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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELÉTRICA


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ALEXANDER CRISTIAN FERREIRA

TRANSFORMADOR MONOFÁSICO DE NÚCLEO C

ANÁLISE E CONSTRUÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PATO BRANCO
2021
ALEXANDER CRISTIAN FERREIRA

TRANSFORMADOR MONOFÁSICO DE NÚCLEO C


ANÁLISE E CONSTRUÇÃO

Single-phase C-core Transformer: Analysis and Construction

Relatório final de graduação, apresentado


à disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso 2, do Curso de Engenharia Elétrica
do Departamento Acadêmico de Elétrica –
DAELE – da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná – UTFPR, Campus
Pato Branco, como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.

Orientadora: Prof. Dra. Filomena Barbosa


Rodrigues Mendes

PATO BRANCO
2021
TERMO DE APROVAÇÃO

O trabalho de Conclusão de Curso intitulado Transformador Monofásico


de Núcleo C: Análise e Construção, do aluno Alexander Cristian Ferreira foi
considerado APROVADO de acordo com a ata da banca examinadora N° 280 de
2021.

Fizeram parte da banca os professores:

Profª. Dra. Filomena Barbosa Rodrigues Mendes

Prof. Me. Artur Tsuguiyoshi Hara

Prof. Me. Jose Paulo De Barros Neto

A Ata de Defesa assinada encontra-se na Coordenação do Curso de


Engenharia Elétrica
DEDICATÓRIA

À Otávio Correia Rossi,


À Guilherme Antônio Gallina
Aos meus pais, amigos e toda minha família.
AGRADECIMENTOS

Começo agradecendo a todos que fizeram parte da jornada até aqui, todos
os colegas e amigos que fiz durante a realização do curso, que estiveram ao meu lado
em todos os momentos.
Agradecimento especial a minha professora orientadora que me auxiliou na
confecção desse trabalho e me passou ensinamentos para toda a vida, obrigado
Profa. Dra. Filomena.
Agradeço a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em especial ao
Campus Pato Branco e a todos os professores que fizeram parte desta jornada e
contribuíram com seu conhecimento e me guiaram até esse momento.
Uma memória a Otavio Rossi e Guilherme Gallina estimados amigos que
fizeram grande parte dessa caminhada e que infelizmente teve que ser interrompida
por um acidente.
Aos meus pais Cristiano e Zenilda, que mesmo sem todo recurso se
propuseram a me incentivar e me manter durante a trajetória do curso.
EPÍGRAFE

“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que
o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas não sou o
que era antes”.

Marthin Luther King


RESUMO

FERREIRA, Alexander C. Transformador Monofásico de Núcleo C: Análise e


Construção. 2021. 56 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de Engenharia
Elétrica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2021.

Este trabalho de conclusão de curso apresenta um projeto, modelagem,


implementação prática e análises a cerca de um transformador monofásico de núcleo
C. A princípio foi realizado um estudo acerca do histórico de transformadores, teorias
sobre eletromagnetismo que regem o funcionamento do transformador monofásico de
núcleo C, seus aspectos construtivos, modelagens e algoritmo de projeto. Após essa
análise teórica foi implementado o algoritmo em linguagem “C” de programação onde
se pode obter os parâmetros construtivos do transformador, bem como as dimensões
do núcleo, número de espiras por enrolamento, bitoladas dos fios de cobre, sendo
esses obtidos através de parâmetros previamente estabelecidos. Sendo assim
definidos os parâmetros, foi iniciada a etapa de compra de materiais, implementação
e testes com fim de comparação entre os resultados práticos e os teóricos, a fim de
validar o projeto. E por fim uma conclusão acerca dos estudos.

Palavras-chave: Eletromagnetismo. Transformador Monofásico. Núcleo C. Chapas


Aço Silício.
ABSTRACT

FERREIRA, Alexander C. Single-phase C-core Transformer: Analysis and


Construction. 2021. 56 f. Course Conclusion Paper - Electrical Engineering Course,
Federal Technological University of Paraná. Pato Branco, 2021.

This course conclusion paper presents a project, modeling, implementation and


practice around a single-phase C-core transformer. A principle was made about the
history of transformers, theories on electromagnetism that govern the operation of the
single-phase transformer C, its constructive aspects, modeling and design algorithm.
After this theoretical analysis, the programming language “C” algorithm was
implemented, where the constructive parameters of the transformer can be obtained,
as well as the dimensions of the core, number of turns per winding, copper wire
gauges, these being through adjusted parameters. Once the parameters were defined,
the material purchase stage, practical implementation and tests were designed in order
to compare the practical and theoretical results, in order to validate the project. And
finally, a conclusion about the studies.

Keywords: Electromagnetism. Single-phase transformer. Core C. Silicon Steel


Sheets.
LISTA DE FIGURAS

Figuras 1 (a) e 1(b): Esquematização do núcleo envolvido e núcleo envolvente. ................................ 14


Figura 2 - Enrolamentos acoplados magneticamente por um núcleo ferromagnético. ....................... 15
Figuras 3(a) e 3(b): Enrolamentos concêntrico e alternado. ................................................................ 16
Figura 4: Construção de núcleo C com fita de material ferromagnético. ............................................. 17
Figura 5: Duas partes do núcleo C cortado. .......................................................................................... 17
Figura 6: Enfivelamento do núcleo C. ................................................................................................... 18
Figura 7: Circuito do Transformador ideal. ........................................................................................... 19
Figura 8: Descrição das dimensões do núcleo C. .................................................................................. 21
Figura 9: Circuito Equivalente T com secundário em curto-circuito. .................................................... 28
Figura 10: Circuito Equivalente L, com impedâncias deslocadas. ......................................................... 29
Figura 11: Circuito equivalente com enrolamento secundário em aberto. .......................................... 30
Figura 12: Circuito equivalente com o secundário referido ao primário. ............................................. 30
Figura 13: Núcleo comercial tipo C para transformador....................................................................... 34
Figura 14: Duas partes do Núcleo C cortado. ........................................................................................ 35
Figura 15: Carretel feito de papelão isolante em posição vertical. ...................................................... 36
Figura 16: Carretel em posição horizontal. ........................................................................................... 37
Figura 17: Dimensões do Carretel. ........................................................................................................ 37
Figura 18: Bobinadeira industrial. ......................................................................................................... 38
Figura 19: Carretel com enrolamento primário pronto. ....................................................................... 39
Figura 20 (a): Enrolamento secundário sem o papel isolante............................................................... 40
Figura 21: Fita com identificação dos enrolamentos. ........................................................................... 40
Figura 22: Enrolamentos prontos para acoplamento. .......................................................................... 41
Figura 23: Duas partes do núcleo C, presas com fita metálica. ............................................................ 42
Figura 24: Resultado Final do Protótipo de transformador monofásico de núcleo C........................... 42
Figura 25: Ensaio de Resistência de Isolamento. .................................................................................. 45
Figura 26: Ensaio de Indução do transformador. .................................................................................. 46
Figura 27: Esquema de ligação do ensaio com carga. ........................................................................... 47
Figura 28: Aplicação prática do ensaio com carga. ............................................................................... 47
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Especificações do protótipo do transformador. .................................................................... 32


Tabela 2: Parâmetros construtivos do transformador fornecidos por algoritmo................................. 33
Tabela 3: Dimensões reais do núcleo .................................................................................................... 35
Tabela 4: Custos para confecção do protótipo. .................................................................................... 43
Tabela 5: Resultados fornecidos por algoritmo para parâmetros do transformador........................... 43
Tabela 6: Teste de Continuidade........................................................................................................... 44
Tabela 7: Dados do teste de resistência de isolamento........................................................................ 44
Tabela 8: Comparativo de regulação de tensão.................................................................................... 49
Tabela 9: Comparativo de rendimento. ................................................................................................ 49
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 10

