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ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓ S-GRADUAÇ Ã O EM ENGENHARIA ELÉ TRICA
YI CHEN WU
Porto Alegre
2019
YI CHEN WU
Porto Alegre
2019
YI CHEN WU
Orientador: ____________________________________
Prof. Dr. Paulo Roberto Eckert, UFRGS
Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto
Alegre, Brasil
Banca Examinadora:
professor Paulo Roberto Eckert pela sua orientação, experiências profissionais e paciências,
Em especial, aos professores, aos técnicos, aos colegas e aos bolsistas do Laboratório
compartilhadas, além dos apoios constantes nessa jornada. Sem estes, eu não chegaria nesta
etapa de formação.
Controle da UFRGS pelas experiências valiosas compartilhadas e pelo auxílio constante neste
projeto.
A todos que foram essenciais para mim neste processo de aprendizagem profissional de
O presente trabalho apresenta o estudo de uma topologia inovadora de robô que emprega um
atuador eletromagnético linear a ímãs permanentes como dispositivo responsável pela
locomoção. O robô é destinado a aplicações de desobstrução de tubulações utilizadas na
extração de petróleo no mar. Logo, o atuador eletromagnético deve ser capaz de produzir força
e se locomover imerso em óleo dentro da tubulação. Portanto, foi proposto um mecanismo de
autotravamento que se adapta à estrutura do atuador, que permite realizar a locomoção e que
pode tracionar cargas elevadas. O projeto foi desenvolvido considerando um estudo de caso no
qual o diâmetro interno da tubulação é de 4,0 polegadas e a temperatura do óleo pode variar de
4 a 100 °C. Assim, o robô deve ter formato tubular e obedecer a diversas restrições dimensionais
e requisitos de projeto. Diante dos requisitos e restrições verificou-se que, para a aplicação, um
parâmetro importante de projeto é a alta densidade de força do atuador, pois este deve tracionar,
além da própria massa, a carga de um cabo umbilical responsável por alimentar o robô e outros
equipamentos de monitoramento. A topologia do atuador foi definida, baseada em estudo
bibliográfico, a fim de se obter elevada densidade de força. Para fins de avaliação de força
produzida pelo atuador, foi desenvolvido um método analítico baseado no Tensor de Maxwell
para realizar o dimensionamento básico de atuadores lineares tubulares ou cilíndricos. Uma
análise mais refinada foi realizada por meio de simulação numérica com método dos elementos
finitos de forma paramétrica utilizando a ferramenta computacional ANSYS Electronics® .
Adicionalmente, como é prevista uma elevada amplitude térmica, um modelo numérico foi
implementado para avaliar a distribuição do campo de temperatura e a dinâmica do fluido, pois
é considerado o deslocamento do atuador dentro do mesmo. Por fim, foi desenvolvido um
modelo multifísico numérico que possibilita avaliar o desempenho do atuador considerando a
influência dos fenômenos eletromagnéticos e térmicos acoplados. A análise multifísica permite
determinar os limites de carregamento elétrico, consequentemente a capacidade de produção
de força, impostos pela máxima temperatura de operação no atuador.
The present work presents the study of an innovative robot topology that employs a permanent
magnet linear electromagnetic actuator as a device responsible for motion. The robot is
designed for applications with clearing of pipelines used in the extraction of crude oil in the
sea. Thus, the electromagnetic actuator must be capable of producing force and moving
immersed in oil inside the pipe. Therefore, a self-locking mechanism has been proposed that
adapts to the structure of the actuator, which allows motion to be carried out and which can
drive high loads. The design was developed considering a case study in which the internal
diameter of the pipeline is 4 inches and the crude oil temperature can range from 4 to 100 °C.
Thus, the robot must have a tubular shape and comply with various dimensional constraints and
design requirements. Taking into account the requirements and restrictions, it was verified that,
for the application, an important parameter of design is the high force density of the actuator,
since it must drag, besides the own mass, the load of an umbilical cable, responsible for feeding
the robot, and other monitoring equipment. The topology of the actuator was defined, based on
a bibliographic study, in order to obtain high force density. Wit the purpose of evaluating the
force produced by the actuator, an analytical method based on the Maxwell Stress Tensor was
developed to perform the basic design of tubular or cylindrical linear actuators. A more refined
analysis was performed by means of numerical simulation using the finite element method in a
parametric form with ANSYS Electronics® software. In addition, since high thermal amplitude
is predicted, a numerical model was implemented to evaluate the temperature field distribution
and the fluid dynamics, since the displacement of the actuator inside the pipe is considered.
Finally, a numerical multiphysical model was developed to evaluate the performance of the
actuator considering the influence of the coupled electromagnetic and thermal phenomena. The
multiphysical analysis allows to determine the limits for electric loading, consequently the
capacity of force production, imposed by the maximum temperature of operation in the actuator.
1 INTRODUÇ Ã O ................................................................................................................ 18
2 REVISÃ O DA LITERATURA ....................................................................................... 22
2.1 MECANISMOS DO ROBÔ DE DESOBSTRUÇ Ã O DE TUBULAÇ Õ ES .......................................... 22
2.2 TOPOLOGIAS DE ATUADORES ELETROMAGNÉ TICOS LINEARES ........................................ 34
3 CONCEPÇ Ã O DO PROJETO ....................................................................................... 45
3.1 CONTEXTUALIZAÇ Ã O DO PROBLEMA................................................................................ 45
3.2 RESTRIÇ Õ ES DIMENSIONAIS .............................................................................................. 56
3.3 MECANISMO DE MOVIMENTAÇ Ã O..................................................................................... 60
3.4 METODOLOGIA DE ESTUDO ............................................................................................... 64
4 ANÁ LISE ELETROMAGNÉ TICA ............................................................................... 66
4.1 DIMENSIONAMENTO BÁ SICO ............................................................................................. 66
4.2 MODELO PARAMETRIZADO ............................................................................................... 79
4.3 CARACTERÍSTICAS ELÉ TRICAS E MAGNÉ TICAS DOS MATERIAIS .................................... 81
4.4 ANÁ LISE PARAMÉ TRICA .................................................................................................... 85
5 ANÁ LISE TÉ RMICA ...................................................................................................... 98
5.1 APRESENTAÇ Ã O DO MODELO TÉ RMICO ......................................................................... 100
5.2 CONFIGURAÇ Ã O DO MODELO .......................................................................................... 101
5.3 RESULTADOS DE SIMULAÇ Ã O .......................................................................................... 106
6 ANÁ LISE MULTIFÍSICA ............................................................................................ 109
6.1 MODELO MULTIFÍSICO .................................................................................................... 110
6.2 RESULTADOS E DISCUSSÕ ES ............................................................................................ 113
7 CONCLUSÕ ES............................................................................................................... 118
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Tabela 1 Variáveis paramétricas do modelo com respectivos faixa e passo avaliados. ........... 80
Tabela 2 Características magnéticas dos ímãs N45UH. ........................................................... 82
Tabela 3 Dimensões do atuador linear tubular de ímãs permanentes magnetizados com arranjo
de quase-Halbach. .................................................................................................... 94
Tabela 4 Propriedades físicas dos materiais. .......................................................................... 103
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1 INTRODUÇ Ã O
Este trabalho tem como foco principal o estudo de máquinas elétricas lineares para
tubulares que vêm sendo empregados em diversas aplicações, como, por exemplo, em sistemas
de suspensão veicular (ECKERT et al., 2018) e na geração de energia elétrica a partir dos
através de tubulações, que são amplamente utilizadas nas centrais das indústrias, centrais de
distribuição para aquecimento urbano e abastecimento de gás urbano e de água (KIM et al.,
2013). Porém, como qualquer estrutura mecânica, essas tubulações podem sofrer danos de
diversas naturezas, tais como: corrosões, impactos mecânicos, vibrações e danos causados por
terceiros (ROH; CHOI, 2005). Para consertar os gasodutos subterrâneos, por exemplo, um
método comumente aplicado é escavar o solo e realizar a manutenção localmente (KIM et al.,
2017). Porém, encontrar o ponto exato a ser consertado pode-se tornar tarefa extremamente
difícil quando o comprimento total dos dutos for na ordem de quilômetros, o que acarreta maior
tempo de manutenção e, por conseguinte, elevado custo do reparo (ABIDIN et al., 2015).
Uma possível solução técnica para reduzir tempo e custo de reparo pode ser com o uso
de um robô de inspeção de tubulações, que se locomove dentro do próprio duto para realizar
busca do local da falha, monitoramento periódico e, quando necessário, efetuar o devido reparo
(KAWAGUCHI et al., 1995). Essa alternativa promoveu inúmeros estudos que resultaram em
diversas topologias de robôs para atender às especificações do projeto para diferentes condições
realizados até o presente momento, não foi encontrada uma topologia de robô que utiliza
atuador eletromagnético linear para essa finalidade. A principal justificativa para empregar
atuador em um robô para inspeção de tubulações é o fato de que, com a utilização do mesmo
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como elemento que produz força para o deslocamento do robô, ocorre atuação direta no
processo de conversão de energia elétrica em energia mecânica. A atuação direta propicia maior
rendimento da conversão de energia e aumenta a robustez do sistema, uma vez que é necessária
linear. Para isso, é realizado um estudo das restrições e requisitos do atuador para uma dada
permanentes com arranjo de quase-Halbach, que vem sendo largamente investigada por muitos
pesquisadores devido à sua alta densidade de força, a seu controle preciso e ao seu elevado
Para realização do projeto do atuador é utilizado um estudo de caso no qual o robô deve
ser projetado para operar imerso em óleo dentro de uma tubulação utilizada na extração de
restrições dimensionais e é também considerado que pode haver uma ampla variação térmica
operação, uma vez que o máximo produto energético dos mesmos diminui significativamente
com o aumento da temperatura, o que diminui a força produzida pelo atuador. Desta forma,
específicas do dispositivo, que por sua vez depende da capacidade de troca térmica, a qual
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depende das propriedades térmicas dos materiais utilizados para conceber o atuador e do meio
o estudo da dinâmica de fluido, o que também influencia a troca térmica e, por consequência,
a 100 °C. A condição de operação com temperatura mais baixa possibilita que o atuador opere
com menor carregamento elétrico para produzir o mesmo nível de força quando comparado
eletromagnético linear tubular, que é o dispositivo que produz força no sistema de locomoção
Este trabalho é dividido em sete capítulos, sendo que os capítulos subsequentes são
topologias de robôs de inspeção de tubulações existentes, sendo classificadas com base nos
arte dos atuadores lineares tubulares com o objetivo de identificar as topologias que oferecem
atuador eletromagnético linear tubular como elemento responsável pela locomoção do robô de
linear tubular baseado no Tensor de Maxwell, que permite determinar a força produzida pelo
finitos é apresentado para determinar as dimensões do atuador que fornecem maior força
no método de volumes finitos. Nesse modelo, é considerado que o atuador opera imerso dentro
temperatura.
