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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA


ENGENHARIA ELÉTRICA

ANAÍSIS ESMANHOTTO D’ IVANENKO

ANÁLISE COMPARATIVA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


EM TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS DE BAIXA
POTÊNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA
2019
ANAÍSIS ESMANHOTTO D’ IVANENKO

ANÁLISE COMPARATIVA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


EM TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS DE BAIXA
POTÊNCIA

Trabalho de conclusão do curso de


Graduação em Engenharia Elétrica
apresentado à disciplina de Trabalho de
conclusão de curso 2, do Departamento
Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) da
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná (UTFPR) como requisito parcial
para a obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.

Orientador: Prof. Me. Marcelo Barcik

CURITIBA
2019
ANAÍSIS ESMANHOTTO D’ IVANENKO

ANÁLISE COMPARATIVA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


EM TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS DE BAIXA POTÊNCIA

Este Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação foi julgado e aprovado como requisito
parcial para a obtenção do Título de Engenheiro Eletricista, do curso de Engenharia Elétrica do
Departamento Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná (UTFPR).

Curitiba, 21 de novembro de 2019.

__________________________________
Prof. Antônio Carlos Pinho, Doutor
Coordenador de Curso Engenharia Elétrica

__________________________________
Profa. Annemarlen Gehrke Castagna, Mestre
Responsável pelos Trabalhos de Conclusão de Curso
de Engenharia Elétrica do DAELT

ORIENTAÇÃO BANCA EXAMINADORA

______________________________ ______________________________
Marcelo Barcik, Me. Joaquim Eloir Rocha, Dr.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Universidade Federal do Paraná
Orientador

____________________________________
Daniel Gustavo Castellain, Me.
Universidade Regional de Blumenau

____________________________________
Marcelo Barcik, Me.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná

A folha de aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso de Engenharia Elétrica


0

AGRADECIMENTOS

Agradeço a empresa Toroid Brasil Transformadores Superiores e a sua


equipe composta pelo gerente Paulo Torres e Thiago Bruno pelo fornecimento
dos transformadores monofásicos utilizados neste trabalho, assim como o apoio
e suporte técnico oferecidos.
1

RESUMO

IVANENKO, Anaísis. Análise comparativa da eficiência energética em


transformadores de baixa potência. 2019. 109 f. Trabalho de conclusão de
curso (Graduação - Curso de Engenharia Elétrica). Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Curitiba, 2019.

Neste trabalho foi realizado o estudo de caso referente a comparação da


eficiência energética entre um transformador de núcleo toroidal e um
transformador de núcleo quadrado. Ambos possuem como dados nominais e
características: núcleo envolvido, 110V-220V, 550VA, 60Hz, 268 espiras no
enrolamento primário e 536 espiras no enrolamento secundário. A análise foi
feita através de dados coletados a partir de ensaios de plena carga, ensaios a
vazio, ensaios com carga resistiva, simulações com os programas FEMM, e
analiticamente. Foram levantadas as questões de materiais de núcleo, materiais
de enrolamento, tipo de núcleo, tipo de enrolamento, permeabilidade do material,
tamanho do núcleo, design do núcleo, fixação do transformador e utilização do
transformador. No cálculo do rendimento pontual para uma carga resistiva de
406 Ω o transformador de núcleo quadrado apresentou um rendimento de
67,61% enquanto o transformador de núcleo toroidal apresentou um rendimento
de 73,92%. Nos ensaios com várias cargas resistivas o transformador toroidal
também mostrou-se mais eficiente. Após os ensaios, cálculos e simulações, foi
possível confirmar que a geometria do núcleo toroidal é mais eficiente do que a
geometria quadrada, assim como os enrolamentos dispostos separadamente
causam maiores perdas do que os enrolamentos dispostos um sobre o outro
(sobrepostos).

Palavras-chave: Transformador. Núcleo toroidal. Núcleo quadrado. Eficiência


Energética. Fluxo magnético. Dispersão de fluxo.
2

ABSTRACT

IVANENKO, Anaísis. Comparative analysis of energy efficiency in low power


sigle phase transformers. 2019. 109 f. Trabalho de conclusão de curso
(Graduação - Curso de Engenharia Elétrica). Universidade Tecnológica Federal
do Paraná, Curitiba, 2019.

In this work a case study regarding the energy efficiency comparison between a
toroidal core transformer and a square core transformer. Both have as nominal
data and characteristics: core wrapped, 110V-220V, 550VA, 60Hz, 268 turns in
the primary winding and 536 turns in the secondary winding. The analysis was
made through data collected from full load tests, vacuum tests, resistive load
tests, simulations with FEMM programs, and analytically. The issues of core
materials, winding materials, core type, winding type, material permeability, core
size, core design, transformer fixation, and transformer utilization were raised. In
calculating the point yield for a 406 Ω load the square core transformer yielded
67,61% while the toroidal core transformer yielded 73,92%. In tests with several
resistive loads the toroidal transformer was more efficient. After the tests,
calculations and simulations, it was possible to confirm that the toroidal core
geometry is more efficient than the square geometry, as the separately arranged
windings cause greater losses than the overlapping windings.

Keywords: Transformer. Toroidal core. Square core. Energy Efficiency.


Magnetic flow. Flow dispersion.
3

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Núcleo toroidal .................................................................................. 16


Figura 2 - Núcleo quadrado E/I ......................................................................... 17
Figura 3 - Núcleo quadrado U/I ......................................................................... 17
Figura 4 - Evolução da geometria dos núcleos ................................................. 18
Figura 5 - Linhas de fluxo e desvio do fluxo causado pelo gap ........................ 20
Figura 6 - Transformador de núcleo toroidal utilizado na comparação ............. 22
Figura 7 - Transformador de núcleo quadrado utilizado na comparação .......... 22
Figura 8 - Comparação do design entre os núcleos quadrado e toroidal.......... 23
Figura 9 - Flexibilidade do design do núcleo toroidal ........................................ 24
Figura 10 - Circuito magnético com dois enrolamentos .................................... 27
Figura 11 - Regra da mão direita indicando o sentido do fluxo magnético ....... 28
Figura 12 - Construção de transformador do tipo núcleo envolvido .................. 29
Figura 13 - Construção de transformador do tipo núcleo envolvente. Um típico
transformador de núcleo envolvente. (Cortesia da General Electric Company) 30
Figura 14 - Vista dos fluxos mútuo e disperso de um transformador. ............... 31
Figura 15 - Transformador ideal........................................................................ 32
Figura 16 - Modelo de um Transformador real.................................................. 36
Figura 17 - Circuito equivalente do transformador referido ao primário ............ 36
Figura 18 - Impedância do Transformador ........................................................ 39
Figura 19 - Circuito para ensaio de curto-circuito ............................................. 40
Figura 20 - Circuito para ensaio a vazio ou de circuito aberto .......................... 41
Figura 21 - Curva de histerese.......................................................................... 46
Figura 22 - Curva de rendimento do transformador segundo o fator de potência
da carga ............................................................................................................ 51
Figura 23 - Circuito simples para testar o transformador quadrado .................. 54
Figura 24 - Circuito simples para testar o transformador toroidal ..................... 55
Figura 25 - Circuito simples para testar os transformadores ............................ 55
Figura 26 - Circuito para ensaio de curto-circuito ............................................. 56
4

Figura 27 - Ensaio de curto-circuito do transformador quadrado ...................... 57


Figura 28 - Ensaio de curto-circuito do transformador toroidal ......................... 57
Figura 29 - Formas de onda da tensão, corrente e potência do transformador
toroidal no ensaio de curto-circuito ................................................................... 58
Figura 30 - Formas de onda da tensão, corrente e potência do transformador
quadrado no ensaio de curto-circuito ................................................................ 59
Figura 31 - Defasagem entre a tensão e a corrente no ensaio de curto-circuito do
transformador quadrado ................................................................................... 59
Figura 32 - Circuito para ensaio a vazio ou de circuito aberto .......................... 60
Figura 33 - Ensaio de circuito aberto do transformador quadrado .................... 61
Figura 34 - Ensaio de circuito aberto do transformador toroidal ....................... 61
Figura 35 - Formas de onda da tensão, corrente e potência do transformador
toroidal no ensaio a vazio ................................................................................. 62
Figura 36 - Distorções harmônicas do transformador toroidal no ensaio a vazio
.......................................................................................................................... 62
Figura 37 - Formas de onda da tensão, corrente e potência do transformador
quadrado no ensaio a vazio .............................................................................. 63
Figura 38 - Distorções harmônicas do transformador quadrado no ensaio a vazio
.......................................................................................................................... 64
Figura 39 - Ensaio do transformador quadrado com carga resistiva................. 67
Figura 40 - Ensaio do transformador toroidal com carga resistiva .................... 67
Figura 41 - Circuito Equivalente do transformador toroidal ............................... 72
Figura 42 - Circuito Equivalente do transformador quadrado ........................... 73
Figura 43 - Família de curvas de rendimento do transformador quadrado ...... 77
Figura 44 - Família de curvas de rendimento do transformado toroidal ........... 77
Figura 45 - Curva de saturação do transformado quadrado ............................ 78
Figura 46 - Curva de saturação do transformado toroidal ................................ 79
Figura 47 - Curvas de saturação dos transformadores sobrepostas ............... 79
Figura 48 - Curvas de rendimento dos transformadores com carga resistiva ... 81
Figura 49 - Regulações de tensão dos transformadores .................................. 82
Figura 50 - Transformador de núcleo quadrado ............................................... 83
5

Figura 51 - Disposição dos enrolamentos do transformador toroidal ................ 84


Figura 52 - Dimensões do Transformador de núcleo toroidal .......................... 85
Figura 53 - Fixação do transformador de núcleo toroidal.................................. 85
Figura 54 - Exemplo modelo de circuito de um toróide ..................................... 87
Figura 55 - Sentidos das correntes utilizados nas simulações ......................... 88
Figura 56 - Curva de magnetização do aço-silício 3,1% ................................... 88
Figura 57 - Curva de magnetização do aço-silício 3,1% no software Engauge 89
Figura 58 - Simulação do núcleo quadrado antes da criação da malha .......... 89
Figura 59 - Simulação do núcleo quadrado depois da criação da malha ......... 90
Figura 60 - Linhas equipotenciais do fluxo magnético na simulação do núcleo
quadrado ........................................................................................................... 90
Figura 61 - Equipotenciais do fluxo magnético na simulação do núcleo quadrado
.......................................................................................................................... 91
Figura 62 - Fluxo magnético em um dos cantos do núcleo quadrado .............. 91
Figura 63 - Curva da intensidade do fluxo magnético na largura do núcleo
quadrado ........................................................................................................... 92
Figura 64 - Simulação do núcleo toroidal antes da criação da malha .............. 92
Figura 65 - Simulação do núcleo toroidal depois da criação da malha ............ 93
Figura 66 - Fluxo magnético na simulação do núcleo toroidal ......................... 93
Figura 67 - Fluxo magnético na simulação do núcleo toroidal ......................... 94
Figura 68 - Equipotenciais do fluxo magnético na simulação do núcleo toroidal
.......................................................................................................................... 94
Figura 69 - Curva da intensidade do fluxo magnético na largura do núcleo toroidal
.......................................................................................................................... 95
Figura 70 - Transformadores utilizados neste trabalho .................................... 96
6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabulação para fator de potência unitário........................................ 50


Tabela 2 - Tabulação para fator de potência 0.8 .............................................. 50
Tabela 3 - Medições dos ensaios da curva de rendimento ............................... 69
Tabela 4 - Medições da regulação de tensão do núcleo quadrado................... 70
Tabela 5 - Medições da regulação de tensão do núcleo toroidal ...................... 70
Tabela 6 - Resumo das medições dos ensaios a vazio e de curto-circuito ....... 71
Tabela 7 - Circuitos Equivalentes dos Transformadores utilizados................... 72
Tabela 8 - Tabulação para fator de potência 1.0 .............................................. 74
Tabela 9 - Tabulação para fator de potência 0.8 .............................................. 75
Tabela 10 - Tabulação para fator de potência 0.6 ............................................ 75
Tabela 11 - Tabulação para fator de potência 0.4 ............................................ 76
Tabela 12 - Tabulação para fator de potência 0.2 ............................................ 76
7

LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolo Descrição Unidade

Vp(t) Tensão do primário V [V]


Np Número de espiras do primário Adimensional
Vs(t) Tensão do secundário V [V]
Ns Número de espiras do secundário Adimensional
Φp Fluxo percorrido na espira primária Weber [Wb]
Φs Fluxo percorrido na espira secundária Weber [Wb]
ΦM Fluxo que concatena mutuamente as Weber [Wb]
bobinas primária e secundária
ΦDP Fluxo de dispersão do primário Weber [Wb]
ΦDS Fluxo de dispersão do secundário Weber [Wb]
a Relação de transformação Adimensional
Ip(t) Corrente do primário Ampère [A]
Is(t) Corrente do secundário Ampère [A]
Pin Potência de entrada Watt [W]
θp Ângulo entre a tensão e a corrente do Graus [°]
primário
Pout Potência de saída Watt [W]
θs Ângulo entre a tensão e a corrente do Graus [°]
secundário
Qin Potência reativa de entrada [Var]
Qout Potência reativa de saída [Var]
Sin Potência aparente de entrada Volt. Ampère [VA]
Sout Potência aparente de saída Volt. Ampère [VA]
Z´L Impedância da carga no secundário Ohm [Ω]
refletido para o primário
Rp Resistência do primário Ohm [Ω]
Ep Tensão induzida do primário V [V]
Rc Resistência de perdas no núcleo Ohm [Ω]
8

I´s Corrente secundária refletida ao Ampère [A]


primário
Iφ Corrente de excitação Ampère [A]
IL Corrente de carga Ampère [A]
VL Tensão de carga V [V]
ZL Impedância de carga Ohm [Ω]
XM Reatância de magnetização Ohm [Ω]
Xp Reatância de dispersão do primário Ohm [Ω]
Es Tensão induzida do secundário V [V]
Rs Resistência do secundário Ohm [Ω]
φd Fluxo magnético de dispersão Weber [Wb]
Xs Reatância de dispersão do secundário Ohm [Ω]
Lp Indutância de dispersão do primário Henry [H]
Lm Indutância de magnetização do núcleo Henry [H]
π Número pi Adimensional
f Frequência Hertz [Hz]
ω Velocidade angular Radianos/Segundo
[rad/s]
Req Resistência equivalente Ohm [Ω]
Pcc Potência de curto-circuito Watt [W]
Icc Corrente de curto-circuito Ampère [A]
Zeq Impedância equivalente Ohm [Ω]
Vcc Tensão de curto-circuito V [V]
Xeq Reatância equivalente Ohm [Ω]
Pc Potência de perdas no núcleo Watt [W]
Pcu Potência de perdas no cobre Watt [W]
P Potência registrada no wattímetro Watt [W]
θ0 Ângulo do fator de potência a vazio Graus [°]
Ic Corrente que percorre a resistência do Ampère [A]
núcleo
Im Corrente de magnetização da Ampère [A]
indutância do núcleo
9

RCP Resistência de perda no núcleo referida Ohm [Ω]


ao lado de baixa
RCS Resistência de perda no núcleo referida Ohm [Ω]
ao lado de alta
XMb Reatância de magnetização referida ao Ohm [Ω]
lado de baixa
XMa Reatância de magnetização referida ao Ohm [Ω]
lado de alta
 Rendimento Adimensional

