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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
Porto Alegre
2018
AUGUSTO SCAPINI ALLES
Porto Alegre
2018
AUGUSTO SCAPINI ALLES
______________________________________
Profª. Drª. Gladis Bordin, UFRGS
BANCA EXAMINADORA
Paulo Roberto Eckert (Prof. Dr.) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
______________________________________
O mercado livre de energia elétrica foi instituído no Brasil no ano de 1995, com a Lei nº
9.074/95, e desde então sofreu inúmeras mudanças. Atualmente, no mercado livre de energia
brasileiro podem participar consumidores que apresentarem uma demanda superior a 500 kW,
os quais podem se tornar consumidores especiais. O que acaba por deixar de fora a parcela de
consumidores de pequeno porte. Tendências mundiais apontam que todos consumidores se
tornarão livres no futuro, uma vez que alguns países desenvolvidos, todos os consumidores
podem participar do mercado livre, e acredita-se que isso também ocorrerá no Brasil. Diante
disso, a presente monografia apresenta a construção de um modelo através da técnica de
Dinâmica de Sistemas, visando identificar os fatores e políticas mais influentes na tomada de
decisão dos consumidores residenciais quanto à migração para o mercado livre, perante um
cenário no qual o consumidor possa se tornar livre. Para a realizações de testes no modelo,
foram utilizados cenários diversos, que simulam a tomada de decisão do consumidor,
englobando não apenas fatores técnicos e econômicos, mas também fatores comportamentais.
Os resultados obtidos mostram que políticas de conscientização a respeito do mercado livre,
através de marketing e incentivos, são os principais fatores que inicialmente têm uma maior
influência na tomada de decisão dos consumidores residenciais subclasse B1.
The free energy market established in Brazil in 1995, under Law 9.074 / 95, had numerous
changes. At present, in the Brazilian energy market only consumers that present a demand
higher than 500 kW can participate, as a special consumer. Which ends up leaving aside the
share of small consumers. Global trends point out that all consumers will become free in the
future, since some developed countries has all its consumers in the free market, and it is
believed that this will also occur in Brazil. Thus, this bachelor thesis presents the construction
of a model through the technique of Systems Dynamics, aiming to assist and present the most
influential factors and policies in the decision making of residential consumers regarding the
migration to the free market, in a scenario in which the consumer can become free. For the
realization of tests in the model, several scenarios were used, which simulate consumer
decision in those scenarios, encompassing not only technical and economic factors, but also
behavioral and environmental factors. The results obtained show that policies to raise
awareness about the free market, through marketing and incentives, are the main factors that
initially have a greater influence in the decision making of residential consumers subclass B1.
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
1.1 MOTIVAÇÃO .............................................................................................................. 12
1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA .................................................................... 12
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 14
1.3.1 Geral ...................................................................................................................... 14
1.3.2 Específicos ................................................................................................................... 14
1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA .............................................................................. 14
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 14
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................. 16
2.1 CONSUMIDOR RESIDENCIAL EM OUTROS PAISES .......................................... 16
2.2 CONSUMIDOR RESIDENCIAL BRASILEIRO ....................................................... 17
2.2.1 Grupos, Subgrupos, classes e subclasses .................................................................. 17
2.2.2 Tarifação subgrupo B1 - residencial ......................................................................... 19
2.2.3 Consumidor residencial no contexto atual ............................................................... 21
2.3 MERCADO LIVRE ..................................................................................................... 23
2.3.1 Mercado livre de energia ........................................................................................... 23
2.3.2 Funcionamento ........................................................................................................... 23
2.3.3 Agentes do mercado livre ........................................................................................... 25
3 DINÂMICA DE SISTEMAS ..................................................................................... 27
3.1 COMPREENSÃO DO SISTEMA ............................................................................... 28
3.2 MODO DE REFERÊNCIA .......................................................................................... 28