1.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 11

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................. 11

1.3 ESTRUTURA GERAL................................................................................... 12

2. TRANSFORMADORES ................................................................................ 12

2.1 ASPECTOS CONSTRUTIVOS ..................................................................... 13

2.2 NÚCLEO ....................................................................................................... 13

2.3 ENROLAMENTOS........................................................................................ 14

2.4 TRANSFORMADOR MONOFÁSICO DE NÚCLEO C .................................. 16

2.5 FUNCIONAMENTO ...................................................................................... 18

2.6 DIMENSIONAMENTO DO PROTÓTIPO ...................................................... 20

2.6.1 DIMENSÕES DO NÚCLEO C ...................................................................... 20

2.6.2 DIMENSÕES DOS ENROLAMENTOS ........................................................ 22

2.6.3 DIMENSIONAMENTO DA JANELA DO NÚCLEO ....................................... 23

2.7 PERDAS ....................................................................................................... 24

2.7.1 PERDAS NO COBRE ................................................................................... 24

2.7.2 PERDAS NO FERRO (NÚCLEO) ................................................................. 25

2.8 QUANTIDADE DE MATERIAL CONSTRUTIVO .......................................... 27

2.9 ENSAIOS...................................................................................................... 28

2.9.1 ENSAIO DE CURTO – CIRCUITO ............................................................... 28

2.9.2 ENSAIO DE CIRCUITO ABERTO (À VAZIO) ............................................... 29

3. DESENVOLVIMENTO .................................................................................. 31

3.1 PROJETO INICIAL DO TRANSFORMADOR MONOFÁSICO DE NUCLEO C


31

3.2 MONTAGEM DO PROTÓTIPO .................................................................... 34

3.2.1 NÚCLEO ....................................................................................................... 34


3.2.2 CARRETEL .................................................................................................. 36

3.2.3 ENROLAMENTOS........................................................................................ 38

3.2.4 RESULTADO FINAL..................................................................................... 41

3.2.5 CUSTOS ....................................................................................................... 43

4. RESULTADOS APRESENTADOS ............................................................... 43

4.1 RESULTADOS DOS ALGORÍTMOS ............................................................ 43

4.2 ENSAIO DE CONTINUIDADE ...................................................................... 44

4.3 ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO ........................................... 44

4.4 TESTE DE INDUÇÃO................................................................................... 45

4.5 ENSAIO COM CARGA ................................................................................. 46

4.6 REGULAÇÃO DE TENSÃO E RENDIMENTO ............................................. 48

5. CONCLUSÃO ............................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52

APÊNDICE A – ALGORITMO COMPUTACIONAL ................................................... 53


10

1. INTRODUÇÃO

Com o advento da necessidade constante de energia elétrica, teve-se a


ideia de construir usinas geradoras de energia elétrica afastadas dos grandes centros
urbanos, pois tais usinas geralmente ocupam grandes áreas territoriais para entregar
grandes potências de energia, com isso se tem a necessidade de transmitir e
transportar essa energia até esses centros (MARTIGNONI,1991).
O primeiro sistema de transmissão foi criado por Thomas A. Edison para
fornecer energia a lâmpadas incandescentes, porém seu sistema era baseado em
corrente contínua, desde a geração até a transmissão. Porém tal sistema operava
com baixa tensão e necessitava de correntes muito elevadas para fornecer uma
quantidade considerável de potência energética, o que gerava quedas de tensão e
perdas muito elevadas na linha de transmissão (CHAPMAN, 2013). Na mesma época
Nikola Tesla criou o projeto de geração e transmissão de energia baseado no sistema
de corrente alternada, que eliminou todas as restrições do sistema até então vigente
(BIM,2012).
Para poder transmitir a energia de forma segura para as pessoas e
operadores da rede, tem-se a necessidade de diminuir os efeitos de campo
produzidos por correntes elétricas elevadas, sendo assim a linha deve operar com um
nível de tensão elevado que possibilita que essas correntes sejam minimizadas, para
isso foram criados os primeiros transformadores (FITZGERALD,2014).
O primeiro transformador prático foi construído por William Stankey em
1885 e tinha um núcleo constituído de chapas individuais de metal (CHAPMAN,2013).
Desde então os transformadores passaram a ser uma peça essencial do sistema
energético, muito por sua simplicidade e robustez construtiva o que fornece alto grau
de confiabilidade, nas mais diversas funcionalidades e aplicações tanto na distribuição
de energia, sistema de controle, eletrônica de potência e mais (FITZGERALD, 2014).
A principal finalidade de um transformador é a de converter uma potência
elétrica alternada, que está em um nível tensão e de frequência, em uma potência de
mesma frequência em outro nível de tensão, ou seja, transformam uma tensão em
outra (CHAPMAN, 2013). Por consequência os transformadores também convertem
níveis de corrente (BIM,2012).
11

Nos sistemas de potência, além das aplicações comuns, há várias outras


formas de se utilizar o transformador, o que o tornou um dos mais importantes
componentes do sistema, sendo usados como dispositivos auxiliares para sistemas
de medição de dados da linha, sendo eles transformadores de potência e
transformadores de corrente, responsáveis por baixar a tensão aos níveis de medição
(CHAPMAN,2013).

1.1 OBJETIVO GERAL

O principal objetivo deste trabalho é adquirir conhecimento sobre


transformadores, em principal o de núcleo tipo C, sendo que para isso será feita uma
análise, cálculos, construção e testes desse tipo de transformador.

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

• Estudo da teoria de transformadores monofásicos;


• Escrita do algoritmo de projeto e cálculo do transformador
monofásico tipo C;
• Aquisição de material para confecção do núcleo e seus
enrolamentos;
• Montagem;
• Realização de testes
• Realização de medições
• Conclusões acerca do projeto.
12

1.3 ESTRUTURA GERAL

• Primeiro Capítulo: é apresentada uma introdução acerca dos estudos sobre


transformadores, temas como a história, os aspectos construtivos e motivações
para a criação desse equipamento e os principais objetivos a serem atingidos
nesse trabalho.
• Segundo Capítulo: é aprofundada a narrativa histórica sobre transformadores e
apresentada uma breve teoria sobre o funcionamento e construção do
transformador de núcleo C. Logo após é feita uma explicação mais a fundo de
como é construído um transformador, suas partes constituintes, dimensionamento
de um transformador de núcleo C especificando as perdas que envolvem o
processo, rendimento, regulação de tensão e circuito equivalente.
• Terceiro Capítulo: São detalhados os parâmetros construtivos do núcleo obtidos
através do algoritmo computacional, bem como o detalhamento da construção
física do protótipo até o acabamento final e funcionamento do mesmo.
• Quarto Capítulo: é feita uma análise da robustez do protótipo, feitas através de
simulações, além de testes e ensaios práticos afim de constatar que o
funcionamento do mesmo está de acordo com o que foi proposto inicialmente.
• Quinto Capítulo: Segue uma conclusão acerca dos resultados obtidos e uma
análise geral do trabalho.

2. TRANSFORMADORES

A essência do funcionamento de um transformador requer apenas que haja


um fluxo comum, varável no tempo, enlaçando dois enrolamentos (FITZGERALD, pag
13

69, 2014). Este capítulo apresenta um estudo sobre os principais aspectos de um


transformador em geral, o que o caracteriza e os seus principais aspectos
construtivos.

2.1 ASPECTOS CONSTRUTIVOS

O transformador é constituído por um núcleo que acopla dois ou mais


enrolamentos, sendo estes envolvidos ou envolventes ao núcleo, sendo que as
bobinas não estão eletricamente conectadas entre si, sendo que a única conexão
entre as bobinas se dá por meio do fluxo magnético que ocorre no núcleo. Sendo um
desses enrolamentos o primário e o outro chamado de secundário.