10

LISTA DE SIGLAS

AWG American Wire Gauge (Indicador Americano de Cabos)


AT Alta tensão
BT Baixa tensão
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
BIT Binary Digit (Dígito Binário)
EMI Interferência Eletromagnética (Electromagnetic Interference)
EPE Empresa de Pesquisa Energética
DAELN Departamento Acadêmico de Eletrônica
DAELT Departamento Acadêmico de Eletrotécnica
FEMM Finite Element Method Magnetics (Método de Elementos
Magnéticos Finitos)
FEM Força Eletromotriz Induzida
FMM Força Magnetomotriz
GO Grãos Orientados
NMEA National Marine Electronics Association
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 16
1.1 TEMA .......................................................................................................... 16
1.1.1 Delimitação do Tema ............................................................................... 19
1.2 PROBLEMAS E PREMISSAS .................................................................... 21
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................ 21
1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 22
1.4 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 23
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................... 24
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................... 24
1.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 26
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................... 27
2.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ........................................................... 27
2.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS ..................................................... 28
2.3 TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS .................................................. 30
2.3.1 Transformador Ideal ................................................................................. 31
2.3.2 Transformador Real ................................................................................. 33
2.3.3 Circuito Equivalente e Impedâncias ......................................................... 34
2.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DO CIRCUITO EQUIVALENTE .. 38
2.4.1 Ensaio de curto-circuito............................................................................ 40
2.4.2 Ensaio a vazio .......................................................................................... 40
2.5 PERDAS ..................................................................................................... 43
2.5.1 Resistências dos enrolamentos ............................................................... 43
2.5.2 Reatância de dispersão ........................................................................... 43
2.5.3 Reatância e resistência do núcleo ........................................................... 44
2.6 CÁLCULO DO RENDIMENTO.................................................................... 48
2.7 CURVA DE RENDIMENTO ........................................................................ 47
2.8 REGULAÇÃO DE TENSÃO ........................................................................ 51
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 52
3.1 ENSAIOS DE CURTO-CIRCUITO .............................................................. 55
3.2 ENSAIOS A VAZIO ..................................................................................... 59
3.3 ENSAIOS COM CARGA RESISTIVA ......................................................... 65
3.3.1 Ensaios do cálculo do Rendimento .......................................................... 65
12

3.3.2 Ensaios da curva de rendimento.............................................................. 67


3.3.3 Ensaios da regulação de tensão .............................................................. 68
3.4 ANÁLISE ANALÍTICA ................................................................................ 69
3.4.1 Cálculos dos ensaios de curto-circuito ..................................................... 70
3.4.2 Cálculos dos ensaios a vazio ................................................................... 70
3.4.3 Determinação dos parâmetros do circuito equivalente ............................ 71
3.4.4 Levantamento da família de curvas de rendimento ................................. 72
3.4.5 Levantamento da curva de saturação ...................................................... 77
3.4.6 Cálculos dos ensaios com carga resistiva ............................................... 79
3.4.6.1 Cálculos dos rendimentos ..................................................................... 79
3.4.6.2 Levantamento das curvas de rendimentos ........................................... 80
3.4.6.3 Cálculos das regulações de tensão ...................................................... 80
4 SIMULAÇÕES ............................................................................................... 82
4.1 COLETA DE DADOS PARA AS SIMULAÇÕES ......................................... 82
4.1.1 Dados do transformador de núcleo quadrado .......................................... 82
4.1.2 Dados do transformador de núcleo toroidal ............................................. 83
4.2 SIMULAÇÕES DO COMPORTAMENTO DO FLUXO MAGNÉTICO.......... 85
4.2.1 SOBRE O PROGRAMA FEMM ............................................................... 85
4.2.2 Simulação do transformador de núcleo quadrado ................................... 88
4.2.3 Simulação do transformador de núcleo toroidal ....................................... 91
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 96
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 99
ANEXO A - EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ................................................. 102
16

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo serão vistos conhecimentos básicos de transformadores


de tensão, para introduzir o tema. Assim como os tipos de núcleos que foram
analisados neste trabalho. Ainda neste capítulo, os seguintes temas
relacionados ao trabalho serão abordados: objetivos, justificativa, metodologia e
estrutura do trabalho, e considerações finais deste capítulo.

1.1 TEMA

Transformadores de tensão, chamados também de transformadores de


potencial, são equipamentos que alteram a tensão da energia elétrica oriunda da
rede de alimentação para outro nível de tensão, de acordo com a necessidade
(TOROID BRASIL, 2019).
Utilizado em indutores e transformadores, o núcleo toroidal consiste em
um núcleo de material magnético ou ferromagnético, que possui a forma de
círculo/anel. O núcleo toroidal na maioria das vezes é feito dos materiais aço ou
ferrite (ZWASS, 1973). A Figura 1 ilustra este tipo de núcleo.

Figura 1 - Núcleo toroidal

Fonte: INDIAMART (2019)

Já o núcleo quadrado, existe principalmente nas duas geometrias


comumente chamadas de E/I e U/I. Na Figura encontra-se a representação da
geometria do núcleo E/I e na Figura , do núcleo U/I.
17

Figura 2 - Núcleo quadrado E/I

Fonte: CENTERSKY LAMINATION (2018)

Figura 3 - Núcleo quadrado U/I

Fonte: CENTERSKY LAMINATION (2018)

Transformadores de núcleo quadrado são muito mais utilizados, pois


transformadores de núcleo toroidal possuem uma construção mais cara. Porém,
considerando somente as suas geometrias, o núcleo em forma de toróide possui
uma melhor performance e maior eficiência em comparação ao quadrado. A
eficiência de um equipamento está relacionada com o rendimento do mesmo,
sendo que o rendimento é calculado pela razão entre a potência de saída e a
potência de entrada. Sendo que a potência de entrada é a soma da potência de
saída com a potência dissipada. Ou seja, as perdas oriundas do núcleo
18

interferem diretamente no rendimento e assim na eficiência do equipamento em


questão (KOSOW, 1982).
A grande vantagem do núcleo toroidal é explicada por sua geometria
simétrica, que faz com que o fluxo magnético desviado e perdido seja muito
menor (TOROID BRASIL, 2018). A desvantagem é que para grandes potências
existe uma enorme dificuldade na fabricação desse núcleo. Por este motivo, a
maioria esmagadora dos núcleos toroidais são encontrados em transformadores
e indutores utilizados em circuitos eletrônicos, como filtros passivos, como
amplificadores, inversores ou pequenas fontes de energia.
De acordo com a Toroid Brasil Transformadores Superiores, na Figura ,
pode-se observar a evolução dos núcleos com o passar dos anos, visando maior
eficiência e melhor performance. Os traços e pontos na Figura referem-se à
orientação do aço. Da esquerda para a direita tem-se o núcleo E/I, o núcleo C e
o núcleo toroidal.

Figura 4 - Evolução da geometria dos núcleos

Fonte: TOROID BRASIL (1994)

Comparado com o núcleo quadrado, o toroidal é muito mais compacto e


mais leve, devido ao seu design mais simples e a sua menor quantidade de
materiais utilizados para sua produção (TOROID BRASIL, 2018).
Outro ponto a ser analisado, é que dada a sua geometria e, por
consequência, a maneira em que o enrolamento está distribuído, a dispersão de
fluxo magnético se torna menor, assim a impedância do secundário é muito
menor, o que aumenta a sua eficiência, melhora sua performance física e reduz
efeitos como a distorção do fluxo magnético (TERSARIOL, 2017).
A interferência eletromagnética (EMI) do núcleo toroidal também é muito
menor quando comparado ao núcleo quadrado o que propicia a utilização desse
19

núcleo em espaços confinados e perto de outros equipamentos, ou seja, seu uso


irá causar menos efeitos colaterais em outros dispositivos que se encontram
próximos (TOROID BRASIL, 2019).
De acordo com David Gratton e Johnny Lindstrom da NMEA (National
Marine Electronics Association), a interferência eletromagnética (EMI) causa
desgastes como a corrosão e oxidação, diminuindo assim consideravelmente a
vida útil de equipamentos e dispositivos elétricos. Nesse ponto de vista, a
interferência eletromagnética (EMI) influência de forma negativa no meio
ambiente devido a troca dos equipamentos, e assim aumentando a produção de
lixo e descarte de materiais.
Na maioria dos setores industriais, os transformadores com núcleo
quadrado são utilizados com enorme preferência, já que este é financeiramente
mais adequado. Por outro lado, os transformadores de núcleo toroidal, são mais
observados em circuitos eletrônicos. Dada a geometria do núcleo toroidal, as
perdas do fluxo magnético são muito inferiores comparando com o quadrado,
garantindo maior eficiência energética (TORIVAC, 2018).
Mas dado este fato, por que seu uso é ínfimo considerando potências
acima de 25kVA? Essa diferença nas aplicações de ambos ocorre devido a
construção do núcleo toroidal ser muito cara e até inviável a partir da potência
de 25 kVA mencionada (TOROID BRASIL, 2019).

1.1.1 Delimitação do Tema

Os custos iniciais (matéria prima) e os custos de manutenção de


transformadores influenciam diretamente no lucro das empresas que os utilizam.
Porém o maior custo a longo prazo está relacionado ao consumo de energia.
Logo a melhora na eficiência energética gera economia financeira e menor
desgaste ambiental.
Uma das questões que faz com que o núcleo toroidal seja mais eficiente
é a orientação do metal que compõe o núcleo. Na construção de transformadores
de núcleo quadrado, atualmente a técnica utilizada para a produção do núcleo
se dá por um material que é formado por grãos orientados (GO) que são
direcionados magneticamente, para assim direcionar o caminho do fluxo
magnético, diminuindo as perdas. (CAMPOS, 2006). Como a geometria do
20

núcleo toroidal é em formato circular, torna inviável a construção desse núcleo


com esses materiais, assim dificultando mais ainda sua utilização em potências
a partir de 25 kVA (TOROID BRASIL, 2019).
Outra característica física muito importante que influencia bastante na
eficiência é o gap existente nos transformadores de núcleo quadrado U/I. De
acordo com o Prof. Rodrigo Siqueira Penz, da Universidade de Passo Fundo, o
espaçamento entre duas faces de um núcleo de um transformador é chamado
de gap. Neste espaçamento, o material não é bom condutor magnético, e assim
gera a formação de um dipolo magnético, prejudicando o fluxo magnético. O gap
existente no núcleo (entreferro) de um transformador provoca dispersão de fluxo
(FITZGERALD, 1975) no transformador de núcleo quadrado do laboratório,
também é outro fator complicado, pois irá alterar a comparação já que o toroidal
não possui um gap grande como o núcleo quadrado, porém o núcleo toroidal
possui pequenos gaps dispersos em toda a sua geometria. O núcleo quadrado
em questão é formado por duas partes, uma em forma de letra U, e outra em
forma de letra I. Quando acopladas uma na outra, até por motivos acadêmicos
(para analisar melhor o comportamento do transformador com diferentes
entreferros na disciplina de Máquinas Elétrica 1) fazem com que entre essas
partes tenha um gap de ar, causando maior dispersão de fluxo. Nas páginas
anteriores, pode-se observar esse gap na Figura 5 e na Figura 6, nos núcleos
E/I e U/I, no encontro da parte que possui a forma da letra I, com o restante do
núcleo. E ainda na Figura 1, é possível observar que não existe gap no núcleo
toroidal. A Figura 5 representa um núcleo sem gap no lado esquerdo da figura,
e um núcleo com gap no lado direito da figura.

Figura 5 - Linhas de fluxo e desvio do fluxo causado pelo gap

Fonte: JEZ, POLIT (2014)


21

Segundo Radoslaw Jez e Aleksander Polit, no artigo Influence of air-gap


length and cross-section on magnetic circuit parameters, o comportamento das
linhas de fluxo magnético em um núcleo quadrado pode ser analisado na Figura
5, inclusive o desvio ocorrido nas linhas de fluxo magnético causadas o gap.

1.2 PROBLEMAS E PREMISSAS

Quando existente em um dado circuito elétrico ou equipamento, o


transformador é geralmente o maior dispositivo observado neste circuito em
questão. E a grande maioria dos transformadores utilizados atualmente,
considerando todas as faixas de potência, apresentam núcleo quadrado.
Enquanto o uso dos núcleos toroidais é basicamente notado apenas em
pequenos equipamentos eletrônicos.
Considerando-se que o transformador é o maior equipamento de um
circuito elétrico, supondo uma diminuição do tamanho do transformador, o
tamanho total do circuito iria diminuir enormemente. Uma maior eficiência
observada iria causar uma diminuição de tamanho no transformador. Pois
quanto maior a eficiência menor o tamanho do transformador, já que a potência
de um transformador é diretamente proporcional ao seu tamanho.
Logo a redução na quantidade de materiais, a redução dos custos na
produção e manutenção, a redução do aquecimento e a redução na interferência
eletromagnética, trariam diminuições enormes tanto no custo total quanto em
degradação do meio ambiente.
E ainda com o aumento exponencial da demanda de consumo de energia
elétrica na próxima década (EPE, 2018), torna-se necessário a aplicação de
equipamentos cada vez mais eficientes sem descartar o aspecto ambiental e,
visando também o fator econômico, ou seja, evitando perdas no funcionamento
do equipamento, gastos com manutenção e qualidade de produto (SEBRAE,
2018).

1.3 OBJETIVOS

Neste item serão comentados os objetivos específicos e o objetivo geral


deste trabalho.
22

1.3.1 Objetivo Geral

Comparar dois tipos de geometrias de núcleos de transformadores


monofásicos, a geometria quadrada e a toroidal, focando principalmente na
eficiência energética. Esta comparação será feita através de quatro partes: da
análise do referencial teórico, de ensaios feitos em laboratório, simulações em
software e da análise analítica.
Nas Figuras 6 e 7 tem-se os transformadores que foram utilizados na
comparação deste trabalho.

Figura 6 - Transformador de núcleo toroidal utilizado na comparação

Fonte: autoria própria (2019)

Figura 7 - Transformador de núcleo quadrado utilizado na comparação

Fonte: autoria própria (2019)


23

1.3.2 Objetivos Específicos

● Delimitar parâmetros para a construção de dois transformadores com os


mesmos dados nominais, porém com geometrias de núcleo diferentes.
Um possuindo núcleo quadrado e o outro possuindo núcleo toroidal.
● Realizar ensaios a vazio e em curto-circuito em laboratório comparando
os dois tipos de núcleo apresentados anteriormente.
● Avaliar a eficiência do transformador toroidal em relação ao de núcleo
quadrado, através da análise de cálculo, com os resultados dos ensaios.
● Desenvolver simulações no software FEMM uma comparação entre os
dois tipos de núcleos apresentados anteriormente.

1.4 JUSTIFICATIVA

Nos tempos atuais, cresce o conceito de quanto menor melhor, que está
relacionado com a preocupação das empresas no seu lucro, assim como no
âmbito ambiental.
Não somente em relação à eficiência energética, de se produzir mais com
menos, mas também em relação a parte física, visando reduzir e aprimorar o
tamanho, o design e a quantidade de materiais necessários (AMGIS, 2018).
As Figuras 8 e 9 mostram vantagens do núcleo toroidal de acordo com a
Plitron Toroidal.