produzida pelo atuador para duas condições de operação distintas, incluindo restrições térmicas.
dos estudos apresentados ao longo do trabalho são também apresentadas propostas de trabalhos
2 REVISÃ O DA LITERATURA
estado da arte e a base teórica para desenvolvimento do presente trabalho, sendo dividido em
eletromagnéticos lineares.
propor e avaliar uma nova alternativa de mecanismo de locomoção do robô dentro da tubulação.
para o mecanismo de locomoção. Sobre este assunto, a maioria dos trabalhos publicados é
voltada a robôs de inspeção de tubulações ao invés de robôs para desobstrução. Assim, serão
ser adaptadas em alguns casos para desobstrução se as ferramentas adequadas forem integradas
ao robô.
interesse. Em 2012, 1,6 milhões de robôs estavam operando no mundo inteiro, sendo que 70%
dessa quantidade de robôs estão localizados no Japão, China, Coreia do Sul, Estados Unidos e
Alemanha. Um dos motivos que explica isso é a tendência de redução do fator humano na linha
de produção, devido à questão de fadiga física do ser humano a uma longa jornada de trabalho,
da imprecisão dos produtos fabricados por manufatura e da segurança do operador. Além disso,
nas indústrias pesadas, a participação dos robôs tornou-se essencial na produção de matéria-
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prima nos últimos anos. Dessa forma, a substituição do trabalho humano por robôs tem ocorrido
em diversas aplicações, sendo uma delas a de inspeção de tubulações (NEE et al., 2015).
O uso de robôs para inspeção de tubulações vem sendo utilizado há mais de duas
meio podem dificultar ou até impossibilitar a locomoção do robô dentro de tubulação (ZIN et
al., 2012). Como exemplos dos mecanismos de movimentação existentes para essa aplicação,
há robôs que se locomovem de formas distintas, como, por exemplo: do tipo “lagarta”
TRANSETH, 2009), do tipo “perna” (ZAGLER; PFEIFFER, 2003), do tipo guia de fuso (ROH;
CHOI, 2005) e do tipo “roda” (KAWAGUCHI et al., 1995). Dessa forma, entende-se que cada
um dos robôs citados anteriormente foi desenvolvido para uma condição de operação específica
e que seu funcionamento pode não ser adequado para outras aplicações. Portanto, nos últimos
anos, a combinação de dois ou mais sistemas de locomoção foi introduzida no projeto de robôs
para obter mais vantagens em termos de robustez e flexibilidade do robô criado (ROSLIN et
al., 2012). Com o sistema de locomoção híbrido, obtêm-se robôs de inspeção que são capazes
um robô para outro é seu mecanismo de movimentação. Assim, uma classificação foi
estabelecida, conforme mostra a Figura 1. Segundo (NAYAK; PRADHAN, 2014), existem três
subcategorias. Para ter um breve entendimento de cada uma das topologias, algumas das
Os robôs com rodas possuem geralmente rodas acopladas diretamente com o motor
brinquedo” e se destaca por ter bom controle de velocidade (YUSOFF et al., 2012). Já os robôs
com rodas com pressão na parede do tubo apresentam melhor aderência entre rodas e parede de
tubo devido à ação dos braços elásticos que empurram as rodas em direção à superfície interna
do duto (LEE et al., 2012). Os robôs com rodas e estrutura rotacional contêm um motor que
converte seu movimento rotacional em deslocamento linear através de um eixo (LI et al., 2007)
e, assim, diminui nas rodas a quantidade dos atuadores responsáveis pelo movimento do robô
Estrutura simples
Com pressão na
Com rodas parede
Estrutura rotacional
Estrutura simples
Robô de inspeção
Com esteira
de tubulações
Com pressão na
parede
Tipo "pernas
articuladas"
Tipo "serpente"
pressão na parede. O primeiro tipo possui uma correia flexível acoplada aos conjuntos de
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motores rotativos, assemelhando-se a um tanque de guerra. Isso fornece boa aderência entre a
correia e a parede devido à maior área de contato com as paredes dos dutos quando comparado
com robôs com rodas (NAGAYA et al., 2012). Porém, este tipo de robô não é capaz de deslocar
nos tubos que estão na posição vertical. Dessa forma, surge o segundo tipo dessa categoria, o
qual utiliza, em geral, três conjuntos de correias com braços ajustáveis, defasados em ângulos
de 90º, 120º ou 180º, com referência ao eixo da tubulação. Esses braços pressionam o conjunto
de correias em direção à parede do duto para obter maior força de atrito destas com a parede,
possibilitando, assim, a locomoção do robô nos tubos que estão na posição vertical (KWON;
YI, 2012).
Os robôs das duas categorias anteriormente apresentadas são mais utilizados quando o
formato de duto não sofre muita alteração. Já os robôs do tipo sem rodas, em geral, são usados
para trafegar dentro dos dutos que contêm formato não homogêneo, apresentando, por exemplo,
curvas acentuadas, ramificações, juntas do tipo “T”, “L” e “Y”. Além das topologias descritas
na Figura 1, robôs do tipo “pernas articuladas” (ZAGLER; PFEIFFER, 2003), do tipo “minhoca”
geralmente é a do robô com rodas, devido à sua estrutura simples, conforme o exemplo
movimento rotativo produzido pelo motor cujo eixo está acoplado às rodas. Esse tipo de robô
pode se deslocar para frente, para trás, para esquerda ou para direita. Na Figura 3 são mostrados
os sentidos de rotação das rodas para o robô avançar ou recuar, ou seja, todas as rodas devem
girar para o mesmo sentido. Para se locomover para a esquerda ou para a direita, as rodas de
um dos lados giram no sentido do movimento, enquanto que as rodas do lado oposto produzem
movimento contrário.
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Figura 3 Sequência de movimento de um robô de estrutura simples com rodas. Adaptado de.
Para diversas aplicações, o robô baseado em estrutura simples com rodas atende às
especificações quando este opera em dutos que estão em plano horizontal ou levemente
inclinado. Quando os tubos estão em posição vertical, torna-se inviável a utilização desta
tecnologia, uma vez que as rodas perdem aderência à superfície. Para solucionar isso, pode-se
utilizar o robô com rodas com pressão na parede. Um exemplo disso é apresentado na Figura 4.
Observe-se que esse robô possui módulos dianteiro e traseiro, ambos com três braços, separados
de um ângulo de 120º, com movimento ajustável através das molas. Essas molas são
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responsáveis por “empurrar” o conjunto dos braços em direção à superfície interna do tubo.
Como resultado, forçam as rodas em contato com a superfície interna do duto, aumentando
assim a aderência das mesmas. Além de poder se locomover nos tubos que estão em posição
vertical, conforme a Figura 5, essa topologia é capaz de se adaptar para locomover em diferentes
(a) Tubo com 140 mm de diâmetro (b) Tubo com 200 mm de diâmetro
Embora os robôs com rodas e com pressão contra a parede contenham inúmeras
tornam elevados. Além disso, essa topologia não é aplicável para tubos com diâmetro muito
Uma alternativa para isso é o robô com rodas e estrutura rotacional. Essa topologia
possui uma estrutura simples e é composta por duas partes apenas (KAKOGAWA; MA, 2010).
Uma parte funciona como módulo girante e a outra estacionária, ambas possuindo rodas
passivas, conforme mostrado na Figura 6. Quando o motor que está dentro da parte não girante
é acionado, o eixo central gira, e, devido à rotação do módulo girante e da inclinação das rodas
do módulo dianteiro, as rodas dianteiras seguem numa trajetória helicoidal com o movimento
rotativo da parte girante, enquanto a parte não girante se desloca linearmente. Como resultado,
consideravelmente o controle deste sistema. Entretanto, esta topologia também não é capaz de
tracionar elevada carga, dada a capacidade de baixa aderência das rodas com a tubulação.
o robô é a utilização de estrutura com esteira, conforme mostrado na Figura 7. O robô com
esteira se caracteriza pela presença de correia flexível, o que aumenta a área de contato na
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superfície interna do tubo. Além disso, esse dispositivo requer apenas um motor rotativo para
De forma similar, há também uma versão de robôs com esteira com pressão na parede
(KAKOGAWA; MA; HIROSE, 2014), conforme mostra a Figura 8. Esta topologia tem a
aderência entre a esteira e a parede; entretanto, essa topologia requer uma quantidade maior de
motores para o movimento e ainda requer atuadores para movimento dos braços. Embora esta
permitindo tracionar cargas mais elevadas que as demais topologias discutidas, em geral não é
correia ou pernas articuladas não são consideradas adequadas para a presente aplicação, uma
vez que, para alcançar o nível de força mencionado na Seção 3.1 é necessário ter um volume
apresentadas. Além disso, uma condição crítica é que a parede interna da tubulação pode conter
óleo, que gera menor coeficiente de atrito estático na parede devido ao efeito de lubrificação.
Dessa forma, do ponto de vista da fixação do robô à parede da tubulação, o esforço necessário
para que o mesmo consiga realizar a movimentação sem ocorrer deslizamento aumenta devido
Conforme já mencionado, uma possível solução foi encontrada com base no trabalho
(PIERES et al., 2016). Neste estudo, os autores propuseram duas configurações de robô com os
Figura 10. Segundo os autores, este mecanismo utiliza parte de carga de resistência dos cabos
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umbilicais como vantagem mecânica para fixação do robô na parede interna do duto. Portanto,
é possível diminuir de forma significativa o nível de força requerida nos mecanismos dos
sistemas de fixação do robô junto à parede da tubulação, o que resulta em redução da dimensão
dos elementos atuantes e, por conseguinte, um menor volume ocupado na parte da estrutura de
fixação do robô. Essa técnica foi nomeada como sistema de autotravamento pelos autores.
Figura 9 Esquema do robô dotado dos sistemas de agarre “A” no interior da tubulação.