2.2 NÚCLEO

O núcleo do transformador é um conjunto de chapas de material ferro


magnético empilhadas uma sobre a outra e cortadas no formato desejado para o
núcleo. Este núcleo deverá ter elevada permeabilidade magnética e por isso seus
entreferros devem ser reduzidos ao máximo (MARTIGNONI,1991). Com objetivo de
diminuir as perdas do ferro, o núcleo é montado a partir de lâminas de espessura fina
e o material utilizado deve apresentar laços de histerese estreitos e com uma
porcentagem de silício maior que 4%. (BIM, pág. 67, 2012). Esse núcleo também deve
conter colunas onde são montados os enrolamentos (MORA,2003).
Além disso o núcleo pode ser classificado de acordo com o arranjo das
bobinas, sendo dois tipos:
Núcleo Envolvente: Consiste num bloco retangular laminado de aço com os
enrolamentos do transformador envolvendo dois lados do retângulo, conforme
a figura 1(b).
Núcleo envolvido: consiste num núcleo laminado de três pernas com os
enrolamentos envolvendo a perna central, conforme a figura 1(a).
Em um transformador real, os enrolamentos primário e secundário
envolvem um ao outro, sendo o enrolamento de baixa tensão o mais interno. Esse tipo
14

de disposição se deve pois resolve o problema de isolar o enrolamento de alta tensão,


além de ter menor dispersão do fluxo, conforme a Figura 1(b). (CHAPMAN,2013).

Figuras 1 (a) e 1(b): Esquematização do núcleo.


Fonte: FITZGERALD, 2014

2.3 ENROLAMENTOS

Os Enrolamentos constituem os circuitos elétricos do transformador, eles


são feitos de condutores de cobre ou alumínio com formato cilíndrico (fios de cobre
ou alumínio), esses condutores são cobertos por uma capa isolante, essa cobertura é
feita com verniz em transformadores de pequeno porte, em caso de grandes
transformadores essa isolação é feita com fibras de algodão ou fitas de papel isolante
(MORA,2003).
O fluxo magnético é gerado quando uma fonte de tensão é conectada em
um dos enrolamentos, chamado de primário, esse fluxo depende da frequência e do
número de espiras do enrolamento, ele estabelece um enlace com o outro
enrolamento, chamado de secundário, induzindo uma tensão que depende do número
de espiras do secundário, conforme Figura 2 (FITZGERALD,2014).”
Os enrolamentos primário e secundário, também são chamados de
enrolamentos de “Alta tensão” e “Baixa tensão” de modo a ter melhor compreensão
em determinadas aplicações (CHAPMAN,2013).
15

Figura 2 - Enrolamentos acoplados magneticamente por um núcleo ferromagnético.


Fonte: BIM ,2012

- i1: corrente entrante da bobina primária;


- i2: corrente saindo da bobina secundária;


- m(t): fluxo magnético variável no tempo;

- N1 e N2: número de espiras nos enrolamentos primário e secundário;

A disposição dos enrolamentos de alta e baixa tensão no núcleo pode ser


feita de forma concêntrica ou alternada.
Nos enrolamentos concêntricos, as bobinas tem o formato de cilindros
coaxiais (Figura 3 (a)), onde primeiro se faz o enrolamento de baixa tensão (B.T),
depois é passada uma camada de papel isolante e posteriormente é feito o
enrolamento de alta tensão (A.T). (MORA,2003)
Já nos enrolamentos alternados (Figura 3(b)), as bobinas são subdividas em
seções onde os enrolamentos de A.T e de B.T se alternam sucessivamente, nesse caso
para diminuir o fluxo de dispersão, é usada meia bobina em cada extremidade, sendo
que por motivo de isolação essas bobinas devem pertencer ao enrolamento de baixa
tensão. (MORA,2003)
16

Figuras 3(a) e 3(b): Enrolamentos concêntrico e alternado.


Fonte: Adaptado de (MORA,2003)

2.4 TRANSFORMADOR MONOFÁSICO DE NÚCLEO C

Um transformador é considerado de tipo C quando o seu núcleo tem o formato


dessa letra, porém ao contrário de outros arranjos de núcleos de transformador, ele
não é tão comumente utilizado, tendo sua aplicação voltada para usos específicos
como controle de volume em equipamentos de áudio, entre outros equipamentos
eletrônicos. Sua aplicação se dá quando é necessária uma baixa indutância e alta
eficiência. O núcleo C possui como principal vantagem frente as outras formas
construtivas de núcleo o seu tamanho, volume e peso menor, alta relação preço
desempenho, além de ter menor fluxo magnético disperso por conta de suas bordas
arredondadas e por ser feito inteiramente com material ferromagnético. Uma
desvantagem é que industrialmente tem uma menor flexibilidade no ajuste do tamanho
do núcleo, o que deixa seu preço de fabricação maior do que os tradicionais.
Esse tipo de núcleo geralmente é enrolado em fita e é construído em volta de
um mandril, que é um molde em forma retangular, como pode ser visto na figura 4.
Esse tipo de construção fornece a máxima utilização do fluxo magnético com o mínimo
uso de força de magnetização. (COLONEL,2004).
17

Figura 4: Construção de núcleo C com fita de material ferromagnético.


Fonte: Adaptado de COLONEL,2004.

Outra configuração utilizada, além da fita enrolada em mandril, é a cortada em


duas partes, porém para que não haja entreferro, que impede o fluxo, deve-se lapidar
a superfície do corte para que ela fique plana e depois passar ácido para que fique
mais lisa possível, como pode ser observado na figura 5. Nesse tipo de arranjo é
necessário que tenha uma fivela de material não magnético para manter o núcleo
preso e bem apertado, porém isso tem uma desvantagem que é a dificuldade de se
apertar a fivela de forma correta, conforme figura 6. (COLONEL,2004).

Figura 5: Duas partes do núcleo C cortado.


Fonte: Adaptado de COLONEL,2004
18

Figura 6: Enfivelamento do núcleo C.


Fonte: Adaptado de COLONEL,2004.

2.5 FUNCIONAMENTO

O princípio básico do funcionamento de um transformador se dá por um


campo magnético variável no tempo que induzirá uma tensão em uma bobina se esse
campo passar através dessa bobina. Esse efeito é denominado lei de Faraday
(CHAPMAN,2013). Na forma de equação, temos:

𝑑∅
𝑒𝑖𝑛𝑑 = −𝑁 (1)
𝑑𝑡

Onde 𝑒𝑖𝑛𝑑 é a tensão induzida em uma bobina e ∅ é fluxo que passa através
dessa bobina, se essa mesma bobina tiver um número N de espiras, basta multiplicar
a tensão que é induzida em uma espira pelo número total de espiras. O sinal de
negativo na equação se dá pela Lei de Lenz. Onde a tensão induzida se opõe a
variação de fluxo que a cria, por isso a inclusão do sinal negativo.
Como pode existir um número N de espiras em uma bobina, a tensão induzida
e dada pelo somatório do fluxo em cada uma das N espiras, resultando na seguinte
equação:

𝑁
𝑑
𝑒𝑖𝑛𝑑 = (∑ ∅𝑖) (2)
𝑑𝑡
𝑖=1
19

Esse somatório é descrito como fluxo concatenado (λ) da bobina, sendo que
a Lei de Faraday também pode ser descrita em função do fluxo concatenado com
forme a seguinte equação:

𝑑λ
𝑒𝑖𝑛𝑑 = (3)
𝑑𝑡

Figura 7: Circuito do Transformador ideal.


Fonte: Fitzgerald, 2014

Na figura 7 é apresentado um circuito do transformador ideal com carga, onde


a Lei de Faraday é aplicada. Quando se aplica uma tensão no enrolamento primário,
uma corrente passa pelos enrolamentos da bobina produzindo assim um fluxo
magnético variante no tempo que circula pelo núcleo de material ferro magnético.
Devido a essa variação será induzida uma corrente através da Lei de Ampére no
enrolamento secundário. Sendo assim podemos escrever a relação demonstrada na
figura 7 através de (3), da seguinte forma:

𝑑∅
𝑣1 = 𝑁1 (4)
𝑑𝑡
𝑑∅
𝑣2 = 𝑁2 (5)
𝑑𝑡
20

Para obtermos assim a relação de transformação de um transformador (𝑎), ou


seja, em quantas vezes ele irá elevar ou rebaixar a tensão induzida na bobina, basta
dividirmos (4) por (5) resultando em (6).
𝑣1 𝑁1
= =𝑎 (6)
𝑣2 𝑁2

2.6 DIMENSIONAMENTO DO PROTÓTIPO

Nessa etapa são apresentados todos os aspectos que envolvem o


dimensionamento do transformador de núcleo C, levando em conta os seus formatos,
as perdas que envolvem o processo. Serão apresentados também todos os cálculos
necessários para se obter o número de espiras por enrolamento, as dimensões
geométricas do núcleo e os valores de operação.
Sendo assim, será considerado um núcleo com formato tipo C de silício de
grão-orientado (GO), o núcleo será do tipo envolvido e enrolamentos concêntricos
conforme a figura 3(a).