Figura 8 - Comparação do design entre os núcleos quadrado e toroidal

Fonte: PLITRON TOROIDAL POWER PRODUCTS (2018)


24

Figura 9 - Flexibilidade do design do núcleo toroidal

Fonte: PLITRON TOROIDAL POWER PRODUCTS (2018)

Segundo a Plitron Toroidal, não somente o rendimento nos


transformadores toroidais é melhor, mas também se observa uma questão de
tamanho e design que diferenciam muito o núcleo quadrado e o toroidal.
Atualmente sabe-se que as fontes de matéria prima são tratadas como
infinitas, mas na realidade não é bem assim. Entre inúmeras outras razões
ambientais como a produção de lixo, o aumento da temperatura mundial,
extinção de espécies de animais, a poluição do ar, solo e água, deve-se
preocupar cada vez mais nas escolhas visando o bem do nosso planeta, não
somente pensando em custos e lucros.

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Inicialmente foi realizada uma pesquisa teórica, resultando no


entendimento da necessidade prática da proposta deste trabalho, focando em
eficiência energética, ao se comparar as geometrias quadrada e toroidal de
transformadores monofásicos. Após o capítulo de estudo bibliográfico e
levantamento de suas características, foi realizada a apuração dos parâmetros
e valores nominais dos transformadores a serem analisados. Os
transformadores foram produzidos em uma empresa especializada, a Toroid
Brasil Transformadores Superiores. Com os transformadores construídos e
disponíveis, ensaios em bancada foram desenvolvidos na segunda parte do
trabalho. A fim de confrontar os resultados práticos com os obtidos na
fundamentação teórica. Com a utilização do software FEMM foram
25

desenvolvidos ensaios para análises do fluxo magnético e dispersão do fluxo


magnético.
No último capítulo deste trabalho, estão apresentadas as conclusões e
considerações finais que comparam tanto a teoria, quanto a prática e simulação
desses dois transformadores.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho de conclusão de curso está estruturado em um total de 5


capítulos: Introdução, Referencial Teórico, Ensaios Práticos, Simulações e
Conclusões. Abaixo segue uma explicação referente a cada capítulo.
Capítulo 1: Introdução: Visão geral de todo o trabalho em formato de
uma proposta contendo o tema, delimitação do tema, problemas, objetivos,
justificativas e procedimentos, através de artigos, documentos e livros
acadêmicos.
Capítulo 2: Fundamentação teórica: Revisão teórica que será a base
para as análises feitas posteriormente em laboratório e em simulação. Este
capítulo auxiliou para a conclusão final do trabalho. Já que foi utilizado para
comparar e analisar os dados colhidos nos capítulos 3 e 4.
Capítulo 3: Materiais e métodos: Levantamento de dados através de
ensaios de curto-circuito e a vazio de ambos os transformadores. Esses dados
medidos nos ensaios possibilitaram o cálculo das potências dissipadas por
ambos os transformadores. Dessa forma o rendimento também foi calculado.
Capítulo 4: Simulações: Utilizando os softwares FEMM a comparação
entre os dois tipos de núcleos apresentados anteriormente será expandida.
Através desses programas será analisado o comportamento do fluxo magnético
no núcleo e as grandezas medidas nos ensaios em laboratório.
Capítulo 5: Considerações finais: Foram abordados e discutidos os
resultados obtidos através dos ensaios e simulações, juntamente com o
embasamento teórico e experiência adquirida ao longo da pesquisa.
26

1.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo finaliza destacando os principais pontos que serão


abordados nos outros capítulos, assim como o que é esperado tanto de
problemas quanto de soluções.
O objetivo principal é provar que a geometria do núcleo toroidal possui
uma eficiência maior que o núcleo de geometria quadrada em transformadores
monofásicos. Tanto na parte de laboratório, quando na parte de simulações e
também na parte dos cálculos.
Como mencionado anteriormente neste capítulo, o transformador
quadrado passou por uma alteração. Dessa forma alterou-se o trabalho, porém
o foco continua o mesmo: comparar a eficiência de duas geometrias de núcleos
de transformadores monofásicos, a quadrada e a toroidal. Agora o objetivo
principal é provar que o transformador de núcleo toroidal é mais eficiente que o
transformador de núcleo quadrado, como mostra a revisão teórica.
Uma observação muito interessante é que justamente devido a
consciência da empresa Toroid Brasil sobre a alta eficiência dos núcleos
toroidais, a mesma não possui maquinário para fabricar uma laminação de
núcleos diferente da laminação feita em núcleos toroidais. Por isso que a mesma
não conseguiu construir um núcleo quadrado do tipo U/I, e acabou construindo
para este trabalho transformador de núcleo quadrado.
27

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo será feita uma revisão teórica do assunto de


transformadores. Desde o seu princípio de funcionamento, transformador real e
ideal, relação de transformação, circuito equivalente, perdas, características
construtivas, rendimento, regulação de tensão e os cálculos relativos a esses
assuntos.

2.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

A construção de um transformador nada mais é do que no mínimo dois


circuitos elétricos acoplados entre si somente por um mesmo circuito magnético,
sem que haja contato elétrico entre eles. Esses circuitos elétricos são chamados
de enrolamentos, e estes dispõem de um mesmo fluxo magnético, gerado pelo
circuito magnético que os acopla. Supondo um transformador com dois
enrolamentos, aplicando uma tensão alternada no primeiro enrolamento, será
gerado um fluxo magnético variável no tempo. Este fluxo por sua vez, irá induzir
uma tensão no segundo enrolamento (FITZGERALD, 1975).
Na Figura 10, observa-se um simples circuito magnético com dois
enrolamentos, assim como o fluxo mútuo resultante dos dois enrolamentos:

Figura 10 - Circuito magnético com dois enrolamentos

Fonte: CHAPMAN (2013)


28

A Lei de Faraday, ou Lei da Indução Eletromagnética, afirma que um dado


condutor, que esteja conduzindo corrente elétrica e também que esteja sendo
afetado por um campo magnético, irá induzir uma força eletromotriz, que é
diretamente proporcional a variação do fluxo magnético no tempo. Ou seja, sem
haver contato elétrico entre um condutor de eletricidade e um campo magnético,
uma tensão induzida é gerada a partir da corrente elétrica que circula nesse
determinado condutor. Essa tensão ou força eletromotriz induzida é também
chamada de FEM (KOSOW, 1982).
A regra da mão direita indica o sentido do fluxo magnético em relação a
direção da corrente que o induz. Na Figura 11 em uma dada espira existe uma
corrente I que flui no sentido anti-horário. Dessa maneira o fluxo magnético
gerado possui o sentido pra cima, como mostra o vetor A (SERWAY, 2000).

Figura 11 - Regra da mão direita indicando o sentido do fluxo magnético

Fonte: SERWAY (2000)

A Lei de Faraday baseia-se no movimento de um circuito elétrico, que está


sofrendo uma ação de um campo magnético, assim induzindo uma dada tensão.
Já a Lei de Lenz discorre sobre este movimento. Afirma que sempre que houver
uma indução eletromagnética, a corrente induzida tem um dado sentido tal que
o sentido do fluxo magnético gerado por essa corrente, é contrário ao fluxo
magnético que a induziu (RESNICK, HALLIDAY, 2012).
29

2.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

Como mencionado, um transformador realiza seu funcionamento baseado


no princípio da indução mútua, que se dá através de duas ou mais bobinas
enroladas em volta de um núcleo ferromagnético. Dessa forma, é necessário
apenas um fluxo magnético através de uma bobina para induzir fluxo no outro
enrolamento. A parte do circuito ligado a fonte de tensão é chamado de primário
e a energia fornecida pela fonte é transmitida para o segundo circuito, que está
magneticamente acoplado, chamado de secundário. Esta transferência de
energia se dará de maneira a depender de tão quão acoplados magneticamente
eles estiverem. O principal alvo de utilização do transformador é adequar os
níveis de tensão em corrente alternada (FITZGERALD, 2014).
Vale ressaltar que a utilização do transformador não se restringe a apenas
este campo de atuação, podendo ser utilizados para variados propósitos como,
por exemplo, amostragem de tensão, amostragem de corrente e transformação
de impedância. Porém este trabalho se limitará a estudar os transformadores de
potência.
Os núcleos dos transformadores podem ser do tipo envolvido, conforme
a Figura 12, ou do tipo envolvente, conforme a Figura 13. No núcleo envolvido
os enrolamentos envolvem a parte externa do núcleo. Enquanto no envolvente,
os enrolamentos encontram-se na parte mais interna do núcleo.

Figura 12 - Construção de transformador do tipo núcleo envolvido

Fonte: CHAPMAN (2013)


30

Figura 13 - Construção de transformador do tipo núcleo envolvente. Um típico transformador de


núcleo envolvente. (Cortesia da General Electric Company)

Fonte: CHAPMAN (2013)

Nos dois casos apresentados o núcleo é construído com lâminas ou


chapas delgadas, eletricamente isoladas entre si para minimizar as correntes
parasitas. Vale lembrar que em construções reais, os enrolamentos, tanto
primário quanto secundário, estão enrolados um sobre o outro, sendo o de
enrolamento de menor tensão o mais interno. Desta forma consegue-se isolar o
enrolamento de alta tensão do núcleo e consegue-se também uma redução no
fluxo de dispersão, o que impactaria em perdas maiores (CHAPMAN, 2013).
Uma maneira de tratar os transformadores em busca de estudos seria
tratá-los como ideais, sem perdas, porém não poderiam ser construídos na
realidade. Um modelo mais completo deve levar em consideração pontos que o
modelo ideal não engloba. Pontos como as resistências dos enrolamentos, os
fluxos dispersos, as correntes de excitação relativas à permeabilidade finita do
núcleo e até a capacitância dos enrolamentos são fatores que são importantes
para considerar em casos reais.
Para entender o estudo envolto do transformador, pode-se iniciar
examinando o enrolamento primário. O fluxo total que encadeia o enrolamento
primário pode ser dividido em duas partes: o fluxo mútuo resultante, limitado
31

basicamente ao núcleo de ferro e dado pelo efeito combinado das correntes de


primário e de secundário e, o fluxo de disperão do primário, que concatena
apenas o enrolamento do primário. A Figura 14 ilustra essas componentes
(FITZGERALD, 2014).

Figura 14 - Vista dos fluxos mútuo e disperso de um transformador

Fonte: FITZGERALD (2014)

Para facilitar o entendimento acerca dos componentes, os enrolamentos


estão ilustrados em terminais opostos do núcleo. Porém em um transformador
real se torna mais complicado detalhar da mesma maneira uma vez que a
construção muitas vezes se dá de forma mais compacta, sendo que um
enrolamento está sobreposto ao outro (FITZGERALD, 2014).
Através de ensaios laboratoriais podem ser examinadas as características
construtivas do transformador. Conseguindo assim, o levantamento de dados e
fatores que serão muito importantes para definir os parâmetros do dispositivo.

2.3 TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS

Uma maneira simples de compreender o funcionamento do transformador


monofásico é considerar que esse equipamento consiste em apenas dois
circuitos elétricos, acoplados magneticamente e conectados a uma fase apenas.
Serão tratados neste capítulo os modelos do transformador ideal e do
transformado real.
32

2.3.1 Transformador Ideal

Um transformador ideal pode ser considerado como aquele que não


possui perdas. Ou seja, está imerso em um sistema onde tudo é ideal, o condutor
que constitui seus enrolamentos, o núcleo que o constitui, e até mesmo o fluxo
gerado, que não sofre qualquer influência. A Figura 15 ilustra um transformador
ideal.

Figura 15 - Transformador ideal

Fonte: CHAPMAN (2013)

Sabendo que a tensão na bobina do primário é dada pelo número de


espiras em seu enrolamento e pela relação de fluxo que percorre esta bobina,
pode-se chegar em (1).

𝑑𝛷
𝑉 (𝑡) = 𝑁 (1)
𝑑𝑡

Fazendo alguns arranjos matemáticos tem-se (2):

𝑑𝛷 𝑉 (𝑡)
= (2)
𝑑𝑡 𝑁
33

O mesmo modelo é válido para o lado secundário do transformador, o que


acarreta em (3):

𝑑𝛷
𝑉 (𝑡) = 𝑁 (3)
𝑑𝑡

E que por arranjos matemáticos caracteriza tem-se (4):

𝑑𝛷 𝑉 (𝑡)
= (4)
𝑑𝑡 𝑁

Igualando (2) com (4) é possível através do fluxo mútuo que concatena
ambas as bobinas chegar em (5):

𝑑𝛷 𝑉 (𝑡) 𝑉 (𝑡)
= = (5)
𝑑𝑡 𝑁 𝑁

Isolando as tensões das quantidades de espiras de cada enrolamento


chega-se a igualdade, ao qual é dado o nome de relação de transformação.

𝑉() 𝑁
= =𝑎 (6)
𝑉( ) 𝑁

Em (6) demostrou-se a relação de transformação através da tensão e


números de espiras, mas pode-se chegar a uma outra dedução partindo de (7):

𝑉 (𝑡)𝐼 (𝑡) = 𝑉 (𝑡)𝐼 (𝑡) (7)

E que através de arranjos matemáticos pode-se chegar em (8):

𝑉 (𝑡) 𝐼 (𝑡)
= =𝑎 (8)
𝑉 (𝑡) 𝐼 (𝑡)
34

Esta mesma relação pode ser encontrada através do inverso das


correntes como evidenciado por (9):

𝐼 (𝑡) 1
= (9)
𝐼 (𝑡) 𝑎

Partindo da ideia de que a relação de transformação é a razão entre o


número de espiras do primário e o número de espiras do secundário, outro
detalhe a ressaltar é que em um transformador ideal as magnitudes das tensões
e correntes são afetadas por essa relação de transformação.
Um ponto importante que vale mencionar é a adoção de uma convenção
da polaridade de tensão para as bobinas do transformador. Caso a tensão
aplicada no primário for positiva no terminal com ponto do enrolamento, se
comparado ao terminal sem ponto, então a tensão no secundário também será
positiva no terminal com ponto. Já no caso da corrente, se no primário a corrente
está percorrendo o caminho no sentido para dentro do terminal com ponto no
enrolamento primário, então a corrente secundária fluirá para fora do terminal
com ponto no enrolamento secundário (CHAPMAN, 2013).

2.3.2 Transformador Real

A mudança do aspecto de análise entre um transformador ideal para o


real, é que agora podem ser considerados alguns efeitos relacionados as perdas.
Como resistências dos enrolamentos, fluxos dispersos e as correntes finitas de
excitação relativas à permeabilidade finita do núcleo.
Como foi ilustrado na Figura 14, o fluxo que concatena o primário pode
ser dividido em duas partes: o fluxo mútuo resultante e o fluxo disperso. O fluxo
mútuo se encontra no núcleo de ferro e é produzido pela combinação das
correntes de primário e secundário. Porém nem todo o fluxo produzido pela
bobina primária passa através da bobina secundária, algumas linhas de fluxo
acabam deixando o núcleo e passam através do ar, conhecido como fluxo
disperso. E analogamente ocorre com o fluxo da bobina secundária.
Com relação as resistências dos enrolamentos, sabe-se que o condutor
no cenário real apresenta certa resistência a passagem de corrente elétrica o
35

que também o diferencia do transformador ideal. Também deve-se salientar a


questão de o núcleo necessitar de uma corrente para fornecer potência para a
histerese e as perdas por correntes parasitas.
A potência de um transformador real é dada em (10), que relaciona a
potência ativa fornecida pelo circuito do primário do transformador. Uma vez que
Pin é a potência de entrada e θp é o ângulo entre a tensão e a corrente primária.
Já a potência de saída fornecida pelo secundário do transformador é dada por
(11). Onde, Pout é a potência de saída e θs é o ângulo entre a tensão secundária
e a corrente secundária (CHAPMAN, 2013).

