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ENSAIOS DE MANUTENÇÃO PARA TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

A ÓLEO COM TENSÃO SUPERIOR A 69 kV

Gabriel Martins Carrusca

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso


de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do título de
Engenheiro

Orientador: Jorge Nemésio Sousa

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MAIO DE 2021
ENSAIOS DE MANUTENÇÃO PARA TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
A ÓLEO COM TENSÃO SUPERIOR A 69 kV

Gabriel Martins Carrusca

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE


ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Examinado por:

________________________________________________
Prof. Jorge Nemésio Sousa, MSc.
(Orientador)

________________________________________________
Prof. Jorge Luiz do Nascimento, Dr. Eng.
(Coorientador)

________________________________________________
Engº. João Victor de Paiva

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MAIO DE 2021
Carrusca, Gabriel Martins

Ensaios de Manutenção para Transformadores de


Potência a Óleo com Tensão Superior a 69 kV / Gabriel
Martins Carrusca - Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA
POLITÉCNICA/DEE, 2021.

VIII, 85 p.; il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge Nemésio Sousa

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/DEE


- Departamento de Engenharia Elétrica, 2021.

Referências Bibliográficas: p. 86 - 88.

1. Manutenção. 2. Técnicas Preditivas. 3.


Transformadores.

I. Nemésio Sousa, Jorge. II. Universidade Federal do Rio


de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Elétrica III. Título.
i

Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnica da UFRJ como parte


dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

ENSAIOS DE MANUTENÇÃO PARA TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA


A ÓLEO COM TENSÃO SUPERIOR A 69 kV

Gabriel Martins Carrusca

Maio/2021

Orientador: Jorge Nemésio Sousa

Curso: Engenharia Elétrica

Os transformadores de potência são equipamentos essenciais para o funcionamento do


mundo moderno, alterando os níveis de tensão e corrente para interligar a geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica. Dessa forma, a manutenção desses
equipamentos reveste-se como uma atividade importante nas indústrias, concessionárias de
energia elétrica, ou qualquer outro grande estabelecimento comercial. A aplicação de técnicas
preditivas de manutenção permite avaliar o estado dos transformadores em operação e prever
potenciais ocorrências anormais, como defeitos e/ou falhas, aumentando, assim, a
confiabilidade dos processos e diminuindo os custos. O trabalho foi fundamentado utilizando-
se de normas técnicas, manuais de fabricantes e literatura especializada no assunto e tem,
como objetivo, apresentar os principais aspectos pertinentes aos transformadores de
potência, bem como às técnicas preditivas de manutenção elétrica, descrevendo os
procedimentos de ensaios, discorrendo sobre a interpretação dos resultados e o diagnóstico
do estado desses equipamentos.

Palavras-Chaves: Manutenção, Técnicas Preditivas, Transformadores de Potência.


ii

Abstract of undergraduate project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the


requirements for the degree of Electrical Engineer.

MAINTENANCE TESTS FOR OIL POWER TRANSFORMERS


WITH A VOLTAGE OVER 69 kV

Gabriel Martins Carrusca

May/2021

Advisor: Jorge Nemésio Sousa

Course: Electrical Engineering

Power transformers are essential equipment for the functioning of the modern world, changing
voltage and current levels to interconnect the generation, transmission and distribution of
electrical energy. Thus, the maintenance of this equipment is an important activity in the
industries, electric energy concessionaires, or any other large commercial establishment. The
application of predictive maintenance techniques allows to evaluate the state of the
transformers in operation and to predict possible occurrences of abnormalities, such as defects
and / or failures, thus increasing the reliability of processes and reducing costs. The work was
founded using technical standards, manufacturers' manuals and specialized literature on the
subject and aims to present the main aspects relevant to power transformers, as well as
predictive techniques for electrical maintenance, describing the testing procedures, talking
about the interpretation of the results and the diagnosis of the state of this equipment.

Keywords: Maintenance, Techniques Predictive, Power Transformers.


iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Vistas esquemáticas de transformadores .............................................................. 7


Figura 2.2 - Transformador de potência refrigerado a óleo ....................................................... 8
Figura 2.3 - Transformador de potência refrigerado a seco ...................................................... 9
Figura 2.4 - Transformador e seus acessórios ........................................................................ 10
Figura 2.5 - Termômetro Capilar para Óleo ............................................................................. 11
Figura 2.6 - Relé Buchholz instalado ....................................................................................... 12
Figura 2.7 - Vista esquemática de um relé Buchholz .............................................................. 12
Figura 2.8 - Relé de Súbita Pressão ........................................................................................ 13
Figura 2.9 - Corte lateral do Relé de Súbita Pressão .............................................................. 14
Figura 2.10 - Dispositivo de alívio de pressão ......................................................................... 15
Figura 2.11 - Esquemático indicador magnético de nível de óleo........................................... 15
Figura 2.12 - Indicador magnético de nível de óleo................................................................. 16
Figura 3.1 - Tipos de Manutenção ........................................................................................... 19
Figura 4.1 – Esquema de ligações do TTR em um transformador ......................................... 26
Figura 4.2 – Esquema de ligações do TTR em um transformador ......................................... 27
Figura 4.3 – Esquema de ligações do TTR em um transformador ......................................... 27
Figura 4.4 – Esquema de ligações do megômetro em um transformador .............................. 30
Figura 4.5 – Esquema de ligações do megômetro em um transformador .............................. 31
Figura 4.6 – Esquema de ligações do megômetro em um transformador .............................. 32
Figura 4.7 - Representação esquemática das resistências de isolamento DC em um
transformador de dois enrolamentos ...................................................................................... 33
Figura 4.8 – Esquema de ligações da Ponte de Kelvin Digital em um transformador............ 39
Figura 4.9 – Esquema de medições nos enrolamentos em delta ........................................... 40
Figura 4.10 – Esquema de medições nos enrolamentos em estrela ...................................... 40
Figura 4.11 - Esquemático das isolações AC em um transformador de três enrolamentos . 42
Figura 4.12 – Conexão para medição de CHT ....................................................................... 43
Figura 4.13 – Conexão para medição de C H e CHL em paralelo ............................................ 44
Figura 4.14 – Conexão para medição de C H .......................................................................... 45
Figura 4.15 – Conexão para medição de C HL ......................................................................... 45
Figura 4.16 – Conexão para medição de C L e CLT em paralelo ............................................. 46
Figura 4.17 – Conexão para medição de CL .......................................................................... 47
Figura 4.18 – Conexão para medição de C LT ......................................................................... 47
Figura 4.19 – Conexão para medição de CT e CHT em paralelo .......................................... 48
Figura 4.20 – Conexão para medição de C T ........................................................................... 49
iv

Figura 4.21 – Indicador de nível de óleo.................................................................................. 54


Figura 4.22 - Relé de gás Buchholz ......................................................................................... 56
Figura 4.23 – Conjunto usado no ensaio de funcionalidade do relé Buchholz ...................... 57
Figura 4.24 – Imagem Termográfica........................................................................................ 60
Figura 4.25 - Radiômetro.......................................................................................................... 60
Figura 4.26 - Termovisor .......................................................................................................... 61
Figura 4.27 - Representação esquemática da isolação elétrica ............................................ 74
Figura 4.28 - Representação vetorial das correntes na isolação sob VCA ........................... 75
v

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Lista de parâmetros ............................................................................................ 22


Tabela 4.1 – Ensaio de Relação de Transformação em Transformadores de Potência
Trifásicos com 2 enrolamentos ................................................................................................ 28
Tabela 4.2 – Tensão de ensaio para determinada tensão nominal ........................................ 30
Tabela 4.3 – Ensaios de resistência de isolamento de transformador de 2 enrolamentos .... 33
Tabela 4.4 – Fatores de Correção de Temperatura de Transformadores para 75 ºC ............ 34
Tabela 4.5 - Fatores de Correção de Temperatura de Transformadores para 20ºC.............. 37
Tabela 4.6 – Ensaios de perdas dielétricas em um transformador de três enrolamentos ..... 42
Tabela 4.7 – Ensaios de perdas dielétricas em um transformador de dois enrolamentos ..... 49
Tabela 4.8 – Fatores de Correção para 20 ºC do Fator de Potência da Isolação de
Transformadores ...................................................................................................................... 51
Tabela 4.9 – Tempo de aplicação ............................................................................................ 58
Tabela 4.10 - Emissividade de materiais não-metálicos ........................................................ 63
Tabela 4.11 - Emissividade de materiais metálicos ................................................................ 63
Tabela 4.12 - Valores de FCV para correção da temperatura na Termografia ..................... 64
Tabela 4.13 - Descrição do efeito observável da velocidade do vento .................................. 65
Tabela 4.14 - Exemplos de LMTA ........................................................................................... 67
Tabela 4.15 - CFCA - Critério Flexível de Classificação de Aquecimentos Elétricos ............ 68
Tabela 4.16 - Variação da temperatura e providência de manutenção .................................. 68
Tabela 4.17 - Variação da temperatura e providências de manutenção para conexões
aparafusadas ............................................................................................................................ 68
Tabela 4.18 - Variação da temperatura e providência de manutenção para conexões
prensadas ................................................................................................................................ 69
Tabela 4.19 - Programação de manutenção em função do limite de temperatura para
contatos de equipamentos ....................................................................................................... 69
Tabela 4.20 - Procedimentos adotados nas técnicas preditivas de manutenção .................. 69
Tabela 4.21 – Características do óleo mineral isolante novo.................................................. 72
Tabela 4.22 – Valores Limites para Classificação de óleo Isolante Mineral em Serviço........ 73
Tabela 4.23 – Gases encontrados para tipos de falhas .......................................................... 81
Tabela 4.24 – Gases encontrados para tipos de falhas ......................................................... 82
vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C grau Celsius
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing and Materials
AT Alta Tensão - compreende tensões acima de 36,2 kV
BT Baixa Tensão - compreende tensões abaixo de 1 kV
CFCA Critério Flexível de Classificação de Aquecimentos Elétricos
CR Criticidade Racional - método de diagnóstico de termografia em instalações
elétricas.
DC Direct Current - Corrente Contínua
DEE Departamento de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da UFRJ
FCC Fator de Correção de Corrente - fator de correção da temperatura de um
termograma em função da corrente elétrica circulando pela peça no momento
da medição.
FCV Fator de Correção do Vento - fator de correção da temperatura de um
termograma em função da velocidade do vento no momento da medição.
FD Fator de Dissipação - indicador que relaciona as perdas ativas e a potência
aparente aplicadas sob tensão alternada e serve para se determinar o nível
de contaminação de um material isolante elétrico.
GT Gravidade Térmica - variável do método Criticidade Racional de diagnóstico
de termografia em instalações elétricas.
HPLC High Performance Liquid Chromatography
IEC International Electrotechnical Commision
LMTA Limite Máximo de Temperatura Admissível
MT Média Tensão - caracteriza-se por valores entre 1.000 V e 36,2 kV
TTR Transformer Turns Ratio - Instrumento Medidor de Relação de Transformação
em Transformadores
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
vii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................. 1


1.1 APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 1
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 2
1.3 ESTÍMULOS E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO............................................................... 2
1.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO............................................................................................ 2
1.5 ORGANIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DO TRABALHO ................................ 2
1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................... 3
2 REVISÃO HISTÓRICA, BIBLIOGRÁFICA E CONCEITUAL SOBRE
TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA ................................................................................... 6
2.1 BREVE HISTÓRIA DOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA ............................... 6
2.2 CONCEITOS FÍSICOS ................................................................................................... 7
2.3 OS TIPOS DE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA................................................ 8
2.4 OS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UM TRANSFORMADOR..................................... 9
2.4.1 Termômetro indicador de temperatura do óleo............................................ 10
2.4.2 Relé Buchholz ................................................................................................... 11
2.4.3 Relé de súbita pressão .................................................................................... 13
2.4.4 Dispositivo de alívio de pressão..................................................................... 14
2.4.5 Indicador magnético de nível de óleo............................................................ 15
3 REVISÃO HISTÓRICA, BIBLIOGRÁFICA E CONCEITUAL SOBRE MANUTENÇÃO.... 17
3.1 A HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO E SUA EVOLUÇÃO ATRAVÉS DO TEMPO ........ 17
3.2 OS TIPOS DE MANUTENÇÃO .................................................................................... 18
3.3 AS TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA E SEUS PRINCIPAIS
CONCEITOS......................................................................................................................... 19
3.4 OBJETIVOS E APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS PREDITIVAS ...................................... 21
3.5 PARÂMETROS A SEREM MONITORADOS............................................................... 22
3.6 PRINCIPAIS ENSAIOS REALIZADOS EM PREDITIVAS ........................................... 23
4 TÉCNICAS PREDITIVAS APLICADAS A TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA A
ÓLEO........................................................................................................................................ 25
4.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 25
4.2 ENSAIO DE RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO ....................................................... 25
4.2.1 Análise dos resultados .................................................................................... 28
4.3 ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO DC.................................................... 29
4.3.1 Análise dos resultados .................................................................................... 34
4.4 ENSAIO DE RESISTÊNCIA ÔHMICA DOS ENROLAMENTOS................................. 38
4.4.1 Análise dos resultados .................................................................................... 41
4.5 ENSAIO DE ISOLAÇÃO AC ......................................................................................... 41
viii

4.5.1 Descrição dos ensaios..................................................................................... 43


4.5.2 Análise dos resultados .................................................................................... 49
4.6 ENSAIO DO INDICADOR DE NÍVEL DE ÓLEO.......................................................... 54
4.6.1 Procedimento de ensaio .................................................................................. 55
4.6.2 Análise dos resultados .................................................................................... 56
4.7 ENSAIO DO RELÉ DE GÁS (BUCHHOLZ) ................................................................. 56
4.7.1 Procedimento de ensaio .................................................................................. 57
4.8 ENSAIO DE ESTANQUEIDADE .................................................................................. 58
4.8.1 Procedimento de ensaio .................................................................................. 58
4.9 A TERMOGRAFIA E SUAS ANÁLISES ....................................................................... 59
4.9.1 Instrumentos utilizados ................................................................................... 60
4.9.1.1 Radiômetro ............................................................................................. 60
4.9.1.2 Termovisores.......................................................................................... 61
4.9.2 A inspeção termográfica.................................................................................. 61
4.9.3 Fatores que afetam as leituras........................................................................ 62
4.9.3.1 Emissividade e suas influências ............................................................ 63
4.9.3.2 Velocidade do vento............................................................................... 63
4.9.3.3 Variação da temperatura com a corrente .............................................. 65
4.9.4 O MAA e o LMTA............................................................................................... 66
4.9.5 Diagnóstico da termografia elétrica com ∆𝑻𝒄𝒐𝒓𝒓𝒊𝒈𝒊𝒅𝒐 ............................... 67
4.9.6 Critério baseado em padrões e uma fórmula-chave .................................... 69
4.9.7 Critério baseado no nível de criticidade ........................................................ 71
4.10 A ANÁLISE DO ÓLEO ISOLANTE ............................................................................... 71
4.10.1 Ensaios físico-químicos ................................................................................. 72
4.10.2 Cromatografia gasosa .................................................................................... 81
4.10.2.1 Métodos de detecção e identificação de falhas .................................. 82
5 CONCLUSÕES..................................................................................................................... 84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 86
1

1 INTRODUÇÃO E METODOLOGIA DE PESQUISA

1.1 APRESENTAÇÃO

O transformador de potência tem como função a adequação de níveis de tensão ao


passo que mantém a potência constante. Dessa forma esse tipo de equipamento garante
segurança operacional e o fornecimento de energia elétrica aos mais diversos tipos de
máquinas.

O uso de transformadores de potência começa logo após a geração de energia


elétrica, pelas mais diversas formas, em que o equipamento atua na transmissão da energia
por longas distâncias, através da elevação da tensão com uma potência praticamente
constante. Dessa forma a vantagem de se utilizar os transformadores de potência para elevar
a tensão está na diminuição de perdas nos condutores, tornando, assim, economicamente
viável a transmissão dessa energia nas mais diversas distâncias.

Ao chegar às casas, comércios e indústrias, a energia precisa ser adequada a níveis


seguros para os mais diversos usos e, essa nova adequação, também é feita através de
transformadores abaixadores de tensão. Ambientes urbanos possuem, em sua maioria,
muitos equipamentos eletrônicos, em baixa tensão, e necessitam de maiores níveis de
corrente para seu funcionamento. Já as indústrias possuem diversos tipos de demanda e, por
conta disso, usam transformadores de potência para alimentar os mais diversos tipos de
cargas, como os motores elétricos, por exemplo.

Quando ocorre uma falha que resulta em desligamento de um transformador de


potência, os danos gerados podem ser os mais diversos, desde um bairro de uma cidade sem
luz, a uma indústria com sua linha de produção parada, gerando perda produção e,
consequentemente, de lucros. Devido a isso, a manutenção tem, cada vez mais, ganhado um
status de extrema importância, sobretudo as técnicas preditivas que a compõem.

Neste estudo serão apresentados os conceitos e aplicações das técnicas preditivas de


manutenção na manutenção de equipamentos elétricos, focado nos transformadores de
potência a óleo, e terá como base as normas ABNT, o material didático da disciplina
Manutenção e Operação de Equipamentos Elétricos, outras normas internacionais pertinentes
e manuais de fabricantes destes equipamentos.
2

1.2 OBJETIVOS

Este trabalho possui como objetivos apresentar os fundamentos e as boas práticas de


manutenção elétrica de transformadores de potência trifásico a óleo, e ajudar nos conceitos e
aplicações de um plano de manutenção adequado a esses equipamentos, usando-se da
vertente preditiva e descrevendo os seus principais ensaios.