2.6.1 Dimensões Do Núcleo C

Para o dimensionamento geométrico do núcleo é necessário inicialmente


definir os parâmetros desejados para o funcionamento do transformador, esses
parâmetros são apresentados na tabela 1.
Após a definição dos parâmetros é necessário realizar o cálculo da potência
total em watts (𝑃𝑡 ) fornecida pelo transformador, para isso é preciso saber incialmente
a potência de saída (𝑃𝑜 ), que é dada por (7).

𝑃𝑜 = 𝑉𝑜𝑢𝑡 ∗ 𝐼𝑜 (7)

Onde 𝑉𝑜𝑢𝑡 é a tensão de saída no enrolamento secundário e 𝐼𝑜 é a corrente


de saída, considerando o rendimento meta (𝑛), temos assim que a potência total em
watts é
21

1
𝑃𝑡 = 𝑃𝑜 ∗ [( ) + 1] (8)
𝑛

Após o cálculo da potência total, é encontrada a constante das condições


elétricas (𝐾𝑒 ), com ela será possível calcular a constante de geometria do núcleo que
nos fornece as dimensões geométricas do núcleo, que são valores comerciais
tabelados.
𝐾𝑒 = 0.145 ∗ 𝐾𝑓2 ∗ 𝑓 2 ∗ 𝐵𝑚
2
∗ 10−4 (9)

A constante 𝐾𝑓 é o fator de forma da onda senoidal, cujo valor típico é de


4,44, 𝑓 é a frequência da rede em Hertz e por fim 𝐵𝑚 é a indução magnética máxima
no núcleo em Tesla.
Além da constante das condições elétricas, também é necessário encontrar
a regulação de tensão (α), que para esse dimensionamento será considerado um valor
meta de 5%. A regulação de tensão é descrita pela seguinte equação (10)
𝑃𝑡
𝛼= [%] (10)
2 ∗ 𝐾𝑔 ∗ 𝐾𝑒

Isolando 𝐾𝑔 em (10), temos que:


𝑃𝑡
𝐾𝑔 = (11)
2 ∗ 𝛼 ∗ 𝐾𝑒 ∗ 100
Com isso obtemos a constante de geometria do núcleo, que tem a unidade
de medida dada em centímetro elevado na quinta (𝑐𝑚5 ). Com 𝐾𝑔 calculado, é possível
obter as dimensões da lâmina e do núcleo, que são mostrados na figura 8.

Figura 8: Descrição das dimensões do núcleo C.


22

Fonte: Colonel,2004.
A partir da figura 8 é definida a nomenclatura dos parâmetros geométricos
das lâminas constituintes do núcleo do transformador, onde G é a altura da janela em
cm, F é a largura da janela em cm, E é a largura dos pilares laterais em cm, D é a
profundidade no núcleo, ou seja, a altura das lâminas empilhadas também em cm, 𝐴𝑐
é a área interna no núcleo em cm² e por fim 𝑊𝑎 é a área da janela do núcleo em cm².
Também é possível identificar o comprimento do caminho magnético (MPL)
em cm, o peso do núcleo (𝑊𝑡𝑓𝑒 ) em Kg, o produto das áreas (𝐴𝑝 ) em 𝑐𝑚4 e a área
necessária para dissipar o calor (𝐴𝑡 ) em cm².
𝐴𝑐 = 𝐷 ∗ 𝐸; (12)
𝑊𝑎 = 𝐺 ∗ 𝐹; (13)
𝐴𝑝 = 𝐴𝑐 ∗ 𝑊𝑎 ; (14)

2.6.2 Dimensões Dos Enrolamentos

Nessa etapa são realizados os cálculos referentes aos enrolamentos


primários e secundários, juntamente com o cálculo dos condutores e número de
espiras.
Para determinar o número de espiras do enrolamento primário (𝑁𝑝 ), deve-
se utilizar a seguinte equação:
𝑉𝑖𝑛 ∗ 104
𝑁𝑝 = (15)
(𝐾𝑓 ∗ 𝐵𝑚 ∗ 𝑓 ∗ 𝐴𝑐 )

Já para determinar o número de espiras do enrolamento secundário (𝑁𝑠 ),


deve-se utilizar a seguinte equação:
𝑉𝑜𝑢𝑡
𝑁𝑠 = (𝑁𝑝 ∗ ) ∗ (1 + 𝛼) (16)
𝑉𝑖𝑛

O próximo passo é calcular a densidade de corrente (𝐽), que é dada por:


𝑃𝑡 ∗ 104
𝐽= (17)
𝐾𝑓 ∗ 𝐾𝑢 ∗ 𝐵𝑚 ∗ 𝑓 ∗ 𝐴𝑝

Onde 𝐾𝑢 é o fator de utilização da janela.


23

Após isso é realizado o cálculo da corrente de entrada no enrolamento


primário (𝐼𝑖𝑛 ) (18), através dela é possível definir a bitola do fio de cobre desse
enrolamento.
𝑃𝑜𝑢𝑡
𝐼𝑖𝑛 = (18)
𝑉𝑖𝑛 ∗ 𝑛

Com a densidade de corrente e a corrente de entrada definidas, a corrente


de saída (𝐼𝑜 ) é obtida através da equação 7 na seção 2.6.1, obtém-se então a área da
seção dos condutores nus da bobina do enrolamento primário (𝐴𝑤𝑝𝑏 ) e do enrolamento
secundário (𝐴𝑤𝑠𝑏 ), tendo como unidade de medida o 𝑐𝑚2 .
𝐼𝑛
𝐴𝑤𝑝𝑏 = (19)
𝐽
𝐼𝑜 (20)
𝐴𝑤𝑠𝑏 =
𝐽

Tendo as áreas definidas seleciona-se os fios para os enrolamentos, sendo


que esses devem ter áreas maiores ou iguais as calculadas, ou seja, com valores
comerciais.

2.6.3 Dimensionamento Da Janela Do Núcleo

Para o cálculo da constante da janela núcleo (𝐾𝑢 ) primeiro foi necessário


calcular as áreas dos fios de cobre dos enrolamentos, para isso foi determinado um
valor arbitrário para 𝐾𝑢 , com essas áreas calculadas e selecionando fios com bitolas
comerciais (𝐴𝑤𝑝𝑏𝑛𝑜𝑣𝑜 𝑒 𝐴𝑤𝑠𝑏𝑛𝑜𝑣𝑜 ), sendo essas as utilizadas para o cálculo da nova
constante da janela do núcleo (𝐾𝑢𝑛𝑜𝑣𝑜 ). Essa constante define o percentual da janela
que será efetivamente utilizada pelos condutores.
𝐾𝑢𝑛𝑜𝑣𝑜 = 𝐾𝑢𝑝 + 𝐾𝑢𝑠 (21)

Sendo que 𝐾𝑢𝑝 e 𝐾𝑢𝑠 são as constantes individuais de utilização da janela


para um dos enrolamentos primário e secundário respectivamente. Elas são
calculadas de acordo com as seguintes equações.
24

𝑁𝑝 ∗ 𝐴𝑤𝑝𝑏𝑛𝑜𝑣𝑜
𝐾𝑢𝑝 = (22)
𝑊𝑎

𝑁𝑠 ∗ 𝐴𝑤𝑠𝑏𝑛𝑜𝑣𝑜
𝐾𝑢𝑠 = (23)
𝑊𝑎

Para ter uma construção viável do transformador a equação 21 deve seguir


a seguinte condição.
𝐾𝑢𝑛𝑜𝑣𝑜 ≤ 𝐾𝑢 (24)

2.7 PERDAS

Em condições normais de operação um transformador apresenta perdas


de energia elétrica nos enrolamentos e no núcleo de material ferromagnético, essas
perdas são principalmente dissipadas em forma de calor e ondas sonoras.
Existem dois grupos fundamentais de perdas nos transformadores, sendo
denominadas perdas no ferro e perdas no cobre, as quais estão associadas ao núcleo
magnético e aos condutores respectivamente. (DOS SANTOS, Luciano. et al. “Cálculo
das Perdas Técnicas dos Transformadores de Distribuição, Operando em Ambiente
Não Senoidal”. Dissertação de Mestrado – Universidade Estadual Paulista. Ilha
Solteira, SP,2006).