𝑃 = 𝑉 𝐼 cos 𝜃 (10)

𝑃 = 𝑉 𝐼 cos 𝜃 (11)

Se partir da ideia que o transformador é ideal, a mesma potência que entra


no equipamento é igual a potência que sai, isso pode ser verificado através de
(12) e (13), aplicando esta ideia para a potência reativa Q e também para a
potência aparente S (CHAPMAN, 2013).

𝑄 = 𝑉 𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 𝑉 𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 𝑄 (12)

𝑆 = 𝑉 𝐼 = 𝑉𝐼 = 𝑆 (13)

Estes aspectos tornam necessário o levantamento de algumas análises


para que o estudo de transformadores seja o mais fiel possível. Estes assuntos
serão tratados no decorrer deste trabalho.

2.3.3 Circuito Equivalente e Impedâncias

Através da Figura 16 é possível visualizar um modelo de um


transformador contendo sua parte real e ideal. Tendo assim, apenas o
enrolamento como parte ideal, e as impedâncias da parte real.
36

Figura 16 - Modelo de um transformador real

Fonte: CHAPMAN (2013)

É possível verificar as resistências existentes em um transformador real e


a parte ideal, que se caracteriza pelos enrolamentos. A Figura 17 apresenta este
mesmo transformador referido ao nível de tensão do primário através da relação
de transformação.

Figura 17 - Circuito equivalente do transformador referido ao primário

Fonte: CHAPMAN (2013)

Pela Figura 17 é possível notar uma resistência no primário, o que


acarretará em uma queda de tensão. Sendo assim, a tensão no primário surge
de três componentes: A queda de tensão que ocorre na resistência Rc, a queda
de tensão do fluxo disperso do primário e a FEM Ep induzida no primário pelo
fluxo mútuo resultante.
O ramo de magnetização é composto pela associação em paralelo da
reatância de magnetização XM com a resistência do núcleo RC. A impedância
equivalente desse ramo será tratada como ZM (impedância de magnetização).
37

Visto este detalhe, vale ressaltar que a corrente que circula pelo primário
possui duas componentes, uma de excitação que percorre a impedância de
magnetização ZM formada pela resistência do núcleo Rc e pela reatância XM a
qual pode ser tratada como Iφ e outra parcela que se destina a carga como
apresentado na Figura 17 Is/a, que representa a corrente do secundário referida
ao primário I´s. A primeira é necessária para produzir o fluxo mútuo resultante e
a segunda, é uma componente para contrabalancear a FMM da corrente de
secundário Is. (FITZGERALD, 2014). A corrente do secundário referida ao
primário I´s é definida como a parcela do primário que contrabalança a FMM da
corrente do secundário Is. E pode ser calculada por (4):

𝑁
𝐼´ = 𝐼 (4)
𝑁

Em (4) é possível concluir que a componente de carga da corrente do


primário é igual à corrente de secundário referida ao primário, o que se constata
no estudo do transformador ideal.
O fluxo disperso no primário gera uma tensão induzida neste
enrolamento. Uma vez que a variação é linear, pode-se representar como uma
indutância de dispersão, tratada como Lp. A sua correspondente, reatância de
dispersão do primário Xp, pode ser encontrada por 5) (FITZGERALD, 2014).

𝑋 = 2𝜋𝑓𝐿 (15)

A corrente de excitação Iφ também pode ser tratada como a composição


de duas partes, a primeira como sendo as perdas no núcleo Ic, em fase com FEM
Ep, e a segunda como sendo a magnetização Im, atrasada em 90° em relação a
Ep. Na Figura 17 essas componentes foram tratadas como Rc, resistência de
perdas do núcleo e XM, reatância de magnetização, que pode ser encontrada por
(16) (FITZGERALD, 2014).

𝑋 = 2𝜋𝑓𝐿 (16)
38

As duas componentes juntas formam o ramo de excitação do circuito


equivalente. Assume-se que Rc e XM permanecerão constantes mesmo que
ocorram pequenas variações em torno dos valores de tensão e frequência
nominais. Em uma segunda análise, o fluxo mútuo resultante ΦM induz uma FEM
Es no secundário, e esse fluxo concatena ambos os enrolamentos, a razão entre
as FEMs induzidas segue a relação de espiras dos enrolamentos conforme
descrito em (17) (FITZGERALD, 2014).

𝐸 𝑁
= =𝑎 (17)
𝐸 𝑁

Entre a tensão nos terminais do secundário e a tensão induzida ES, há


uma diferença dada pela queda de tensão referida à resistência de secundário
Rs e à reatância de dispersão do secundário (correspondente à indutância de
dispersão do secundário), como mostrado à direita de ES no circuito equivalente
do transformador (Figura 17). Vistos estes detalhes, podem-se referir as
grandezas ao primário, ou ao secundário, deslocando estas à direita ou à
esquerda do circuito equivalente resultando no formato apresentado, que neste
caso específico pode ser deduzido utilizando a relação de transformação
demonstrada na Figura , a partir de (6) e de (9) (FITZGERALD, 2014).
Um fator que deve ser considerado nos cálculos de transformador é o
cálculo de impedância, levando em consideração que para o cálculo necessita-
se do valor da tensão e da corrente, e que terá uma mudança de valores ao
comparar enrolamento primário e secundário, é preciso levar uma análise em
conta, a tensão e corrente de carga são as mesmas do secundário e que pela
regra de relação de espiras pode-se expressar a impedância, neste caso,
explicitando a impedância do secundário no primário através de (18)
(CHAPMAN, 2013).

𝑍 =𝑎 𝑍 (18)

Para este caso, pode-se casar a impedância da carga com a impedância


da fonte. Uma maneira prática de realizar cálculos envolvendo transformador
ideal será substituí-lo por uma representação muito mais simples, para isso se
39

faz necessário eliminar a presença do transformador e criar assim uma


impedância que se equivale ao modelo de circuito elétrico simples. Para isso
será necessário refletir o primeiro lado do transformador para o segundo lado.
As polaridades das fontes de tensão no circuito equivalente terão os sentidos
invertidos em relação ao circuito original se os pontos de um lado dos
enrolamentos do transformador estiverem invertidos quando comparados com
os pontos no outro lado dos enrolamentos do transformador (CHAPMAN, 2013).
Na Figura 18 é possível visualizar de maneira mais clara a questão das
impedâncias do transformador monofásico.

Figura 18 - Impedância do Transformador

Fonte: CHAPMAN (2013)

2.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DO CIRCUITO EQUIVALENTE

Uma maneira de se conseguir os parâmetros de um transformador é


realizando ensaios chamados de ensaios a vazio e de curto-circuito. Como não
será aplicada carga, não há necessidade de aplicação de grande energia, sendo
necessário apenas suprir as perdas associadas envolvidas. Para a medir a
resistência dos enrolamentos basta aplicar uma pequena tensão CC ao
enrolamento. De modo que esta tensão será capaz de produzir uma corrente
aproximadamente igual à nominal, e logo assim, aplicando Lei de Ohm é
observado o valor de sua resistência (FITZGERALD, 2014).

2.4.1 Ensaio de curto-circuito

Através deste ensaio, é possível extrair a impedância equivalente a partir


dos valores de Req e Xeq. O ensaio consiste em colocar em curto-circuito um dos
40

enrolamentos e aplicar uma pequena tensão CA no outro enrolamento,


normalmente este sendo o de alta tensão, por conveniência. A Figura 19 ilustra
este ensaio (CHAPMAN, 2013).

Figura 19 - Circuito para ensaio de curto-circuito

Fonte: CHAPMAN (2013)

O ângulo do fator de potência de curto-circuito 𝜃 pode ser calculado


conforme os valores de Pcc, Icc e Vcc medidos. Esse cálculo está indicado em
(19).

𝑃
𝜃 = 𝑐𝑜𝑠 (19)
𝐼 𝑉

Uma vez observado o valor medido no wattímetro e também a leitura do


amperímetro, pode-se determinar a resistência equivalente do enrolamento em
(20):
𝑃
𝑅 = (20)
𝐼

Com o valor da tensão e da corrente de curto-circuito é possível


determinar a impedância equivalente em (21) (CHAPMAN, 2013).

𝑉
𝑍 = (21)
𝐼
41

Durante o ensaio, a tensão Vcc é ajustada para que a corrente Icc seja pelo
menos igual a corrente nominal do enrolamento. Desta forma, a reatância
equivalente é obtida como mostrado em (22) (CHAPMAN, 2013).

𝑋 = 𝑍 −𝑅 (22)

Um detalhe importante que vale ressaltar é que este cálculo fornece a


soma das reatâncias de dispersão de ambos os enrolamentos, não fornecendo
assim valores individuais. Sempre que o circuito equivalente aproximado for
utilizado, assume-se que os valores para cada enrolamento é metades dos
valores encontrados. Assim as reatâncias de dispersão em ambos os
enrolamentos são consideradas iguais (CHAPMAN, 2013).

2.4.2 Ensaio a vazio

Através do ensaio de circuito aberto é possível colher as informações


sobre a resistência do núcleo e sobre a reatância de magnetização. Na Figura
20 é possível visualizar como se dará o modelo deste ensaio (DEL TORO, 1994).

Figura 20 - Circuito para ensaio a vazio ou de circuito aberto

Fonte: CHAPMAN (2013)

O ensaio se dará pela aplicação de tensão em qualquer lado do


transformador, primário ou secundário, dependendo da conveniência. Ou seja,
se o lado de baixa for de 220V e o lado de alta for de 1.100V, logo é mais fácil
dispor de uma fonte de 220V do que de 1.100V, a perda no núcleo e o valor
42

máximo do fluxo, do qual depende a perda do núcleo, é a mesma para ambos


os valores.
Desprezando as perdas dos equipamentos pode-se tomar a medida do
wattímetro como sendo exatamente a perda do núcleo, que será tratada como
Pc. Logo P0 = Pc, sendo P0 a leitura do wattímetro neste ensaio. Uma vez que a
corrente de magnetização é muito pequena, a queda na impedância de
dispersão no enrolamento primário pode ser desprezada, tornando assim a FEM
induzida igual a tensão aplicada. O ângulo do fator de potência a vazio 𝜃 será
dado por (23) (CHAPMAN, 2013).

𝑃
𝜃 = 𝑐𝑜𝑠 (23)
𝑉𝐼

Assim tem-se que a corrente de excitação Iφ é composta pelos vetores


dos valores da corrente de magnetização Im e da corrente da resistência do
núcleo Ic:

𝐼 = 𝐼 cos 𝜃 (24)

𝐼 = 𝐼 sen 𝜃 (25)

As últimas equações calculam a corrente que passa na resistência do


núcleo e a corrente de magnetização, respectivamente. Como no ensaio a vazio
é considerado somente o ramo de magnetização, logo a corrente a vazio (I0) é
igual a corrente de excitação (Iφ). O valor da resistência de perda no núcleo pelo
lado de baixa é calculado por (26).

𝑃 𝑃
𝑅 = = (26)
𝐼 (𝐼 cos 𝜃 )

Tendo o resultado de RP e conhecendo a relação de transformação, a


resistência de perda no núcleo referido pelo lado de alta correspondente é
calculado por (27).
43

𝑅 =𝑎 𝑅 (27)

A reatância de magnetização referida ao lado de baixa é deduzida a partir


de (28).

𝐸 𝑉
𝑋 = = (28)
𝐼 (𝐼 sin 𝜃 )

Desta forma no lado de alta a reatância de magnetização é calculada por


(29) (DEL TORO, 1994).

𝑋 =𝑎 𝑋 (29)

A resistência de perdas no núcleo RC, também conhecida como


resistência de magnetização, é calculada a partir de (30).

𝑉
𝑅 = (30)
𝐼

A impedância de magnetização ZM é calculada a partir da queda de tensão


nesta impedância e da corrente que causa esta queda. Esse cálculo é feito pela
razão entre a tensão do primário VP e da corrente de excitação Iφ (31).

𝑉
𝑍 = (31)
𝐼𝜑

Como no ensaio a vazio as resistências e reatâncias referentes as perdas


do cobre são desconsideradas, o circuito equivalente deste ensaio é
basicamente o ramo de magnetização. Assim a reatância de magnetização XM
está em parelalo com a resistência de magnetização RC. Dessa maneira e com
os cálculos de ZM e RC já foram definidos, é possível calcular XM a partir de (32).
44

1
𝑋 =
1 1 (32)
2 − 2
𝑍𝑀 𝑅𝐶

Desta maneira é possível chegar a valores aproximados para o circuito


equivalente. Assim o levantamento dos parâmetros do transformador é
elaborado. Essas informações são importantes para a maioria dos empregos de
transformadores, e estão diretamente relacionadas com a eficiência do
equipamento.

2.5 PERDAS

Infelizmente todos os equipamentos reais possuem perdas. Mesmo nos


melhores processos de fabricação e com os melhores materiais utilizados é
impossível que não ocorram perdas. As perdas podem ser ôhmicas, por
histerese e por fluxos de dispersão nos enrolamentos. Em um modelo justo,
deve-se levar em consideração principalmente os efeitos das resistências dos
enrolamentos, dos fluxos dispersos e das correntes finitas de excitação devidas
à permeabilidade finita e não linear do núcleo (CHAPMAN, 2013).

2.5.1 Resistências dos enrolamentos

As resistências dos enrolamentos influenciam por dois efeitos: perda de


energia por efeito Joule e queda de tensão. Uma maneira de minimizar o efeito
Joule está em utilizar na confecção do equipamento uma seção de condutor
adequado. Assim o enrolamento de alta possui muitas espiras com bitola inferior
ao enrolamento de baixa tensão, que possui poucas espiras com bitola maior. O
ideal é relacionar os condutores de uma forma que as perdas no cobre sejam as
mesmas para ambos os enrolamentos (CHAPMAN, 2013).

2.5.2 Reatância de dispersão

Diferente do fluxo mútuo, que concatena ambos os enrolamentos, o fluxo


disperso, utilizando o ar, concatena apenas um enrolamento. O fluxo mútuo fica
canalizado no núcleo e isso torna responsável pela transferência de energia
45

entre as duas bobinas. Este fluxo de dispersão se desenvolve em maior parte no


ar, logo, ele não sofre com o feito de saturação do ferro e varia de acordo com a
corrente do enrolamento que o cerca. O valor do fluxo de dispersão pode ser
calculado a partir de (33) (CHAPMAN, 2013).

𝜑 = 𝐿𝐼 (33)

Sendo:
L - Indutância de dispersão
I - Corrente do enrolamento

Já sua reatância de dispersão se dá através de (34):

𝑋 = 𝜔𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿 (34)

Lembrando que para cada enrolamento haverá sua respectiva reatância


de dispersão Xp e Xs.