Figura 10 Esquema do robô dotado dos sistemas de agarre “B” no interior da tubulação.
composto por três conjuntos semelhantes de duas barras posicionadas de 120º entre si com
relação ao eixo central da tubulação. Para articular as barras, são colocadas juntas angulares na
conexão ou nó que interliga as duas barras e, junto a isso, dois atuadores localizados no interior
dos arranjos. Para analisar o mecanismo do tipo A, primeiramente considera-se que o atuador
dianteiro desloca a parte interna na direção positiva do eixo y até que os braços articulados
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encostam e exercem a força contra a parede interna do tubo, fixando assim o módulo dianteiro
dos conjuntos das barras. Com essa configuração, imobiliza-se o módulo dianteiro, permitindo
o atuador traseiro se recolher de modo que os braços articulados compostos por barras não
mantêm contato com a parede interna do tubo. Dessa forma, a parte interna do atuador central
se desloca na direção positiva do eixo y, levando consigo o módulo traseiro, até o curso
máximo. Na sequência, o atuador traseiro desloca a parte interna do mesmo na direção positiva
do eixo y de modo que os braços articulados encostam e exercem a força contra a parede interna
do tubo, fixando assim o módulo traseiro. Enquanto isso, o atuador dianteiro começa a se
recolher e os braços articulados não mantêm mais contato com a parede do tubo. Com isso, a
parte externa do atuador se desloca na direção positiva do eixo y até o curso máximo e assim
processo ocorre de forma análoga, porém de forma inversa, conforme mostrado na Figura 12.
(a) (b)
(a) (b)
Fonte: Adaptado de (PIERES et al., 2016).
Observa-se que o robô é dividido em três partes, compostas por: módulo dianteiro,
o módulo dianteiro permanece recolhido. No passo 2, o corpo do robô se estende até o limite
Dessa forma, esse ciclo continua até chegar no destino final da missão. No caso de movimento
de recuo do robô, a sequência segue de forma contrária, ou seja, seguindo a ordem numérica
decrescente.
2016) pode ser uma solução alternativa que atenderia às especificações do estudo de caso
presente trabalho.
movimento mecânico linear e à produção da força ativa com pequeno tempo de resposta. Os
atuadores com formato tubular adquiriram destaque nas últimas décadas em um gama de
aplicações por possuir um volume compacto, o que aumenta a densidade de força e pode reduzir
o seu custo da fabricação. Alguns exemplos de aplicação são encontrados na geração de energia
refrigeradores (HOWE; LIN; WANG, 2008) e em sistemas de suspensão ativa (GYSEN et al.,
2010b). Assim, o foco desta seção é avaliar as topologias de atuador que apresentam potencial
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para a aplicação no presente estudo, ou seja, o robô de inspeção tubulação que tem como
dimensionais, uma vez que o diâmetro e o raio de curvatura do duto influenciam de forma direta
o volume total do atuador, e pela elevada carga que o mesmo deve tracionar, conforme discutido
estrutura plana, vale destacar que os com formato tubular ou cilíndrico são mais compactos e
possibilitam que praticamente o comprimento total das bobinas seja aproveitado para produzir
trabalho quando acionadas. Isso porque as bobinas não apresentam cabeceira, o que resulta em
pois, em geral, tanto os atuadores como as tubulações apresentam seção transversal circular.
Pode-se classificar o atuador linear tubular quanto à estrutura em: motor sem ranhuras
e motor com ranhuras. Os motores sem ranhuras não apresentam ondulação de força oriunda
da força de relutância, o que é desejável para aplicações do qual o atuador produz força ativa
sem inserir perturbações indesejadas. Vale ressaltar que a razão da existência da ondulação de
força não se restringe apenas à presença de ranhuras, uma vez que o modo de acionamento do
números de polos e fases também são fatores que resultam nesse fenômeno. Já, os motores com
ranhuras se caracterizam pelo maior nível de carregamento magnético, uma vez que é obtido
Um estudo comparativo das duas estruturas mencionadas foi realizado por (BIANCHI;
BOLOGNANI; TONEL, 2001). Neste estudo, as topologias do motor sem ranhuras e do motor
com ranhuras foram avaliadas e são mostradas na Figura 14 e na Figura 15, respectivamente.
Além disso, as topologias estudadas nesse trabalho apresentam entre os ímãs permanentes anéis
força de ambas as topologias variando a razão entre o diâmetro externo De e o diâmetro interno
D sendo que o valor do diâmetro externo foi preestabelecido, sendo os valores da densidade de
força calculados para atuador com ranhura e sem ranhura de 236 kN/m3 e 223 kN/m3
respectivamente, considerando a densidade linear de corrente igual a 30,5 kA/m e 30,8 kA/m
na devida ordem. Vale lembrar que, ao variar o diâmetro interno, a altura do enrolamento se
altera simultaneamente. Segundo constatações dos autores, com o mesmo diâmetro externo e
mesmos ímãs, o atuador com ranhuras apresentou maior densidade de força e é mais vantajoso
do que o motor sem ranhuras. Ainda neste estudo, os autores avaliaram os atuadores com
diferentes ímãs: NdFeB (neodímio-ferro-boro) e ferrite. Como o produto energético dos ímãs
de terras raras é maior que dos ímãs de ferrite, as topologias que utilizaram os ímãs de NdFeB
apresentaram maiores densidades de força, uma vez que a máxima força produzida por atuador
opera saturado. Entretanto, vale ressaltar que o custo dos ímãs de NdFeB é muito mais elevado.
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Embora os atuadores sem ranhuras apresentem menores densidades de força, estes são
de fácil modelagem e fabricação, além de baixo custo quando comparados aos atuadores com
ranhuras (GYSEN et al., 2009b). Como o objetivo é encontrar a topologia de atuador com maior
densidade de força, a questão de elevado custo não é avaliada neste primeiro momento.
Portanto, na sequência serão avaliadas apenas as topologias de atuadores com ranhuras para
aplicação em estudo.
Assim, dentre dos atuadores com ranhuras, foram avaliados por (BIANCHI et al., 2003)
seja, uma condição ideal em o que o material ferromagnético se comporta como um condutor
magnético ideal, não havendo dessa forma a queda de potencial magnético no núcleo. Além
disso, foi assumido que a distribuição da densidade do fluxo magnético ao longo do entreferro
possui formato retangular. Com o modelo idealizado proposto pelos autores do artigo, a
dependência da máxima força produzida pelo atuador é função apenas dos principais
topologias para densidade de corrente igual a 5,44 A/mm2. O resultado desse estudo mostrou
que, para o mesmo diâmetro externo e mesmo volume ativo, a maior densidade de força é obtida
pelo atuador com ímãs axialmente magnetizados, sendo o valor calculado de 238 kN/m3, uma
vez que uma maior densidade de fluxo magnético no entreferro é alcançada devido à
concentração do fluxo magnético com essa topologia. No caso do atuador com ímãs
Figura 16 Atuador linear tubular com (a) ímãs axialmente magnetizados e (b) ímãs radialmente
magnetizados.
Outro estudo com atuador empregando ímãs magnetizados axialmente mostrou que é
possível atingir valor muito elevado de densidade de força (até 3,8 MN/m3), valor muito
2016). Porém, para obter esse nível, o atuador opera em ciclos muitos curtos e com valor muito
enrolamentos atingiu 175 ºC, conforme resultados mostrados pelos autores. Destaca-se que
nesse estudo a elevada densidade de força não é associada somente à topologia em si, mas ao
altíssimo carregamento elétrico aplicado em curto intervalo de tempo. Para a aplicação do robô
em questão, que deve se deslocar por quilômetros de distância, torna-se inviável operar com
tamanha densidade de corrente elétrica. Isso porque a elevada temperatura resultante nas
bobinas será transferida para as demais partes do atuador, podendo reduzir significativamente
tanto a indução remanescente como o campo magnético coercitivo dos ímãs, o que pode
elétrico e magnético no dispositivo. Porém, para operar com elevados níveis de densidade de
corrente elétrica deve-se considerar a influência e limitação térmica. Neste trabalho é realizado
térmica, uma alternativa é aumentar ainda mais o nível de carregamento magnético, o que
incentivou diversos estudos nessa área, não somente em busca dos ímãs com maior produto
energético, mas também nas criações de novas configurações dos ímãs e materiais com
configurações radial e axial previamente discutidas, pode ser realizada através de um arranjo
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dos ímãs, conhecido como arranjo de Halbach, proposto pelo físico Klaus Halbach em 1980
(HALBACH, 1980). Nesse trabalho, sugeriu-se que os ímãs sejam magnetizados e dispostos de
modo que o campo magnético é intensificado em uma das faces do arranjo e nulo na outra face.
Quanto aos atuadores lineares tubulares, é possível obter este arranjo aproximado utilizando os
ímãs com formato de anel, conforme mostrado na Figura 17. O uso do arranjo de Halbach nos
com menor distorção harmônica e, por conseguinte, menor ondulação de força, além de ter
magnetizados axialmente ou radialmente apenas. Como uma face dos arranjos não sofre
montagem dos ímãs por um material não-ferromagnético, o qual apresenta menor densidade de
massa, diminuindo assim a massa total do atuador. Porém, tal configuração dos ímãs é muito
difícil de construir devido à sua magnetização complexa. Dessa forma, uma alternativa seria
modo a aproximar a configuração proposta por Halbach (ZHU; HOWE, 2001). Essa nova
de magnetizar os ímãs de NdFeB radialmente; entretanto, o anel pode ser segmentado e cada
segmento pode ser magnetizados paralelamente (ECKERT et al., 2016), a fim de aproximar a
Halbach foi feito por (JANSEN et al., 2012). Nesse artigo, os atuadores em estudo foram
projetados para aplicação de sistema de suspensão ativa. Elevada densidade de força foi
alcançada com carregamento elétrico com valor usualmente empregado, isto é, na ordem de
5,15 A/mm2. Para tanto, os autores avaliaram as topologias do atuador com o arranjo de ímãs
na parte interna e na parte externa, conforme ilustrado na Figura 19. Analisaram também a
configurações de enrolamento.
42
Figura 19 Atuadores tubulares com arranjo de ímãs permanentes: (a) ímãs na parte interna e
(b) ímãs na parte externa.
concentrado, ou seja, uma bobina envolvendo um dente da armadura. Para máquinas rotativas,
essa configuração traz a vantagem de resultar em menor cabeceira de bobina, aumentando assim
a sua eficiência. Porém, essa vantagem não se aplica nos atuadores tubulares, uma vez que as
bobinas das topologias de um atuador cujo formato é tubular não têm cabeceiras de bobina. Por
não precisar sobrepor a fase de uma bobina em outra fase, que é uma das tarefas mais
de camada única, conforme a Figura 20(c) e a Figura 20(d). Segundo os autores, com
enrolamento de camada única, foi possível reduzir as perdas ôhmicas, pois a resistência do
enrolamento foi reduzida por um fator de quatro. Além disso, essa configuração apresenta
Figura 20(e) possui enrolamento de passo inteiro e por isso maior ondulação de força foi
observada. Já as configurações mostradas na Figura 20(f) e na Figura 20(g), por terem elevado
harmônicas maiores.