2.7.1 Perdas no Cobre

As perdas no cobre (𝑃𝑐𝑢 ) são perdas por efeito Joule nos condutores, elas
se dão devido as resistências ôhmicas dos condutores, para quantizar essa
resistência é necessário saber a resistividade elétrica do material (𝜌), o seu
comprimento (𝐿) e a área da seção transversal do condutor (𝐴), chegando na seguinte
equação.
25

𝜌∗𝐿
𝑅= (25)
𝐴
Essas perdas são calculadas para os enrolamentos primários e
secundários. A Partir da equação 25 é obtida a resistência por centímetro (𝜇𝛺/𝑐𝑚), e
também pode ser obtida em manuais de fabricantes de fios de cobre ou em referências
bibliográficas. Sendo assim é possível calcular a resistência dos enrolamentos.
Para o enrolamento primário tem-se a resistência 𝑅𝑝 :
𝜇𝛺
𝑅𝑝 = 𝑀𝐿𝑇 ∗ 𝑁𝑝 ∗ ( ) ∗ 10−6 (26)
𝑐𝑚

Para o enrolamento secundário tem-se a resistência 𝑅𝑠 :


𝜇𝛺
𝑅𝑝 = 𝑀𝐿𝑇 ∗ 𝑁𝑠 ∗ ( ) ∗ 10−6 (27)
𝑐𝑚

Onde 𝑀𝐿𝑇 é o comprimento médio das espiras em cm.


Pode-se então encontrar as perdas nos enrolamentos primário (𝑃𝑝 ) e
secundário (𝑃𝑠 ), conforme as equações 28 e 29.
2
𝑃𝑝 = 𝐼𝑖𝑛 ∗ 𝑅𝑝 (28)
2
𝑃𝑠 = 𝐼𝑜𝑢𝑡 ∗ 𝑅𝑠 (29)

As perdas totais no cobre (𝑃𝑐𝑢 ) é simplesmente a soma aritmética das


perdas nos enrolamentos primário e secundário, como pode ser visto na equação 30.
𝑃𝑐𝑢 = 𝑃𝑝 + 𝑃𝑠 (30)

Após a obtenção das perdas no cobre, é possível verificar se a regulação


de tensão (𝛼) está de acordo com o que foi inicialmente estipulado, a equação 31
apresenta o valor de 𝛼 calculado.
𝑃𝑐𝑢
𝛼= (31)
𝑃𝑜𝑢𝑡

2.7.2 Perdas no Ferro (Núcleo)


26

As perdas no ferro ou no núcleo em W (𝑃𝑓𝑒 ), podem ser descritas pela


seguinte equação:
𝑃𝑓𝑒 = 𝑊𝑎𝑡𝑡𝑠𝑝𝑜𝑟𝐾𝑔 ∗ 𝑊𝑡𝑓𝑒 (32)

𝑊
Onde 𝑊𝑎𝑡𝑡𝑠𝑝𝑜𝑟𝐾𝑔 (𝑘𝑔) são as perdas por unidade de massa e 𝑊𝑡𝑓𝑒 é o

peso do núcleo em Kg, essas perdas são definidas por:

𝑊𝑎𝑡𝑡𝑠𝑝𝑜𝑟𝐾𝑔 = 𝑘 ∗ 𝑓 𝑚 ∗ 𝐵𝑚 𝑛 (33)

Onde 𝑘, 𝑚 𝑒 𝑛 são constantes de perdas, elas são definidas de acordo com


a espessura da lâmina, do tipo de material que as constituem e da frequência, essas
constantes são encontradas em manuais de fabricantes e referências bibliográficas,
para nosso caso os valores são: 𝑘 = 0,0005570, 𝑚 = 1,680, 𝑛 = 1,860.
Com os valores de perdas no cobre e no ferro definidos, temos então o total
de perdas de potência (𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ) no qual o transformador estará submetido, que é a soma
dessas duas perdas.
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝑐𝑢 + 𝑃𝑓𝑒 (34)

Podemos então definir as perdas por unidade de área (𝑃𝑝𝐴 ), elas são
importantes para identificar o quanto de energia está sendo dissipa a cada unidade
de área do transformador.
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑃𝑝𝐴 = (35)
𝐴𝑡

O rendimento total do transformador pode ser descrito por (36) e pode ser
comparado com o rendimento inicialmente estipulado.
𝑃𝑜𝑢𝑡
𝑛𝑐𝑎𝑙𝑐 = (36)
𝑃𝑜𝑢𝑡 + 𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Por fim estipula-se a elevação de temperatura máxima em graus Celsius


(°𝐶) que o transformador deve atingir em condições ideais, ela é definida através da
potência total dissipada e a área onde ela é dissipada, a temperatura é calculada pela
equação 37 e pode ser comparada com a temperatura meta inicialmente estipulada.
27

0,826
𝑇𝑟𝑐𝑎𝑙𝑐 = 450 ∗ 𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (37)

2.8 QUANTIDADE DE MATERIAL CONSTRUTIVO

Para a construção do protótipo e necessário saber a quantidade de material


a ser adquirido, sendo assim deve-se saber a quantidade de lâminas que vão no
núcleo e a quantidade em metros dos fios para os enrolamentos primários e para os
secundários, sendo que esses dois possuem fios de bitolas distintas.
Para saber a quantidade de lâminas (𝑄𝑙𝑎𝑚 ) é necessário saber a
profundidade do núcleo e a espessura da lâmina (𝐸𝑙𝑎𝑚 ).
𝐴𝑐
𝑃𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = (38)
𝐸

Sendo assim a quantidade de lâminas é definida por:


𝑃𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝑄𝑙𝑎𝑚 = (39)
𝐸𝑙𝑎𝑚

Para poder estimar a quantidade de fios em metros dos enrolamentos, é


usado como referência o perímetro maior do carretel (𝑃𝑚𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑡𝑒𝑙 ), ou seja, a maior
volta possível que o fio pode dar dentro da janela no núcleo, então a quantidade de
fios é dada por:
𝑄𝑡𝑑 𝑑𝑒 𝐹𝑖𝑜𝑠 = 𝑃𝑚𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑡𝑒𝑙 ∗ (1 + 𝐾𝑠𝑒𝑔 ) ∗ 𝑁𝑖 ∗ 10−2 (40)

Onde 𝑁𝑖 é o número de espiras do enrolamento primário ou secundário.


28

2.9 ENSAIOS

2.9.1 Ensaio de Curto – Circuito

Para o ensaio de curto – circuito, é necessário curto – circuitar um dos


enrolamentos e adicionar uma fonte de tensão ajustável no outro. Com isso irá
variando a tensão na fonte até que a corrente nominal do enrolamento seja alcançada.
Para o ensaio será necessária uma fonte de tensão (variac), um amperímetro, um
voltímetro, wattímetro e o transformador o qual será submetido o ensaio.
Esse ensaio é usado para encontrar a impedância equivalente 𝑅𝑒𝑞 + 𝑗𝑋𝑒𝑞 ,
nesse caso para simplificar é considerado o curto-circuito no enrolamento secundário
do transformador (FITZGERALD,2014).

Figura 9: Circuito Equivalente T com secundário em curto-circuito.


Fonte: Fitzgerald, 2014.
29

Figura 10: Circuito Equivalente L, com impedâncias deslocadas.


Fonte: Fitzgerald,2014.

