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ENGENHARIA ELÉTRICA NA

CONSTRUÇÃO DE PARQUES
EÓLICOS
Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

NATAL - RN
2015
 2015. CTGAS-ER
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada à fonte.

Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis – CTGAS-ER


Diretora Executiva
Cândida Amália Aragão de Lima
Diretor de Tecnologias
Pedro Neto Nogueira Diógenes
Diretor de Negócios
José Geraldo Saraiva Pinto

Unidade de Negócios de Educação – UNED


Coordenadora
Elenita dos Santos
Elaboração
Hudson da Silva Resende

C397e Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis.

Engenharia elétrica na construção de parques éolicos / Centro


de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis, elaboração de
Dimas Alves Ferreira. – Natal: CTGAS-ER, 2015.
72 p. : il.

1. Engenharia elétrica. 2. Fazendas de vento - Projeto. 3. Usina


eólica – Instalações elétricas. I. Título. II. Resende, Hudson da
Silva.

CDU 621.311.245

CENTRO DE TECNOLOGIAS DO GÁS E ENERGIAS RENOVÁVEIS – CTGAS -ER


AV: Cap. Mor Gouveia, 1480 – Lagoa Nova
CEP: 59063-400 – Natal – RN
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I APRESENTAÇÃO

Hoje em dia há uma tendência mundial do uso de fontes de energia renováveis para a
geração de energia elétrica. Com o intuito de diversificar sua matriz energética, o governo
brasileiro, buscando também permanentemente a utilização de energias renováveis para a
redução dos efeitos do aquecimento global, tem na geração eólica uma fonte de energia que
entre as fontes renováveis de energia, a que mais apresenta forte crescimento mundial. E por se
tratar de o objetivo final desse processo de transformação energética ser a geração de energia
elétrica, nesse sentido, fica óbvia a grande utilização e aplicação da engenharia elétrica em
parques eólicos.
Dessa forma, neste trabalho é apresentado de forma resumida 05 (Cinco) etapas macros
(Aqui descritas como unidades) da construção de um parque eólico com um foco na parte
elétrica, considerando desde o ponto desde os componentes internos do aerogerador até o
ponto de conexão e linha de transmissão, assim como, o impacto do mesmo na qualidade da
energia elétrica da rede após a conexão. As mesmas podem ser visualizadas na figura 01,
abaixo.

Visão geral das etapas de implantação de um parque Eólico com foco na engenharia elétrica
II OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem o objetivo, apresentadas as principais características da


aplicação da engenharia elétrica na construção de parques eólicos em 05 etapas macros
de implantação do parque com foco nas instalações elétricas, nesse material, e em no
site do CTGAS-ER, proporcionar ao leitor (Aluno do Curso de Especialização Técnica
em Energia Eólica do CTGAS-ER) uma base de conhecimento técnica, respondendo às
avaliações do curso com no mínimo 70% de aproveitamento.
III APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Os trabalhos referentes às instalações industriais elétricas em um parque eólico,


abrangem os seguimentos de obra de infraestrutura desde os aerogeradores até a o
ponto de conexão, passando pela rede coletora, subestações unitárias, subestação
elevadora e linha de transmissão, incluindo todas as interligações e interdependências
entre os distintos projetos. Tais etapas, assim como o impacto destas instalações no
sistema elétrico, serão abordadas de modo geral de acordo a sequência dos capítulos
abaixo:

Unidade 1 – Infra-Estrutura Elétrica Simplificada dos Aerogeradores

Nesta unidade você terá subsídios para: Identificar os principais circuitos e


componentes de um Aerogerador.

Unidade 2 – Rede de Distribuição Interna (Rede Coletora)

Nesta unidade você terá subsídios para: Identificar os principais circuitos e


componentes, função e procedimentos para instalação de uma rede coletora de
média tensão. Tanto subterrâneas como aéreas, aplicadas nos parques eólicos.

Unidade 3 – Subestação Elevadora (SE)

Nesta unidade você terá subsídios para: Identificar a função, os principais tipos e
componentes de uma subestação elétrica aplicadas nos parques eólicos.

Unidade 4 – Linha de Transmissão

Nesta unidade você terá subsídios para: Identificar a função, os principais e


componentes de uma linha de transmissão elétrica aplicadas na conexão dos
parques eólicos a rede elétrica existente.

Unidade 5 – Impacto da energia Gerada pelas turbinas eólicas na qualidade da


energia elétrica da Rede

Nesta unidade você terá subsídios para: A partir da apresentação da Norma IEC
61400-21, identificar os principais parâmetros para avaliação da qualidade de
energia gerada por aerogeradores e seu impacto na rede elétrica local onde o
mesmo está instalado.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma de potência no aerogerador – Modelo E-82 Wobben Enercon ....14

Figura 2 – Transformador interno instalado em edícula ao lado da torre de um


aerogerador ....................................................................................................16

Figura 3 – Transformador interno instalado em edícula ao lado da torre de um


aerogerador ....................................................................................................16

Figura 4 - Transformador externo fixado na torre do aerogerador ...................................17

Figura 5 – Painel com chave seccionadora com cabos da rede coletora


desconectados para teste ...............................................................................17

Figura 6 – Cable Switch – Sensor de segurança de cabos na nacele .............................19

Figura 7 – UPS modelo Symetra RM da fabricante Schneider Electric. ..........................20

Figura 8 – Esquema elétrico de um gerador com velocidade constante .........................21

Figura 9 – Esquema elétrico de um gerador com velocidade variável que usa um


conversor de frequência para o controle da frequência da geração
elétrica ............................................................................................................21

Figura 10 – Layout e detalhes do perfil e anel de alumínio nas pás ................................23

Figura 11 – Detalhes da estrutura de proteção dos aparelhos de medição e do


dispositivo de centelha dentro do cubo na nacele ..........................................24

Figura 12 – Dispositivo de proteção eletrônica contra surto modelos SD7 056


Siemens e Quick PRD Scheneider Electric respectivamente. ........................24

Figura 13 – Detalhes do sistema de aterramento ............................................................25

Figura 14 – Exemplo de detalhe do sistema de combate a incêndio no Aerogerador


E-82 Wobben-Enercon ...................................................................................25

Figura 15 Visão Geral da Rede Coletora MT em um Parque Eólico ................................28

Figura 16 – a) Detalhamento orientativo para valetamento típico; b) Valeta com


cabos enterrados em trecho da Linha de Média em Parque eólico. ...............29

Figura 17 – Detalhe do procedimento de lançamento dos cabos vista do lado


oposto ao carro tracionador. ...........................................................................30
Figura 18 Detalhe de preparação para lançamento dos cabos de força na LM –
Vista em direção ao carro tracionador ............................................................31

Figura 19 Detalhe dos carretéis utilizados dentro das valas no processo de


lançamento dos cabos na LM .........................................................................31

Figura 20 Detalhe de proteção física com lançamento das placas de PVC.....................32

Figura 21 Detalhe de processo de emenda em cabo de média tensão ...........................33

Figura 22 Detalhe de cabo de média tensão após processo de emenda ........................33

Figura 23 Exemplo de Estrutura aérea utilizada em Redes coletoras Aéreas 13,8 kV ....34

Figura 24 Visão Geral da Subestação Elevadora em um Parque Eólico ........................36

Figura 25 - Desenho de SE Abrigada ..............................................................................39

Figura 26 Exemplo de Transformador de Força ..............................................................42

Figura 27 Exemplo de Sistema de proteção de Geradores Síncronos com Trafo de


aterramento.....................................................................................................43

Figura 28 Exemplo de transformador de força e de aterramento em subestação


elétrica (TOSHIBA) .........................................................................................43

Figura 29 Exemplo de um TP ..........................................................................................44

Figura 30Exemplo de um TC ...........................................................................................44

Figura 31 Exemplo de um Disjuntor .................................................................................45

Figura 32 Exemplos de pára-raios e relé respectivamente ..............................................46

Figura 33 Exemplo de grupo gerador acionado por motor diesel – Modelo C20D6
da Power Generation® ...................................................................................48

Figura 34 Exemplo de Retificador trifásico e banco de baterias em casa de


comando de subestação, respectivamente .....................................................48

Figura 35 Imagem das paredes corta fogo ......................................................................49

Figura 36 Bacia coletora de óleo da subestação e sistema de drenagem oleosa do


transformador..................................................................................................50

Figura 37 Exemplo de extintor incêndio e sensor de fumaça em casa de comando


em controle. ....................................................................................................51
Figura 38 Detalhe de conexão da malha feita com solda exotérmica, montagem e
instalação da malha de aterramento em subestação ......................................52

Figura 39 Detalhe da aplicação das pontas e cabos pára-raio em subestação. ..............53

Figura 40 Detalhe da aplicação de equipamentos Pára-raios em subestações. .............54

Figura 41 Vista Geral da conexão da subestação com a Linha de Transmissão ............56

Figura 42 – Disposição de cabos em linhas de transmissão ...........................................57

Figura 43 – Exemplo de cabos utilizado em linhas de transmissão .................................58

Figura 44 Chave e elo Fusível .........................................................................................63

Figura 45 Exemplo de Curvas de Fusão de Elos Fusíveis ..............................................64

Figura 46 Religador Eletrônico ........................................................................................66

Figura 47 Exemplo de curva de Operação de Religador .................................................67

Figura 48 Seccionador Automático Instalado ..................................................................68