2.5.3 Reatância e resistência do núcleo

As perdas no núcleo podem ser divididas em duas partes: a componente


resistiva e a componente de corrente de núcleo. Esta é responsável pelas perdas
de histerese e correntes parasitas. A perda por histerese magnética acontece da
energia dissipada pela força magnética exigida para orientação dos domínios
magnéticos do núcleo que ocorre a cada ciclo do laço de histerese. As perdas
por correntes parasitas se dão por efeito Joule, passagem de campo magnético
variável no tempo no material ferromagnético, gera campos elétricos, e assim,
induz correntes indesejadas no interior do núcleo.
Para tentar evitar este acontecimento indesejável, os fabricantes
costumam laminar o material do núcleo e por meio de isolantes, isolam as
lâminas entre si. A reatância de magnetização, que estabelece um fluxo
magnético no núcleo em conjunto com a corrente de magnetização, varia com a
saturação do núcleo, porém pode-se supor que seu valor permanecerá
46

constante devido aos parâmetros nominais de funcionamento do transformador,


e seu valor é dado em (35) (CHAPMAN, 2013).

𝑋 = 2𝜋𝑓𝐿 (35)

Na Figura 21, observa-se uma curva de histerese. Esta curva relaciona a


capacidade do material do núcleo em manter suas propriedades mesmo sem
haver novos estímulos para a excitação. Também é conhecida como o fenômeno
causador do atraso entre a densidade de fluxo e o campo magnético. A curva
relaciona a intensidade de campo magnético H, pela densidade do fluxo
magnético B.
Para facilitar o entendimento quando um material, que no caso do
transformador é um meio ferromagnético, for magnetizado a um ponto máximo
e logo após o mesmo for enfraquecido, a densidade do fluxo não seguirá o
decrescimento do campo. Assim quando o campo for nulo, o material pode
apresentar certa quantidade de densidade de fluxo, chamada de remanescente.
Cada material possui uma distinta curva (FITZGERALD, 1975).

Figura 21 - Curva de histerese

Fonte: FITZGERALD (1975)


47

2.6 CÁLCULO DO RENDIMENTO

O rendimento de um equipamento é calculado pela razão entre a potência


de saída (Pout ) pela potência de entrada (Pin). A potência de entrada é a soma

da potência de saída com a potência dissipada (Pperdas). Esses cálculos são


apresentados em (36) e (37).

𝑃 (36)
η=
𝑃

𝑃 = 𝑃 + 𝑃 (37)

A potência de saída (Pout ) é dada de acordo com (38), utilizando valores


de tensão eficaz e corrente eficaz medidos no enrolamento em que está
conectada a carga, e fator de potência desta carga aplicada (KOSOW, 1982).

𝑃 = 𝑉 𝐼 cos 𝜃 (38)

As perdas são dadas de acordo com (39). O cálculo utiliza o valor da


potência de perdas no núcleo (Pn), e da potência de perda no cobre (Pcu),
medidas nos ensaios de curto-circuito e a vazio (KOSOW, 1982).

𝑃 =𝑃 +𝑃 (39)

Sendo que Pn é dada por (40), e é calculada pela multiplicação dos valores
da resistência equivalente do ramo de magnetização (Rc) e da corrente eficaz
que circula pela resistência do ramo de magnetização (Ic).

𝑃 =𝑅 𝐼 (40)
48

Sendo que Pcu é dada por (41), e é calculada com os valores da


resistência equivalente (Req) e da corrente eficaz que circula pela resistência do
secundário (Is).

𝑃 =𝑅 𝐼 (41)

Remanejando e fazendo arranjos matemáticos com (36), (37), (38), (39),


(40) e (41) tem-se (42), que sintetiza o cálculo do rendimento. Assim o
rendimento pontual de um transformador com uma determinada carga pode ser
calculado a partir dos valores medidos no ensaio a vazio, no ensaio de curto-
circuito e no ensaio com esta carga aplicada (KOSOW, 1982).

𝑉𝑆 𝐼𝑆 cos 𝜃
η= (42)
𝑉𝑆 𝐼𝑆 cos 𝜃 + 𝑃𝑛 + 𝑃𝑐𝑢

2.7 CURVA DE RENDIMENTO

A partir de ensaios em laboratório com uma determinada carga, a curva


de rendimento de um transformador pode ser levantada. Essa curva é
determinada variando a porcentagem da carga aplicada em relação a carga
nominal, e também variando o tipo de carga, com diferentes valores de fator de
potência.
Porém essa curva pode ser levantada também somente a partir da análise
dos valores medidos nos ensaios de curto-circuito e a vazio. As medições desses
dois ensaios podem predizer como será o comportamento do rendimento para
outras situações de carga nominal, e outras situações de fator de potência
(KOSOW, 1982).
De acordo com Kosow, um exemplo de um transformador foi analisado
em relação a seu rendimento, para a obtenção da sua curva de rendimento. Nas
próximas páginas este exemplo será ilustrado. Os dados nominais do
transformador desse exemplo em questão são:

 500 kVA
49

 2300 / 208 V
 60 Hz

Em ensaios de curto-circuito e a vazio o transformador em questão


apresentou os seguintes valores medidos (sendo as grandezas V0, I0 e P0
referentes ao ensaio a vazio e Vcc, Icc e Pcc referentes ao ensaio de curto-circuito):

 V0 = 208 V
 I0 = 85 A
 P0 = 1800 W
 Vcc = 95 V
 Icc = 217,5 A
 Pcc = 8200 W

A partir das equações apresentadas, as grandezas foram calculadas:

 RS = 0,173 Ω
 RP = 0,001417 Ω
 Pcu = 5,125 W
 Pc = 1800 W

Para a construção de uma tabela para depois fazer o levantamento da


curva de rendimento, foi considerando que as perdas no núcleo (Pc) não sofrem
alterações quando aplicadas diferentes cargas. E essa grandeza será fixada em
seu valor medido no ensaio a vazio de 1800 W. Já as perdas no cobre (Pcu)
variam de acordo com a carga. Para carga nominal no ensaio de curto-circuito a
Pcc medida foi de 8200 W. Como as perdas no cobre são definidas no ensaio de
curto-circuito logo Pcu = Pcc = 8200 W. Para outras cargas, o valor de Pcu irá variar
de acordo com a proporção da carga aplicada. Para uma carga de 1/4 da nominal
o valor de Pcu considerado para o levantamento da curva será de 512 W (valor
de Pcc multiplicado pelo percentual de carga ao quadrado). E analogamente para
os outros valores de carga.
50

A potência de saída (Pout) para o valor de carga nominal é de 500 kVA.


Logo, para 1/4 da carga nominal, o valor de Pout é de 125 kVA (valor de Pout
multiplicado pelo percentual de carga).
A potência de entrada (Pin) será a soma da potência de saída (Pout) com a
potência das perdas no núcleo (Pc) e potência de perdas no cobre (Pcu).
Dispondo de todas essas informações, foi gerada a Tabela 1. Essa tabela
apresenta os dados de porcentagem de carga nominal, perdas no núcleo (Pc),
perdas no cobre (Pcu), perdas totais (Pc + Pcu), potência de saída (Pout), potência
de entrada (Pin) e o rendimento, para a situação de carga com fator de potência
unitário.

Tabela 1 - Tabulação para fator de potência unitário

Fonte: KOSOW (1982)

A mesma tabela será criada, porém considerando uma carga com fator
de potência 0.8. A potência de saída será adequada para esta condição de
carga. Os valores de potência de saída (Pout) apresentados na Tabela 1, serão
multiplicados pelo valor 0.8 referente a característica da carga.

Tabela 2 - Tabulação para fator de potência 0.8

Fonte: KOSOW (1982)


51

Dessa forma a curva de rendimento para este transformador pode ser


levantada, seguindo os padrões apresentados anteriormente para calcular o
restante das condições de carga e fator de potência.

Figura 22 - Curva de rendimento do transformador segundo o fator de potência da carga

Fonte: KOSOW (1982)

Analisando a curva, nota-se que o rendimento tem valor zero com uma
carga nominal de fração zero (a vazio), para qualquer fator de potência. Pois a
vazio a corrente do secundário (Is) é zero, logo a potência de saída (Pout) é zero,
logo o rendimento é zero.
Para a situação de fator de potência unitário, uma fração muito pequena
de carga já é o suficiente para elevar o rendimento para um valor próximo do seu
máximo. Sendo que em 1/4 de carga é observado um rendimento maior que
97%. Enquanto para a curva com fator de potência de 0.2, menor valor de fator
de potência e menor rendimento entre todas as curvas, observa-se que o seu
máximo de rendimento é de 87%. E que é necessária cerca de metade da carga
nominal para atingir esse rendimento.
Para todas as curvas nessa família de curvas, o seu rendimento máximo
ocorre na mesma situação de fração de carga, em aproximadamente metade da
carga nominal.
52

2.8 REGULAÇÃO DE TENSÃO

A regulação de tensão é uma grandeza utilizada para comparar


transformadores em relação a sua queda de tensão, de uma forma verossímil.
Uma vez que a tensão de saída de um transformador se altera influenciada pela
fração de carga aplicada, enquanto a tensão de entrada continua sempre a
mesma. Logo é necessário utilizar a regulação de tensão para se obter uma
comparação plausível (CHAPMAN, 2013).
A regulação de tensão a plena carga compara a tensão do secundário
medida a vazio VS0 com a tensão do secundário medida a plena carga VSPC. O
seu cálculo pode ser observado em (43).

𝑉 −𝑉
𝑅𝑇 = . 100% (43)
𝑉

Como a regulação de tensão depende da impedância interna de um


transformador, transformadores ideais possuem RT de 0%. Ou seja, em um
transformador ideal não existe variação da tensão variando-se a carga, já que
não existe impedância interna. A tensão no secundário é a razão da tensão do
primário pelo valor da relação de transformação (a). Dessa forma em (44) tem-
se a (43) reescrita, alterando o valor de VS0 por VP/a.

(𝑉 /𝑎) − 𝑉
𝑅𝑇 = . 100% (44)
𝑉
53

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo contempla todos os dados, equipamentos, informações e


medições referentes aos ensaios gerados em laboratório. Os ensaios elaborados
foram: o ensaio de curto-circuito, o ensaio a vazio e o ensaio com cargas
resistivas.
Através dos ensaios de curto-circuito e a vazio os parâmetros dos circuitos
equivalentes dos transformadores foram definidos. Ainda com estes dois
ensaios, foi desenvolvido o levantamento da família de curvas de rendimento
para situações de carga com fator de potência 0.2 até o fator de potência unitário,
para os dois transformadores. Com os dados somente do ensaio a vazio a curva
de magnetização de ambos os transformadores foi elaborada.
Com os ensaios com cargas resistivas o valor pontual do rendimento para
uma dada condição foi calculado. As curvas de rendimento com fator de potência
unitário também foram criadas a partir destes ensaios (de ambos os
transformadores). As regulações de tensão dos transformadores foram medidas
a partir dos ensaios com cargas resistivas.
O laboratório de Máquinas Especiais localizado na sala C-002 da UTFPR
campus Curitiba, foi utilizado para elaborar estes ensaios. Abaixo segue uma
lista de todos os equipamentos utilizados nos ensaios. Todos os equipamentos
são de posse da UTFPR campus Curitiba, incluindo os dois transformadores que
foram doados através deste trabalho. Sendo que a descrição detalhada dos
equipamentos se encontra no Anexo A.

 1 unidade - Transformador monofásico de núcleo toroidal da


marca Toroid Brasil (110V - 220V / 550 VA);
 1 unidade - Transformador monofásico de núcleo quadrado da
marca Toroid Brasil (110V - 220V/550 VA);
 1 unidade - Regulador de tensão (variac) da marca JNG (0V - 250V
/ 5kVA);
 2 unidades - Multímetro digital da marca ICEL (DC/AC);
 1 unidade - Multímetro digital da marca Politerm (DC/AC);
 1 unidade - Multímetro digital RMS da marca Minipa (DC/AC);
54

 2 unidades - Wattímetro digital da marca Politerm (AC);


 1 unidade - Osciloscópio digital da marca Tektronix modelo
TDS1001B;
 1 unidade - Sonda de corrente CA Fluke modelo i1000s;
 7 unidades - Reostato de 100 ohms
 2 unidades - Resistência de 6000 ohms
 2 unidades - Conjunto de lâmpadas incandescentes (120 W / 220V)
 Cabos de conexão do tipo banana e jacaré;
 Fita isolante preta comum.

Antes dos ensaios, foram elaborados testes simples em ambos os


transformadores para garantir a qualidade de seu funcionamento. A Figura 23
mostra o teste feito com o transformador com núcleo quadrado. Neste teste, um
regulador de tensão monofásico (variac), foi alimentado na sua entrada com
tensão de 220 V a partir da rede. Na saída do variac, foi conectado um multímetro
em paralelo para monitorar a tensão. Em seguida foi conectado o enrolamento
de baixa tensão (110 V) do transformador quadrado também na saída do variac.
No enrolamento de alta tensão (220 V) do transformador foi conectado um
segundo multímetro para monitorar a tensão. Um terceiro multímetro foi
conectado em série com a carga resistiva, que neste caso são duas lâmpadas
incandescentes de 40 W cada.

Figura 23 – Circuito simples para testar o transformador quadrado

Fonte: autoria própria (2019)


55

Exatamente o mesmo teste foi montado para o transformador toroidal,


para monitorar tensão e corrente e verificar se o transformador funciona
corretamente. A Figura 24 mostra o teste feito com o transformador com núcleo
toroidal.

Figura 24 – Circuito simples para testar o transformador toroidal

Fonte: autoria própria (2019)

A Figura 25 representa o circuito montado referente ao teste descrito


anteriormente.

Figura 25 – Circuito simples para testar os transformadores

Fonte: autoria própria (2019)

Foi observado, em ambos os testes, que os transformadores estão


funcionando corretamente. Levando em consideração que o variac utilizado
possui uma certa instabilidade no controle da tensão, o objetivo foi manter a
tensão no secundário (enrolamento de alta tensão) o mais próximo possível de
220 V.
56

Mesmo com uma pequena variação nos valores das tensões de ambos
os enrolamentos de ambos os transformadores, e considerando também
pequenos erros de escala, os valores medidos de tensão e corrente
correspondem com os valores nominais dos transformadores. Relembrando que
os valores nominais de ambos os transformadores já mencionados são:

 Potência - 550 VA
 Enrolamento de alta tensão - 220 V / 2,5 A
 Enrolamento de baixa tensão - 110 V / 5 A

3.1 ENSAIOS DE CURTO-CIRCUITO

A partir do circuito do ensaio de curto-circuito, já apresentado no capítulo


de revisão teórica, o ensaio foi desenvolvido com os dois transformadores. A
Figura 26 representa o circuito para o ensaio de curto-circuito.

Figura 26 - Circuito para ensaio de curto-circuito

Fonte: CHAPMAN (2013)

Lembrando que neste ensaio é necessário tomar cuidado, pois uma


pequena tensão no enrolamento que está sendo alimentado pela fonte causa
uma corrente alta no enrolamento que está em curto-circuito. Por esse motivo, o
enrolamento que está sendo alimentado pela fonte deve estar com 0 V de tensão
quando o sistema for energizado, e a tensão deve ser gradativamente
aumentada, até que seja observada a corrente nominal no enrolamento que está
em curto-circuito.
Neste trabalho optou-se por curto-circuitar o enrolamento de baixa tensão.
Dessa forma será necessária uma corrente de 2,5 A no enrolamento de alta
57

tensão, que está conectado na fonte de alimentação. O ensaio de curto-circuito


foi montado para os dois transformadores primeiramente sem o uso do
osciloscópio. A Figura 27 e a Figura 28 representam as montagens.