43
a relação geométrica para encontrar a densidade de força de 755 kN/m3, ou superior. Ressalta-
se que, para obter esse resultado, faz-se necessário utilizar o aço cobalto, pois permite alcançar
um nível de saturação do núcleo maior que aço de silício comumente utilizado. Para fins de
validação, realizaram também análise pelo método dos elementos finitos. Os resultados obtidos
pelos autores podem ser observado na Figura 21 para ímãs montados na parte interna (IMT) e
de elevada densidade de força, com níveis usuais de carregamento elétrico, é obtida com arranjo
20(d). Vale destacar que algumas topologias de atuador com os ímãs magnetizados axialmente
apresentam maior densidade de força nas configurações analisadas. Porém, as topologias com
ímãs magnetizados axialmente em geral requerem maior volume de ímãs para atingir o mesmo
44
quase-Halbach.
Por fim, destaca-se que a escolha final da topologia de atuador utilizada é apresentada
no Capítulo 3, uma vez que outros fatores do projeto devem ser avaliados com a condição de
Este capítulo tem como objetivo principal descrever as etapas de projeto do atuador em
inicial foi realizado utilizando o princípio do Tensor de Maxwell para o cálculo da força axial.
Esta abordagem foi desenvolvida neste trabalho, tornando possível estimar as dimensões ativas
A fim de obter um atuador com elevada densidade de força, definiu-se que o mesmo
seria constituído com materiais ferromagnéticos com propriedades que permitem atingir
ótimas por meio de busca exaustiva com o objetivo de encontrar as dimensões que resultem no
ímãs permanentes é a Série de Fourier no espaço para representar as funções periódicas das
(atuadores lineares tubulares ou cilíndricos) (GYSEN et al., 2010a). Tal técnica matemática
tem como objetivo principal mapear a distribuição espacial da densidade de fluxo magnético
67
escalar magnético (JIABIN WANG; JEWELL; HOWE, 1999). Desta forma, permite relacionar
o cálculo dos principais parâmetros de desempenho do atuador, como, por exemplo, a força
Fourier. Embora, de forma geral, este método permita encontrar resultados semelhantes aos
obtidos por meio de simulação numérica, esta abordagem geralmente não considera queda de
potencial magnético nos materiais. Além disso, pode-se dizer que o método não é de fácil
Alternativamente, o cálculo da força axial dos atuadores lineares tubulares também pode
ser feito com o modelo analítico para atuadores tubulares baseado nos circuitos magnéticos
equivalentes (BIANCHI et al., 2003). Esta abordagem em geral permite considerar queda de
potencial magnético nos materiais; entretanto, os resultados não são tão precisos como o
matemática.
Além disso, existem diversos métodos computacionais que permitem calcular as forças
Virtual e o Método do Tensor de Maxwell (SALON, 1995). Com isso, usualmente desenvolve-
e, se significativo, do campo elétrico sobre uma peça mecânica. Assim, surgem inúmeros
através do Tensor de Maxwell, pois este possibilita o cálculo da força relacionando aspectos
simples. Porém, essa abordagem só foi encontrada para projeto de máquinas elétricas rotativas,
e não aplicada a dispositivos lineares tubulares ou cilíndricos. Desta forma, cabe explorar o
conceito que pode ser considerado como um aspecto inovador no projeto de atuadores lineares.
eficientes para calcular a força em um corpo sob a presença do campo magnético. Assim, uma
Tensor de Maxwell.
𝑭𝑒 = 𝑞𝑬, (7)
em que 𝑞 é a carga eletricamente carregada e 𝑬 o campo elétrico.
De forma análoga, determina-se a força sobre uma carga devido à presença de um campo
magnético conforme a Equação (8). Observe-se que a força magnética 𝑭𝑚 só existe quando a
𝑭𝒎 = 𝑞(𝒗 × 𝑩) (8)
Se os vetores 𝒗 e 𝑩 estão no mesmo plano, pode-se calcular o módulo da força
𝐹𝑚 = |𝑞|𝑣𝐵𝑠𝑒𝑛(𝜑), (9)
em que 𝜑 é o ângulo entre os vetores 𝒗 e 𝑩. Observe-se que, quando a carga de prova está se
movimentando na mesma direção do vetor 𝑩, a força é nula, e sua intensidade será máxima
Por fim, pode-se expressar, de uma forma geral, a força que atua em uma carga
eletricamente carregada por meio da Equação (10), que considera a atuação de força devido ao
𝑭 = 𝑞(𝑬 + 𝒗 × 𝑩) (10)
Essa expressão é usada como o ponto de partida da dedução matemática de Tensor de
Maxwell.
eletromagnética (WOODSON; MELCHER, 1968). As equações (11), (12), (13) e (14) são
∇ ∙ 𝑩 = 0. (12)
A Lei de Faraday da indução é
𝜕𝑩
∇×𝑬 =− . (13)
𝜕𝑡
E, por fim, a Lei de Ampère-Maxwell é
𝜕𝑬
∇ × 𝑩 = 𝜇0 𝑱 + 𝜇0 𝜀0 . (14)
𝜕𝑡
Para aprofundar o estudo dessas equações, existem várias literaturas que abordam
1989).
iniciar, considera-se a Equação (10), em que é considerada apenas uma única carga
70
eletricamente carregada. Expande-se agora essa formulação na situação que trata uma
que 𝑱 = 𝜌𝒗,
equação
𝒇 = 𝜌𝑬 + 𝑱 × 𝑩. (17)
Para eliminar 𝜌 e 𝑱 da Equação (17), utiliza-se as equações (11) e (14), o que resulta em
1 𝜕𝑬
𝒇 = 𝜀0 (∇ ∙ 𝑬)𝑬 + ( 𝛁 × 𝑩 − 𝜀0 ) × 𝑩. (18)
𝜇0 𝜕𝑡
A derivada parcial de 𝑬 × 𝑩 pode ser calculada por
𝜕 𝜕𝑬 𝜕𝑩
(𝑬 × 𝑩) = ( × 𝑩) + (𝑬 × ), (19)
𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑡
e, pela lei de Faraday, obtém-se
𝜕𝑬 𝜕
× 𝑩 = (𝑬 × 𝑩) + 𝑬 × (∇ × 𝑬). (20)
𝜕𝑡 𝜕𝑡
Substituindo-se a Equação (20) em (18), tem-se
1 𝜕
𝒇 = 𝜀0 [(∇ ∙ 𝑬)𝑬 − 𝑬 × (∇ × 𝑬)] − [𝑩 × (∇ × 𝑩)] − 𝜀0 (𝑬 × 𝑩). (21)
𝜇0 𝜕𝑡
Pela regra de produto, tem-se a seguinte expressão,
1
𝑬 × (∇ × 𝑬) = 2 ∇(𝐸 2 ) − (𝑬 ∙ ∇)𝑬, (23)
que também é válida para obter a expressão 𝑩 × (∇ × 𝑩). Com estas identidades pode-se
1 1 1
𝒇 = 𝜀0 [(∇ ∙ 𝑬)𝑬 + (𝑬 ∙ ∇)𝑬] + [(∇ ∙ 𝑩)𝑩 + (𝑩 ∙ ∇)𝑩] − ∇ (𝜀0 𝐸 2 + 𝐵 2 )
𝜇0 2 𝜇0
(24)
𝜕
− 𝜀0 (𝑬 × 𝑩).
𝜕𝑡
Fazendo o devido agrupamento dos termos comuns, obtém-se
1 1 1
𝒇 = 𝜀0 [(∇ ∙ 𝑬)𝑬 + (𝑬 ∙ ∇)𝑬 − ∇𝐸 2 ] + [(∇ ∙ 𝑩)𝑩 + (𝑩 ∙ ∇)𝑩 − ∇𝐵 2 ]
2 𝜇0 2
(25)
𝜕
− 𝜀0 (𝑬 × 𝑩).
𝜕𝑡
O vetor Poynting é expresso por 𝑺 = (𝑬 × 𝑩)⁄𝜇0. Portanto, substituindo em (25), tem-
se
1 1 1
𝒇 = 𝜀0 [(∇ ∙ 𝑬)𝑬 + (𝑬 ∙ ∇)𝑬 − ∇𝐸 2 ] + [(∇ ∙ 𝑩)𝑩 + (𝑩 ∙ ∇)𝑩 − ∇𝐵 2 ]
2 𝜇0 2
(26)
𝜕𝑺
− 𝜀0 𝜇0 .
𝜕𝑡
Pela regra de produto, pode-se simplificar essa expressão, ou seja,
1 1 1 𝜕𝑺
𝒇 = ∇ [𝜀0 (𝐸𝑖 𝐸𝑗 − 𝛿𝑖𝑗 𝐸 2 ) + (𝐵𝑖 𝐵𝑗 − 𝛿𝑖𝑗 𝐵 2 )] − 𝜀0 𝜇0 , (27)
2 𝜇0 2 𝜕𝑡
onde 𝛿𝑖𝑗 é o Delta de Kronecker. A primeira parcela de (27) representa o Tensor de Maxwell
⃡𝑻, isto é,
𝜕𝑺
⃡ − 𝜀0 𝜇0
𝒇 = ∇𝑻 . (28)
𝜕𝑡
que atua sobre a superfície de um determinado objeto. Assim, pode-se representar o Tensor de
1 1 1
𝑇𝑖𝑗 = 𝜀0 (𝐸𝑖 𝐸𝑗 − 𝛿𝑖𝑗 𝐸 2 ) + (𝐵𝑖 𝐵𝑗 − 𝛿𝑖𝑗 𝐵 2 ). (30)
2 𝜇0 2
O Delta de Kronecker, na sua representação matricial, é dado por
72
1 0 0
𝛿 = (0 1 0). (31)
0 0 1
Observa-se que os valores do Delta de Kronecker são 1 somente nos elementos da
diagonal principal. Para demais elementos da matriz, assume-se valor nulo. Por fim, o Tensor
⃡
𝑻
1 1 1 1 1
𝜀0 (𝐸𝑥 2 − 𝐸 2 ) + (𝐵𝑥 2 − 𝐵2 ) 𝜀0 𝐸𝑥 𝐸𝑦 + 𝜀0 𝐵𝑥 𝐵𝑦 𝜀0 𝐸𝑥 𝐸𝑧 + 𝜀0 𝐵𝑥 𝐵𝑧
2 𝜇0 2 𝜇0 𝜇0
1 1 1 1 1 (32)
= 𝜀0 𝐸𝑦 𝐸𝑥 + 𝜀0 𝐵𝑦 𝐵𝑥 𝜀0 (𝐸𝑦 2 − 𝐸 2 ) + (𝐵𝑦 2 − 𝐵2 ) 𝜀0 𝐸𝑦 𝐸𝑧 + 𝜀0 𝐵𝑦 𝐵𝑧
𝜇0 2 𝜇0 2 𝜇0
1 1 1 1 1
𝜀0 𝐸𝑧 𝐸𝑥 + 𝜀0 𝐵𝑧 𝐵𝑥 𝜀0 𝐸𝑧 𝐸𝑦 + 𝜀0 𝐵𝑧 𝐵𝑦 𝜀0 (𝐸𝑧 2 − 𝐸 2 ) + (𝐵𝑧 2 − 𝐵2 )
( 𝜇0 𝜇0 2 𝜇0 2 )
A Equação (32) representa a forma geral do tensor, que considera o efeito do campo
elétrico, além do campo magnético. Para fins de cálculo de força em atuadores eletromagnéticos,
o efeito do campo elétrico é muito pouco significativo; portanto, pode ser desprezado.