1.3 ESTÍMULOS E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

O principal estímulo para a elaboração deste TCC é a escassez de material didático


que consiga unir a teoria e a prática da manutenção de transformadores de potência a óleo.
Esses equipamentos estão presentes em praticamente toda indústria e são utilizados em larga
escala para adequação de níveis de tensão nos sistemas e instalações industriais.
Esse estudo tem como principal importância a união entre a teoria e a prática quando
é tratado o tema da manutenção preventiva de transformadores de potência a óleo. O assunto
é amplo e complexo e, graças a isso, necessita de documentos para referenciar os jovens
engenheiros de manutenção que estão iniciando nesse campo de ação.

1.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A manutenção de transformadores de potência é um tema antigo e vasto. Cada


instrumento e técnica utilizados podem se tornar obsoletos com o tempo. Desta forma esse
estudo se limitará as técnicas preditivas de manutenção aplicadas a transformadores de
potência a óleo com uma tensão de entrada superior a 69 kV e potência superior a 10 MVA,
os quais são largamente os mais utilizados no mundo na atualidade, e ao longo da história.

1.5 ORGANIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DO TRABALHO

O TCC começa em seu Capítulo 2 realizando uma abordagem histórica sobre os


transformadores de potência, apresentando seus principais idealizadores. Em seguida,
explicará os conceitos físicos do funcionamento destes equipamentos. Por fim, irá apresentar
os principais tipos de transformadores de potência, a seco e a óleo, e quais são seus
acessórios básicos.
3

O Capítulo 3 será semelhante ao Capítulo 2, todavia focado no conceito de


manutenção, como sua história e evolução, os tipos que a compõem, e o aprofundamento das
técnicas preditivas de manutenção.

O Capítulo 4 irá tratar de uma descrição sobre a aplicação das técnicas preditivas de
manutenção, listando o passo a passo de cada um dos ensaios mais utilizados na indústria e
como interpretar os resultados obtidos: ensaio de relação de transformação, ensaio de
resistência ôhmica dos enrolamentos, ensaio de resistência de isolamento DC, ensaio de
isolação AC, ensaio do indicador de nível de óleo, ensaio do relé de gás (Buchholz) e o ensaio
de estanqueidade.

Também no Capítulo 4 serão contempladas a termografia e a análise do óleo isolante.


No primeiro assunto, serão abordados os principais instrumentos utilizados para as medições,
o radiômetro e o termovisor, além dos fatores que afetam as suas leituras, como a
emissividade da superfície do material, a velocidade do vento e a distância do instrumento
para a superfície, e como deve ser feita as correções adequadas para se obter dados seguros
e assertivos sobre o equipamento sob investigação. No segundo, análise do óleo isolante,
serão enfocados os ensaios físico-químicos e a cromatografia, utilizados para a obtenção de
dados relativos ao estado do óleo isolante e do transformador. Estes dados servirão como
benchmark para as futuras intervenções no equipamento.

Finalmente o Capítulo 5 trará a conclusão do estudo, ressaltando os pontos mais


importantes e dando enfoque na confiabilidade de todo o processo.

1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA

Conforme SILVA e MENEZES [1], as pesquisas podem ser classificadas quanto a


natureza em:

 Pesquisa básica: aquela que tem o objetivo de gerar conhecimentos novos úteis
para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista.

 Pesquisa aplicada: com o objetivo de gerar conhecimentos para aplicação prática


dirigidos à solução de problemas específicos.
4

Este TCC trata-se de uma pesquisa aplicada, uma vez que serão estudadas
especificamente as técnicas de manutenção aplicadas a transformadores de potência a óleo,
e as interpretações que devem ser tomadas ao se avaliar os resultados dos ensaios.

Quando o assunto tratado se torna os objetivos por trás de uma determinada


pesquisa, pode-se estratificá-las, de acordo com GIL [2], como:

 Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a


torná-lo explícito. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e
Estudos de Caso.

 Descritiva: visa descrever as características de determinada população ou


fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Assume, em geral, a
forma de Levantamento.

 Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a


ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica
a razão, o ‘porquê’ das coisas.

Tratando-se deste trabalho, fica claro que ele possui uma natureza exploratória com
características descritivas, uma vez que esse documento é baseado em normas, livros,
manuais técnicos de fabricantes, e material acadêmico.

No que diz respeito aos procedimentos técnicos relativos a fontes de informações e


dados, tem-se que, de acordo com GIL [2], a pesquisa pode ser:

 Pesquisa Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado,


constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com
material disponibilizado na Internet.

 Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de materiais que não


receberam tratamento analítico.

 Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam-


se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de
controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
5

 Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo


comportamento se deseja conhecer.

 Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos


objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

 Pesquisa Ex-post Facto: quando o ‘experimento’ se realiza depois dos fatos.

 Pesquisa-Ação: quando concebida e realizada em estreita associação com uma


ação ou com a resolução de um problema coletivo.

 Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre


pesquisadores e membros das situações investigadas.

Este trabalho possui como fontes tanto a pesquisa bibliográfica, quanto a


documental, uma vez que esse documento é baseado em livros, manuais técnicos de
fabricantes, e material didático.

Tratando-se da forma de abordagem do problema, SILVA e MENEZES [1], afirmam


que pode ser:

 Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir
em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las.

 Qualitativa: há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. A


interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no
processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas.

A pesquisa possui características tanto quantitativas, quanto qualitativas, uma vez


que foi abordado não só análises que utilizam dados numéricos, como também conceitos bem
definidos e largamente utilizados.
6

2 REVISÃO HISTÓRICA, BIBLIOGRÁFICA E CONCEITUAL SOBRE


TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

2.1 BREVE HISTÓRIA DOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

De acordo com o UPPENBORN [3], "A mais importante descoberta de Michael


Faraday 1 foi o fenômeno da indução. Essa descoberta foi feita por ele em 1831".

A Segunda Revolução Industrial iniciou-se na segunda metade do século XIX e, com


ela houve melhorias nos meios de transporte e comunicação que interligaram o mundo e
difundiram o conhecimento. Somado a isso, aperfeiçoamentos nas indústrias do petróleo e
aço permitiram um grande crescimento na construção civil, ferrovias, maquinário pesado,
permitindo a invenção de tecnologias como o motor a combustão interna, o avião e os
automóveis. Todavia, só no fim do século XIX foi criado um dispositivo elétrico que elevasse
e abaixasse os níveis de tensão para a transmissão de energia elétrica em corrente alternada
para assim suprir sistemas de iluminação pública.

O primeiro transformador de potência produtivamente viável foi construído pela


empresa Westinghouse Electric Corporation em 1886, pelo físico William Stanley2. Ele
estudou e aperfeiçoou projetos anteriores concebidos por Sebastian Ferranti 3, Károly
Zipernowsky4, Miksa Déri5, Lucien Gaulard6 e Ottó Bláthy7. Entretanto apenas em 1899 foi
concebido, pelo engenheiro eletricista e inventor russo Mikhail Dolivo-Dobrovolski8 e pelo

1 Michael Faraday foi um físico e químico britânico que teve grandes contribuições para os estudos do
eletromagnetismo e da eletroquímica.
2
William Stanley Jr. foi um físico estadunidense e obteve 129 patentes cobrindo uma grande gama de
dispositivos elétricos.
3
Sebastian Ziani de Ferranti foi um engenheiro eletricista britânico que promoveu a instalação de
grandes estações geradoras de eletricidade e redes de distribuição de corrente alternada na Inglaterra.
4
Károly Zipernowsky foi um engenheiro eletricista húngaro, nascido na Áustria. Ele ajudou a inventar o
transformador na empresa de fabricação húngara Ganz Works e contribuiu significativamente com seus
trabalhos também para outras tecnologias de corrente alternada.
5
Miksa Déri foi um engenheiro húngaro. Ele contribuiu com o desenvolvimento do transformador de
núcleo de ferro fechado e do modelo ZBD.
6
Lucien Gaulard foi um cientista que inventou dispositivos para a transmissão de energia elétrica de
corrente alternada.
7
Ottó Titusz Bláthy foi um engenheiro eletricista húngaro. Ao longo de sua carreira se tornou o co-
inventor do transformador elétrico moderno, do regulador de tensão, do capacitor CA do medidor de
watt-hora para o motor elétrico monofásico, o turbo gerador e o turbo gerador de alta eficiência.
8
Mikhail Osipovitch Dolivo-Dobrovolski foi um engenheiro eletricista e inventor russo, um dos
fundadores do sistema trifásico.
7

engenheiro eletricista suíço Charles Eugene Lancelot Brown 9, o primeiro transformador de


potência trifásico.

2.2 CONCEITOS FÍSICOS

De acordo com FITZGERALD, A. E. et al. [4], os transformadores de potência


consistem, basicamente, em dois enrolamentos de fios, o primário e o secundário, com ambos
envolvidos em um núcleo metálico. Quando a bobina de cobre é ligada a uma fonte de
corrente alternada surge um campo magnético variável a seu redor. Quando outra bobina é
colocada próxima à primeira, o campo magnético variável, que foi gerado na primeira bobina,
atravessa as espiras da segunda bobina. Em consequência da variação de campo magnético
sobre suas espiras surge em reação, na segunda bobina, uma tensão induz ida. Como as
bobinas são eletricamente isoladas entre si, a passagem de energia é feita apenas através da
força magnética gerada na primeira bobina. A Figura 2.1 mostra o esquemático do núcleo e
enrolamentos do transformador.

Figura 2.1 - Vistas esquemáticas de transformadores


Fonte: FITZGERALD, A. E. et. al.

9
Charles Eugene Lancelot Brown foi um engenheiro eletricista e o fundador do SLM - Schweizerische
Lokomotiv- und Maschinenfabrik.
8

2.3 OS TIPOS DE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Os transformadores de potência são equipamentos que possuem uma grande


tendência a se aquecerem até temperaturas altíssimas e esse fato acontece por conta do
efeito joule10, e das correntes parasitas. Para evitar que esse aquecimento aconteça os
transformadores possuem um sistema de resfriamento, a óleo e a seco.

 Transformadores de potência a óleo (Figura 2.2): são equipamentos que utilizam


tanto óleo mineral quanto vegetal na refrigeração interna de seus componentes e
como meio isolante. Eles têm aplicabilidade na distribuição de energia, nas
indústrias, e até para fins comerciais.

Figura 2.2 - Transformador de potência refrigerado a óleo


Fonte: WEG (2020) [5]

 Transformadores de potência a seco (Figura 2.3): são mais utilizados em prédios,


shoppings, e pequenas indústrias. As grandes vantagens deste tipo são a baixa
manutenção exigida pelo equipamento e a ausência do risco de vazamento de

10Efeito Joule é um fenômeno físico que se baseia na conversão de energia elétrica em calor, e ocorre
quando um certo corpo é atravessado por uma corrente elétrica.
9

óleo. Esse tipo de equipamento tem como forma de resfriamento a troca de calor
com o ar.

Figura 2.3 - Transformador de potência refrigerado a seco


Fonte: WEG [5]

2.4 OS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UM TRANSFORMADOR

De acordo com o CIGRE [6], os transformadores de potência a óleo são grandes


equipamentos de custo elevado, e para cumprir sua função necessita de uma série de
acessórios que são ligados ao transformador para sua proteção, ou para facilitar sua
manutenção. Para proteção, podem-se citar o Relé Buchholz e a Relé de Súbita Pressão,
acessórios que serão explorados nas Seções 2.4.2 e 2.4.3, respectivamente, e para o
manuseio pode-se citar o termômetro indicador de temperatura e o visor do nível de óleo. Na
Figura 2.4 é possível ver como os acessórios estão dispostos no corpo de um transformador.
10

Figura 2.4 - Transformador e seus acessórios


Fonte: MAMEDE FILHO [7]

2.4.1 Termômetro indicador de temperatura do óleo

Este acessório (Figura 2.5) tem como função expor de forma clara a temperatura em
que se encontra o óleo isolante dentro do transformador. Deve ser graduado de 0 a 120 ºC e
possuir indicação de temperatura máxima alcançada - ponteiro vermelho da Figura 2.5. O
acompanhamento da temperatura do transformador é importante, uma vez que um
superaquecimento pode gerar o envelhecimento precoce do papel isolante e,
consequentemente, perda de vida útil do equipamento.
11

Figura 2.5 - Termômetro Capilar para Óleo


Fonte: QUALITROL [8]

2.4.2 Relé Buchholz

Este relé de gás (Figura 2.6), também conhecido como relé Buchholz, tem como
função detectar acumulação de gases, falta de óleo, e falhas dielétricas 11 no transformador.
Este relé funciona da seguinte forma: internamente encontram-se duas boias
montadas uma sobre a outra, contatos de ampolas de vidro com mercúrio, visor de nível,
válvulas de amostra e de ensaio. Quando há acúmulo de uma certa quantidade de gás dentro
do relé, a boia superior é forçada a descer, ativando a proteção do equipamento, se por sua
vez, uma produção excessiva de gás provoca uma circulação de gás no relé, a boia inferior
reage também ativando a proteção do equipamento. A Figura 2.7 mostra um esquemático do
funcionamento interno do relé Buchholz.

11Falhas dielétricas são associadas ao material dielétrico que tem como finalidade o isolamento entre
os componentes condutores de um equipamento elétrico.
12

Figura 2.6 - Relé Buchholz instalado


Fonte: CELECTRA [9]

Figura 2.7 - Vista esquemática de um relé Buchholz


Fonte: NEMÉSIO SOUSA [10]
13

2.4.3 Relé de súbita pressão

Os relés de súbita pressão (Figura 2.8) são utilizados em transformadores do tipo


selado ou com tanque de expansão13 (ou conservador), no espaço compreendido entre o
12

líquido isolante e a tampa do transformador. Existem modelos que atuam acima do nível do
óleo isolante, ou então, em contato com o óleo. No primeiro caso, o relé é acionado quando
ocorre uma súbita pressão interna, independente da pressão de trabalho do transformador.
Já no segundo, quando há pressão interna ascendente ou, ainda, uma obstrução indevida na
tubulação de respiro14 do transformador que possa desencadear sobrepressão interna. Vale
ressaltar que o relé não opera por mudanças lentas de pressão, provenientes de raios,
sobretensões de manobras e curtos-circuitos, desde que não ocasionem falha no
transformador. A Figura 2.9 mostra um corte lateral do Relé de Súbita Pressão.

Figura 2.8 - Relé de Súbita Pressão


Fonte: WEG [5]

12 O transformador tipo selado é composto por um tanque principal selado, que tem por finalidade
impedir o contato do líquido isolante com a atmosfera. O uso deste sistema requer que o tanque seja
grande o suficiente para acomodar as variações de volume do líquido isolante decorrentes da operaç ão
normal do equipamento. O espaço acima da parte ativa é pressurizado com ar sintético ou nitrogênio
super seco.
13 O tanque de expansão (ou conservador) é um reservatório fixado na parte superior da carcaça do

transformador. É destinado a receber o óleo do tanque quando este se expande, devi do aos efeitos do
aquecimento por perdas internas.
14
A tubulação de respiro liga a atmosfera à bolsa ou membrana que separa o líquido isolante da
atmosfera, no tanque de expansão.
14

Figura 2.9 - Corte lateral do Relé de Súbita Pressão


Fonte: INDUBRÁS [11]

2.4.4 Dispositivo de alívio de pressão

São dispositivos utilizados para permitir a liberação do óleo isolante quando há uma
sobrepressão interna no transformador. Este acessório protege contra uma possível
deformação no tanque, em casos de defeito interno com aparecimento de pressão elevada.
Este é um dispositivo muito sensível, e que atua em menos de 2 segundos.

O dispositivo de alívio de pressão (Figura 2.10) é uma válvula localizada no tanque


principal do equipamento, composta por disco metálico sob pressão de uma mola e calibrado
para permitir a descarga do líquido isolante em caso de sobrepressão seguida da
normalização da pressão, impedindo a saída em excesso de óleo. Sua atuação é indicada
localmente através de dispositivo mecânico de sinalização e, remotamente, por meio contatos
elétricos, podendo ter função de alarme ou desligamento. Vale ressaltar que, depois da
atuação do alívio de pressão, o rearme normalmente é feito manualmente.
15

Figura 2.10 - Dispositivo de alívio de pressão


Fonte: QUALITROL [8]

2.4.5 Indicador magnético de nível de óleo

Tem como função acompanhar o nível de óleo no tanque do transformador,


conservador (ver Seção 2.4.3), e outros compartimentos do transformador. O indicador
(Figura 2.12) funciona através de uma boia que acompanha as alterações do nível do óleo, e
transmite essa variação para o ponteiro indicador magnético. A Figura 2.11 mostra o esquema
do indicador de nível de óleo.

Figura 2.11 - Esquemático indicador magnético de nível de óleo


Fonte: INDUBRÁS [11]
16

Figura 2.12 - Indicador magnético de nível de óleo


Fonte: INDUBRÁS [11]
17

3 REVISÃO HISTÓRICA, BIBLIOGRÁFICA E CONCEITUAL SOBRE MANUT ENÇÃO

3.1 A HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO E SUA EVOLUÇÃO ATRAVÉS DO TEMPO

Atualmente, os especialistas indicam que a manutenção está em sua quarta geração,


se for considerada toda a cadeia evolutiva que esse conceito possui através dos tempos.
Sendo, inicialmente, criada com o objetivo simples e claro de restaurar um ativo para ele voltar
a funcionar como pretendido, hoje trata-se de garantir a confiabilidade, a disponibilidade e o
bom funcionamento dos ativos de uma instituição. De acordo com PINTO e XAVIER [12] pode-
se definir a cadeia evolutiva da manutenção da seguinte forma.