3.3 DIAGRAMA DE LAÇO CAUSAL ............................................................................. 28
3.4 DIAGRAMA DE ESTOQUE E FLUXO ..................................................................... 31
3.5 ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS............................................................................. 32
3.6 SIMULAÇÃO DO MODELO...................................................................................... 32
3.7 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ................................................................................ 33
3.8 TESTE DE POLÍTICAS .............................................................................................. 33
4 MODELO PROPOSTO ............................................................................................. 34
4.1 CONHECENDO O SISTEMA..................................................................................... 34
4.2 MODO DE REFERÊNCIA .......................................................................................... 35
4.3 DIAGRAMA DE LAÇO CAUSAL ............................................................................. 38
4.4 DIAGRAMA DE ESTOQUE E FLUXO ..................................................................... 41
4.4.1 Comercio e produção de medidores, custo inicial da migração, incentivos e
retorno sobre o investimento ................................................................................................. 42
4.4.2 Consumidores no ACR, publicidade e comodidade ................................................ 46
4.4.3 Escolaridade e cultura ................................................................................................ 48
4.4.4 Decisão do consumidor e taxa de adesão .................................................................. 49
4.5 ESTIMAÇÃO DOS PARÂMETROS .......................................................................... 50
4.6 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ................................................................................ 53
5 TESTES DE POLÍTICAS ......................................................................................... 60
5.1 CENÁRIO 1: CONSUMIDOR RESIDENCIAL COMO LIVRE ESPECIAL ............ 60
5.1.1 Referência .................................................................................................................... 60
5.1.2 Otimista ...................................................................................................................... 61
5.1.3 Pessimista .................................................................................................................... 62
5.2 CENÁRIO 2: CONSUMIDOR RESIDENCIAL COMO LIVRE ............................... 63
5.2.1 Referência .................................................................................................................... 64
5.2.2 Otimista ...................................................................................................................... 64
5.2.3 Pessimista .................................................................................................................... 65
5.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS CENÁRIOS ................................................................. 66
6 CONCLUSÕES........................................................................................................... 68
6.1 TRABALHOS FUTUROS ........................................................................................... 68
7 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO
energia, de modo que, se estiverem insatisfeitos com o valor pago pela energia elétrica, a
única forma de alteração seria mudar-se de região de concessão.
Assim como o serviço de telefonia já fora estatal, quando se ter uma linha telefônica
era um privilégio que poucos possuíam e que aos poucos foi se tornando um serviço privado,
cada vez mais acessível, sendo atualmente o serviço de telefonia controlado por empresas
privadas tendo apenas um órgão governamental para fiscalizar o serviço. O mesmo tem
acontecido em vários países do mundo com a energia elétrica, como por exemplo, Alemanha,
Inglaterra e Suíça.
A ANEEL, atualmente por meio da Nota Técnica N° 5/2017AREGE/SE (MME,
2017), propõe a redução da demanda instalada para que o consumidor possa migrar para o
mercado livre de energia, de 500kW para 75kW (MME, 2017). Dessa forma, mais
consumidores poderão migrar para o mercado livre, e com o tempo esta carga mínima será
gradualmente reduzida como já tem sido feito, uma vez que, a carga mínima para a migração
para o mercado livre iniciou com 3000kW e atualmente é de 500kW. Essa nota também
aborda a tarifa branca, propondo a sua implementação como obrigatória, antes facultativa, a
todos os consumidores residenciais. 3000kW A tarifa branca é uma tarifa horo sazonal, na
qual, dependendo do horário, o consumidor pagará mais caro pela energia elétrica, o que irá
forçar a uma reeducação dos consumidores quanto ao uso consciente da energia elétrica
(ANEEL, 2018c).
Da mesma forma que a tarifa branca atualmente é facultativa e, posteriormente, será
obrigatória a todos consumidores, a migração dos consumidores residenciais ao mercado livre
também poderá se dar deste modo, pois uma migração gradual dos consumidores residenciais
ao mercado livre será facilitada e com uma maior aceitação.