projeto do atuador tubular linear de ímãs permanentes, tendo como objetivo principal encontrar
permanentes radialmente magnetizados é ilustrado na Figura 33. Este atuador é proposto como
o exemplo de estudo para aplicação a fim de desenvolver a expressão que permita calcular a
que a interação entre o campo magnético gerado pelos ímãs permanentes e o campo gerado pela
coordenadas cilíndrico com o eixo central da máquina alinhado com a coordenada z do sistema
de coordenadas.
considera-se a Equação (28), que calcula a densidade de força 𝒇. Como o objetivo principal é
𝑑
𝑭 = ∮ ⃡𝑻 ∙ 𝑑𝒂 − 𝜀0 𝜇0 ∫ 𝑺𝑑𝝉. (33)
𝑆 𝑑𝑡 𝑉
Como em geral o efeito do campo elétrico nas máquinas elétricas é desprezível para
produção de força, pode-se eliminar o segundo termo da direita da Equação (33), resultando em
𝑭 = ∮ ⃡𝑻 ∙ 𝑑𝒂, (34)
𝑆
1 1
𝑇𝑖𝑗 = (𝐵𝑖 𝐵𝑗 − 𝛿𝑖𝑗 𝐵 2 ). (35)
𝜇0 2
Destaca-se que os termos envolvendo o campo elétrico foram omitidos, resultando
elementos tensoriais, pode-se também expressar (35) em termos do campo magnético 𝐻; donde
vem que
1
𝑇𝑖𝑗 = 𝜇0 (𝐻𝑖 𝐻𝑗 − 𝛿𝑖𝑗 𝐻 2 ). (36)
2
De forma expandida se obtém
𝜇0
𝑇𝑖𝑗 = 𝜇0 𝐻𝑖 𝐻𝑗 − 𝛿 𝐻2. (37)
2 𝑖𝑗
Ao invés de calcular cada elemento da matriz tensorial, pode-se utilizar notação vetorial,
ou seja
𝜇0 2
⃡𝑻 = 𝜇0 𝑯(𝑯 ∙ 𝒏) − 𝑯 ∙ 𝒏, (38)
2
em que 𝒏 representa a direção do elemento de superfície 𝑑𝒔 . Observa-se que, devido à
𝑯 = 𝐻𝑟 𝒂𝒓 + 𝐻𝑧 𝒂𝒛 . (39)
Introduzindo a expressão (39) em (38), obtém-se
𝜇0
⃡𝑻 = 𝜇0 (𝐻𝑟 𝒂𝒓 + 𝐻𝑧 𝒂𝒛 )[(𝐻𝑟 𝒂𝒓 + 𝐻𝑧 𝒂𝒛 ) ∙ 𝒂𝒓 ] − (𝐻𝑟 2 + 𝐻𝑧 2 ) ∙ 𝒂𝒓 . (40)
2
Fazendo as devidas manipulações matemáticas, tem-se.
𝜇0
⃡𝑻 = (𝐻𝑟 2 + 𝐻𝑧 2 ) ∙ 𝒂𝒓 + 𝜇0 𝐻𝑟 𝐻𝑧 ∙ 𝒂𝒛 (41)
2
Portanto, pode-se também representar o Tensor de Maxwell em termos da componente
⃡𝑻 = 𝑇𝑟 𝒂𝒓 + 𝑇𝑧 𝒂𝒛 . (42)
As componentes 𝑇𝑟 e 𝑇𝑧 são calculadas, respectivamente, pelas equações (43) e (44),
𝜇0
𝑇𝑟 = (𝐻𝑟 2 + 𝐻𝑧 2 ), (43)
2
75
𝑇𝑧 = 𝜇0 𝐻𝑟 𝐻𝑧 . (44)
Com isso, a força que atua na parte interna é calculada integrando-se o Tensor em uma
⃡ ∙ 𝑑𝒂 = ∬ 𝑻
𝑭 = ∮𝑻 ⃡ ∙ 𝑑𝒔. (45)
𝑆
𝑭 = 𝐹𝑟 𝒂𝒓 + 𝐹𝑧 𝒂𝒛 . (46)
Assim, obtém-se a expressão que calcula a componente radial da força,
𝜇0
𝐹𝑟 = ∬ 𝑇𝑟 𝑑𝑠 = ∬ (𝐻𝑟 2 + 𝐻𝑧 2 ) 𝑑𝑠. (47)
2
Considerando que o elemento infinitesimal da superfície de integração para geometria tubular
𝐿𝑎
𝜇0
𝐹𝑟 = ∫ (𝐻𝑟 2 + 𝐻𝑧 2 )2𝜋𝑅𝑖 𝑑𝑧, (48)
0 2
em que 𝐿𝑎 é o comprimento ativo axial e 𝑅𝑖 a distância do eixo central até a superfície
delimitada pelo entreferro do atuador. Assim, retirando-se as constantes para fora da integral,
tem-se,
𝐿𝑎
𝐹𝑟 = 𝜇0 𝜋𝑅𝑖 ∫ (𝐻𝑟 2 + 𝐻𝑧 2 ) 𝑑𝑧. (49)
0
Vale destacar que a componente radial da força tende a ser nula devido à simetria tubular, não
sendo considerada neste trabalho. De forma análoga, a componente axial da força é calculada
por
𝐹𝑧 = ∬ 𝑇𝑧 𝑑𝑠 = ∬ 𝜇0 𝐻𝑟 𝐻𝑧 𝑑𝑠. (50)
logo,
𝐿𝑎
𝐹𝑧 = 2𝜋𝑅𝑖 𝜇0 ∫ 𝐻𝑟 𝐻𝑧 𝑑𝑧. (52)
0
76
Observa-se que a componente radial da força, dada pela Equação (49), tem o efeito de
atrair a parte interna do atuador na direção radial, e sua intensidade depende basicamente da
componente radial e axial do campo magnético na região de entreferro, uma vez que demais
variáveis são de valor constante. Devido à geometria tubular do atuador, que apresenta simetria
na direção circunferencial, em geral a força resultante na direção radial tende a ser nula.
Já, a componente axial da força, dada pela Equação (52), responsável pelo deslocamento
no entreferro de atuadores em geral não é simples. Uma das técnicas que pode ser utilizada para
isso é baseada na Série de Fourier. Entretanto, essa abordagem não vai na direção do objetivo
inicial, que é desenvolver um método que permita determinar de forma simples e rápida as
superfície interna da armadura do atuador, conforme ilustrado na Figura 33. Dessa forma, a
onde 𝐻𝑧𝑔 é a componente axial do campo magnético no entreferro e 𝐻𝑧𝐹𝑒 a componente axial
𝐻𝑧 = 𝐻𝑧𝑔 = 𝐴, (54)
77
sendo que a densidade linear de corrente 𝐴 é expressa em unidade de corrente por comprimento
𝑑𝑖
𝐴= . (55)
𝑑𝑧
magnético. Do ponto de vista de projeto de máquinas elétricas, o valor da força axial em geral
fortemente do carregamento elétrico, uma vez que o carregamento magnético é dependente dos
sendo que em atuador com dimensões da ordem do estudo de caso, o valor geralmente é de
fortemente da capacidade de troca térmica e do sistema de refrigeração que retira o calor gerado
Vale ressaltar também que a expressão (57) considera uma distribuição retangular de
densidade de corrente, ou seja, com condução de 180º. Porém, para muitas aplicações das
trifásico com condução de 120º. Dessa forma, a força axial produzida nesta condição
2
𝐹𝑧 = ( ) 2𝜋𝑅𝑖 𝐿𝑎 𝐴𝐵𝑔 . (58)
3
Com o uso de ímãs de terras raras com elevado produto energético, a densidade de fluxo
pode assumir valores acima de 1,0 T; portanto, o valor adotado para este projeto é 1,15 T.
A escolha do valor da densidade linear de corrente pode ser inicialmente estimada com
base nos valores típicos encontrados em livros dedicados ao projeto de máquinas elétricas
kA/m. Destaca-se novamente que este valor depende muito da capacidade de troca térmica que
valor da força axial produzida pelo atuador seja de aproximadamente 1000 N. Considerando
que o comprimento ativo é de 194 mm (conforme discutido na Seção 3.2), o valor do raio
interno da armadura pode ser determinado com a expressão (58), e o resultado de cálculo obtido
é de 23,8 mm. Este valor de raio é factível, uma vez que o diâmetro externo do atuador é de 80
para viabilizar uma análise mais refinada e para determinar os demais parâmetros dimensionais
do atuador.
79
bidimensional pode ser utilizado para descrever a distribuição de densidade de fluxo magnético
de forma rápida (uma vez que modelos bidimensionais requerem bem menos esforço
computacional que modelos tridimensionais) e precisa (uma vez que se aplicar um elevado
com passo de ranhura 𝜏𝑛 , e que a altura e a largura das bobinas estão representadas como ℎ𝑐 e
𝜏𝑠 , respectivamente. Por ter ranhuras, a dimensão ótima das aberturas da ranhuras 𝜏𝑜 e da altura
80
da sapata dos dentes 𝜏𝑡𝑡 devem ser avaliadas. Adicionalmente, para correto funcionamento do
conforme a Figura 34, algumas restrições dimensionais devem ser respeitadas. Com a passagem
dos cabos umbilicais pelo meio do atuador, o raio interno da parte interna do atuador ℎ𝑠 é
delimitado em 12,7 mm devido à dimensão dos cabos passantes. Adicionalmente, o raio externo
do atuador 𝑅𝑒 é definido como 40 mm, conforme discutido na Seção 3.2. Além disso, dado que
do passo polar e do passo de ranhura é 12,1 mm e 16,2 mm, respectivamente. Assim, falta ainda
determinar as dimensões dos ímãs, dos dentes da armadura e da abertura das ranhuras, que são
1 alterara o volume ativo anteriormente calculado, uma vez que, considerando o curso e o
81
comprimento dos módulos de fixação, o comprimento ativo 𝐿𝑎 foi estabelecido, assim como o
que implementa o método dos elementos finitos, é o pacote comercial ANSYS Eletrocnics® .