LISTA DE SIGLAS

FO Fibra Ótica;
IED´s Dispositivos Eletrônicos Inteligentes (Inteligent Eletronic Dispositive)
LM Linha de Média Tensão;
LT Linha de Transmissão;
PAC/PCC Ponto de acoplamento comum/ Ponto de conexão comum.
PRs Para-raios;
SE Subestação Elevadora;
TCs Transformador de Corrente;
TPs Transformador de Potencial;
TR Transformador de Força;
UPS Fonte de Interrupção Ininterrupta (Uninterruptible Power Supply)
WEC Conversor de Energia Eólica (Wind Energy Converter).
SUMÁRIO

Unidade 1 – INFRAESTRUTURA ELÉTRICA SIMPLIFICADA DOS AEROGERADORES. ...... 13


1.1 PRINCIPAIS CIRCUITOS E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS ........................................ 114
1.1.1 Descrição Básica dos Circuitos e Equipamentos de uma Aerogerador .................... 14
Unidade 2 – REDE DE DISTRIBUIÇÃO INTERNA /COLETORA DE MÉDIA ............................ 27
2.1 REDE DE DISTRIBUIÇÃO INTERNA SUBTERRÂNEA. ................................................. 29
2.2 REDE DE DISTRIBUIÇÃO INTERNA AÉREA. ................................................................ 33
Unidade 3 – SUBESTAÇÕES ELÉTRICAS EM PARQUES EÓLICOS ..................................... 35
3.1 DEFINIÇÃO BÁSICA DE UMA SUBESTAÇÃO ............................................................... 37
3.2 TIPOS DE SUBESTAÇÕES (CLASSIFICAÇÃO):............................................................ 37
3.2.1 Função no Sistema Elétrico .......................................................................................... 37
3.2.2 Modo de instalação dos equipamentos em relação ao meio ambiente: .................... 38
3.3.1 Equipamentos de transformação ................................................................................. 39
3.3.2 Equipamentos de manobra ........................................................................................... 45
3.3.3 Equipamentos para compensação de reativos ........................................................... 45
3.3.4 Equipamentos de Proteção........................................................................................... 46
3.3.5 Equipamentos de Medição............................................................................................ 46
3.3.6 Circuitos auxiliares em SE ............................................................................................ 47
3.3.7 Sinalização ..................................................................................................................... 51
3.3.8 Aterramento e Sistema de Proteção contra descargas atmosféricas........................ 51
Unidade 4 - LINHA DE TRANSMISSÃO E CONEXÃO COM A REDE DE DISTRIBUIÇÃO
ELÉTRICA .................................................................................................................................. 55
4.1 DEFINIÇÃO ..................................................................................................................... 57
4.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA LINHA DE TRANSMISSÃO ....................................... 57
4.3 PROTEÇÃO DE REDES AÉREAS DE DISTRIBUIÇÃO E LINHAS DE TRANSMISSÃO 60
4.3.1 Considerações gerais ................................................................................................... 60
4.3.2 Dispositivos de proteção .............................................................................................. 62
Unidade 5 – QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA FORNECIDA POR AEROGERADORES 69
5.1 O IMPACTO DE CENTRAIS EÓLICAS NA QUALIDADE DE ENERGIA. ........................ 70
5.1.1 A Norma IEC 61400-21................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 72
UNIDADE 1 – INFRAESTRUTURA
ELÉTRICA SIMPLIFICADA DOS
AEROGERADORES.
1.1 PRINCIPAIS CIRCUITOS E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

Neste item serão apresentadas as informações que caracterizam de forma


simplificada e geral o sistema elétrico, e principais componentes dos conversores de
energia eólica, aqui denominados de Aerogeradores e/ou WEC (Wind Energy Converter)
aplicados para geração de energia elétrica.

1.1.1 Descrição Básica dos Circuitos e Equipamentos de uma Aerogerador

Todas as instalações elétricas no conjunto aerogerador, são fundamentadas no em


fluxogramas de potência como no exemplo demonstrado abaixo (Aerogerador de
Velocidade Variável), no qual o sistema montado é dividido basicamente em três
compartimentos: Nacele, torre e transformador. A distribuição dos equipamentos assim
como o tipo de equipamentos é que variam de um modelo de WEC para o outro. Tal
variação não é o escopo desse trabalho. Além dessa distribuição, do ponto de vista da
engenharia elétrica, podemos analisar o sistema elétrico do aerogerado a partir de 03
circuitos básicos: Circuito de energia principal, circuito de controle da turbina e circuitos
auxiliares.

Figura 1 - Fluxograma de potência no aerogerador – Modelo E-82 Wobben Enercon


Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

1.1.1.1 Circuito de Energia Principal

Neste circuito se encontram instalados os geradores


elétricos que podem ser assíncronos ou de indução usados
na conexão direta com a rede em aerogeradores de
velocidade constante, dispensando dispositivos de
sincronismo. Em aerogeradores de velocidade variável
dependendo do modelo são utilizados geradores síncronos
ou assíncronos (Ou de Indução) onde é necessária a
utilização de sistemas eletrônicos (Inversores e placas de
sincronismo) para sincronismo com a frequência e tensão da
rede (Parte intregrante do circuito de controle da Turbina). A
maioria dos geradores elétricos utilizados em parques
eólicos atualmente, gera uma faixa média de tensão elétrica
400 a 1000 VAC e em alguns casos específicos em tensões
contínuas 1320 VDC.
Além dos geradores elétricos mencionados acima,
temos outros componentes principais como:

a) interruptores fusíveis com correntes que geralmente


podem variar de 400 a 2600 A;
b) disjuntores de circuito de Baixa Tensão, geralmente
com classe AC3 podendo variar em média de 400 a 2600 A
de 400 VAC a 690 VAC;
c) inversores de frequência com potências podendo variar
de 10 kW a 5,3 MW para geradores síncronos ou
assíncronos trabalhando em frequências de 50 ou 60 Hz;
d) barramentos, geralmente em cobre com capacidade
média de 100 a 800 A/ 800 a 5000 A. Alguns com isolação
IP54 e isolamento médio 690V;
e) tranformadores BT/MT tipo seco ou a óleo. A geração
de energia é normalmente em Baixa tensão e injetada na
rede coletora em média tensão em valores nominais médios
no Brasil de 13,8 kV a 34,5 kV.

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Os mesmos podem ser instalados dentro da Nacele, como é mostrado na


ilustração ao lado, interno em edícula, na base dentro da torre do aerogerador ou
externo instalado na estrutura da torre como é mostrado respectivamente nas figuras 2 a
4.

Figura 2 – Transformador interno instalado em edícula ao lado da torre de um aerogerador

Figura 3 – Transformador interno instalado em edícula ao lado da torre de um aerogerador

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Figura 4 - Transformador externo fixado na torre do aerogerador

f) paineis de seccionamento – Painéis onde é feita a conexão entre o circuito de


força principal dos aerogeradores com os cabos da rede coletora. Geralmente
por se tratar a rede coletora com tensões elevadas, as conexões são feitas
através de muflas como pode ser visto na figura 5, abaixo:

Figura 5 – Painel com chave seccionadora com cabos da rede coletora desconectados para teste

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1.1.1.2 Circuito de Controle da Turbina

Neste circuito se encontram instalados todos os


componentes destinados ao controle autoático da turbina,
dentre os principais podemos citar o(s):

a) CLPs ou PLCs (Controladores Lógicos programáveis):


Funciona como o “cérebro” da turbina eólica. Se constitue
basicamente em uma central de processamento de dados de
alta velocidade, geralmente em tempo real e montada em
um chassis (Rack) com módulos de entrada e saídas
analógicas e e/ou digital. Na maioria dos casos possui
interface de comunicação através de protocolo padrão
internacional ou próprio do fabricante do aerogerador com a
IHM e supervisório de monitoramento do WEC.
Existem vários fabricantes e modelos no mercado
aplicados à geração eólica, inclusive modelos dedicados dos
próprios fabricantes dos aerogeradores.
b) Em conjunto com os CLPs é utilizado uma gama variada
de sensores com as mais diversas funções de
monitoramento e controle.Dentre eles podemos citar:
a. sensores de velocidade: Geralmente sensores de
pulso do tipo indutivo e/ou encoders analíticos e/ou
incrementais;
b. sensores fim-de-curso de ângulo de ataque das pás:
Geralmente sensores de pulso do tipo indutivo e/ou
encoders analíticos e/ou incrementais;
c. sensor de entreferro: Geralmente utilizados em
geradores síncronos cujo rotor é acoplado
diretamente no cubo das pás. É constituido de micro-
switches e instalado no espaço existente entre o
estator e rotor do gerador.

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

d. densor de seguraça dos cabos da nacele (Cable Switch): Sensor similar


a um controlador de came, onde a nacele ao girar em um ângulo
máximo de projeto do fabricante, aciona um fim de curso interno do
sensor que porsua vez interrompe o movimento de giro da necele
através do circuito elétrico ligado ao mesmo, impedindo destaforma que
os cabos de força e comando se rompam por tração.O mesmo também
possibilita a visualização da posição da necele em um supervisório
através da variação da resistência de um potenciômetro.

Figura 6 – Cable Switch – Sensor de segurança de cabos na nacele

e. Dentre outros temos: Sensor de aceleração do rotor do gerador,


sensores de temperatura, sensores de vibração das pás e sensores falta
de fase e sobrecorrente dos motores (Relés de proteção).

c) UPS (Uninterruptible Power Supply) – Sistema de alimentação ininterrupta:


Sistema similar ao sistema de No-break que fornece energia ao circuito de
alimentação do CLP mantendo o mesmo funcionando mesmo quando a
energia eólica está sendo coletada. A potência da mesma varia de acordo
com a potência projetada para o aerogerador. Logo abaixo temos um exemplo
de UPS que tem potência que varia de 2 a 6 kVA

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Figura 7 – UPS modelo Symetra RM da fabricante Schneider Electric.