A migração dos consumidores residenciais ao mercado livre engloba vários outros
fatores, como a adequação da rede de distribuição, transformando-a em uma rede inteligente
(do inglês smart grid), bem como a troca dos medidores de energia elétrica de cada
residência, a fim de possibilitar a coleta da informação de quanta energia fora consumida e em
qual hora do dia (RIGODANZO, 2015). Além disso, seria necessário adotar políticas de
aceitação, com a finalidade de informar os consumidores sobre o mercado livre de energia
através de propagandas e publicidades, além de definir como seria a compra dessa energia por
parte dos consumidores residenciais, pois a mesma poderia ocorrer de inúmeras formas. Tal
estudo aprofundado demandaria um tempo maior do que o disponível, motivo pelo qual este
14
trabalho visa abordar as variáveis mais significativas à adoção deste novo sistema de tarifação
de energia à classe consumidora residencial, subgrupo B1.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Geral
● Elaborar um modelo para estudo dos fatores principais e das políticas que
levariam a migração dos consumidores residenciais ao mercado livre de
energia.
1.3.2 Específicos
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este capítulo apresenta uma visão geral do consumidor residencial em outros países,
o consumidor residencial frente ao sistema elétrico brasileiro e o funcionamento do mercado
livre de energia brasileiro, buscando contextualizar o tema sob análise.
A Alemanha, assim como a maioria dos países da Europa, possui um livre mercado
de energia elétrica, no qual empresas privadas coordenam a geração, distribuição e venda de
energia elétrica. Os consumidores residenciais têm uma gama de escolha de empresas que
vendem energia elétrica, que comumente são as mesmas responsáveis pelo abastecimento de
GLP nas residências. Desta forma, cabe aos consumidores escolherem a empresa que mais
lhes agrada, para que possa firmar um contrato com a mesma para suprir o abastecimento de
energia elétrica a sua residência (GTAI, 2017).
Com base nestas experiências internacionais, este trabalho visa estudar os principais
fatores que levariam à migração dos consumidores para o mercado livre no Brasil. Os fatores
são simulados com uso de um ambiente computacional de Dinâmica de Sistemas, como visto
no Capítulo 3.
Esta seção aborda a situação atual dos consumidores residenciais no sistema elétrico
brasileiro, descrevendo inicialmente a divisão dos grupos de atendimento nos quais o
consumidor residencial se encontra e como o mesmo é tarifado.
Dentro de cada grupo é feita uma nova divisão. A subdivisão do grupo A1 é feita a
partir da tensão de fornecimento, dividindo-se cada consumidor de acordo com a tensão em
que o mesmo é atendido, ilustrado na Figura 2.
18
Dentro dos subgrupos do grupo B, há ainda uma diferenciação por subclasse, que
visa uma diferenciação da tarifa final para cada consumidor, ilustrado nas Figuras 4 a 6.
19
2.3.2 Funcionamento
Devido ao fato de cada consumidor poder negociar energia com o fornecedor que
desejar, há a possibilidade de que um consumidor da região sul negocie sua energia com um
revendedor da região norte. Entretanto, sua energia não será necessariamente fornecida por
esta usina da região norte, pois outras usinas da sua região suprirão seu consumo local, o que
se deve ao fato de que, no Brasil, existe o Sistema Interligado Nacional (SIN), no qual todas
24
O preço do PLD pode variar semanalmente entre seu valor máximo e mínimo, que
são definidos anualmente pela ANEEL, enquanto o ajuste de preço semanal do PLD depende
diretamente do Custo Marginal de Operação (CMO). Por exemplo, se um consumidor
𝑀𝑊ℎ 𝑀𝑊ℎ
contratar 100 , mas seu consumo no mês foi de 110 , ele está com um excedente de
𝑚ê𝑠 𝑚ê𝑠
𝑀𝑊ℎ
consumo de 10 . Portanto, esse consumidor deverá pagar esta diferença de consumo
𝑚ê𝑠
multiplicada pelo valor atual do PLD diretamente à CCEE. Para evitar de pagar esse
acréscimo, o consumidor tem um prazo de 9 dias úteis para poder negociar a compra dessa
energia no mercado de curto prazo, que pode ser negociado com qualquer agente vendedor.
Vale ressaltar que o contrário também é valido: se um consumidor contratar menos energia
que a consumida, o mesmo pode ter a diferença obtida através da liquidação de diferença
multiplicada pelo valor do PLD, ou então negociar diretamente este excedente no mercado de
curto prazo de acordo com o que desejar (ABRACEEL, 2015).
25
3 DINÂMICA DE SISTEMAS
A técnica da Dinâmica de Sistemas (DS) surgiu nos anos 50, criado por Jay W.