Figura 27 - Ensaio de curto-circuito do transformador quadrado

Fonte: autoria própria (2019)

Figura 28 - Ensaio de curto-circuito do transformador toroidal

Fonte: autoria própria (2019)

No ensaio de curto-circuito o transformador de núcleo quadrado


apresentou os seguintes valores medidos:

 Vcc - 100,5 V

 Icc - 2,50 A
 Pcc - 51 W

No ensaio de curto-circuito o transformador de núcleo toroidal apresentou


os seguintes valores medidos:

 Vcc - 17,3 V

 Icc - 2,50 A
 Pcc - 39 W
58

Os ensaios de curto-circuito também foram analisados utilizando um


osciloscópio digital. O canal 1 representa a medição de tensão eficaz e o canal
2 representa a medição de corrente eficaz.
De acordo com os ensaios de curto-circuito do transformador toroidal, na
Figura 29 tem-se no lado esquerdo as medições de tensão e de corrente e no
lado direito a medição de potência (os valores dos canais 1 e 2 foram
multiplicados). Os valores medidos neste ensaio com o transformador de núcleo
toroidal foram os destacados abaixo. Considerando que o osciloscópio
apresenta o valor instantâneo médio da potência, atribuindo a unidade VA para
esta. Porém esse valor representa a potência ativa em W.

 Vcc - 19,0 V

 Icc - 2,50 A
 Pcc - 45,9 W

Figura 29 - Formas de onda da tensão, corrente e potência do


transformador toroidal no ensaio de curto-circuito

Fonte: autoria própria (2019)

As medições do ensaio a vazio do transformador toroidal mostradas na


Figura 32 não apresentaram distorções harmônicas. De acordo com os ensaios
de curto-circuito do transformador quadrado, na Figura 30 tem-se no lado
esquerdo as medições de tensão e de corrente e no lado direito a medição de
potência (os valores dos canais 1 e 2 foram multiplicados). Os valores medidos
neste ensaio com o transformador de núcleo quadrado foram os destacados
abaixo. Lembrando que o osciloscópio apresenta o valor instantâneo médio da
59

potência, atribuindo a unidade VA para esta. Porém esse valor representa a


potência ativa em W.

 Vcc - 101,0 V

 Icc - 2,48 A
 Pcc - 67,4 W

Figura 30 - Formas de onda da tensão, corrente e potência do


transformador quadrado no ensaio de curto-circuito

Fonte: autoria própria (2019)

Como este ensaio apresentou uma defasagem grande entre a corrente e


a tensão, a própria defasagem foi analisada na Figura 31.

Figura 31 – Defasagem entre a tensão e a corrente no ensaio de


curto-circuito do transformador quadrado

Fonte: autoria própria (2019)


60

3.2 ENSAIOS A VAZIO

O ensaio a vazio ou de circuito aberto, já apresentado no capítulo de


revisão teórica, tem seu circuito representado pela Figura 32. Este ensaio foi
desenvolvido duas vezes, com cada um dos dois transformadores.

Figura 32 - Circuito para ensaio a vazio ou de circuito aberto

Fonte: CHAPMAN (2013)

Lembrando que neste ensaio não é preciso estar com a tensão no


primário em 0 V, e ir aumentando gradativamente como no ensaio de curto-
circuito. Basta montar as conexões mostradas no circuito da Figura 32 e aplicar
a tensão nominal no enrolamento de baixa tensão. O ensaio de circuito aberto
foi montado para ambos os transformadores primeiramente sem o uso do
osciloscópio. As montagens podem ser observadas pelas Figuras 33 e 34.
No ensaio a vazio o transformador de núcleo quadrado apresentou os
seguintes valores medidos:

 V0 - 110 9V

 I0 - 29,3 mA
 P0 - 3 W

No ensaio a vazio o transformador de núcleo toroidal apresentou os


seguintes valores medidos:

 V0 - 110 V

 I0 - 19,6 mA
 P0 - 2 W
61

Figura 33 - Ensaio de circuito aberto do transformador quadrado

Fonte: autoria própria (2019)

Figura 34 - Ensaio de circuito aberto do transformador toroidal

Fonte: autoria própria (2019)

Nota-se pelos ensaios, que neste trabalho foi definido que o enrolamento
considerado como secundário foi o de alta tensão (220 V) e assim o primário é
o enrolamento de baixa tensão (110 V). Destacando que, como comentado
anteriormente na revisão teórica, ambos os ensaios de curto-circuito e circuito
aberto podem ser feitos considerando como primário o enrolamento de alta
tensão ou o de baixa tensão. Assim o enrolamento que estará em aberto ou em
curto-circuito nos ensaios pode ser qualquer um dos dois enrolamentos. Outro
detalhe a ser destacado é que o wattímetro utilizado possui resolução de 1 W,
sem escala decimal. Por isso os valores de potência ativa medidas estão
arredondados para o próximo valor inteiro.
Os ensaios a vazio também foram analisados utilizando um osciloscópio
digital. O canal 1 representa a medição de tensão eficaz e o canal 2 representa
a medição de corrente eficaz.
De acordo com os ensaios a vazio do transformador toroidal, na Figura 35
tem-se no lado esquerdo a tensão e a corrente analisados para o transformador
de núcleo toroidal e no lado direito a medição de potência (os valores dos canais
1 e 2 foram multiplicados). Os valores medidos neste ensaio com o
62

transformador de núcleo toroidal foram os destacados abaixo. Lembrando que o


osciloscópio apresenta o valor instantâneo médio da potência, atribuindo a
unidade VA para esta. Porém esse valor representa a potência ativa em W.

 V0 - 110 V

 I0 - 16,8 mA
 P0 - 1,71 W

Figura 35 - Formas de onda da tensão, corrente e potência do


transformador toroidal no ensaio a vazio

Fonte: autoria própria (2019)

No domínio da frequência as distorções harmônicas vistas na Figura 36


podem ser melhor analisadas. Esta Figura apresenta três imagens: as distorções
sem o cursor do osciloscópio na tela; as distorções fundamental e de terceira
ordem sendo medidas; as distorções de quinta e sétima ordem sendo medidas.
Figura 36 - Distorções harmônicas do transformador toroidal no ensaio a vazio
63

Fonte: autoria própria (2019)

De acordo com os ensaios a vazio do transformador quadrado, na Figura


37 tem-se no lado esquerdo a tensão e a corrente analisados para o
transformador de núcleo toroidal e no lado direito a medição de potência (os
valores dos canais 1 e 2 foram multiplicados). Os valores medidos neste ensaio
com o transformador de núcleo quadrado foram os destacados abaixo.
Lembrando que o osciloscópio apresenta o valor instantâneo médio da potência,
atribuindo a unidade VA para esta. Porém esse valor representa a potência ativa
em W.
 V0 - 110 V

 I0 - 36,3 mA
 P0 - 3,82 W

Figura 37 - Formas de onda da tensão, corrente e potência do


transformador quadrado no ensaio a vazio

Fonte: autoria própria (2019)


64

No domínio da frequência as distorções harmônicas vistas na Figura 38


/podem ser melhor analisadas. Esta Figura apresenta quatro imagens: as
distorções sem o cursor do osciloscópio na tela; as distorções fundamental e de
segunda ordem sendo medidas; as distorções de terceira e de quarta ordem
sendo medidas; as distorções de quinta e de sexta ordem sendo medidas.

Figura 38 - Distorções harmônicas do transformador quadrado no ensaio a vazio

Fonte: autoria própria (2019)

Ainda a partir dos ensaios a vazio é possível levantar a curva de saturação


dos transformadores relacionando a tensão a vazio (V0) com a corrente de
excitação (Iφ). Esta curva irá possibilitar analisar a saturação do material
ferromagnético. A região de saturação é caracterizada por um pequeno
incremento de tensão promovendo uma variação enorme de corrente.
Para este levantamento, foram medidos os valores de tensão a vazio (V0)
e de corrente a vazio (I0). Como no ensaio a vazio é considerado somente o ramo
de magnetização, logo a corrente a vazio (I0) é igual a corrente de excitação (Iφ).
65

Nos ensaios a tensão no primário foi elevada até 150,3 V em ambos os


transformadores para poder visualizar a região de saturação. Um amperímetro
foi colocado em série no enrolamento primário. Na Tabela 57 observam-se os
valores medidos do transformador toroidal. Na Tabela 59 encontram-se os
valores medidos do transformador quadrado. Posteriormente no item 3.4.4 foram
demonstradas as curvas plotadas com esses dados.

Tabela 32 - Valores de V0 e Iφ a partir do ensaio a vazio do transformador toroidal

Fonte: autoria própria (2019)

Tabela 32 - Valores de V0 e Iφ a partir do ensaio a vazio do transformador quadrado


66

Fonte: autoria própria (2019)

3.3 ENSAIOS COM CARGA RESISTIVA

Os ensaios com cargas totalmente resistivas foram desenvolvidos para


auxiliar em análises e cálculos posteriores. Esses ensaios têm como finalidade:
calcular o rendimento para um valor de carga resistiva fixo através de (42);
levantar as curvas de rendimento para os dois transformadores variando a
proporção da carga resistiva de 0% até 100% em relação a carga nominal;
calcular os valores de regulação de tensão para as quatro condições de cargas
com 25%, 50%, 75% e 100%. Posteriormente, em outro capítulo, as famílias de
curvas do rendimento foram levantadas de outra forma, sem a utilização dos
ensaios com cargas resistivas. Esta análise foi feita em função da proporção da
carga nominal para vários valores de fator de potência, não somente para cargas
resistivas. Essas curvas serão definidas como mostrado na revisão teórica,
utilizando somente os dados medidos nos ensaios a vazio e de curto-circuito.

3.3.1 ENSAIOS DO CÁLCULO DO RENDIMENTO

Para calcular o rendimento pontual dos transformadores, de acordo com


(26), ensaios com uma carga de fator de potência unitário foram elaborados.
67

Com os valores de potência, tensão e corrente medidos neste ensaio, em


conjunto com os dados dos outros ensaios, será possível calcular as perdas e
assim o rendimento e a eficiência dos transformadores.
Três lâmpadas incandescentes de 220 V e de 40 W cada foram
conectadas em paralelo e ligadas no enrolamento de alta tensão. Com o auxílio
de dois wattímetros e dois multímetros, os valores de potência, de tensão e de
corrente foram medidos em ambos os enrolamentos. O enrolamento primário foi
alimentado de forma a gerar 220 V no secundário para então alimentar as cargas
resistivas.
O ensaio foi montado para ambos os transformadores, observados pela
Figura 39 e pela Figura 40.

Figura 39 - Ensaio do transformador quadrado com carga resistiva

Fonte: autoria própria (2019)

Figura 40 - Ensaio do transformador toroidal com carga resistiva

Fonte: autoria própria (2019)

Neste ensaio do transformador quadrado foram medidos os seguintes


valores de tensão, corrente e potência:
68

 VP - 111 V

 IP - 1,10 A
 PP - 124 W
 VS - 220 V

 IS - 0,54 A
 PS - 119 W

Neste ensaio do transformador toroidal foram medidos os seguintes


valores de tensão, corrente e potência:

 VP - 103,9 V

 IP - 1,15 A
 PP - 123 W
 VS - 220 V

 IS - 0,54 A
 PS - 119 W

Logo a resistência equivalente do conjunto de três lâmpadas calculado foi


de 406 Ω. As resistências de lâmpadas incandescentes devem ser calculadas a
partir de medições de tensão e de corrente enquanto ligadas, pois essa carga
resistiva emite muito calor e ao aquecer altera-se o valor de sua resistência.

3.3.2 ENSAIOS DA CURVA DE RENDIMENTO

Utilizando cargas puramente resistivas, como reostatos e lâmpadas


incandescentes, ensaios foram elaborados com os dois transformadores para a
definição da curva de rendimento de ambos. Na Tabela 3 apresentam-se todos
os valores de cargas, a fração que estas cargas representam em relação a carga
nominal, as potências de entrada, as potências de saída e os rendimentos
calculados, de acordo com as equações mostradas na revisão teórica.
69

Tabela 3 - Medições dos ensaios da curva de rendimento

Fonte: autoria própria (2019)

3.3.3 ENSAIOS DA REGULAÇÃO DE TENSÃO

De acordo com a fundamentação teórica, a regulação de tensão é medida


através dos valores de tensão do secundário a vazio e a plena carga. Logo, para
o cálculo da regulação de tensão são necessárias as medições das tensões VP
e VS. Para coletar esses dados, ensaios nos dois transformadores foram
elaborados com cargas resistivas com os valores em relação a carga nominal
de: 25%, 50%, 75% e 100%. Primeiramente foram calculados os valores das
cargas em ohms de modo a respeitar as quatro porcentagens mencionadas.
Para esses cálculos a tensão não muda, sendo fixado o valor de 220 V na carga.
Para a carga nominal a potência é de 550 VA. Logo, a resistência necessária é
de 88 Ω, já que a resistência pode ser calculada pela razão entre o quadrado da
tensão e a potência. Analogamente os valores das cargas de 25%, 50% e 75%
calculados foram de 117 Ω, 176 Ω e 352 Ω, respectivamente.
Os circuitos foram elaborados com as cargas resistivas nos valores
mencionados no secundário e um variador de tensão para alimentar o primário.
Assim aumentou-se a tensão no variador de 0 V até o primário apresentar 110
V. A partir das informações pré-definidas de fração da carga, tensão no primário,
potência no secundário e de carga resistiva, foram monitorados os valores de VS
e Is mostrados pela Tabela 4 para o transformador de núcleo quadrado, e pela
Tabelo 5 para o transformador de núcleo toroidal.
70

Tabela 4 - Medições da regulação de tensão do núcleo quadrado

Fonte: autoria própria (2019)

Tabela 5 - Medições da regulação de tensão do núcleo toroidal

Fonte: autoria própria (2019)

3.4 ANÁLISE ANALÍTICA

De acordo com as medições feitas em laboratório, as potências


dissipadas de ambos os transformadores serão calculadas, ou seja, a potência
das perdas. Com os valores das perdas definidos, serão calculados os
respectivos rendimentos dos dois transformadores.
71

Na Tabela 6 tem-se um resumo das medições mostradas nos itens


anteriores, referente aos ensaios a vazio e de curto-circuito (com e sem o
osciloscópio). Os ensaios com carga resistiva foram tabelados anteriormente.

Tabela 6 - Resumo das medições dos ensaios a vazio e de curto-circuito

Fonte: autoria própria (2019)

3.4.1 Cálculos dos ensaios de curto-circuito

De acordo com os dados da Tabela 6 e a partir (19) os valores de fator de


potência de curto-circuito para os dois transformadores foram calculados:

 FP do transformador toroidal sem o osciloscópio - 0,901734


 FP do transformador toroidal com o osciloscópio - 0,966316
 FP do transformador quadrado sem o osciloscópio - 0,202985
 FP do transformador quadrado com o osciloscópio - 0,269083

3.4.2 Cálculos dos ensaios a vazio

De acordo com os dados da Tabela 6 e a partir (23) os valores de fator de


potência a vazio para os dois transformadores foram calculados:

 FP do transformador toroidal sem o osciloscópio - 0,927644


 FP do transformador toroidal com o osciloscópio - 0,925324
 FP do transformador quadrado sem o osciloscópio - 0,921375
 FP do transformador quadrado com o osciloscópio - 0,955667
72

3.4.3 Determinação dos parâmetros do circuito equivalente

Com os dados vistos no último item e de acordo com as equações


demonstradas na revisão teórica o circuito equivalente de ambos os
transformadores foi desenvolvido. Os resultados dos cálculos estão
apresentados na Tabela e os circuitos equivalente desenhados na Tabela 7.