A impedância de curto-circuito pode ser descrita pela seguinte equação:


𝑍𝑐𝑐 ≈ 𝑅1 + 𝑗𝑋1 + 𝑅2 + 𝑗𝑋2 = 𝑅𝑒𝑞 + 𝑗𝑋𝑒𝑞 (41)

Geralmente os instrumentos medem em módulos os valores eficazes da


tensão aplicada, da corrente de curto – circuito e da potência, sendo assim a
resistência pode ser obtida pelas seguintes equações. (FITZGERALD,2014).
𝑉𝑐𝑐
|𝑍𝑒𝑞 | = |𝑍𝑐𝑐 | = (42)
𝐼𝑐𝑐
𝑃𝑐𝑐 (43)
𝑅𝑒𝑞 = 𝑅𝑐𝑐 =
𝐼𝑐𝑐 ²
𝑋𝑒𝑞 = 𝑋𝑐𝑐 = √|𝑍𝑐𝑐 |2 − 𝑅𝑐𝑐
2 (44)

2.9.2 Ensaio de Circuito Aberto (à Vazio)

O ensaio de circuito aberto é realizado com o secundário em aberto e é


aplicada a tensão nominal no primário. Essa tensão é escolhida para assegurar que a
reatância de magnetização fique em níveis de operação próximos daqueles que
ocorrem em condições normais. Esse ensaio é usado para a descoberta da
impedância de magnetização. (FITZGERALD,2014).
Para isso a impedância do enrolamento secundário deve ser referida ao
primário, conforme figura 12.
30

Figura 11: Circuito equivalente com enrolamento secundário em aberto.


Fonte: Fitzgerald,2014.

Figura 12: Circuito equivalente com o secundário referido ao primário.


Fonte: Fitzgerald,2014.

A impedância de magnetização pode ser obtida pela seguinte equação:


𝑅𝑐 ∗ (𝑗𝑋𝑚 )
𝑍𝑐𝑎 ≈ 𝑍∅ = (45)
𝑅𝑐 + 𝑗𝑋𝑚
Desprezando a impedância de dispersão do primário, a resistência e a
reatância de magnetização (referidas ao primário) são calculadas de acordo com as
equações 46,47 e 48. (FITZGERALD,2014).
𝑉𝑐𝑎 2
𝑅𝑐 = (46)
𝑃𝑐𝑎
𝑉𝑐𝑎 (47)
|𝑍∅ | =
𝐼𝑐𝑎
1 (48)
𝑋𝑚 =
2
√(1⁄𝑍 ) − (1⁄𝑅 ) ²
∅ 𝑐
31

3. DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo será apresentada a etapa construtiva do protótipo do


transformador, dando início pelas especificações de projeto, análise dos resultados
obtidos através do algoritmo computacional desenvolvimento em linguagem C, que
pode ser encontrado no apêndice. Em seguida é demonstrada a montagem prática do
protótipo desde a aquisição do núcleo até a montagem final dos enrolamentos e por
fim o resultado final da montagem.
O algoritmo foi desenvolvido tendo como base as equações que descrevem
o funcionamento e o dimensionamento de um transformador. Seguinte um passo a
passo, onde primeiro foi definida as especificações prévias do protótipo, ou seja, os
parâmetros desejados para o mesmo e posteriormente feitos os cálculos tendo como
base esses parâmetros.

3.1 PROJETO INICIAL DO TRANSFORMADOR MONOFÁSICO DE NUCLEO C

Para dar início é necessário definir as especificações do projeto, que são


os parâmetros que o protótipo deve ter ao final de sua implementação, essas
especificações estão na tabela 1.
32

Tabela 1: Especificações do protótipo do transformador.


Fonte: Autoria Própria.

Parâmetro Símbolo Valor Unidade

Tensão de entrada
𝑉𝑖𝑛 220 V
(Primário)

Tensão de saída
𝑉𝑜𝑢𝑡 110 V
(Secundário)

Corrente de saída
𝐼𝑜 1 A
(Secundário)

Frequência 𝑓 60 Hz

Rendimento 𝑛 95% -

Regulação de tensão 𝛼 5% -

Indução magnética
𝐵𝑚 1,2 T
máxima

Fator de utilização da
Ku 0,4 -
janela

Meta de elevação de
Tr 55 ºC
temperatura

Fator de forma para


Kf 4,44 -
onda senoidal

Tendo como base a tabela 1 e as equações do capítulo 2, foi possível


desenvolver um algoritmo computacional (Apêndice A) capaz de desenvolver os
parâmetros construtivos do protótipo de transformador monofásico de núcleo C, esses
parâmetros são apresentados na tabela 2.
33

Tabela 2: Parâmetros construtivos do transformador fornecidos por algoritmo.


Fonte: Autoria Própria

Parâmetro Símbolo Valor Unidade

Largura do Pilar do
E 2,222 cm
Núcleo

Largura da Janela 𝐹 2,064 cm

Altura da Janela 𝐺 6,35 cm

Profundidade 𝐷 3,334 cm

Área da seção
transversal do 𝐴𝑐 6,59 cm²
Núcleo

Área da Janela 𝑊𝑎 13,10 cm²

Número de Espiras
do enrolamento 𝑁𝑝 1045 Espiras
Primário

Número de Espiras
do enrolamento 𝑁𝑠 549 Espiras
Secundário

Bitola do Fio do
Enrolamento 𝐴𝑤𝑔𝑝 24 𝐴𝑤𝑔
Primário

Bitola do Fio do
Enrolamento 𝐴𝑤𝑔𝑠 21 𝐴𝑤𝑔
Secundário

Comprimento do
𝐶𝑝 13 m
condutor do primário

Comprimento do
condutor do 𝐶𝑠 7 m
secundário
34

3.2 MONTAGEM DO PROTÓTIPO

3.2.1 Núcleo

O processo de montagem do protótipo pode ser feito de diversas formas,


sendo que a adotada foi feita da forma descrita a seguir:
Primeiramente foi feita a aquisição do núcleo do transformador, o qual foi
adquirido junto a empresa Tessin – Indústria e Comércio Ltda, localizada na cidade
de Suzano – SP, sendo que a empresa é destaque nacional na produção de diversos
tipos de núcleos do transformador e uma das únicas empresas que fornecem o núcleo
tipo C para transformadores. O núcleo foi adquirido junto a essa empresa devida à
dificuldade de encontrar lâminas de material ferromagnético na nossa região, sendo
assim o núcleo foi adquirido em tamanho e formato comercial conforme figura 9.

Figura 13: Núcleo comercial tipo C para transformador.


Fonte: O Autor
O núcleo adquirido é do tipo cortado, conforme figura 14, e a construção do
mesmo não foi revelada pela empresa, o motivo se dá por causa de normas internas
da mesma que impede a divulgação de processos industriais de construção.
35

Figura 14: Duas partes do Núcleo C cortado.


Fonte: O Autor
Como a fabricação do núcleo foi feita por uma empresa especializada, as
dimensões do núcleo tiveram que ser adaptadas para tamanhos que pudessem ser
feitos de forma industrial, com isso as dimensões reais do núcleo estão na tabela 3.

Tabela 3: Dimensões reais do núcleo


Fonte: O Autor.

Parâmetro Símbolo Valor Unidade

Largura do Pilar do
E 2,2 cm
Núcleo

Largura da Janela 𝐹 2,0 cm

Altura da Janela 𝐺 6,30 cm

Profundidade 𝐷 3,2 cm

Área da seção
transversal do 𝐴𝑐 7 cm²
Núcleo

Área da Janela 𝑊𝑎 12,6 cm²


36

3.2.2 Carretel

Após a aquisição do núcleo é feito o carretel que comporta os enrolamentos


concêntricos. Esse carretel é feito de tiras de papelão (que foi usado para esse projeto)
ou de papel isolante, para a construção do carretel é necessário fazer cortes no
papelão nas dimensões do núcleo e depois fazer a colagem do mesmo com uma cola
especial, essa cola é colocada nas esquinas onde os cortes são feitos (antes de forçar
a dobra) e após isso é feita a dobra do papelão no formato do pilar lateral do núcleo,
com a dobra completa e feita uma pressão nas dobras e espera-se secar a cola. Com
o tronco do carretel pronto e feita a cabeça e a base do carretel, essas partes têm
formato quadrangular com o centro oco para encaixe com o tronco, as dimensões do
cabeça e da base tem tamanho do diâmetro máximo da janela, é feito dessa forma
para poder isolar completamente os enrolamentos do núcleo. O carretel e suas
dimensões são apresentados nas figuras a seguir:

Figura 15: Carretel feito de papelão isolante em posição vertical.