 1ª Geração – Período pré-segunda guerra mundial: nesta época existia apenas


a manutenção corretiva, uma vez que a intervenção ocorria apenas após a falha,
a fim de restabelecer os processos. No período entre 1760 e 1860 ocorreu a
Primeira Revolução Industrial, e com ela inovações como a mecanização de
processos e o uso da máquina a vapor.
 2ª Geração – Período pós-segunda guerra mundial: neste período houve um
aumento expressivo na mecanização dos processos produtivos, dessa forma, a
complexidade das instalações industriais aumentou proporcionalmente. Dado o
aumento da busca por uma maior produtividade, o investimento na área de
manutenção foi elevado. Assim começou o planejamento da manutenção e as
atividades que envolvem a manutenção preventiva. Neste momento iniciam-se a
produção em série, as linhas de montagem e o uso intensivo da eletricidade.
 3ª Geração – Início na década de 1970: graças a aceleração dos processos
produtivos se tornou de grande importância sua continuidade sem interrupções,
uma vez que geraria custos por perda de produção. Dessa forma a engenharia foi
cada vez mais envolvida para criar ferramentas que tornasse capaz a identificação
da falha antes que fosse gerada uma parada do equipamento em questão. Devido
a esses fatos foi dado início a era das técnicas preditivas de manutenção. A partir
desse período começou a Revolução Digital e com ela veio a computação e a
automatização das linhas de produção.
 4ª Geração – Atualmente: houve um grande aumento da manutenção preventiva,
mais especificamente das técnicas preditivas, uma vez que a preocupação com o
gerenciamento dos ativos da empresa cresceu. Dessa forma a manutenção passou
a ser centrada com base na confiabilidade, na qual há uma participação ativa nos
projetos da empresa, desde a concepção até a entrega.
18

3.2 OS TIPOS DE MANUTENÇÃO

A bibliografia pertinente mostra que a manutenção tem como propósito manter um


determinado sistema em perfeitas condições de operação, afetando dessa forma toda uma
cadeia produtiva que deve ser mantida em funcionamento, preferencialmente, de maneira
ininterrupta.

Conforme NEMÉSIO SOUSA [10], pode-se dividir a manutenção em dois principais


tipos.

 Manutenção Corretiva: este tipo de ação apenas ocorre quando o equipamento


apresentar algum tipo de defeito15 ou falha16 que irá gerar a parada total ou parcial
de seu funcionamento, com a necessidade de intervir no equipamento para
eliminação do problema. Existem dois tipos de manutenção corretiva: a planejada e
a não planejada. A planejada ocorre quando a ocorrência anormal é corrigida em
uma parada programada do equipamento; já a manutenção não planejada ocorre
quando o defeito ou falha acontece de forma inesperada e/ou não monitorada e
precisa ser corrigida imediatamente.

 Manutenção Preventiva: o conceito deste tipo de ação é interferir no equipamento


antes de que ele tenha sua operação interrompida. Para isso são utilizadas técnicas
de gestão de manutenção programada, que pode ser baseada em dados
estatísticos, na experiência dos engenheiros e técnicos, e em outros diversos tipos
de análise. A manutenção preventiva pode ser dividida entre: rotina - são
verificações realizadas no equipamento durante a operação; sistemática, é
baseada no tempo de funcionamento; seletiva - efetuada após o término da vida
útil do equipamento, inspeção - utilizam-se os sentidos humanos e da experiência
da pessoa para o acompanhamento do equipamento; a preditiva - funciona através
de dados estatísticos relativos a parâmetros de funcionamento do equipamento.

15
Qualificado como qualquer desvio de uma caraterística de um item em relação aos seus requisitos.
Esses requisitos podem, ou não, ser expressos na forma de uma especificação.
16
Caracterizado pela incapacidade de um item em desempenhar uma função requerida.
19

Figura 3.1 - Tipos de Manutenção


Fonte: Lourival Tavares, apud NEMÉSIO SOUSA [10]

3.3 AS TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA E SEUS PRINCIPAIS


CONCEITOS

Conforme NEMÉSIO SOUSA [10], o que se costuma chamar de ‘manutenção


preditiva’ são as atividades baseadas em técnicas que têm enfoque no monitoramento de
tendência e do modo de falha17 de um determinado equipamento, ou de seus componentes,
utilizando-se de parâmetros que indicam suas condições. Esse tipo de atividade tem como
principal propósito guiar a programação e a execução da manutenção preventiva, a fim de
evitar que falhas aconteçam e, consequentemente, as paradas não programadas, as quais
acarretam prejuízos, devido a interrupção do processo produtivo.

Por meio da medição e do acompanhamento de parâmetros de análise, é possível


acompanhar o desgaste ou a degradação de componentes e o desempenho do equipamento.
A grande vantagem de se conhecer, acompanhar e estudar a performance dos equipamentos
é poder construir sua linha evolutiva, gerando assim a possibilidade de predizer (ou prever) o
surgimento de uma falha potencial ou defeito que venha a ocorrer no equipamento.

17
Modo de falha é uma causa de falha ou uma possível forma pela qual um sistema pode falhar.
20

Conforme NEMÉSIO SOUSA, suas vantagens podem ser catalogadas da seguinte


forma:

 Intervenções corretivas programadas que custam menos e evitam perdas de


produção.
 Diminuição de problemas porque as máquinas e equipamentos são mantidos dentro
de suas conformidades e parâmetros recomendados.
 Otimiza a manutenção, de forma a diminuir a necessidade de equipamentos
reservas e estoque de peças sobressalentes.
 Oferece dados seguros sobre a frequência e modo das falhas dos componentes
envolvidos, dando margem para um melhor dimensionamento da política de
materiais sobressalentes.
 Incentiva e fornece dados para a procura de fornecedores de peças e componentes
de melhor qualidade.
 A operação tem conhecimento periódico da situação das máquinas e
equipamentos, passando a se envolver e participar da manutenção, reduzindo as
‘surpresas’ e as consequências de reparos urgentes com baixa qualidade.
 De maneira geral, a introdução das técnicas preditivas de manutenção tem
proporcionado uma redução de 15% a 20% do custo, quando comparada com a
manutenção clássica.
 Um dos objetivos da ‘manutenção preditiva’, é acompanhar o desgaste de uma ou
mais peças (ou componentes) com o objetivo de determinar o exato momento de
intervir para troca ou reparo, se antecipando aos defeitos intermediários e
orientando a tomada de decisão e ações, antes que o processo degenerativo
conduza o equipamento a um defeito ‘paralisador’, isto é, a falha.

Há uma gama de técnicas que são aplicadas na predição de uma falha em um certo
equipamento. Porém é necessário o bom uso dessas técnicas e dos conhecimentos
associados, para interpretação correta e assertiva dos dados obtidos.

Os processos preditivos podem ser resumidos pelos seguintes tópicos [10].

 Registros periódicos das variações dos parâmetros.


 Diagnóstico dessas variações com a predição da natureza, modo e momento de
falha.
21

 Utilização de adequadas metodologias e instrumentação de monitoração para


detectar as causa e efeitos dos defeitos intermediários.
 Acumular experiência sobre:
 Escolha dos equipamentos produtivos que necessitam de monitoramento do
estado de operação.
 Determinação dos parâmetros a serem acompanhados.
 Controle e análise do quadro de variação desses parâmetros.
 Diagnóstico do estado do equipamento com base nessa análise.
 Desenvolver ou utilizar um sistema de informações rápido e eficiente que forneça
dados históricos sobre os equipamentos submetidos ao acompanhamento preditivo
tais como:
 Banco dos dados completos das ocorrências: os tipos de defeito ou falha, os
componentes que falharam ou que foram afetados etc.
 Uso de recursos de informática.
 Programas especialistas de predição e análise de tendências.

3.4 OBJETIVOS E APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS PREDITIVAS

O uso de técnicas preditivas visa reduzir a probabilidade de ocorrer falhas, desgastes


e danos gerais. Segundo ANDRADE [14], as técnicas preditivas de manutenção possuem
como foco os seguintes objetivos.

 Determinar, antecipadamente, a necessidade de serviços de manutenção numa


peça específica de um equipamento.
 Eliminar desmontagens desnecessárias para inspeção; aumentar o tempo de
disponibilidade dos equipamentos.
 Reduzir o trabalho de emergência não planejado.
 Impedir o aumento dos danos.
 Aproveitar a vida útil total dos componentes e de um equipamento.
 Aumentar o grau de confiança no desempenho de um equipamento ou linha de
produção.
 Determinar previamente as interrupções de fabricação para cuidar dos
equipamentos que precisam de manutenção.
22

Para o uso correto das técnicas preditivas se faz necessário o uso de recursos
computacionais, instrumentos de medição e técnicas organizacionais. A maneira correta
para a aplicação desse método é através dos seguintes tópicos [14]:

 Desenvolver um plano de ação baseado no grau de importância dos


equipamentos.
 Programação das manutenções baseada nos indicadores.
 Utilizar métodos como a Análise de Causa Raiz 18 para avaliar falhas incipientes.
 Medir, avaliar e acompanhar a evolução de parâmetros importantes do
equipamento utilizando instrumentos e softwares.

3.5 PARÂMETROS A SEREM MONITORADOS

O uso de técnicas preditivas exige que parâmetros sejam mensurados e


acompanhados durante a vida útil do equipamento. Esses parâmetros serviram como base
para as análises e predições realizadas por instrumentos e softwares. A Tabela 3.1 resume
alguns desses parâmetros.

Tabela 3.1 – Lista de parâmetros [10]

Parâmetros Mensurados pelas Técnicas Preditivas

Corrente e Tensão Oscilações de frequência


Fator de desequilíbrio da corrente e da
Perdas em equipamentos de transformação
tensão
Frequência Número de operação
Potência Temperatura
Demanda Pressão
Energia Vazão
Fator de Potência Ruídos
Harmônicos e DHT Desgastes
Curvas de carga Corrosão
Vazamentos Corrente Interrompida
Vibração Tensão de fechamento de disjuntores
Grandezas Dielétricas Corrente de abertura de disjuntores
Registros de Eventos Distorção de formas de ondas
Variação de tensão de curta e longa
Transitório de Tensão
duração

18
Análise de causa raiz é o processo de descobrir a causa primária de problemas para identificar as
soluções adequadas.
23

3.6 PRINCIPAIS ENSAIOS REALIZADOS EM PREDITIVAS

Existe uma vasta gama de ensaios que podem ser realizados, todavia é de suma
importância saber avaliar corretamente os parâmetros que serão acompanhados. Para cada
tipo de equipamento há parâmetros específicos. Tomando como foco os transformadores de
potência, deve-se monitorar sua temperatura, estado do óleo isolante, isolamento, relação de
transformação, entre outros. Conforme BARONI [13], pode-se classificar as técnicas
preditivas de manutenção mais importantes nas seguintes ‘famílias de especialização’.

 Termografia
 Análise de Óleos Isolantes
 Índice de neutralização da acidez ou basicidade
 Rigidez dielétrica
 Tensão interfacial
 Ponto de fulgor
 Perdas dielétricas
 Teor de água
 Viscosidade
 Presença e teor de insolúveis
 Exame visual e coloração
 Estabilidade à oxidação
 Contagem de partículas
 Análise da espectroscopia
 Cromatografia Gasosa
 Determinação das concentrações de CO e CO2
 Análise de gases combustíveis dissolvidos
 Estudo da relação entre os gases e as falhas incipientes
 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência - HPLC
 Ensaios Elétricos
 Corrente
 Tensão
 Espectro de corrente ou tensão
 Ensaios Dielétricos da Isolação
 Resistência de isolamento
 Rigidez dielétrica
 Perdas dielétricas
24

 Avaliação da Degradação da Isolação Sólida de Equipamentos Elétricos


 Sistemas celulósicos
 Medição do grau de polimerização
 Sistema papel-óleo
 Determinação dos derivados de Furano
 Monitoramento de Parâmetros Operacionais

Utilizando as técnicas mencionadas, da maneira correta para cada equipamento e


aplicação, é possível ter inúmeras vantagens no cotidiano da manutenção. Uma vez que, com
uma identificação prévia de defeitos ou falhas incipientes 19, pode-se programar a intervenção
no equipamento com antecedência. Assim, muitas vezes nem se torna necessária a parada
do processo produtivo da indústria em questão.

19
Defeitos ou falhas incipientes são aqueles que já estão instalados, mas no início do desenvolviment o,
isto é, que se encontra no estado de incipiência. Identifica o estágio inicial do processo ou ciclo da
ocorrência anormal.
25

4 TÉCNICAS PREDITIVAS APLICADAS A TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA A


ÓLEO

4.1 INTRODUÇÃO

Dentro do mundo moderno e tecnológico em que vivemos, nada funcionaria sem o


fornecimento de energia elétrica. O processo para a chegada deste insumo essencial começa
na geração, passa pela transmissão e chega na distribuição, para só então alimentar os
consumidores - residenciais, comerciais e industriais. Em todas essas fases, o transformador
de potência é um dos protagonistas, agindo como elevador de tensão entre a geração e a
transmissão, como abaixador de tensão entre a transmissão e a distribuição, e como
abaixador novamente, na distribuição, para adequar aos diferentes níveis de tensão
requeridos pelos clientes.

As técnicas preditivas de manutenção elétrica surgem, então, como uma forma de


manter esses transformadores em contínuo funcionamento, através do diagnóstico do
equipamento. Os resultados obtidos servem para guiar os engenheiros e técnicos a tomarem
as melhores ações no cotidiano industrial. E, dentro deste cotidiano, o planejamento é a peça-
chave, uma vez que ele orquestra as ações da equipe de manutenção. Alguns eventos
envolvem urgência ou emergência, que podem necessitar uma manutenção corretiva, que
poderá acarretar uma parada do equipamento e, consequentemente, gerar perdas de
produção ou até a interrupção do fornecimento de energia.

Dentro deste escopo, neste Capítulo serão estudados os ensaios preditivos aplicados
na manutenção de transformadores de potência, podendo ser elétricos, químicos e físicos.

4.2 ENSAIO DE RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO

O ensaio de relação de transformação de um transformador de potência consiste na


determinação da proporção existente entre as tensões do enrolamento primário e secundário.
O objetivo é determinar a relação de transformação a partir da medição da relação de tensão.
Para a obtenção da relação de transformação, normalmente utiliza-se de um instrumento para
este fim, o TTR- Transformer Turns Ratio20, medidor de relação de transformação.

20
O TTR - Medidor de Relação de Transformação em Transformadores, é um instrumento usado para
medir a relação de espiras entre os enrolamentos. As medições de relação são conduzidas em todas
26

Como orientação, a Tabela 4.1 apresenta, para o caso específico de um transformador


a trifásico de dois enrolamentos, um resumo do ensaio [10].

Segue a descrição do passo a passo do procedimento a ser realizado em um


transformador de 2 enrolamentos.

 Utilizando o TTR, devem-se ligar os cabos da saída 1 do instrumento nos terminais


do primário21 do transformador (H1 e H2) e os cabos da saída 2 nos terminais do
secundário22 do transformador (X1 e X2). Com o TTR faz-se a leitura do valor da
relação de transformação, de acordo com a Figura 4.1.

H2
H1

X2
X1 TTR

Figura 4.1 – Esquema de ligações do TTR em um transformador


Fonte: adaptado de ITAIPU TRANSFORMADORES [15]

 Repetem-se os esquemas de ligação para as outras combinações das buchas do


primário e do secundário do transformador - H1 e H3 com X1 e X3; e H2 e H3 com X2
e X3, fazendo-se as leituras dos valores das relações de transformação, conforme
as Figuras 4.2 e 4.3.

as posições das derivações dos enrolamentos e calculadas dividindo a leitura da tensão induzida pelo
valor da tensão aplicada.
21
Chama-se de primário o enrolamento do transformador que recebe tensão direto da rede.
22
Chama-se de secundário a bobina do transformador que fornece tensão transformada .
27

H3

H1
X3
X1
TTR

Figura 4.2 – Esquema de ligações do TTR em um transformador


Fonte: adaptado de ITAIPU TRANSFORMADORES [15]

H3
H2

X3

X2
TTR

Figura 4.3 – Esquema de ligações do TTR em um transformador


Fonte: adaptado de ITAIPU TRANSFORMADORES [15]
28

Tabela 4.1 – Ensaio de Relação de Transformação em Transformadores de Potência


Trifásicos com 2 enrolamentos

Ensaio de Relação de Transformação em Transformadores de Potência


Trifásicos com 2 enrolamentos

● Ligar X1 e X2 ao enrolamento de baixa.


Delta – Delta
● Ligar H1 e H2 ao enrolamento de alta da fase considerada.

● Ligar X1 ao enrolamento de baixa.


● Ligar X2 à terra.
Estrela – Estrela ● Ligar H1 ao enrolamento de alta tensão correspondente à
mesma fase
● Ligar H2 à terra.
● Ligar X1 e X2 ao enrolamento de baixa.
● Ligar H1 ao enrolamento de alta correspondente, na mesma
Estrela – Delta
fase.
● Ligar H2 ao neutro da estrela.

● Ligar X1 ao enrolamento de baixa.


Delta – Estrela ● Ligar X2 ao neutro.
● Ligar H1 e H2 ao enrolamento de alta correspondente, na
mesma fase.

Ligar X1 e X2 ao enrolamento de baixa.

Ligar H1 ao enrolamento de alta correspondente, em outra fase.
Delta – Neutro

Ligar H2 ao enrolamento de alta correspondente.
Inacessível

Curto-circuitar o enrolamento correspondente ao terminal H1 na
baixa tensão.
Fonte: NEMÉSIO SOUSA [10].

4.2.1 Análise dos resultados

De acordo com a NBR 5356 [16], a tolerância no erro de relação de transformação não
deve exceder a ± 0,5% ou 1/10 do valor medido da tensão de curto-circuito em porcentagem,
devendo-se considerar o menor dos valores. Dessa forma o cálculo do erro máximo da relação
de tensão permissível é dado pelas Equações 4.1 e 4.2.

 Valor Calculado da Tensão (Vn):

▪ Para os casos Estrela – Delta e Delta – Estrela:

𝑉𝐴𝑇
𝑉𝑛 = ∗ √3 (4.1)
𝑉𝐵𝑇
29

▪ Para os demais casos:

𝑉𝐴𝑇
𝑉𝑛 = (4.2)
𝑉𝐵𝑇

Onde:

 Vn - Valor calculado da tensão.