Tabela 7 - Circuitos Equivalentes dos Transformadores utilizados

Fonte: autoria própria (2019)

Figura 41 - Circuito Equivalente do Transformador Toroidal

Fonte: autoria própria (2019)


73

Figura 42 - Circuito Equivalente do Transformador Quadrado

Fonte: autoria própria (2019)

3.4.4 Levantamento da família de curvas de rendimento

De acordo com a revisão teórica, a partir somente dos dados medidos nos
ensaios a vazio e de curto-circuito, as curvas de rendimento podem ser previstas.
Dessa maneira, as Tabelas 8, 9, 10, 11 e 12 apresentam as tabulações para os
fatores de potência 1.0, 0.8, 0.6, 0.4 e 0.2, respectivamente, de ambos os
transformadores.
As tabelas foram preenchidas de acordo com os ensaios a vazio e de
curto-circuito. Na Tabela 8, por exemplo, as perdas no núcleo Pc não sofrem
alterações quando aplicadas diferentes cargas, essa grandeza será fixada em
seu valor medido no ensaio a vazio para todas as proporções de carga. O valor
de Pcu considerado para carga nominal foi o mesmo medido no ensaio de curto-
circuito Pcc. Para outras cargas, o valor de Pcu irá variar de acordo com a
proporção da carga aplicada. Para uma carga de 1/4 da nominal o valor de Pcu
considerado será o valor de Pcc multiplicado pelo percentual de carga ao
quadrado (neste caso 1/16). E analogamente para os outros valores de carga.
A potência de saída Pout para o valor de carga nominal é a própria potência
nominal dos transformadores, ou seja, 550 VA. Logo, para 1/4 da carga nominal,
o valor de Pout é de 137,5 VA (valor de Pout multiplicado pelo percentual de carga).
74

A potência de entrada Pin será a soma da potência de saída Pout com a


potência das perdas no núcleo Pc e potência de perdas no cobre Pcu.
Dispondo de todas essas informações, foi gerada a Tabela 8. Essa tabela
apresenta os dados de porcentagem de carga nominal, perdas no núcleo (Pc),
perdas no cobre (Pcu), perdas totais (Pc + Pcu), potência de saída (Pout), potência
de entrada (Pin) e o rendimento, para a situação de carga com fator de potência
unitário para os dois transformadores.

Tabela 8 - Tabulação para fator de potência de 1.0

Fonte: autoria própria (2019)

As Tabelas 9, 10, 11 e 12 foram desenvolvidas de forma análoga, porém


alterando-se o valor de Pout de acordo com o fator de potência da carga. Os
valores de potência de saída Pout apresentados na Tabela 8, serão multiplicados
pelo valor 0.8 (referente a característica da carga) para montar a Tabela 9. Dessa
forma os outros valores de fator de potência foram utilizados para compor as
Tabelas 10, 11 e 12.
75

Tabela 9 - Tabulação para fator de potência de 0.8

Fonte: autoria própria (2019)

Tabela 10 - Tabulação para fator de potência de 0.6

Fonte: autoria própria (2019)


76

Tabela 11 - Tabulação para fator de potência de 0.4

Fonte: autoria própria (2019)

Tabela 12 - Tabulação para fator de potência de 0.2

Fonte: autoria própria (2019)


77

A partir das Tabelas 7, 8, 9, 10 e 11 a curva de rendimento para esta


condição de carga com fator unitário foi levantada para ambos os
transformadores. A Figura 43 mostra a família de curvas de rendimento para o
transformador de núcleo quadrado e a Figura 44 a família de curvas de
rendimento para o transformador de núcleo toroidal.

Figura 43 - Família de curvas de rendimento do transformador quadrado

Fonte: autoria própria (2019)

Figura 44 - Família de curvas de rendimento do transformador toroidal

Fonte: autoria própria (2019)


78

3.4.5 Levantamento da curva de saturação

Como mencionado anteriormente, para melhor observar o


comportamento dos transformadores, foi levantada a curva da tensão a vazio
(V0) pela da corrente de excitação (Iφ). Para levantar esta curva, foram medidos
os valores de tensão a vazio (V0) e de corrente a vazio (I0). Como no ensaio a
vazio é considerado somente o ramo de magnetização, logo a corrente a vazio
(I0) é igual a corrente de excitação (Iφ). Esta curva irá possibilitar analisar a
saturação do material ferromagnético. A região de saturação é caracterizada por
um pequeno incremento de tensão, promovendo uma variação enorme de
corrente.
Nos ensaios a tensão no primário foi elevada até 150,3 V em ambos os
transformadores para poder visualizar a região de saturação. Na Figura 45
observa-se a curva de saturação do transformador quadrado, e na Figura 46 a
mesma curva para o transformador toroidal.
Nota-se que o primeiro ponto da curva de saturação do transformador
quadrado possui os valore de 0.1 e 0.9 (de acordo com a Tabela no item 3.2).
Na Figura 46, por uma questão de escala, a impressão errônea é de que o
primeiro ponto possui os valores de 0.0 e 0.9.

Figura 45 - Curva de saturação do transformador quadrado

Fonte: autoria própria (2019)


79

Figura 46 - Curva de saturação do transformador toroidal

Fonte: autoria própria (2019)

Na Figura 47 as curvas de saturação de ambos os transformadores foram


sobrepostas.

Figura 47 - Curvas de saturação dos transformadores sobrepostas

Fonte: autoria própria (2019)


80

3.4.6 Cálculos dos ensaios com carga resistiva

Primeiramente, mantendo um valor fixo de carga resistiva, ensaios foram


elaborados em ambos os transformadores para calcular o valor pontual dos seus
rendimentos com essa carga específica, de acordo com (26). Com as medições
destes ensaios mostradas anteriormente, o cálculo pontual dos rendimentos foi
efetuado.
Posteriormente, considerando valores de cargas resistivas diferentes, foi
levantada a curva de rendimento para ambos os transformadores. Os valores
dessas cargas resistivas variam de 0% até 100% da carga nominal.

3.4.6.1 Cálculos dos rendimentos

De acordo com a fundamentação teórica, através de (42) é possível


calcular o rendimento de um transformador, desconsiderando algumas perdas.
Esse cálculo depende dos valores colhidos em três ensaios: o ensaio a vazio, o
ensaio de curto-circuito e o ensaio com carga (neste trabalho foi escolhida uma
carga resistiva). Assim, os valores dos rendimentos de ambos os
transformadores foram calculados em (45), (46), (47) e (48). Como a carga é
resistiva, o valor do fator de potência para este caso é valor unitário. O
rendimento do transformador quadrado é representado por ηQ, e o rendimento
do transformador toroidal é representado por ηT.

220 . 0,54 . 1
η = = (45)
(220 . 0,54 . 1) + (6050 . 0,02552 ) + (6,24 . 2,5²)

220 . 0,54 . 1
η = = (46)
(220 . 0,54 . 1) + (4033 . 0,038322 ) + (8,16 . 2,5²)

118,8
η = = 73,92 % (47)
118,8 + 3,934 + 39

118,8
η = = 67,61 % (48)
118,8 + 5,922 + 51
81

O transformador de núcleo quadrado apresentou um rendimento de


67,61%. Enquanto o transformador de núcleo toroidal apresentou um rendimento
de 73,92% para esta determinada condição de carga.

3.4.6.2 Levantamento das curvas de rendimento

A partir de ensaios com cargas puramente resistivas, as duas curvas de


rendimento dos dois transformadores foram levantadas de acordo com os dados
medidos no item, mostrados na tabela.

Figura 48 - Curva de rendimento dos transformadores com carga resistiva

Fonte: autoria própria (2019)

3.4.6.3 Cálculos das regulações de tensão

De acordo com o referencial teórico, o cálculo da regulação de tensão


precisa dos valores da tensão no secundário com determinada carga e da tensão
no secundário retirando-se esta carga. Por isso foram feitos ensaios com cargas
resistivas anteriormente.
Dispondo dos valores medidos no item 3.3.3 os valores das regulações
foram calculados para as cargas nominais de 25%, 50%, 75% e 100%. A Figura
49 apresenta os valores de regulação de tensão do transformador toroidal e do
transformador quadrado.
82

Figura 49 - Regulações de tensão dos transformadores

Fonte: autoria própria (2019)

Analisando as curvas de regulação de tensão de ambos os


transformadores nota-se que o transformador de núcleo toroidal apresentou
melhor regulação de tensão, uma vez que quanto maiores os valores de
regulação de tensão pior esta característica do transformador.
83

4 SIMULAÇÕES

4.1 COLETA DE DADOS PARA AS SIMULAÇÕES

Antes da elaboração das simulações, foram revisados todos os dados dos


dois transformadores envolvidos. Dados como dimensões, permeabilidade do
material do núcleo, bitola e característica do material dos enrolamentos e
quantidade de espiras de ambos os enrolamentos.

4.1.1 Dados do transformador de núcleo quadrado

O transformador quadrado de cantos arredondados possui os mesmos


dados técnicos que os outros transformadores, para a comparação ser plausível.
Seguem abaixo os dados técnicos mencionados:

 Primário: 5 A / 110 V
 Secundário: 2,5 A / 220 V
 Potência: 550 V

De acordo com a Toroid Brasil, este transformador possui laminação


muito semelhante a laminação do transformador de núcleo toroidal, mencionada
no início deste capítulo pelo modelo de circuito de toróide do programa FEMM.
A Figura 50 mostra uma foto do transformador de núcleo quadrado de cantos
arredondados. Na Figura 50 também se nota que os enrolamentos deste
transformador estão separados.

Figura 50 - Transformador de núcleo quadrado de cantos arredondados

Fonte: autoria própria (2019)


84

O núcleo deste transformador possui 13 cm de comprimento, 11 cm de


largura, 4,5 cm de profundidade e 2,25 cm de espessura. Este núcleo é feito de
aço-silício, que possui uma permeabilidade de relativa de 4000.

4.1.2 Dados do transformador de núcleo toroidal

O transformador de núcleo toroidal que será utilizado neste trabalho, foi


dimensionado de forma que tenha as mesmas informações técnicas que o
transformador de núcleo quadrado. Este núcleo toroidal é feito de aço-silício, que
possui a permeabilidade relativa de 4000.
Os dados nominais que ambos os transformadores têm em comum,
seguem listados abaixo:

 Primário: 5 A / 110 V
 Secundário: 2,5 A / 220 V
 Potência: 550 V

O transformador de núcleo toroidal, que foi utilizado, possui 268 espiras


no enrolamento primário e 536 no secundário. De acordo com a fabricante Toroid
Brasil, no mesmo transformador toroidal os enrolamentos estão sobrepostos,
como representado na Figura 1.

Figura 51 - Disposição dos enrolamentos do transformador toroidal

Fonte: autoria própria (2019)

Na Figura 52, observa-se o transformador toroidal da Toroid Brasil,


modelo que foi utilizado neste trabalho.
85

Figura 52 - Transformador toroidal

Fonte: TOROID BRASIL (2019)

A Figura 53 representa como são dispostos os itens utilizados na fixação


do transformador de núcleo toroidal. Fixação orientada pelo fornecedor Toroid
Brasil. A fixação do transformador de núcleo toroidal é muito simples, em
comparação a fixação do transformador de núcleo quadrado, e necessita apenas
de um parafuso, ao invés de vários no caso do quadrado.
Essa facilidade é explicada não só pela diferença de tamanho e peso, mas
também pelo design. Outro ponto a favor do uso desse tipo de núcleo.

Figura 53 - Fixação do transformador de núcleo toroidal

Fonte: TOROID BRASIL (2019)

Nota-se pela Figura 53 que são necessários poucos materiais para a


fixação do transformador toroidal. Apenas um parafuso, um disco metálico, um
disco de borracha, uma arruela e uma porca de parafuso.
86

4.2 SIMULAÇÕES DO COMPORTAMENTO DO FLUXO MAGNÉTICO

Neste capítulo serão apresentadas todas as simulações do


comportamento do fluxo magnético no núcleo, utilizando o programa FEMM.
Nessa parte do trabalho também contém informações importantes sobre o
programa FEMM e os métodos utilizados.

4.2.1 SOBRE O PROGRAMA FEMM

O software FEMM, da sigla em inglês Finite Element Method Magnetics,


é um software gratuito que utiliza diversas modelagens através de elementos
finitos para resolver questões magnéticas, eletrostáticas, de fluxo de calor de e
fluxo de corrente.
Criado em 1994, esse software está atualmente na sua versão 4.2,
atualizada por último em fevereiro de 2018. Nas versões iniciais, o programa já
foi chamado de Mirage e Bela. Muito acessível, pode ser facilmente baixado e
utilizado perfeitamente nos sistemas Windows, Linux e Mac. O programa
também não possui tamanho excessivo, apenas 12 MB. As opções desse
software são nas versões de 32 bits ou de 64 bits (FEMM, 2019).
Possui um material de suporte e ajuda ao usuário muito bem executado,
mesmo sendo gratuito. Existem vários tutoriais e exemplos no site oficial. Em
sua área de trabalho em duas dimensões, é possível simular o comportamento
do fluxo magnético sem problemas inúmeras situações em três dimensões.
O software possui duas opções de desenho, sendo elas chamadas pelo
software de planar e axissimétrica. A Figura 50 mostra um exemplo de simulação
de um anel magnético.
É possível utilizar em conjunto outros softwares para facilitar as análises
e projetos. Entre os programas que possuem interface compartilhada com o
FEMM, podem-se destacar: Octave/Matlab, Scilab/Lua, MathFEMM e Python
(FEMM, 2019). Entre os exemplos para auxiliar os usuários, existe um específico
que é muito interessante para este trabalho. O exemplo chamado pelo programa
de Circuit Model of a Tape-Wound Toroid, (Modelo de Circuito de um toróide de
Lâmina Enrolada). Neste exemplo existe até uma dedução de equação para
comprovar que o gap existente neste caso pode ser desconsiderado, por ser tão
87

infinitesimal e não influenciar nas simulações. Na Figura 54, um exemplo


demonstra como adequar este tipo de geometria no plano de duas dimensões
do programa.