Esta ferramenta permite realizar a parametrização das variáveis dimensionais de interesse. Uma
vez estabelecido o modelo a ser parametrizado e a ferramenta a ser utilizada, é necessário definir
dos materiais, pois o desempenho do atuador eletromagnético linear em estudo está diretamente
remanescente 𝐵𝑟𝑒𝑚 , e de campo coercivo Hc, pois isso resulta em elevado carregamento
magnético no atuador. Destaca-se que, para um dado valor de força axial, o elevado valor de
carregamento magnético pode resultar no uso de menor carregamento elétrico, de acordo com
(58), e, por conseguinte, menor consumo energético e menor perda ôhmica nas bobinas.
este projeto, uma vez que estes apresentam elevado produto energético. Considerando que a
temperatura crítica de operação é limitada em 180 ºC devido à classe de isolação térmica dos
condutores elétricos alocados nas ranhuras, os ímãs da classe N45UH foram escolhidos para
este projeto, pois, além de apresentarem elevado produto energético e elevada indução
180 ºC sem que ocorra desmagnetização irreversível dos mesmos. Os valores das principais
Uma vez definido que se pretende operar com elevados valores de carregamento
magnético, o material ferromagnético utilizado na armadura deve permitir operar nestes níveis
sem que ocorra saturação magnética do mesmo. Dessa forma, o aço cobalto Vacoflux 48 foi
escolhido para o presente projeto. Esse material apresenta elevado nível de saturação magnética,
A curva B-H do aço cobalto é ilustrada na Figura 35. Observa-se que esse material
ferromagnético apresenta uma inclinação acentuada para baixos valores de campo magnético
aplicado. Isso significa que, quando o núcleo opera em valores baixos de campo magnético
implementação prática nos atuadores com formato tubular, principalmente nos atuadores de
armadura com ranhuras. Outra possível solução para reduzir as perdas é utilizar material
ferromagnético de maior resistividade elétrica, pois as perdas por correntes parasitas reduzem
uso de aço cobalto na construção de armadura do atuador, uma vez que esse material
Na culatra interna do atuador, sobre a qual são montados os ímãs permanentes, pode-se,
entreferro e são quase nulas no lado oposto. Ainda assim, observa-se um determinado nível de
linhas de fluxo na região da culatra, pois o arranjo de quase-Halbach não permite anular o fluxo
totalmente nesta região. Além disso, por questão de fixação mecânica dos ímãs, é necessário o
uso de material de elevada resistência mecânica para alojamento dos mesmos. Dessa forma,
material de baixo nível de saturação magnética pode ser utilizado, uma vez que o nível de
densidade de fluxo magnético na culatra tende a ser bem menor do que a do material que
compõe a armadura do atuador. Portanto, definiu-se como material da culatra interna o aço
carbono 1010. A relação entre a indução magnética deste material e o campo magnético externo
Na topologia escolhida se utiliza ranhura com formato retangular. Essa escolha pode ser
justificada pelo melhor aproveitamento da área das ranhuras, maior capacidade de dissipar o
calor gerado por Efeito Joule nas ranhuras e maior facilidade de usinagem. Esse formato de
ranhura também favorece o uso de fios de condutor elétrico retangular na composição das
bobinas, o que proporciona maior fator de ocupação das ranhuras quando comparado com
85
bobinas que utilizam fio de formato circular (CHOI et al., 2010). O material dos fios
retangulares é cobre recozido com condutividade 5,8.107 S/m a 25 ºC. Adicionalmente, define-
se que o fator de ocupação de 0,65 para condutores elétricos retangulares, sendo a temperatura
máxima admitida nos condutores elétricos é de 180 ºC, devido à classe de isolação elétrica
adotada.
Seção 4.4.
fluxo magnético, o caminho das linhas de fluxos magnéticos e, principalmente, a força axial
em função de tempo não são avaliados. Assim, pode-se considerar que o atuador opera na
principais resultados de interesse, como a força axial produzida pelo atuador para uma
magnetostática.
Baseado no modelo proposto na Seção 4.2 e nos materiais definidos na Seção 4.3, o
considerando inclusive os módulos responsáveis pela fixação do robô, que são compostos por
vetor potencial magnético nulo e foram aplicadas à linha que delimita o modelo, conforme
Para possibilitar a simulação é necessário ainda definir a excitação elétrica nas bobinas.
Para isso, adota-se uma forma prática comumente utilizada no projeto de máquinas elétricas
Adota-se inicialmente o valor da densidade de corrente eficaz 𝐽𝑟𝑚𝑠 igual a 5,0 A/mm2, valor
típico nos projetos de máquinas elétricas sem refrigeração forçada. É importante destacar ainda
que os campos gerados pela armadura e pelos ímãs permanentes foram colocados em quadratura
ímãs. Estas variáveis definem o volume dos ímãs magnetizados radialmente e axialmente e o
volume de material ferromagnético das culatras. Note-se que, ao variar a relação entre o
deve-se manter o mesmo passo polar 𝜏𝑝 . Adicionalmente, ao variar a altura dos ímãs, deve-se
87
alterar também a espessura da culatra interna ℎ𝑡𝑏 , uma vez que o raio interno da armadura 𝑅𝑖 ,
Figura 38 Gráfico tridimensional com resultados de força axial do atuador em função das
variáveis paramétricas: 𝒉𝒎 e 𝝉𝒓 /𝝉𝒑.
Observa-se na Figura 39 que o maior nível de força é produzido quando a razão entre
𝜏𝑟 e 𝜏𝑝 assume o valor de 0,7, sendo esta adotada para o presente projeto do atuador. Esse fato
também foi discutido no trabalho (WANG; HOWE, 2005a), no qual os autores mostraram que
a maior densidade de força nos atuadores tubulares de ímãs permanentes com magnetização de
arranjo de quase-Halbach no interior pode ser obtida com razão de 𝜏𝑟 / 𝜏𝑝 de 0,6 a 0,7,
dependendo da relação entre o raio externo do atuador e o raio externo da parte interna. Embora
seja desejável utilizar os ímãs com espessura maior, pois maior valor de força é obtido para o
maior valor de hm, deve-se considerar a restrição do raio interno da armadura calculado
influenciou muito o nível de força produzida, definiu-se que a espessura da culatra ℎ𝑡𝑏 deve ser
igual a 3,0 mm devido à questão de rigidez mecânica e que a altura dos ímãs deve ser de 5,1
mm.
Figura 39 Gráfico com resultados de força axial do atuador em função da altura dos ímãs 𝒉𝒎
para 𝝉𝒓 /𝝉𝒑 de 0,6, 0,7 e 0,8.
Uma vez definidas as dimensões dos ímãs, pode-se variar os parâmetros dimensionais
associados aos dentes da armadura para avaliar a força axial produzida pelo dispositivo. As
variáveis associadas à armadura são a largura dos dentes 𝜏𝑡 , a altura da culatra externa ℎ𝑒 , que
faz com que a altura dos dentes ℎ𝑐 varie simultaneamente. Isso ocorre porque a altura total da
armadura é de valor constante, sendo limitada pelo raio externo do atuador 𝑅𝑒 e pelo raio
interno da armadura 𝑅𝑖 . O passo de ranhura 𝜏𝑛 também deve ser mantido constante em todas as
análises, uma vez que o comprimento ativo do dispositivo e o número de ranhuras são os
mesmos. Dessa forma, ao variar a largura dos dentes 𝜏𝑡 , a largura das ranhuras 𝜏𝑠 também é
alterada.
89
são mostrados na Figura 40. Observa-se que, quanto menor for a largura dos dentes, maior é a
força axial produzida, pois a área das bobinas tende de aumentar com a redução de 𝜏𝑡 e, por
conseguinte, maiores níveis de corrente elétrica podem ser aplicados para manter a mesma
carregamento elétrico, conforme expressa a Equação (58). Porém, quanto menor for a largura
dos dentes, a densidade de fluxo magnético nos dentes tende de aumentar, o que pode resultar
Nesta figura, a largura dos dentes é de 4,0 mm e se observa que, em alguns dentes, a indução
magnética atingiu valores próximos de 1,7 T. Logo, o núcleo ainda não está saturado com os
rigidez mecânica, é melhor que os dentes sejam mais largos; assim, definiu-se 𝜏𝑡 = 4,0 mm.
Figura 40 Gráfico tridimensional com resultados de força axial do atuador em função das
variáveis paramétricas: 𝝉𝒕 e 𝒉𝒆 .
90
variável e a força é não linear para os valores de 𝜏𝑡 analisados. Isso ocorre porque, ao variar a
culatra externa, altera-se a área das ranhuras e, por conseguinte, o volume das bobinas é
modificado. Nesse aspecto, é esperado que, com menores valores da culatra externa ℎ𝑒 , a força
produzida tende a aumentar, uma vez que a área das bobinas se torna maior e, por conseguinte,
mostram essa tendência em toda a faixa avaliada. O motivo pelo qual esse comportamento
ocorre pode ser explicado através da ocorrência de saturação magnética na culatra externa
conforme mostra a Figura 42. Baseando-se nesta figura, pode-se observar que, mantendo-se
91
constante uma determinada largura dos dentes, maior nível de força pode ser atingido com a
altura de culatra externa de 2,0 mm. Porém, devido à questão de usinagem do aço cobalto e à
resistência mecânica do mesmo, define-se a altura da culatra externa com 3,0 mm.
A análise da influência das dimensões da sapata polar dos dentes ℎ𝑜 e da abertura das
ranhuras 𝜏𝑜 é apresentada na Figura 43. Note-se que o menor nível da força ocorre nas
condições em que o valor da altura da sapata dos dentes é maior e a largura da abertura das
ranhuras de tamanho reduzido. O aumento excessivo da altura da sapata dos dentes ℎ𝑜 pode
proporcionar um caminho preferencial para o fluxo magnético entre polos, além de reduzir o
Figura 43 Gráfico tridimensional com resultados de força axial do atuador em função das
variáveis paramétricas: 𝒉𝒐 e 𝝉𝒐 .
figura pode-se observar muitas linhas de fluxo magnético interpolar se estabelecendo nas
sapatas, o que não é desejável do ponto de vista de produção de força axial. Por outro lado, a
dimensão reduzida na abertura das ranhuras pode contribuir para estabelecimento de fluxo
magnético entre as sapatas dos dentes, resultando em maior fluxo magnético disperso nessa
região, conforme mostrado na Figura 45. Dessa forma, com base nos resultados mostrados na
das ranhuras 𝜏𝑜 = 2,8 mm com intuito de reduzir fluxos dispersos entre sapatas dos dentes, e o
valor da altura de sapata dos dentes ℎ𝑜 = 3,0 mm para obter maior nível de força.