 VAT - Valor tensão de entrada (alta tensão).
 VBT - Valor tensão de saída (baixa tensão).

 Deste modo, pode-se calcular o erro entre os valores de relação nominal medida,
através da Equação 4.3.

𝑉𝑛 − 𝑉𝑚
𝐸𝑟𝑟𝑜(%) = ∗ 100% (4.3)
𝑉𝑛

Onde:

 Vn - Valor calculado da tensão.


 Vm - Valor medido da tensão.

O erro calculado entre a relação do valor da relação de tensão calculado e valor de


tensão medida deve ter variação de no máximo de ± 0,5%.

4.3 ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO DC

O ensaio de resistência de isolamento DC está entre os melhores meios para a


detecção e prevenção de defeitos, a partir da análise das condições da isolação do
transformador por meio do estudo das características do material isolante, com tensão DC.
Para este tipo de ensaio usa-se o megômetro23, que serve para identificar o defeito e a peça
problemática, para assim analisá-los. De acordo com ALMEIDA e PAULINO [30], pode-se
dizer que a resistência de isolamento é a medida do esforço da passagem de corrente pelos

23
Megômetro é um instrumento de manutenção utilizado para medir a resistência de isolamento de um
equipamento. O megômetro mede valores elevados de resistências elétricas em que outros
instrumentos não são capazes de medir.
30

materiais isolantes. Entretanto, deve-se tomar cuidado, uma vez que seus valores se
modificam com a umidade e a sujeira, gerando alterações da capacitância 24 do isolamento,
da resistência total, das perdas superficiais e da temperatura do material. O ensaio consiste
em aplicar no isolamento uma tensão em corrente contínua com os valores listados na Tabela
4.2.

Tabela 4.2 – Tensão de ensaio para determinada tensão nominal

Tensão Nominal (V) Tensão de Ensaio (V)


Até 220 500
221 a 3.999 1.000
4.000 a 68.999 2.500
69.000 a 230.000 5.000
Fonte: WEG [5].

Abaixo está descrito o passo a passo do procedimento realizado em um transformador


de 2 enrolamentos. A Figura 4.7 representa, esquematicamente, as resistências de
isolamento DC em um transformador de dois enrolamentos (Alta e Baixa Tensões), e a Tabela
4.3, um resumo do ensaio [10].

 Alta Tensão x Terra

H3

LOW GUARD HIGH

Figura 4.4 – Esquema de ligações do megômetro em um transformador


Fonte: adaptado de ITAIPU TRANSFORMADORES [15]

24
É a grandeza escalar que mede a capacidade de armazenamento de energia em equipamentos e
dispositivos elétricos.
31

 Conectar o cabo de saída do terminal AT (High) do megômetro ao terminal primário


do transformador (H3), de acordo com a Figura 4.4.
 Conectar o cabo de saída do terminal retorno (Low + Guard) do megômetro à
referência de terra.
 Fazer a leitura de resistência de isolamento nos tempos recomendados, isto é, 15,
30, 45 e 60 segundos após a aplicação da tensão de teste e, depois, a cada minuto
até 10 minutos, anotando os valores obtidos na folha de ensaio.
 Medir a temperatura e umidade relativa do ar registrando os valores na folha de
ensaio.
 Com o dado da temperatura ambiente deve-se corrigir os resultados da medição da
resistência de isolamento para a temperatura de 75 ºC.

 Baixa Tensão x Terra

X3

LOW GUARD HIGH

Figura 4.5 – Esquema de ligações do megômetro em um transformador


Fonte: adaptado de ITAIPU TRANSFORMADORES [15]

 Conectar o cabo de saída do terminal AT (High) do megômetro ao secundário do


transformador (X3), de acordo com a Figura 4.5.
 Conectar o cabo de saída do terminal retorno (Low + Guard) do megômetro a
referência de terra.
 Fazer a leitura de resistência de isolamento nos tempos recomendados, anotando
os valores obtidos na folha de ensaio.
 Medir a temperatura e umidade relativa do ar registrando os valores na folha de
ensaio.
32

 Com o dado da temperatura ambiente deve-se corrigir os resultados da medição da


resistência de isolamento para a temperatura de 75 ºC.

 Alta Tensão x Baixa Tensão


H3

X3

LOW GUARD HIGH

Figura 4.6 – Esquema de ligações do megômetro em um transformador


Fonte: adaptado de ITAIPU TRANSFORMADORES [15]

 Conectar o cabo de saída do terminal AT (High) do megômetro ao terminal primário


do transformador (H3), de acordo com a Figura 4.6.
 Conectar o cabo de saída do terminal retorno (Low + Guard) do megômetro ao
terminal secundário do transformador (X3).
 Fazer a leitura de resistência de isolamento nos tempos recomendados, anotando
os valores obtidos na folha de ensaio.
 Medir a temperatura e umidade relativa do ar registrando os valores na folha de
ensaio.

 Com o dado da temperatura ambiente deve-se corrigir os resultados da medição da


resistência de isolamento para a temperatura de 75 ºC.
33

Tabela 4.3 – Ensaios de resistência de isolamento de transformador de 2 enrolamentos

Conexões
Isolamento Medido Identificação
Line Earth Guard
Alta contra Baixa com Terra
RAB A B T
em GUARD
Alta contra Terra com Baixa
RAT A T B
em GUARD
Baixa contra Terra com Alta
RBT B T A
em GUARD
RAT//RAB Alta contra Baixa aterrada A B+T -

RBT//RAB Baixa contra Alta aterrada B A+T -

RAT//RBT Alta e Baixa contra Terra H+B T -


Fonte: NEMÉSIO SOUSA [10].

Figura 4.7 - Representação esquemática das resistências de isolamento DC em um


transformador de dois enrolamentos [10]

Adotando-se a simbologia, conforme Figura 4.7:

 RAB - Isolamento entre os enrolamentos de alta e baixa tensão.


 RAT - Isolamento entre os enrolamentos de alta tensão e terra.
 RBT - Isolamento entre os enrolamentos de baixa tensão e terra.
 A - Enrolamento de alta tensão.
 B - Enrolamento de baixa tensão.
 T - Terra ou massa.
34

 Conexão Line - nomenclatura do mais conhecido megômetro, o Megger®,


fabricado pela James Biddle, equivalente, na descrição dos esquemas de ligações
das Figuras 4.4 a 4.6, ao terminal High.
 Conexão Earth - nomenclatura do Megger® equivalente ao terminal Low.
 Conexão Guard - nomenclatura do Megger® equivalente ao terminal Guard.

4.3.1 Análise dos resultados

Para entender os resultados deve-se consultar a NBR 7036 [15]. Esta Norma fixa,
como temperatura de referência, 75 ºC, e apresenta as Equações 4.4 e 4.5 para a correção e
adaptação de resultados.

𝑅𝑇
𝑅75 º𝐶 = (4.4)
2𝐴
Sendo,
75 − 𝑇
𝐴= (4.5)
10
Em que:

● RT - Resistência de isolamento na temperatura T ºC.


● T - Temperatura medida no ensaio.
● R75 ºC - Resistência de isolamento na temperatura 75 ºC.

Há também a opção de realizar a correção pela Tabela 4.4.

Tabela 4.4 – Fatores de Correção de Temperatura de Transformadores para 75 ºC


Temperatura (°C) Fator de Correção
Temperatura (°C) Fator de Correção
0 181
1 169 41 10,6
2 158 42 9,9
3 147 43 9,2
4 137 44 8,6
5 128 45 8,0
6 119 46 7,5
7 111 47 7,0
8 104 48 6,5
9 97 49 6,1
10 91 50 5,7
11 84 51 5,3
12 79 52 4,92
13 74 53 4,59
14 69 54 4,29
35

Temperatura (°C) Fator de Correção Temperatura (°C) Fator de Correção


15 64 55 4,0
16 60 56 3,73
17 56 57 3,48
18 52 58 3,25
19 48,5 59 3,03
20 45,3 60 2,83
21 42,2 61 2,64
22 39,4 62 2,46
23 36,8 63 2,30
24 34,3 64 2,14
25 32,0 65 2,0
26 29,9 66 1,87
27 27,9 67 1,74
28 26,0 68 1,62
32 19,7 72 1,25
33 18,4 73 1,15
34 17,2 74 1,07
35 16,0 75 1,00
36 14,9 76 0,93
37 13,9 77 0,87
38 13,0 78 0,81
39 12,1 79 0,76
40 11,3 80 0,71
Fonte: ABNT [17].

A ABNT [15] recomenda, para transformadores de distribuição a óleo mineral e silicone


com alto ponto de fulgor, o valor da resistência de isolamento, de 1,5 MΩ por kV da classe de
isolamento, à temperatura de 75 °C.

Já para transformadores de potência em geral imersos em líquido isolante, devem ter


o isolamento mínimo calculado pela Equação 4.6.

𝑘 ∗𝑉
𝑅𝑀 = 𝑀Ω (4.6)
𝑆

𝑓

Onde:
● RM - Resistência mínima de isolamento a 75 ºC, em MΩ.
● V - Classe de isolamento do enrolamento de maior tensão no momento da
medição, em kV.
● S - Potência nominal do transformador, em kVA.
● f - Frequência nominal, em Hz.
● k - 7,95 para transformadores monofásicos e 2,65 para transformadores trifásicos.
36

Com o RM em mãos, basta compará-lo com o valor corrigido obtido nos ensaios
descritos anteriormente (R 75 ºC). Para valores normais de funcionamento R 75 ºC deve ser maior
do que RM.

Outra forma comumente utilizada é o critério do isolamento mínimo de acordo com


James Biddle - Seção 4.3. A medição desse ensaio é feita após 1 minuto, com tensão de 500
V a 20 ºC, conforme a Equação 4.7.

𝐶×𝑉
𝑅𝑚 = 𝑀Ω (4.7)
√𝑘𝑉𝐴

Onde:
 Rm - Resistência mínima de isolação de 1 minuto, 500 VDC, em MΩ, do
enrolamento para a terra, com os outros enrolamentos guardados, ou de
enrolamento para enrolamento com o núcleo guardado, a 20 ºC.
 C - Constante para medidas a 20 ºC.
 V - Tensão nominal do enrolamento em ensaio, em Volts.
 kVA - Capacidade nominal do enrolamento em ensaio.

Os valores da constante C para a Equação 4.7, para um tanque cheio de óleo é de


1,5.

Para ensaios de enrolamento para a terra com os outros enrolamentos aterrados, os


valores serão muitos menores que os indicados pela Equação 4.7. A tensão nominal do
enrolamento sob ensaio, nesta fórmula, é baseada em óleo seco - desumidificado, e livre de
ácido e borra, buchas e terminais em boas condições.

O ensaio é indicado para transformadores monofásicos. Se o transformador for


trifásico, os três enrolamentos individuais deverão ser ensaiados como se fosse apenas um.

Para referir a medição para 20 ºC, deve-se utilizar a Tabela 4.5 que apresenta os
fatores de correção para esta temperatura de referência.
37

Tabela 4.5 - Fatores de Correção de Temperatura de Transformadores para 20ºC


Temperatura Fator de Temperatura Fator de Temperatura Fator de
(ºC) Correção (ºC) Correção (ºC) Correção
0 0,250 27 1,61 54 10,90

1 0,268 28 1,73 55 11,20

2 0,287 29 1,85 56 12,0

3 0,306 30 1,98 57 12,87

4 0,331 31 2,12 58 13,79

5 0,354 32 2,27 59 14,78

6 0,380 33 2,43 60 15,85

7 0,407 34 2,61 61 16,98

8 0,436 35 2,80 62 18,10

9 0,460 36 3,0 63 19,50

10 0,50 37 3,21 64 20,90

11 0,54 38 3,44 65 22,40

12 0,57 39 3,69 66 24,0

13 0,82 40 3,95 67 25,75

14 0,66 41 4,23 68 27,61

15 0,71 42 4,54 69 29,61

16 0,76 43 4,87 70 31,75

17 0,81 44 5,22 71 34,35

18 0,87 45 5,60 72 36,85

19 0,93 46 5,99 73 39,40

20 1,0 47 6,41 74 42,28

21 1,07 48 6,86 75 44,70

22 1,14 49 7,34 76 48,73

23 1,23 50 7,85 77 58,20

24 1,31 51 8,65 78 56,0

25 1,40 52 9,34 79 59,60

26 1,51 53 10,10 80 63,75


Fonte: JAMES BIDDLE, apud NEMÉSIO SOUSA [10].
38

Outros indicadores importantes que podem ser retirados a partir do ensaio de


isolamento DC são os Índices de Absorção Dielétrica e de Polarização, que indicam o grau
de degradação da isolação por umidade ou contaminação absorvida pela isolação. O primeiro
índice (Absorção) pode ser calculado através da Equação 4.8.

𝑅 𝑖𝑠𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑎 1 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜
𝐼𝑎𝑑 = (4.8)
𝑅𝑖𝑠𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑎 30 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠

De modo geral, se Iad for menor do que 1,1 indica que a isolação se encontra fraca.
Todavia, se esse valor for superior a 1,6, pode indicar que a isolação se encontra em bom
estado.

Já o segundo índice (Polarização) pode ser calculado pela Equação 4.9.

𝑅𝑖𝑠𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑎 10 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
𝐼𝑝 = (4.9)
𝑅𝑖𝑠𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑎 1 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜

Quanto maior o valor do Ip, melhor é o estado da isolação. Um valor do índice de


polarização menor que 1 é perigoso. Para considerar que a isolação esteja em bom estado,
geralmente Ip deve ser superior a 2.

4.4 ENSAIO DE RESISTÊNCIA ÔHMICA DOS ENROLAMENTOS

Este ensaio tem como objetivo se obter o valor da resistência ôhmica dos
enrolamentos do transformador, podendo detectar curto-circuito nas espiras e envelhecimento
das bobinas. O ensaio consiste em medir com auxílio de um microhmímetro25 ou uma ponte
Kelvin26, as resistências ôhmicas dos enrolamentos primários e secundário do transformador,
verificando-se também a sua continuidade.

A resistência ôhmica dos enrolamentos do transformador é medida colocando o


comutador27 na posição da maior derivação. Segue a descrição do processo utilizando a Ponte
de Kelvin Digital [5].

25Microhmímetro é um instrumento controlado por um microprocessador que tem como função medir
com alta precisão resistências ôhmicas muito baixas, ou de contato de disjuntores e chaves, barras
condutoras e bobinas de transformadores e motores.
26 Ponte Kelvin é um instrumento de medição usado para determinar resistências elétricas muito

reduzidas, abaixo de 1 ohm.


27 Comutador de derivações é um dispositivo para mudança das ligações de derivações de um

enrolamento de um transformador. Pode ser do tipo de derivações em carga, que opera energizado,
em vazio ou em carga; ou comutador de derivações sem tensão, que opera desenergizado.
39

● Conecte firmemente as pontas (clamps) de corrente (C1 e C2) e de potencial (P1 e


P2) antes de ligar o instrumento, conforme a Figura 4.8.

H2

H1 C2
C1 P1 P2

Figura 4.8 – Esquema de ligações da Ponte de Kelvin Digital em um transformador


Fonte: adaptado de ITAIPU TRANSFORMADORES [15]

● Os ensaios deverão começar pela maior escala do instrumento.


● Quando o instrumento é ligado à resistência da bobina do transformador, a leitura se
apresentará inicialmente alta, gradualmente decresce até o valor correto, sinalizando
uma leitura estável. Geralmente grandes transformadores precisam de muito tempo
para a estabilização de leitura, podendo, por exemplo, para transformadores de média
tensão, chegar a 15 minutos ou mais. Devido a este fato, é comum se calibrar o
instrumento, antes do início do ensaio, para um valor próximo do teórico da resistência
ôhmica do enrolamento sob ensaio, de acordo com as informações do catálogo do
equipamento.
● Após a energização e estabilização, devem-se realizar as medições entre
enrolamentos primários das bobinas H1 e H2, H2 e H3 e H1 e H3 do transformador, de
acordo com a Figura 4.9, para uma ligação dos enrolamentos em Delta.
40

Figura 4.9 – Esquema de medições nos enrolamentos em delta


Fonte: acervo do autor

● A resistência ôhmica de cada bobina R 1, R2 e R3 serão determinadas pelas Equações


4.10, 4.11 e 4.12, onde R12, R23 e R13 são as resistências medidas nos terminais 1-2,
2-3 e 3-1, respectivamente.

2 ∗ 𝑅12 ∗ 𝑅13 𝑅12 + 𝑅13 − 𝑅23


𝑅1 = − (4.10)
𝑅12 + 𝑅13 − 𝑅 23 2
2 ∗ 𝑅12 ∗ 𝑅23 𝑅12 + 𝑅 23 − 𝑅13
𝑅2 = − (4.11)
𝑅12 + 𝑅23 − 𝑅13 2
2 ∗ 𝑅 23 ∗ 𝑅13 𝑅23 + 𝑅13 − 𝑅12
𝑅3 = − (4.12)
𝑅 23 + 𝑅13 − 𝑅12 2

● Para uma ligação em Estrela, após a energização e estabilização devem-se realizar


as medições entre enrolamentos secundários das bobinas X1 e X2, X1 e X3 e X2 e X3
do transformador, de acordo com a Figura 4.10.

Figura 4.10 – Esquema de medições nos enrolamentos em estrela


Fonte: acervo do autor
41

● A resistência ôhmica de cada bobina R 1, R2 e R3 serão dadas pelas Equações 4.13,


4.14 e 4.15, onde R12, R23 e R13, são as resistências ôhmicas medidas nos terminais
1-2, 2-3 e 3-1, respectivamente.

