operação os enrolamentos
Reduzir a potência das
Correntes excessivas Tensão do inversor
cargas ou substituir o
exigidas pelas cargas muito baixa para as
inversor por outro de
cargas
maior capacidade
Cargas operam
inadequadamente Utilizar cargas c.c. ou
Uso de inversor de onda substituir o inversor
quadrada por outro com forma
de onda senoidal
Inversor defeituoso Substituir o inversor

86
CAPÍTULO 9 - CONCLUSÃO

Antes de mais, pode-se aqui discutir o local de escolha para a instalação do SFVI,
escolha essa sustentada pela circunstância desta cidade/comuna (Xangongo) se encontrar
próxima do rio (Cunene). De facto, devido à natureza dos acessos para a interligação com a
comuna, sem estradas asfaltadas, e a falta de eletrificação do local em estudo, por outro lado,
justifica essa escolha. Para além disso, a análise rigorosa das condições meteorológicas do local,
as radiações e as temperaturas, permitiu concluir que este seria um bom local para a instalação
do SFVI. Este local tem um elevado potencial de recurso solar, com uma média anual de
irradiação global em plano horizontal de 2364,5 kWh/m2 /ano.
Angola é dotada de uma vasta riqueza de recursos naturais: além de recursos fósseis e
geológicos possui um grande potencial hídrico, elevados níveis de radiação solar e recursos
eólicos e de biomassa de diferentes fontes. A disponibilização destes recursos naturais eleva o
potencial para a produção de energia renovável limpa.
Com o desenvolvimento contínuo do ramo de energia solar e de novas tecnologias a
microgeração de energia eléctrica pessoal a base de células solares tornou-se uma das mais
promissoras oportunidades de geração de eléctricidade nas áreas rurais, o que promove o
desenvolvimento do ramo solar e o acesso a energia em residências isoladas em regiões não
cobertas por redes eléctricas convencionais.
Através do sistema de banco de baterias é possível ter um acúmulo de carga em um local
isolado e assim ter energia eléctrica em periódos de clima desfavorável e no período de baixa
geração.
O sistema fotovoltaico tem como vantagens a não poluição, é renovável, limpo,
silencioso necessita de pouca manutenção e é de fácil instalação. Suas desvantagens são o alto
custo de aquisição, principalmente por não gerar energia à noite e necessário a construção de
um de baterias que encarecem o sistema.

87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Energia Fotovoltaica Manual sobre Tecnologias, Projecto e Instalação, manual desenvolvido


no projecto GREENPRO entre Fevereiro de 2002 e Janeiro de 2004.

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MINEA-Ministério da Energia e Águas. Disponível em: http://www.minea.gv.ao/.com

EDEL – Empresa de Distribuição de Electricidade. Disponível em http://www.edel.co.ao/.com

PVGIS: Photovoltaic Geographical Information System. Disponível em: http: //re.jrc.ec.


europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php.

ENE-Empresa Nacional de Electricidade E.P. Disponível em: http://194.79.83.194:


9091/Pages/Home.aspx.

T. D. E. Micro-gera and S. Perif – Painéis Solares Fotovoltaicos.

C. P. de E. R. da MasterD. Introdução às instalações fotovoltaicas.

R. Castro, Uma introdução às energias renováveis: Eólica, fotovoltaica e mini-hídrica., 3a


Edição.

Solar Energy International (SEI) – Photovoltaics, Design and Installation Manual, Gabriola
Island, New Society Publishers (NSP).

Solar Energy International (SEI) – Photovoltaics, Design and Installation Manual, Gabriola
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Ramlow, Bob; Nusz, Benjamim – Solar Water Heating, A comprehensive Guide To Solar
Water and Space Heating Systems, Gabriola Island, New Society Publishers.

Earthscan – Photovoltaic Systems, Planning & Installing, A guide for Installers, Architects and
Engineers, Berlin, The German Energy Society (Deutsche Gesellshaft fur Sonnenenergie (DGS
LV).

Joaquim Carneiro e Mário Passos. Sistemas Fotovoltaicos - Fundamentos sobre


dimensionamento. Porto: Quântica Editora.

Painel fotovoltaico - Sharp ND-R250 A5. [Online]. Available: https: //www. euromed.
company/products-reel/photovoltaic/sharp-nd-r250a5/.

Manual do curso de Energias Renováveis da MasterD. Dimensionamento de instalações


fotovoltaicas.

M. Matem and U. Regional, Aplicação de Modelos Elétricos de Bateria na Predição do Tempo


de Vida de Dispositivos Móveis Cleber Mateus Duarte Porciuncula Aplicação de Modelos
Elétricos de Bateria na Predição do Tempo de Vida de Dispositivos Móveis Cleber Mateus
Duarte Porciuncula.

88
S. S. A. Freitas, Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos Engenharia Industrial Engenharia
Electrotécnica.

P. GreenPro, Energia Fotovoltaica. Manual sobre tecnologia, projeto e instalações.

Manual do curso de Energias Renováveis da MasterD, in Dimensionamento de uma instalação


Fv autónoma para uma vivenda familiar.

Baterías y Amperios. Soluciones en Baterias. Available: https://bateriasyamperios. com

IRSE- Instituto Regulador do Sector Eléctrico. Disponível em: http://www.irse.gov.ao/


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http://www.gamek.co.ao/.

Quiçama, Ernesto (2012). Soluções Técnicas para um Projeto de Habitação com Produção
Própria de Energia em Angola. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia
Eletrotécnica do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.

Castro, Rui (2002).Energias Renováveis e Produção Descentralizada: Introdução à Energia


Fotovoltaica. Disponível em: http: //www. troquedeenergia. com/Produtos/Logos Documentos/
Introducao a Energia_Fotovoltaica.pdf

Planning and Installing Photovoltaic Systems (2013), third edition , German Solar Energy
Society.

ThiagoMirandaDeSouza_tcc.pdf

89
ANEXOS

ANEXO A – DOCUMENTAÇÃO DA SIMULAÇÃO NO GLOBAL SOLAR ATLAS

Figura A.1:Ilustração de pesquisa/colheita de dados de irradiância e temperatura (1)

90
Figura A. 2: Ilustração de pesquisa/colheita de irradiância e temperatura (2)

Figura A.3: Ilustração de pesquisa/colheita de dados de irradiância e temperatura (3)

91

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