Fonte: O Autor.
37

Figura 16: Carretel em posição horizontal.


Fonte: O Autor.

Figura 17: Dimensões do Carretel.


Fonte: O Autor.
38

3.2.3 Enrolamentos

Os enrolamentos foram feitos em uma bobinadeira industrial, pelo motivo


do transformador ter uma janela pequena, os condutores possuem uma bitola grande
e os fios de cobre não são tão maleáveis, o que tornou difícil fazer o processo de
enrolamento manual.

Figura 18: Bobinadeira industrial.


Fonte: O Autor.

Com o auxílio da máquina foi primeiro atravessado um fio que deu início ao
enrolamento primário e a bobinadeira foi fazendo o enrolamento até dar o número
exato de espiras para esse enrolamento, 1045 voltas de fio de cobre esmaltado com
AWG 24, conforme figura 19.
39

Figura 19: Carretel com enrolamento primário pronto.


Fonte: O Autor.

Feito o enrolamento primário é passada uma camada de papel isolante


DMD classe F 0,3 mm de espessura para evitar que o primário e o secundário fiquem
curto-circuitados. Após isso e dado início ao processo de bobinamento do secundário
que é semelhante ao anterior, com 549 voltas de fio de cobre esmaltado AWG 21.
Terminado o enrolamento secundário é passado uma camada final de papel isolante
a fim de proteger esse enrolamento. O enrolamento sem e com a camada de papel
isolante pode ser visto na figura 20.
40

(a) (b)

Figura 20 (a): Enrolamento secundário sem o papel isolante. (b): Com papel isolante.
Fonte: O Autor
Para identificar os enrolamentos primário e secundário foi passada uma fita
adesiva e escrita as tensões nominais de cada um deles, essa fita também tem o
intuito de fixar o papel isolante do secundário e os fios conectores, conforme figura
21.

Figura 21: Fita com identificação dos enrolamentos.


Fonte: O Autor.
41

A figura 22 mostra os enrolamentos prontos para serem acoplados ao


núcleo.

Figura 22: Enrolamentos prontos para acoplamento.


Fonte: O Autor.

3.2.4 Resultado Final

Com o enrolamento pronto, vem a etapa de encaixe do carretel com os


enrolamentos no núcleo de material ferromagnético, onde cada uma das duas partes
do núcleo é encaixada no centro oco do carretel. Para a fixação foi utilizada uma fita
metálica banhada com tinta isolante, idealmente esse cinto de fixação deve ser de
material não magnético para evitar dispersão do fluxo magnético, porém houve
dificuldade em encontrar um cinto constituído desse material que se adequasse bem
ao protótipo, deixando-o firme e confiável, por isso foi utilizado esse cinto metálico
conforme figura 23.
42

Figura 23: Duas partes do núcleo C, presas com fita metálica.


Fonte: O Autor.
Por fim após a acoplagem dos enrolamentos e a fixação com o núcleo
através da fita metálica, foi colocado um suporte para fixação em bancada e foi obtido
assim o resultado final do protótipo.

Figura 24: Resultado Final do Protótipo de transformador monofásico de núcleo C.


Fonte: O Autor.
43

3.2.5 Custos

Os custos que envolveram a montagem do protótipo estão demonstrados


na tabela 4.

Tabela 4: Custos para confecção do protótipo.


Fonte: O Autor.
Custo Valor (R$)
Valor do Núcleo com Frete 180,00
Fio de cobre esmaltado 24 AWG 20,00
Fio de cobre esmaltado 21 AWG 15,00
Papelão para Carretel 5,00
Papel Isolante DMD Classe F 10,00
Aluguel por hora da bobinadeira 80,00
Custo total 310,00

4. RESULTADOS APRESENTADOS

4.1 RESULTADOS DOS ALGORÍTMOS

No algoritmo computacional criado para o desenvolvimento do projeto, foi


criada uma rotina de cálculos para determinar alguns parâmetros que inicialmente
foram arbitrariamente definidos, com o algoritmo pode-se obter valores mais
condizentes com os esperadas em testes práticos. Esses parâmetros são
apresentados na tabela 5.

Tabela 5: Resultados fornecidos por algoritmo para parâmetros do transformador.


Fonte: O Autor.

Parâmetro Símbolo Meta Calculado Unidade

Regulação de tensão 𝛼 0,05 0,0645 -

Rendimento n 0,95 0,9323 -

Temperatura °𝐶 55º(Máximo) 19,74º Celsius

Fator de utilização da
𝐾𝑢 0,4 0,3354 -
Janela
44

4.2 ENSAIO DE CONTINUIDADE

Esse ensaio é feito para garantir que não houve nenhuma falha no
processo de bobinagem dos enrolamentos, como rompimento do fio ou curto-circuito
entre os enrolamentos ou entre enrolamento e núcleo. Com o multímetro calibrado no
modo “Teste de continuidade” foi colocada uma ponteira no início do enrolamento
primário e outra no final deste e foi observado que existe continuidade, o mesmo foi
feito para o enrolamento secundário observando também a continuidade nesse
enrolamento. Após foi verificada a continuidade entre enrolamento e núcleo. A tabela
6 apresenta os resultados desse teste, onde “Sim” significa que houve continuidade e
“Não” que não houve.

Tabela 6: Teste de Continuidade.


Fonte: O Autor.
Primário Secundário Carcaça/Núcleo
Primário Sim Não Não
Secundário Não Sim Não

4.3 ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO

Com o auxílio de um megôhmetro, disponibilizado pelo laboratório de


máquinas elétricas da UTFPR – Campus Pato Branco, foram realizadas as medidas
das resistências de isolamento dos enrolamentos e da carcaça. Os resultados obtidos
estão na tabela 7 e a figura 25 demonstra a realização do teste

Tabela 7: Dados do teste de resistência de isolamento.


Fonte: O Autor.
Primário Secundário Terminal Resistencia (GΩ)
Conexão 1 Tensão 220V Tensão 110V Carcaça 4,30
Tensão 220V e
Conexão 2 - Desligado 6,59
Carcaça
Tensão 110V e
Conexão 3 - Desligado 3,40
Carcaça
45

Figura 25: Ensaio de Resistência de Isolamento.


Fonte: O Autor.

4.4 TESTE DE INDUÇÃO

Esse teste foi feito a fim de identificar se o transformador está realmente


funcionando de acordo com o desejado, ou seja, se existe ou não indução magnética
nos enrolamentos. No teste foram utilizados 2 multímetros e 1 variac, além dos cabos
para conexão do circuito. Para o teste foi conectada uma fonte de tensão variável
(variac), ajustada com 220V na entrada do enrolamento primário, essa tensão pode
ser observada com o multímetro 1, com o multímetro 2 conectado na saída do
enrolamento secundário foi observada a tensão induzida nesse enrolamento, que
ficou na casa dos 116,2 V. Esse ensaio é mostrado na figura 26.
46

Figura 26: Ensaio de Indução do transformador.


Fonte: O Autor.

4.5 ENSAIO COM CARGA

Nesse ensaio foi colocada uma carga resistiva na saída do enrolamento


secundário, sendo essa uma lâmpada de 100W e 127V.
Para esse experimento foram necessários uma fonte de tensão variável
(variac), 4 multímetros sendo que dois deles ajustados para medir tensão e outros 2
ajustados para medir corrente, uma carga resistiva e cabos para a conexão do circuito.
Primeiramente foi inserido o variac conectado ao enrolamento primário e
ajustado para uma tensão de entrada de 220V, que pode ser observado no multímetro
1, a carga representada pela lâmpada foi conectada na saída do enrolamento
secundário com uma tensão de 110,5 V, como pode ser visto pelo multímetro 4, essa
conexão ocasionou uma corrente de 0,391 A no enrolamento primário (multímetro 2)
e uma corrente de 0,724 A no enrolamento secundário. O esquema de ligação do
circuito desse ensaio está na figura 27.
47

Figura 27: Esquema de ligação do ensaio com carga.


Fonte: O Autor.

O desenvolvimento prático do ensaio é visto na figura 28.

Figura 28: Aplicação prática do ensaio com carga.