Figura 54 - Exemplo modelo de circuito de um toróide

Fonte: FEMM (2019)

Em suma este programa é a perfeita opção para as simulações


magnéticas propostas neste trabalho. Ainda mais considerando que é um
programa gratuito, leve, fácil de utilizar e sem apresentar problemas de
execução. Outra vantagem é que o programa oferece uma visualização das
linhas equipotenciais do fluxo magnético bem detalhada, com diferentes cores e
vetores para especificar valores e sentidos do fluxo.
As simulações que serão mostradas foram feitas utilizando a opção planar
no software. Ou seja, o desenho é feito em duas dimensões, e posteriormente
foi adicionada a dada profundidade. Existe também a opção axissimétrica.
Nesta, o desenho é feito também em duas dimensões e posteriormente é
escolhido um determinado eixo para rotacionar o mesmo. Mas a opção
axissimétrica não é ideal para estas determinadas simulações. Pois nesta opção,
torna-se inviável desenhar de maneira correta o sentido da corrente nos
enrolamentos. Já que o software somente compreende a geometria do desenho
rotacionada em 360 graus, o sentido da corrente não acompanha essa rotação
aos olhos do software.
A solução então para este problema é desenhar na opção planar, e inserir
uma corrente positiva nos lados externos dos enrolamentos (como se
estivessem saindo perpendicularmente à tela do computador), e inserir uma
corrente negativa nos lados internos dos enrolamentos (como se estivessem
entrando perpendicularmente à tela do computador). Desta maneira, observando
o núcleo de frente, o sentido do fluxo magnético gerado será no sentido horário.
88

Os sentidos das correntes e o sentido do fluxo magnético gerado, são explicados


de acordo com a regra da mão direita, vista anteriormente. Na Figura 55 observa-
se como foi inserido no software o sentido das correntes.

Figura 55 – Sentidos das correntes utilizados nas simulações

Fonte: autoria própria (2019)

Para incluir a permeabilidade relativa do material do núcleo no software


foi utilizada a curva de magnetização observada na Figura 56, que representa a
curva de magnetização para o aço-silício 3,1%. Utilizando o software Engauge
Digitizer os pontos desta curva foram coletados para incluí-los no software
FEMM. Na Figura 57 essa curva de magnetização foi analisada no software
Engauge Digitizer.

Figura 56 - Curva de magnetização do aço-silício 3,1%

Fonte: KAKOTY (2014)


89

Figura 57 - Curva de magnetização do aço-silício 3,1% no software Engauge

Fonte: Engauge Digitizer (2019)

4.2.2 Simulação do transformador de núcleo quadrado

A partir dos dados do transformador de núcleo quadrado colhidos


anteriormente, as simulações no software FEMM foram elaboradas. A Figura 58
mostra essa geometria antes da criação da malha, e a Figura 59 mostra depois
da criação da malha. A criação da malha é a divisão da geometria em elementos
finitos de mesma característica eletromagnética

Figura 58 - Simulação do núcleo quadrado antes da criação da malha

Fonte: autoria própria (2019)


90

Figura 59 - Simulação do núcleo quadrado depois da criação da malha

Fonte: autoria própria (2019)

Na Figura 60 tem-se as linhas equipotenciais do fluxo magnético na


simulação do núcleo quadrado.

Figura 60 - Linhas equipotenciais do fluxo magnético na simulação do núcleo quadrado

Fonte: autoria própria (2019)


91

A Figura 61 mostra a escala de cores que representa os valores das


equipotenciais do fluxo magnético. A densidade do fluxo magnético varia de
0,000001121 tesla a 1,741 tesla.

Figura 61 - Equipotenciais do fluxo magnético na


simulação do núcleo quadrado com cantos arredondados

Fonte: FEMM (2019)

A Figura 62 ilustra mais de perto o comportamento do fluxo magnético um


dos cantos do núcleo quadrado.

Figura 62 - Fluxo magnético em um dos cantos na simulação do núcleo quadrado

Fonte: FEMM (2019)


92

Figura 63 - Curva da intensidade do fluxo magnético na largura do núcleo quadrado

Fonte: FEMM (2019)

4.2.3 Simulação do transformador de núcleo toroidal

Ainda utilizando a opção planar no software, o desenho do núcleo toroidal


foi feito em duas dimensões, e posteriormente foi adicionada uma determinada
profundidade.
Os dados referentes a essa simulação foram revisados anteriormente no
início deste capítulo. Nas Figuras 64 e 65, observam-se as simulações, antes da
criação da malha e depois da criação da malha.

Figura 64 – Simulação do núcleo toroidal antes da criação da malha

Fonte: autoria própria (2019)


93

Figura 65 – Simulação do núcleo toroidal depois da criação da malha

Fonte: autoria própria (2019)

Observa-se na Figura 66 o fluxo magnético gerado nesta simulação. Na


simulação dos núcleos quadrados existe uma dispersão observada nos quatro
cantos externos. Enquanto na simulação do núcleo toroidal existem apenas uma
cor, a rosa que no caso representa a maior intensidade de fluxo magnético de
acordo com a Figura 68 (1,732 tesla).

Figura 66 – Fluxo magnético na simulação do núcleo toroidal

Fonte: autoria própria (2019)


94

Figura 67 – Fluxo magnético na simulação do núcleo toroidal

Fonte: autoria própria (2019)

Na Figura 68, observam-se os valores das linhas equipotenciais,


diferenciadas por cores. Mesmo aparecendo somente dois valores de fluxo na
simulação, o software FEMM apresenta a tabela completa com os vinte
intervalos de valores do fluxo magnético, desde o valor mínimo até o valor
máximo.

Figura 68 – Equipotenciais do fluxo magnético na simulação do núcleo toroidal

Fonte: FEMM (2019)


95

Figura 69 - Curva da intensidade do fluxo magnético na largura do núcleo quadrado

Fonte: FEMM (2019)

Nota-se que em todas as partes do núcleo toroidal o valor da densidade


do fluxo magnético é constante. Porém no núcleo quadrado encontram-se
dispersões. No toróide, como não existe gap, logo a dispersão de fluxo
magnético é mínima.
96

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta deste trabalho é comparar a eficiência energética do


transformador monofásico de núcleo quadrado com a eficiência energética do
transformador monofásico de núcleo toroidal. De acordo com as referências
teóricas, o núcleo toroidal é mais eficiente, menor, emite menor ruído, emite
menor interferência eletromagnética e por consequência é menos agressivo ao
meio ambiente.
De acordo com o referencial teórico aqui apresentado, o transformador de
núcleo toroidal possui menores perdas quando comparado com o transformador
de núcleo quadrado. As principais e mais relevantes causas que influenciam
diretamente nas perdas de um transformador são o material do núcleo, o tipo de
laminação do núcleo, a geometria do núcleo, os gaps de ar e os enrolamentos.
Nos transformadores utilizados nesta comparação, o material do núcleo e
a laminação são exatamente iguais. E ambos não possuem gaps de ar como os
modelos U/I e E/I apresentados. O que diferencia os dois transformadores
utilizados neste trabalho é a geometria do núcleo e a disposição dos
enrolamentos. Na Figura 70 tem-se os dois transformadores utilizados neste
trabalho.

Figura 70 - Transformadores utilizados neste trabalho

Fonte: autoria própria (2019)

Como mostra o referencial teórico, o fato de os enrolamentos do


transformador de núcleo quadrado serem separados causa uma dispersão maior
de fluxo magnético, quando comparado a transformadores com os enrolamentos
97

sobrepostos. Essa afirmação sobre a posição dos enrolamentos veio a se


confirmar na parte dos ensaios e cálculos. Primeiramente os ensaios de curto-
circuito dos dois transformadores foram realizados. Lembrando que no ensaio
de curto-circuito o ramo de magnetização é desconsiderado, e as perdas do
cobre são calculadas a partir das medições desse ensaio. As medições da
potência Pcc foram de 51 W para o transformador de núcleo quadrado e de 39 W
para o transformador de núcleo toroidal. Essa diferença de 12 W já mostra de
forma indireta que o núcleo toroidal é mais eficiente. Ou seja, como o material
dos enrolamentos é o mesmo (espessura do fio e material do fio), o fato da
potência Pcc ser maior no transformador de núcleo quadrado mostra que este
apresenta maiores perdas no cobre, devido aos enrolamentos serem separados.
De acordo ainda com o referencial teórico, a geometria toroidal também
melhora a eficiência. Esse fato é dado devido a circulação do fluxo magnético
ser melhor desenvolvida em curvas suaves, como em um toróide. O contrário da
geometria quadrada, que neste trabalho apresenta curvas mais bruscas. Essas
curvas mais bruscas não favorecem a circulação do fluxo magnético.
Ainda comentando sobre a mesma questão da geometria do núcleo, os
ensaios a vazio também confirmam que a geometria toroidal é mais eficiente.
Uma vez que o ensaio a vazio trata de medir as perdas do núcleo. A potência P0
medida do transformador de núcleo toroidal foi de 2 W, enquanto a potência P0
medida do transformador de núcleo toroidal foi de 3 W. Logo o transformador
toroidal é mais eficiente quanto a geometria.
Nota-se também que nos ensaios com carga que a tensão necessária no
primário do transformador toroidal para atingir 220 V no secundário é de 103,9
V. Enquanto no transformador de núcleo quadrado é de 111 V. Ou seja,
considerando que os transformadores estão funcionando normalmente como
mostraram os testes do início do capítulo três, é visualizada assim uma diferença
na regulação da tensão dos transformadores. Ou seja, o transformador toroidal
necessita de uma menor tensão no primário para atingir 220 V no secundário,
utilizando uma carga totalmente resistiva.
No cálculo do rendimento pontual através das equações previstas na
revisão teórica, e com os valores medidos nos ensaios deste trabalho, o
transformador de núcleo quadrado apresentou um rendimento de 67,61%.
98

Enquanto o transformador de núcleo toroidal apresentou um rendimento de


73,92%.
Após os ensaios, cálculos e simulações, é possível confirmar que
realmente a geometria do núcleo toroidal é mais eficiente do que a geometria
quadrada, assim como os enrolamentos dispostos separadamente causam
maiores perdas do que os enrolamentos dispostos um sobre o outro
(sobrepostos). Fatos estes que já haviam sido previstos no referencial teórico, e
que foram confirmados nos ensaios, cálculos e simulações.
Como sugestão a novos desenvolvimentos desse tema, tem-se o fato da
construção de transformadores de núcleo toroidais ser menos viável e mais cara.
A possibilidade de alternativas e novas tecnologias para aproveitar essa
geometria toroidal mais eficiente para circuitos maiores. Atualmente o
transformador de núcleo toroidal é usado basicamente em circuitos eletrônicos,
ou seja, de pequeno porte. Como comentado neste trabalho, quando existente
em um circuito, seja ele de qualquer porte, o transformador é o maior
equipamento neste circuito. Assim diminuindo o tamanho do transformador o
circuito em si irá diminuir consideravelmente, trazendo inúmeras vantagens
financeiras e ambientais.
99

REFERÊNCIAS

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TOROID BRASIL Transformadores Superiores. Transformadores de Tensão.


https://www.toroid.com.br/novo/transformadores-de-tensao/. Acesso em: 15 jul.
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Urbana Champaign, Illinois 2015.

ZWASS, Sam. Indutores Toroidais. Revista Antenna, Rio de Janeiro, v. 70. 1973.
p.289.
103

ANEXO A - EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

Os ensaios foram elaborados no laboratório de Máquinas Especiais da


UTFPR campus Curitiba, localizado na sala C-002.

Laboratório de Máquinas Especiais da UTFPR

Fonte: autoria própria (2019)

Abaixo segue uma lista de todos os equipamentos utilizados nos ensaios.


Todos os equipamentos são de posse da UTFPR campus Curitiba, com exceção
dos dois transformadores. Sendo que um transformador foi adquirido, e o outro
foi doado pela fabricante de ambos, a empresa Toroid Brasil.

 1 unidade - Transformador monofásico de núcleo toroidal


da marca Toroid Brasil (110V - 220V / 550 VA);
 1 unidade - Transformador monofásico de núcleo
quadrado da marca Toroid Brasil (110V - 220V/550 VA);
 1 unidade - Regulador de tensão (variac) da marca JNG
(0V - 250V/5KVA);
 2 unidades - Multímetro digital da marca ICEL (DC/AC);
 1 unidade - Multímetro digital da marca Politerm (DC/AC);
 1 unidade - Wattímetro digital da marca Politerm (AC);
 Cabos de conexão do tipo banana e jacaré;
 Fita isolante preta da marca Tigre.
104

A partir desta lista, cada um dos oito equipamentos descritos será


comentado e analisado. Principalmente em relação a erro de escalas e precisão.
Com exceção somente dos dois transformadores, pois a sua análise está no
capítulo 4.
O regulador de tensão monofásico, também chamado de variac, utilizado
nos ensaios é da marca JNG, modelo TDGC2 – 5 e pertencente a UTFPR. O
código de patrimônio deste equipamento é 602810. Os dados técnicos
encontram-se na lista:

 Potência nominal: 5 KVA


 Frequência: 50/60 Hz
 Tensão de entrada: 220Vca ± 10%
 Tensão de saída: 0-250Vca ± 10%
 Corrente de saída nominal: 20 A
 Temperatura Ambiente: - 5°C ~ +40°C
 Dimensões: 235 x 300 x 255 mm
 Peso aproximado: 16 kg

Diagrama elétrico do variac modelo TDGC2-5 DA JNG

Fonte: JNG (2019)

Variac modelo TDGC2-5 DA JNG

Fonte: autoria própria (2019)


105

Dois dos três multímetros digitais utilizados nos ensaios são da marca
ICEL e modelo MD6110. Este multímetro digital possui dimensões de 190 x 95 x
40 mm, e peso de 420g (incluindo a bateria). Suas funções de medição são:

 tensão contínua e alternada;


 corrente contínua e alternada;
 resistência;
 capacitância;
 temperatura;
 frequência;
 memória (HOLD);
 teste de continuidade;
 transistores;
 identificação de fase e diodos.

Dados de escala de tensão alternada do multímetro MD6110

Fonte: ICEL (2019)


Dados de escala de corrente alternada do multímetro MD6110

Fonte: ICEL (2019)


106

Os dois multímetros da marca ICEL do modelo MD6110 utilizados


possuem os códigos de patrimônio 54998 e 54991.

Multímetro digital modelo MD6110

Fonte: autoria própria (2019)

O outro modelo de multímetro digital utilizado nos ensaios foi o modelo


V9808+ da marca Politerm, com código de patrimônio da UTFPR 54606. Possui
dimensões de 190 x 88.5 x 27.5 mm, e peso de 320g (incluindo a bateria). As
funções relacionadas as medições desse multímetro são as seguintes:

 tensão contínua e alternada;


 corrente contínua e alternada;
 resistência;
 indutância;
 capacitância;
 temperatura;
 frequência;
 memória (HOLD);
 teste de continuidade;
 transistores;
 identificação de fase e diodos.
107

Dados de escala de corrente alternada do multímetro V9808+

Fonte: Politerm (2019)

Dados de escala de tensão alternada do multímetro V9808+

Fonte: Politerm (2019)

Multímetro digital modelo VC9808+

Fonte: autoria própria (2019)

O wattímetro digital utilizado nos ensaios é do modelo POL-64 da marca


Politerm. O código de patrimônio da UTFPR do wattímetro utilizado é 597236.
Possui dimensões de 190 x 88 x 40 mm, e peso de 398g (incluindo a bateria).
As funções de medição deste wattímetro são:

 tensão alternada;
 corrente alternada;
108

 potência ativa;
 fator de potência;
 memória (HOLD).

Escalas do wattímetro digital modelo POL-64

Fonte: Politerm (2019)

Wattímetro digital modelo POL-64

Fonte: autoria própria (2019)

De acordo com o datasheet do wattímetro digital modelo POL-64 da


Politerm, este equipamento possui resolução de 1 W. Ou seja, não existe
visualização de medições decimais de potência ativa, os valores mostrados em
seu display são somente números inteiros.

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