1.1.1.2.1 A Estratégia do controle

Do ponto de vista da engenharia elétrica a principal preocupação de controle em


um WEC é a estratégia de controle de potência (Ativa e Reativa) gerada por um
aerogerador e em seguida as pertubações que o mesmo pode gerar na rede elétrica,
sendo o primeiro prioritário em relação aos fabricantes. Afinal, tradicionalmente, toda a
energia que o vento pode fornecer flui pela rede elétrica de forma a reduzir custos de
investimentos em equipamentos. Contudo, se um aerogerador for forçado a entregar
uma potência constante à rede, definida em contratos de despacho de cargas, se fará
necessário o controle dessa potência. Consequentemente haverá uma diferença entre a
potência mecânica no eixo e a potência elétrica gerada no estator da máquina.
Com essa restrição, as tensões do rotor deverão ser controladas, de forma que
esse excesso ou falta de potência mecânica seja absorvida ou suprida pelo sistema
elétrico principal e controlada logicamente considerando também as perdas energéticas
inerentes ao próprio sistema. Tal controle é feito através da sintonia dos parâmetros de
controle PID (Proporcional – Integrativo – Derivativo) nos quais os valores programados
nos equipamentos são segredo industrial, pois variam de equipamento para
equipamento e de fabricante para fabricante. Está de acordo com a tecnologia
empregada e o que influencia bastante no rendimento final do equipamento. Na
sequência temos abaixo a representação de dois esquemas básicos de um aerogerador
com velocidade constante e outro com velocidade variável, respectivamente. Ambos
tendo o bloco de Controle de sistemas interagindo em todas as etapas do processo.

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Figura 8 – Esquema elétrico de um gerador com velocidade constante


Fonte: DEWI, 2005

Figura 9 – Esquema elétrico de um gerador com velocidade variável que usa um conversor de
frequência para o controle da frequência da geração elétrica
Fonte:DEWI, 2005

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1.1.1.3 Circuitos auxiliares

É constituído de todo o conjunto de equipamentos de manobra


e/ou proteção incluindo também alguns componentes do sistema de
controle que ainda eventualmente tem a função de auxiliar na
garantia do funcionamento pleno da turbina eólica em condições
inóspitas como calor extremo, frio cortante, umidade excessiva e
até mesmo raios que são apenas algumas das condições
ambientais.
Existe uma gama bastante diversa de circuitos auxiliares que pode
variar de WEC para WEC, onde podemos citar os principais abaixo:
a) Interfaces Homem-Máquina (HMIs) que fornecem uma
visualização de status e situação em tempo real dos
aerogeradores.
b) sistema de iluminação interna e externa: conjunto de
componentes com a função de iluminação interna e externa do
ambiente no aerogerador, constituído de toda a fiação,
interruptores, lâmpadas e dispositivos de proteção como fusíveis e
disjuntores inerentes ao circuito.
c) sistema de ventilação e exaustão do aerogerador: conjunto
de acionamento e motores-ventiladores para ventilação e/ou
exaustão do ar quente proveniente do aquecimento de
equipamentos internos no aerogerador, principalmente geradores
e transformadores de potência.
d) sistema de sinalização interna e externa: conjunto de Luzes-
piloto, interruptores e botoeiras, Luzes de sinalização
extroboscópica externa.
e) sistema de comunicação e supervisão do aerogerador:
conjunto de componentes responsáveis pelo tráfego de
informações elétricas no aerogerador, desde as IHMs,
distribuidores óticos, fibras óticas até os cabos de comunicação.
f) sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA):
o sistema de proteção contra descargas atmosféricas geralmente
é dividido em dois subsistemas nos quais estão respectivamente
descritos abaixo.

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

a. Sistema de proteção externa

Os bordos de ataque e de fuga das pás, assim como as suas pontas, estão
equipados com perfis de alumínio que estão interligados por meio de um anel, também
de alumínio, junto ao cubo do rotor. Uma descarga atmosférica será absorvida com
segurança por estes perfis, a corrente da descarga atmosférica é conduzida por um
dispositivo de centelha (Varões) e por cabos para a malha de aterramento em volta da
fundação.

Os aparelhos para a medição do vento e a nacele estão protegidos contra a


descarga atmosférica, através de uma estrutura de proteção.

Figura 10 – Layout e detalhes do perfil e anel de alumínio nas pás


Fonte: Wobben- Enercon

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Figura 11 – Detalhes da estrutura de proteção dos aparelhos de medição e do dispositivo de


centelha dentro do cubo na nacele
Fonte: Wobben-Enercon

b. Sistema de proteção interna.

Todos os principais componentes condutores do aerogerador são ligados aos


barramentos de terra com secções transversal apropriadas. Nos principais conectores do
aerogerador estão instalados DPS (Dispositivos de proteção contra Surtos), os quais
estão ligados a terra com baixa impedância.

Figura 12 – Dispositivo de proteção eletrônica contra surto modelos SD7 056 Siemens e Quick PRD
Scheneider Electric respectivamente.

c. Sistema de Aterramento.

Toda a estrutura metálica interna dentro e fora das torres, assim como os
condutores para escoamento das correntes de descarga atmosférica em torres de
concreto, assim como torres metálicas, são interligadas aos eletrodos de terra,

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

instalados na estrutura metálica da fundação da mesma, através de barramentos e


conectores, como pode ser visto na figura abaixo.

Figura 13 – Detalhes do sistema de aterramento


Legenda:
a) Conexão entre a estrutura metálica da torre de concreto e os eletrodos da malha de terra à esquerda;
b) Barramento de terra dos equipamentos à direita superior;
c) Detalhes da instalação dos eletrodos de terra na fundação metálica da torre Wobben-Enercon

d. Sistema de Combate a incêndio.

De acordo com o projeto de cada fabricante de aerogeradores, sobre o ponto de


vista ergonômico e de proteção a combate a princípios de incêncio e evacuação, possui
um extintor de CO2 instalado na nacele conforme a figura exemplo abaixo.

Figura 14 – Exemplo de detalhe do sistema de combate a incêndio no Aerogerador E-82 Wobben-


Enercon
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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

O sistema de combate a incêndio é complementado com a instalação de sensores


de fumaça inteligados oo circuito de intertravamento do aerogerador, onde na existência
de um sinistro (incêndio) o mesmo atua no circuito elétrico principal, parando o processo
de geração e ativando o sistema de alarme.

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UNIDADE 2 – REDE DE DISTRIBUIÇÃO
INTERNA /COLETORA DE MÉDIA
Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Neste item serão apresentadas as principais características da rede de média


tensão,também denominada de rede de distribuição interna e/ou rede coletora aplicadas
em parques eólicos.
De acordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),
através da NBR -14039, a faixa de tensão copreendida entre 1kV e 36,2 kV é chamada
de média tensão. A norma regulamentadora Nº 10 (NR-10) do Ministério do Trabalho e
Emprego Classifica como Alta Tensão todo valor superior a 1 KV.
Normalmente a topologia da rede de média tensão de ligação dos aerogeradores
com a subestação é radial. Essa rede coletora que aqui é considerada desde o ponto de
entrega nos terminais da turbina eólica até os cubículos blindados na subestação podem
ser instaladas de acordo com dois tipos de procedimentos:
a) Instalação de Rede de distribuição Interna subterrânea
b) Instalação de Rede de distribuição Interna Aérea:

Rede Coletora Ponto de Entrega nos


Terminais da Turbina Eólica

Barramento coletor nos


Cubículos da SE

Figura 15 Visão Geral da Rede Coletora MT em um Parque Eólico


Fonte: Catálogo Schneider lectric – Modificado para a apostila

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

2.1 REDE DE DISTRIBUIÇÃO INTERNA SUBTERRÂNEA.

a) Descrição básica da Rede Coletora Subterrânea

É uma rede de distribuição interna utilizada em sistemas de geração, incluindo


sistemas de geração eólica, onde os cabos de força, aterramento e/ou comunicação são
instalados em eletrodutos ou não, agrupados em bancos de dutos enterrados, podendo
as mesmas compartilharem ou não o uso do subsolo com outras linhas de serviço
público como gás canalisado, telecomunicações, água e esgotos, além de galerias
pluvias,entre outros no subsolo das cidades.

b) Processo de instalação.

Existem 04 modalidades de instalações subterrâneas para cabos de energia. São


elas: Instalação em dutos subterrâneos, instalação direta no solo, instalação em
canaletas e instalação em bandejas, apesar de ser possível a instalação em
modalidades mistas. A maneira de se instalar tem grande influência não somente no
investimento inicial, mas também no custo operacional e na continuidade do serviço do
sistema.
Devido ao atrativo econômico, a instalação de condutores direto no solo vem sendo
cada vez mais difundida, principalmente no que diz respeito a sistemas de distribuição
interna em parques eólicos de geração de energia como na ilustração abaixo.

a) b)

Figura 16 – a) Detalhamento orientativo para valetamento típico; b) Valeta com cabos


enterrados em trecho da Linha de Média em Parque eólico.