93
dimensões do atuador para produzir elevados níveis de força axial considerando as restrições
Tabela 3.
94
Tabela 3 Dimensões do atuador linear tubular de ímãs permanentes magnetizados com arranjo
de quase-Halbach.
Parâmetro Valor
Entreferro 𝒈 1,0 mm
com densidade eficaz de corrente de 5 A/mm². Para esta condição, o valor de pico aproximado
mostra a Figura 46. Este valor é o mesmo assumido na Seção 4.1, para a realização do
densidade linear de corrente, resulta em 45,1 kA/m. Portanto, essa análise valida a expressão
(58) obtida analiticamente, pois considerou-se uma densidade linear de corrente de 45 kA/m e
Já, com o estudo refinado pelo método paramétrico foi encontrado o valor de 984 N, ou seja,
um valor muito próximo ao estimado pelo método analítico desenvolvido. Dessa forma, mostra-
se que o uso da expressão (58) pode ser uma forma rápida de estimar a máxima força produzida
pelo atuador linear tubular com base nos parâmetros dimensionais e nos valores de
Destaca-se que, de acordo com a Equação (58), quanto maior for a corrente elétrica
aplicada, maior é a força produzida. Ressalta-se ainda que o comportamento linear da força se
mantém somente quando os materiais ferromagnéticos não estão saturados, o que pode ser
observado na análise apresentada na Figura 47. Nota-se também que a força produzida tende a
apresentar um comportamento linear até aproximadamente 𝐽𝑟𝑚𝑠 =10 A/mm2. A partir deste
valor, pode-se verificar que a sensibilidade da força se torna menor, devido, principalmente, à
saturação dos materiais ferromagnéticos e à reação de armadura sobre os ímãs. Vale ressaltar
que, nas máquinas elétricas refrigeradas à ventilação natural, o valor típico da densidade de
96
corrente eficaz aplicada é da ordem de 5 A/mm2. Para valores acima desse, é necessário acoplar
uniforme e de 22 ºC.
Por fim, destaca-se que os principais fatores que limitam o desempenho de máquinas
o valor do carregamento magnético e levar a uma possível desmagnetização dos ímãs. Dessa
forma, com o objetivo de propor o modelo que se aproxime a condição de operação real do
97
atuador, faz-se necessário o estudo térmico do dispositivo nas condições de operação previstas,
indução remanescente, do campo coercivo e do máximo produto energético dos ímãs diminuem
com o aumento da temperatura, e, por consequência, o nível da força produzido pelo atuador é
considerada, pois esta define a máxima densidade de corrente aplicável e, como resultado, a
máxima densidade de força do mesmo. Dessa forma, além da dinâmica do fluido em que o
atuador está imerso, deve-se considerar o efeito térmico para determinar os limites seguros de
descreva o comportamento térmico do atuador, o qual pode ser obtido de forma analítica ou
numérica.
análise térmica pode ser feita de forma similar à de circuitos elétricos, permitindo relacionar as
de corrente eficaz aplicável para o atuador. Este estudo foi realizado tomando como base um
atuador linear tubular de ímãs permanentes na parte interna e magnetizados com arranjo de
quase-Halbach e a armadura com ranhuras, ou seja, o estudo foi feito usando a uma topologia
analisaram o comportamento térmico de um atuador linear de indução que opera imerso dentro
de óleo. Nesse trabalho, os autores modelaram o sistema térmico envolvido utilizando a técnica
de módulos do atuador.
diversas aplicações, uma vez que geralmente permite a obtenção dos resultados de forma rápida
variáveis dependentes e independentes pode ser avaliada de forma direta. Porém, para
simplificar a modelagem do sistema térmico, algumas considerações devem ser feitas. Por
exemplo, assumir que a dissipação térmica do atuador tubular é predominante na direção radial,
desconsiderando assim trocas de calor no sentido axial; considerar que não há variação de
pressão do fluido, e que o efeito do movimento do atuador sobre a vazão do fluido é desprezado.
explorados na literatura. Porém, ainda não foi encontrado um modelo térmico numérico de um
assim como o modelo eletromagnético, pode ser bidimensional e axissimétrico, pois não existe
que as trocas de calor ocorrem na direção radial e axial. Dessa forma, a geometria bidimensional
comprimento é três vezes maior que o comprimento do atuador. Mesmo que o comprimento
total da tubulação seja muito maior que o comprimento total do atuador, foi definido esse valor
de comprimento para o modelo, pois assim é possível representar a dinâmica do fluido dentro
É possível observar ainda na Figura 48 que na parte central do atuador existe um orifício
para a passagem do cabo umbilical, o qual é tracionado pelo atuador. Não existe, portanto,
se que o dispositivo está imóvel e que o petróleo flui na direção axial com uma velocidade de
101
do petróleo pode variar de 4 ºC a 100 ºC, sendo esta faixa que deve ser avaliada no modelo
térmico, uma vez que a temperatura do meio influencia diretamente na transferência de calor
do sistema em análise.
Consequentemente, as perdas por histerese e por correntes parasitas não são determinadas.
Dessa forma, considera-se que a única fonte de calor gerada pelo dispositivo é devida às perdas
ôhmicas nas bobinas, uma vez que a passagem da corrente elétrica no condutor resulta no
aquecimento do mesmo.
analisando o comportamento térmico para diferentes temperaturas de petróleo. Para isso, faz-
consideradas nesse modelo são condução, convecção e radiação. Para modelagem da troca de
pode sofrer pequena variação no seu valor. Embora todos os corpos emitem, por meio de ondas
eletromagnéticas, radiações térmicas que são proporcionais à sua temperatura, mas o efeito
dimensão dos volumes de controle, maior precisão nos resultados será obtida, porém, em
de ANSYS Fluent® requer a definição do tamanho máximo de cada elemento e não a máxima
dimensão de cada volume de controle. Portanto, para o presente estudo, adota-se o tamanho
máximo de cada elemento como 1,0 mm. Um exemplo da malha gerada pela ferramenta
computacional está mostrada na Figura 49 e uma visão detalhada pode ser observada na Figura
50.
permanente do atuador para uma dada temperatura do fluido e para um dado carregamento
elétrico. Adicionalmente, por se tratar um estudo que envolve a troca de calor, um modelo
Fluent® . Vale destacar que não existem especificações do cabo umbilical que informem os
valores das propriedades necessárias para realizar essa simulação. Dessa forma, adota-se que
et al., 2017), uma vez que em geral o preenchimento entre vias é feito com a material de
fluido em escoamento depende do seu regime, que pode ser laminar ou turbulento.
sem que haja mistura com outros elementos e quando a velocidade de deslocamento é
baixas velocidades e em fluidos que apresentam viscosidade relativamente grande, que é uma
em trajetórias bem definidas, realizando movimentos aleatórios que variam ao longo do tempo,
relação ao fluido. O regime turbulento geralmente ocorre nos fluidos que se deslocam em alta
A definição do tipo do regime de escoamento do fluido pode ser realizada com base no
𝜌𝑣𝐷𝑖𝑛𝑡
𝑅𝑒 = , (59)
𝜇𝑓
onde 𝜌 é densidade do fluido, 𝑣 a velocidade média do fluido, 𝐷𝑖𝑛𝑡 o diâmetro interno do tubo
laminar (BERGMAN et al., 2017). Os valores entre 2300 a 2900, encontra-se uma zona crítica
na qual não se pode determinar com certeza as condições de escoamento. Para valores acima
calculado, baseado nas propriedades físicas do petróleo apresentadas na Tabela 4, é 143 e 1235
Baseado na Figura 48, há quatro condições de contorno a serem definidas para o modelo
térmico: entrada do fluido, saída do fluido, parede interna do tubo e eixo central. Definiu-se na
“Entrada” do fluido uma velocidade constante de 3,0 cm/s e a temperatura constante de 4 ºC.
Na “Saída”, considera-se que a quantidade de fluido que entra por segundo é igual à quantidade
que sai da tubulação, uma vez que o petróleo se comporta como um fluido incompressível nas
condições analisadas. Como a tubulação está imersa no mar, admite-se que a temperatura da
parede do duto é a mesma do mar e que esta é igual a temperatura de entrada do fluido. O
“Eixo” é definido como uma linha central para problemas que envolve a geometria
axissimétrica.
106
10-6 para todas variáveis em análise. Definiu-se ainda que o número de iterações máximo seja
de 250.
energia térmica na fonte de calor, que são as bobinas do atuador. Assim, realizou primeiramente
em duas fases do enrolamento e valor nulo na outra fase. Os valores das perdas ôhmicas
calculados são inseridos no modelo térmico. Os resultados são discutidos na Seção 5.3.
estacionário são obtidos depois de realizar 250 iterações ou atingir o critério de convergência
estudo pode ser observada na Figura 51 e, de forma mais detalhada, na Figura 52.
e, devido ao movimento do fluido e à baixa temperatura do petróleo, enquanto que outras partes
do atuador, como os ímãs e a culatra, apresentam temperaturas mais baixas. Destaca-se ainda
que não há uma distribuição de temperatura uniforme no sentido axial do atuador, pois algumas
regiões apresentam maior dificuldade de troca de calor devido à dinâmica do fluido. As partes
mais à direita apresentam temperaturas mais baixas pois entram em contato com o petróleo a 4
ºC. Com o deslocamento do fluido, o mesmo aquece e a capacidade de troca térmica diminui.
aproximadamente 28,7 ºC, o que indica que é possível aplicar um carregamento elétrico maior
107
e, consequentemente, aumentar o nível de força produzido pelo atuador. Isso porque é admitido
que a temperatura máxima nas bobinas e nos ímãs permanentes seja de até 180 °C.
condutividade térmica do petróleo. Note-se que, quanto maior for o calor específico, para cada
apresenta baixa condutividade térmica, o que dificulta a transferência de calor do atuador para
térmico, fazendo com que o calor gerado nas bobinas seja retido no atuador.
refrigeradas apresentam maiores temperaturas, uma vez que a dissipação do calor ocorre
108
predominantemente na direção radial, o que dificulta ainda mais a troca de calor nessa região.
Dessa forma, o desempenho do atuador será significativamente afetado, uma vez que a indução
magnética e o campo coercivo dos ímãs se alteram com a variação de temperatura e, por
Sem auxílio do modelo térmico numérico baseado nos cálculos de volumes finitos, a
determinação analítica das temperaturas em diferentes regiões do atuador torna-se uma tarefa
muito complexa.
diferentes regiões do atuador para uma dada temperatura e velocidade do petróleo. Porém, para
envolvidos e interligar os resultados calculados numericamente, uma vez que o valor da indução
isolação dos condutores elétricos e à máxima temperatura de operação dos ímãs permanentes
deve ser considerado para operação em condições seguras. Dessa forma, tornou-se necessário
máxima densidade de corrente eficaz aplicável considerando limites e efeitos térmicos sobre os
em cada região do sistema, uma vez que as variáveis dependentes da temperatura alteram
elétrica do fio de cobre, da indução remanescente e do campo coercitivo dos ímãs permanentes.