Forrester. Inicialmente Forrester queria analisar processos administrativos em grandes
corporações, e, para isso, utilizou de técnicas de engenharia e ciência para analisar os laços de
realimentações que aconteciam em tais processos. No ano de 1961, nasce a técnica de
dinâmica de sistemas com o lançamento do livro de Jay W. Forrester, intitulado “Industrial
Dynamics”. Nos anos 70, Peter Senge, orientado de Forrester, deu continuidade a DS
realizando seminários com executivo de empresas, com o intuito de introduzir o pensamento
sistêmico (VILLELA, 2005).
O DLC, por sua vez, é formado por estruturas de laços de realimentação. Os DLC de
um sistema têm por finalidade uma representação das relações de causa-efeito entre os
elementos, e dessa forma é possível ter uma visão geral da estrutura de causa-efeito do
sistema. Desse modo, tem-se que a base para a construção de modelos usando a técnica de DS
é a construção dos DLC que representem o sistema (BORDIN, 2000).
Segundo Villela (2005), os diagramas causais servem para descrever uma situação-
problema de acordo com a opinião de cada um dos observadores. Dentro do contexto de cada
problema, esses modelos buscam explicar as relações de causa-efeito.
30
Para Villela (2005), os DLCs servem como início da discussão de uma situação
problema. Uma maneira de abordagem simples, possibilitando uma maior troca de
informações entre as pessoas, compartilhando ideias e enriquecendo o modelo. A Figura 12
apresenta um exemplo de DLC a respeito do uso de analgésicos e as causas-efeitos que isto
acarreta.
● Níveis (retângulos): variáveis de nível são representadas por retângulos, assim como
qualquer equação que envolva integração. Variáveis de nível são conectadas uma a
outra através de variáveis de taxa. Cada variável de nível possui uma equação que a
representa.
● Taxas (válvula): as variáveis de taxa são responsáveis pelo controle da variação com
que as variáveis de nível variam. Por esta razão, as mesmas recebem a simbologia de
uma válvula, e a cada variável de taxa é sempre associada uma equação que a
representa.
● Auxiliares (círculos): as variáveis auxiliares servem para o caso de uma variável de
taxa ser muito complexa. Dessa forma, se subdivide a variável de taxa criando uma
variável auxiliar, que por sua vez possui a simbologia de um círculo.
32
● Linhas de fluxo (linhas pontilhadas, cheias ou duplas): fluxo nada mais é do que uma
unidade de grandeza por uma unidade de tempo, como por exemplo pedras por
segundo. O fluxo pode ser dividido em dois tipos, o fluxo conservativo (físico) e o
fluxo não conservativo (informação). Os fluxos físicos, que podem ser movidos de um
lugar ao outro, são representados por linhas duplas. Já os fluxos de informação, que
servem para auxiliar na tomada de decisão, são representados por linhas cheias.
● Retirada de informação: é um recurso que não altera o valor da variável, serve apenas
para uma optimização gráfica da variável, sua representação é feita com um círculo na
região externa do símbolo da variável que cede a informação.
● Parâmetros (losango): parâmetros são constantes que têm seu valor inalterado durante
toda a simulação.
Fontes e sumidouros (nuvem): fontes e sumidouros não exercem uma influência sobre
o sistema. A fonte é a origem do sistema e o sumidouro seria o destino. Assim, ambos
representam os limites do modelo e ambos são representados como uma nuvem.
Segundo Forrester (1992), a simulação do modelo pode ser realizada logo após a
definição dos parâmetros e descrição do modelo. Na DS, critérios lógicos de um modelo
computacional também devem ser atendidos, como todas variáveis serem definidas, nenhuma
variável ser repetida, sem equações simultâneas e a utilização de unidades consistentes de
medidas. Segundo ele, ainda, os softwares de DS já realizam tais verificações.
apresentadas num sistema real, mostrando como chegar ao presente, para que então mostre o
caminho para o aprimoramento (FORRESTER, 1992).
É valido ressaltar que, segundo Forrester (1992), não há como garantir a validade de
uma teoria que tenta reproduzir o comportamento do mundo real, podendo-se alcançar apenas
um grau de confiança que é proporcional ao tempo empregado para a criação do modelo.