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Os valetamentos são executados por escavação mecanizada (Máquinas


escavadeiras) e são providos acessórios de separação física (Canaletas de PVC) e
sinalização (Fitas de Sinalização) de circuito energizado
A separação física tem como finalidade a proteção dos cabos contra deteriorização
por movimentação de terra, contatos com corpos duros, choques de ferramentas em
caso de escavações.
A sinalização serve para avisar através da visualização da fita que naquele trecho
tem uma LM e que há o risco de danificar a rede e de acidente.
Quando no valetamento existe mais de um trifólio a separação entre eles deve se
de no mínimo 400 mm e os cabos devem sofrer amarração em espaços regulares a fim
de garantir esta configuração.
O condutor de proteção (aterramento-Tem bitola de acordo com o projeto elétrico
da LM) segue no segundo nível, trecho intermediário de 200 mm ao lado do eletroduto
de fibra ótica (Comunicação) de acordo com a figura 18.
O valetamento deve seguir preferencialmente na faixa de servidão de linhas de
transmissão, faixa de servidão da rodovia e trechos propostos para a mínima
interferência com instalações, obras de infraestrutura existentes, o que também diminui
o custo de execução da mesma, já que não são necessário novas supressões vegetais
por onde passará a rede coletora.

Figura 17 – Detalhe do procedimento de lançamento dos cabos vista do lado oposto ao carro
tracionador.
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Figura 18 Detalhe de preparação para lançamento dos cabos de força na LM – Vista em direção ao
carro tracionador

Figura 19 Detalhe dos carretéis utilizados dentro das valas no processo de lançamento dos cabos
na LM

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Figura 20 Detalhe de proteção física com lançamento das placas de PVC

c) Exemplo de cabo utilizado em redes coletoras subterrâneas.

d) Terminações e Emendas.

As terminações são dimensionadas de acordo com a bitola dos respectivo cabos


para instalação interna, geralmente tipo terminal modular.
As emendas que é o procesimento sistemático de reconstrução de um trecho do
cabo no campo dando continuidade elétrica e dielétrica com um grau de confiabilidade
relativamente alto, são posicionadas de acordo com o maior lance possível de
fabricação e devidamente identificadas a sua posição com placas de concreto pintadas
nas padronizadas em projeto na superfície do terreno. As emendas estarão devidamente
enterradas no caminhamento do trecho respectivo.

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Figura 21 Detalhe de processo de emenda em cabo de média tensão

Figura 22 Detalhe de cabo de média tensão após processo de emenda

2.2 REDE DE DISTRIBUIÇÃO INTERNA AÉREA.

a) Descrição Básica de um Rede de Distribuição interna Aérea

É a rede de distribuição interna utilizada em sistemas de geração, incluindo


sistemas de geração eólica, onde os cabos de força, aterramento e/ou comunicação são
instalados com base em diretrizes técnicas em média tensão, com níveis de tensão,
padronizadasde acordo com as normas da concessionária onde a mesma é instalada.

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b) Processo de instalação.

As redes aéreas possuem características de instalação de acordo com o


procedimento de acesso, conexão e uso do sistema distribuição por agentes geradores
de energia elétrica da concessionária da região onde o parque será instalado. Tais
procedimntos visão estabelecer os critérios e requisitos mínimos para a conexão. Os
componentes de proteção dessas linhas são similares aos equipamentos a serem
abordados na unidade de Linhas de Transmissão neste trabalho. Abaixo segue
umexemplo de LM aérea aplicada ao Parque eólico em Macau de acordo com os
padrões de estrutura da COSERN, que é a concessionária na cidade de Natal/RN onde
o parque foi implantado.
Foram utilizados postes duplos “T” em concreto armado,10,5m,11m, 12 e 13
metros de altura e resistências de 200, 300 e 600 daN. Usadas cruzetas em concreto
armado tipo “T” normal 1900 mm.

I
s

Figura 23 Exemplo de Estrutura aérea utilizada em Redes coletoras Aéreas 13,8 kV

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UNIDADE 3 – SUBESTAÇÕES ELÉTRICAS
EM PARQUES EÓLICOS
Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Neste capítulo serão apresentadas as informações básicas que caracterizam a


infraestrutura eletromecânica de subestações elétricas aplicadas em parques eólicos,
um descritivo resumido dos tipos e apresentação dos principais equipamentos que
compõem as mesmas.

Subestação Elevadora
do no Parque eólico.
(SE).

Figura 24 Visão Geral da Subestação Elevadora em um Parque Eólico


Fonte: Catálogo Schneider Electric – Modificado para a apostila

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

3.1 DEFINIÇÃO BÁSICA DE UMA SUBESTAÇÃO

Uma subestação (SE) é um conjunto de equipamentos de manobra e/ou


transformação e ainda eventualmente de compensação de reativos usado para dirigir o
fluxo de energia em sistema de potência e possibilitar a sua diversificação através de
rotas alternativas, possuindo dispositivos de proteção capazes de detectar os diferentes
tipos de faltas que ocorrem no sistema e de isolar os trechos onde estas faltas ocorrem.
Num sistema de distribuição elétrica, as subestações construídas após as ETDs
(Estações Transformadoras de Distribuição), rebaixam o valor de tensão para níveis
capazes de serem distribuídos pelos postes nas ruas em padrões de tensões que vão de
3,8kV a 34,5kV,são comumente chamadas de “Cabine Primária”, O glossário da NBR
14.039, que trata de instalações elétricas de 1kV a 36,2 kV (Já mencionada), não possui
denominação de “Cabine Primária”,por tanto esta apostila trata essas instalações
somente como subestações.

3.2 TIPOS DE SUBESTAÇÕES (CLASSIFICAÇÃO):

As subestações podem ser classificadas quanto à sua função e ao seu modo de


instalação em relação ao ambiente onde foi instalada.

3.2.1 Função no Sistema Elétrico

3.2.1.1 Subestação Transformadora

É aquela que converte a tensão de suprimento para um nível diferente


(maior ou menor) sendo designada, respectivamente, SE Transformadora Elevadora e
SE Transformadora Abaixadora.
Geralmente, uma subestação transformadora próxima aos centros de
geração é uma SE elevadora. Subestações no final de um sistema de transmissão,
próximas aos centros de carga, ou de suprimento a uma indústria é uma SE
transformadora abaixadora.
Geralmente em parques eólicos temos SE Transformadoras Elevadoras, já
que a tensão média gerada nos aerogeradores hoje no mercado Brasileiro está na faixa
de 380 a 690 VAC e é elevada para uma média tensão que vai de 13,8kV a 34,5kV e

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dependendo do caso a partir da LM, elevar para altas tensões (Como por exemplo de
34,5 kV para 138kV na SE do parque eólico de Mangue Seco – Guamaré/RN). Essas
tensões podem variar de acordo com o projeto do parque e o ponto de conexão com a
rede elétrica existente e tensões disponíveis.

3.2.1.2 Subestação Seccionadora, de Manobra ou de Chaveamento.

É aquela que interliga circuitos de suprimento sob o mesmo nível de tensão,


possibilitando a sua multiplicação. É também adotada para possibilitar o seccionamento
de circuitos, permitindo sua energização em trechos sucessivos de menor comprimento.

3.2.2 Modo de instalação dos equipamentos em relação ao meio ambiente:

3.2.2.1 Subestação externa ou ao tempo

É aquela em que os equipamentos são instalados ao tempo e sujeitos às condições


atmosféricas desfavoráveis de temperatura, chuva, poluição, vento, etc., as quais
desgastam os materiais componentes, exigindo, manutenção mais freqüente e reduzem
a eficácia do isolamento.
Esse tipo de subestação é a mais empregada em parques eólicos em decorrência
principalmente da potência gerada pelos mesmos.

3.2.2.2 Subestação interna ou abrigada

É aquela em que os equipamentos são instalados ao abrigo do tempo, podendo


tal abrigo consistir de uma edificação e de uma câmara subterrânea.
Subestações abrigadas podem consistir de cubículos metálicos, além de
subestações isoladas a gás, tal como o hexafluoreto de enxofre (SF6).
Pode ocorrrer de uma subestação ser semi-abrigada.

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Figura 25 - Desenho de SE Abrigada

3.3 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DE UMA SUBESTAÇÃO E SUA FUNÇÃO

3.3.1 Equipamentos de transformação

Transformadores, são máquinas elétricas que por meio de indução


eletromagnética, transfere energia elétrica de um circuito (bobinas do primário), para
outros circuitos (Bobinas do Secundário e Terciário), mantendo a mesma frequência,
mas geralmente com tensões e correntes elétricas diferentes. De acordo com os tipos
utilizados na construção de um parque eólico, podem ser:
a) Transformador de força;
b) Transformador de aterramento;
c) Transformadores de instrumentos: de corrente de potencial (capacitivos ou
indutivos).