Adicionalmente, a máxima temperatura de operação deve também ser considerada, pois esta
amplamente difundido, o que pode ser atribuído à maior complexidade das modelagens
atuador tubular síncrono com estator ranhurado externo e elemento móvel com ímãs internos.
Embora os autores tenham determinado, com base do modelo numérico, as temperaturas nos
que considera somente efeitos eletromagnéticos. A análise neste artigo também é baseada em
modelagem numérica, mas o sistema de troca térmica e a topologia do atuador são diferentes
trabalho, torna-se possível realizar a análise acoplada multifísica. Como ambos os modelos
multifísicas, acoplando sistemas que envolvem fenômenos físicos diferentes, como, por
Essa ferramenta permite também realizar análise multifísica com acoplamento de leis
dinâmica dos fluidos. Os resultados da análise fluidodinâmica alimentam, por sua vez, análise
eletromagnética para que uma nova análise eletromagnética possa ser realizada. Ressalta-se que
esse processo cíclico deve se repetir até que a convergência desejada seja alcançada.
ANSYS Maxwell® , permitindo avaliar a força produzida pelo atuador e as perdas geradas. Por
tratar-se de simulação magnetostática, os efeitos temporais não são incluídos nesta análise,
desconsiderando assim as perdas por histerese e por correntes parasitas. Dessa forma, apenas
fluidodinâmica. No ANSYS Fluent® , são realizados cálculos numéricos com base no modelo
apresentado na Seção 5.1, sendo que a potência dissipada nas bobinas é a fonte de energia
sucessivamente repetido.
Figura 53 Diagrama de fluxo energético para o modelo multifísico desenvolvido neste trabalho.
fio de cobre 𝜎𝐶𝑢 , que podem ser aproximados como uma função linear que varia com a
𝛼𝐵𝑟 , 𝛼𝐻𝑐 e 𝛼𝜎𝐶𝑢 são coeficientes de temperatura para indução remanescente, campo coercivo e
são calculadas e devem ser inseridas no modelo térmico desenvolvido na Seção 5.1. Assim que
atualização dos resultados e depois atualizar todo projeto desenvolvido no modelo multifísico.
Com isso, uma análise eletromagnética é novamente realizada, e o novo valor da força
Por se tratar de uma simulação magnetostática, outro fato importante que deve ser
levado em consideração é que a fonte de calor do sistema é a potência dissipada nas bobinas,
113
que não é um valor constante para uma determinada densidade de corrente aplicada, uma vez
A fim de avaliar a força máxima produzida pelo atuador baseada no modelo multifísico,
analisa-se a condição de operação para duas temperaturas de petróleo: 4 ºC e 100 ºC. Define-se
petróleo analisada. Dessa forma, a curva B-H dos ímãs é condicionada inicialmente à
realizar a simulação multifísica, a curva B-H dos ímãs é corrigida para as temperaturas
calculadas para cada região dos ímãs, e assim um novo valor da força produzida pelo atuador é
calculado.
gráfico, na Figura 54. Observa-se que, para baixos valores de densidade de corrente eficaz, os
com maior coeficiente angular quando comparados com os resultados obtidos para valores
maiores que 11 A/mm2. Esse fato é devido à ocorrência de saturação dos materiais
ferromagnéticos nos valores acima de 2,3 T, e podendo ser verificado na distribuição da indução
magnética mostrada na Figura 55. Observa-se ainda nesta figura que um dos dentes está
apresentados na Figura 54, pode-se observar que, para os valores da densidade de corrente
114
eficaz inferiores a 8 A/mm2, os valores de força calculada são muitos próximos, o que permite
na condição analisada.
Outro aspecto importante a ser observado é que, quando a densidade de corrente eficaz
assume valores acima de 15 A/mm2, a força calculada nas simulações multifísicas começa a
reduzir, o que não ocorre nos resultados da simulação eletromagnética desacoplada. Nota-se
aumentar com o aumento da densidade de corrente eficaz aplicada. Isso porque a curva B-H
dos ímãs é corrigida para temperaturas calculadas no modelo térmico, e um novo valor de
valor máximo da força determinado pela simulação multifísica é de 1876 N. Entretanto, ainda
Figura 55 Distribuição de indução magnética para densidade de corrente eficaz de 10,5 A/mm2 e
para temperatura do petróleo a 4 ºC.
especificação do fabricante. Já, o limite térmico dos fios de cobre também deve ser considerado,
sendo que para este estudo adota-se a classe de isolação H, que delimita a máxima temperatura
de operação em 180 ºC, pois valores de temperatura superiores a 180 ºC podem danificar o
116
material de isolação dos condutores. Dessa forma, a máxima densidade de corrente aplicável é
delimitada pela máxima temperatura de operação dos ímãs e pela classe de isolação dos fios de
calculados nos ímãs e nas bobinas são mostrados na Figura 54. Observa-se que as temperaturas
calculadas nas bobinas são maiores quando comparadas com as temperaturas dos ímãs, uma
vez que a geração de calor ocorre através das perdas ôhmicas nos condutores elétricos. Dessa
forma, pode-se definir que o limite da máxima densidade de corrente aplicável é estabelecido
pela máxima temperatura de operação dos fios condutores elétricos. Assim, a máxima
calculada para esse carregamento elétrico é de 1876 N. Com isso, a densidade de força do
atuador é de 2224 kN/m3 com o volume ativo delimitado pelo diâmetro externo do atuador e
100 ºC. Os resultados do cálculo de força em função da densidade de corrente eficaz estão
dos ímãs comparado com o caso de petróleo a 4 ºC, o que reduz ainda mais o valor do
carregamento magnético.
limitado pela temperatura máxima de operação dos condutores elétricos. Dessa forma, com a
base nos valores da máxima temperatura dos ímãs e das bobinas apresentados na Figura 56,
117
pode-se verificar que a máxima densidade de corrente eficaz aplicável é aproximadamente 9,8
A/mm2 e o valor da força para este carregamento elétrico é de 1450 N. Para esta condição a
Observa-se que, nas análises das duas condições de temperaturas do petróleo, o valor da
como base a temperatura na condição mais crítica. Esse resultado permite avaliar que há
7 CONCLUSÕ ES
eletromagnético linear tubular para utilização como elemento responsável pelo sistema de
sistema de fixação do robô dentro do oleoduto. A aplicação prevê que o robô deve estar imerso
requer o fornecimento de energia externa para o robô cumprir a missão, cuja alimentação é
realizada através de um cabo umbilical, o qual contém vias para injeção de fluidos e fiações
elétricas. Assim, o atuador deve produzir força suficiente para carregar, além da própria massa,
a massa do cabo umbilical, vencendo a força de atrito, que aumenta com a distância percorrida.
Dessa forma, foi realizado o estudo bibliográfico para encontrar a topologia do atuador linear
que apresenta maior densidade de força, uma vez que se deve considerar as restrições
Com base em uma revisão bibliográfica, buscou-se a topologia do atuador que apresenta
características desejáveis para aplicação em estudo, pois elevado nível de força é um dos
eletromagnético linear em sistema de inspeção de tubulação, uma vez que este dispositivo
eletromagnético apresenta diversas vantagens, tais como atuação direta, menor número de
conversão energético que o atuador hidráulico, rápida resposta dinâmica, robustez e elevada
consegue-se um elevado carregamento magnético, o que resulta um maior nível de força quando
Embora, possivelmente, um único atuador não seja capaz de tracionar toda a carga para
o estudo de caso avaliado, principalmente devido às forças de atrito do cabo umbilical com a
tubulação, fazendo com que a carga total do cabo umbilical seja dividida em partes. Note-se
que, quanto maior é o número de divisões, maior quantidade de atuadores é requerida. Portanto,
é desejável que o atuador apresente elevada densidade de força para reduzir o número de
atuadores acoplados na linha. Além disso, a topologia de robô proposta pode representar uma
A topologia do atuador foi definida com base em estudos bibliográficos, sendo adota a
que permite analisar a força produzida pelo atuador. Uma abordagem inovadora de
desenvolvido com base no Tensor de Maxwell. Essa técnica permite determinar a máxima força
produzida pelo atuador para um dado carregamento elétrico e magnético, relacionando aspectos
uma aplicação da técnica de elementos finitos foi desenvolvido em ANSYS Maxwell® a fim de
Como o atuador deverá estar imerso dentro de óleo e a temperatura de mesmo pode
variar entre 4 ºC e 100 ºC, para condições específicas, fez-se necessário o desenvolvimento de
um modelo térmico para avaliar a distribuição do campo de temperatura com a dinâmica dos
120
fluidos. Foi realizado estudo utilizando os modelos térmicos analíticos dos atuadores lineares
obtenção de resultados mais precisos. Vale ressaltar que são raros os trabalhos que abordam a
modelagem térmica de forma analítica considerando a influência da dinâmica dos fluidos. Mais
raro ainda é o estudo de um atuador eletromagnético linear operando imerso dentro de óleo.
linear imerso dentro de óleo utilizando a ferramenta ANSYS Fluent® . Nessa análise, considera-
sistema envolvido.
A fim de avaliar a máxima densidade de corrente aplicável que resulta na máxima força,
um estudo multifísico foi realizado com o auxílio da plataforma ANSYS Workbench® . Essa
eletromagnético e o modelo térmico previamente desenvolvidos. Com isso, foi possível analisar
produto energético dos mesmos. Esse resultado disso impacta diretamente no desempenho do
atuador, uma vez que o carregamento magnético foi reduzido com o aumento da temperatura.
Com o efeito térmico nos ímãs, analisou-se a máxima força produzida pelo atuador para duas
condições distintas. As restrições térmicas dos condutores elétricos e dos ímãs delimitara a
força máxima do atuador em 1876 N e 1450 N, para temperatura do óleo em 4 ºC e em 100 ºC,
respectivamente.
121
Esse trabalho representa apenas uma etapa inicial do uso de atuador eletromagnético
linear para a aplicação mencionada, porém, trata-se de um estudo que tem potencial para ser
de inspeção de tubulações;
operação, uma vez que este trabalho abordou apenas o estudo estático do atuador;
- avaliar o regime de trabalho, uma vez que o atuador deve tracionar uma carga elevada
fim;
- realizar o ensaio experimental com o robô imerso dentro do petróleo e verificar a força
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