𝑅12 + 𝑅13 − 𝑅 23
𝑅1 = (4.13)
2
𝑅 23 + 𝑅12 − 𝑅31
𝑅2 = (4.14)
2
𝑅 31 + 𝑅23 − 𝑅21
𝑅3 = (4.15)
2

4.4.1 Análise dos resultados

Para esse tipo de ensaio deve-se comparar os valores medidos com os especificados
no catálogo do fabricante. Para qualquer diferença acima de 2% do valor médio deve ser
pesquisada a existência de anormalidades tais como: espiras em curto, número incorreto de
espiras, dimensões incorretas do condutor e outros. Também é importante que seja analisado
o histórico do equipamento, para se verificar se já houve reparos nos terminais dos
enrolamentos ou em chaves comutadoras.

4.5 ENSAIO DE ISOLAÇÃO AC

Este ensaio tem como objetivo determinar as condições de isolação do equipamento


através da verificação da variação das características do material isolante, com aplicação de
tensão AC. Esta variação está relacionada com o efeito dos agentes agressivos do meio
isolante, principalmente, água (umidade), calor, ionização (corona), impurezas etc., que reduz
a sua rigidez dielétrica28 e aumenta suas perdas dielétricas. O procedimento consiste em se
aplicar uma tensão em corrente alternada, entre 2 e 12 kV, ao isolamento e efetuar medidas
da corrente de carga e das perdas dielétricas.

28 Rigidez dielétrica é o limite superior da intensidade de campo elétrico que determinado isolante
elétrico é capaz de suportar sem tornar-se condutor.
42

Segue o passo a passo do procedimento realizado em um transformador de três


enrolamentos (Alta, Baixa e Terciário) utilizando um medidor de perdas dielétricas 29. A Figura
4.11 mostra, esquematicamente, as isolações AC nesse transformador e a Tabela 4.6, um
resumo dos ensaios.

Tabela 4.6 – Ensaios de perdas dielétricas em um transformador de três enrolamentos


Enrolamento Enrolamento Enrolamento Enrolamento
Leitura
Energizado Aterrado Guardado em UST
Alta Baixa - Terciário CHT

Alta Baixa Terciário - CH + CHL


Baixa e
Alta - - CH
Terciário
Alta Terciário - Baixa CHL

Baixa Terciário Alta - CL + CLT

Baixa - Alta e Terciário - CL

Baixa Alta - Terciário CLT

Terciário Alta Baixa - CT + CHT

Terciário - Baixa e Alta - CT


Fonte: catálogo da Ponte Doble apud NEMÉSIO SOUSA [10].

Figura 4.11 - Esquemático das isolações AC em um transformador de três enrolamentos [10]

29O instrumento destinado à medição de grandezas de isolantes elétricos mais conhecido é a Ponte
Doble, utilizada para encontrar as perdas dielétricas em Watts, perdas dielétricas em Volt -Ampéres,
capacitância, fator de potência ou fator de perdas, resistência em CA e corrente total em mA.
43

Onde, conforme a Figura 4.11.


 CH – Isolação entre o enrolamento de Alta tensão e a Terra.
 CL – Isolação entre os enrolamentos de Baixa tensão e a Terra.
 CT – Isolação entre o enrolamento Terciário e a Terra.
 CHL – Isolação entre os enrolamentos de Alta e Baixa tensão.
 CHT – Isolação entre os enrolamentos de Alta tensão e o Terciário.
 CLT – Isolação entre os enrolamentos de Baixa tensão e o Terciário.

4.5.1 Descrição dos ensaios

 Alta energizada, Baixa aterrada e Terciário em UST.


 Desconectar todos os terminais do transformador.
 Curto-circuitar individualmente cada um dos enrolamentos.
 Conectar o cabo HV do instrumento ao enrolamento de Alta.
 Conectar o cabo LV do instrumento ao enrolamento Terciário.
 Aterrar o enrolamento de Baixa.
 Executar o ensaio com chave do instrumento na posição UST30.

Este ensaio (Figura 4.12) fornece a isolação entre os enrolamentos de Alta e o


Terciário (CHT).

Figura 4.12 – Conexão para medição de CHT [10]

30
Esta posição UST (Ungrounded Specimem Test) de ensaio, elimina do circuito de terra o enrolament o
que está sendo medido. É aplicado na medição da isolação entre dois eletrodos desaterrados, isto é, é
usada quando deseja-se obter a leitura direta da isolação entre dois enrolamentos. Para se efetuar esta
medição conecta-se o terminal UST do instrumento ao enrolamento de alta tensão e mede-se a isolação
entre os enrolamentos.
44

 Alta energizada, Baixa aterrada e Terciário guardado.


 Conservar as conexões do ensaio anterior.
 Executar o ensaio na posição GUARD.

Este ensaio (Figura 4.13) fornece as isolações entre o enrolamento de Alta e a Terra
(CH ) e, em paralelo, as isolações entre os enrolamentos de Alta e Baixa (C HL).

Figura 4.13 – Conexão para medição de C H e CHL em paralelo [10]

 Alta energizada com Baixa e Terciário guardados.


 Desconectar todos os terminais do transformador.
 Curto-circuitar individualmente cada um dos enrolamentos.
 Conectar o cabo HV ao enrolamento de Alta.
 Conectar o cabo LV aos enrolamentos de Baixa e Terciário curto-circuitados.
 Executar o ensaio com chave seletora do instrumento na posição GUARD.

Este ensaio (Figura 4.14) fornece a isolação entre o enrolamento de Alta e a Terra
(CH ).
45

Figura 4.14 – Conexão para medição de C H [10]

 Alta energizada, o Terciário aterrado e a Baixa em UST.


 Desconectar todos os terminais do transformador.
 Curto-circuitar individualmente cada um dos enrolamentos.
 Conectar o cabo HV ao enrolamento de Alta.
 Conectar o cabo LV ao enrolamento de Baixa.
 Aterrar o enrolamento Terciário.
 Executar o ensaio com chave do instrumento na posição UST.

Este ensaio (Figura 4.15) fornece a isolação entre os enrolamentos de Alta e Baixa
(CHL) [10].

Figura 4.15 – Conexão para medição de C HL [10]


46

 Baixa energizada, o Terciário aterrado e a Alta guardada.


 Desconectar todos os terminais do transformador.
 Curto-circuitar individualmente cada um dos enrolamentos.
 Conectar o cabo HV ao enrolamento de Baixa.
 Conectar o cabo LV ao enrolamento de Alta.
 Aterrar o enrolamento Terciário.
 Executar o ensaio com chave seletora do instrumento na posição GUARD.

Este ensaio (Figura 4.16) fornece as isolações entre o enrolamento de Baixa e a Terra
(CL) e entre os enrolamentos de Baixa e Terciário (C LT).

Figura 4.16 – Conexão para medição de C L e CLT em paralelo [10]

 Baixa energizada com Alta e Terciário guardados.


 Desconectar todos os terminais do transformador.
 Curto-circuitar individualmente cada um dos enrolamentos.
 Conectar o cabo HV ao enrolamento de Baixa.
 Conectar o cabo LV aos enrolamentos de Alta e Terciário.
 Executar o ensaio com chave seletora do instrumento na posição GUARD.

Este ensaio (Figura 4.17) fornece a isolação entre o enrolamento de Baixa e a Terra
(CL).
47

Figura 4.17 – Conexão para medição de CL [10]

 Baixa energizada, Alta aterrada e Terciário em UST.


 Desconectar todos os terminais do transformador.
 Curto-circuitar individualmente cada um dos enrolamentos.
 Conectar o cabo HV do instrumento ao enrolamento de Baixa.
 Conectar o cabo LV do instrumento ao enrolamento Terciário.
 Aterrar o enrolamento de Alta.
 Executar o ensaio na posição UST.

Este ensaio (Figura 4.18) fornece a isolação entre os enrolamentos de Baixa e


Terciário (CLT).

Figura 4.18 – Conexão para medição de C LT [10]


48

 Terciário energizado, Alta aterrada e Baixa guardada.


 Desconectar todos os terminais do transformador.
 Curto-circuitar individualmente cada um dos enrolamentos.
 Conectar o cabo HV ao enrolamento Terciário.
 Conectar o cabo LV ao enrolamento de Baixa.
 Aterrar o enrolamento de Alta.
 Executar o ensaio com chave seletora do instrumento na posição GUARD.

Este ensaio (Figura 4.19) fornece as isolações entre o enrolamento Terciário e a Terra
(CT) e entre os enrolamentos Alta e Terciário (C HT).

Figura 4.19 – Conexão para medição de C T e CHT em paralelo [10]

 Terciário energizado com Alta e Baixa guardadas.


 Desconectar todos os terminais do transformador.

 Curto-circuitar individualmente cada um dos enrolamentos.

 Conectar o cabo HV ao enrolamento Terciário.

 Conectar o cabo LV aos enrolamentos de Alta e Baixa curto-circuitados.

 Executar o ensaio com chave seletora do instrumento na posição GUARD.

Este ensaio (Figura 4.20) fornece a isolação entre o enrolamento Terciário e a Terra -
CT.
49

Figura 4.20 – Conexão para medição de C T [10]

A Tabela 4.7 mostra os detalhes das ligações dos ensaios para o caso de um
transformador de 2 enrolamentos.

Tabela 4.7 – Ensaios de perdas dielétricas em um transformador de dois enrolamentos


Enrolamento Enrolamento Enrolamento Enrolamento
Leitura
Energizado Aterrado Guardado em UST
Alta Baixa - - CH + CHL

Alta - Baixa - CH

Baixa Alta - - CH + CL

Baixa - Alta - CL

Baixa Baixa - Alta CHL


Fonte: catálogo da Ponte Doble apud NEMÉSIO SOUSA [10].

Onde:
● CH – Isolação entre o enrolamento de Alta tensão e Terra.
● CL – Isolação entre o enrolamento de Baixa tensão e Terra.
● CHL – Isolação entre os enrolamentos de Alta e Baixa tensão.

4.5.2 Análise dos resultados

Sabe-se, pela bibliografia pertinente, que a interpretação dos resultados do ensaio de


perdas dielétricas leva em consideração as características da isolação observando os valores:
do fator de perdas ou de dissipação - tg δ; do fator de potência - cos φ; das perdas de potência
50

ativa em forma de aquecimento por efeito Joule; e do valor da capacitância do isolamento [10]
- ver a Seção 4.5.2 e a Figura 4.14.

Algumas destas grandezas variam com a temperatura e os valores de referência de


algumas normas são relacionados a determinadas temperaturas padrão. Portanto, devemos
converter os resultados dos ensaios a uma mesma temperatura de referência. Desta forma
eliminamos esta influência e podemos comparar, para efeito de diagnóstico, os resultados de
ensaios realizados em temperaturas diferentes.

A temperatura recomendada pela bibliografia, normas e pelos fabricantes de


medidores de perdas dielétricas, como padrão de referência dos ensaios, é 20 ºC. Todavia,
muitas vezes não será possível realizar o ensaio a essa exata temperatura.

Em face da dificuldade de se determinar o exato valor da temperatura do isolamento


sob ensaio, a temperatura de referência que pode ser adotada, para os transformadores, é o
valor da temperatura do óleo isolante no topo do equipamento, obtida ou pela leitura do
termômetro de temperatura do líquido isolante ou por algum outro meio adequado.

Quando não se consegue a temperatura através do indicador de óleo, uma maneira


prática de se avaliar seu valor é medir a temperatura ambiente (Ta) e a temperatura da parede
externa do tanque na altura do nível do líquido ou no ponto mais alto possível (T t), obtida com
o auxílio de um pirômetro de superfície. Então, a temperatura do óleo (To) pode ser estimada,
como mostra a Equação 4.16 e assumida como a temperatura da isolação.

2
𝑇𝑜 = 𝑇𝑡 + × (𝑇𝑡 − 𝑇𝑎 ) (4.16)
3

A correção do fator de potência pela temperatura da isolação pode ser feita com o
auxílio da Tabela 4.8, que mostra os fatores de conversão de uma determinada temperatura
de ensaio, para 20 ºC.
51

Tabela 4.8 – Fatores de Correção para 20 ºC do Fator de Potência da Isolação de


Transformadores

Transformadores a óleo, reatores em derivação e reguladores de tensão


Transformadores de Potência ( a 500 kVA) e de Distribuição ( a 500 kVA)
Transformadores com Temperaturas de Temperaturas de
conservadores e respiração livre 31 ensaio em ºC ensaio em ºF
1,56 0 32,0
1,52 2 35,6
1,48 4 39,2
1,45 6 42,8
1,43 8 46,4
1,38 10 50,0
1,31 12 53,6
1,24 14 57,2
1,16 16 60,8
1,08 18 64,4
1,00 20 68,0
0,91 22 71,6
0,83 24 75,2
0,76 26 78,8
0,70 28 82,4
0,63 30 86,0
0,58 32 89,6
0,53 34 93,2
0,49 36 96,8
0,45 38 100,4
0,42 40 104,0
0,38 42 107,6
0,36 44 111,2
0,33 46 114,8
0,30 48 118,4
0,28 50 122,0
0,26 52 125,6
0,23 54 129,2
0,21 56 132,8
0,19 58 136,4
0,17 60 140,0
Fonte: catálogo da Ponte Doble apud NEMÉSIO SOUSA adaptada pelo autor [10].

31
Os transformadores de respiração livre são tanto os selados quanto os com conservador - ver Seção
2.4.3 e notas de rodapé 13 e 14. São equipados com um colchão de ar ou de N 2 sob a tampa ou com
um conservador, para permitir que o óleo se expanda, nas variações de temperatura. Para
determinadas potências, com a intenção de evitar contato entre o óleo e o ar no c onservador, é utilizado
um separador de borracha entre o óleo e o ar ambiente.
52

Esta Tabela 4.8 deve ser utilizada para a maioria dos transformadores de potência que
possuem tanque conservador, de instalações de transmissão e de distribuição, e em
subestações de parques industriais. Para valores de temperaturas não encontrados na
Tabela, a recomendação é que os valores sejam obtidos por interpolações.

O fator de potência do isolamento de um transformador sob ensaio, é igual à razão


entre as perdas ativas, em Watts e o produto da tensão de ensaio pela corrente do espécime,
isto é, a potência total aplicada à isolação. A Equação 4.17 indica como calcular o fator de
potência para uma tensão de ensaio de 10 kV e correntes expressas em miliamperes.

𝑊 × 10
𝑓. 𝑝 (%) = (4.17)
𝐼

Onde:
 W – Perdas ativas na isolação.
 I – Corrente da isolação sob ensaio.

Os transformadores de potência devem possuir um baixo fator de potência. Dessa


forma, quanto maior for este valor, maior será o indício da deterioração da isolação.

De modo geral, nos transformadores novos, não energizados, em aceitação, cheios


com óleo novo e tratado, o valor do fator de potência fica em torno de 0,5%, referidos a 20ºC.

Para transformadores em serviço, aceitam-se como valores normais àqueles em torno


de 1%, também a 20ºC. Se houver um aumento superior a 25% em relação a medidas
anteriores as causas devem ser investigadas.

Se não existirem registros de ensaios anteriores e dados históricos, devemos


considerar que os valores do fator de potência entre 1,5% e 2%, embora estejam
aparentemente elevados, podem indicar que o transformador ainda está em condições
aceitáveis.

Com o fator de potência entre 3% e 4% devemos analisar o óleo isolante. Caso o óleo
esteja em boas condições, deve haver indícios de contaminação dos isolamentos sólidos. Se
os ensaios do óleo indicarem deterioração e/ou contaminação, devemos proceder a uma
manutenção corretiva neste óleo - recondicionamento ou regeneração.
53

No caso de o fator de potência indicar valores acima de 4% deve-se proceder a uma


investigação com urgência, testando todos os componentes envolvidos na medição, tais como
óleo isolante, buchas, derivações e a isolação sólida estrutural do transformador.

Para transformadores com fator de potência inferior a 15%, a capacitância da isolação


do equipamento poderá ser calculada, em Farad (F), utilizando as Equações 4.18 e 4.19.

𝐼𝑐
𝑉 = 𝑋𝑐 × 𝐼𝑐 = (4.18)
𝜔×𝐶

Logo,

𝐼𝑐 𝐼𝑐
𝐶= = 𝐹 (4.19)
𝜔×𝑉 2× 𝜋 × 𝑓 ×𝑉

Para uma tensão de ensaio de 10 kV e leituras de corrente da ordem de miliamperes,


a capacitância pode ser encontrada, em microfarad (µF) ou picofarads (pF) com o auxílio das
Equações 4.21 e 4.22.

C  0,000265  Ic (F ) => C  265  10 6  I c ( F ) => C  265  mA ( F )

𝐶 = 265 × 10−6 × 𝐼𝐶 (4.21)


Sendo:

𝐼𝑐 = 𝐼𝑡 × 𝑠𝑒𝑛𝜑 (4.22)
Onde:
 Ic – Componente em quadratura da corrente da isolação.

Um aumento no valor da capacitância deverá estar, provavelmente, associado a um


curto-circuito entre seções capacitivas da isolação. Quedas no valor da capacitância
corresponderão a circuitos abertos. É importante ressaltar que o erro da leitura é da ordem de
1% a 5% do valor mostrado no instrumento.
54

4.6 ENSAIO DO INDICADOR DE NÍVEL DE ÓLEO

Este procedimento descreve o método para ensaio de indicador magnético de nível de


óleo (Figura 4.21) utilizado como dispositivo de proteção em transformadores. O indicador de
nível possui contatos abertos ajustados para fechamento quando a boia atingir máximo ou
mínimo e, se solicitado, o contato pode ser normalmente fechado. De acordo com WEG [5], o
procedimento de ensaio é descrito na Seção 4.6.1. Para a realização deste procedimento
deve-se utilizar um multímetro32.

Figura 4.21 – Indicador de nível de óleo


Fonte: INDUBRÁS [11]

32Multímetro é um instrumento que tem como função medir e avaliar as grandezas elétricas tensão,
corrente e resistência.
55

4.6.1 Procedimento de ensaio

Os ensaios recomendados nesse acessório são os descritos.