Esta etapa serve para entender qual política é mais significativa, tem uma maior
consequência no resultado. Há inúmeras formas de identificação, seja por testes exaustivos
através das mudanças dos parâmetros ou por experiência do analista, dentre outras. Em
sistemas mais complexos, haverá muitos critérios concorrentes, e isso pode acarretar que o
desempenho mais favorável possa depender de várias mudanças simultâneas no modelo
(FORRESTER, 1992).
34
4 MODELO PROPOSTO
crescimento tanto nos consumidores especiais quanto nos consumidores livres. A Figura 14
apresenta a evolução no número de consumidores ao longo dos tempos (ALTIERI, 2015).
1. Conhecimento;
2. Persuasão;
3. Decisão;
37
4. Implementação;
5. Confirmação.
De acordo com Roger (2003), as pessoas também podem ser divididas em categorias,
conforme seu processo de adoção de inovações. As 5 categorias propostas por Rogers (2003)
são os inovadores (2,5%), adotantes imediatos (13,5%), maioria imediata (34%), maioria
posterior (34%) e os retardatários (16%), desta forma uma curva de algo inovador seguiria
uma curva logística (curva S). Partindo deste princípio, foi construído o modo de referência
para o sistema em análise e apresentado na Figura 15.
Maioria
imediata
Tempo
Fonte: O autor
38
Fonte: O autor
A partir da Figura 16, pode-se observar laços de realimentação, os quais podem ser
positivos ou negativos, assim como na teoria de controle de sistemas. Se um sistema possui
uma característica onde as realimentações positivas dominam, o mesmo tende à instabilidade,
já se o sistema possui uma característica de possuir uma dominância por realimentações
negativas, o sistema tenderá a estabilidade.
Para facilitar a análise do DLC, a Figura 17 apresenta o Laço 1 isolado do resto do
diagrama. Nele é apresentado que o aumento da “Decisão do consumidor pelo ACL” levará a
39
um maior “Número de consumidores no ACL”, logo, com o passar do tempo, ou seja, com
um certo atraso, o mercado irá se adaptar surgindo um maior número de “Comercializadores
de energia elétrica”. Consequentemente, pela lei da oferta e demanda, espera-se uma redução
no “Preço de compra da energia elétrica”, levando assim pela redução no “Retorno sobre o
investimento”, tornando a migração atrativa, o que fará com que os consumidores optem pelo
mercado livre de energia. Ao analisar os sinais deste laço pode-se concluir que o mesmo se
trata de um laço de realimentação positiva, pois o número de sinais negativos é par.
Fonte: O autor
Fonte: O autor
Fonte: O autor
Fonte: O autor
42
Nas próximas seções, são apresentadas as variáveis e suas interações, bem como a
formulação matemática.
A relação entre estas variáveis foi detalhada na Seção 4.3, e a Figura 21 apresenta o
submodelo computacional relacionado às variáveis relacionadas ao setor industrial, comercial,
à fatura de energia elétrica no ACR, tarifa de transporte, contrato de energia no ACL, custo
inicial da migração e incentivos.
Fonte: O autor
O parâmetro “Incentivos” terá seus valores alterados a cada ano, tendo um peso
maior no início e ao longo da simulação será reduzido. Essa redução nos incentivos é
esperada à medida que mais consumidores já participam do mercado livre. Os valores desta
constante são apresentados na Seção 4.5.
43
(𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝑅), ou seja, à medida que mais e mais consumidores migrem para o ACL este
mercado tende a reduzir seu crescimento anual até atingir seu limite de crescimento.
Analogamente às “Empresas de medidores inteligentes”, esta recebe um delay de oito meses,
referente ao tempo da percepção de negócio e implementação do mesmo. A formulação da
variável CE é apresentada na equação (4).
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐵1 − 𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝐿
𝐶𝐸 = 16% ∗ ( ) [%] (4)
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝑅
Onde:
CE refere-se aos comercializadores de energia.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝐿 é o número de consumidores no ACL.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝑅 é o número de consumidores no ACR.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐵1 é o número total de consumidores do subgrupo B1.
1
O valor de 16% foi calculado pelo autor, a partir do relatório de consumo e receita, emitido pela ANEEL.