a) Transformadores de força ou de potência

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Existem basicamente dois tipos construtivos de transformadores aplicáveis a


subestações, sendo a óleo e a seco. Geralmente é utilizado nas subestações eólicas o
transformador a óleo. Transformadores de potência são destinados primariamente à
transformação da tensão e das correntes operando com altos valores de potência, de
forma a elevar o valor da tensão e conseqüentemente reduzir o valor da corrente. Este
procedimento é utilizado, pois ao se reduzir os valores das correntes, reduz-se as
perdas por efeito Joule nos condutores.
Suas partes principais são:
a. tanque principal: Atrávés do mesmo que se libera o calor transferido pelo
núcleo e do enrolamento através do óleo isolante, que por sua vez tem
as finalidades de isolar as partes energizadas e refriregar o
transformador, tranferindo calor do núcleo para o exterior do tanque.
Abriga o núcleo;
b. conservador de Líquido isolante (Balonete): Consiste num reservatório
fixado ao transformador na parte superior da carcaça. É destinado a
receber o óleo do tanque quando esse se expande, devido aos efeitos
do aquecimento por perdas internas;
c. secadores de Ar: Recipientes contendo Sílica-Gel, que serve retirar a
umidade do ar que entra no transformador. Éuma comunicação do
ambiente externo para o interno do transformador. Os transformadores
operam em ciclos de carga variável, o que provoca o aquecimento do
líquido isolante (Período de carga máxima), que se expande expulsando
o ar que ficacontido na câmara de compensação e/ou no balonete. No
período de carga leve, o líquido se resfria provocando a entrada de ar no
interior do trafo (Exceto nos trafos selados). A penetração de umidade
no interior do mesmo reduz substancialmente as características
dielétricas do líquido isolante,resultando em perdas de isolamento das
partes ativas e consequente queima do equipamento;
d. núcleo: Constituído do núcleo de aço (Grande quantidade de chapas de
ferro-silício de grãos orientados, montados em superposição para evitar
perdas de magnetização) e Enrolamentos(Formados por bobinas
primárias ,secundárias e, em alguns casos, terciários. Os fios
normalmente de cobre eletrolítico,isolados com esmalte, fitas de algodão
ou papel especial de acordo com as classes de isolamentos;

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

e. sistema de Resfriamento:Sistema destinado ao processo de


transferência de calor do núcleo para o óleo, como do tanque para o
ambiente, onde o processo de transferência por convecção é
basicamenteo responsável. O mesmo pode ser feito de duas formas:
Convecção Natural e/ou Forçada, onde os trafos são designados quanto
ao tipo de resfriamento por um conjunto de letras que representam as
iniciais das palavras correspondentes, ou seja, transformador à:
i. Óleo Natural com resfriamento a Ar Natural (ONAN);
ii. Óleo Natural ventilação a Ar Forçada (ONAF);
iii. Óleo com circulação do óleo isolante Forçada com
ventilação a Ar Natural (OFAF);
iv. Óleo com circulação do óleo isolante Forçada com
resfriamento a Água Forçada – Water (OFWF);
v. Seco com resfriamento a Ar Natural (AN);
vi. Seco com resfriamento a Ar Natural (AF).

Além desses principais temos outros componentes importantes como o próprio


óleo isolante, componentes estruturais e identificação, Derivações, componentes de
medição, de indicação de níveis, e de retirada de amostra, de segurança como
respectivamente:
a) Quadro de comando em controle, Base para arrastamento e Base com
rodas bidirecionais , placas de identificação;
b) Derivações de primário e secundário (Buchas), Comutadores de Tapes;
c) Indicadores de Nível e temperatura;
d) Dispositivos para retirada de amostras de óle;
e) Válvulas de alívio de pressão, Relé de súbita pressão e Relé de Bucholz.

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Balonete Indicador de Temperatura

Relé de Bulcholz
Buchas Primárias

Quadro de Comando e Sistema de Resfriamento por Ar


Controle forçado

Dispositivo de absorção
de umidade

Tanque Principal
Base para Arrastamento

Figura 26 Exemplo de Transformador de Força


Fonte: Catálogo Blutrafos

b) Transformadores de aterramento

Transformadores de aterramento e/ou reatores de aterramento são equipamentos


geralmente utilizados em métodos convencionais de proteção contra faltas de fase-terra
de geradores síncronos aterrados com alta impedância (Que no caso, pode ser o
conjunto de geradores síncronos dos aerogeradores instalados nos barramentos das
redes coletoras). O método geralmente utiliza um relé de sobretenção indicado por
59GN conectado em paralelo com o reator como é representado no circuito abaixo.

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Gerador Síncrono
Aterrado

PCC ou PAC

Transformador e/ou
Reator de Aterramento Relé de Sobretensão

Figura 27 Exemplo de Sistema de proteção de Geradores Síncronos com Trafo de aterramento

Trafo de Força

Trafo de Aterramento

Figura 28 Exemplo de transformador de força e de aterramento em subestação elétrica (TOSHIBA)

c) Transformadores de instrumentos

Os transformadores de instrumentos (TC’s e TP’s) têm a finalidade de reduzir a


corrente ou a tensão respectivamente a níveis compatíveis com os valores de
suprimento de relés e medidores.

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Figura 29 Exemplo de um TP

Figura 30Exemplo de um TC

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3.3.2 Equipamentos de manobra

a) Disjuntores;
b) Chaves seccionadoras.

a) Disjuntores

Os disjuntores são os mais eficientes e mais complexos aparelhos de manobra


em uso de redes elétricas, destinados à operação em carga, podendo sua operação ser
manual ou automática. As chaves seccionadoras são dispositivos destinados a isolar
equipamentos ou zonas de barramento, ou ainda, trechos de linhas de transmissão.
Recomenda-se ser somente operados sem carga, muito embora possam ser
operadas sob tensão.

Figura 31 Exemplo de um Disjuntor

3.3.3 Equipamentos para compensação de reativos

a) Reator derivação ou série;


b) Capacitor derivação ou série;
c) Compensador síncrono;
d) Compensador estático.

Desses equipamentos o que é utilizado com mais freqüência nas SE’s de pequeno
e médio porte é o capacitor derivação.

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3.3.4 Equipamentos de Proteção

a) Pára-Raios;
b) Relés de Proteção;
c) Fusíveis;
d) Transformadores de Aterramento.

O pára-raios é um dispositivo protetor que tem por finalidade limitar os valores dos
surtos de tensão transitantes que, de outra forma, poderiam causar severos danos aos
equipamentos elétricos. Eles protegem o sistema contra descargas de origem
atmosféricas e contra surtos de manobra, o mais comum em subestações são o do tipo
Válvula.
Os Relés têm por finalidade proteger o sistema contra faltas, permitindo através da
atuação sobre disjuntores, o isolamento dos trechos de localização das faltas.
O Fusível se destina a proteger o circuito contra curtos, sendo também um limitador
da corrente de curto. Muito utilizado na indústria para a proteção de motores.

Figura 32 Exemplos de pára-raios e relé respectivamente

3.3.5 Equipamentos de Medição

Constituem os instrumentos destinados a medir grandezas tais como corrente,


tensão, freqüência, potência ativa e reativa, etc.
A uma necessidade do acompanhamento das medidas elétricas. Através delas
são resolvidos problemas, exemplos: remanejamento de cargas, ampliação do

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sistema, sobrecargas, sobre-tensão, conferencia de desligamento, etc. Os


instrumentos de medição são aparelhos utilizados para medirem diversas grandezas
elétricas, tais como tensão, corrente, freqüência, etc. Normalmente nas estações são
conectados a TP’s e ou TC’s em virtude dos valores medidos. Os instrumentos
podem ser classificados como:
Acumuladores são aqueles que registram valor acumulado de grandezas
medidas, desde o momento de sua instalação ou de tempo predeterminado. (Medidor
de energia ativa e reativa).
Indicadores são aqueles que em qualquer momento indicam o valor nominal ou
pico da grandeza medida. Podem ser de leitura direta ou registrador gráfico.
(Amperímetro, fasímetro, voltímetro, frequencímetros).

3.3.6 Circuitos auxiliares em SE

Constituem os instrumentos destinados auxiliar e suprir as funções secundárias de


uma subestação, como suprir iluminação, garantia da continuidade do sistema de
controle, mesmo quando na falta de energia gerada e proveniente do sistema elétrico
connevcional, assim como proteção dos bens materiais, estruturais e humanos dentro da
subestação. Dentre os vários equipamentos existentes no mercado podemos citar:

a) Geradores Elétricos

Constituem os equipamentos destinados a suprir a energia aos circuitos de


comando e proteção no caso de uma falta de energia causada por algum problema na
alimentação elétrica da subestação e/ou simplesmente acionado pelo operador da
subestação numa operação padrão da mesma. Geralmente é instalado em local
específico da subestação (Casa de geradores)

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Figura 33 Exemplo de grupo gerador acionado por motor diesel – Modelo C20D6 da Power
Generation®

b) Retificador e banco de baterias

Em grandes instalações como subestações, não ficando de fora as subestações


eólicas, e usinas, os comandos de equipamentos utilizados nas unidades são realizados
em corrente contínua, normalmente esta é fornecida por um retificador (geralmente
trifásico em sistemas eólicos) que é ligado no sistema auxiliar da unidade. Devido à
necessidade de manobrar equipamentos em caso de perda das fontes de corrente
alternada em que o retificador perde sua função, as baterias são fonte de energia
emergencial, pois é necessário preparar a unidade para receber energia novamente, ou
seja, abrir disjuntores para isolar equipamentos danificados, desligar cargas que
enventualmente tenham ficadas ligadas,comandar comutadores de derivação dos
transformadores e/ou realizar comunicação com as partes envolvidas no pronto
restabelecimento do sistema.

Figura 34 Exemplo de Retificador trifásico e banco de baterias em casa de comando de


subestação, respectivamente
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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

c) Sistema de combate a incêndio

Constituem os equipamentos destinados a proteção e combate a incêndio dentro


das casas de comando e na área externa da subestação.
a. Parede corta Fogo;
b. Caixa de óleo dos transformadores de força e aterramento (Caixa
de brita);
c. Extintores de Incêndio;
d. Sensores de fumaça.

a. Parede corta fogo

São paredes projetadas para que no caso de um sinistro de explosão e/ou


incêndio dos transformadores de força localizado, a chama não se propague para os
demais circuitos e equipamentos laterais ao transformador.