 Ensaio de funcionalidade
 Verificação da operação dos contatos
 Verificação do circuito elétrico

O ensaio de funcionalidade consiste em acionar o indicador magnético de nível de


óleo, através do vidro, com o auxílio de um ímã. Para verificar a operação dos contatos, deve-
se ligar um ohmímetro aos seus terminais, observando, na escala do mostrador, a posição na
qual eles se fecham.

Já a verificação do circuito elétrico consiste na constatação da operação dos contatos,


que é feita através da atuação dos alarmes na sala de controle ou por um ohmímetro ligado
aos terminais externos da fiação de controle e isto, por si só, já é uma forma de verificação do
estado (continuidade) do circuito elétrico. Pode-se, também, efetuar a medição da resistência
de contato do indicador, com o auxílio de um ohmímetro, além da medição da resistência de
isolamento DC da fiação interna, que é feita com o Megger® (Seção 4.3) de 500 VDC ligado
entre os terminais e a terra. O ensaio deve ser executado com a fiação externa desconectada,
e os resultados não devem ser inferiores a 1 MΩ.

● Retirar os parafusos de fixação do visor, em caso de o instrumento não possuir


simulador externo.
● Retirar o vidro.
● Colocar a ponteira do multímetro nos bornes de ligação correspondentes ao contato
de alarme (normalmente aberto), baseando-se no indicado no diagrama de fiação.
● Movimentar manualmente o ponteiro do indicador até a marcação de máximo.
● Observar a atuação do contato de alarme, devendo indicar circuito fechado.
● Retornar o ponteiro do indicador para posição normal.
● Colocar a ponteira do ohmímetro nos bornes de indicação correspondente ao
contato de desligamento (normalmente aberto), baseando-se no diagrama de
ligação.
● Movimentar o ponteiro da posição normal para a posição mínima.
● Observar a atuação do contato de desligamento com o ohmímetro devendo indicar
circuito fechado.
● Retornar manualmente o ponteiro indicador para a posição normal.
● Recolocar o vidro e os parafusos de fixação.
56

4.6.2 Análise dos resultados

Deve-se considerar o acessório aprovado se o funcionamento do indicador magnético


coincidir com o indicado no diagrama de fiação do catálogo do equipamento.

4.7 ENSAIO DO RELÉ DE GÁS (BUCHHOLZ)

Os relés de gás Buchholz (Figura 4.22) são instrumentos instalados em transformador


a óleo com conservador (Seção 2.4.3), para assinalar defeitos que gerem gases e, deste
modo, evitar maiores danos ao equipamento.

Perdas de óleo, descargas internas, isolação defeituosa do enrolamento e do núcleo


ou falhas contra terra são exemplos de falhas que poderão acionar o relé Buchholz. Este
instrumento deve ser instalado na tubulação entre o tanque principal e o de expansão, com
uma inclinação em direção ascendente em relação ao conservador de óleo, de forma a
garantir, por essa posição, que o fluxo de gás proveniente de uma falha passe pelo relé e
permita sua atuação.

Este procedimento descreve as operações a serem seguidas no ensaio de relés de


gás utilizados como dispositivos de proteção em transformadores com conservador de óleo.

Figura 4.22 - Relé de gás Buchholz


Fonte: acervo do autor
57

4.7.1 Procedimento de ensaio

Existem dois tipos de ensaios de manutenção para esse dispositivo: o ensaio de


funcionalidade, e a verificação do circuito elétrico [10].

O ensaio de funcionalidade consiste na simulação da situação do relé com gás em seu


interior e na observação da sua conduta. Para isto, utiliza-se uma fonte de ar comprimido,
nitrogênio sob pressão ou uma bomba de ar, conforme a Figura 4.23, que mostra o conjunto
que pode ser utilizado para o ensaio de funcionalidade do relé Buchholz.

Figura 4.23 – Conjunto usado no ensaio de funcionalidade do relé Buchholz [10]

Para verificar a operação dos contatos de alarme, isto é, dos contatos da boia superior,
injeta-se ar na mangueira, e pelo registro 'a' admite-se ar lentamente na válvula de ensaio do
relé até que ocorra o fechamento do contato de alarme. Por outro lado, para constatar a
operação do contato da boia inferior, injeta-se ar comprimido na mangueira até uma pressão
de aproximadamente 2 kg/cm² e abre-se bruscamente o registro 'a' para permitir uma
liberação rápida do ar represado e provocar a atuação da haste do contato de desligamento
da boia inferior.

Já a verificação do circuito elétrico (verificação da continuidade do circuito, medição


da resistência de contato e da resistência de isolamento DC da fiação interna) deve ser
efetuada conforme descrito para o indicador de nível de óleo - Seção 4.6.
58

4.8 ENSAIO DE ESTANQUEIDADE

Este procedimento descreve a sequência de operações a serem obedecidas no ensaio


de estanqueidade e resistência à pressão a frio. Aplica-se aos ensaios de rotina e tipo33 de
transformadores imersos em líquido isolante. O equipamento a ser ensaiado deve estar
completamente montado, com todos os acessórios necessários ao seu funcionamento normal
instalados, e cheio com o líquido isolante até o nível recomendado pelo manual. Os valores
de pressão manométrica34 e tempo de aplicação devem ser conforme a Tabela 4.9.

Tabela 4.9 – Tempo de aplicação


Pressão
Tempo de Aplicação
Tipo de Transformador Manométrica
Mpa Kgf/cm² Horas

Tensão máxima do equipamento superior


72,5 kV ou potência nominal superior a 10 0,05 0,5 24
MVA
Fonte: WEG [5].

O tempo de aplicação da pressão manométrica poderá ser alterado conforme


execução do serviço pelo fornecedor do transformador. Para o ensaio deve-se utilizar a
seguinte aparelhagem:
● Dispositivo com manômetro.
● Cilindro com ar sintético.

4.8.1 Procedimento de ensaio

 O dispositivo de estanqueidade35 deve ser instalado na parte superior do


conservador de óleo, na tubulação do secador de ar36.

33 Os ensaios realizados em fábrica são chamados de ensaios de rotina ou de tipo. De uma forma geral,
entende-se que ensaios de rotina são aqueles que devem ser realizados em todos os equipament os
comprados, ou em determinada amostragem da quantidade total, a fim de se verificar a qualidade e a
uniformidade mão de obra e dos materiais utilizados na fabricação dos equipamentos. Com relação
aos ensaios de tipo, entende-se que não há necessidade de ser realizado em todos os lotes de
fornecimento e são ensaios realizados apenas em um dos equipamentos comprados, ou d e tipo
semelhante ao comprado, a fim de se comprovar que o projeto do fabricante atende aos requisitos
normalizados ou verificar uma determinada característica deste equipamento.
34 Pressão manométrica é definida como a diferença entre a pressão absoluta e a pressão atmosféric a

do local.
35 O dispositivo de estanqueidade é um certo tipo de ‘instrumento’ capaz de detectar vazament os

indesejados durante o ensaio, equipado com válvulas e registradores que fazem a medição do grau de
estanqueidade no equipamento por meio da análise da queda de pressão.
59

 Aplica-se a pressão definida.


 Faz-se a inspeção verificando os pontos de solda, conexões roscadas, gaxetas
etc., observando se ocorreu vazamento do líquido isolante.
 Caso ocorra vazamento deve-se reparar e repetir o ensaio.

4.9 A TERMOGRAFIA E SUAS ANÁLISES

De acordo com ABREU et al. [18], trata-se de uma técnica de inspeção não invasiva e
não destrutiva de sensoriamento, que deve ocorrer com o equipamento ligado, e permite a
medição de temperatura e a aquisição de imagens térmicas (Figura 4.24) de um determinado
equipamento ou seu componente. Tal tipo de técnica é capaz de fornecer uma quantidade
suficiente de dados para realizar uma análise de tendências.

Esse artifício tem como característica uma fácil visualização da condição do


componente e rapidez na realização da atividade, dessa forma permitindo que em um curto
período de tempo seja feita a inspeção em uma gama de equipamentos.

Utilizando-se a termografia de maneira correta é possível detectar em estágio inicial


diversos tipos de falhas incipientes geradas por anomalias térmicas em um determinado ponto
do equipamento, sem a necessidade de desligá-lo.

Em instalações elétricas, a termografia pode ser usada em:

● Painéis e cubículos.
● Cabos e conexões.
● Barramentos.
● Subestações.
● Máquinas elétricas.
● Transformadores.

36Como o líquido isolante no transformador sofre grande variação de volume em função da temperatura
ambiente e da carga, a sobrepressão interna poderia danificar as bobinas, gaxetas, flanges etc. Por
isso é instalado um reservatório cilíndrico, cheio de sílica gel, com a finalidade de retirar parte da
umidade e partículas sólidas durante a ‘respiração’ do óleo e a expansão do seu volume, permitindo o
sair e entrar pelo reservatório passando por um dessecante químic o, a sílica gel. Esta retém a umidade
do ar aspirado pelo transformador, dificultando que ela entre em contato com o óleo.
60

Figura 4.24 – Imagem Termográfica


Fonte: GOMES [19]

4.9.1 Instrumentos utilizados

4.9.1.1 Radiômetro

A técnica por trás deste instrumento chama-se radiometria, ela consiste em projetar
um laser sobre uma determinada superfície e o instrumento irá mensurar a temperatura
através da medição de diversos pontos da superfície e, após realizar a média entre eles,
revela o valor absoluto da sua temperatura.

O radiômetro (Figura 4.25) em si é um instrumento digital em formato de pistola de


fácil uso e entendimento. Porém deve-se ter um mínimo treinamento para seu manuseio, uma
vez que o mau uso do instrumento pode gerar conclusões erradas sobre a condição do
componente, como por exemplo a medição em uma superfície de menor área do que a área
de medição do laser.

Figura 4.25 - Radiômetro


Fonte: VERATTI [20]
61

4.9.1.2 Termovisores

São instrumentos capazes de captar a radiação infravermelha emanada por qualquer


corpo acima de zero absoluto37, e em seguida processa em uma imagem, através da
conversão da radiação em sinais eletrônicos, que é exibida na tela do próprio instrumento.

O termovisor (Figura 4.26) permite uma análise em tempo real da temperatura de cada
ponto do componente inspecionado. Essa análise consiste na detecção de pontos quentes e
frios, que podem indicar que, por exemplo, um dos contatos do contator de um circuito de
controle e comando de um determinado motor, está desgastado e por isso gerando um
desequilibro de tensão ou corrente entre as fases de um circuito elétrico equilibrado.

Figura 4.26 - Termovisor


Fonte: FLUKE [21]

4.9.2 A inspeção termográfica

A termografia é uma ferramenta usada no diagnóstico precoce de falhas em diversos


tipos de equipamentos. É uma técnica de inspeção não destrutiva e não invasiva que é
fundamentada na detecção e interpretação da radiação térmica emitida pelos equipamentos

37
Zero absoluto é o limite inferior de temperatura na natureza, que é equivalente a -273,15 °C ou 0 K.
62

inspecionados, permitindo assim, o exame e a avaliação dos seus componentes sem a


necessidade de qualquer contato físico com eles. Segundo NEMÉSIO SOUSA [10], essa
técnica pode ser utilizada para o monitoramento de:

● Conexões, conectores, painéis e equipamentos elétricos em geral.


● Refratários de fornos, estufas, reatores, chaminés.
● Verificação de purgadores de vapor.
● Determinação de nível de tanques de armazenamento.
● Detecção de entradas de ar em condensadores.
● Vazamentos em válvulas.

Ela tem como vantagens a não necessidade de contato direto com o objeto em análise,
e de ser uma inspeção realizada com o equipamento em operação, não gerando assim perdas
por conta do desligamento da máquina inspecionada.

Como desvantagens devem-se citar a necessidade da visualização direta dos


componentes a serem inspecionados, bem como das condições ambientais adequadas, do
conhecimento da corrente de operação no momento da inspeção e da emissividade da
superfície analisada.

4.9.3 Fatores que afetam as leituras

A inspeção termográfica visa a identificação e avaliação de componentes que estão


operando com temperaturas significativamente superiores às temperaturas especificadas no
manual do fabricante. É de grande importância que os instrumentos utilizados estejam
devidamente aferidos, calibrados, parametrizados e configurados, para que as medições
estejam corretas. Além do aspecto ligado ao funcionamento do instrumento, deve-se estar
atento aos fatores externos que influenciam as leituras termográficas.

● Emissividade da superfície do material sob inspeção: varia de acordo com a


cor, acabamento, tipo e polimento.
● Velocidade do vento: o vento incidente sobre o equipamento inspecionado pode
gerar variações na imagem obtida.
● Distância do instrumento para a superfície até a superfície sob medição: uma
medição muito distante pode entregar imagens de números discrepantes da
realidade do equipamento.

Para cada um desses fatores existe uma técnica para correção da medida.
63

4.9.3.1 Emissividade e suas influências

É baseada na relação entre a energia irradiada por um corpo real e a energia que seria
irradiada por um corpo negro, ideal, com máxima capacidade de emissão. Pode-se dizer que
a emissividade determina a maior ou menor quantidade de energia que um determinado corpo
emite, em um dado comprimento de onda.

A emissividade está diretamente relacionada com as características da superfície do


componente, tais como: composição, textura, ocorrência de óxidos etc. Para exemplificar a
emissividade pode ser 0 quando é refletida em um espelho, e 1 quando exposta a um corpo
negro ideal38.

Classificam-se os componentes elétricos de acordo com o tipo de material c om que


são confeccionados. E a emissividade desse componente pode ser determinada através de
valores, de acordo com as Tabelas 4.10 e 4.11.

Tabela 4.10 - Emissividade de materiais não-metálicos [10]

Material Limpo Sujo - Poeira


Porcelana 0,1 – 0,2 0,8 – 0,95
Borracha 0,7 – 0,8 0,8 – 0,95

Tabela 4.11 - Emissividade de materiais metálicos [10]


Ligeiramente Severamente
Metal Polido
oxidado ou pintado oxidado
Alumínio e suas ligas 0,09 0,24 – 0,35 0,67 – 0,95

Cobre e suas ligas 0,05 0,39 – 0,50 0,78 – 0,95

Aços 0,07 0,52 – 0,60 0,82 – 0,94

4.9.3.2 Velocidade do vento

O vento pode se tornar um problema durante uma medição quando sua velocidade
atinge um valor acima da faixa considerada normal, entre 1 e 7 m/s, uma vez que ocorre o
esfriamento da superfície medida, gerando assim uma medição errada da condição do

38 Corpo negro ideal é um objeto hipotético que absorve toda a radiação eletromagnética que nele
incide: nenhuma luz o atravessa e nem é refletida.
64

equipamento. Logo deve-se fazer uma correção nessa temperatura de acordo com as
Equações 4.23 e 4.24.

𝑉1
∆𝑇2 = ∆𝑇1 ( ) 0,488 (4.23)
𝑉2

ou

∆𝑇2 = ∆𝑇1 𝐹𝐶𝑉 (4.24)

Onde:

 ΔT1 - Diferença de temperatura no momento da medição.


 ΔT2 - Diferença de temperatura corrigida para o intervalo de velocidade do vento.
 V1 - Velocidade máxima do vento no momento da leitura.
 V2 - Velocidade mínima do vento no momento da leitura.
 FCV - Fator de correção da velocidade do vento.

O fator FCV pode ser obtido através da Tabela 4.12.

Tabela 4.12 - Valores de FCV para correção da temperatura na Termografia [10]

Fator de Correção da Velocidade do Vento (FCV)


Velocidade do Vento FCV
1 m/s (3,6 km/h) 1,00
2 m/s (7,2 km/h) 1,37
3 m/s (10,8 km/h) 1,64
4 m/s (14,4 km/h) 1,86
5 m/s (18 km/h) 2,06
6 m/s (21,6 km/h) 2,23
7 m/s (25,2 km/h) 2,39

A Tabela 4.12 é muito útil se o engenheiro ou técnico possuir um anemômetro para


medir, de maneira precisa, a velocidade do vento no momento da medição. Todavia esse tipo
de procedimento não é padrão no cotidiano de uma indústria, logo a Tabela 4.13 se mostra
muito benéfica para a aquisição do índice FCV.
65

Tabela 4.13 - Descrição do efeito observável da velocidade do vento [10]

Velocidade do Vento (m/s) Descrição Efeito Observável

A fumaça do cigarro sobe


0 – 0,5 (1,8 km/h) Calmo
verticalmente

A fumaça do cigarro apenas


0,5 - 1 (3,6 km/h) Quase Calmo
indica a direção do ar
O vento é sentido no rosto.
1 - 3 (10,8 km/h) Brisa Leve Movem-se as folhas e
agitam-se as bandeiras
Folhas e ramos em
3 – 5 (18 km/h) Vento Fresco movimentos constantes.
Estendem-se às bandeiras
Arrasta a terra e ramos.
5 – 8 (21,6 km/h) Moderado
Trepidam as bandeiras
Os arbustos com folhas se
8 – 11 (25,2 km/h) Regular inclinam. As bandeiras
trepidam mais fortemente

4.9.3.3 Variação da temperatura com a corrente

A corrente de operação do circuito é um fator de grande importância quando é feito o


diagnóstico das condições durante uma termografia. Uma vez que é sabido que a potência
dissipada por um componente defeituoso cresce com o aumento da corrente que circula
através dele, e essa dissipação pode ser modelada pela seguinte equação: P = R ∗ I 2, na qual
P é a potência dissipada em Watts (W), R é a resistência do componente em Ohms (Ω), e I é
a corrente (A) passando pelo componente naquele momento.

Para ter um diagnóstico correto e preciso do estado da conexão é importante corrigir


a temperatura da relação da corrente nominal de operação do sistema utilizando as Equações
4.25 e 4.26 [10].

𝐼𝑛
∆𝑇2 = ∆𝑇1 ( ) 2 (4.25)
𝐼

Ou

∆𝑇2 = ∆𝑇1 × 𝐹𝐶𝐶 (4.26)

Onde:
66

● ΔT1 - Diferença de temperatura no momento da medição.