Fonte: O Autor.
48

A partir desse ensaio é possível comprovar que as tensões e correntes


estão condizentes com o que foi proposto inicialmente na tabela 1 e o comportamento
do transformador foi muito bom especialmente com carga, especialmente as tensões
no primário e no secundário que ficaram exatamente como o estipulado, porém a
corrente de saída ficou um pouco abaixo da desejada, com uma diferença de 0,276 A
menor, uma vez que que inicialmente esperava-se uma corrente de 1 A para o
secundário. Se a carga conectada no enrolamento secundário do transformador é
diferente da carga nominal estão a corrente secundária ficará abaixo da corrente
nominal, como é o nosso caso.

4.6 REGULAÇÃO DE TENSÃO E RENDIMENTO

Para certificarmos que a regulação de tensão (α) ficou dentro dos padrões
pré-estabelecidos e calculados pelo algoritmo, o cálculo real da regulação de tensão
(𝛼𝑟𝑒𝑎𝑙 ) através de dados experimentais é dado pela equação 49. Onde 𝑉𝑣2 é a tensão
no secundário a vazio, 𝑉𝑐2 é tensão no secundário com carga.
𝑉𝑣2 − 𝑉𝑐2
𝛼𝑟𝑒𝑎𝑙 = (49)
𝑉𝑣2

Com os dados calculados anteriormente no ensaio com carga e de


regulação de tensão, foi possível determinar o valor prático de 𝛼𝑟𝑒𝑎𝑙 , conforme
equação 50.
116,2 − 110,5
𝛼𝑟𝑒𝑎𝑙 = = 0,0490 (50)
116,2

Na tabela 8 são comparados os resultados da regulação de tensão meta,


calculada pelo algoritmo e a real obtida no experimento, com o objetivo de comparar
os resultados e certificar se está de acordo com o pretendido.
49

Tabela 8: Comparativo de regulação de tensão.


Fonte: o Autor.
Regulação de tensão Valor
𝜶𝒎𝒆𝒕𝒂 0,0500
𝜶𝒄𝒂𝒍𝒄 0,0645
𝜶𝒓𝒆𝒂𝒍 0,0490

Através da tabela 8 é possível observar que o protótipo prático do


transformador tem uma regulação de tensão preliminar, ou seja, a regulação de
tensão é uma variação desde a vazio até plena carga, porém com a carga utilizada o
transformador não foi levado a plena carga, mesmo assim ficou dentro do esperado e
do que foi estipulado inicialmente.
O cálculo do rendimento real do protótipo foi feito com os resultados obtidos
no ensaio com carga, fazendo a razão entre a potência de saída e a potência de
entrada, conforme equação 51. Porém esse não é o melhor método para se mostrar
o rendimento, uma vez que o melhor teste seria através dos ensaios de curto-circuito
e circuito aberto, ensaios esses que não puderam ser realizados nesse caso devido à
falta de instrumentos de medição com faixa adequada para estes ensaios.
𝑃𝑜𝑢𝑡 𝑉𝑜𝑢𝑡 ∗ 𝐼𝑜𝑢𝑡
𝑛= = (51)
𝑃𝑖𝑛 𝑉𝑖𝑛 ∗ 𝑉𝑖𝑛

Com os dados do experimento com carga, o resultado do rendimento


prático do transformador é:
110,5 ∗ 0,724
𝑛= = 0,93 (52)
220,1 ∗ 0,391

A tabela 9 traz um comparativo entre o rendimento meta, o calculado pelo


algoritmo e o obtido pelos experimentos práticos.

Tabela 9: Comparativo de rendimento.


Fonte: O Autor.
Rendimento Valor
50

𝒏𝒎𝒆𝒕𝒂 0,9500
𝒏𝒄𝒂𝒍𝒄 0,9323
𝒏𝒓𝒆𝒂𝒍 0,9300

Sendo assim o rendimento ficou próximo ao esperado, mesmo utilizando


de uma aproximação confiável, e ficou quase que exatamente o que foi estipulado
pelo algoritmo computacional, dando um resultado positivo para o experimento e uma
validação para o código computacional.

5. CONCLUSÃO

O objetivo geral desse trabalho foi a pesquisa, análise e construção de um


transformador monofásico de núcleo C. Para isso foi realizada a construção de um
protótipo prático que deveria atender a especificações pré-estabelecidas durante a
fase de projeto.
Tendo como base os parâmetros iniciais concluem-se então que o protótipo
atendeu bem as especificações de projeto e teve resultados satisfatórios tanto
construtivos como em ensaios práticos. O algoritmo desenvolvido também se mostrou
eficaz, sendo que houve uma economia de tempo na obtenção dos parâmetros
construtivos, comparados ao tempo demandado com cálculos a mão, e os resultados
calculados por ele foram validados pelos resultados práticos. Em linhas gerais o
objetivo do trabalho foi atingido com sucesso, uma vez que foi possível analisar todos
os aspectos de um transformador, em especial o de núcleo C, e foi realizada a
construção de um protótipo.
A primeira dificuldade encontrada foi acerca de material literário e
acadêmico em língua portuguesa, acerca do transformador monofásico de núcleo C,
sendo que todas as literaturas encontradas estavam em inglês e não eram muitas.
Outra dificuldade foi a aquisição do núcleo, como não existem muitas empresas
especializadas no país que trabalham com esse formato, o processo de encontrar uma
fábrica que pudesse fornecer esse material foi um pouco mais lento que o esperado.
As dificuldades com a construção do protótipo foram principalmente com a fabricação
do carretel, como não existem carretéis comerciais de polímero com as dimensões do
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núcleo pretendido, foi necessário realizar a confecção do carretel com papelão rígido
o que não é o ideal. Por fim a principal dificuldade foi de locomoção e falta de
instrumentos para testes, uma vez que o trabalho foi desenvolvido durante uma
pandemia mundial e tanto empresas, quanto a universidade estavam em sistema de
lockdown, o que causou atrasos na entrega dos materiais e impossibilitou a realização
de alguns testes como os ensaios de curto-circuito e circuito aberto.
Sendo assim, o trabalho possibilitou ao acadêmico a aplicação dos seus
conhecimentos adquiridos durante o decorrer do curso de engenharia elétrica, sendo
alguns deles os conhecimentos em eletromagnetismo, análise de circuitos elétricos,
instrumentos e medidas elétricas, máquinas elétricas, gestão de projetos, entre outros.
Porém, foi necessária a ajuda de várias pessoas e empresas durante o decorrer do
desenvolvimento deste trabalho, que demonstra que nem só os conhecimentos
adquiridos na universidade estão presentes na vida profissional de um Engenheiro
Eletricista, sendo necessário também a interação entre pessoas e a habilidade de se
comunicar e esse trabalho possibilitou o desenvolvimento dessas capacitações
acadêmicas e sociais.
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REFERÊNCIAS

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MARTIGNONI, Alfonso. Transformadores. 8ª ed. Editora Globo, 1991.

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COLONEL Wm. T. McLyman. Transformer and Inductor Design Handbook.4ª ed. CRC
Press - Taylor e Francis Group,2011.

CHAPMAN, Stephen J. Fundamentos de Máquinas Elétricas. 5ª ed. 2013.

KOSOW, Irving L. Máquinas elétricas e transformadores. Volume I. Editora Globo,


1982.

DEL TORO, Vincent., Fundamentos de máquinas elétricas. Prentice-Hall do Brasil,


1994.

DOS SANTOS, Luciano. "Cálculo das Perdas Técnicas dos Transformadores de


Distribuição Operando em Ambiente Não-Senoidal". Dissertação de Mestrado -
Universidade Estadual Paulista - Campus de Ilha Solteira. Ilha Solteira, SP,2006.

TERSARIOL, F. G. R., “Estudo do caminho magnético médio em estrutura


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BARBI, Ivo. FONT, C. H. I. ALVES, Ricardo L. "Projeto físico de Indutores e


transformadores". Instituto de Eletrônica de Potência - INEP, Universidade Federal de
Santa Catarina - UFSC. Florianópolis, 2002.
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APÊNDICE A – ALGORITMO COMPUTACIONAL

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