45
Onde:
𝐶𝐸𝑛𝑜𝐴𝐶𝐿 refere-se ao Contrato de energia no ACL.
𝑃𝐶𝐸𝐸 é o preço de compra da energia elétrica.
𝑇𝑇 refere-se as tarifas de transporte, TUSD e TUST.
Onde:
𝑅𝑂𝐼 é o retorno sobre o investimento.
𝐹𝑎𝑡𝐴𝐶𝑅 é o preço do kWh aplicado no ACR.
𝐶𝐸𝑛𝑜𝐴𝐶𝐿 é o preço pelo kWh praticado no ACL.
𝑘𝑊𝑀𝑒𝑑 é o consumo médio dos brasileiros na classe residencial.
𝐶𝐼𝑀 é o custo inicial da migração.
𝐼𝐶 são incentivos.
46
A relação entre estas variáveis foi detalhada na Seção 4.3, desta forma a Figura 22
apresenta apenas o submodelo computacional relacionando estas variáveis.
Fonte: O autor
Onde:
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝐿 é o número de consumidores no ACL.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝑅 é o número de consumidores no ACR.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐵1 é o número total de consumidores do subgrupo B1.
47
A “Publicidade” (PB) muitas vezes pode tornar uma ideia nova mais aceitável ou
não. No contexto da energia elétrica não é diferente, tendo como mercado o número total de
consumidores de energia elétrica do subgrupo B1, do qual o mercado potencial seriam apenas
os consumidores que não participam da tarifa social, uma vez que, pela baixa renda e outros
fatores, os mesmos não seriam capazes de migrar para o mercado livre.
Segundo Kotler (1996), a demanda total de mercado não é um número fixo, mas sim
uma função, chamada de função demanda de mercado, que neste refere-se a “Publicidade”.
Ainda, para o autor (KOTLER, 1996), sabe-se que, em se tratando de mercado, ocorrem
vendas sem que haja quaisquer gastos para estimular a demanda. No início, elevados gastos
com marketing podem gerar uma taxa de demanda crescente, entretanto, mantendo esses
níveis de gastos, com o decorrer do tempo, essa taxa tenderia a se tornar uma taxa
decrescente. Isso se deve ao fato de que existe um limite superior para a demanda de mercado,
conhecido como potencial de mercado.
A publicidade feita não tem impacto imediato, deste modo é aplicado um delay de
dois anos sobre esta variável, seguindo o exemplo do início do mercado livre no Brasil, entre
a publicação da lei de criação do mercado e sua operação efetiva. Desse modo, a equação (9)
apresenta a função demanda de mercado, onde a primeira parcela desta função é o
‘Marketing’ (Marketing) que é definido na Seção 4.5, e ponderados pelo “Número de
consumidores da classe B1” (ConsB1) e “Consumidores no ACR da classe B1” (ConsACR).
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐵1 + 𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝑅
𝑃𝐵 = 𝑀𝑎𝑟𝑘𝑒𝑡𝑖𝑛𝑔 ∗ [%] (9)
2 ∗ 𝐶𝑜𝑛𝑠𝐵1
Onde:
𝑃𝐵 refere-se à publicidade.
𝑀𝑎𝑟𝑘𝑒𝑡𝑖𝑛𝑔 é referente a parcela do mercado potência que se deseja atingir.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝑅 é o número de consumidores no ACR.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐵1 é o número total de consumidores do subgrupo B1.
𝐹𝑎𝑡𝐴𝐶𝑅
𝐶𝑀 = 0,7 ∗ 𝑃𝐵 + 0,3 ∗ [%] (10)
𝐶𝐸𝑛𝑜𝐴𝐶𝐿
Onde:
𝐶𝑀 é a comodidade.
𝑃𝐵 refere-se à publicidade.
𝐹𝑎𝑡𝐴𝐶𝑅 é o preço do kWh aplicado no ACR.
𝐶𝐸𝑛𝑜𝐴𝐶𝐿 refere-se ao Contrato de energia no ACL.
A relação entre estas variáveis foi detalhada na Seção 4.3, desta forma a Figura 23
apresenta apenas o submodelo computacional relacionando estas variáveis.