● ΔT2 - Diferença de temperatura corrigida para a corrente nominal.
● In - Corrente nominal dos condutores.
● I - Corrente de carga dos condutores no momento da medição.
● FCC - Fator de correção da corrente.

4.9.4 O MAA e o LMTA

Segundo VERATTI (1992) apud NEMÉSIO SOUSA [10], o Máximo Aquecimento


Admissível – MAA e o Limite Máximo de Temperatura Admissível – LMTA, são valores de
referência que servem como guia para o diagnóstico da termografia. O MAA pode ser
calculado pela Equação 4.27.

𝑀𝐴𝐴 = 𝐿𝑀𝑇𝐴 − 𝑇𝐴 (4.27)

Onde:

 LMTA - Limite Máximo de Temperatura Admissível.


 TA - Temperatura ambiente ou temperatura média local.

O LMTA pode ser descrito como um parâmetro que é intrínseco à superfície do


equipamento, e deve ser consultado no manual do fabricante. Todavia, caso o valor não seja
conhecido por conta de um uma falha da documentação, podem-se usar os seguintes valores
como referência [10].

 LMTA - 90°C para conexões e componentes metálicos.


 LMTA - 70°C para cabos isolados.

Quando um determinado componente é encontrado com uma temperatura abaixo do


limite é considerado normal. Todavia quando a temperatura está acima de outro componente
igual, ele deve ser avaliado como defeituoso, e uma intervenção deve ser executada quando
a medida corrigida está acima de 50% do MAA.

Para exemplificar o LMTA para equipamentos largamente utilizados na indústria deve-


se consultar a Tabela 4.14.
67

Tabela 4.14 - Exemplos de LMTA [10]

Descrição do Componente Temperatura (°C)

Fios e Cabos – Dependem da classe de isolação 70 a 110

Cabos isolados até 15 kV 70

Conexões e barramentos de BT 90

Conexões de Linha de Transmissão Aérea 70

Conexões recobertas de prata ou níquel 90

Conectores de AT 90

Conexões – fusíveis, disjuntores, isoladores, muflas 60

Transformadores a óleo – ponto mais quente 80

Régua de bornes 60 a 70

Fusíveis Gerais de BT – corpo 100

Banco de Capacitores 60

Secionadores 50 a 60

Conexões em geral 70 a 90

Conexões aparafusadas 90

Conexões de saída de transformadores 80

Após a realização dos cálculos para obtenção do MAA, deve-se comparar esse
parâmetro com a temperatura corrigida (∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜) e, no caso do MAA estar acima do valor
de referência, o equipamento em questão deve ser tratado como potencialmente defeituoso.
Logo, poderá ser necessário programar uma intervenção e ela deve ser imediata quando a
temperatura medida corrigida supera em 50% o MAA.

4.9.5 Diagnóstico da termografia elétrica com ∆𝑻𝒄𝒐𝒓𝒓𝒊𝒈𝒊𝒅𝒐

Após a realização da medição da temperatura e das correções apropriadas, utilizando


a técnica do LMTA, pode-se iniciar o processo para a obtenção do aquecimento corrigido
(∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜), para, em seguida, se comparar o ∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 com o MAA. De acordo com
VERATTI (1992) apud NEMÉSIO SOUSA [10], esse critério se chama Critério Flexível de
Classificação de Aquecimentos Elétricos (CFCA). Com a Tabela 4.15 é possível diagnosticar
68

o equipamento em análise utilizando-se da comparação entre o ∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 e o MAA, assim

como a ação a ser tomada na manutenção. Vale salientar que é importante realizar uma
comparação entre o ponto em análise do equipamento e pontos adjacentes.

Tabela 4.15 - CFCA - Critério Flexível de Classificação de Aquecimentos Elétricos

CFCA - Critério Flexível de Classificação de Aquecimentos Elétricos

Comparação ∆𝑻𝒄𝒐𝒓𝒓𝒊𝒈𝒊𝒅𝒐 × MAA Diagnóstico Ação

1,2MAA ≤ ∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 Falha Iminente Crítico

0,9MAA ≤ ∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 < 1,2MAA Falha Certa Intervenção Imediata

0,6MAA ≤ ∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 < 0,9MAA Falha Provável Intervenção Programada

0,3MAA ≤ ∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 < 0,6MAA Suspeito de Falha Observação

∆𝑇𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 < 0,3MAA Normal Normal


Fonte: VERATTI (1992) apud NEMÉSIO SOUSA

Uma vez que já se tem o diagnóstico da situação do equipamento, pode-se realizar as


recomendações descritas da Tabela 4.16 à Tabela 4.19. Cada uma dessas tabelas possui um
critério que já foi utilizado pelas empresas que as desenvolveram, logo elas possuem
confiabilidade.

Tabela 4.16 - Variação da temperatura e providência de manutenção

ΔT (em °C) Providências de Manutenção

De 0° a 5° Não há necessidade de manutenção


De 5° a 10° Conector suspeito, reaperto e observação
De 10° a 35° Revisão urgente, substituição
Acima de 35° Emergência, reparo ou troca imediata
Fonte: FURNAS apud NEMÉSIO SOUSA [22].

Tabela 4.17 - Variação da temperatura e providências de manutenção para conexões


aparafusadas

ΔT (°C) Providências de Manutenção


≤ 15° Manutenção programada
16° a 25° Correção no prazo máximo de quatro meses
26° a 35° Correção no prazo máximo de dois meses
36° a 50° Correção urgente no prazo máximo de uma semana
> 50° Correção urgente e imediata
Fonte: SISTEMA CATAGUAZES apud NEMÉSIO SOUSA [23].
69

Tabela 4.18 - Variação da temperatura e providência de manutenção para conexões


prensadas [23]

ΔT (°C) Providências de Manutenção

≤ 15° Manter observação


De 16° a 25° Correção no prazo máximo de quatro meses
> 25° Correção urgente e imediata

Tabela 4.19 - Programação de manutenção em função do limite de temperatura para


contatos de equipamentos

Elevação de Temperatura Providências de Manutenção

Até 5°C acima Manutenção programada


De 6°C a 20°C Correção em três meses
> 20°C acima Correção imediata
Fonte: ARCURI FILHO apud NEMÉSIO SOUSA [24].

Em seguida deve-se tomar os procedimentos recomendados (Tabela 4.20) para a


execução das atividades de manutenção dos conectores e conexões, estando sempre atento
para a diferença de temperatura entre o equipamento e objetos adjacentes.

Tabela 4.20 - Procedimentos adotados nas técnicas preditivas de manutenção [10]

ΔT (°C) Providências de Manutenção

Reapertar no torque certo. Nova leitura após 1h. Caso persista,


0 a 10
programar manutenção corretiva.
Retirar o conector, limpar as superfícies entre condutor e conector.
10 a 35
Aplicar pasta inibidora da oxidação

> 35 Retirar de operação e substituir. Analisar as causas do aquecimento.

4.9.6 Critério baseado em padrões e uma fórmula-chave

Para definir os padrões de temperatura de componentes de um determinado


equipamento deve-se testá-lo com determinados padrões predefinidos, como o equipamento
funcionando com 100% de sua carga e em certa temperatura. Entretanto é muito raro esses
equipamentos estarem operando em 100% de sua carga e, além disso, trabalham em
diferentes temperaturas ao longo do seu tempo de operação.
70

Com o objetivo de adaptar essas medições para um padrão universal, GILL [25]
desenvolveu a fórmula-chave. Ela considera tanto a variação de carga do equipamento,
quanto a variação da temperatura ambiente, com a finalidade de calcular a máxima
temperatura admissível do equipamento.

A fórmula-chave pode ser obtida pela Equação 4.28.

𝐼 𝑚
𝑇𝑡𝑐 = (𝑇𝑟𝑡 − 𝑇𝑟𝑎 )( ) + 𝑇𝑚𝑎 (4.28)
𝐼𝑁

Onde:
 Ttc - Temperatura total admissível, corrigida para medição de carga e
temperatura ambiente.
 Trt - Temperatura máxima admissível.
 Tra - Temperatura ambiente máxima.
 Trt – Tra - Incremento máximo de temperatura admissível (rise).
 I - Corrente medida.
 In - Corrente nominal.
 Tma - Temperatura ambiente medida.
 m - Valor médio é de 1,8 (varia entre 1,6 e 2,0).

Para executar o ensaio da fórmula-chave em determinado equipamento, deve-se


seguir o seguinte procedimento [10].

 Determinar o padrão de temperatura para o equipamento sob inspeção.


 Determinar a máxima corrente para este equipamento.
 Medir a temperatura ambiente.
 Determinar a corrente de operação do equipamento.
 Utilizar a fórmula para calcular Ttc .

Após o cálculo de Ttc , deve-se compará-lo com a temperatura medida, e tomar as


ações necessárias a cada caso.
71

4.9.7 Critério baseado no nível de criticidade

De acordo com C. FILHO [26], “a termografia não deve avaliar uma ocorrência apenas
considerando a sua Gravidade Térmica (GT) para determinar uma intervenção imediata ou
não. A avaliação também deve determinar a Prioridade Operacional (PO) da instalação.

Tão ou mais importante que estas duas variáveis, ainda há a Tendência Térmica (TT),
isto é, como o sobreaquecimento tem se comportado no decorrer de um determinado período
– performance.

Esta correlação é conhecida como Criticidade Racional (CR) de uma ocorrência


termográfica em instalações elétricas”.

O CR pode ser calculado a partir da Equação 4.29 [26]:

𝐶𝑅 = 𝐺𝑇 × 𝑃𝑂 × 𝑇𝑇 (4.29)

Onde:

 GT - Quanto um ponto está sobreaquecido em relação à sua referência. É função


da tensão de operação, carga, condições ambientais e características físicas do
objeto. Avaliada por cálculos matemáticos.
 PO - Nível de importância do equipamento com ponto quente para a operação
da instalação. Determinada em função dos padrões de gestão.
 TT - Velocidade de evolução térmica do ponto quente, realimentada pelo
monitoramento seguindo rigorosos padrões de coleta de dados.

Obtido o CR, é possível determinar a condição do equipamento, para assim tomar as


ações adequadas a cada caso.

4.10 A ANÁLISE DO ÓLEO ISOLANTE

Os óleos isolantes são fluidos estáveis a alta temperatura, que possui elevadas
características isolantes. Nos transformadores o óleo atua principalmente como um
removedor de calor entre o interior do equipamento e as suas paredes. O calor gerado na
operação dos transformadores é proveniente da corrente que passa pelas resistências
elétricas das espiras, e esse aquecimento pode causar a degradação térmica do material
isolante, prejudicando assim todo o equipamento.
72

4.10.1 Ensaios físico-químicos

Determinam, principalmente, a deterioração, a degradação e a contaminação do óleo


isolante do transformador. Esses ensaios ocorrem conforme a norma NBR 10576:2017 [27],
e servem para estimar a vida útil do fluido isolante de acordo com os critérios estabelecidos
na norma.

O óleo mineral isolante deve atender as especificações da ANP [28]. A Tabela 4.21
apresenta as principais características desses óleos, através do resultado de ensaios e
valores limites contidos nessa resolução.

Tabela 4.21 – Características do óleo mineral isolante novo

Características do Óleo Mineral Isolante Novo

Ensaio Unidade Norma NBR Valor de Referência

Cor - NBR 14483 1 (máximo)

Viscosidade kg/cm³ NBR 10441 25 (máximo)

Ponto de Fulgor °C NBR 10441 11 (máximo)

Ponto de Fluidez °C NBR 11341 -39 (máximo)

Rigidez Dielétrica kV NBR 11349 30 (mínimo)

Fator de Perdas Dielétrica % NBR 6869 0,05 (máximo)

Enxofre Corrosivo - NBR 12133 Não corrosivo

Índice de Neutralização mg KOH/g NBR 10505 0,03 (máximo)

Teor de Água ppm NBR10710 35 (máximo)

Tensão interfacial e/m NBR 6234 40 (mínimo)

Fator de Dissipação % NBR 12133 1 (máximo)

Ponto de Combustão °C NBR 11341 300 (mínimo)


Fonte: ANP [28].
73

Para realizar uma tomada de decisão baseada nos ensaios físico-químicos deve-se
consultar a Tabela 4.22, que direciona, através dos principais ensaios, se o óleo deve ser
mantido, recondicionado39, regenerado40 ou descartado.

Tabela 4.22 – Valores Limites para Classificação de óleo Isolante Mineral em Serviço

Fonte: NEMÉSIO SOUSA [10].

1. Fator de Dissipação

Fator de Dissipação ou Fator de Potência mostra a relação entre as perdas ativas (W)
e a potência total (VA) aplicada à amostra de um material isolante.

O conceito que embasa a importância desse fator está no fato que um sistema de
isolação ideal, seja qual for o tipo do material isolante, comporta-se como um capacitor sem
perdas, significando que ligado a uma fonte de corrente alternada será percorrido por uma
corrente IC , chamada corrente de carga, que está adiantada de 90° em relação à tensão
aplicada. Em um isolante real aparece também uma corrente IR , em fase com a tensão,
originando fuga de potência ativa através de isolação, que se manifesta produzindo
aquecimento devido ao efeito Joule - Seção 2.3.

39 Recondicionamento do óleo isolante é a remoção mecânica da umidade e dos contaminantes


insolúveis. Utilizando métodos de filtração e centrifugação.
40 Regeneração do óleo isolante envolve o uso de métodos e processos que resultarão numa

benéfica melhoria das suas principais características químicas e físicas.


74

A representação esquemática de uma isolação elétrica pode ser observada na Figura


4.27 onde: C - representa a capacitância da isolação; R1 - é a resistência que corresponde às
perdas dielétricas da isolação - 𝐼𝑅1 2 × 𝑅1 ; IR1 - é a corrente de carga que atravessa a
resistência R1; IC - corrente de carga que atravessa a capacitância C; R2 - resistência de
isolamento; e IR2 - é a corrente de fuga da isolação que atravessa a resistência R2.

Figura 4.27 - Representação esquemática da isolação elétrica [10]

Conforme explica NEMÉSIO SOUSA [10], em um dielétrico perfeito, R 1 seria nula e a


resistência de isolamento R 2, infinita. Quando o dielétrico fosse submetido a uma tensão
alternada, teríamos IR2 nula e a relação IR2 / IR1 = 0.

Na realidade, a resistência de isolamento R 2 não é infinita e IR2 não é nula. Para


dielétricos reais em bom estado, a resistência R 1 é desprezível e a corrente do ramo da
capacitância C pode ser considerada como totalmente capacitiva e, portanto, defasada de 90º
da tensão aplicada V. Teremos apenas o que vamos chamar de I2 ou de IC .

Por outro lado, vamos chamar a corrente no ramo da resistência de isolamento de I1


ou IR . Logo, a relação IR2 / IR1 será designada como I2 / I1 (ou IR / IC ) e apresentará diferentes
valores de acordo com a qualidade da isolação, isto é, valores crescentes com a sua
degeneração.

A grandeza IR / IC (ou I2 / I1) é denominada Fator de Perdas Dielétricas ou Fator de


Dissipação. De acordo com a Figura 4.28, tem-se que tg  = IR / IC , que é, por definição, o
fator de perdas da isolação.

Portanto, a análise do fator de perdas (tg ) ou fator de potência (cos ) de um


isolamento elétrico permitirá verificar a sua qualidade e dará informações para acompanhar o
desempenho do equipamento durante sua vida útil, por meio das variações ocorridas em sua
isolação. Quanto menor o fator de perdas melhor será a sua isolação.
75

Figura 4.28 - Representação vetorial das correntes na isolação sob VCA [10]

Esse ensaio tem como função o controle de qualidade do óleo isolante, sendo assim
um indicativo de contaminação ou degradação do óleo presente no transformador em análise,
tais como água, sabões, oxidação colóides 41 etc.

A propriedade de isolamento elétrico de um líquido pode ser medida através de sua


resistividade, uma vez que uma alta resistividade indica um baixo teor de íons livre e partículas
carregadas e, normalmente, reflete uma baixa concentração de contaminantes. Já uma baixa
resistividade é um indicativo de que o óleo isolante contém partículas contaminantes ou
produtos de oxidação. Este ensaio está descrito na norma NBR 12133.

O Fator de Dissipação, por definição, pode ser calculado de acordo com a Equação
4.30.

𝑊
𝐹𝐷 = × 100 (4.30)
𝑉𝐴
Onde:
 FD - Fator de Dissipação.
 W - Perdas ativas.
 VA - Potência aparente.

Quanto menor for o Fator de Dissipação melhor será a condição da isolação do óleo
isolante do transformador.

41Os coloides, ou sistemas coloidais, são misturas em que as partículas dispersas t êm um diâmetro
compreendido entre 1 nanometro e 1 micrometro, partículas estas que podem ser átomos, íons ou
moléculas.
76

2. Rigidez Dielétrica

Pode ser definida como a medida da capacidade dos óleos isolantes de suportar
tensões elétricas sem apresentar ruptura do dielétrico42. O ensaio é feito através da
aplicação de uma tensão alternada, que aumenta de forma gradual, a dois eletrodos
imersos no líquido isolante, ambos são separados por uma distância padrão. No momento
da aplicação da tensão chega um momento em que ocorre a ruptura do dielétrico, neste
instante é registrada a tensão de ruptura dielétrica do óleo isolante. Desta forma esse
ensaio permite determinar a máxima tensão suportada por certo óleo isolante antes que
ele venha a falhar.

A NBR 60156 e a NBR 6869 descrevem os procedimentos presentes nesse ensaio. A


rigidez dielétrica sofre influência pela presença de água, partículas ou carbono dissolvidos
no óleo isolante.

3. Teor de Água

A presença de água no óleo isolante é muito prejudicial para o funcionamento do


transformador, uma vez que a água acelera o processo de degradação tanto da isolação
celulósica, quanto do próprio óleo isolante, assim liberando ainda mais água dentro desse
processo.