Parede Corta Fogo

Figura 35 Imagem das paredes corta fogo

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b. Bacia coletora e sistema de drenagem oleosa

São projetadas e construídas no perímetro dos transformadores, incorporadas às


suas respectivas bases com a finalidade de coletar o óleo em um eventual vazamento e
a água de chuva, encaminhando essa mistura a uma caixa separadora de água e óleo,
podendo também ter a função de manutenção para troca de óleo.

Bacia Coletora de Óleo

Figura 36 Bacia coletora de óleo da subestação e sistema de drenagem oleosa do transformador

c. Extintores

Devem ser previstos a instalação de extintores portáteis sobre rodas (carreta) de


pó químico seco, próximo a cada transformador com capacidade de 50Kg.
Devem ser instalados extintores de gás carbonico – CO2 (6kg) para proteção da
sala de painéis dispostos tais que o operador não percorra mais que 20m entre eles,
sendo 01 dentro da sala de operação e comando e outro externo em frente a sala do
gerador de emergência.
Todos extintores devem possuir marcas de conformidade concedida por órgão
credenciado pelo Sistema Brasileiro de Certificação.
Complementando a proteção foi instalado na sala de controle um sistema com
sensor de detecção de fumaça atendendo a norma ABNT NBR 14039.

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d. Sensores de fumaça.

Complementando a proteção deve ser instalado na sala de controle um sistema


com sensor de detecção de fumaça atendendo a norma ABNT NBR 14039.

Sensore de Fumaça

Figura 37 Exemplo de extintor incêndio e sensor de fumaça em casa de comando em controle.

3.3.7 Sinalização

Deverão ser instaladas placas de sinalização indicando as rotas de fuga e a


localização dos equipamentos de proteção e combate a incêndio.

3.3.8 Aterramento e Sistema de Proteção contra descargas atmosféricas.

a) Aterramento

O aterramento da subestação deve ser foi feita em atendimento as normas técnicas


no Brasil (NBR 14039 e NR10), através de uma malha de terra, sendo dimensionada a
partir da medição da resistividade do solo no local da instalação. Utilizando-se em sua
contituição, geralmente cabos de cobre nú e soldando as conexões dos mesmos com
solda exotérmica na parte enterrada da rede. Devem ser previstos a instalação poços de
inspeção de aterramento.

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Figura 38 Detalhe de conexão da malha feita com solda exotérmica, montagem e instalação da
malha de aterramento em subestação

Algumas Regras Básicas para a elaboração da malha de aterramento:


a. todos os componentes metálicos da subestação (Estruturas, cercas e
portões, etc..), inclusive aqueles localizados na sala de controle, devem
ser solidamente conectados a malha de aterramento diretamente com
conectores, solda exotérmica ou cordoalhas flexíveis de cobre.
b. toda estrutura que possa fazer parte integrante do caminho da corrente
de falta deverá possuir, no mínimo, 02 pontos de conexão à malha.
c. tubulações metálicas instaladas na área da subestação devem ser
conectadas à malha em um único ponto para se evitar que através das
mesmas circulem correntes de falta.
d. toda malha deve ser coberta com uma camada de 100 mm de espessura
de brita. A área da malha deve ser circundada por meio fio, de modo a
delimitar a superfície britada. Em geral o meio fio é instalado a 1 m de
distância externamente ao último condutor de malha. (Essa camada de
brita, além de funcioanar como dreno de águas pluviais,atua como
isolante, haja visto que sua resistividade, quando encharcada é da
ordem de 3000 Ohms.metros)
e. “instalar hastes (eletrodos) de aterramento, preferencialmente do tipo
copperweld com diâmetro de ¾” x 3000 mm de comprimento, com
prioridade em locais como: cantos da malha, aterramentos de cada pára-
raio, neutros de transformadores e reguladores de tensão.
f. junto aos mecânismos de manobra das chaves seccionadoras,deverá
ser instalada uma chapa chadrez no piso, ao qual deverá ser
devidamente conectada a malha equalizar o potencial nos pés do
operador.

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b) SPDA

O Sistema de Proteção contra descargas atmosféricas da subestação devem ser


executadas com base nas normas técnicas no Brasil (ABNT NBR 5419), e internacionais
IEEE Std. 998 – 1996; NFPA 780 – 1995.
Geralmente são instalados pára-raios com pontas tipo Franklin e Cabo- Pára raios
sob os pórticos de entrada de todas as linhas aéreas e nos transformadores de potência
e cabines de comando. Geralmenteem modelo de proteção Eletrogeométrico para
proteção dos equipamentos no pátio e aplicação da blindagem eletromagnética –Gaiola
de Faraday nas estruturas das casas de comando, controle e operação.

Figura 39 Detalhe da aplicação das pontas e cabos pára-raio em subestação.

c) Proteção contra descargas diretas.

Trata-se de componentes do sistema que elétrico que possuem a característica de


captar e escoar para o potencial de terra as sobretensões (impulsos gerados por
descargas atmosféricas) e surtos de tensão (sobretensões impostas ao sistema elétrico
por ele próprio), p. ex.: operação de disjuntores, etc.
a. A tecnologia atual dos para-raios utiliza blocos de óxido de zinco (ZnO)
encapsulados em suportes isolantes;
b. A instalação dos para-raios pode ser sobre suporte no piso ou presos
aos condutores das linhas de transmissão.

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

O tipo de pára-raios mais utilizado é o do tipo válvula em conjunto com contador


descargas

Figura 40 Detalhe da aplicação de equipamentos Pára-raios em subestações.

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UNIDADE 4 - LINHA DE TRANSMISSÃO E
CONEXÃO COM A REDE DE
DISTRIBUIÇÃO ELÉTRICA
Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Neste capítulo são apresentadas as informações e definições que caracterizam


Linha de transmissão, nos casos onde a conexão do sistema de geração eólica ao
sistema interligado nacional (SIN) ou ao circuito interno, no caso de uma geração
autossuficiente é feita através da mesma.

Figura 41 Vista Geral da conexão da subestação com a Linha de Transmissão

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

4.1 DEFINIÇÃO

A linha de transmissão é um sistema usado para transmitir energia


eletromagnética. Esta transmissão não é irradiada, é sim guiada de uma fonte geradora
para uma carga consumidora, geralmente constituída de cabos trançados, estruturas
metálicas e/ou de concreto e equipamentos de proteção.

a) Configuração das fases e definição dos cabos pára-raios

A LT em parques eólicos geralmente é constituída de circuito trifásico simples,


com 01 (um) cabo condutor CAA (Alumínio com alma de aço) por fase, tendo sua
disposição em formato triangular.
Para o sistema de pára-raios, geralmente, também é utilizado 01 (um) cabo CAA
aterrado, em todas as estruturas. O mesmo é situado acima da linha de transmissão
aérea com a finalizade de protegê-los contra as descargas atmosféricas.

4.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA LINHA DE TRANSMISSÃO

a) Cabo codutor e cabo pára-raios

A LT em parques eólicos geralmente é constituída de circuito trifásico simples, com


01 (um) cabo condutor CAA (Alumínio com alma de aço) por fase, tendo sua disposição
em formato triangular. Para o sistema de pára-raios, geralmente, também é utilizado 01
(um) cabo CAA aterrado, em todas as estruturas. O mesmo é situado acima da linha de
transmissão aérea com a finalizade de protegê-los contra as descargas atmosféricas.

Figura 42 – Disposição de cabos em linhas de transmissão

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Engenharia Elétrica na Construção de Parques Eólicos

Figura 43 – Exemplo de cabos utilizado em linhas de transmissão

b) Isoladores

Geralmente os isoladores utilizados na LT são do tipo polimérico, cujas


características estão apresentadas na tabela exemplo a seguir.

c) Condições de projeto

São consideradas no projeto de linhas de transmissão, várias características


inerentes ao processo de execução de instalação das mesmas. Dentre as mais
importantes podemos citar:
a. as trações de trabalho para o cabo condutor e pára raios;
b. flecha do cabo condutor e pára-raios em relação distância de segurança
aos obstáculos;
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c. condições de governo dos cabos e estruturas em relação à temperatura


ambiente e de trabalho, assim como a velocidade do vento no local da
instalação;
d. determinação da profundidade das cavas de fundações para
engastamento dos postes e/ou estruturas no terreno.

d) Detalhamento Temperatura de Locação/Condição de flexa máxima

Na contrução de linha de transmissão, como já mencionado, são considerados


dois fatores importantes de projeto, além das condições de vento onde serão instaladas
as mesmas que são:
a. temperatura de Locação: considerando a EDS (Every Day Stress), que
se trata de um estado de tração que os cabos da LT experimentam
durante o maior período de sua vida útil. Normalmente a temperatura
média varia e, desta forma, usualmente é considerada uma temperatura
média. Tal temperatura irá influenciar no CREEP (ou fluência) que é o
alongamento permanente sofrido pelo cabo quando submetido por longo
período de tempo às condições de EDS. Este alongamento pode ser
devido à acomodação da cordoalha, deformação plástica transversal do
cabo, dentre outros;
b. condição de flecha: Os alongamentos (creeps) de um cabo da LT,
devem ser acrescidos aos demais alongamentos devidos à acrescimos
de cargas e/ou por variações de temperaturas. Assim, tal efeito afeta os
cálculos de tração e de flecha. Num cabo suspenso em condições de
EDS, a tração diminui e a flecha aumenta.
Tais dados, geralmente, podem ser descritos em um projeto de LT e/ou Linha
aérea de distribuição interna (LM) da seguinte maneira abaixo.
A LT foi projetada para a temperatura de 75º C, final (“creep” de 10 anos), sem
vento.
Foi considerado a condição de flecha máxima de para o cabo de pára-raios,
temperatura de 40º C, final (“creep” de 10 anos), sem vento.
Podem ser consideradas, para a instalação das estrututas na LT os seguintes
valores:

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Tabela 1 – Tabela de distância de Segurança para estruturas em linhas de transmissão

4.3 PROTEÇÃO DE REDES AÉREAS DE DISTRIBUIÇÃO E LINHAS DE


TRANSMISSÃO

4.3.1 Considerações gerais

Os sistemas de distribuição de energia são responsáveis pela ligação entre o


consumidor final e o sistema de transmissão, provendo energia na tensão e freqüência
corretas e na quantidade exata necessária para o consumidor. Para este último, a
energia elétrica fornecida aparenta ser constante e de infinita capacidade. No entanto,
sistemas de energia, especialmente sistemas de distribuição, estão sujeitos a diversas
perturbações causadas por acréscimos de cargas, faltas ocasionadas por fontes
naturais, falhas de equipamentos, etc. O caráter de regime permanente da energia
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fornecida ao consumidor é mantido basicamente por dois fatores: A grande dimensão do


sistema frente às cargas individuais e as corretas ações corretivas tomadas pelos
sistemas de proteção em casos de distúrbios.
Assim os sistemas de proteção são de fundamental importância no fornecimento de
energia elétrica. De modo a manter a qualidade do fornecimento de energia elétrica ao
consumidor, os sistemas de proteção devem atender aos seguintes requisitos,
conforme:
a) seletividade: somente deve ser isolada a parte defeituosa do sistema,
mantendo em serviço as demais partes;
b) rapidez: as sobrecorrentes geradas pela falta devem ser extintas no menor
tempo possível, de modo a dificultar que o defeito interfira em outras partes do
sistema e danifique os equipamentos da instalação;
c) sensibilidade: a proteção deve ser sensível aos defeitos que possam ocorrer
no sistema;
d) segurança: a proteção não deve atuar de forma errônea em casos onde não
houver falta, bem como deixar de atuar em casos faltosos;
e) economia: a implementação do sistema de proteção deve ser
economicamente viável.

De modo a satisfazer os requisitos acima, a instalação e ajuste dos equipamentos


de proteção em uma linha de distribuição (geralmente chamado de alimentador) devem
levar em conta a existência de cargas e ramificações em seu 24 percurso. Além disso,
chaves distribuídas ao longo do sistema podem mudar a topologia de um determinado
alimentador em caso de ocorrência de faltas, sobrecargas ou manutenções
programadas, o que também deve ser considerado naproteção. Estas características
fazem com que freqüentemente haja a necessidadede instalação de dispositivos de
proteção em diversos pontos do sistema.
Com a utilização de vários dispositivos de proteção ao longo do alimentador, surge
outro fator a ser considerado no projeto de sistemas de proteção: A coordenação dos
diversos dispositivos de proteção. A coordenação é necessária para que somente o
dispositivo de proteção mais próximo da falta atue, isolando esta do resto do sistema,
satisfazendo o requisito da seletividade e proporcionando maior confiabilidade ao
sistema. Sua implementação é feita com a escolha e ajuste adequados dos dispositivos
de proteção utilizados.

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4.3.2 Dispositivos de proteção

Uma das alternativas na busca de altos níveis de confiabilidade de fornecimento


com o melhor custo benefício está na correta utilização dos dispositivos de proteção
existentes nos sistemas de distribuição, os quais devem ser eficazes e seletivos, pois
caso os mesmos não sejam corretamente aplicados podem vir a interferir diretamente
nos indicadores técnicos de continuidade de forma negativa. Dentre os diversos
componentes dos sistemas de distribuição, os dispositivos de proteção apresentam uma
importância fundamental, visto que visam manter a integridade física não só de
equipamentos, mas também dos eletricistas e da população em geral. A aplicação
correta destes dispositivos demanda um tempo elevado e é extremamente trabalhosa,
devido ao seu grande número, bem como ao fato de que ao se estudar seus ajustes é
necessário levar em conta diversos fatores, tais como, a corrente de carga futura, níveis
de correntes de curto-circuito máximos
e mínimos, ajustes dos dispositivos de proteção a jusante e a montante.
Os dispositivos de manobra e proteção tradicionalmente utilizados nas redes de
distribuição são as chaves fusíveis, chaves repetidoras (religadoras),seccionalizadoras,
chaves unipolares do tipo faca e chaves trifásicas com abertura sob carga. Estes
dispositivos apresentaram nos últimos anos apenas evoluções construtivas, pois os seus
princípios de funcionamento não evoluíram muito. Cada um destes equipamentos
apresenta características próprias de aplicação, operação e ajustes. Para uma melhor
compreensão, descreve-se a seguir as suas características construtivas e operacionais.

a) Chave e elos fusíveis

Os elos fusíveis são dispositivos de proteção amplamente utilizados em sistemas


de distribuição. Suas aplicações envolvem basicamente a proteção de ramais de
alimentadores, cargas e transformadores de distribuição. Em caso de atuação, os
fusíveis resultam na súbita interrupção da corrente que circula pelo circuito,
necessitando serem manualmente substituídos para que o sistema volte a sua condição
de operação normal.
O elo fusível atua quando uma corrente de valor acima de sua capacidade de
condução circula pelo elemento fusível, que entra em fusão, interrompendo o circuito.
Apresenta um tempo de atuação que varia de acordo com a intensidade da corrente. O

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elemento fusível é o principal componente do elo fusível, formado por um fio composto
de liga de estanho, prata ou níquel-cromo, conforme mostrado na Figura 44(a). Os elos
fusíveis são utilizados juntamente com chaves mecânicas que abrem os contatos em
casos de rompimento do fusível, facilitando também a sua troca e o religamento do
circuito. Estas chaves são chamadas chaves fusíveis e um exemplo delas pode ser visto
na Figura 44(b).
O elo fusível é alojado dentro de um tubo de fibra isolante o qual é revestido
internamente por uma fibra especial. A queima desta fibra no instante de fusão do
elemento fusível produz gases desionizantes importantes na extinção do arco elétrico
que surge no momento em que o circuito é aberto.

Figura 44 Chave e elo Fusível

Os elos fusíveis têm a característica inversa na relação tempo x corrente, isto é,


quanto maior a corrente de curto-circuito, menor o tempo de fusão do elo fusível.
Existem diversos tipos de bases para as chaves fusíveis dependendo de sua aplicação.
Para os sistemas de distribuição de energia elétrica, os tipos de bases mais utilizadas
são do tipo A e C, na qual a sua diferenciação está no tamanho, na sua corrente nominal
e capacidade de interrupção de corrente de curto-circuito.
Da mesma forma que as chaves fusíveis, existem diversos tipos de elos fusíveis
que variam de acordo com as suas aplicações. Para os sistemas de distribuição de
energia os mais utilizados são os elos do “TIPO K”. Os elos “TIPO K” têm características
rápidas de atuação e admitem sobrecargas de 1,5 vezes os seus valores nominais, sem
causar excesso de temperatura ou perda de sua característica “tempo x corrente”
(Corrente admissível). Por outro lado, a fusão dos elos “TIPO K” se dá com duas vezes o
seu valor nominal.

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Os elos fusíveis não possuem um tempo de atuação exato, pois como a sua
atuação depende da temperatura de fusão do elemento fusível, esta é influenciada pela
temperatura ambiente, corrente de carga, dentre outros. Desta forma o fabricante
determina uma faixa de operação aceitável entre duas curvas. Para um mesmo elo
fusível, existe a curva de tempo mínimo de fusão (T.mín. F) e a curva de tempo máximo
de fusão (T.máx. F). Em resumo, um elo fusível "nunca deve” fundir antes do T.mín. F e
nem ultrapassar o T.máx.F.
Desta forma o fabricante estabelece uma faixa de tolerância onde pode ocorrer a
fusão, que é chamada de "faixa de operação" do elo fusível.

Figura 45 Exemplo de Curvas de Fusão de Elos Fusíveis

O elo fusível deve suportar em regime permanente a carga máxima no ponto de


sua instalação. Sua corrente nominal não deve ser superior a mínima corrente de falta
no trecho a ser protegido, se possível considerando o fim do trecho para o qual é
proteção de retaguarda.