Fonte: O autor
Onde:
𝐶𝑇 é a variável cultura.
𝐸𝑆𝐶 é a escolaridade.
49
Fonte: O autor
Onde:
𝐷𝐶 é a decisão do consumidor.
𝐶𝑇 é a variável cultura.
𝑅𝑂𝐼 é o retorno sobre o investimento.
𝐶𝑀 é a comodidade.
50
Onde:
TA é a taxa de adesão dos consumidores.
𝐷𝐶 é a decisão do consumidor
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝐿 é o número de consumidores no ACL.
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐵1 é o número total de consumidores do subgrupo B1.
Onde:
𝐶𝑜𝑛𝑠𝐴𝐶𝐿 é o número de consumidores no ACL.
TA é a taxa de adesão dos consumidores.
Fonte: O autor
2
Este número foi retirado do próprio site da Aneel, que divulga um relatório completo contendo o consumo por
classe e região, bem como o total de unidades consumidoras, tarifa média paga, dentre outros.
52
Fonte: O autor
Onde:
𝐼𝐶 são incentivos.
Onde:
𝑀𝑎𝑟𝑘𝑒𝑡𝑖𝑛𝑔 é referente a parcela do mercado potencial que se deseja atingir.
53
Marketing
Figura 25: Valores do ‘Marketing’ na análise de sensibilidade
ANO
Fonte: O autor
ANO
Fonte: O autor
54
ANO
Fonte: O autor
55
ANO
Fonte: O autor
ANO
Fonte: O autor
ANO
Fonte: O autor
%
Figura 31: Valores do ‘Escolaridade’ na análise de sensibilidade
ANO
Fonte: O autor
ANO
Fonte: O autor
58
ANO
Fonte: O autor
59
ANO
Fonte: O autor
5 TESTES DE POLÍTICAS
5.1.1 Referência
ANO
Fonte: O autor
5.1.2 Otimista
ANO
Fonte: O autor
5.1.3 Pessimista
ANO
Fonte: O autor
Observa-se, a partir da Figura 37, que, com a baixa política de marketing a respeito
da migração de consumidores ao mercado livre e o baixo incentivo inicial, não haverá uma
adesão forte dos consumidores.
5.2.1 Referência
Figura 38: Cenário 2 - Consumidor residencial como livre dado 10 anos (Referência)
ANO
Fonte: O autor
5.2.2 Otimista
Figura 39: Cenário 2 - Consumidor residencial como livre dado 10 anos (Otimista)
ANO
Fonte: O autor
Este cenário apresenta que, com o aumento dos incentivos iniciais e publicidade,
pode haver um maior interesse para os consumidores cujo consumo seja mais elevado
migrarem para o mercado livre.
5.2.3 Pessimista
Figura 40: Cenário 2 - Consumidor residencial como livre dado 10 anos (Pessimista)
ANO
Fonte: O autor
A partir da observação da Figura 40, nota-se que, com o baixo consumo, aliado à
redução dos incentivos e abatimento de parte da “tarifa de transporte”, há uma perda de
interesse dos consumidores pela migração para o mercado livre.
Modo de Referência
ANO
Fonte: O autor
6 CONCLUSÕES
7 REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 12.212 de 20 de janeiro de 2010. Dispõe sobre a Tarifa Social de Energia
Elétrica; altera as Leis nos 9.991, de 24 de julho de 2000, 10.925, de 23 de julho de 2004, e
10.438, de 26 de abril de 2002; e dá outras providências. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12212.HTM>. Acesso em
18 out. 2018.
FORRESTER, J. W. System dynamics, Systems Thinking, and Soft OR. System dynamics
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Germany Trade & Invest (GTAI). Germany’s energy concept. 2017. Disponível em: <
https://www.gtai.de/GTAI/Navigation/EN/invest,t=the-german-electricity-market--a-brief-
overview,did=622868.html >. Acesso em: 19 jan. 2018.
KASSAI, J.C.; KASSAI. S.; SANTOS. A.; NETO. A.A. Retorno de Investimento:
Abordagem Matemática e Contábil do Lucro Empresarial. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
POWERSIM studio 10. Version 10. [S.l.]: Powersim Software AS, 2018. Disponível em:
<www.powersim.com/>