Os métodos mais comuns para detecção de umidade em óleos são:

 Crepitação (chapa quente): este ensaio tem como função a detecção de água
em concentrações maiores que 0,1%. Ele recebe esse nome por conta do ruído
que o óleo produz ao ser submetido ao ensaio, uma vez que durante este ensaio
uma amostra do óleo é colocada sobre uma superfície quente. O ensaio é
baseado nos estalos ou ruídos que, se acontecerem com o aumento da
temperatura, indicarão que há contaminação por água.
 Destilação: o ensaio consiste em se destilar uma porção da amostra e medir o
volume de água obtido, utilizando um resfriador. O teor mínimo detectável nesse
ensaio é de 0,1%.

42É um isolante elétrico que quando sofre a atuação de um campo elétrico permanente acima do limite
de sua rigidez dielétrica permite o fluxo de corrente elétrica.
77

 Titulação por Karl Fischer: é considerado um dos métodos mais sensíveis para
a determinação da presença de água em qualquer tipo de amostra. Esse é o
método ideal para os transformadores elétricos, uma vez que ele permite
determinar quantidades tão pequenas quanto 0,0005%. Esse ensaio determina
o teor de água através da redução do iodo presente no reagente de Karl Fischer.
A mistura original consistia em iodo (I2), dióxido de enxofre (SO 2), e piridina
(C5H5N) em metanol (CH3OH). A reação química ocorre enquanto há a presença
de água, cessando quando toda a água for consumida. Este ensaio está descrito
na norma NBR 10710.

4. Tensão Interfacial

Pode-se definir a tensão interfacial como sendo a medida de força para romper a
interface entre dois líquidos não miscíveis. Para esse estudo será analisada a tensão
interfacial entre o óleo e a água. O ensaio é sensível à presença de compostos de
oxidação, da degradação do óleo, como ácidos e ésteres, e contaminantes polares
derivados da degradação dos materiais isolantes.

Esse ensaio é constantemente aplicado em transformadores em serviço, como uma


forma de acompanhar o grau de deterioração do óleo isolante. Afinal, as medidas de
tensão interfacial proporcionam um meio sensível que permite a detecção de pequenas
quantidades de contaminantes polares solúveis e produtos de oxidação. Este ensaio está
descrito na norma NBR 6234.

5. Cor

Como o próprio nome sugere, este ensaio analisa a cor do óleo isolante, e consiste
em transmitir uma luz através da amostra e, assim, associar a coloração a um determinado
valor numérico baseado na comparação com uma série de cores padrão. Com o número
da cor é determinado o nível de contaminação e deterioração do óleo isolante. Por
exemplo, se o líquido estiver turvo ou nebuloso provavelmente ele está contaminado por
água ou borra43. O ideal é que o óleo isolante seja claro e isento de partículas em
suspensão ou sedimentadas. Este ensaio está descrito na norma NBR 14483.

43
Borra é um produto da oxidação dos hidrocarbonetos no óleo isolante do transformador.
78

6. Índice de Neutralização

Pode ser definido como a medida dos componentes ácidos presentes no óleo isolante.
Quando existem altas concentrações de oxigênio dissolvido no óleo e altas temperaturas
de operação, a velocidade com que esses ácidos se formam aumenta. Esse índice é
importante, uma vez que seu valor indica a vida remanescente deste óleo. Após esse
prazo ele irá começar a contribuir para a degradação de outros componentes do
transformador, em especial na isolação celulósica. Caso a acidez aumente a níveis muito
altos, os procedimentos corretivos de manutenção deverão ser aplicados, por exemplo a
substituição ou recuperação do óleo isolante. Este ensaio está descrito na norma NBR
14248.

7. Ponto de Fulgor

O ensaio tem como finalidade analisar a inflamabilidade do óleo isolante e também


determinar a temperatura mínima para que o líquido possa formar vapor suficiente para a
formação de uma mistura inflamável quando entrar em contato com o ar. O ideal para um
óleo isolante é possuir um alto ponto de fulgor, uma vez que valores baixos indicam
contaminação. Este ensaio está descrito nas normas NBR 10441.

8. Ponto de Combustão

Esse ensaio tem como finalidade determinar a temperatura mínima com que o óleo
isolante sofre ignição e em seguida apresenta uma queima contínua. Essa temperatura
deve sempre ser maior que a de fulgor, e a diferença entre os ensaios de Ponto de
Combustão e Ponto de Fulgor é que no fulgor há apenas uma queima rápida sem ignição
externa.

9. Ponto de Fluidez

O ensaio tem como finalidade determinar a temperatura mínima no qual o óleo isolante
flui. Transformadores funcionam em ambientes com diferentes temperaturas e alturas,
desta forma é necessário determinar o óleo isolante ideal para cada condição de
operação. Este ensaio está descrito na norma NBR 11349.
79

10. Presença de Enxofre Corrosivo

O ensaio tem como objetivo detectar a presença de enxofre no óleo isolante. Esse
contaminante diminui as características dielétricas do líquido isolante, corrói todo o metal
do transformador, e ainda atrapalha na refrigeração do equipamento. Este ensaio está
descrito na norma NBR 10505.

11. Viscosidade

Pode-se definir a viscosidade como a resistência que o óleo tem ao fluir de maneira
contínua e uniforme, sem a presença de forças externas. Essa medida é realizada pelo
tempo de fluxo de uma determinada amostra, e revela a eficiência de refrigeração do óleo
isolante, uma vez que ela cai à medida que a viscosidade aumenta. Este ensaio está
descrito na norma NBR 10441.

12. Teor de PCB44

A bifenilas policloradas, mais conhecidas no Brasil como ascarel, foram largamente


utilizadas no setor elétrico como líquido isolante para transformadores por causa de suas
características físico-químicas, associadas ao alto pontos de fulgor e combustão, que
classificavam estes líquidos como não combustíveis. Entretanto, esses líquidos foram
proibidos em 1981 por ser bioacumulativo, não biodegradável e tóxico ao ser humano. Por
esse motivo esse ensaio é importante para a saúde de todos envolvidos no processo de
manutenção de transformadores. O ensaio é realizado através da dosagem de íons de
cloreto oriundos das moléculas de bifenila policlorada ou pela cromatografia gasosa. Os
resultados são avaliados conforme a NBR 8371 e a NBR 13882.

13. Estabilidade à Oxidação

O ensaio tem como finalidade estimar a resistência a oxidação do óleo através do


desenvolvimento de borra e compostos ácidos. A acidez no isolador é produzida por sua
própria oxidação e afeta a isolação do equipamento, reduzindo sua vida útil. Já a borra
afeta o fluxo de óleo que flui no transformador que, dessa forma, afeta seu resfriamento.
Este ensaio é descrito pela norma NBR 10504.

44Bifenilas Policloradas (PCB) são compostos aromáticos clorados. Os produtos comerciais fabricados
à base de PCB, utilizavam misturas de compostos nas quais predominam desde as tricloro-bifenilas
até as heptacloro-bifenilas.
80

14. Teor de Inibidor de Oxidação

O ensaio tem como objetivo verificar a presença e o teor de aditivos antioxidantes no


óleo isolante. O inibidor de oxidação tem como função retardar o aumento de acidez e a
formação de borra, logo sua presença representa uma longevidade ao equipamento [10].

15. Ponto de Anilina

O ensaio tem como finalidade definir a temperatura na qual uma mistura de óleo com
anilina se separa. Este ensaio está ligado ao poder de solvência do óleo em relação aos
materiais com os quais está em contato direto. Deve-se tomar cuidado com um baixo
ponto de anilina, uma vez que indica uma maior solvência do produto, prejudicando o
funcionamento do equipamento. Este ensaio é descrito pelas normas ASTM D611 e ISO
2977.

16. Contagem de Partículas

Pode-se definir o ensaio como um procedimento que avalia o grau de contaminação


por sólidos em um fluido. Ele é realizado através da contagem do número de partículas
por unidade de volume do fluido, além de se medir a quantidade, também se avalia o
tamanho do particulado.

A presença desse tipo de contaminante no óleo isolante interfere na capacidade de


lubrificação e provoca desgaste excessivo dos componentes. Essa espécie de
contaminação possui influência direta no desempenho e na confiabilidade dos
transformadores.

Essas partículas chegam ao óleo isolante das mais diversas formas, tais como o
manuseio incorreto do fluido, resíduos de intervenções invasivas, filtros 45 em mau estado
de conservação, contaminação por vedações inadequadas, e pelo desgaste gerado
internamente pelo funcionamento do equipamento.

45 Os filtros têm como função remover o particulado, a água dissolvida no óleo isolante e a água livre.
81

Os métodos de ensaio mais comuns são [10]:

● Contagem de partículas em microscópio: processo no qual, com o uso de


microscópios óticos, contam-se as partículas presentes em filtro. É um método
demorado e sujeito às variáveis da observação humana.
● Contadores de partículas automático: existem contadores que utilizam feixes de
laser e outros que inferem o grau de contaminação pela perda de carga causada
pela obstrução de filtros calibrados.

4.10.2 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa tem como finalidade determinar a concentração dos gases


dissolvidos no óleo isolante do transformador. Dessa forma é possível detectar diversos tipos
de falhas do equipamento, ou acompanhar a evolução de uma falha anteriormente mapeada.
Essa técnica é tida como muito completa e por isso é um dos métodos utilizados com maior
frequência, uma vez que com ela é possível avaliar às condições do equipamento através dos
gases que estão dissolvidos em no seu óleo isolante.

O ensaio tem capacidade para detectar a presença de hidrogênio e compostos de


hidrocarbonetos 46 como Nitrogênio (N2), Oxigênio (O 2), Monóxido de Carbono (CO), Dióxido
de Carbono (CO 2), Butano (C2H10), Etano (C2H4), Acetileno (C2H2) e Metano (CH4). Baseado
nos gases e concentrações encontrados no ensaio cromatográfico é possível detectar falhas
ou defeitos que o equipamento esteja ou venha apresentar.

De acordo com NEMÉSIO SOUSA [10], os principais gases encontrados no óleo


isolante relativos ao tipo de falta e materiais envolvidos são vistos nas Tabelas 4.23 e 4.24.

Tabela 4.23 – Gases encontrados para tipos de falhas

Corona
Óleo H2
Celulose H2, CO e CO 2
Pirólise
Óleo
Baixa temperatura CH4, C2H6
Alta temperatura C2H4, H2 (CH4, C2H6)

46
Hidrocarbonetos são moléculas apolares (não há diferença de eletronegatividade entre seus átomos)
e homogêneas (aquelas cujos componente - fases, são indistinguíveis), formadas por átomos de
carbono e hidrogênio.
82

Pirólise

Celulose
Baixa temperatura CO2 (CO)
Alta temperatura CO (CO 2)
Arco elétrico H2, C2H2 (CH4, C2H6, C2H4)
Fonte: Pugh apud BINDA, M. apud NEMÉSIO SOUSA [10].

Tabela 4.24 – Gases encontrados para tipos de falhas [10]

Gases Encontrados x Tipos de Falhas

Arcos elétricos Acetileno (C2H2)

Corona no óleo Hidrogênio (H2) e Metano (CH4)

Eletrólise da água Hidrogênio (H2)

Corona no papel-óleo Hidrogênio (H2) e Monóxido de Carbono (CO)


Deterioração acelerada do
isolamento Monóxido de Carbono (CO) e Dióxido de Carbono (CO 2)

Superaquecimento do óleo Etileno (C2H4)


Fonte: Pugh apud BINDA, M. apud NEMÉSIO SOUSA [10].

4.10.2.1 Métodos de detecção e identificação de falhas

i. Avaliação da taxa de formação de gases

Segundo BINDA, M. apud NEMÉSIO SOUSA [29], este método tem como função
avaliar e acompanhar a formação de gases combustíveis 47 e de dióxido de carbono no
óleo isolante presente no transformador. Realiza uma comparação entre a concentração
atual desses gases e a de uma amostra retirada anteriormente. A análise do resultado,
dado em porcentagem, leva como referência uma discrepância de 10% do TGC – Total
de Gases Combustíveis em relação ao mês anterior. Se esse fato ocorrer, é muito provável
que haja uma falha incipiente no equipamento.

47Gases combustíveis são aqueles que queimam quando misturados com um oxidante e aproximados
de uma fonte de ignição.
83

Para períodos maiores do que 30 dias, deve-se utilizar a Equação 4.31 para se calcular
a taxa de formação de gases.

𝑇𝐺0 − 𝑇𝐺𝐴
𝑇𝐺 = 30 × × 100 (4.31)
𝑑 × 𝑇𝐺𝐴

Onde:

 TG - Taxa formação % ao mês.


 TGo - Total de Gás da amostra atual.
 TGA - Total de Gás da amostra anterior.
 d - Dias entre as duas amostras.
 100 e 30 - constantes para expressar o resultado em % ao mês.

ii. Análise das concentrações percentuais dos gases

Tem como função determinar o tipo e a gravidade da falha em evolução. É realizado


através do cálculo das relações das concentrações de certos gases. Existem diversos
critérios, todavia deve-se destacar Rogers, IEC, Laborelec, Pugh, Duval e Dörnemburg.
Esses dois últimos apresentam diagnósticos genéricos para alguns tipos de defeitos e, por
essa razão, é recomendado que sejam utilizados em conjunto com os critérios de Rogers,
IEC ou Laborelec.

 Critério de Rogers – É um dos métodos mais básicos para a detecção do tipo e


gravidade da falha insipiente. Rogers determinou que a relação entre CO2 e CO situa-
se, normalmente, entre 3 e 11. Todavia, em alguns casos pode-se esperar uma relação
superior a 11, sem indicar, necessariamente, uma deterioração acelerada do
isolamento celulósico. Porém, uma variação súbita nessa relação pode significar um
ponto quente afetando a celulose, e assim deve-se investigar o equipamento.
 Critério IEC – É um dos principais métodos para identificar o tipo e gravidade da falha
insipiente, a partir das relações dos gases combustíveis e os códigos de interpretação
das falhas, o método é descrito na norma IEC-599/78.
 Critério Laborelec – Utiliza a relação e concentração de gases dissolvidos no óleo
isolante, e detectados pela análise cromatográfica, para identificação do tipo e
gravidade do defeito.
84

5 CONCLUSÕES

O principal objetivo para a elaboração deste documento foi desenvolver um estudo


que desse as diretrizes e informações acerca da teoria e da prática dos ensaios de
manutenção para transformadores de potência a óleo com tensão superior a 69 kV, mostrando
tanto conceitos de técnicas preditivas de manutenção, quanto procedimentos de ensaios.
Esse objetivo foi alcançado, uma vez que, no decorrer dos Capítulos, foram apresentados os
conceitos físicos, a história e as partes que compõem um transformador, bem como,
apresentadas as principais técnicas preditivas de manutenção elétrica. Também foram
descritos os procedimentos de cada ensaio aplicados em transformadores de potência, as
análises dos fatores que influenciam na interpretação dos resultados, e o diagnóstico das
condições do equipamento para cada ensaio realizado.

Este TCC foi desenvolvido através de uma Pesquisa Aplicada, com Objetivos
Exploratórios de características descritivas, utilizando abordagens Qualitativas e
Quantitativas, com caráter de Pesquisa Bibliográfica e Documental. O trabalho teve como
fundamentação teórica, a bibliografia relativa à manutenção de equipamentos elétricos,
manuais de fabricantes, normas técnicas, e material didático relativo à disciplina Manutenção
e Operação de Equipamentos Elétricos do DEE - Departamento de Engenharia Elétrica da
Escola Politécnica da UFRJ.

A maior dificuldade encontrada para a elaboração deste trabalho foi unir uma grande
quantidade de fontes que possuem métricas e abordagens diferentes, afim de criar um
trabalho conciso e sem contradições entre métodos e autores. Todavia, possuir uma
experiência prévia na área de manutenção industrial foi sem dúvidas um facilitador nesta
jornada.

Este documento torna claro três pontos importantes: é indispensável implementar uma
gestão da manutenção para que as empresas se tornem mais competitivas; as técnicas de
manutenção preditivas estão cada vez mais modernas e assertivas e, por isso, é necessário
estar sempre inovando; ensaios preditivos de manutenção são acessíveis a empresas de
todos os portes e aumentam a confiabilidade dos processos produtivos.

Não foram abordados neste TCC os temas ligados às técnicas prescritivas de


manutenção, por elas não tratarem sobre a realização de ensaios e suas métricas, mas sim
sobre a interpretação dos dados dos equipamentos utilizando inteligência artificial e métodos
85

computacionais de análise. Todavia a tomada de decisão através de dados computacionais,


provavelmente, será o futuro manutenção e logo as indústrias irão adotar esses métodos.

Este trabalho acrescenta na formação de jovens engenheiros no que tange aos


conhecimentos ligados ao cotidiano da manutenção industrial. Uma vez que o trabalho trata
de temas pertinentes a qualquer estudante que pretenda seguir esta área de atuação.

Por fim, o trabalho desenvolvido apresentou conceitos físicos e históricos relativos aos
transformadores de potência, bem como demonstrou como as técnicas preditivas de
manutenção são ferramentas indispensáveis tanto no diagnóstico quanto no
acompanhamento do envelhecimento e degradação do isolamento destes equipamentos. O
estudo realizado permeou, através dos ensaios de manutenção de transformadores a óleo
mais pertinentes no cotidiano industrial, buscando explicitar de forma clara e simples as
etapas para a realização desses ensaios, como analisar e entender os resultados obtidos e
as medidas a serem tomadas em caso de resultados problemáticos.

Como sugestão para estudos e trabalhos futuros deve-se pensar na contemplação do


conceito da ‘manutenção prescritiva’, que visa explorar a coleta e análise de dados dos
equipamentos para avaliar as suas condições. É focada na captação, estruturação e
interpretação destes dados utilizando-se de ferramentas de inteligência artificial e análises
computacionais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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