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b) Religadores

Os religadores automáticos são amplamente utilizados pelas concessionárias de


distribuição de energia. Seu uso aumentou em função das desvantagens geradas pela
atuação dos elos fusíveis em alguns casos, pois estes não são capazes de diferenciar
uma falta permanente de uma transitória, sendo que estas últimas representam de 60 a
90% dos casos de falta ocorridos . A atuação dos elos fusíveis em casos de faltas
transitórias gera elevados custos de operação e principalmente um maior período da
interrupção, sendo os índices de qualidade relacionados avaliados pelas agências
reguladoras, podendo resultar em multas para a empresa.
O religador é um dispositivo que pode ser trifásico ou monofásico e constituído de
chaves controladas e submersas em óleo ou a vácuo. Estas são ligadas em série no
circuito, interrompendo-o de forma temporizada. Após detectar o defeito através da
medida da corrente em seus terminais o religador dispara rapidamente, abrindo o
circuito. Após um determinado tempo os terminais do religador são fechados. Se a falta
for de caráter transitório, o sistema continua operando após um mínimo tempo de
interrupção. O processo de abrir e fechar pode se repetir várias vezes até que a falta
seja eliminada. Se o defeito continuar após as várias tentativas, o religador abre
definitivamente seus contatos, isolando a parte defeituosa do sistema. Os tempos de
operação, o número de interrupções, os ajustes da corrente de disparo e outros
parâmetros podem ser facilmente modificados pelo usuário, resultando em grande
flexibilidade e possibilitando a coordenação com outros dispositivos de proteção, como
os fusíveis, por exemplo [6].
A operação do religador não se limita apenas a sentir e interromper os defeitos na
linha e efetuar os religamentos. O religador é dotado também de um mecanismo de
temporização, o qual pode ser ajustado em duas características distintas, as operações
rápidas, que reduzem ao mínimo as possibilidades de danos ao sistema, evitando ao
mesmo tempo a queima de elos fusíveis entre o local do defeito e o religador e as
operações lentas, proporcionando maior tempo para eliminar defeitos permanentes
queimando os elos fusíveis entre o local do defeito e o religador.
É importante citar que entre um religamento e outro, o sistema permanece por um
curto período de tempo desenergizado, o que para consumidores residenciais, por
exemplo, é quase imperceptível, porém para alguns consumidores industriais esse

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período pode comprometer seriamente o processo industrial, acarretando paradas da


linha de produção, perda da qualidade do produto e outros prejuízos possíveis.
Os religadores são classificados em diferentes classes como monofásicos ou
trifásicos, com controle hidráulico ou eletrônico, com meio de interrupção do arco elétrico
a vácuo, a óleo ou a gás SF6.

Figura 46 Religador Eletrônico

Independentemente de seus princípios construtivos, através de bobinas, resistores,


controles hidráulicos ou eletrônicos, o seu funcionamento está diretamente relacionado à
corrente de falta, obedecendo a um gráfico de “tempo x corrente”, no qual quanto maior
a corrente de falta, menor é o tempo de atuação do religador.
Normalmente os religadores possuem curvas de atuação e ajustes de proteção
individualizados para defeitos de “fases” (proteção de fase) e para os defeitos
envolvendo retorno por terra, “neutro” (proteção de neutro).
Um exemplo de uma dessas curvas pode ser visto na figura 47.

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Figura 47 Exemplo de curva de Operação de Religador

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c) Seccionador Automático

O seccionador automático pode ser definido como: “Um equipamento utilizado para
interrupção automática de circuitos, que abre seus contatos quando o circuito é
desenergizado por um equipamento de proteção situado à sua retaguarda e equipado
com dispositivo para religamento automático”.
Os seccionadores automáticos são dispositivos projetados para operar em conjunto
com os religadores. Basicamente, eles são constituídos de uma chave a óleo
monofásica ou trifásica e possuem a aparência de um religador. Seu controle pode ser
tanto hidráulico quanto eletrônico.
Diferentemente do religador, o seccionador automático não interrompe a corrente
de defeito. Ele é ligado a certa distância do religador, no seu lado de carga.
A cada vez que o religador interrompe um corrente de falta, o seccionador conta a
interrupção, e após um pré-determinado número de interrupções abre seus contatos
antes da abertura definitiva do religador. Desta forma, um trecho sob condições de falta
permanente pode ser isolado, permanecendo o religador e os demais trechos em
situação normal. Além de sua operação normal, o seccionador pode ser operado
manualmente para interromper a corrente nominal de carga e ser empregado como
chave para seccionamento manual de alimentadores. A figura 48 apresenta uma vista de
um seccionador instalado em um sistema de distribuição de energia.

Figura 48 Seccionador Automático Instalado

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UNIDADE 5 – QUALIDADE DE ENERGIA
ELÉTRICA FORNECIDA POR
AEROGERADORES
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5.1 O IMPACTO DE CENTRAIS EÓLICAS NA QUALIDADE DE ENERGIA.

A variabilidade do vento, aliada a outros fatores dinâmicos das turbinas eólicas,


pode ocasionar, em algumas circunstâncias, distúrbios nos padrões de qualidade
energia da rede elétrica local.
Aerogeradores operando em paralelo com o sistema elétrico podem causar
interferência na qualidade da energia. As interferências observadas são, principalmente,
flutuações de tensão no domínio no tempo, tais como sobretensões, flicker (1 a 35 Hz),
Harmônicos (50 ou 60 Hz a 2,5 kHz ou 3,0 KHz) e picos de tensão.
Conversores estáticos, utilizados nos aerogeradores de velocidade variável, com
a função de sicronismo do mesmo com a rede elétrica, produzem variações de tensões
e picos de potência ativa e reativa devido as operações de chaveamento durante as
partidas (“Cut-in”),paradas (“Cut-Out”) ou comutações de gerador, no caso de máquinas
com dois geradores.

5.1.1 A Norma IEC 61400-21

Para garantir um padrão mínimo na qualidade de energia fornecida pelos


aerogeradores, foi formulada a norma IEC 61400-21 que trata da medição e avaliação
das características da qualidade de energia de turbinas eólicas conectadas à rede (aqui
denominadas aerogeradores) – Measurement and assessment of power Quality
Characterístics of Grid Connected Wind Turbine.
A mesma considera os parâmetros mínimos para teste, medição e avaliação da
qualidade de energia produzida por um parque eólico, estando dividida em três blocos
principais detalhado logo a frente no escopo da norma:
a) Parâmetros Característicos da qualidade de potência em turbinas eólicas;
b) Procedimentos de Medição;
c) Avaliação da qualidade de potência

5.1.1.1 Escopo da Norma

Esta parte da IEC 61400 inclui:

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a) a definição e a especificação dos valores a serem determinados para


caracterizar a qualidade da potência gerada por uma turbina eólica conectada
à rede;
b) procedimentos de medição para quantificar essas características;
c) procedimentos para avaliar o cumprimento das exigências de potência,
incluindo a estimativa da qualidade da potência esperada de um tipo de
turbina eólica instalada em um sítio específico, possivelmente entre grupos de
turbinas.
Os procedimentos de medição são válidos para turbinas eólicas individuais, com
conexão trifásica à rede, e desde que a turbina não seja operada para controlar
ativamente a freqüência ou a tensão em qualquer local da rede. Os procedimentos de
medição são válidos para qualquer tamanho de turbina eólica, embora esta norma exija
somente os tipos de turbina destinados ao ponto comum de conexão em MT ou AT a
serem testadas e caracterizadas conforme especificado nesta norma.
As características medidas são válidas somente para a configuração específica
da turbina eólica avaliada. Outras configurações, inclusive com parâmetros de controle
alterados que levem a turbina a se comportar de forma diferente em relação à qualidade
da potência, exigirão uma avaliação em separado.
Os procedimentos de medição são projetados para não dependerem, tanto
quanto possível, do local específico onde a turbina tiver sido instalada, de tal modo que
as características da qualidade da potência medida, por exemplo, em um local de teste
possam ser consideradas válidas também para qualquer outro local.
Os procedimentos para avaliação do cumprimento das exigências de qualidade
da potência são válidos para turbinas eólicas com ponto comum de conexão à rede
(PCC) em MT ou AT em sistemas de potência com freqüência fixa dentro de mais ou
menos 01 Hz, e com possibilidades de regulagem suficiente da potência ativa e reativa e
com carga suficiente para absorver a produção da energia eólica. Nos demais casos, os
princípios para avaliar o cumprimento das exigências de qualidade da potência poderão
ainda ser utilizados como guia.
NOTA 01. Esta norma utiliza os seguintes termos para a tensão do sistema:
– baixa tensão (BT) refere-se a Un ≤1 kV;
– média tensão (MT) refere-se a 1 kV < Un ≤35 kV;
– alta tensão (BT) refere-se a Un >35 kV;
NOTA 02. A emissão de inter-harmônicos também passou a ser abordada nesta norma a partir a ed.1 de
2008, passando a ser objeto de consideração, com procedimentos adequados de medição e avaliação
pelo comitê respectivo da IEC.

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REFERÊNCIAS

BURIN, F. S. Modelagem do comportamento mecânico de cabos suspensos


através de métodos analíticos e numéricos. 2010. Trabalho de conclusão de curso
(Gradução) – UFRS, 2010.

COSERN. NORMA: acesso, conexão e uso do sistema de distribuição por agentes


geradores de energia elétrica . 1.ed. 2001.

COSERN. NORMA: padrão de estruturas de baixa e média tensão. 2.ed. 2009.

ESTANQUEIRO, A. I.; JESUS, J. M. Ferreira de; SARAIVA, J. G. Integração de


conversores eólicos no sistema de energia elétrica. 1991.

FONSECA, C. S. Subestações: tipos, equipamentos e proteção. CEFET, 1999.

HERON, D. M.; BRAZ, Melo, G.H.S.V, Benemar, A.S. – Planejamento da Rede Coletora
de um parque de geração eólica usando algorítmos geréricos.

IEC 61400-21 - Measurement and assessment of power Quality Characterístics of Grid


Connected Wind Turbine.

MAMEDE, J. Manual de equipamentos elétricos, v.1. 2.ed. Recife: UFPE,1980.

MONARO, R.M. Proteção convencional de geradores síncronos. SEL-EESC-USP.

NBR 14039/03 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV.

NBR 5422 - Projeto de Linhas Aéreas de Transmissão de Energia Elétrica.

PETROBRAS. N-2039 – Projeto de subestações.

RESENDE, H.R. Anotações de trabalho.

ROSAS, P. A. C.; ESTANQUEIRO, A. I. Guia de projeto elétrico de centrais eólicas.


CBEE.

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